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segunda-feira, outubro 03, 2011

A “festa” sem vitória, motivos para não ser campeão e a baixa qualidade

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Por Moriti Neto

63 mil torcedores. Reestreia de Luis Fabiano. Os bons Ceni, Lucas, Dagoberto, Casemiro, Rodolpho e Denílson. Público recorde, a volta de um ídolo, qualidade individual. A festa estava armada para o São Paulo contra o Flamengo ontem, no Morumbi. Só faltou a vitória.

Os cariocas foram melhores e venceram justamente, por 2 x 1. Após uma primeira etapa com os donos da casa tomando a natural iniciativa de ataque e o Flamengo posicionado para contragolpear,  o segundo tempo mostra Rogério pegando muito e evitando ao menos quatro gols flamenguistas, em boas jogadas criadas pelos lados, contando com o rotineiramente  fraco desempenho são-paulino nos flancos, antes de Thiago Neves, aos 19, abrir o placar. Dagoberto empatou, num belo chute, aos 34. Mas foi Renato Abreu quem deu números finais ao placar, aos 39, em finalização despretensiosa que desviou em Carlinhos Paraíba e tirou Ceni do lance.

A arbitragem esteve mal. O meia são-paulino Lucas foi expulso aos 9 minutos do segundo tempo. Tomou um justo segundo amarelo. O problema é que o primeiro cartão foi discutível. Já indiscutível, é que o volante flamenguista Willians, excluído aos 26, também pelo segundo amarelo, nem encostou em Carlinhos Paraíba que, ridiculamente, caiu após tropeçar nas próprias pernas. Também sem discussão, aos 40, Dagoberto deveria ter recebido a segunda advertência na partida, o que acarretaria na expulsão do atacante.

Clinica de reabilitação 2

disse aqui que os adversários em má fase podem ter boas perspectivas quando olham a tabela e veem o próximo jogo contra o São Paulo, no Morumbi. O Flamengo foi só mais um que se encaixou nessa situação. Nos onze jogos anteriores, o time da Gávea tinha aproveitado só oito dos 33 pontos disputados, sendo que a única vitória ocorreu contra o último colocado, o América Mineiro.

O aproveitamento são-paulino em casa é pífio sob o comando de Adilson Batista. Empatou com Atlético Goianiense,  Atlético Paranaense, Corinthians e Palmeiras. Perdeu para Vasco, Fluminense e Flamengo. Ganhou apenas de Bahia, Atlético Mineiro e Ceará. Então, vitórias só contra três times que brigam para não cair.



Sem ganhar dos melhores não dá

Dos concorrentes mais bem colocados no campeonato, o São Paulo só ganhou do Fluminense, na primeira rodada do certame. Depois, perdeu e empatou com o Corinthians, foi derrotado duas vezes pelo Flamengo, perdeu do Vasco, teve derrota e empate diante do Botafogo, e sofreu revés do  Fluminense na abertura do returno. Ainda tem pela frente o time da Colina, em São Januário.

Detalhe curioso é que, no Morumbi, o Tricolor perdeu todos os confrontos com os cariocas. Pelos lados do Cícero Pompeu de Toledo, deve haver quem se sinta aliviado por não ter mais nenhum enfrentamento contra times do Rio de Janeiro em casa.

De qualquer forma, como mandante ou visitante, o São Paulo não conseguir vencer os ponteiros de cima da tabela é sintomático de um time sem grandes possibilidades de título.

Adilson Batista

Não é só pela péssima campanha em casa que o técnico são-paulino é mal avaliado. Adilson Batista, desde que chegou ao Tricolor, se mostra apático, covarde até.  Com um bom elenco, não é capaz de formar um time, não organiza um padrão de jogo. Também mexe mal, como ontem, quando tirou Luis Fabiano e colocou Carlinhos Paraíba, chamando o Flamengo, com um a mais, de vez para o ataque. Sim, o centroavante tinha que sair, mas era Rivaldo o nome para substituí-lo.  

Outro erro gritante do treinador é com Lucas. Antes da volta de Luis Fabiano, a insistência era manter o garoto no ataque, de costas para o gol. Contra o Flamengo, o menino, na maior parte do tempo, ocupava a mesma faixa de campo que Casemiro, que deu para achar que é meia. O camisa 7, muitas vezes, tinha inclusive que ficar preso à marcação e cobrir as constantes subidas do volante.

