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sábado, janeiro 15, 2011

Paulistão 2011 - Linense 1 X Santos 4 - Estreia com goleada do time misto

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A primeira partida do campeão paulista de 2010, o Santos, foi contra o Linense, atual vencedor da Série A-2. Na equipe do interior, alguns nomes conhecidos (ou não) como o goleiro Paulo Musse (ex-Vitória, Bahia, Santa Cruz etc etc etc) e o avante Pedrão, ex-ex-Grêmio Barueri. Já o Peixe tinha a defesa que jogou a maior parte do tempo no ano passado, mas do meio pra frente...

Sem Arouca, ainda sem Ganso, sem os recém-contratados Jonathan, Charles e Elano, e os atletas da seleção sub-20 Neymar, Alex Sandro, Danilo e Alan Patrick, Adílson Batista optou pelo 4-3-3, esquema tático, aliás, que propiciou os maiores espetáculos da bola do Alvinegro e, modéstia às favas, do futebol brasileiro em 2010. Claro que os atores desta feita eram outros...

O trio de ataque peixeiro contava com Zé Eduardo, atuando mais pela esquerda, Keirrison no meio e Maikon Leite pela esquerda. O último já está fora (mesmo?) da Vila, o primeiro, quase, e o segundo busca se recuperar do fraco 2010 que teve. Na criação, Róbson,que voltou do Avaí onde retomou a alcunha de Robinho.

Pressionando no começo da partida, o Peixe fez o primeiro gol do torneio aos 8 minutos, com Maikon Leite. Depois, o relaxamento natural de uma equipe em começo de temporada, mas o Linense só conseguia chegar com algum perigo em bolas paradas. No entanto, quando o Santos foi à frente, fez. Zé Eduardo contou com a ajuda do goleiro aos 33 e marcou. Keirrison sofre pênalti e converteu aos 41. Sem forçar, o primeiro tempo terminou 3 a 0 para o time da Vila.


Na segunda etapa, pressão do Linense. E penalidade a favor da equipe da casa. Rafael fez o que sempre faz em cobranças de pênalti: se mexeu o tempo todo em cima da linha, apontou o canto para o batedor finalizar, catimbou e... Fausto chutou e o goleiro defendeu. Como fez duas vezes contra o Grêmio Prudente em 2010. Um minuto depois, bola na trave. Mais cinco defesas dignas de nota testaram a boa fase do arqueiro peixeiro no segundo tempo.

E o Santos chegou ao quarto gol de novo com Maikon Leite aos 21, em contra-ataque, depois que Adílson Batista já tinha sacado Zé Love para colocar o volante Rodriguinho, aos 15. Ainda que esse tipo de substituição para amarrar a partida feita tão cedo não me agrade, fica o voto de confiança, até pelas limitadas opções do técnico.

Mas o fato é que nem essa, nem as outras duas alterações de Adílson fizeram com que o Linense deixasse de dominar o jogo na etapa final (de forma estéril a maior parte do tempo), mas, para uma estreia com time misto, marcar quatro gols está de bom tamanho. O Linense fez o seu aos 43, com Fausto, mas era mais que tarde. Junto com a vitória do time feminino no torneio internacional e dos meninos na Copinha, o hat trick do sábado estava feito.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Yo y mis cervezas

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Buenas, já que aproveitei o tempo que estive na Irlanda para comentar umas e outras cervejas que provei por lá, faço o mesmo, agora, sobre as que conheci numa rápida passagem por Uruguai e Argentina. Quando chegamos a Montevidéu, fomos encontrar uns amigos na Cervejaria Burlesque, no bairro Pocitos. Provamos algumas cervejas artesanais, não engarrafadas industrialmente, e outras marcas latinas. Mas eu gostei mesmo foi da holandesa Grolsch (foto), uma Premium American Lager que fica entre a compatriota Heineken (mas menos amarga) e a nossa Serra Malte (mas um pouco mais suave). O teor alcoólico é de 5% e ela vem numa garrafa com um sistema diferente de lacre.

Muito parecida com a Grolsch é a uruguaia Zillertal (foto), que provei em um butequinho da Praça Cagancha. Vem numa daquelas garrafonas de 1 litro, como as também uruguaias Norteña e Patricia, mais comuns em terras brasileiras, e tem 5,5% de álcool. É outra Premium Lager e, pelo o que percebi, só não é mais pedida que a popular (e fraquinha) marca Pilsen. Também experimentei, em Montevidéu, uma long neck de garrafinha gordinha da mexicana Negro Modelo, que chega até lá via importadora venezuelana. Muito gostosa, 5,3% de álcool. Pelo o que li aqui, ela também é uma cerveja Lager, mas o fabricante a denomina Munich Dunkel, sendo que outros a consideram uma Vienna. Quem entende sobre isso, que se manifeste...

