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sexta-feira, março 15, 2013

Ney Franco comerá ovo de Páscoa no Morumbi?

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Retranca improvisada queimou o técnico
O São Paulo passou mais um vexame na Libertadores ontem, perdendo na Argentina por 2 a 1 para o mesmo Arsenal (pior time do grupo) com quem havia empatado sofrivelmente na semana passada, em pleno Pacaembu. Dessa vez, a derrota nem foi o maior prejuízo - até porque, mesmo que pareça praticamente impossível, o Tricolor ainda tem chance de passar às oitavas-de-final pelas próprias pernas. O pior, para o time, foi constatar como o técnico Ney Franco está perdido, isolado e sem moral. Ao escalar três zagueiros pela primeira vez nos oitos meses em que dirige a equipe, desfigurou totalmente qualquer esquema ou tática. Libertadores é torneio de tiro curto, com partidas decisivas, onde não há lugar para testes. Os três zagueiros, que nunca tinham jogado juntos, bateram cabeça e falharam mais do que o habitual de quando atuam em dupla. O meio-campo praticamente não existiu, só observou. Os laterais reviveram os piores pesadelos da torcida. O ataque não rendeu. O time não jogou nada. E, com justiça, perdeu.

Rifado pelos atletas - O fracasso ao improvisar uma retranca contra um time fraco - e de segundo (ou terceiro) nível - queima os créditos que Ney Franco ainda tem com a torcida, que, em sua maioria, aprova o trabalho mostrado principalmente no fim do ano passado. Só que muito mais grave do que isso foram os sinais de que o técnico está perdendo o respeito do elenco. Ainda no Brasil, pouco antes de entrar no avião, Paulo Henrique Ganso rifou a cautela excessiva do treinador, que fez vários treinos secretos, ao entregar para um jornalista que não seria titular na Argentina. E isso porque no domingo, no clássico contra o Palmeiras, ele já havia saído xingando em altos brados, na cara do técnico, ao ser substituído. Situação semelhante aconteceu com Lúcio, ontem: saiu correndo para o vestiário e não olhou pra trás quando foi sacado, no segundo tempo, e nem esperou a equipe no vestiário, preferindo se isolar ostensivamente no ônibus.

Rifado pelo presidente - Para complicar ainda mais esse clima de isolamento, Ney Franco, que parece visivelmente nervoso, acuado e pressionado, se enrolou ao dizer que seu trabalho é "nota 10" em uma entrevista após o jogo contra os palmeirenses. Ao comentar a declaração, o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, canelou dizendo que dá nota 8... Até quis consertar, observando que aumentaria a nota do técnico para 9, se o time ganhasse do Arsenal em Avellaneda. Como perdeu, o conceito do técnico deve ter baixado pra 7 ou 6, num esforço de otimismo. E o horizonte de Ney Franco se mostra ainda mais sombrio. Como liderar o Paulistão não vale nada para a diretoria, a bóia de salvação será uma - improvável - classificação para a próxima fase da Libertadores. Um time que em dois jogos não conseguiu vencer o medíocre Arsenal dificilmente vencerá o The Strongest em La Paz e o azeitado e embalado Atlético-MG na capital paulista.

Com atletas afrontando o técnico publicamente e o presidente do clube afirmando que nem o Papa conseguiu garantia de ficar no cargo, há uma grande chance de o Coelho da Páscoa não encontrar Ney Franco no Morumbi para entregar sua encomenda...


Ps.1: Há que se considerar, em defesa de Ney Franco, que treinar o São Paulo, com Juvenal Juvêncio como presidente, não deve ser coisa das mais agradáveis. Aliás, para usar um termo do técnico Leão, deve ser bastante desagradável. Além desse episódio de nota 10 ou nota 8, o atual treinador já trocou farpas com o fiel escudeiro de Juvenal, João Paulo de Jesus Lopes, e dá mostras de que só escala (o inoperante) Ganso por pressão da diretoria, que pagou caro pelo jogador e o deseja na vitrine. Mais centelhas para esquentar o óleo sob a frigideira que embala Ney Franco.

