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segunda-feira, março 26, 2012

Morte de um garoto macula virada corintiana

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Um garoto de 21 anos morreu. Levou um tiro na cabeça.





Era palmeirense, essa foi a razão por que morreu.

Vingança pelo menino corintiano que foi encontrado boiando no Tietê no penúltimo confronto?

Tanto pior.

O Corinthians virou deliciosamente sobre o Palmeiras, mas isso não tem a menor importância. O que importa é que hoje, por causa do futebol, um garoto levou um tiro na cabeça.

O jogo deveria ser anulado. Nenhuma morte deveria ser tolerada.
Em caso de agressão organizada pela torcida, o time deveria ser responsabilizado. O jogo deveria ser anulado e o time da torcida agressora, ceder os três pontos ao adversário.

Num caso como o de hoje em que as torcidas rivais tomam ares de milícias e se confrontam às centenas, o jogo não deveria acontecer e os dois times perderem pontos. Por mais infantil que pareça, só penalizando o time (razão de sua existência) esses imbecis vão parar de se matar.

17 comentários:

Leandro disse...

O jogo deveria ser anulado. Nenhuma morte deveria ser tolerada.
Em caso de agressão organizada pela torcida, o time deveria ser responsabilizado. O jogo deveria ser anulado e o time da torcida agressora, ceder os três pontos ao adversário. (2)
Também acho que a solução desta mazela por estar aí, e de quebra, servindo de exemplo para o resto do mundo do futebol e para outras modalidades.
De resto, outra virada corinthiana do Corinthians.
Que siga assim…

Glauco disse...

Pelo testemunho desse post do Mauro Cezar Pereira, a coisa teve mais cara de emboscada, das típicas que as organizadas fazem e sofrem direto, ainda que a polícia nunca saiba o que vai acontecer... Além da polícia, que sabe os trajetos das torcidas mas pelo jeito não monitora as redes sociais para prevenir encontros e emboscadas, é preciso chamar a atenção das diretorias dos clubes, que oferecem todo tipo de facilidades pras organizadas e, indiretamente, financiam também a barbárie.

Karin disse...

Apoiado!

Anselmo disse...

apoiado... isso poderia virar uma campanha do futepoca.

agora, as diretorias dos clubes se comportam como se fossem obrigadas a contribuir com as organizadas, mas não são. não são reféns das torcidas organizadas...

Nicolau disse...

A situação é completamente absurda e triste. Mas tenho minhas dúvidas se a solução apontada resolveria. Uma vez, conversei com um cara muito gente boa que era membro de uma das organizadas do Botafogo. Eu comentei que achava um absurdo (devo ter dito algo mais leve, pq o cara era gigante) detestar um cara só porque ele é flamenguista ou seja lá o que for. Ele respondeu: "Não tenho nada contra o Flamengo. São os caras da Jovem que eu detesto".
Quer dizer, a coisa vai se descolando para criar uma realidade paralela, vivida intensamente pelos membros dessas organizações.
Outra: as brigas acontecem em dias de jogo, mas faz muito tempo que não temos brigas dentro do estádio. Logo, expulsar as torcidas dos jogos, como foi feito, terá pouca efetividade.
Não tem nada a ver com os "sentimentos inflamados" das arquibancadas, a emoção da disputa, nada. As brigas são marcadas com antecedência pelo Facebook, Orkut, sei lá. Um trabalho mínimo de inteligência poderia prevenir muitas das brigas e consequentes mortes. Acompanha as redes, aparece no dia e hora marcados e impede e briga. Não sei se legalmente cabe prender, mas cabe acompanhar mais de perto os "agitadores culturais" das brigas.

Enfim, não sei, mas me parece que as soluções são mais complicadas. Simplesmente dizer que todo membro de organizada é bandido não resolve. Se for verdade, não adianta fazer discurso, tem que ter um trabalho pra prendê-los. Se não for, você criminaliza um grupo por conta de um bando de bandidos dentro dele, o que também não vai trazer bem nenhum.

Fernando Romano Menezes disse...

Como é que é, Futepoca? O torcedor morre e anula-se o jogo? E o torcedor do Corinthians que foi morto e jogado no Tietê, vai anular aquele jogo também, que POR ACASO o Corinthians perdeu? O Corinthians poderia pleitear os pontos daquele jogo sem ter o jus esperneandi da nobre torcida palmeirense? Aceitariam numa boa? Com a palavra, os espertos.