Ainda no Uruguai, na última noite por lá, provei uma long neck da marca Patricia, só que estilo Red Lager, no barzinho Fun Fun, bairro Ciudad Vieja. Muito boa, parecida com a Baden Baden desse tipo, só que mais fraca (5% de álcool). Já em Buenos Aires, resolvi mergulhar de cabeça nos excelentes vinhos, mas o forte calor - muito mais que em Montevidéu, cidade ventilada - me "obrigou" a voltar à fundamental rubia helada, digo, loira gelada. A primeira que arrisquei foi a manjada Quilmes (foto), num buteco tosco da Avenida Córdoba, em Palermo Viejo. Outra cerveja Lager, o que comprova que essa história de que as Pilsen, mais leves, são obrigatórias em lugares quentes, é conversa fiada aceita só no Brasil. A Quilmes tem 4,9% de álcool, mas vou me abster de nota para a qualidade, pois na Argentina, ao contrário do Uruguai, todo bar serve cerveja morna. Só o chope vem geladaço.

A única exceção foi o bar La Biela, no bairro Recoleta, onde conheci uma (gelada) Imperial, indicada, no rótulo, como "cerveza especial argentina". Nunca tinha ouvido falar, mas é boa mesmo. Pra (não) variar, é uma Premium Lager, com 5,5% de teor alcoólico. O bar servia também outras argentinas, como a já citada Quilmes e a Schneider, mas a Imperial estava em TODAS as quase 100 mesinhas do local, em versão long neck e 1 litro. Outra surpresa, já no caminho de volta, no Aeroporto Ezeiza, foi a Quilmes versão Stout, long neck (foto). Cremosa, suave (só 4,8% de álcool) e um pouco adocicada, diferente de outras do tipo, como a tradicional irlandesa Guinness ou a brasileira Colorado. Mas foi uma boa despedida. Até a próxima, ou melhor, as próximas! Saludos!

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Velha mídia: a diferença entre a chuva tucana e a petista

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Há três anos a Thalita fez, neste espaço, a comparação entre dois editoriais do jornal O Estado de S. Paulo. Cada um dos textos tratava de uma obra então realizada pelo poder público e ambas tiveram tratamento bem distinto: o alagamento do túnel da Avenida Rebouças no início do mandato (incompleto) de José Serra na prefeitura paulistana e o episódio do "buraco do metrô", que fez sete vítimas fatais, também na capital do estado.

Lembrei desse post por conta do editorial desta quarta-feira, 12, do mesmo Estadão, intitulado "São Paulo pode conter as enchentes". O otimismo do título já é louvável e merecedor de elogios. Trata-se de um periódico que torce e acredita na terra bandeirante no mais entusiasmado estilo "yes, we can". Mas é interessante ler o texto, na íntegra, abaixo:

