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sexta-feira, junho 03, 2011

Deus e o diabo no bar de sinuca

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Ao assistir à disputa entre filósofos alemães e gregos, na versão do Monty Python, e ao Coríntios contra Apocalipse, da TV Pirata, me lembrei de um post que está na gaveta há um tempão.

Assisti mês passado ao episódio sobre a evolução das espécies da série A Espiritualidade e a Sinuca, dirigida por Lírio Ferreira (de Baile Perfumado, Cartola - Música Para os Olhos e O homem que engarrafava nuvens).

Embora a definição de "documentário" não seja perfeita – pelo menos não em strito sensu – a produção da Somos 1 Só é bem interessante até nas experimentações de misturar depoimentos reais com atuações e muito humor.

Ao que consta, a série foi ao ar na Sesc TV e na TV Cultura, onde assisti ao trem. Há outros episódios sobre outros temas dirigidos por outros diretores. Mas vamos logo ao que vi.

De um lado, eles entrevistam para lá de 20 religiosos de profissões de fé variadas sobre temas diversos, com ênfase para a evolução em oposição à visão criacionista do mundo e do ser humano. O teólogo, filósofo (e salva-repórter que precisa de aspa) Mário Sérgio Cortella é quem costura, com linha-dura, as idas e vindas.

A coisa já vai bem demais porque os depoimentos são intercalados por um hipotético diálogo entre Deus e o diabo, hereticamente irmanados na cachaça. Tudo se passa, como sugere o título, em torno de uma mesa de sinuca. Melhora ainda porque a figura de Deus é desempenhada por ninguém menos do que José Mojica Marins, consagrado como Zé do Caixão. Mário Bortolotto, igualmente divertido, é o diabo.

A conexão com o bar já mereceria a menção no Futepoca. Mas o que o post do Marcão me lembrou foi de um trecho da produção, em que o escritor, jornalista e genial manguaça Xico Sá aparece como repórter de campo em uma partida de futebol.

No gramado estão os evolucionistas do Big Bang contra os criacionistas do Fiat Lux. O treinador dos primeiros é ninguém menos do que Charles Darwin (Joça Reiners Terron).

Em meio a um monte de trocadalhos ("o time está evoluindo bem" e "faltou mais criação no meio"), a peleja ludopédica é o instrumento para tratar das duas visões antagônicas em grande medida.

Como não achei o trecho em questão, fica só o vídeo com o início de A Espiritualidade e a Sinuca - Demografia, de Lírio Ferreira, para sentir o clima.

5 comentários:

Marcão disse...

Pô, bem legal isso, fiquei curioso pra ver. E curioso esse lance de Deus e o diabo irmanados na cachaça, pois, há uns cinco anos, o camarada Luciano Tasso me mostrou um texto que havia escrito exatamente sobre isso. Na historinha dele, Deus e o Belzebu estão numa calorenta ilha do Caribe, em trajes de banho, tomando um goró e "mulatando" com os olhos as beldades seminuas que desfilam pela praia. E conversam como dois velhos amigos, cansados de tantas brigas e querendo mais é passar a tarde sem tem nada pra fazer e olhando a mulherada. Fábulas sobre uma conversa entre os dois é, realmente, um tema muito comum no meio artístico - vide "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", do Saramago.

Nicolau disse...

Parece divertido, rs.

Maurício Ayer disse...

o bortolotto parece filho do tom cavalcanti com o marcelo rubens paiva.

Luciana Nepomuceno disse...

Nos idos anos 90 o Verissimo (que ainda escrevia na Veja, que ironia)escreveu uma crônica muito divertida em que fantasiava deus e o diabo disputando várias modalidades esportivas: F1, surf, etc.

Brenda Ligia disse...

Muito bom ter participado desta série!