Destaques

quarta-feira, maio 11, 2011

Fica, Felipão - 7 motivos para o Palmeiras manter seu treinador

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Futepoca tem história com "sete motivos". A lista de razões foi usada com mais bom humor em outras feitas, mas é o que cabe a este palmeirense em um momento em que Luiz Felipe Scolari anda tão contestado no cargo. Tem gente que concorda que ele tem de ficar e até se mobiliza para isso, mas é preciso mais.

Este ébrio autor alviverde continua com vergonha pela derrota do Palmeiras frente ao Coritiba na quarta-feira, 4, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil. Tomar de 6 a 0 não é normal, não é aceitável nem tem explicação. Está claro que parte do elenco e parte da diretoria e parte da torcida quer ver vaga a cadeira de técnico do time. É bastante gente convicta de que é hora de mandar Luiz Felipe Scolari embora, e os argumentos dessa turma são mais ou menos bem conhecidos e explorados. Passam pelo tal relação entre custo (salarião que eu pedi a Deus) e benefício (zero títulos até agora), por ele não ser o mesmo de 12 anos atrás (foto), e por ter acumulado dois tropeços desagradáveis em quatro dias concecutivos etc.

Mas este post é para listar motivos pelos quais Felipão deveria manter-se no posto onde está. Sem ilusões nem endeusamentos com base em feitos do passado, minha visão é de alguém que torce pelo Verdão (e até com mais força) numa hora dessas.

Aos meus sete motivos para o "Fica, Felipão".

1- Eventuais substitutos são piores (OU Pra que outro Caio Jr.?)
Nos últimos cinco anos, dez treinadores passaram pelo clube. Émerson Leão, Tite, Wanderley Luxemburgo e Muricy Ramalho são apenas os mais badalados e caros que não deram certo. Há técnico melhor do que Felipão para o posto? Não. Há alguém bom que pode fazer melhor? Difícil prever, mas está claro que os problemas não terminam no treinador e que houve incompetência na gestão de futebol e na disputa fraticida entre os grupos políticos que disputam (e, diferentemente do que ocorreu na década de 1990, se sucedem na presidência - ainda bem) que até sabota o comando do clube, incluindo as ações positivas e interessantes. Mesmo tendo pouca culpa pelo que aconteceu, Caio Júnior já foi uma experiência que mostrou limitações mais que evidentes em 2007; repetir a dose não vale a pena.

2- Diretoria-abacaxi e turma do amendoim
Os torcedores que ficavam reclamando do bom time de 2000 das numeradas do estádio Palestra Itália foram chamados por Felipão "turma do amendoim", designação pejorativa o suficiente para nomear (e desqualificar as críticas) de um padrão de palmeirense que reclama sempre. Embora tenha declarado a morte daquela turma, ele ainda consegue driblar razoavelmente bem as reiteradas queixas de cartolas e reclamantes. O técnico pede "ô, ô, ô, queremos jogador" quando falta material humano. Depois de chiar horrores e quando já começa a pegar mal tanta queixa, alguém vai lá e enquadra o treinador. Ele ironiza a valer a chamada na chincha, lamenta o "cala boca" imposto e, então, se cala. Ou se contém. Mas não esconde que a qualidade do time que tem impõe limites. Se isso aborrece jogador, pelo menos permite uma relação de maior sinceridade com a torcida, o que leva ao próximo ponto.

3- Empatia com a torcida
Nenhum outro treinador terá, de pronto, uma proximidade tão grande com o palmeirense médio (incluindo aquele que é abaixo e aquele acima da média, seja lá o que isso signifique). Isso tem a ver com a história no clube, mas tem a ver com alguém que se comporta de forma errática, mais ou menos como o torcedor. Num dia está mais calmo do que deveria, no outro, mais irritadiço e insatisfeito do que seria razoável esperar. É o comportamento de alguém que age movido por uma paixão, embriagado de tudo o que envolve o futebol. Ou sei lá que outra explicação mais poética que alguém pode oferecer para esse fenômeno.

4- Felipão não fala "tatiquês"
Nos idos da hiperinflação dos anos 1980, o "economês" foi um neologismo criado para reclamar dos economistas que enrolavam ao tentar "explicar" os motivos da instabilidade na alta de preços e na crise da dívida. Tal "idioma" também fez sucesso na apresentação do Plano Collor, em que os jornalistas atônitos tiveram dificuldades para traduzir o que se passava na mesa encabeçada por Zélia Cardoso de Mello (foto). Meu neologismo é uma alusão direta a treinadores que preferem falar de milagres táticos e supervalorizar seus feitos a reconhecer méritos de atletas e mesmo do acaso e da sorte. O técnico do Verdão fala mais simples do que outros que já pisaram na relva mais verde da capital paulista.