Porém o pior é que Adilson tem muito medo. Parece refém de uma situação que coloca o São Paulo como a última esperança de carreira num grande clube, depois de insucessos consecutivos, principalmente em Corinthians e Santos, e, lateralmente, no Atlético Paranaense. O receio de perder a atual oportunidade o deixa em condição delicada, inclusive à mercê das vaidades e chiliques dos jogadores.

Dagoberto

Por falar em chiliques, impossível não pensar em Dagoberto.  Individualista ao extremo, joga para ele, sem responsabilidade coletiva. Quando perde uma bola no ataque, logo leva as mãos à cintura, olha para os lados e caminha devagar. A cena é repetitiva. Passa-se em todos os jogos do São Paulo.  O atacante não recompõe, não ajuda na marcação. Acha que é craque, protagonista, quando é só bom jogador e coadjuvante.

Fez um belo gol ontem, é fato, mas o que ocorreu depois evidencia o individualismo. Num dos tradicionais chiliquinhos, foi comemorar sozinho, “desabafando”, tirou burramente a camisa, foi amarelado e, só por conivência da arbitragem, não recebeu merecida expulsão.

Dependência

Desde março, quando anunciou a contratação de Luis Fabiano, o Tricolor passou a sentir estranha dependência de um jogador sem data para atuar. Ainda com Carpegiani, o time foi montado para jogar com o centroavante, que veio com ares esquizofrênicos de ao mesmo tempo “salvador da pátria” e de única peça que faltava para montar um bom sistema.

Eis que finalmente, Luis Fabiano jogou. Não foi mal. Sete meses parado e se movimentou razoavelmente. Fez o pivô, recuou para buscar a bola, chegou a tirar bons lançamentos. Mostrou a incontestável presença de área, não fez o gol por intervenções providenciais de Felipe e Alex Silva. Ainda assim, dá o que pensar a aposta desde o início num jogador fora de ritmo – que se sabia não aguentaria em nível razoável mais que um tempo. Para o bem do time, poderia ter entrado na segunda etapa. Pensou-se no marketing, na mídia, na renda. Parece que a vitória foi um tanto esquecida.       

Sinal da baixa qualidade

Já disse acima que o Flamengo, antes da vitória de ontem, anotou só oito pontos em 33 disputados. Hoje, está com 44, a seis do líder Vasco, e não dá para dizer que, bem como o Fluminense, é carta fora da briga pelo título.

Quando um time do tamanho do Flamengo fica dez rodadas sem vencer e tem um aproveitamento no segundo turno digno de candidato ao rebaixamento, e ainda assim os que estão brigando pela liderança não conseguem se distanciar, a impressão que fica para este escriba é de que, na média, falta de qualidade.

12 comentários:

Thalita disse...

como vejo poucos jogos do SPFC, difícil saber se é sempre assim, mas ontem a zaga estava numa lerdeza de dar dó. Em vários contra ataques perigosos do Flamengo, tinha jogador voltando pra marcar andando. De onde vem a apatia não sei, mas ela está lá. Além disso, a zaga não ganhou nenhuma bola pelo alto. Se RC não tivesse operado milagres, o potencial era de goleada vergonhosa.
E o Juan, cristo, o que é esse cara? Muito lento. Nunca vi lateral perder corrida pra zagueiro, mesmo saindo na frente.
O ruim do jogo é que os vizinhos flamenguistas descobriram onde mora a são-paulina da área. Vou ter que fechar a janela pra não levar uns ovos em casa...

Thalita disse...

mas esse campeonato é tão doido que mesmo com a derrota continuamos em terceiro. Valeu, Atlético-GO!

Nicolau disse...

Não vejo o equilíbrio como falta de qualidade, mas como isso mesmo: equilíbrio. Se os times estão mais próximos em qualidade, seja ela baixa ou alta, é razoavel esperar resultados oscilantes, que ganhe uma perca a outra, de acordo com a impreviusibilidade do futebol. Pra mim, os times estão no geral mais fortes. Se os principais times mantiverem os elencos e ajeitarem algumas peças (técnicos são aqui considerados peças, hehe) capaz de a coisa melhorar ainda mais ano que vem. Mas meu otimismo anda incorrigível.

