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quinta-feira, maio 09, 2013

Com direito à cosquinha na cabeça do Wellington

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Ronaldinho Gaúcho tripudia e faz cosquinha em Wellington, que cai e simula falta
Que show de bola! Que baile! Considerando que os espetáculos anteriores do Atlético-MG pela Libertadores no estádio Independência, pela fase de grupos, tenham sido contra The Strongest (2 x 1) e Arsenal de Sarandí (5 x 2), times medianos sem conquistas internacionais, a goleada de ontem por 4 a 1 sobre o São Paulo, tricampeão da Libertadores e do Mundial de Clubes, foi a confirmação incontestável de que o time do técnico Cuca é, hoje, o de futebol mais vistoso e eficiente no Brasil. Pessimista como sou, já previa derrota e, na pior das hipóteses, uma noite de pesadelo. Ao fim do jogo, respirei aliviado: o meu time escapou do que poderia ter sido uma das piores goleadas de toda a sua história, comparável à maior delas até aqui, o 8 x 1 que o Botafogo-RJ nos aplicou no Torneio Rio-São Paulo de 1940.

Bernard: craque
O Atlético-MG fez o que quis em campo. Duas imagens, ambas do segundo tempo, ficarão guardadas em "minhas retinas tão fatigadas" (citando o cruzeirense Carlos Drummond de Andrade): a primeira foi uma jogada de futebol de salão, com Ronaldinho Gaúcho partindo para o ataque pela esquerda, trocando de pé em velocidade e tocando quase sem olhar para Diego Tardelli, no meio, que tocou da mesma forma, em milésimo de segundo, para Bernard, na direita, numa sintonia e sincronia que não vejo há anos no futebol nacional, síntese da plena afinação da "orquestra" que Cuca montou na linha de ataque do Galo; e a segunda imagem, a do Ronaldinho Gaúcho tripudiando e fazendo cosquinha na cabeça do pobre e inoperante Wellington, resumo da humilhação e da zombaria sofridas pelo atropelado São Paulo

Jô abre o placar: 1 x 0 foi pouco no 1º tempo
E o estrago, repito, poderia ter sido bem maior. Com 10 minutos de jogo, o Atlético-MG já tinha perdido um gol feito, mandado uma bola no travessão e sufocava o time de Ney Franco como se fosse uma partida de adultos, profissionais, contra um combinado Sub 15. O primeiro gol saiu com uma naturalidade espantosa, golaço de Jô em troca de passes fulminante. O São Paulo se segurava como podia: jogador tirando bola em cima da linha, Rogério Ceni fazendo defesa de reflexo dentro da pequena área, pressão e mais pressão. O primeiro tempo ter acabado com placar de 1 x 0 foi um espanto: poderia ter sido 4 ou 5 x0 fácil, fácil. Eu, que tinha aberto uma garrafa de vinho e tirado o som da televisão para ouvir um CD (porque detesto todo e qualquer comentarista esportivo, de qualquer emissora), acompanhava o jogo como quem assistisse as Torres Gêmeas pegando fogo, na iminência de desabarem.

Gaúcho e Jô comemoram segundo gol
Veio a segunda etapa e voltou a sensação de que meu time levaria um vareio épico, daqueles de virar manchete na mídia esportiva de todo o planeta. Sensação que surgiu quando o jogo começou e vi Douglas em campo. Ali, entendi que não seria apenas uma derrota. Poderia ser "A" derrota. Na segunda etapa, colocaram o coitado do Silvinho, ex-Penapolense ("Que faaaaaseee...", diria Milton Leite), mais perdido que surdo-mudo em tiroteio. O São Paulo, pateticamente, se jogava para o ataque na base do chutão para qualquer lado, da bola área rifada, do "bumba-meu-boi". Triste de ver. Em todos os lances, os passes chegavam 30 centímetros atrás de quem ia receber a bola, o jogador tinha que voltar para buscá-la, o posicionamento dos colegas se embaralhava, tudo saía errado. O time perdia a bola. E o Atlético-MG partia para o contra-ataque - rápido, coordenado, entrosado, com toques de primeira, fatal. Numa dessas, Jô fez 2 x 0. E iniciou o previsível massacre...