5- Ídolo merece respeito
Felipão tem uma história com o Palmeiras. São conquistas e quase conquistas (por que não?). Uma Libertadores (1999), uma Copa do Brasil (1998), três vices (Libertadores, em 2000, Mundial de Clubes, em 1999, e Brasileiro, em 1997) e muitos feitos memoráveis. Marcos, o Goleiro, tomou seis gols no último jogo, já levou outras goleadas, mas não deixa de ser o maior goleiro que habitou a meta palmeirense na opinião de muita gente. Não merece sair mal na fita por causa disso. O mesmo tratamento vale para o homem que ocupa o banco de reservas. Isso não o torna indemitível, mas não funciona tratá-lo como para-raio após dois revéses.

6- Sonho de Libertadores ou pesadelo de rebaixamento
No Brasileiro, Felipão significa sonho de vaga na Libertadores; sem ele, é fugir do rebaixamento. Pode soar catastrofista e, em alguma medida, é mesmo. É possível montar um time razoável com o elenco disponível. Mas contusões inevitáveis e eventuais transferências em agosto podem complicar tudo, como aconteceu em 2009 e em 2007, por exemplo. Só que o time atual mostra-se mais limitado do que os daqueles anos mencionados. Seja por motivar os jogadores, seja por armar o time de um jeito às vezes despretensioso que funciona, Luiz Felipe Scolari no cargo permite que o torcedor acredite que o Palmeiras pode beliscar uma vaga no torneio continental se o pessoal da frente bobear. É sonho, ambição. Bem melhor do que temer rebaixamento.

7- Corintianos e mustafás
Rivais e o ex-presidente do clube, Mustafá Contoursi, querem vê-lo fora - São dois balisadores de opinião, que ajudam a empurrar a opinião para o lado contrário. Foi uma dose de troça compreensível e até justa. Mas a manifestações de torcedores rivais não escondem parcela de desejo de ver o Palmeiras sem Felipão no banco. Ele não representa mais o mesmo que antes, nem em termos de receio para os adversários, mas ainda guarda uma aura mais respeitável do que outros treinadores. Mais grave do que ser o desejo de quem quer ver seca a pimenteira da rua Turiassu por divergências clubísticas é a ação do cartola Mustafá Contoursi. O ex-presidente do Palmeiras – durante boa parte da década de 1990 e até o rebaixamento e ascenção à primeira divisão – apoiou e patrociou Arnaldo Tirone na disputa do cargo. Ele foi elogiado por Felipão, mas consta que Mustafá e seu grupo querem tirar o técnico, seja lá com base nos custos, seja como forma de enfraquecer Roberto Frizzo, vice-presidente de futebol.

Tô errado?

11 comentários:

Marcão disse...

Você esqueceu de outro revés constrangedor e recente, Anselmo: a desclassificação da Sul Americana para o Goiás, uma derrota de virada por 2 a 1 no Pacaembu, em novembro de 2010, depois de ter vencido por 1 a 0 em Goiânia. Quase 35 mil (eufóricos) palmeirenses presenciaram aquela inimaginável eliminação - e isso faz apenas seis meses. Na ocasião, o próprio treinador classificou a derrota como "vergonhosa":

http://palmeirasfc.wordpress.com/2010/11/25/para-felipao-desclassificacao-foi-vergonhosa/

Mas esse resgate serve, também, para engrossar sua campanha. Porque, pra mim, Felipão não teve culpa nenhuma nessas derrotas para Goiás, Corinthians e Coritiba. Na decisão de dezembro, o time esteve totalmente apático, dominado e sem poder de reação - e isso não tem nada a ver com o técnico. Já contra o Corinthians, a equipe fez uma de suas melhores partidas, só não conseguiu transformar as seguidas chances em gol (culpa do goleiro corintiano, Júlio César, e também da falta de pontaria dos atacantes, problema que o São Paulo também vem enfrentando nas últimas partidas).

E pênalti é loteria, pode dar qualquer coisa, como diz o velho chavão. Ou seja, Felipão também não teve culpa na eliminação diante do rival paulistano. Já contra o Coritiba, não consigo ter uma explicação para aquele jogo. Tudo bem que o time paranaense vem atropelando Deus e o mundo, mas o Palmeiras é o Palmeiras, pô! Como você mesmo diz, Anselmo, não tem justificativa. Uma derrota em Curitiba seria muito natural, é obrigação do time mandante sair pro ataque e vencer. Mas 6 a 0 é outra história. É o dia que tudo dá errado, que nada funciona, que está escrito nos astros que a suprema merda vai acontecer. E, nisso também, não vejo responsabilidade direta de Felipão.

