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domingo, março 04, 2012

Santos supera ex-invicto na volta da Vila (visão santista)

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Vice-artilheiro do Santos no campeonato, Ibson começa a se afirmar
A partida entre o atual campeão da Libertadores e o atual campeão brasileiro marcou a volta do santo gramado da Vila Belmiro ao futebol em 2012. Se não foi um grande espetáculo, a partida marcou a sétima vitória consecutiva do Peixe no ano, quebrou a invencibilidade corintiana e a quinta partida em sequência sem derrota do Alvinegro Praiano contra o coirmão da capital dos negócios. Em outros tempos neste Futepoca, menos que isso já configurou “freguesia”, mas o santista é um torcedor humilde, não tem a arrogância dos adversários...


O adversário veio a campo sem supostos setes titulares (digo “supostos” porque para termos certeza é necessário ver com que time o Corinthians vai entrar em campo na quarta-feira). O Santos entrou com seus titulares, não só por ter um elenco menos numeroso em termos de qualidade (para os esquemas adotados) do que o rival, mas pela simples justificativa apresentada por Muricy Ramalho antes da peleja. “Os torcedores pagaram o ingresso pra ver Neymar e Ganso, é brincadeira o treinador não colocar.” Vejam só, alguém pensou (ou diz que pensou) no dito torcedor.

As propostas das equipes eram claras. O Santos tomava a iniciativa e o Corinthians contra-atacava. Esse é o padrão de Tite que fez do Timão campeão do último Brasileiro, mas o padrão santista em partidas fora de casa também é priorizar a defesa. Entretanto, já é possível observar um tal “efeito Barcelona” na equipe da Vila, ainda que comentaristas que não veem jogos do Santos insistam na tese da “Neymardependência”. E vejam, Neymar nem jogou grandes coisas hoje... Muricy tenta fazer da equipe um Alvinegro menos óbvio, com os jogadores trocando de posição de acordo com a circunstância, o que também evidencia a novo posicionamento dinâmico de Paulo Henrique Ganso, que atribuiu sua recuperação a Muricy Ramalho. 

E mudar o estilo de se jogar não é fácil de se fazer, exige treino e certa perseverança do treinador, dos jogadores e da diretoria. Mas é só ver os gols santistas, melhor ataque do campeonato, e comprovar a tese. As bolas paradas têm sido fundamentais, com diferentes batedores: Neymar, Ganso e Elano (reserva). Ibson, autor do vitorioso gol de hoje, já marcou indo pela direita e pela esquerda do ataque. E também por isso ganhou a vaga do Elano.

Mas Neymar e Ganso jogam mais próximos pela canhota. Juan, que vem em um desempenho bem acima do apresentado no Tricolor Paulista, às vezes aparece na ponta, em outras na meia. O time toca mais a bola, sem perder a vontade de atacar e sem vergonha de tocar a pelota atrás na hora em que é preciso. As estatísticas da peleja mostram isso: o Peixe trocou 363 passes certos e 32 errados, segundo o IG, enquanto o rival trocou 286 passes certos e 44 errados. O Santos também desarmou mais, e continua como a equipe que mais foi eficiente nesse quesito até o momento no Paulista, algo que quase o time não fez contra o Barcelona na final do Mundial.

Ao fim, vitória merecida de quem foi mais à frente e teve mais chances (incluindo dois gols justamente anulados) e que dá esperanças para a partida contra o Internacional quarta-feira, na Libertadores. Um novo Santos parece estar em gestação e o torcedor merece esse novo time.

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Há pouco vi um desses comentaristas esportivos dizer, com toda pompa e circunstância, que Tite é mais "maduro" que Muricy por poupar alguns titulares em vista de uma partida a Libertadores na quarta-feira. O dito douto não deve lembrar que os titulares da Vila, em 2012, voltaram mais tarde que os dos outros times paulistas, e que, por poupar titulares na reta final da temporada de 2011, muitos comentaristas criticaram Muricy depois da derrota para o Barcelona, dizendo que a equipe perdeu ritmo de jogo. Discordar sobre a atitude de um treinador ou da diretoria é uma coisa, já adjetivar alguém só porque não fez algo que está longe de ser uma receita pronta é só uma amostra de arrogância.