Vocês TEM QUE SABER DISTINGUIR UMA COISA DA OUTRA. Uma coisa é uma tragédia horrível, um problema de segurança pública, de educação, etc. que poderia (e deveria) ter sido evitada; outra é uma derrota no campo. Pra mim vocês estão confundindo as coisas. Quem é que vai definir "o time da torcida agressora", pra tirar os pontos? Não são duas 'organizadas' assassinas que se matam? E os feridos Corinthianos da briga, os Palmeirenses lá foram com intenção de quê? De desejar-lhes feliz aniversário? Há relatos de espancamento de um Corinthiano por mais de dez palmeirenses, que poderia ter levado a uma outra tragédia, mas isso vocês não veem. Enfim, levaria a uma discussão infinita e tendenciosa. Sempre haverá - e com razão - um time a se sentir prejudicado, por fatos que fogem da esfera esportiva. Por favor.

Acho essa uma pisada de bola, uma política tipicamente tucana. Feita para acomodar interesses de uns e outros. Pergunta inocente: na briga que houve - FORA DO MORUMBI - há uma semana atrás, entre São Paulo e Santos, em que felizmente ninguém morreu, se morresse um Santista seria justo o São Paulo perder os pontos do clássico? Concordam que é uma ideia esdrúxula, bem típica dos nossos mais loucos cartolas?

Como disse o Marcelo, do blog Vertebrais FC, Na Inglaterra, os problemas envolvendo hooligans foram solucionados com políticas rígidas, identificando os brigões, prendendo-os e impedindo-os de entrar nos estádios fazendo serviços comunitários duas horas antes e até duas horas depois do jogo. Até times foram punidos, mas nunca com base no seu desempenho EM CAMPO. Aqui, impera-se a impunidade. A PM é boa para espancar favelados (vide caso Pinheirinho), viciados (vide caso cracolândia), estudantes, professores... mas eles são incapazes de impedir uma briga de TO's em que morre gente! Tem alguma coisa errada aí. Nunca há punição a esses caras, nunca. O correto, na minha opinião, seria ir atrás dos verdadeiros criminosos, dos assassinos de organizadas, buscar suas conexões com policiais e cartolas do submundo esportivo e PUNÍ-LOS. A certeza da impunidade é que faz esses assassinos terem a certeza de ficarem livres.

Como disseram em outros blogs, "A morte cerebral é também da Polícia (Civil e PM) e sua eficiência zero na apuração e prevenção desses crimes, da promotoria dos microfones, da demagogia de vereadores, da omissão (ou seria prevaricação?) dos governadores, prefeitos e presidentes." Pra mim, só a certeza da punição e uma justiça social, progressivamente mais humana, mais educativa, menos violenta, salva essa questão das Torcidas Organizadas.

cris disse...

Fernando e Maurício, (este último meu querido companheiro).

Este post foi escrito depois de um comentário meu, ao Mau, ao saber da morte do menino. Fernando, acho muito difícil suportar a idéia de que há qualquer comemoração quando houve uma morte. Qualquer. Mas concordo com você, e discordo do Maurício, de que isso de tirar pontos pode ter consequencias perigosas, como a injustiça, acirrar mais animosidade, como vc bem colocou. Porém, e diferente do Mau, não vejo qualquer motivo para haver um jogo depois de uma morte, POR CAUSA DO FUTEBOL. É responsabilidade sim de todos que curtem o futebol como um todo tomar partido não permitindo que o futebol tenha qualquer relação com o crime. Eu, você, o Maurício inclusive. Eu acredito que isso não é só responsabilidade da polícia, nós todos estamos assistindo a isso, de braços cruzados, pagando por isso, indiretamente patrocinando esta indiferença, e comemorando depois de um jogo. Anula o jogo! Como dar continuidade a um jogo depois disso???? Só assim, as autoridades do futebol, os times, os torcedores, a polícia, serão responsabilizados e pressionados. Eu tenho lembranças das temporadas em que passava no rio de janeiro quando era criança e via um torcedor do Flamengo cumprimentar, alfinetar mas elogiar uma jogada do time adversario, ao lado do adversário. Tudo numa mesa de bar. Eu não sou tucana, discordo em parte do Maurício e do Fernando. Falo como mãe, que morre de medo de pensar em permitir que meu filho no futuro vá a qualquer jogo de futebol. Sofro pela mãe desse garoto, e não admito que a vida possa continuar tranquilamente depois de uma tragédia sem tamanho como essa. Nessa hora, sou mãe dessa criança, vc e o Mau poderiam ser o pai dela tmb. Isso não é só responsabilidade da polícia, nem do prefeito, do governador nem do cartola. É minha tmb. Isso é ser de esquerda, radicalmente.