Logo, "fica, Felipão!", no Palmeiras. Pra que não haja qualquer risco de ir para o meu time - rsrsrsrs.

Anselmo disse...

mencionei dois revéses consecutivos pensando em dois jogos seguidos. Não em termos de competições. Se for incluir competição, tem tbem o brasileiro do ano passado, claro. mas realmente nao dá pra pôr na conta do cara.

olavo disse...

Volta, Zélia!

Nicolau disse...

O elenco do Palmeiras é bem limitado, convenhamos. Luan e Rivaldo de titulares não é exatamente o sonho. Mais limitado que o do Corinthians, inclusive, mas o Palmeiras vem jogando melhor. Por que será?

Eduardo Maretti disse...

Quem sou eu pra dizer que você tá errado depois dessa aula magna (parabéns pelo texto) de palmeirensismo?

No meu caso, porém, eu gostaria de não ver mais Felipão no banco por um motivo simples: é que Santos x Palmeiras (que historicamente sempre é um grande jogo) este ano na Vila foi o único clássico violento do meu time no campeonato (só Neymar tomou umas 3 cotoveladas na cara antes da metade do primeiro tempo); Corinthians x Palmeiras foi uma guerra. Etc.

A estratégia de intimidar adversários fortes nos primeiros 15 minutos na base da porrada parece mais importante ao treinador do que qualquer plano tático.

Resumindo, Felipão é uma ameaça à integridade física dos adversários.

Paulo Donizetti disse...

Os sete motivos são corretos. Mas em geral eu tendo mesmo a ser contra demissão de treinadores. Para ficar nos citados, não gostei das contratações de Leão e Luxa, portanto, não via a hora de irem.
De resto, não gostei das demissões de Tite, Caio Jr., Muricy. O salário de Felipão não sei ao certo quanto é nem quem paga, mas sei que quem patrocina não patrocinaria outro, então o problema não é grana.
O problema é que ele é teimoso, insiste em alguns caras inacreditáveis, mas acho que se os escala, arriscando a "paz" com os críticos, é porque não deve ter muita escolha.
Deixa o homem trabalhar. De preferência, arrumem mais um zagueiro, um lateral, um meia esquerda e um centro-avante.
E, sorry, também não gosto de pancadaria nem de teatrões nem de jogador que é notícia mas não por tratar bem a bola. Mas pouca gente apanha como kléber e Valdivia.

Renato K. disse...

Cara, o horário adiantado pra quem ainda está em pleno expediente me dá uma preguiça louca de ler o texto todo e os comentários, mas lá vai ... Acho que o Felipão não deveria sair por um único motivo: o time do Palmeiras é ruim demais, e se não lutou pra fugir do rebaixamento no Paulistinha, é muito por causa dele. Saindo o Felipão, os palmeirenses podem começar a acender velas pra San Gennaro pro time não cair pra Série B-2012 ...

Nicolau disse...

PD, se tem saudade do Tite, pode levar, rs!

Maurício Ayer disse...

"Pouca gente apanha como Kléber e Valdivia", registrei, não sem algum espanto. Consideremos ainda que pouca gente bate como Kléber. O Valdivia? Não bate, só pipoca.

Canal disse...

Desde quando corinthiano quer ver felipão fora do palestra? Está muito divertido!
Fica Felipão! Fica Felipão! Fica Felipão!

Moriti disse...

Mas, e a coisa do Felipão motivador, paizão (lembremos da família Scolari) agregador de grupos, incentivador da "garra" (e as polêmicas preleções nos vestiários, como, por exemplo, na véspera de um clássico contra o Corinthians, acho que pela Libertadores, nos idos da década de 90?). Nesse caso, em relação ao estado de apatia contra o Goiás, na Sul-Americana, não dá pra computar algo do resultado na conta do cara?

Ou será que a tal aplicação dos times do Felipão tem se limitado a "arte de descer a botina"? Estou com o Edu, os clássicos envolvendo o Palmeiras tiveram mais violência do que a média.

Sobre o time do Palmeiras ser ruim, tem lá algum fundamento, mas não sei se é tão pior assim que Botafogo, Vasco, Grêmio, Flamengo e outros grandes.