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quarta-feira, dezembro 07, 2011

Relator da Lei Geral da Copa diz: proibir álcool no estádio é "hipocrisia"

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Vicente Cândido, deputado federal  (PT-SP), está no centro de alguns rolos nacionais, como bem retratou perfil publicado no jornal Valor Econômico. O de maior relevância para a maior parte dos brasileiros – e também para o Futepoca – é a relatoria da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014.

O substitutivo foi apresentado na terça-feira (6) na comissão especial que trata do tema na Câmara Federal. Houve algumas mudanças, as mais comentadas foram duas. Primeiro, reservou-se dois terços dos 3 milhões de ingressos para estrangeiros. Apenas 1 milhão fica para brasileiros. Romário, igualmente deputado federal (PSB-RJ), não gostou e saiu acusando gravemente Joseph Blatter.

Vicente Cândido ataca "hipocrisia"
Há ainda 300 mil bilhetes assegurados a preços inferiores a R$ 50, para estudantes, idosos (maiores de 60), indígenas e beneficiários de programas como o Bolsa Família. Isso quer dizer 10% do total de ingressos e 30% da parte que cabe aos brazucas. Tamanha preferência aos gringos decorre da aposta de que um mudaréu de gente aporte pelas 12 cidades-sede para ver jogos. Quanto mais gente, mais rentável tende a ser a competição do ponto de vista econômico e do setor de turismo.

Outra frente importa muito mais, porque ultrapassa a lei específica da Copa.

Atualmente, há leis estaduais que proíbem a venda de bebidas alcoólicas em estádios. Ao mesmo tempo, o Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003) barra a entrada do goró. Se o torcedor levar um garrafão de caipirinha, latinha de cerveja ou taça de vinho francês tem o material confiscado.

Vicente Cândido manteve, em seu substitutivo, a restrição a levar álcool de fora para dentro das arquibancadas, por questão de segurança. Mas a venda em bares e restaurantes de dentro do estádio está liberada.

"Existe muita hipocrisia", resume o deputado, em conversa com o Futepoca. "Pela cultura brasileira, não tem motivo para proibir a venda de bebidas, até porque, não se pode impedir a venda em volta do estádio", resume. E, antes de correr o risco de se tornar alvo de grita em contrário, ele logo contemporiza: "Mesmo assim, queremos debater a questão à exaustão e procurar um pensamento majoritário".

Ele diz que cresceu a compreensão de que a Copa é um evento específico e que precisa de regras igualmente específicas. Mas, nesse caso da bebida, a mudança seria sobreposta a eventuais regras contrárias em âmbito municipal ou estadual. Uma alteração e tanto – ou, cerveja sem álcool no estádio, nunca mais.

A votação do anteprojeto ocorre na próxima semana, porque os parlamentares pediram vista ao texto. Ainda deve haver uma avalanche de emendas apresentadas e mais algumas doses de polêmicas sobre tema tão volátil. Está levantada a pauta para a próxima sessão (deliberativa ou não) em mesas de bar país afora.

6 comentários:

Nicolau disse...

Alvíssaras! Descriminalizaram a breja nos estádios.

Glauco disse...

Calma, Nivaldo, que é só pra Copa. Mas, Lei Gerais à parte, queria que alguém fizesse um estudo sério pra dizer se a violência nos estádios caiu depois da proibição da venda de cervejas. Até porque quem vai em estádio sabe que a única coisa proibida de ser consumida é cerveja, já o resto...

Nicolau disse...

Glauco, segundo o post do Anselmo, essa mudança permanece depois do evento. Ou entendi errado?

"Ele diz que cresceu a compreensão de que a Copa é um evento específico e que precisa de regras igualmente específicas. Mas, nesse caso da bebida, a mudança seria sobreposta a eventuais regras contrárias em âmbito municipal ou estadual. Uma alteração e tanto – ou, cerveja sem álcool no estádio, nunca mais."

Glauco disse...

Xi, então isso vai dar rolo... A alteração no Estatuto do Torcedor pode se sobrepor depois a leis municipais e estaduais?

Anselmo disse...

o Vicente Cândido acha que sim. O Alexandre Padilha já disse que é contra.

Começar o debate acusando hipocrisia não é um bom começo.

Moriti disse...

Concordo que começar o debate dessa forma é ruim. Assim como é ruim reduzir ao consumo de cerveja nos estádios a questão da violência sem ao menos um estudo científico que comprove que os números de agressões sobem com a ingestão da gelada.

Ponto questionável é mudar lei só pela Copa, independentemente das especificidades dela. A lei, nesse caso, se tem que ser mudada, que seja a partir de argumentos baseados em pesquisa e que seja mesmo regra definitiva. Caso o contrário, entre diversos questionamentos, pode-se entender que só o brasileiro que vai ao campo cotidianamente é que fica violento quando bebe.