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sexta-feira, dezembro 24, 2010

Bonde errado

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Sondado recentemente por Corinthians e Palmeiras e vivendo momento ruim (pra variar) no Roma, o eterno manguaça Adriano viveu seu último grande momento no futebol em 2009, quando sagrou-se campeão brasileiro pelo clube que o revelou, o Flamengo. Mas nem isso garantiu para ele uma vaga na seleção de Dunga, que disputou este ano a Copa da África do Sul. O que, no final das contas, poupou o manguaça de mais uma derrota em mundiais. Na subida para o Largo do Guimarães, em Santa Teresa, Rio de Janeiro, registrei uma curiosa pintura sobre o "bonde errado" que Adriano deixou de pegar para terras africanas:


Som na caixa, manguaça! - Volume 64

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MINHA HISTÓRIA (GESUBAMBINO)
(Dalla/ Pallotino - versão: Chico Buarque)

Chico Buarque

Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá,laiá, laiá

Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
Esperando, parada, pregada na pedra do porto

Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá,laiá, laiá
Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá,laiá

Minha história e esse nome que ainda carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus
Laiá, laiá, laiá,laiá

(Do LP "Construção", Philips, 1971)

O importante é levar vantagem, certo?

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Caminhando pela Praia Linda (foto), em São Pedro da Aldeia (RJ), resolvo parar num quiosque para traçar meia porção de camarão ao alho e óleo acompanhada de uma geladíssima Devassa (de garrafa grande). E estou lá, contemplando a vastidão da Lagoa de Araruama, quando chega o manguaça, trançando as pernas e cantando: "Numa moto foi embora pra cidade, que infelicidade, ela foi sentada atrás..." ("Motoqueiro", a sequência de "Fuscão preto", do Almir Rogério). Deve ter seus 70 anos, é bem negro, com alguns fios de cabelo branco, está sem camisa e com uma bermuda feita de uma velha calça social azul marinho. Os vira-latas da praia começam a latir alto para a cantoria do bebum, que pede uma pinga e continua com seu cíclico "Numa moto foi embora pra cidade..." (será que ele caiu na cachaça por ter sido abandonado no altar?). Vai daí que uma mulher, de canga e biquini, chega ao balcão para acertar a conta de sua mesa. O dono da tapera vai listando o preço de cada item quando o bêbado interrompe:

- Peraí! Quanto custa a garrafa de cerveja?

- É R$ 2,80 - responde o quiosqueiro.

- Pô, uma garrafa inteira custa só R$ 2,80? E por que um copinho de cachaça custa R$ 1,00? - indigna-se o manguaça.

- É porque cachaça mata mais rápido.

- Ah, sim! Agora eu vi vantagem! Bota mais um copo!

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Nove ministras e uma presidente

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A presidente eleita Dilma Rousseff bateu o martelo em seu ministério. São 37 nomes, da Fazenda à Pesca, da Agricultura ao Desenvolvimento Agrário. Do total, nove são mulheres, menos de um quarto. Com a inclusão da mandatária, seriam 10 moças para 28 marmanjos no primeiro escação, quase um time de futebol feminino na Esplanada dos Ministérios.

Fosse Luiz Inácio Lula da Silva a analisar, ele diria que nunca, na história da República, tantas mulheres ocuparam cargos de tanto destaque. Para um país que tem uma inédita presidenta (para usar novamente termos do mandatário da nação), esses 24% podem ser vistos como um sinal da conquista feminina por espaço de poder, ainda que decorrente de uma decisão política.



Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Miriam Belchior,
futura ministra
do Planejamento



Mas pode parecer pouco levando-se em conta dois indicadores. O Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 51% dos 190 milhões de pessoas que habitam o país são do sexo feminino. O outro dado é um exercício matemático realizado até pela campanha de Dilma no início do segundo turno.

Os votos de 61% dos eleitores brasileiros na disputa presidencial de 3 de outubro foram para mulheres. É que além dos 43% da petista, 18% foram para a senadora Marina Silva (PV-AC). Seria exagero entender, apenas por este dado, que a maioria da população quer mulheres no poder.