Glauco disse...

Não sei se concordo com a perda de pontos, mas convém lembrar que a medida não é nenhum absurdo. Há cinco dias o Parathinaikos foi punido com perda de um pontos e uma "multazinha" de 252,5 mil euros por um tumulto realizado no seu estádio (link aqui.)

"Ah, mas foi no estádios, não nos arredores." Verdade, mas, em 2010, um desembargador, Lineu Peinado, do TJ-SP, concedeu liminar obrigando a FPF a incluir no regulamento de seus campeonatos regras que punissem os clubes de futebol por atos de violência e vandalismo cometidos por membros de torcidas organizadas, tanto dentro quanto fora dos estádios (nesse link aqui). A justificativa do magistrado para tanto era bem plausível e faz alusão a um problema que citei no comentário acima e que muitos fingem não ver: a colaboração e/ou omissão dos clubes. Dizia o juiz: “Em geral tais torcidas contam com apoio de dirigentes dos clubes que lhes facilitam o acesso aos estádios nos jogos, quer vendendo ingressos a preços subsidiados, quer entregando a programação de tais jogos aos torcedores, quer, enfim praticando ações conjuntas de molde a permitir a presença de torcedores até mesmo em treinos das equipes.” Desde essa decisão, nada foi feito, em nenhum sentido. Continuemos assim?

Maurício Ayer disse...

As ações precisam ser múltiplas, envolvendo a sociedade como um todo, desde o cerco aos criminosos comprovados, policiamento inteligente das tragédias anunciadas até ações de consicentização comunitária, debates e mais debates etc. A experiência de outros países poderia nos inspirar.

A invalidação do jogo, a meu ver, teria o efeito imediato de as alas criminosas das torcidas saberem que, ao organizarem e realizarem emboscadas ou batalhas estariam prejudicando diretamente seus clubes, e que a sociedade entende que é mais importante purgar uma doença social como esta do que disputar meia dúzia de pontos pra lá ou pra cá. Os clubes seriam corresponsabilizados por suas torcidas, a Federação teria que responder, e haveria uma vigília em cada situação para evitar que um bando qualquer ponha o esforço da equipe no campeonato a perder.

Que importam os pontos desta partida. Como disse a Cris, como é que eu vou comemorar um jogo quando essas crianças estão se espancando, se matando, perdendo os melhores anos de suas vidas sentindo-se vencedores quando o inimigo sai mais detonado do que eles.

Fernando, você continua na lógica da disputa. Está preocupado se quem vai perder os pontos é o Corinthians ou o Oeste. Estamos falando de algo muito mais importante, de degradação social. Sobre sua pergunta se é só quando morre que perde os pontos, na minha opinião, não: bastou organizar quadrilha para atos criminosos ligados ao futebol (espancamento, tortura, e outros aí, que me ajudem os legistas) perde os pontos, ou tem outra punição diretamente ligada ao clube.

Nicolau disse...

Não vejo necessariamente problema em punir os clubes. Mas não sei se resolve. Porque não sei se é possível banir de fato as organizadas. Elas podem não ir ao estádio, mas se não prender os indivíduos, eles continuarão se encontrando, manterão os mesmos laços e as mesmas rivalidade cretinas. A Mancha já foi banida uma vez, fizeram um auê danado, uns promotores ganharam holofotes, e passou.
Pergunta: alguém conhece bem a experiência da Inglaterra com os hooligans pra contar?

Maurício Ayer disse...

Não tenho a solução pronta, Nicolau, minha opinião é de que isso tem que entrar, de fato, na pauta da sociedade. A Globo tem que fazer a campanha "Torcedor Esperança", pois senão as crianças esperanças vão se matar na adolescência por causa da cor da camisa do outro. Os clubes têm que se responsabilizar, os pais desses garotos têm que poder falar. Não dá mais pra justificar essa barbárie.

fredi disse...

Camaradas, só agora vi a polêmica.

Acho que todas as medidas na área de segurança pública devem ser tomadas, mas só isso não adianta.

Concordo com o Maurício no sentido de que algo deve ser feito também na área esportiva, não sei exatamente como.

Mas uma coisa poderia funcionar, em caso de qualquer morte para-se o campeonato, anulam-se jogos, sei lá o quê.

