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domingo, agosto 26, 2012

Corinthians 1 X 2 São Paulo - Para “elevar o moral”, ainda que só por enquanto

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POR MORITI NETO



Que o time do São Paulo é instável e faz uma temporada apenas mediana, é dispensável comentar, por tão óbvio. Ao torcedor tricolor que, neste ano, viu os principais rivais campeões e já é chamado de “quarta força” no atual contexto do futebol paulista, um post menos sisudo cai bem após a grande vitória contra o Corinthians, ontem, no Pacaembu.
Fabuloso conhece... (Por Rubens Chiri/saopaulofc.net)
Primeiro: ganhar do maior rival é sempre delicioso. Segundo, porque foi de virada. Terceiro: a quebra do “tabu” de seis derrotas seguidas no estádio Paulo Machado de Carvalho. Quarto, a vitória veio num belíssimo jogo em que, aliás, o cenário começou bastante desfavorável aos visitantes, causado pela forte pressão desde os primeiros toques na bola por parte dos donos da casa.

De cara, o Corinthians procurou impor o estilo característico de marcar no campo adversário e tomar a redonda perto do gol. Deu certo. Nos primeiros 15 minutos, o Tricolor não conseguia jogar, nem mesmo articular um contra-ataque. O abafa enervava os são-paulinos, que não sabiam como e com quem sair da defesa. Nesse ritmo, aos cinco minutos, Paulinho, num cochilo de Paulo Assunção, desarmou saída de jogo. Rápido, o volante corintiano invadiu a área. De frente para Rogério Ceni, passou para Emerson Sheik bater de perna direita e fazer 1 x 0.
A ducha gelada provocada pelo gol no início, o palco do Pacaembu, a falha individual e o estado aparentemente grogue do time, remetiam o são-paulino ao histórico recente de contundentes derrotas para o adversário. O momento frágil de um clube e o de conquistas de outro davam a impressão de leveza nas camisas alvinegras e de peso nas tricolores.
              

Contudo, o futebol também existe para ceder espaços a reviravoltas. Principalmente, quando o ídolo joga o que sabe e consegue se equilibrar em momentos decisivos. E, na peleja de ontem, era um jogador que retornava aos gramados – após outra entre tantas contusões – quem inverteria a lógica reinante nas mesas de bar.

Luis Fabiano jogou demais. Aos 24, recebeu de Lucas, que vinha em bela arrancada. No canto direito do ótimo goleiro Cássio, cruzou o disparo rasteiro para empatar. O gol, na verdade, fez muito mais do que igualar o placar, reanimou os são-paulinos e retirou o ímpeto dos corintianos. Graças a ele, o desenho do segundo tempo seria outro.
Na etapa final, a posse de bola inverteu-se. Denílson batia com Paulinho e anulava as subidas do ótimo volante adversário, tantas vezes escoadouro nas ações ofensivas do Corinthians. Ney Franco, que havia invertido os laterais no primeiro tempo, puxando Douglas para a direita e Paulo Miranda à esquerda, perdendo a saída de bola nesse lado, mas fortalecendo a marcação, tinha participação importante no confronto.

O ritmo alvinegro caía. E os méritos eram tricolores. Assim, foram necessários 16 minutos para que a virada ocorresse. Jadson deu ótimo passe. O Fabuloso arrancou, deu meia-lua em Cássio e rolou até as redes. Golaço. Comemoração intensa do atacante, que batia no peito e parecia querer dizer da importância que tem no clube.
São 22 gols em 27 jogos na temporada. Artilheiro, inclusive entre os que lideram a lista de goleadores do Brasileiro. Precisa é manter o equilíbrio, indispensável não só no aspecto disciplinar, mas também para ser decisivo.

Final de jogo, fim de primeiro turno no Campeonato Brasileiro. O São Paulo consegue passar da casa dos 30 pontos (está com 31) e virar ao returno entre os cinco primeiros da tabela. Não é ruim para um time que perdeu três seguidas não faz muito tempo, com direito a vexames, como os 3 x 0 contra o Náutico.
Não dá para fazer planos. O Tricolor é imprevisível ainda. Necessita, antes de tudo, priorizar jogar bem, encontrar um jeito convincente e regular de atuar. Com elenco completo, pode funcionar. Por enquanto, saboreemos o prazer de vencer de virada, com quebra de tabu e meia-lua, o rival. Carência? Pode até ser, mas que é bom para “elevar o moral”, isso é.

8 comentários:

Leandro disse...

