Destaques

quinta-feira, março 31, 2011

A saída, o percurso, a chegada... e a cerveja!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No livro "Graça", do premiado escritor mineiro Luiz Vilela (Editora Estação Liberdade, 1989), o personagem Epifânio recorda-se do professor Leitão, da faculdade, que sempre se perdia em digressões sem fim e, confuso, perguntava aos alunos: "Mas onde é mesmo que estava eu?". Às vezes se irritava e dizia que "aos diabos onde é que estava eu! O que importa é onde eu estou agora. Não é mesmo?". Mas a própria justificativa caía por terra: "Mas onde é mesmo que eu estou agora?...". Perdido nesses cacoetes, o professor resolveu, um dia, expor uma curiosa tese sobre tipos de pessoas de acordo com suas preferências em uma viagem.

"Há aquelas pessoas que preferem a saída, praticamente ignorando o percurso e a chegada. Já outras preferem a chegada, mal se dando conta da saída e do percurso. E, finalmente, há aqueles que preferem o percurso, ou seja: para elas o importante é a estrada."
Fez uma pausa.
"Esse terceiro grupo, confesso-lhes, é aquele em que me incluo. E acho mesmo, se me permitem, que são as pessoas desse grupo os verdadeiros viajantes; as outras, as outras apenas se deslocam no espaço e no tempo, apenas saem e chegam; na verdade, elas não viajam. Agora, essas pessoas que falei, não: essas realmente viajam. Para elas, a saída e a chegada são quase que abstrações. O real é o percurso, são as paisagens que elas vão vendo, as pessoas que vão conhecendo, os pontos de parada... Quer coisa melhor do que uma cervejinha num boteco à beira da estrada? Não é mesmo?..."
Váras cabeças balançaram, concordando. Ele ficou olhando.
"É", disse, "muita gente concordou... Acho que vocês andam bebendo muita cerveja, hem?..."
A turma toda riu.

6 comentários:

Anselmo disse...

teorias peculiares.

mas a venda de bebida alcoolica na beira de estradas é proibida nas estaduais de SP e federais. a parte federal, diga-se, foi sancionada pelo lula em 2008. para as rodovias paulistas, o impedimento vem desde 1999.

então, mesmo qdo não estava como motorista, fui privado dessa experiência.

Nicolau disse...

Anselmo, o sr. veio aqui só pra estragar a história do professor?

Anselmo disse...

como que eu estraguei a história se disse apenas que nunca tive essa experiência transcedental?

Marcão disse...

Uma vez peguei carona com uns doidos pra ir de S.Paulo pra Taquaritinga, interior do Estado (distância de 320 quilômetros, mais ou menos), e a gente já começou a manguaçar por aqui. Enchemos o carro de cerveja bem gelada, em sacolas com gelo, mas, como era de se esperar, antes de Campinas o mé já tinha ido. Daí, um dos malucos puxou um "mapinha" feito à mão da rodovia que íamos pegar (Washington Luís) e, nele, estavam marcados uns 10 ou 12 lugares onde poderíamos comprar cerveja - em postos à beira da estrada, mediante código cifrado com os balconistas ("tem abacaxi?") ou em bodegas semi-escondidas na entrada de cidadezinhas idem. Uma viagem normal nesse percurso, de carro, leva no máximo 4 horas. Com as paradas para "abastecimento" e para desaguar no acostamento, levamos mais de 7 horas...

Nicolau disse...

Anselmo, a questão é que eu acabei de ler o post, tava lá pensando em como fazer uma viagem assim, e vc comenta dizendo que isso naõ existe mais. Po, cortou o barato, hehe!

Anselmo disse...

o marcão me redimiu. tem q pedir abacaxi!