Ps.2: Falando em Leão, ele se envolveu nessa semana em polêmica justamente contra o foclórico ex-patrão Juvenal Juvêncio. Primeiro, o cartola-mor do São Paulo afirmou que a segunda passagem de Leão pelo Morumbi foi "uma barbaridade" - no sentido pejorativo, mesmo. "A gente comete essas coisas assim. É um bom sujeito, mas não quero trazer mais ele, não", disse Juvenal à Fox Sports, em meio a gargalhadas. Aproveitando o Conclave que escolheu o Papa, Leão também resolveu brincar e disse que Juvenal deveria imitar Bento XVI e renunciar ao cargo.

Ps.3: Juro que esse post quilométrico acaba aqui! (se é que alguém teve paciência de ler alguma coisa...) Não posso falar em Emerson Leão sem citar um episódio nebuloso ainda não comentado pelo Futepoca, a revelação do presidente do Sport, Luciano Bivar, de que pagou para o volante Leomar ser convocado pela seleção brasileira em 2000. Lembro que, na época, a convocação pegou todo mundo de surpresa. Mas como Leão, técnico da seleção, tinha feito um belo trabalho no Sport pouco antes, e com Leomar como homem de confiança em campo, pareceu plausível. Agora, a batata assou. Leão disse que Bivar "devia ser preso". Mas não escapou de ser convocado pelo STJD, junto com Antônio Lopes, seu auxiliar técnico na época, para dar explicações. Outra pizza?

3 comentários:

Nicolau disse...

Surpreendente esse rolo todo do SP num grupo em que o esperado era que ele e o Atlético navegassem tranquilamente. Desgaste (precoce) de vestiário pode explicar. Mas acho que demitir o Ney Franco seria um equívoco. Estou cada vez mas convencido das vantagens de dar tempo para treinadores e jogadores mostrarem seu potencial. E "tempo" não são três meses, às vezes nem seis. Custa a organizar uma equipe, os caras e o chefe entenderem o que cada um faz bem, como funcionam melhor juntos. Salvo situações muito específicas, eu apostaria em bancar o treinador - e enquadrar o elenco.

Sobre o Leão, essa história merece apuração. Mas é meio estranha, já que conta só com a denúncia do dirigente e mesmo ele "não lembra" com quem conversou.

Glauco disse...

Pegando os trabalhos desenvolvidos pelo Ney Franco, tirando a seleção olímpica, vê-se que teve difculdades no Flamengo e no Botafogo, outros dois grandes que treinou, indo bem mesmo no Ipatinga e no Coritiba.

No ano passado, por conta da Sul-americana (convenhamos, torneio que quando o Santos ganhou sob o nome de Conmebol não serviu nem pra tirar o clube da fila) acabou dando a impressão de que fazia um bom trabalho. Mas, assim como Muricy no Santos, não vi o treinador dar um padrão tático ao time, que vive hoje mais das individualidades de Osvaldo e Jadson do que de um esquema bem montado mesmo.

E, cá entre nós, tem muita cobra criada nesse elenco. Acho que não é o perfil do Ney Franco conviver com esse tipo de atleta.

Eduardo Maretti disse...

Bom, o post é "quilométrico" mas é ótimo, e olha que eu não sou e não serei são-paulino nem nas próximas incontáveis reencarnações, se houver.

Mas o post, além das informações que traz, me faz pensar no futebol como algo pragmático. É que, por mais que pareça temerário, acho que poderia ser muito interessante o Ney Franco ser demitido, o Santos dar mais alguns vexames, todo mundo se unir pra expulsar Muricy da Vila e acabar rolando um troca-troca saudável. Um vai pra velha casa que ama, o Morumbi, o outro vai pra Vila, que precisa de alguém que não atrapalhe, mas só deixe os meninos da Vila jogarem bola em paz.

Se for necessário, o Laor (que há tempos não faz nada), por que não?, podia resolver dar uma de Bento XVI e dar lugar a algum Francisco mais inspirado.

É isso aí. Pra terminar, não sei se já disse - rs -, mas fora Muricy!