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quinta-feira, março 15, 2012

Governo volta atrás e quer bebida fora dos estádios na Copa. Nova vitória da bancada evangélica?

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Ontem, uma reviravolta no encaminhamento da Lei Geral da Copa. O relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), declarou que vai retirar a liberação da venda de bebidas alcoólicas de seu parecer, decisão tomada depois de uma reunião dos líderes da base do governo com Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais.

Trata-se de um recuo do governo nesse item que, segundo Cândido, teria concordado com a mudança anteriormente. A nova posição, segundo o parlamentar, "expôs não só o relator", mas outros deputados que votaram a favor da liberação na comissão especial da Lei Geral, além de ter surpreendido também o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. "Não tinha óbice. Pelo contrário. A afirmação todo tempo era que tinha compromisso. E eu não assinei, nem a comissão assinou, compromisso com a Fifa. Quem assinou foi o governo", declarou, de acordo com o Valor.

Em dezembro, Vicente Cândido disse ao Futepoca que havia “muita hipocrisia” em torno da questão. "Pela cultura brasileira, não tem motivo para proibir a venda de bebidas, até porque, não se pode impedir a venda em volta do estádio", disse. E, se para muitos a alteração poderia se enquadrar na ação certa feita pelo motivo errado (uma submissão aos ditames da Fifa), sem dúvida se perdeu uma ótima oportunidade para discutir de verdade a Lei Seca nos estádios, já que muitos dos defensores da proibição nunca pisaram em um e não se deram ao trabalho de avaliar com dados se a proibição diminuiu a violência ou não. Continuaremos nos “achismos”. Agora, a bola vai ficar com a Fifa, que deve negociar diretamente com os estados. Será uma tarefa especialmente espinhosa em estados como São Paulo, cuja onda proibicionista inclui até um projeto do deputado estadual Campos Machado para proibir as pessoas de beberem nas ruas e praias do estado

Se quiser beber em estádio, brasileiro deve ir pro exterior
A dúvida é: o que fez o governo voltar atrás (ou dizer que foi mal entendido, não era bem assim, os deputados governistas que entenderam mal)? Em seu blogue, a Frente Parlamentar Evangélica já havia exposto sua opinião a respeito: “O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), informou que o grupo vai votar contra a liberação do consumo de bebidas alcoólicas na Copa. Se todos os integrantes da frente seguirem a orientação de Campos, serão cerca de 70 votos contrários ao texto do governo, alguns deles de integrantes de partidos da base.”

João Campos dizia ainda que "a liberação é um tema suprapartidário e o governo vai enfrentar resistências em todos os partidos". O que é verdade, já que a oposição, da direita à esquerda, também se movia contra esse e outros pontos da Lei Geral da Copa. Mas o fato de este item específico ter mudado, causando constrangimento entre aqueles que defenderam a liberação, sugere que o grupo que fez mais pressão – no caso, a bancada evangélica – foi mais bem sucedido. Mais uma vez, já que o governo já voltou atrás depois de pressão da bancada em questões mais importantes, como a distribuição do kit anti-homofobia, o que valeu à presidenta Dilma o troféu Pau de sebo de maior inimiga dos gays em 2012, concedido pelo Grupo Gay da Bahia.

A impressão que se tem (e como isso conta em política...) é que o governo e o Congresso têm ficado muitas vezes de joelhos diante de pressões conservadoras. E não é pra rezar.


Atualização 16:25


E o governo voltou atrás mais uma vez... Leia aqui

6 comentários:

Anselmo disse...

só acredito qdo for aprovada.

tem uma turma que nem é evangélica mas é quase igualmente adepta à ideia de que bebida no estádio durante a copa é pecado. Pecado do pto de vista social, numa ideia de que onde vende álcool há um índice de criminalidade atrelado. As coisas são mesmo mais sutis do que esse raciocínio simplista sugere...

a fraqueza da resistência do governo ao avanço conservador poderia até incluir o código florestal, já que a CNA representa um grupo econômico cuja ação política é tudo menos libertária e igualitária (antigamente a UDN tinha mais força e era marcadamente retrógrada no espectro político, nem tentava maquiagem de "agronegócio moderno"). Mto embora não inclua o componente do comportamento, tbem preocupa.

Karin disse...

ô atraso de vida...
acho que essa gente deve até querer proibir pipoca no cinema, maçã do amor no playcenter, e até o cinema e a maçã do amor, afinal, tudo é pecado, tudo é sujeira nesse mundo.

vamos proibir o sorriso, o beijo, o frio na barriga... aliás, vamos proibir a felicidade, porque tenho certeza que ela nos afasta de "deus".

Nicolau disse...

Engraçado que nos estádios da Europa é liberada a venda de bebidase, até onde eu sei, acontecem menos problemas que aqui.

Nicolau disse...

E os evangélicos poderão dizer que a Culpa é do Lula:
http://esporte.ig.com.br/futebol/ministro-diz-que-venda-de-bebida-alcoolica-segue-na-lei-da-copa/n1597695235308.html

A nós, cabe celebrar mais um feito do manguaça-presidente.

Nicolau disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

A vida e assim mesmo,conforme-se com as derrotas,porque nos evangelicos vamos ser a maioria em breve no Brasil,e ai vcs vao embora por isso?