O que não pode é deixar esses imbecis se matando. Nesse caso, o futebol não tem nenhum sentido.

Fernando Romano Menezes disse...

Mauricio, estou com o 1º parágrafo do seu comentário. Vou repetí-lo, com a sua permissão: "As ações precisam ser múltiplas, envolvendo a sociedade como um todo, desde o cerco aos criminosos comprovados, policiamento inteligente das tragédias anunciadas até ações de consicentização comunitária, debates e mais debates etc. A experiência de outros países poderia nos inspirar."

Talvez você não tenha deixado isso claro no post do blogue. Já o que eu quis dizer no meu comentário foi que não adianta "só" punir os clubes com perda de pontos ou cancelar jogos - como o post passou essa impressão. Acho injusto com times e torcedores comuns que nada tiveram a ver com esta selvageria. Acho também um último recurso que passa atestado da nossa incompetência de resolver nossos problemas que passam longe da esfera estritamente esportiva. Coisas do tipo: falta de TODO TIPO de policiamento adequado (nas redes sociais para prevenção, nas ruas combinadas para brigas pelas TO's, nos entornos dos estádios), crise de Educação formal e social, e, importante, a certeza da punição a TODOS os envolvidos, cartolas inclusive (alguém duvida?). Será que me fiz entender, agora?...

Seria interessante cobrar dos nossos representantes eleitos e também dos candidatos à prefeito coisas nesse sentido, já que esse ano teremos eleições. Ou quem sabe, ver os meios legais de cadastrar todos os membros de quaisquer torcida organizada e veiculá-las ao clube, pagando tudo que se deve e passando a ser uma coisa mais 'produto oficial'; AÍ SIM, teríamos um argumento legal para que os clubes sejam punidos com a perda de pontos. Do jeito que está, as TO's são uma zona total, são simplesmente sanguessugas, usam nome, símbolos e cores e não pagam nada ao clube que "torcem".

Enfim, se tem um momento em que o futebol de São Paulo, tão atrás neste aspecto - tanto que por aqui só faltam proibir a alegria, porque o resto já proibiram e não funcionou - precisava para agir, o momento é agora.

Leandro disse...

Problemas de violência de torcidas, a exemplo de outros problemas que nos afligem como os de violência no trânsito, os sociais, os raciais e os agrários, a meu ver, devem sim ser atacados por meio de mecanismos radicalizados como este.
Os clubes não podem suprir a falta da atuação estatal nestes aspectos?
Podem sim. Sobretudo nestes tempos em que adoram propagar aos quatro ventos a função social da empresa, da propriedade, etc.
Não virou moda enfiar a iniciativa privada em tudo que convém à ela? Então, que ajude a descascar alguns abacaxis como este, em nome de sua função social.
Duvido que os clubes, em vez de contribuir com estes grupos, não passarão a contribuir com o aparato estatal e com a sociedade em geral no sentido e contê-los se medidas assim foram implantadas.

Leandro disse...

Problemas de violência de torcidas, a exemplo de outros problemas que nos afligem como os de violência no trânsito, os sociais, os raciais e os agrários, a meu ver, devem sim ser atacados por meio de mecanismos radicalizados como este.
Os clubes não podem suprir a falta da atuação estatal nestes aspectos?
Podem sim. Sobretudo nestes tempos em que adoram propagar aos quatro ventos a função social da empresa, da propriedade, etc.
Não virou moda enfiar a iniciativa privada em tudo que convém à ela? Então, que ajude a descascar alguns abacaxis como este, em nome de sua função social.
Duvido que os clubes, em vez de contribuir com estes grupos, não passarão a contribuir com o aparato estatal e com a sociedade em geral no sentido e contê-los se medidas assim foram implantadas.

Nicolau disse...

Maurício, meu segundo comentário foi publicado quase junto com o seu primeiro, com o qual concordo bastante. O Torero publicou esse belo artigo sobre o tema:
http://esquerdopata.blogspot.com.br/2012/03/proibir-ou-nao-eis-nao-questao.html
Gostei muito e concordo com boa parte.

Maurício Ayer disse...

Caro Fernando, creio que estamos de acordo. Quis enfatizar a necessidade de se punir o time, entre outras ações, para acabar com esse faz de conta de que briga de torcida não tem a ver com a estrutura do clube, que não fere o campeonato na alma. Quando isso acontece, deveríamos parar tudo e discutir o que está acontecendo. O Corinthians deveria ter feito um minuto de silêncio pelo palmeirense morto no último jogo contra o XV.