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quarta-feira, dezembro 08, 2010

Revolução Cantona não abala sistema financeiro

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"Allez, Cantona", cantaram os torcedores do Manchester United em ritmo de Marsellesa por cinco anos na década de 1990. O hino de apoio a Éric Cantona, o maior e mais polêmico ídolo de então – em uma época em que David Beckham já despontava na equipe – foi parte do divertido A procura de Éric.

Mas Éric Cantona é mais do que um ídolo que inspirava torcedores por seu sarcasmo e ironia nem sempre fina. Ele é cheio de ideias revolucionárias. Foi com esse tipo de intuito que ele ajudou a armar, desde outubro, uma revolução.

Fulo da vida com os bancos franceses que consumiram recursos públicos depois de anos de lucros, Cantonas sugeriu que se tirassem uns € 10 milhões dos bancos por meio de saques, as instituições financeiras teriam problema. A convocação ocorreu em 6 de novembro, à Presse-Océan.

O roteirista belga Géraldine Feuillien e o comediante francês Yann Sarfati criaram um site. Ativistas se mostraram a favor. E uma legião de adeptos prometia mesmo ir ao banco sacar dinheiro e depositar tudo no Crédit Cooperatif, um banco cooperativo sem fins lucrativos.

A data cabalísica era dia 7 de dezembro – ontem, terça-feira. A ideia era fazer um protesto sem ir às ruas nem pegar em armas, mas atingir o sistema financeiro e mostrar insatisfação. 



Se fosse em um país hispanófono, seria o dia do "Retirazzo" (menos na Argentina, onde seria um novo "Corralito"). No Brasil, seria o "Dia do Sacão", o que comprometeria de saída o sucesso da operação.

Mas o Bank Run, ou Revolução Cantonas, falhou. Quase ninguém apareceu para sacar. Nem mesmo o garoto-propaganda das ações abalou-se a comparecer à agência do BNP Paribas de Marselha, onde é correntista, para fazer sua parte. Gol contra, cravou a Reuters. É bem verdade que ele defendeu a ideia em uma entrevista, não mobilizou as pessoas. Mas por que perder a piada?

Apesar de a história ter bombado no Facebook e na mídia, com direito a grita de acadêmicos, do governo e da oposição.

Ficou para a próxima.

8 comentários:

Glauco disse...

Quem seria o Cantona brasileiro que poderia fazer tal proposta. De qualquer forma, gostei da atitude do cara, quem sabe na próxima seja mais bem sucedido.

luis augusto simon disse...

Podem ajudar a divulgar que Eduardo Leite, o comandante Bacuri, recebeu em 7 de dezembro, 40 anos após a sua morte, o título de cidadão paulistano. Foi emocionate.

www.blogdomenon.blogspot.com

Anselmo disse...

Legal, Menon! bom relato o do seu blogue.

sobre o ex-jogador brasileiro capaz de propor um troço assim, o Sócrates Brasileiro é socialista convicto (pai de Fidel e Lenin Brasileiros). O Ademir da Guia, apesar de ter sido eleito pelo PCdoB, não parece ter ideias mto revolucionárias...

dos jogadores mais recentes, a única manifestação política que me ocorre é a do Rogério Ceni, de sentido completamente oposto ao que propôs o Cantonas.

No Paraguai, o Chilavert tinha pretensões políticas, mas não sei que fim levou.

Leandro disse...

Então, consulte a página do Milton Neves, Anselmo.

Leandro disse...

Falando sério, "Procurando Eric" é muito bacana, como tudo que sai da batuta do Ken Loach.
Nestes tempos bicudos de Jabores e Bertoluccis fazendo os filmes da direitaiola cinéfila, Ken Loach é um alento aos cinéfilos progressistas e, de quebra, apreciadores de futebol.

Anselmo disse...

Leandro, se vc, como eu, leu o site do milton neves, sabe que lá não consta nada além do desejo de ser presidente do paraguai -- nada que acrescente sobre as pretensões políticas e mto menos sobre o lado dele no espectro.

Leandro disse...

Verdade, Anselmo. Só não pude perder a piada com o miltístico "que fim levou".
A página dele eu não acompanhei, apesar de ouví-lo na Bandeirantes com alguma frequência.
Para ouvir o bom Mauro Betting e o ótimo Zaidan sou obrigado a ouvir também esse sujeito tosco, que eu classifico como membro da chamada Direita Festiva, seja lá o que isso queira dizer.
Li certa vez que Tom Jobim se auto-classificava assim, e mesmo sem a real dimensão do que possa significar, respeitadas as diferenças, claro, creio que a mesma classificação se aplique ao canastrão de Muzambinho.
Sobre o Chilavert, simpatizo com ele desde as Copas de 98 e 02, quando colocou nos devidos lugares os arrogantes jornalistas franceses e espanhóis.
Mas também não acredito que o conterrâneo de Larissa Riquelme tenha uma concepção de mundo esquerdista que permita comparações com boleiros da estirpe de Dr. Sócrates ou Wladimir, por exemplo.

Anselmo disse...

plenamente de acordo.

me lembro de ler sobre críticas do supracitado goleiro a Evo Morales, a Hugo Chávez e a Cuba. mas naõ sei a opinião dele sobre Fernando Lugo.