Apesar da minha notória má-vontade para com o Tite, desta vez vou dar algum crédito para o discurso resignado dele na coletiva de hoje, quando analisou a vitória do SPFC à luz dos méritos do próprio adversário e da falta de "mesma língua" que aflige as duas "pontas" do Timão.
A falta de pontaria não é problema novo no time, e quero acreditar no Adenor que com mais ritmo e mais jogos o aproveitamento de Emerson, Romarinho, Martinez e cia. pode melhorar para que não se jogue pela janela a profusão de gols jogada na tarde de hoje.
Na defesa, também quero seguir acreditando que Paulo André tem condições de se apresentar melhor ao lado de Chicão. A verdade é que estes dois também ainda não se encontraram como dupla.
Quanto à dupla de volantes, Ralf e Paulinho parecem ter jogado com mais foco no time do Mané Meneses e também renderam abaixo das respectivas médias.
E falando em Mané Meneses, vamos combinar que a convocação do Cássio está calcada no critério da "gauchabilidade" do guarda-metas. A exemplo do Dunga, convocou o rapaz se baseando no Estado de origem dele.
Não que eu entenda que se trata de um goleiro de baixo nível. É de bom nível e pode até virar incontestável se considerarmos que nesta posição dá pra jogar até os 40, mas hoje, qualquer um dos goleiros dos quatro grandes do RJ está acima de qualquer um dos quatro grandes de SP.

Glauco disse...

A facilidade do Luís Fabiano contra defesas que jogam em linha, como a do Corinthians, é espantosa. Ele mesmo chamou a atenção para o fato em entrevista após a partida e, aí, não tem dedo de Ney Franco, é só talento do avante mesmo. Lembro quando até o pouco privilegiado tecnicamente Fábio Simplício enfiava algumas bolas para o dito Fabuloso em idos tempos tricolores. Se fosse mais regular (disciplinar e fisicamente) mereceria ter chance na seleção. Se bem que nessa seleção uns 192 atletas mereceriam ter chance.

Anselmo disse...

ter feito dupla com o fábio simplício é um indicador de mérito para o luis fabiano.

agora, desconfio que essa percepção de "estado aparentemente grogue do time" era vontade de ir pro bar.

Moriti disse...

O Luis Fabiano joga realmente bem contra defesas postadas em linha, Glauco. Durante o jogo, dava pra perceber que a qualquer momento ele sairia na cara do gol.

Anselmo,realmente, o escriba não estava grogue, mas queria estar.

Maurício Ayer disse...

Foi um belo jogo. O Corinthians jogou mais aberto do que o normal. Tenho a impressão de que o Tite está testando outras formas de jogar. No primeiro tempo, poderia ter acabado com o jogo com umas quatro chances claras de gol seguidas. Mas o genial Lucas e o bom Luis Fabiano aproveitaram do contexto, que acabou caindo como uma luva pros dois.

No segundo tempo, Ney Franco fez aquilo que o Tite costuma fazer: travou o meio campo e ganhou a peleja.

Foi justo. Mas algo me diz que o Tite está aproveitando do momento tranquilo da torcida e a pouca probabilidade de chegar a algum lugar no Brasileiro para testar o seu time. Para tanto, está mantendo a equipe focada no campeonato que tem (não cometendo o erro do Santos no ano passado, que desencanou total do Brasileiro), mas com liberdade para fazer experimentos.

Tiago Eduardo disse...

Um clássico como há tempos não acontecia!
Luis Fabiano é artilheiro, dos mais preguiçosos, mas é um jogador com faro de gol. O Corinthians pressionou e Ney Franco conseguiu conduzir a equipe para sair do sufoco daqueles 15 minutos iniciais. O São Paulo é muito forte e acredito que um dos melhores elencos do quarteto paulista (no papel). Vitória incontestável e um jogo gostoso de se ver. Muitas chances, tabu, gols e defesas levaram o jogo ser o que ele sempre foi, "Majestoso". Acho que o São Paulo tem tudo para chegar entre os quatro primeiros e chegar a Libertadores de 2013. Mas Luis Fabiano tem que querer jogar, pois quando ele decide jogar ninguém segura. Ter um artilheiro de 27 jogos e com 22 gols é muito importante para uma equipe.

Leandro disse...

Se for verdade que o Corinthians jogou à meia-bomba, com o freio de mão da vontade puxado, não sei se os são-paulinos podem ficar assim, tão "animadinhos" com esta vitória contra o campeão brasileiro.
Sou refratário a estas alegações de "estou priorizando a Libertadores, o mundial ou o Desafio ao Galo", acho bobagem e frescura de quem não quer arrastar as nádegas no gramado.
Mas, se na prática a prática e a teoria forem estas, é bom o pessoal do SPFC, que levou uma surra do Náutico, ir devagar com o andor, que aí o santo será de barro.

Moriti disse...

Grande Tiago! Bem-vindo ao nosso fórum! Você tem razão, o jogo foi bom.

Leandro, o post diz isso: ainda não dá pra confiar no São Paulo, inclusive, está mencionado o jogo contra o Náutico.

Abraços.