Tardelli engana Tolói e encobre Rogério Ceni
Na saída de bola, o São Paulo desembestou e se atrapalhou mais uma vez, houve um chutão para o alto e Rafael Tolói correu para tentar atrasar a bola, de cabeça, para Rogério Ceni. Quem assistiu ao clássico entre São Paulo e Corinthians pela primeira fase do Campeonato Paulista já fazia ideia do que poderia acontecer. Naquele jogo, Tolói tentou atrasar uma bola para Ceni, Alexandre Pato chegou antes, sofreu pênalti e depois fez o gol da vitória para o time de Parque São Jorge. Ontem, não deu outra. O ex-sãopaulino Diego Tardelli estava na cola do atrapalhado zagueiro e só esperou ele cabecear errado para dar o bote e, com um toque sutil, encobrir o goleiro e marcar um golaço: 3 x 0.

Jô faz 3º, após passe de Ronaldinho
Dois gols em dois minutos. E ainda tinha mais. Cinco minutos depois do terceiro gol, Ronaldinho Gaúcho, que mandou e desmandou na partida, numa das melhores atuações de sua carreira, fez outra jogada de futebol de salão e, à la Mário Sérgio Pontes de Paiva, olhou para a esquerda e deu passe para a direita, Jô recebeu e tocou no canto para selar o inapelável atropelo do Galo sobre o Tricolor. Naquele momento, faltando mais de 20 minutos para o jogo acabar, enchi minha derradeira taça de vinho e orei: "Meu Deus, já tá de bom tamanho! Por favor, faça com que o Atlético-MG tire o pé!". Graças a Ele, fui atendido. O time de Cuca não chegou a tirar o pé, mas também não aumentou a conta da sova. E o (eternamente) apagado Luís Fabiano ainda fez o golzinho de honra. Ficou de bom tamanho.

Silvinho: mais um "craque" do Juvenal
Falar mais o quê? Já cansei de repetir, aqui neste blogue, que o São Paulo não é um time. Não tem padrão de jogo, esquema tático. Não tem laterais, nem volantes, nem zagueiros que prestem. Não consegue finalizar no ataque. Não vai chegar a lugar algum com Douglas titular. Com Lúcio, Luís Fabiano, Ademilson. Continuo defendendo Ney Franco, mas uma campanha que teve seis derrotas em dez jogos é pura e simplesmente o reflexo do que é o São Paulo na era Juvenal Juvêncio: contrata mal, planeja mal, administra mal. Perde jogos, perde títulos, perde dinheiro, perde boas contratações, perde bons negócios. E, cada vez mais, vai perder torcedores. Para o Corinthians. Para o Atlético-MG. Não acredito que vá mudar alguma coisa daqui para o final do ano. Ney Franco vai tentar tirar leite de pedra para, quem sabe, beliscar outra vaguinha na Libertadores de 2014. Mas não sejamos ingênuos, sãopaulinos. A derrota de ontem não será o último vexame de 2013. Já que o clube é o da fé, vamos rezar muito. Seja o que Deus quiser!


12 comentários:

Moriti disse...

Marcão,

Não compartilho de seu pessimismo, mas concordo que a atuação de ontem foi vexaminosa.

O Atlético joga o melhor futebol da América hoje, mas o São Paulo, ontem, fez um papelão. Time apático e cometendo erros pueris em momentos capitais.

Sobre elenco, há meia dúzia que não têm condições, mas existem jogadores de bom nível. Dá pra montar um time.

Isso, desde que não se invente de colocar o Lúcio na equipe só pra jogar com o nome e que não se demore tanto pra sacar que não dá pra repetir o esquema que tinha o Lucas com Douglas e Aloísio. Nessas duas, o Ney - técnico de quem eu gosto - errou feio.

No mais, creio que se trocarmos a tal meia dúzia (Douglas, Carleto, Paulo Miranda, Edson Silva, Canete e Luis Fabiano) e o presidente, a coisa melhora bem.

Nicolau disse...

O Atlético realmente arrasou o SP ontem, atuação de gala. Time rápido, bem treinado, compacto. Com 4 atacantes jogando o fino da bola. Gaúcho ja foi citado no texto, mas Bernard, Jô e Tardelli estão voando, marcando loucamente, se movimentando com inteligência e metendo gol.

