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segunda-feira, junho 27, 2011

A vitória do Timão vista da Parada Gay

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O inapelável chocolate aplicado pelo Corinthians pra cima do São Paulo neste domingo, no Pacaembu, teve diversas consequências, das futebolísticas às nem tanto. Do lado da bola, o Timão sai fortalecido, com moral e mostra que tem mais jogadores do que se imaginava (quem diria que Danilo comendo a bola e o tal Welder jogando bem na lateral?).

Mas me interessa mais aqui o lado social: uma cacetada de piadas com maior ou menor grau de preconceito contra homossexuais foi disparada nesta segunda, aproveitando a coincidência do clássico com o Parada Gay de São Paulo.

Para mostrar que dá pra tirar uma lasca dos são-paulinos sem chegar nesse ponto, indico esse belo texto de Kadj Oman, do parceiro Impedimento.

Ele narra sua saga ao desistir de ver o jogo no estádio e decidir participar da parada com seu “par romântico”, em seus termos. Na marcha, não tem como acompanhar o jogo – nem como deixá-lo de lado:

Subíamos a rua da Consolação no sentido contrário ao dos carros, e por mais alheio ao jogo que tentássemos fingir estar, a cada boteco a tentativa de descobrir se havia um televisor com imagens do Pacaembu: nenhum. Parecia que não era mesmo dia de saber de futebol.
Lá pro fim da parada, entretanto, tudo mudou. Um dos muitos casais ao nosso redor começou a se agitar após um telefonema, e logo pude ouvir gritos de UM A ZERO CORINTHIANS, CHUUUUPA! TIMÃÃÃO EÔÔ!

Abri um sorrisinho de felicidade discreto. Há coisas que são onipresentes. E nem precisam de dois testamentos pra tentar se afirmar.

Outro trecho marcante: “Há coisas que não mudam. A comemoração de um gol corinthiano é a mesma na garganta de um homem homossexual, de uma mulher hétero, de uma drag queen ou de um casal lesbiano. E boa parte das vozes felizes na Consolação reforçaram ainda mais felizes o grito que vinha do Pacaembu.

A coisa continua e melhora. Para ler o resto dessa bela homenagem à diversidade, clique aqui e vá ao Impedimento.

3 comentários:

Glauco disse...

Belíssima indicação e o texto é um "prestenção" pra torcedores e também serve para alguns pseudo-humoristas de TV que confundem humor com difusão/perpetuação de preconceitos. Rivalidade - e humor - são outra coisa.

Leandro disse...

Nenhum time no planeta representa melhor as minorias (ou maiorias) perseguidas e injustiçadas.
Então, que assim seja.
E vai, Corinthians!

Maurício Ayer disse...

Eu, de minha parte, uso as piadas homofóbicas como resposta ao preconceito de classe que os são-paulinos desavergonhadamente vomitam sobre nós, timoneiros. Outro dia, fui pegar meu carro num estacionamento e o dono, um jovem almofadinha, começou a brincar com meu filho (de 4 anos) chamando de são-paulino; como eu interpusesse objeções alvinegras, o rapaz explicou pro Chico: "O dono da empresa é são-paulino; o gerente ou encarregado é palmeirense; e a peãozada é corintiano (sic)". Diante de tamanha grosseria, do humor de pior gosto, tive que desfazer a confusão: "Meu filho, o tio não estudou e não sabe, mas a escolha do time é uma questão de opção sexual". Pronto, resolvida a parada. Funciona que é uma beleza.