São Paulo pode conter as enchentes
O Estado de S. Paulo - 12/01/2011



A forte chuva que caiu na noite de segunda-feira e início da madrugada de ontem traz mais uma vez à discussão o renitente problema das enchentes que todos os anos castigam São Paulo e cidades próximas, e para o qual até agora as autoridades municipais e estaduais, que dividem as responsabilidades nesse caso, não conseguiram oferecer qualquer esperança de solução satisfatória. Solução, aqui, significa minorar significativamente os seus efeitos, já que eliminá-los é praticamente impossível tendo em vista as peculiaridades da capital paulista.
Repetiu-se o cenário desolador já bem conhecido dos paulistanos: quatro mortos na capital e outros quatro em municípios vizinhos; centenas de desabrigados que tiveram suas casas, construídas em áreas de risco, destruídas e perderam tudo; e ruas, avenidas e túneis alagados, com lixo e carros boiando e passageiros desesperados.
O transbordamento dos Rios Tietê e Pinheiros, em vários pontos das marginais, e de córregos, como o Cabuçu de Baixo, na zona norte, o Jaguaré, na zona oeste, e o Morro do S, na zona sul, paralisou boa parte da cidade até as 10 horas da manhã. Foram registrados 135 pontos de alagamento, e 58 deles ficaram intransitáveis por várias horas. Nos próximos dias, as avaliações da Defesa Civil, das administrações municipal e estadual e de entidades empresariais darão uma ideia mais precisa dos prejuízos para a população e a economia da capital.
É verdade que a topografia de São Paulo, em cuja área se alternam violentas ondulações e várzeas, não ajuda. Essa fatalidade geográfica é uma limitação importante. Apesar disso, o poder público pode fazer muito para reduzir os efeitos das enchentes, como sabem os estudiosos da questão. Elas nunca deixarão de ser um problema, mas podem deixar de ser um desastre periódico, como acontece hoje. As medidas para chegar a esse resultado são bem conhecidas, há muito tempo, e a maior parte delas já está sendo executada, mas infelizmente não de maneira satisfatória.
Os melhores exemplos disso são a limpeza do Rio Tietê, a construção de piscinões e a canalização de córregos. Bilhões já foram gastos no Projeto Tietê, destinado à recuperação desse rio, boa parte dos quais para o seu desassoreamento, com a retirada da sujeira acumulada durante décadas em seu leito, que possibilitou o aprofundamento da calha, o alargamento das margens e o aumento considerável da vazão. O resultado disso foi uma sensível redução do risco de transbordamento.
Desde que se concluiu essa etapa do projeto, todos sabiam que, sem um trabalho de manutenção adequado, com a limpeza constante do leito, essa importante conquista estaria ameaçada. Infelizmente, foi o que aconteceu. Mas, ainda que a vazão do Tietê não seja a mesma de quatro anos atrás, ela é suficiente para evitar um mal maior. Sem ela, a situação teria sido muito pior nas últimas enchentes. O governador Geraldo Alckmin já anunciou um remanejamento de verbas destinado a garantir recursos para acelerar a limpeza da calha do rio, que deve estar concluída em dois anos.
Quanto aos piscinões, destinados a reter a água das chuvas em pontos estratégicos, há dois problemas a resolver. Em primeiro lugar, seu número - hoje são 49 na Grande São Paulo - é insuficiente. Para completar o sistema, o governo do Estado deve contar com colaboração maior das prefeituras da região metropolitana. Até agora, só a capital deu contribuição significativa. Em segundo lugar, sua limpeza tem deixado a desejar.
A canalização dos córregos e a execução de outras medidas importantes cabem à Prefeitura da capital. Entre estas, a conservação, a limpeza e ampliação do sistema de drenagem, em especial de bueiros e galerias pluviais, que não têm sido satisfatórias, e o mapeamento das áreas de risco, a retirada dos que nelas se instalaram e ações para coibir novas ocupações.
É verdade que todas essas obras e serviços de manutenção, que podem minorar de forma significativa os efeitos das enchentes, custam caro. Mas é igualmente verdade que a sua ausência tem um custo ainda maior para a cidade. Elas são, portanto, altamente compensadoras.
Todos os negritos são meus e estão aí para realçar o quanto o escriba se esforçou para dizer que o problema da enchentes numa metrópole como São Paulo é complexo, o que seria até acaciano dizer. O texto afirma ainda que o governo paulista de fato agiu para evitar o pior por meio do Projeto Tietê. "Só" faltou manutenção, a limpeza do leito que não foi feita. Nas linhas, não se mostra o nome do responsável pelo malfeito, mas foi o mesmo gestor público que o jornal apoiou em outro editorial para a presidência da República.

