Destaques

sábado, outubro 15, 2011

Para refletir: Neymar e nós

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Foi o companheiro Olavo, que escreve no Escanteio Curto, que repassou o texto que segue abaixo por e-mail. Ele narra um episódio ocorrido depois da partida entre Atlético-MG e Santos, na quinta-feira. E serve para refletirmos um pouco a respeito do estresse e da pressão que jovens e não tão jovens jogadores, técnicos e toda gente do futebol profissional (e de outras carreiras também) sofrem no dia a dia. 
Boa parte das vezes não hesitamos em apontar o dedo para eles e exigir o equlíbrio (alô, Tite), a ousadia ou a genialidade que nem sempre conseguimos ter no nosso cotidiano. Talvez a graça da brincadeira seja essa: queremos que eles sejam um pouco ou muito do que não somos ou do que nunca vamos ser. Mas são iguais a nós a maior parte do tempo. E falham como qualquer um.

Neymar e nós (publicado em Velho Ludopédio)

Atlético-MG e Santos jogaram na Arena do Jacaré, na noite de ontem, pelo Campeonato Brasileiro da Série A. O Galo venceu por 2 a 1, e o atacante Neymar, do Santos, foi expulso, já no final do jogo, por reclamar e ironizar o árbitro da partida. Foi repreendido no vestiário pelo técnico Muricy Ramalho, de forma tão veemente, que deixou o estádio chorando muito.

Eu estava na cobertura do jogo. Depois da partida, me posicionei perto da saída dos jogadores do Atlético, fazendo meu trabalho rotineiro, de entrevistar os atletas e tirar fotos. Cumpri meu trabalho normalmente, como em todas as partidas. Foi quando Neymar saiu do vestiário do Santos, cercado por seis seguranças gigantescos. Truculentos, como boa parte dos seguranças, não todos, claro.

Os guarda-costas foram abrindo caminho com empurrões para escoltar o jogador até o ônibus do Santos. Vendo a desnecessária cena, já que não havia tumulto na porta da Arena do Jacaré, alguns jornalistas - eu, inclusive - fizeram comentários sobre o que viam e sobre Neymar. Coisas do tipo:

- Que cara mala!

- Mas que bosta, pra que isso tudo?

Concordo plenamente que não é nosso papel comentar saída de atletas do estádio, muito menos em voz alta. Não estamos ali pra isso. Mas, de forma alguma, o que fizemos foi provocativo. Prova disso é que não há nenhum registro de tumulto ou queixa contra o pessoal que estava naquela roda. O clima na saída do estádio era o mais tranquilo possível, ainda mais porque o Atlético tinha vencido a partida. O que os fãs de Sete Lagoas queriam era tirar fotos com o jovem craque. Não digo nem por nós, jornalistas. Já estamos acostumados a Ronaldinhos Gaúchos, Romários e Edmundos da vida. Um jogador sair sem falar conosco é coisa rotineira, tanto que ninguém da imprensa mineira portava microfone ou câmera para abordar Neymar.

O que aconteceu a partir daí é que foi surpreendente.

Neymar, ao ouvir nossos comentários, parou e voltou até nossa roda. Digo mais uma vez. Ninguém o provocou, conversávamos entre nós, e ele ouviu porque passou a meio metro da roda. Os seguranças tentaram contê-lo, mas ele insistiu e disse que queria falar comigo. Eu assenti com a cabeça, ele se aproximou. Estendeu a mão pra mim e disse:

- Te peço perdão, cara. Não sou o que você disse. Estou chateado, não quis fazer nada para desagradar você e sua cidade. Me perdoe, por favor.

Espantado, como todos ao meu redor, só tive tempo de balbuciar, antes que ele saísse.

- Tudo bem, cara. Tá desculpado. Esquece.

***

O espanto foi ficando cada vez maior, enquanto Neymar se afastava. Ainda mais porque todos nós sentimos total sinceridade no que o menino disse. Com o rosto inchado de chorar e ainda com lágrimas escorrendo pela face, vimos ali um ser humano, falível e arrependido por erros que cometeu e que cometeram por ele. Claro que a maior parte deles, com sua anuência.

Não deve ser fácil ser Neymar. Não vou aqui cair no lugar-comum de fazer contas sobre seus rendimentos, sua fama, seu trânsito livre em qualquer lugar do Brasil. Se os tem é porque merece, tem talento e trabalhou para isso.

A pressão sobre o moleque é monstruosa. Dirigentes, torcida, patrocinadores, empresários, agentes. É gente demais cobrando, dando palpites e querendo guiar a cabeça dele pra alguma direção diferente. Pra se ter uma ideia, este jogo contra o Galo foi o 59o disputado por Neymar este ano. E ainda tem o restante do Brasileirão e o tão sonhado Mundial de Clubes, em dezembro.

