Destaques

domingo, maio 15, 2011

Cinco anos dos Crimes de Maio: 'obra' de Alckmin

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Há exatos cinco anos, uma série de ataques atribuídos a uma facção criminosa denominada Primeiro Comando da Capital (PCC) assolou o Estado de São Paulo, escancarando, para o Brasil e o mundo, a suprema incompetência, descontrole e omissão do governo do Estado mais rico da federação com a segurança pública. Pior do que isso: para responder aos ataques e tentar acalmar a população apavorada, o poder público paulista mandou sua Polícia Militar às regiões periféricas e mais pobres da capital para assassinar no mínimo 493 pessoas, A ESMO, sendo a imensa maioria delas, mais de 400 jovens, executados sumariamente - segundo o Movimento Mães de Maio (na foto, uma de suas inúmeras manifestações, com fotos dos mortos, sempre ignoradas pelo governo estadual).

Esse impressionante contingente de quatro centenas de pessoas pobres, negras e indefesas não tinha sequer passagens pela polícia, nem qualquer indício de envolvimento com crimes ou práticas ilegais. Morreram justamente porque eram pretos e pobres, assim como os 111 presos mortos pela mesma Polícia Militar paulista no vergonhoso massacre do presídio Carandiru, em 2 de outubro de 1992. Vale a pena reler a matéria que a Revista Fórum publicou sobre os Crimes de Maio de 2006 (a íntegra aqui).

Naquele início de 2006, até pouco antes dos ataques, o governador - e verdadeiro responsável pelo descaso com a segurança pública, o crescimento das organizações criminosas e o assassinato de quase 500 pessoas pelo poder público - era Geraldo Alckmin (PSDB), que deixou o cargo para disputar as eleições presidenciais - por isso, seu vice, Cláudio Lembo, era o governador especificamente no mês dos ataques (mas é óbvio que a situação ficou caótica sob o governo do titular da pasta, não do vice).

Alckmin é esse mesmo que passou a ocupar novamente, a partir de janeiro deste ano, o posto de governador. Exatamente por isso, cinco anos após a tragédia, o governo estadual tucano não mexe uma palha para investigar os crimes que praticou. Sempre que é abordado sobre os Crimes de Maio de 2006, Alckmin se acovarda e foge, como mostra esse vídeo aqui:



Nota-se que a coragem de questioná-lo partiu de uma equipe estrangeira, pois a chamada "grande imprensa" paulista e brasileira (que, de grande, só tem o poder econômico) continua dócil e inofensiva ao PSDB. Ninguém citou Alckmin nas matérias sobre os cinco anos dos ataques e dos assassinatos. Ninguém deu - e nem dará - nome aos bois, ou melhor, ao boi.

"Somos centenas de mães, familiares e amigos que tivemos nossos entes queridos assassinados covardemente e até hoje seguimos sem qualquer satisfação por parte do estado: os casos permanecem arquivados sem investigação correta para busca da verdade dos fatos, sem Julgamentos dos verdadeiros culpados (os agentes do estado) sem qualquer proteção, indenização ou reparação. Um estado que ainda insiste em nos sequestrar também o sentimento de justiça", dizia texto divulgado pelo Movimento Mães de Maio em 2009.

Neste mês, um relatório apontou como causas principais dos ataques de maio de 2006 a corrupção policial contra membros do PCC, a falta de integração dos aparatos repressivos do estado e a transferência que uniu 765 chefes da facção criminosa, às vésperas do Dia das Mães de 2006, numa prisão de Presidente Venceslau (SP). Corrupção, falta de controle e decisões equivocadas. Esse deveria ser o verdadeiro slogan do PSDB paulista, em vez de "gestão, planejamento e eficiência", como gostam de alardear.

Federalização do caso
O estudo de quase 250 páginas foi produzido pela ONG de defesa de direitos humanos Justiça Global e pela Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, dos Estados Unidos. Ao esmiuçar os 493 homicídios ocorridos no Estado de 12 a 20 de maio de 2006, o estudo viu "indícios da participação de policiais em 122 execuções", além de discrepância na elucidação desses casos em relação aos que vitimaram 43 agentes públicos. Por conta disso, propõe a federalização da investigação. Assim, talvez haja alguma esperança de Justiça para as mães e parentes das vítimas da Polícia Militar paulista.

Porém, o que mais preocupa é que a inoperância do governo estadual tucano continua. Em cinco anos, NADA mudou na caótica segurança público do estado, e todos sabem, veladamente, que quem comanda os presídios paulistas é o PCC. "Passados cinco anos, nossa pesquisa indica que não foram construídos mecanismos eficazes, consistentes de superação e de enfrentamento para essa situação", afirma Sandra Carvalho, diretora da Justiça Global. É preciso insistir neste assunto. Sempre.

1 comentários:

Anônimo disse...

Concordo que deveriaa ser federalizada a investigação dos crimes.

Mas o que aconteceu em Carandiru deveria acontecer na maioria dos presídios, imagina quantos Beira-Mar e todo tipo de escória estaríamos varrendo da face da terra? E mais ainda não gastaríamos mais dinheiro publico mantendo esses dejetos.