Enfim, é tocante a compreensão do Estadão para com os problemas urbanos e como ele de fato enxerga o esforço do poder público e confia nos investimentos futuros para evitar que novas tragédias ocorram novamente. Curiosamente, disposição parecida não houve há quase seis anos:
Pressa e inépcia se uniram para tornar precário o Túnel Rebouças 
O Estado de S.Paulo - 15/01/05 
Quem errou vai pagar, avisou o prefeito José Serra durante visita, na semana passada, ao Túnel Jornalista Fernando Vieira de Mello, na Avenida Rebouças, construído às pressas pela administração Marta Suplicy para ser inaugurado às vésperas das eleições. Na primeira chuva intensa de novembro, a passagem foi invadida pelas águas e se transformou num piscinão. De lá para cá, a cada precipitação forte, o acesso ao túnel – construído para dar maior fluidez ao tráfego no cruzamento com a Avenida Faria Lima, ao custo de R$ 97,4 milhões – é fechado e o trânsito se torna pior do que antes da obra.
Agora, atendendo a pedido do prefeito, engenheiros do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Escola Politécnica da USP, do Instituto de Engenharia e da Secretaria de Infra-Estrutura e Obras apresentaram relatório sobre os problemas de execução do túnel. O secretário municipal de Infra-Estrutura e Obras, Antônio Arnaldo de Queiroz e Silva, afirmou que a pressa foi inimiga da qualidade. A galeria de águas pluviais, construída ao lado da passagem subterrânea, foi feita com tubos de PVC e areia em vez de concreto, material muito mais resistente.
A análise dos técnicos do IPT aponta para deformações, rachaduras, remendos, assoreamento e infiltrações na galeria. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o vice-presidente da Construcap, contratada pela empreiteira Queiroz Galvão para executar as obras, admitiu que “a técnica construtiva foi escolhida por causa da exigüidade do prazo imposto pela Queiroz Galvão”. Segundo ele, tudo foi feito em menos de 40 dias, com os operários trabalhando de madrugada para não atrapalhar o tráfego. Capobianco lembra que a Emurb autorizou o uso do material.
Identificadas as falhas de execução, o prefeito José Serra quer agora que os responsáveis pela obra realizem as reformas imediatamente, sem que a administração municipal desembolse um único centavo.
O contrato firmado entre a Prefeitura e a construtora Queiroz Galvão, em 2003, estabelecia o prazo de 18 meses para a entrega do túnel. No primeiro semestre de 2004, o governo petista alterou os planos para inaugurar a obra em novembro. Alegando dificuldades técnicas, mudou o padrão de construção. A decisão elevou em 47% o preço da obra, cujo ritmo foi acelerado, permitindo que fosse inaugurada em setembro.
Tanta correria numa construção complexa, a poucos metros do Rio Pinheiros, não poderia ter outro resultado. Há décadas, nas ocorrências de chuvas fortes, as ruas próximas do túnel apresentam alagamentos por causa das galerias subdimensionadas e da impermeabilização do solo, que leva as enxurradas em grande velocidade em direção ao Rio Pinheiros, onde não conseguem desaguar e há o refluxo pelas bocas-de-lobo.
O prefeito acerta ao cobrar o trabalho bem-feito dos responsáveis pela obra. Além dos riscos trazidos pela inundação do túnel, as falhas na execução da obra comprometem a segurança do corredor de ônibus. Segundo o secretário de Infra-Estrutura e Obras, Antônio Arnaldo de Queiroz Filho, a deformação excessiva da tubulação pode provocar o solapamento do piso do corredor.
A administração Marta Suplicy prometeu fazer da Rebouças uma avenida-modelo, com o corredor do Passa-Rápido, um belo projeto paisagístico e a passagem subterrânea, que acabaria com um dos principais gargalos do trânsito na região.
Ocorreu, de fato, grande mudança na avenida que, atualmente, parece um cenário de guerra. Um dos mais nobres corredores da cidade está sem calçadas e tomado por entulhos. O projeto paisagístico se perdeu, com as plantas emaranhadas, sem os cuidados necessários, e o trânsito continua complicado. E assim ficará por bom tempo. Afinal, as reformas do que foi feito às pressas vão ser iniciadas, haverá bloqueio de duas faixas da Rebouças e carros e ônibus terão de se espremer em apenas 5,7 metros de via. O fechamento das pistas permitirá que 3,5 mil veículos trafeguem por hora na Rebouças, quando o movimento normal é de 4,5 mil.
Por conta dos caprichos e da irresponsabilidade da administração passada, os moradores de São Paulo voltarão a enfrentar transtornos ainda maiores no trânsito.

Estão mantidos os negritos na Thalita no texto original porque eles refletem, primeiro, a condenação sem rodeios da administração petista que realizou a obra, pautada por declarações do prefeito e do secretário tucanos. Segundo, evidencia o diagnóstico do jornal: pressa e inépcia. Mas, no editorial de hoje, não se questiona o que deixou de ser feito tampouco os erros repetidos da falta de planejamento urbano de São Paulo. Como é o caso da ampliação da marginal do Tietê, obra bilionária que conta com uma duvidosa compensação ambiental e reforça um modelo viário que ajuda a tornar a cidade inviável em breve. Sobre isso, comenta Raquel Rolnik em seu blog:
Me parece, e tenho repetido isso, que evidentemente não é a obra de ampliação da marginal que causou enchentes, pois isso não faz nenhum sentido. A questão é que esta é uma área sujeita a enchentes e alagamentos, porque está na beira do rio. Sempre podem ocorrer chuvas excepcionais e a beira do rio está sujeita a enchentes e alagamentos. O problema é colocar o sistema viário estrutural da cidade em um lugar dessa vulnerabilidade, significa claramente expor o sistema de mobilidade principal a essa situação.
Na terça-feira, 11, também foi curioso assistir ao Jornal das Dez na Globo News. A única menção ao poder público na escalada (abertura) do noticiário foi relativa às verbas para prevenção de desastres do Ministério da Integração teriam diminuído de R$ 168 milhões em 2010 para R$ 137 milhões em 2011. Ou seja, a culpa é do Lula, claro! Essa foi a primeira pergunta feita ao urbanista João Whitaker, que colocou os pingos nos is de forma diferente da imaginada pela pauta (veja aqui).

