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quarta-feira, julho 20, 2011

Manguaças no cinema: Cantona, Ken Loach e um belo filme

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Em meados da década de 2000, o polêmico ex-jogador francês Eric Cantona rodou a França com um uma ideia na cabeça e um roteiro embaixo do braço. Procurava um diretor para sua autobiografia. Depois de penar um tempo, um produtor amigo deu um toque pra ele: na Inglaterra seria bem mais fácil achar quem topasse. Razoável o conselho, uma vez que no Manchester United ele é Eric, the King, uma lenda, considerado um dos principais responsáveis por levar o time a sua condição de potencia global do esporte. Cantona pesquisou e encontrou o diretor esquerdista e fã de futebol Ken Loach. Ele pegou o roteiro, deu uma lida e, bem, mudou praticamente tudo.

Essa é a história que eu ouvi para o nascimento de À Procura de Eric, belo e sensível filme que fala, sim, da biografia do grande Cantona. Mas coloca sob o foco outro Eric, um carteiro torcedor do Manchester e fã do atacante, membro da classe trabalhadora que Loach sempre faz questão de retratar.

Eric está há anos numa espécie de piloto automático na vida, vivendo numa casa bagunçada e dominada pelos dois difíceis garotos, filhos de seu segundo casamento. Do primeiro casório vem seu maior fantasma: a ex-mulher, Lily, a quem ele abandonou com uma filha pequena.

No meio dessa vida cinza, Eric resolve aliviar em casa com um pouco de maconha roubada do filho mais velho. Em seu quarto, começa um diálogo com o pôster em tamanho natural que tem de seu xará centroavante até que... Cantona responde. Não só: divide o baseado e dá conselhos e força para o carteiro recolocar sua vida nos eixos.

O filme varia entre momentos de drama e comédia (na maioria protagonizados pelos companheiros de trabalho e Eric, também irmanados pela cerveja e a paixão pelo Manchester), numa trama muito bem conduzida e um desfecho emocionante. Os impasses são resolvidos, como preza Ken Loach, coletivamente. Numa cena particularmente interessante, Eric questiona Cantona sobre qual foi o maior momento de sua carreira, enumerando vários gols – que o diretor faz questão de mostrar para nosso êxtase. Cantona então o corrige, dizendo “não foi um gol, foi um passe”. E o ídolo completa: “You must always trust your team mates”.


PS.: Vendo as jogadas de Cantona, pensei no que seria aquela França de 1998 com ele no ataque...

2 comentários:

Anselmo disse...

ah, cantona!

o filme é mto bom.

e o cantona é maluco. faltou lembrar da revolução do cantona

Glauco disse...

Preciso assistir...