Especialmente considerando-se que a discussão sobre ações afirmativas para conduzir mulheres ao poder tenha ampla resistência. Foi motivo de "gatos" alaranjados, por parte dos partidos políticos, a garantia formal de 30% de participação feminina nas candidaturas e 5% dos recursos para programas voltados às mulheres. E ainda agravado pela desidratação dessas postulações pela míngua de financiamento, como constatou o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).




Foto: Wilson Dias/
Agência Brasil
Maria do Rosário,
que assume a
Secretaria de Direitos
Humanos em janeiro



Relativamente
A presença de mulheres em outras instâncias de poder fica ainda mais restrita. Nas duas casas do Congresso Nacional, das 594 excelências, 55 são mulheres atualmente; serão 57 em 2011.

Para detalhar: no Senado, 15% dos 81 representantes dos estados a partir do ano que vem são mulheres. Isso quer dizer duas a mais do que o ocorrido hoje – sendo que uma delas, Ana Rita Esgário (PT), assume como suplente a vaga do governador eleito do Espírito Santo Renato Casagrande (PSB-ES). Na Câmara, o número de deputadas foi mantido em 45, embora tenha ocorrido ampla renovação.

No comando dos estados, vale lembrar que o país voltará a ter apenas duas mulheres como governadoras, mesmo número de oito anos atrás. Isso representa 7% dos 26 estados mais o Distrito Federal. No pleito anterior, o comando dos executivos regionais vinha sendo ocupado por presença feminina em três unidades da federação.

Considerando-se o universo de empresas privadas, um estudo revelador foi publicado pelo Instituto Ethos em novembro deste ano. O levantamento, junto às 500 maiores companhias do país segundo ranking do anuário "Melhores e Maiores 2009", da revista Exame, mostrou que 13,7% dos cargos de direção são ocupados por mulheres – o dobro de nove anos atrás, quando pesquisa similar foi realizada.

Apesar da evolução, é pouco, muito pouco. Ainda mais porque quanto mais se ascende na hierarquia corporativa, menos mulheres chegam. Como elas têm, em média, mais anos de escolaridade do que os homens, feministas põem na conta o machismo esse funil estreito.

Relativamente a outros espaços de poder, os 24% para mulheres entre o alto comando do governo federal não são tão pouco.

Compare-se
Primeiro escalão do Executivo Federal – 24%
Senado – 14,8%
Câmara dos deputados – 8,7%
Governadores – 7,4%
Diretoria de Grandes empresas – 13,7%

quarta-feira, dezembro 22, 2010

O homem por trás da "espingarda Rossi"

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por Vitor Nuzzi

Morreu Enzo Bearzot, técnico da seleção italiana de 1982, campeã mundial. Com quase 18 anos e praticamente só ligado em futebol naquele período, tive uma das primeiras grandes decepções esportivas ao ver a nossa seleção perder para a Azzurra, na chamada tragédia do Sarriá, referência ao estádio já demolido e que foi palco do Brasil 2 x 3 Itália em 5 de julho daquele ano. Só não digo que foi a primeira decepção porque, no ano anterior, tinha visto o São Paulo perder em casa a final do Brasileiro para o Grêmio, com um golaço do Baltazar (para nós, tricolores, um "baitazar", diria a piada infame).

Mas o óbito do treinador italiano é um bom pretexto para lembrar que aquele jogo teve duas e não uma só injustiça. É claro que o time comandado por Telê Santana era bem acima da média, com dois bons zagueiros (Oscar e Luisinho), bons laterais (Leandro e Júnior) e um meio de campo para não deixar dúvida: Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. Na frente, Serginho Chulapa era um razoável coadjuvante e Éder mandava bem do lado esquerdo. O nosso goleiro, Waldir Peres, era irregular - tanto podia fechar o gol como tomar um frango daqueles, como na estreia, contra a União Soviética. Doeu ver aquele time ser eliminado, principalmente após o baile contra a Argentina do infante Diego Maradona - mas, naquele jogo contra os italianos, a sensação era de que se o Brasil fizesse o terceiro, o Paolo Rossi faria o quarto, e assim por diante. Não é à toa que anos depois ele lançaria um livro cujo título é "Fiz o Brasil chorar".