É bom ressaltar que o montante reservado no orçamento do governo federal para prevenir desastres em todo o país, e que é irrelevante para São Paulo, é um pouco maior do que os R$ 100 milhões obtidos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na gestão Marta Suplicy para a construção de dois piscinões na capital paulista. As obras foram canceladas por seu sucessor, José Serra, e os recursos estão intocados para que o atual alcaide possa usar. Mas talvez a cidade não precise de obras contra enchentes, por isso a demora.

terça-feira, janeiro 11, 2011

A quem Pelé realmente reverenciava

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A partir de 1958, quando brilhou na Copa da Suécia, Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, tornou-se um dos seres humanos mais célebres do planeta, a ponto de nem exigirem seu passaporte em muitos dos países que visita. Desde aquela época, passou a ser recebido com reverência e admiração por reis, papas, presidentes e centenas de personalidades de todo o mundo. Ao que parece, nunca demonstrou estar muito emocionado nesses encontros, mesmo quando ainda era um adolescente. Mas havia outro brasileiro por quem, pelo o que está registrado, ele realmente se importou quando teve a oportunidade de conhecer.


No livro "Nuestro Vinícius" (Editora Sudamericana, Buenos Aires, 2010), a autora Liana Wenner conta histórias das passagens do poeta e compositor Vinicius de Moraes pelas terras portenhas (foto acima), onde era idolatrado, nas décadas de 1960 e 1970. Em agosto de 1968, ele se apresentou pela primeira vez na Argentina, com Dorival Caymmi, Quarteto em Cy, Baden Powell e Oscar Castro Neves. Nesta "noite mágica", como define Wenner, quatro ou cinco jogadores do Santos, que estavam em Buenos Aires para um amistoso contra o River Plate, apareceram na porta do teatro para tentar entrar na metade da segunda apresentação.

O produtor do show, Alfredo Radoszynski, foi abordado pelo lanterninha, que disse: "Senhor, Pelé está aqui!". O produtor saltou até uma das portas laterais: "Por favor, rapazes, venham!". Pouco depois, Pelé e seus colegas estavam em cima do palco. "Baden Powell improvisou no violão uma batida de samba ao estilo de Pixinguinha. A bateria acompanhou", relata Liana Wenner. "Vinicius se aproximava para abraçar os jogadores. Pelé sentiu seus olhos marejarem e começou a chorar como um menino assustado". Neste momento, o Rei revelou a quem idolatrava.

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Efeitos subterrâneos da amplificação da "crise dos cargos"

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Ao amplificar a sede de cargos do PMDB no governo petista, a pauta da grande mídia é ainda aquela veiculada na campanha de José Serra: "A Dilma não dá conta". Ela não é o Lula, que "com seu carisma" conseguia segurar as feras do PMDB e também – no momento fora de foco – os "radicais do PT", como se o carisma fosse a sua única qualidade, ignorando a enorme capacidade de articulação política, que não se perde com a entrada de Dilma, pois o know how é da equipe: há continuidade. Como Dilma dará conta, haverá uma partilha dos cargos, em algum momento terá que ser construída a versão para a "solução da crise", ou seja, o momento em que conseguirem mostrar que houve "derrota do PT para o PMDB" (ou derrota do governo dentro do governo). Mas isso passará.

O PMDB, tal como é, sabe que não pode ter qualquer existência como oposição. Teria o mesmo fim do DEM, o encolhimento vertiginoso, até um provável sumiço dentro de uns dez anos. Então a pressão por cargos também tem os seus limites.

Talvez não percebam que, subterraneamente, estão desenvolvendo uma pauta que interessa ao PT: a desmoralização do PMDB, que se mostra apenas como uma massa fisiológica, salvo as sempre citadas exceções, como o governador Sergio Cabral. Quanto mais investirem nessa crise, o desgaste não será exatamente do PT, mas do próprio PMDB, que terá cada vez mais dificuldade de se mostrar como um partido com projeto de país e capaz de propor uma real alternativa de poder. No médio-longo prazo, é um cenário positivo para os petistas.