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quinta-feira, julho 28, 2011

Três TVs, três jogos, uma porção de calabresa e 17 gols

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Foi no Rei das Batidas, na zona oeste de São Paulo, onde assisti a três jogos da rodada. Com os também futepoquenses Maurício e Nicolau. No mesmo Rei das Batidas onde figuras como Mouzar Benedito e tantos outros alunos da USP se graduaram etílico-estudantes, três aparelhos de televisão sintonizaram três partidas diferentes de futebol pelo Campeonato Brasileiro. Alucinante efeito da TV por assinatura. Viva!

Da esquerda para a direita, o primeiro televisor mostrava o São Paulo enfrentando o Coritiba no Morumbi. No segundo aparelho, o Figueirense recebia o Palmeiras, no Orlando Scarpelli. A terceira estação era dedicada ao que se tornaria o melhor jogo da competição até aqui (e provavelmente até o final da edição 2011) entre Santos e Flamengo, na Vila Belmiro.

Palmas, palmas

Antes de qualquer comentário sobre as partidas em si, cabe uma nota sobre a reação de torcedores e secadores. Dada a profusão de gols (nove na peleja entre rubronegros cariocas e alvinegros da Baixada Santista; e sete entre o tricolor paulista e o alviverde da capital paranaense), a reação de cada agremiação ficou marcadamente destacada.

A cada um dos três primeiros gols do Peixe, santistas gritavam, urravam de orgulho pela volta de Neymar, Ganso e Elano – ainda que os dois primeiros gols tenham sido anotados por Borges. Depois, quando o Flamengo empatou o certame, os secadores celebraram, com exclamações igualmente primevas.

Quando, quase na reta final das partidas, o Palmeiras deixou seu gol da vitória sobre os catarinenses, veio o grito mais sufocado da noite. Como se ninguém ali, entre palmeirenses ocultados por tantos ecrãs brilhantes, acreditasse de verdade que, depois de uma derrota para o Fluminense, pudesse vir uma vitória fora de casa.

Muito, muito antes de o time de Luiz Felipe Scolari conseguir a sorte grande, vieram três gols do São Paulo.

Diferentemente dos tentos conferidos pelas demais equipes, o que se viu no democrático Rei das Batidas foi uma reação digna de lordes. Quiçá de gente indiferenciada. Nem bem se esboçaram gritos e logo veio uma sequência de aplausos.

Aplausos, simples e singelas aclamações com palmas. Sem palavras, sem gritos, sem interjeições nem palavras de baixo calão. Nem mesmo um convencional "chupa, coxa"; nada de "vai, tricolor". Só palminhas.

Inconformado, reprovei: "É tênis isso aqui?"

Foi coincidência, mas os são-paulinos presentes construíram sua posição de um jeito bem diferente dos demais torcedores. Nos três gols do Coritiba, os secadores – com menção honrosa para os corintianos – celebraram especialmente a participação de Bill em dois do escores conferidos pelos paranaenses. Ninguém cogitou só aplaudir, reação atípica e despropositada. Ninguém menos os tricolores. Vai entender...

Resultados

O jogo entre Santos e Flamengo merece caixa alta. O Jogo foi bom. Primeiro tempo que termina 3 a 3 merece nota de rodapé nos autos do futebol mundial. Se foram abertos três de vantagens e o empate foi cedido, já pode haver menção no texto sobre a história do ludopédio no período. Quando termina 5 a 4 para o time visitante que saiu perdendo, exige-se intertítulo e discriminação dos detalhes.

Que partida! Ainda mais porque Neymar jogou muito e fez dois. A zagua rubro-negra é pior do que a do Paraguai, mas como jogou o atacante santista!

São Paulo e Coritiba foi menos emocionante e teve desfecho menos feliz para este secador que escreve. Os 4 a 3 pró-time da casa foram suficientemente enervados para os torcedores que se deslocaram ao Morumbi. Com um pouco mais de esforço, os curitibanos poderiam ter atrapalhado mais um pouco a equipe de Adílson Batista. Dagoberto parece estar jogando mais do que em qualquer outra temporada anterior, mas o time oscila horrores durante os 90 minutos.

A terceira televisão ligada mostrou o jogo menos interessante da rodada. Pior para os catarineses, porque para o Palmeiras foi tudo bem. A vitória mínima veio arrancada, com gol marcado por Maurício Ramos, em um bate-rebate daqueles. Visto isoladamente, o gol seria só mais um. Mas numa quarta-feira em que assistiram-se a 16 balançadas de reda, a trombada do zagueiro verde fica até feia.

Se a gente for comparar com o que foi o terceiro gol do Santos, por Neymar, é melhor nem comentar. Então, melhor não ladear o que é diferente e só celebrar a habilidade onde ela existe: nos pés do santista, nos dos flamenguistas e na frigideira do cozinheiro que mandou uma calabresa na cachaça pra mesa.

Que rodada.

6 comentários:

Luciana Nepomuceno disse...

Que rodada! Eu vou divergir em dois pequeninos itens:

- torresmo, não calabresa;

- o jogo Santos e Flamengo não foi apenas "bom". Foi ótimo. Sou rubro-negra, mas em determinado momento do jogo o resultado me importava muito pouco, eu queria mesmo era ver aqueles dois times leves me fazerem recordar porque futebol é um amor tão obsedante. E fizeram.

Moriti disse...

Habilidade também para produzir o texto e falar da rodada, Anselmo. Parabéns.

Glauco disse...

Luciana, a calabresa do Rei das Batidas é um clássico, e feita na cachaça, atrai mais os integrantes do coletivo, rs.

Santos e Flamengo foi um jogaço mesmo, como descrito em outro post. Neymar é gênio mas ontem seus companheiros, principalmente os do meio-campo, não acompanharam, enquanto nesse setor o Flamengo é muito forte. Sobrou o bom futebol pra se ver, o que, pros dias de hoje, não é pouco.

Luciana Nepomuceno disse...

Glauco, vou agendar uma visita a essa calabresa, ficou meio irresistível. Gostei muito do outro post, também. Aliás, hoje amanheci sorrindo pro tempo, bem dizia o Nelson Rodrigues, a alegria rubro-negra é diferente.

Glauco disse...

Valeu, Luciana, espero também ter mais "alegrias alvinegras", embora este anos já tenha sido muito bom, rs.

Maurício Ayer disse...

as palminhas foram realmente dignas de nota. de uma delicadeza...