Sobre o São Paulo, acho que concordo mais com o Moritti que com o Marcão: tem gente muito boa, como Jadson e Ganso, mas precisa se reforçar. Laterais, zaga e um que articule melhor cairiam bem. Mas vejo outro pepino: tem um certo descontrole emocional no time, que ironicamente parece vir dos veteranos, como LF e Lúcio deixaram claro. Nessas, pergunto aos dois ilustres tricolores: a enorme e inevitável influência de Ceni tem ajudado ou atrapalhado?

Moriti disse...

O Ceni passa por um momento difícil, de instabilidade, o que é natural, principalmente se considerarmos que está prestes a se aposentar e visivelmente em declínio físico, oscilante nos movimentos. Pra um fominha como ele, a barra deve ser pesada.

Fora isso, tenho um amigo jornalista que tem trânsito no Morumbi/CT da Barra Funda. Ele diz que o RC não engoliu até hoje o desentendimento em público com o Ney, no jogo contra a LDU de Loja, pela Sul-Americana do ano passado. Ele tolera, mas não gosta do técnico.

Atualmente, creio que a influência do goleiro não é das melhores, nem nos bastidores nem no aspecto esportivo.

Acho que é hora de curar a ressaca e escrever sobre essas e outras...

Unknown disse...

Nicolau, Jadson e principalmente Osvaldo estão acima dos demais nesta temporada, inclusive do Ganso - que, eu sei, tem potencial e pode ser muito útil, mas a única partida convincente em 6 meses jogando foi na vitória por 2 a 1 contra o Atlético-MG no Morumbi e, convenhamos, naquele dia os mineiros não quiseram jogar o que jogaram ontem (e os 35 minutos iniciais do jogo das oitavas no Morumbi, antes da expulsão do Lúcio, não tiveram tanto gás do Ganso quando da dupla Jadson e Osvaldo).

O resto é resto. Wellington? Pode ser, pode não ser. Denílson? Podia adiantar a volta à Inglaterra. Lúcio, Rafael Tolói, Edson Silva? Horríveis, sem exceção. Paulo Miranda? Coitado, a culpa não é dele de terem contratado e posto pra jogar. Cortez? Pode ser, pode não ser. Carleto? Ruim. Rodrigo Caio? Depende, ninguém sabe. Maicon, Aloísio e Wallyson? Pra compor elenco, até pode ser. Reservas Denis, Lucas Farias, Fabrício, João Filipe, João Schimidt, Ademilson & Cia. MUITO Limitada? Se sumirem, não farão falta. Douglas? PELO AMOR DE DEUS!!!!

Mas concordo que, em regime de urgência, um lateral-direito DE VERGONHA, um volante apoiador e um bom zagueiro já comecem a levantar o alicerce em meio às ruínas. Mas precisa de muito mais que isso, com certeza.

Moriti, se a gente for ficar curando ressaca toda vez que esse time aí der vexame, vamos morrer de cirrose logo, logo... - rsrsrs

Abraços.

Unknown disse...

Ah, esqueci: não falei nada sobre Rogério Ceni e Luís Fabiano porque, no frigir dos ovos, essa é a última temporada dos dois no São Paulo. Cada um ainda tem talento para, vez ou outra, em meio às várias contusões e/ou expulsões, decidirem um jogo ou fazerem boas exibições. Mas, para um planejamento de médio a longo prazo, estarão, obviamente, fora do elenco.

Leandro disse...

Não sei exatamente qual é a idade do Rogério Ceni, mas considerando que goleiros podem jogar até os quarenta e poucos, não vejo motivos para chutar o cara da Vila Sônia a esta altura do campeonato.
Considero o goleiro e provável futuro dirigente uma figura nauseabunda, mas no aspecto meramente técnico, não tem como atribuir a ele culpa por qualquer dos seis gols atleticanos.
Já LF sofre de problema parecido com o enfrentado por Kaká: Não conseguiu ganhar nada que a torcida realmente queria, e a paciência do pessoal com ele já se esgotou faz tempo.

Maurício Ayer disse...

“Atuação de gala”, Nivaldo, você quer dizer que o Galo jogou também que parecia as Marias?

“O reflexo do que é o São Paulo na era Juvenal Juvêncio: contrata mal, planeja mal, administra mal. Perde jogos, perde títulos, perde dinheiro, perde boas contratações, perde bons negócios.” E, sendo o imbecil néscio que é, Juvenal fala pra caralho, se sente no direito de chamar o Andrés Sanchez de analfabeto. Realmente, do São Paulo de outrora, só sobrou a empáfia.

