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sábado, fevereiro 25, 2012

Fantasmas paulistanos (2)

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A foto acima foi tirada ontem à noite (24/fev/2012) pela destemida pianista Karin Fernandes, na rua do Triunfo, esquina com General Osório. Dois “noias” ficaram encarando, ameaçando a fotógrafa por registrar essa “boca”, ou então simplesmente pela ânsia de assaltá-la  e vender sua câmera no mercado de areia. Havia ali umas 40 ou 50 pessoas, em concentração típica da zona. Quando cai a noite, eles parecem emergir dos bueiros e vão se espalhando pelas ruas e calçadas, indiscriminadamente. A sensação é de entrar no clipe de Thriller, ou um filme qualquer de mortos vivos; a maquiagem é convincente, o cenário também.

Nessa esquina fica o Amarelinho, boteco rotineiro de quem trabalha na Santa Marcelina Cultura. Todo dia passa pelo menos um noia com um celular, um relógio, uma correntinha ou mesmo uma mochila na mão tentando vender sua mercadoria por qualquer preço. Se a abordagem é insistente, um profissional de segurança – contratado por um pool de bares da rua – trata de dispersá-los com um taco de beisebol à guisa de tacape.

Os policiais se concentram em um posto na Praça Julio Prestes, em frente à Sala São Paulo, do outro lado da rua Mauá. As incursões sobre a turba são feitas mais tarde, preferencialmente em ruas onde não há câmeras.

Essa é a Cracolândia, que não existe mais.


8 comentários:

Karin disse...

Pois não sei se foi meu olhar fixo prá eles, ou se a camiseta de um certo time que eu estava trajando, o que fez com que desistissem do roubo ou ameaça...

Karin disse...

São os sem vida... sem face, sem beleza, sem esperança...
Eu não vejo um fio de vida nessa gente, acho que é por isso que não tenho medo deles. Tenho mais medo dos vivos e bonitinhos mesmo...

Maurício Ayer disse...

camiseta de certo time? karin, vc está fazendo confusão "aqui tem um bando de loucos" não tem nada a ver com "aqui tem um bando de noias".

Karin disse...

é, vou acreditar em você, mas só porque não encontrei definição de noia em nenhum dicionário, hehe!

fredi disse...

Belo texto e um tapa na cara para quem não quer ver esses fantasmas.

Maurício Ayer disse...

Ontem à novamente as ruas estavam lotadas dessa gente abandonada pelo mundo.

A conta é muito simples: espancados, eles fogem, se dispersam; se param de bater, eles voltam a se reunir. Como qualquer ser humano (por incrível que pareça eles são seres humanos), eles são gregários e procuram ambientes onde se sintam entre iguais, pessoas que vivem necessidades parecidas.

Se baterem neles de novo, eles vão fugir de novo, e quando pararem de bater eles vão se juntar de novo.

Karin disse...

pois é...
outro dia na barão de limeira um casal foi abordado da maneira mais desrespeitosa que eu já vi... os dois só estavam sentados na calçada, nem pedindo esmola estavam...
se eu sentasse na calçada, seria abordada dessa forma?

PAULO BRAGA disse...

Bons textos!
triste realidade