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Na saída da Estação da Luz, um homem encharutado em seu cobertor de asfalto se faz de lixo no meu caminho.
Duas meninas, com sorriso malandro de adolescentes que fogem da escola
pra fumar um cigarro na esquina, dividem um improvisado cachimbinho de
crack. O cachimbinho é feito de um tubo de caneta e um recipientezinho
que podia ser uma tapinha de garrafa PET enrolado com fita isolante,
mais ou menos isso.
Barraco no Largo General Osório. Uma mulher aos berros abre um inquérito
a respeito da masculinidade daquele que deve ser o seu homem. Ele está
embaixo de um cobertor (da mesma marca daquele outro), acho que se
esconde para não ter sua imagem associada aos insultos.
Isso aconteceu hoje, 16 de fevereiro de 2012, em horário comercial.
Essa é a Cracolândia que não existe mais.
4 comentários:
Demotucanalhato: Tornando a vida na paulicéia mais difícil do que poderia ser desde 1554.
Enquanto isso, vejo que a revista Piauí publica entrevista de um ferrenho crítico da internação compulsória.
A exemplo do caso Belo Monte, são tantos "argumentos de autoridade" para o um lado e para outro que dá até tontura.
duro e triste o relato. a opção de espalhar os noias sem nem necessariamente retirá-los da Luz deixa a operação "centro legal" ou "sufoco" indecifrável... Se fosse higienização social, seria uma aberração do pto de vista de direitos humanos e de saúde, daria para enxergar objetivos nada nobres de interesses imobiliários ou sei lá o quê.
a opção de se "antecipar" à chegada de operações do governo federal pra "mostrar" pros paulistanos que prefeitura e governo do estado "fizeram alguma coisa" fica mais do que plausível num cenário assim.
Difícil fazer só a operação policial e achar que resolve um problema que envolve assistência social, médica e outras áreas. Mas quem fez, sabia que não resolveria o problema e oq ue ficou óbvio é que era mais uma questão imobiliária e de interesses econômicos do que de preocupação com aqueles que não têm direito à cidade. Vão continuar não tendo.
essa gente não tem direito sequer de existir... são os fantasmas, disse bem...
e como todos os fantasmas, assustam as pessoas "de bem", que lhes negam até o direito de estarem nas ruas à mercê dessa tragédia que é nossa humanidade.
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