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segunda-feira, maio 09, 2011

O 'monopólio da virtude' existe, de fato. Em São Paulo

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Muito curiosa a entrevista publicada pela Veja (aarrghh..) na edição que começou a circular no fim de semana, com o título "O estado não pode tudo". Nela, o filósofo Denis Izrrer Rosenfield (foto), professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), critica "a interferência cada vez mais frequente do estado na vida pessoal dos cidadãos por meio de decisões de órgãos governamentais". Até aí, sua postura é irrepreensível: o poder estatal não tem nada que apitar na vida particular e nos direitos pessoais e privativos dos cidadãos.

Quer um exemplo? A proibição do tabagismo nos bares, medida arbitrária e autoritária do então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), aprovada em 2008 - e que incentivou outros estados da União a fazer o mesmo. Quer outro exemplo? A recente probição da venda de bebidas alcoólicas em espaços públicos, durante a "Virada Cultural", decretada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab ("cria" política de Serra). É o prório filósofo Rosenfield quem sentencia, à Veja (aaarghh..): "Se alguém decide fumar ou beber, isso é um problema exclusivamente dessa pessoa, não é um problema do estado".

Porém, a Veja é a Veja (eecaaa!). E falar mal das administrações paulistas e paulistanas, dos tucanos e seus amiguinhos, é coisa que a revista nunca faria. Portanto, qual é o alvo da entrevista e do filósofo? O PT, lógico! "Quando o estado se apodera do monopólio da virtude, inicia um flerte inadmissível com o autoritarismo, danoso para qualquer sociedade", começa Rosenfield, para citar, como exemplo desse tipo de interferência, a recente tentativa da Anvisa de proibir a venda de remédios para emagrecer. "Essas medidas arbitrárias mostram como o PT, apesar de estar amadurecendo como partido, ainda atrai esquizofrênicos com mentalidade retrógrada e perigosa para a sociedade".

A partir daí, é só "cacete filosófico" em cima dos petistas: "Nos últimos anos, o governo se intrometeu em quase tudo. Recentemente, quis policiar um pretenso consumismo infantil e chegou ao cúmulo de discutir a tal Lei da Palmada, que pretende disciplinar a relação entre pais e filhos". E mais: "A Anvisa tentou proibir a publicidade de cigarro, de bebida e de alimentos. Parece inofensivo, mas sem publicidade a imprensa se torna dependente do governo, o que compromete a liberdade de expressão". Mas a liberdade que o filósofo gaúcho mais preza é a de cunho financeiro: "Isso sem falar no direito de propriedade, cada vez mais fragilizado".

Propriedade! Propriedade! Abra as asas sobre nós!
Para Rosenfield, "(...) no Brasil o direito à propriedade é relativizado pela função social, pela função indígena, pela função racial e pela função ambiental da terra. O que acontece é um descalabro. Um exemplo trágico é a proliferação dos tais quilombolas pelo país. Isso não tem mais limite". Veja que pérola de raciocínio "filosófico": "Se mais de 60% de uma população é dona de seus imóveis, essas pessoas podem se unir com força contra qualquer ameaça à propriedade. Se menos de 30% forem proprietários, abre-se espaço para a aplicação de ideologias que comprometem esse direito".

E você acha que ficou por aí? Não, não. Tem mais: "No Brasil, o processo notório de enfraquecimento do direito de propriedade por meio da desapropriação de terras está sendo combatido por uma reação da sociedade contra os movimentos de orientação esquerdista, como o MST e a Comissão Pastoral da Terra". Pois é. Já dá pra perceber o motivo da indignação do filósofo e da publicação que o entrevistou. E a culpa é de quem? Um maço de cigarro e uma garrafa de pinga pra quem adivinhar...

"Em seu segundo mandato, Lula se excedeu. O presidente deu muito poder a esses movimentos e limitou cada vez mais os direitos de propriedade. Foi exorbitante. Lula abriu a porteira. O mesmo aconteceu com relação à imprensa", arremata Rosenfield.

Ou seja, para NÃO variar, A CULPA É DO LULA!

Só nos resta fumar e beber. Dentro de casa...

2 comentários:

Nicolau disse...

Esse liberais brasileiros, preocupados com a propriedade e pregadores do Estado Mínimo, deveriam começar em casa: empresários, devolvam por favor os empréstimos subsidiados do BNDES e vão pagar os juros do Bradesco. Agricultores, paguem por favor as dívidas que têm com o Banco do Brasil, também com juros camaradas, e não fiquem fazendo manifestações anuais pelo refinanciamento - também chamado calote. Coerência, pessoal...

ana maria disse...

É preciso pensar, o que a sociedade não faz.Cada aluno de graduação que não lê - ou porque não gosta mesmo ou porque tem preguiça - é uma vitória para as nossas lideranças. Todos querem sucesso profissional, mas não investem no próprio conhecimento. E dá nisso. O Estado vê a oportunidade de monopolizar o pensamento dessa gente. E com sutileza os regimes radicais vão se implantado lentamente, imperceptíveis, porém, ostentando a bandeira da democracia.
E quem vê porque pensa, corre o risco de ser degolado. Esse "monopólio do que é bom", se prestarmos atenção já está chegando até no judiciário que nos últimos anos vem decidindo tendende ao que é "conforme a opinião pública" e não mais com a firmeza do que é o mais justo".
Porque os Ministérios Públicos não exigem dos poderes públicos a oferta de educação com qualidade é que não se sabe. Sem falar no destino do dinheiro público destinado à merenda escolar, cujo contraponto é o apodrecimentos desses alimentos que sequer têm onde ser guardados e manipulados e não chegam nunca à mesa (à boca) das crianças. E olha que as crinças tem proteção legal extraordinário como seres em condição peculiar de desenvolvimento.Enquanto milhares de pessoas morrem nos corredores dos hospitais sem atendimento, mesmoo aqueles que sacrificam 20% de sua renda mensal para pagar planos de saúde - que se tornaram "sus classe a" a ANVISA nada faz.
Que tal Estado começar a cuidar daquilo que lhe é mais incumbido e fazer o monopólio da oferta da boa educação, da boa qualidade de transporte, da boa qualidade de serviços de saúde, da segurança...
Afinal, o princípio da eficência é para que o Estado cumpra o seu papel com qualidade.
No entanto a sede de monopolizar a conduta, o caráter, o hábito, a cultura, sob o falso manto de que esteja fazendo o que é bom para o probre do iludido cidadão tem sido a trajetória que vem sendo trilhada por aqueles cujo objetivo é o de perpetuarem-se no poder. Poder de barganha, poder de mando, poder de poder... E não o poder legal de servir...