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domingo, setembro 16, 2012

Coritiba 1 X 2 Neymar

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Meu pai tem birra da imprensa esportiva paulistana porque acha que, desde os anos 1950, ela menospreza o Santos por não ser da capital. De acordo com seo Orlando, uma das coisas que mais lhe irritava em tempos idos era quando o Peixe vencia alguém de forma inapelável e os jornais paulistanos estampavam: Pelé 5, 6, 7 ou 8 X tal time zero. Não que o Rei do futebol tivesse marcado todos os gols, mas tudo se resumia à atuação do Dez alvinegro.

É óbvio que, muitas vezes, o Rei monopolizava a atenção e talvez até justificasse uma ou outra manchete. Mas ele, quase sempre, na Vila Belmiro, contou com companheiros preciosos, talentosos, dos maiores que o futebol pôs os olhos. Não fosse entrar em uma equipe campeão e já entrosada, talvez não chegasse à Copa de 1958 e sabe-se lá o que seria da seleção. Mas o destino foi bom com ele, com o Santos e com o Brasil, e o resto da história todo mundo sabe.

Toda essa introdução é para justificar o título acima. Neymar não conta hoje, em seu clube, com companheiros próximos ao seu talento. Digo “próximos” porque, à altura, nem na seleção ele tem. Tem a seu lado um André que parece pesado, um Patito Rodríguez, habilidoso mas ainda perdido em boa parte do tempo; Gerson Magrão, talvez o mais lúcido na meia, mas... é Gerson Magrão. E Juan, no seu lado canhoto, o predileto, que também dispensa comentários. 

É o salvador em uma época de transição na qual o time do Santos busca uma nova cara, com a saída de diversos jogadores como Elano, Borges, Alan Kardec, Ibson (tá, esse não faz grande falta), e, fatalmente, o volúvel e inconstante Ganso. Ainda não conta com o calejado Léo na maior parte do tempo, tampouco com o contundido – e vital – para a defesa, Edu Dracena, além de outros no departamento médico. O Alvinegro não consegue repetir a mesma formação (hoje não contou com um recém-contundido Adriano, além de Felipe Anderson e Durval). Sem um conjunto formado para ajudar, Neymar carrega a responsabilidade, mas não é fácil seu jogo encaixar.

Mais um gol de placa para a coleção de Neymar
Na primeira etapa isso ficou patente. Pra variar, o Santos tomou um tento dentro dos 15 primeiros minutos. Também nada incomum, tomou um gol de um ex-jogador, Deivid. O Coritiba marcava bem, atacava pelos lados e levava perigo nas bolas aéreas, ponto fraquíssimo dos zagueiros que estavam em campo, principalmente de Bruno Rodrigo. Já no segundo tempo, o posicionamento nas ditas bolas paradas foi bem melhor, e o Coritiba pouco ameaçou o Santos, que muitas vezes oferecia o campo para o contragolpe dos donos da casa.

Mas os peixeiros também não chegavam. Desde o primeiro tempo, os torcedores xingavam Neymar. Quando as ofensas subiram o volume, o atacante quase marcou de cabeça na primeira etapa. E quase desapareceu depois. No entanto, Muricy teve um ímpeto ofensivo e trocou Ewerthon Páscoa por Bernardo. Patito recuou mais para vir de trás, e o Peixe começou a ganhar terreno. Começava a se desenhar um cenário mais favorável à atuação de Neymar.

E, aos 26, veio o encanto. Neymar passou por cinco rivais (ou seis, conforme a conta), incluindo o arqueiro rival. Contou com a sorte, como todo craque, e fez um gol de placa. Um tento genial. E a virada chegou depois de uma finalização de Patito Rodríguez, que sobrou para Neymar complementar com a tranquilidade dos que sabem do que a bola gosta. Infelizmente, por conta de uma suposta provocação à torcida adversária que o xingou quase o tempo todo, tomou o terceiro amarelo e não pega a Portuguesa. Azar do Santos e de quem gosta de futebol. 


Números de Neymar

Com Neymar em campo, o Peixe tem um aproveitamento de líder: 20 de 26 pontos disputados, ou 76,9%. Fluminense e Atlético-MG tem menos de 71%. Mais um motivo para o torcedor não simpatizar nem um pouco com Mano Menezes e a sua seleção brasileira. O garoto chega a oito gols em nove partidas no Brasileiro (sim, ele não participou de mais de 60% dos jogos do Santos, boa parte deles em função do Brasil, e não é a CBF que paga o seu salário). Neste ano, em 52 partidas, fez 44 gols, sendo que, pelo Santos, foram 38 jogos e 36 tentos. Sua impressionante performance soma ainda 27 assistências no ano, 17 pelo Alvinegro e dez pela seleção. É top 5 de qualquer lista de artilheiro ou meia que dá passe para gol.

E ainda tem quem duvide do garoto.