Leandro disse...

Também não tenho a impressão de que, na média, falte qualidade.
Se deixarmos de raciocinar baseados nos campeonatos da Europa, com dois ou, no máximo, três times lutando pelo título, lembraremos que a banda toca diferente por aqui.
Tirando 2003, do Cruzeiro que levou tudo no primeiro e no segundo semestre, os outros campeonatos foram todos, praticamente, nesta mesma toada.

Moriti disse...

Repito: quando vejo o Flamengo perder 25 pontos em 30 disputados e os ponteiros de cima não conseguindo abrir distância porque perdem pontos fora e em casa para Avaís, Américas e Atléticos, só posso constatar que a coisa vai mal. É um equilíbrio, sim, mas por baixo.
Outro indicador disso é um time como o São Paulo, que não está jogando nada faz tempo, manter-se em terceiro na tabela até agora.
Sobre tomar qualquer coisa como base, não são campeonatos europeus que me guiam, Leandro, na verdade, na maioria, também acho-os fracos na média.
Na real, o que me baseia - talvez erradamente - é o futebol de outros tempos. Quase parafraseando o Nicolau, sou um saudosista incorrigível.

Moriti disse...

Olha, Thalita, a zaga do São Paulo não é ruim, mas o sistema defensivo não funciona a contento, aliás, o time, em tudo que depende de sistematização, é um horror. Mas, de fato, os zagueiros não estiveram bem ontem. Não dá pra aceitar Rodolpho e João Felipe "sumidos" e os laterais, baixos, tendo que disputar bolas pelo alto com os atacantes adversários.

No mais, creio que o grande vazio da equipe é pelos lados, tanto ofensiva como defensivamente. E o Juan, que você lembrou, é um dos causadores disso.

Ah, sim. Espero que tenha fechado a janela a tempo...

Maurício Ayer disse...

impressionante os públicos que o são paulo tem conseguido em seus eventos festivos. e nos outros jogos, moriti, como está?

Thalita disse...

Mauricio, eu tava curiosa com isso tb, entao fiz uma pesquisa.
A media de publico do SPFC no Brasileiro (como mandante) ate agora eh de 24.400. Sem os dois jogos festivos (contra Flamengo e Atl-MG), a media cai para 18.200.
Em dois jogos (contra Fluminense e Botafogo) o publico foi de cerca de 8 mil pessoas.
Ou seja, com excecao do jogo contra o Corinthians no segundo turno (44.600 pessoas), o comportamento da torcida me parece o usual, ou seja, de nao ir ao estadio.
De qquer forma, com a maior parte dos grande estadio do pais fechado, o SPFC deve ter uma das maiores medias de publico do campeonato

Anselmo disse...

eu considero q o campeonato deste ano dos mais interessantes, embora meu time contribua para reduzir a qualidade do futebol apresentado. vasco e santos tem times muito bons; flamengo, corinthians e são paulo poderiam fazer do que o que conseguem, porque também têm jogadores que, esperava-se, renderiam mais.

as instabilidades acontecem. não ter nenhum time que dispare na tabela deixa o campeonato mais legal de acompanhar.

embora meu time contribua para fazer com que pouca gente queira assistir a jogos de futebol.

Maurício Ayer disse...

Valeu, Talita, interessante o quadro. Vemos uma torcida são-paulina interessada nos ídolos e talvez "na história", mas não tanto nos jogos. Precisava comparar com outras...

Anselmo, que depressão... não fique assim, meu porco amigo, vamos tomar uma cerveja.

Moriti disse...

Anselmo, que depressão... não fique assim, meu porco amigo, vamos tomar uma cerveja. (2)

Karin disse...

anselmo, temos sofrido do mesmo mal! eu ando bem triste com o palmeiras... aliás há um tempo, desde aquele jogo que saiu pancadaria em campo, ano passado, retrasado? nem sei, mas foi justamente na época em que eu decidi ser mais fiel, acompanhar todos os jogos, saber os nomes de todos os jogadores, rs! parei ali...