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terça-feira, janeiro 22, 2013

Escolhas de Felipão apontam para time mais estático

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Felipão gesticula ao explicar seu objetivo: resgatar
o futebol-bailarino (Silvia Izquierdo/AP)
Feita a primeira convocação, podemos começar a afinar as cornetas contra Felipão. O resumo da ópera das escolhas do veterano treinador é exatamente o envelhecimento da equipe, trazendo de volta jogadores mais "experientes", no caso, Ronaldinho Gaúcho, Luiz Fabiano, Júlio César e Fred.

Começando pelo gol, a volta de JC é meio estranha. O goleiro saiu da Inter de Milão e foi para o pouco expressivo Queens Park Rangers, o que indica que os grandes clubes não se interessaram por seu futebol. Enfim, não vi o cara jogar pra avaliar e a posição estava meio em aberto mesmo.

As mudanças mais estruturais acontecem do meio para a frente. Felipão sinaliza que seu time vai ter um centroavante mais pesado e mais preso dentro da área. Uma mudança em relação ao time leve que vinha sendo tentando por Mano Menezes, com muita movimentação. Vamos ver como funciona.

Achei estranha a troca de Kaká, que jogou bem e vinha se entendendo com Neymar, por Ronaldinho Gaúcho. O meia do Atlético fez um bom Brasileirão, é fato. Mas não sei se o bastante para apagar o mau desempenho que teve nas convocações mais recentes.

A coisa complica também por questões de estilo: Gaúcho no Atlético nem finge que vai tentar marcar alguém. A pressão no ataque é feita por Bernard e Guilherme, nas beiradas, enquanto o lento meia fica livre. Na Seleção, Neymar e, sei lá, Lucas não farão este papel nem a pau – e nem devem se sacrificar tanto para isso, ainda que eu ache fundamental que todo o time tenha um papel na recomposição defensiva.

Ele voltou, mas não vai marcar ninguém (Getty)
O resultado deve ser que os volantes vão ficar mais presos, perdendo um pouco da mobilidade e dos elementos surpresa que vinham aparecendo nos últimos jogos. Claro que o novo treinador vai imprimir sua marca, mas se é pra deixar volante preso não faz muito sentido convocar Paulinho, Ramires e Arouca.

O resultado do conjunto parece ser um time mais estático, com posições e funções mais fixas. Para o meu gosto, parece um retrocesso.


E o meu medo

Concordo com Felipão ao convocar Hernanes, mas discordo quando o técnico diz que o jogador é um meia mais ofensivo. Pra mim, ele é pode se tornar um baita armador, para jogar e marcar. Entraria no meu time como segundo volante, fazendo a transição da defesa para o ataque, cadenciando o jogo com seu bom passe, coisa e tal. Como meia, recebendo a bola mais à frente, me emociona menos.

Um elemento que Felipão teria levantado na coletiva é que poderia usar David Luiz como volante, posição em que ele já apareceu no Chelsea. Juntando isso tudo, começa a aparecer meu medo: Felipão vai meter David Luiz de terceiro volante e tentar me convencer que Hernanes é meia.

Não agora, mas mais pra frente, se e quando a coisa começar a apertar. Vai deixar dois zagueiros, dois laterais, David Luiz como volante limpa-trilho na frente da zaga, Paulinho e Hernanes de segundos volantes e estabelecer o “joga no Neymar” que foi tônica do Santos ano passado.

Foi mais ou menos o que ele fez em 2002, quando Edmilson era um zagueiro disfarçado de volante e Juninho Paulista não podia passar muito do meio campo – até ser substituído por Kleberson, caracterizando de vez os três volantes. Funcionou, dirão os otimistas. Sim, sem dúvida. A diferença é que, lá, Rivaldo e Ronaldo estavam voando, secundados por um Ronaldinho Gaúcho em ascensão. Resta ver como a coisa anda.

A lista dos convocados:

GOLEIROS
Julio Cesar - QPR (ING)
Diego Alves - Valencia (ESP)

LATERAIS
Daniel Alves - Barcelona (ESP)
Adriano - Barcelona (ESP)
Filipe Luís - Atlético de Madri (ESP)

ZAGUEIROS
David Luiz - Chelsea (ING)
Leandro Castán - Roma (ITA)
Dante - Bayern de Munique (ALE)
Miranda - Atlético de Madri (ESP)

VOLANTES
Paulinho - Corinthians
Ramires - Chelsea (ING)
Arouca - Santos

MEIAS
Ronaldinho Gaúcho - Atlético-MG
Hernanes - Lazio (ITA)
Oscar - Chelsea (ING)
Lucas - PSG (FRA)

ATACANTES
Luis Fabiano - São Paulo
Neymar - Santos
Fred - Fluminense
Hulk - Zenit (RUS)

7 comentários:

Anselmo disse...

Futebol do futuro é parado, tipo pebolim/totó. No máximo, futebol de botão. É só ver o Barcelona, Em que quase ninguém se necessário em campo. Quanto menos com velocidade...

Ironias à parte, considero Hernanes instável demais. Dois dedos a menos do que Felipe Melo (graças a deus), mas ainda instável.

no mais, Vai, Felipão! Volta, Parreira! Vá pro espaço, Marin!

Glauco disse...

Fiquei curioso pra ver que time o Felipão vai montar a partir dessa convocação. Espero que não seja como o de 2002, time quadrado que dependia da criatividade de três craques na frente. Mas hoje não existem esses três craques e aí que os volantes que sabem chegar na frente podem fazer a diferença. Aguardemos pois.

Maurício Ayer disse...

Bela análise da convocação, me ajuda a compreendê-la.

Um fator que pesou em 2002 foi a liderança do Felipão, o paizão da vez. Em tempos recentes, foi o melhor encaixe de técnico, formando a tal “família”. Com toda a babaquice que essa ideia toda comporta, acho que o jogador brasileiro é meio infantil e cai-lhe bem um professor, pai, tiozão... Não sei se o bigode terá o mesmo moral agora.

Leandro disse...

Cadê o Dedé?!?!?!

Nicolau disse...

Leandro, acho que o Dedé andou machucado e não disputou boa parte do Brasileirão pelo Vasco. Mas se estiver inteiro, é o terceiro da fila depois de Tiago Silva e David Luiz. Quer dizer, da minha fila. Vai saber a do Felipão...

Leandro disse...

Nicolau,
Na minha fila o Dedé é o primeiro.
Vi que ele estreou pelo Vasco esta semana, pelo campeonato carioca.
Ainda é cedo p/ dizer que está inteiro, mas o fato de ter voltado já é motivo para se conjecturar a convocação dele.
Temo que o Scolari não pense como nós e queira outro zagueiro "das Zoropa" ou algum que seja "de confiança" por já ter atuado em algum time dele.

Nicolau disse...

Esse fator da confiança é bem a cara do Scolari, sem dúvida...