Outro ponto foi o mesmo comentarista criticar Neymar por ter feito "gracinhas" quando estava a partida em zero a zero. Oras, o que se critica de boleiros que fazem "gracinhas" é que eles só o fazem quando o placar lhes está favorável. Jorge Henrique, por exemplo, caiu bem menos ou quase nada quando sua equipe perdia a partida, e não prendeu a bola como costuma fazer para irritar rivais. Normal. O fato de Neymar fazer "gracinhas" mesmo quando o placar é adverso siginfica que ele pode achar que, em dado momento, tal lance seja a melhor saída, prova de que a estratégia em si não é para demoralizar ou enfezar o rival. Coerente.

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Emerson Sheik, que devia estar preocupado com outras coisas. Não foi desta vez.

4 comentários:

Karin disse...

Jogo feinho...
Apesar de não ser santista sou fãzona do Ganso, mas achei que até ele jogou mais ou menos. E chutes a gol impedidos foi a pedida do dia, né não?

Leandro disse...

Um jogo envolvendo o campeão continental e o brasileiro, líder do paulista, até então invicto no torneio estadual e também no sulamericano, tinha tudo para ser o grande encontro futebolístico do ano, não fosse essa bobagem de "poupar" o time.
Mas o fato é que, levar um time misto para o alçapão da Vila Belmiro e tomar "apenas" um gol do esquadrão santista em sua máxima força, com direito à boas jornadas dos badalados "Champanhe" e "Bordeaux", realmente não é o fim do mundo. Poderia ter sido pior.
Mas também poderia ter sido melhor se Adriano e Elton não perdem os dois gols mais "feitos" da partida. O que mostra que Liedson segue imprescindível.
Quanto aos demais, Alex chegou há praticamente um ano, mas sigo contando nos dedos de uma mão as oportunidades em que confirmou as expectativas criadas em torno de sua vinda. Temo que o peso da camisa e um posicionamento incorreto promovido pelo treinador sigam impedindo que desenvolva suas potencialidades.
Ramirez desta vez entrou muito mal e mais atrapalhou que ajudou, a exemplo de Jorge Henrique, que também esteve abaixo de sua média.
Mas quem se manteve na média foi Tite, com sua costumeira postura de entrar para empatar.
Como saiu atrás do placar, teve que fuçar no time, muito a contragosto, e aí trocou os pés pelas mãos de vez.
Não morro de amores por Danilo nem por Douglas, muito pelo contrário, mas insistir em Alex do modo como vinha jogando, e colocar Paulinho para resolver a vida corinthiana, realmente…
Espero que tenha servido de lição para evitar tantos erros nas próximas jornadas, mesmo sabendo que a tendência é o gaúcho seguir com suas confusas e retranqueiras convicções.

Nicolau disse...

Corinthians entrou recuado demais, desencanou de atacar o Santos. O recuo excessivo de Jorge Henrique e William deixou os laterais santistas totalmente à vontade, como bem observou o Glauco. Mas quem eu vi aparecer com mais espaço foi Ganso, o que configura erro crasso.

Mas a postura não é novidade. É o padrão de Tite para jogos fora de casa. O curioso é que mesmo para defender, entrar com Douglas ou Ramires seria melhor pedida que o oscilante William e o fraco Jorge Henrique no mesmo time. Um dele, vá lá, de preferência o primeiro, para apostar em um dia mais produtivo. Com os dois, perde-se qualidade na criação e o meia central fica muito isolado. Douglas precisava ter entrado, com Alex indo para a ala esquerda.

Maurício Ayer disse...

Tite foi buscar o zero a zero, e teria conseguido se o Santos fosse um time normal, mas o peixe tem dois gênios, e um deles, Ganso, resolveu a parada.

Me parece tão óbvio que o centro-avante corintiano, seja Liédson seja Adriano, tem jogado isolado, que sinceramente não entendo o Tite.