Agora, a outra injustiça, menos falada, é dizer que o nosso time perdeu para ninguém. A Itália, ainda que viesse trupicando, pra variar, tinha um belíssimo time, começando com Dino Zoff no gol. Na defesa, Gentile, Colovati, Cabrini, Scirea. O meio com Oriali, Tardelli, Antognoni (meia da Fiorentina que jogava muito) e o ataque: Conti, Graziani e Rossi. Deste último, a piada que circulou depois da Copa falava do lançamento da espingarda Rossi, tão eficiente que, com três tiros (os gols do jogo contra o Brasil) matava uma zebra, 11 canarinhos e 120 milhões de patos.

O time verde-amarelo merecia ir adiante. Mas, para quem não viu e só ouviu falar, valeria a pena ver o taipe daquele jogo - e constatar que havia dois times em campo.

* Vitor Nuzzi gosta de futebol em qualquer época. Pôs os pés num estádio pela primeira vez aos 10 anos (tem 45) e não pretende tirá-los tão cedo, façam o que fizerem com a pobre bola. A sua seleção do São Paulo, time do coração, que viu jogar seria: Rogério; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Serginho; Chicão, Cafu, Raí e Pedro Rocha; Careca e Serginho Chulapa.

 Leia também:
• Ludopédicas: Morre Enzo Bearzot, técnico da seleção da Itália em 82

terça-feira, dezembro 21, 2010

Quem bebe, bebe comigo

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O início do verão marca um fenômeno curioso na mídia. Uma série de reportagens de temática sazonal aparecem. É que falta assunto. Esse é um dos motivos por que o verão, iniciado às 21h desta terça-feira, 21, segundo a mídia causa problemas de pele, risco de epidemia de dengue etc.

Aí, um presidente em fim de mandato como Luiz Inácio Lula da Silva facilita a vida do jornalista sem assunto. Ele fala sobre o Wikileaks, sobre o Orçamento Geral da União, sobre o Rio de Janeiro, sobre o "bicho-papão"...

Foto: Ricardo Stuckert/Pr
Lula e Cabral passeiam de teleférico sobre o Complexo do Alemão

E fala também sobre a cachaça e o bar. Deu no Terra:

Ele prometeu, depois de "desencarnar" do cargo, visitar a Rocinha novamente, onde inaugurou, por vídeoconferência, unidades habitacionais. Aparentemente, o setor de segurança do Palácio do Planalto viu problemas para garantir o deslocamento do mandatário até o local, embora Lula tenha passado o dia na capital fluminense.

Além de pedir desculpas por não ter ido à Rocinha, o presidente foi além. Prometeu voltar sem aparato de segurança. O destino? O bar.

"Quando for (até a Rocinha sem seguranças), vocês vão me dar um copinho de cerveja aí, porque quem não bebe fica olhando, e quem bebe, bebe comigo", brincou o presidente.

A Rocinha ainda não recebeu sua Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e ainda está, segundo a própria Secretaria de Segurança do estado, sob controle do crime organizado.

Futebol de berço no Velódromo e na Chácara Dulley

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No lugar de um, há o Teatro Cultura Artística. Em outro, a Oficina Cultural Oswald Andrade e o Colégio Santa Inês. Um minidocumentário de alunos da Metodista relembra dois palcos do que pode ser considerado o berço do ludopédio paulistano.

O Velódromo era localizado na Praça Roosevelt. A Chácara Dulley, no Bom Retiro. A pressão do crescimento da cidade e a construção de novos estádios, mais adequados – como o Parque Antártica, do Germânia, de 1902, e a Chácara da Floresta, de 1906 – eliminaram qualquer traço do passado futebolístico dos locais.

A parte menos interessante da reportagem é a que prevê que o Paulo Machado de Carvalho, que poderia ser ameaçado pela construção de arenas como a do Corinthians. Claro que o Pacaembu precisa ser preservado e o Museu do Futebol pode ser um dos passos para garantir isso.

Como são oito minutos, vale assistir.

Medicina alternativa

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Passando pelo Leblon, aqui no Rio de Janeiro, um senhor parado em frente a uma banca de revistas, com uniforme azul de porteiro ou cobrador de ônibus, comenta em altos brados, indignado:

- Remédio de biriteiro não presta! Tu vai confiar em "ex-cachaceiro", "ex-biriteiro"? Isso não existe, mermão!

Não sei qual remédio prescreveram pra ele. Mas deve ter sido receitado no buteco. E não funcionou...