É claro que ele recebe pra isso. E muito bem, por sinal. Mas, a fama e a idolatria de boa parte da juventude brasileira não dão a Neymar o direito de passar por cima de todos nem de se julgar melhor que ninguém. Problemas comuns para nós mortais como contas, prestações e dívidas não fazem parte da vida de Neymar. É exatamente o que eu já disse aqui. Ele fez por merecer tudo o que tem, mas precisa ter prudência para administrar tudo o que é intrínseco a esta fama absurda e sem limites.

***

O episódio de ontem foi minúsculo, presenciado por, no máximo 10 pessoas, se tanto. Mas foi marcante. Não me arrependo hora nenhuma do comentário que fiz ao ver Neymar cercado por um paredão de brutamontes, como se alguém ali quisesse morder sua orelha ou lhe roubar as correntes de ouro. Foi exagero mesmo, foi uma bosta mesmo, com a desculpa pelo termo chulo.

Mas o perdão que ele me pediu, com os olhos cheios d´água, pareceu verdadeiro. E eu espero que tenha sido mesmo. Espero que ele tenha, nem que por um mísero segundinho, percebido que não é, na essência, aquilo que demonstrava ser, ao deixar um ambiente totalmente amistoso, como se fosse para a guerra.

Neymar errou, ao aceitar fazer parte daquele circo ridículo. Nós erramos também, ao não perceber a fragilidade do menino naquele momento. Espero que todos tenham aprendido a lição. Pra mim, foi uma experiência e tanto.

Obrigado Neymar, por ter sido humilde ao me pedir desculpas. Mas, principalmente, muito obrigado aos meus companheiros Igor Assunção, Fábio Pinel, Victor Martins, Felipe Ribeiro e Gustavo Faria, por não deixar morrer em mim o espírito crítico que move o exercício do bom jornalismo, que tento fazer todos os dias. 


(O original está aqui)

quinta-feira, outubro 13, 2011

Nossa Senhora contra a corrupção

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Todos já esperavam que as “marchas contra a corrupção” ocupariam hoje as capas dos dois jornalões paulistas. A ênfase esperada seria a marcha de Brasilia, onde números oficiais falam em 20 mil pessoas (o mesmo que na marcha de 7 de setembro).

O blogueiro Eduardo Guimarães foi à marcha em São Paulo, e contou cerca de 700 pessoas. Aliás, entrevistou 27 pessoas e traçou um interessante perfil dos manifestantes: quase unanimemente responderam que leem Veja, Folha e Estado, que o país está muito pior que há 10 anos e que a corrupção aumentou muito no período. Entre os que responderam à enquete, apenas um negro.

Até aí, sem novidade. Ontem, já havia uma certa expectativa em relação à cobertura dos veículos da mídia comercial sobre as manifestações, bem menos ruidosas do que se esperava. No Twitter, o perfil @Suxbernardo fez a previsão/pilhéria:



Mas não foi a Veja, e sim a Folha, quem resolveu "ousar". Na capa, o texto faz a confusão (deliberada?) entre manifestação religiosa e marcha contra a corrupção e, sob o título Arcebispo de SP critica 'corrupção por toda a parte', diz a chamada:

"A mobilização contra a corrupção não foi só nas redes sociais. O arcebispo de SP, dom Odilo Scherer, disse que a corrupção 'está por toda parte'. Segundo organizadores, 140 mil visitaram a basílica de Aparecida, e o padre Marcelo Rossi reuniu 70 mil em SP".

Clique para ver melhor


Quer dizer que os fiéis foram a Aparecida protestar à padroeira “contra a corrupção”? Porque é isso que um desavisado vai entender lendo o texto...

Detalhe: Serra e Alckmin também peregrinaram a Aparecida e assistiram de corpo presente ao discurso do arcebispo.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Venezuela 1 X 0 Argentina - o resultado que interessa da terça-feira

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Imprensa venezuelana "homenageia" o melhor do mundo
Em 2008, enquanto muitos se mostravam incomodados pelo Brasil ter perdido pela primeira vez na história para a Venezuela, o Futepoca já cantava a bola de que a Vinotinto não era mais o saco de pancadas que nos habituamos a ver. Claro que isso não tem nada a ver com a cantilena de que “não existe mais bobo no futebol”, já que existem sim, é só ver partidas como Escócia e Liechtenstein ou olhar ver alguns dos adversários da seleção brasileira.
 
Nas últimas eliminatórias, os venezuelanos ficaram a apenas dois pontos da hoje louvada seleção uruguaia e, na última Copa América conseguiram sua melhor classificação na competição, um quarto lugar. Sem o Brasil na contenda, a Vinotinto sabe que as atuais eliminatórias são a chance de ouro para conseguir algo inédito: a classificação para uma Copa do Mundo.

A derrota para o Equador na primeira rodada, na altitude de Quito, não abalou a confiança do time de César Farías que ontem fez história. Após 18 partidas disputadas e 18 vitórias portenhas, os venezuelanos bateram os argentinos por 1 a 0, gol de Amorebieta que, além de marcar o tento da vitória, ainda teve diante de si o trabalho de marcar Messi quando este avançava no seu setor.

