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terça-feira, maio 22, 2012

Rússia proíbe álcool para atletas nas Olimpíadas de Londres

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Nas Olimpíadas de Inverno, realizadas em Vancouver, em 2010, os russos pretendiam ganhar entre 30 e 50 medalhas, mas levaram pra casa apenas 15. Para não repetir o feito nos Jogos de Londres, o Comitê Olímpico russo já elegeu seu bode expiatório: a bebida alcoólica. De acordo com o jornal Kommersant, de ontem, a delegação do país está proibida de chegar perto de qualquer canjibrina na Inglaterra. Mesmo os brindes comemorativos após as vitórias estão proibidos.

O porta-voz do vice-primeiro-ministro do país, Dmitri Kozal, declarou a outro jornal local, o Olia Djous, que "os valores olímpicos não são compatíveis com o álcool". O Kommersant lembra que, na competição disputada no Canadá, alguns atletas teriam passado um pouco do tolerável em relação ao álcool. "Os resultados foram péssimos, mas as festas foram as mais barulhentas", relata o periódico, citando uma noitada na qual foram usadas duas imitações de bombas de gasolina que não forneciam o combustível fóssil. Uma servia vodca e, a outra, uísque.

Precedentes históricos

Pela sua íntima relação com o álcool, em especial com a vodca, os russos têm mesmo motivo para se preocupar. Como consta nesse texto de Felipe Van Deursen, o destilado também foi considerado culpado pela derrota do país na Guerra Russo-Japonesa, em 1905, sendo que generais japoneses, em lapso de modéstia, atribuíram algumas das suas vitórias ao excesso etílico dos soldados rivais.

Carregamento etílico na Rússia czarista
Já na Primeira Guerra Mundial, em 1914, o czar Nicolau II decretou a primeira lei seca da história, e os militares russos conseguiram se aprontar para o combate na metade do tempo esperado. Mas, como a vodca era um dos principais pilares econômicos do país, o governo passou a arrecadar um terço a menos em impostos, veio a hiperinflação, o contrabando de bebida ilegal que era mais prejudicial à saúde, além de as pessoas terem ficado desprotegidas diante do frio que assola boa parte da Rússia no inverno. O czarismo caiu, não só por causa da vodca, obviamente, mas ela parece ter ajudado...

O alcoolismo preocupa as autoridades do país, que tem como meta diminuir o consumo médio anual de álcool por pessoa – hoje em 15 litros – em 72% até o ano 2020. Mesmo sendo uma preocupação do poder público, a relação dúbia do governo em relação à bebida continua, tanto que o Kremlin lançou há pouco mais de dois meses sua própria marca de vodca, para ser servida em eventos oficiais. Haja garganta.

5 comentários:

Moriti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Moriti disse...

Rapaz, já pensou se o Lula tivesse lançado a marca de cachaça oficial? Oficializar não seria um passo pra impulsionar o manguaça cidadão? Será que a Dilma tem coragem?

Glauco disse...

Se ele tivesse lançado uma marca de cachaça oficial, aí sofreria impeachment, rs. Mas a questão que fica é: se a Rússia for mal nas Olimpíadas, pode-se colocar a culpa na abstinência alcoólica?

Anselmo disse...

mas a marca exclusiva do kremlin deve ter um componente de segurança nacional. o putin deve ter recebido relatório dizendo que as vodcas do país estão nas mãos de três grupos econômicos (leia-se máfias) que poderiam se articular, seja para envenenar o kremlin, seja para (mto mais grave) promover um boicote de abastecimento à sede do governo...

sobre fábricas ilegais de bebidas, isso daria um excelente livro ou um excelente documentário... desde a cachaça de abacaxi dos presos políticos à Maria Louca, passando por todos os alambiques clandestinos de lei seca ou de países onde há restrições sérias de venda de bebida...

é um fenômeno mundial e perene na história, em diferentes contextos sociais.

Moriti disse...

Sobre a abstinência, apenas posso tirar por base a queda no desempenho jornalístico - em algumas redações mais que outras - quando os profissionais ficam muito distantes do bar. Serve de instrumento comparativo?