Vitória da Vinotinto trouxe Chávez de volta ao Twitter depois de 5 dias de ausência
Logo na segunda rodada, as eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2014 já não contam com nenhum time com 100% de aproveitamento. Uma amostra de que a disputa das vagas deve ser acirrada. No momento, fora a Bolívia, todas as outras seleções parecem ter condições de vir ao Brasil daqui a três anos. Espero poder ver a Venezuela aqui. E a Argentina também.
  

terça-feira, outubro 11, 2011

Ensaio de orquestra moleque

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Esse aqui eu encontrei no Facebook da excelente Revista Concerto. Tomo de empréstimo essa homenagem manguaço-musical ao Dia das Crianças. Parabéns, molecada!




segunda-feira, outubro 10, 2011

Em jogo fraco como tantos do Brasileiro, Santos bate Palmeiras

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Não era só o momento das duas equipes no Brasileirão que sugeria um clássico com pouca técnica. Entre os inúmeros desfalques das duas equipes estavam os mais habilidosos atletas de cada clube. O Santos não tinha Neymar, laçado por Mano Menezes para dar algum tempero aos tediosos jogos do seu aglomerado de atletas; nem Ganso, que deve voltar a treinar nesta semana. A lista dos que estavam fora de combate incluía Arouca, Elano (mais uma vez contundido), Edu Dracena, Felipe Anderson e Pará. O Palmeiras não podia contar com Kléber e Valdívia que, ainda que em uma fase ruim, são a esperança alviverde de algo que não seja uma jogada de bola parada do volante Marcos Assunção. Também não puderam jogar Luan, Cicinho e o arqueiro Marcos.

No marasmo técnico, brilhou a estrela de um veterano. O lateral-esquerdo Léo, o mais lúcido jogador peixeiro, insistiu em um lance que fez a defesa palmeirense adernar para o lado e se descuidar de Borges. A assistência de direita do atleta canhoto encontrou o homem gol alvinegro livre. Finalmente, Deola, que havia feito ao menos três grandes defesas, foi vazado aos 30 minutos do segundo tempo. O gol fez justiça não somente a quem teve as melhores (e parcas) chances do jogo, mas principalmente à equipe que procurou e quis ganhar. Ao contrário do que aconteceu na partida contra o Fluminense, desta vez o Peixe quis mais a vitória que o rival.

O Palmeiras de Felipão entrou para travar o jogo com um 3-5-2 que apostava no erro defensivo do Santos. E os três zagueiros estavam lá também para evitar a jogada aérea santista, que conta com dois bons cabeceadores, Borges e Alan Kardec. Curiosamente, a maior parte das oportunidades peixeiras – e o gol – vieram pelo alto. Os palmeirenses podem falar mais a respeito, mas o jogo e o resultado expuseram uma espécie de círculo vicioso nas partidas palestrinas recentes. Os desfalques e a limitação do elenco (que não acho tão ruim como dizem) faz com que o treinador adote um esquema cauteloso, que priorize anular as jogadas ofensivas do adversário. Mas basta um descuido para que o esquema vá por água abaixo e não haja possibilidade de mudar. A baixa autoestima dos atletas é alimentada por seguidas pelejas em que o filme se repete, e o ambiente político mais conturbado dos clubes da Série A ajuda pra que a reprise esteja marcada para a próxima rodada.


Para o Santos, a vitória acalmou os ânimos depois de três derrotas seguidas e manteve Borges no comando da artilharia do Brasileirão, com 20 gols em 25 partidas. Está a dois da marca de Serginho Chulapa, artilheiro pelo Santos em 1983, com 22 tentos, embora o time tenha jogado 26 vezes naquela competição. E também serviu para quebrar uma sequência de sete partidas sem derrotar o adversário, fato que já incomodava os santistas.

Ao que parece, o Brasileirão acabou para os dois times. Ao Santos, resta recuperar alguns jogadores, entrosar o time e se preparar para o Mundial. Já para o Palmeiras, é preciso mirar algo que parece impossível hoje: um pouco de tranquilidade.

domingo, outubro 09, 2011

Corinthians vence bem e ganha gás na reta final

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook




Ponto vai, ponto vem, esse Brasileirão chegou a um momento chave, particularmente para o Corinthians. Passaram-se três quartos do campeonato, o Timão já enfrentou os adversários diretos e, dos dez desafios que faltam, seis são contra os times do fundão da tabela. Os dois jogos supostamente mais difíceis são um contra o Botafogo (oscilante, parece já ter passado o topo de sua curva de desempenho) e o Internacional (este sim um bom time em ascensão). A dificuldade maior é enfrentar equipes que lutam desesperadamente para fugir ao rebaixamento. Atropelou fácil o Atlético Goianiense e estreou Adriano, o que o coloca coloca na liderança e prepara as condições para crescer na reta final.

Vai Corinthians, não para de lutar, 2011 será nosso!