Afinal, e o dinheiro da venda do Lucas, pra onde foi? Dava pra montar um time razoável só com isso.

Tudo que foi dito faz sentido, mas meia dúzia de boas contratações não são coisa que se faça numa feira de final de semana.

Agora, vendo de fora, esse desabafo todo é mesmo por duas desclassificações na mesma semana. O São Paulo não é tão ruim assim, acho até que em muitos jogos encaixa um bom jogo. E joga com dois meias armadores, coisa que não é tão comum hoje em dia (e que tanta falta faz ao Corinthians, por exemplo).

Acho que em umas duas temporadas, se vocês espirrarem o Juvenal Jumento pro curral dele, o São Paulo volta a disputar pra vencer qualquer campeonato.

Unknown disse...

Maurício, de acordo com o jornal Lance!, R$ 60 milhões dos R$ 87 milhões recebidos por Lucas foram usados para saldar dívidas antigas com bancos. Sobraram R$ 27 milhões, que não se sabe se foram gastos ou não.

Segundo o Lance!, neste início de 2013, Lúcio, Aloísio e Wallyson vieram sem custo para o São Paulo. Negueba é contrapartida da venda de Cléber Santana ao Flamengo. O último grande investimento do São Paulo ocorreu em setembro de 2012, quando Lucas ainda estava no time: gastou R$ 24 milhões para trazer Paulo Henrique Ganso.

Com isso, atingiu R$ 69 milhões em contratações a partir de 2011: R$ 24 milhões por Ganso, R$ 17 milhões por Luís Fabiano, R$ 9 milhões por Jadson, R$ 5 milhões por Cañete, R$ 7 milhões por Cortês, R$ 4,5 milhões por Osvaldo e R$ 4,5 milhões por Rafael Tolói - sem contar os direitos econômicos de jogadores da base que foram cedidos em algumas negociações.

Glauco disse...

Trazer jogadores "sem custos" é algo sempre relativo. Os custos se referem a direitos federativos, mas os jogadores sem tal ônus recebem luvas maiores, já que não contam com as porcentagens das trasnferências. Quanto Lúcio, por exemplo, recebeu de luvas? Isso sem contar o salário, que deve ser um dos maiores do elenco... Até o fim do ano, somando um e outro, provavelmente terá custado mais que um Tolói (e sem perspectiva de retorno financeiro).

Também não acho o elenco do São Paulo tão fraco assim, mas algo que atrapalha há algum tempo os dirigentes (e a visão do torcedor em geral) do São Paulo é acreditar na adulação que parte da mídia esportiva se esmera em fazer. Mas não sei se Ney Franco vai ter estrutura psicológica pra arrumar esse time, dadas as "cobras criadas" do time e também por conta da pressão de uma diretoria perdida que adora interferir no trabalho do técnico.

fredi disse...

De minha parte vou falar mais de meu time que do SP.

A apresentação do Galo foi de gala mesmo (rs), mas o grande truque desse time é o entrosamento.

Joga desde o ano passado com os mesmos titulares, com exceção de Tardelli, que voltou muito bem, e de Richarlyson, que ganhou a vaga de Jr. César.

Destaque para a função tática que fazem Bernard e Tardelli, que têm muita velocidade no ataque e voltam para marcar como se fossem volantes. Deixando Ronaldinho mais livre.

Em grande parte, o time joga no ritmo atual também pelo excelente preparo físico proporcionado pelo Carlinhos Neves. E esse foi um dos acertos do Kalil, montar uma comissão técnica de alto nível e fixa. Não muda ao sabor de cada técnico.

E, de resto, depois que Inês é morta, é fácil falar. Mas ainda lembro dos comentários de que depois da primeira derrota por 2 a 0 no Morumbi o Galo havia dado sopa ao azar, ressuscitado o São Paulo, que passara de nauseabundo a favorito. Eu mesmo cheguei a considerar o SP com mais chances.

Ao final o time de melhor campanha ganhou as duas partidas do 16o colocado, e foi isso que prevaleceu. O São Paulo é melhor que muito time que ainda está na Libertadores, mas pela campanha pífia contra The Strongest e Arsenal de Sarandí pegou o melhor time do torneio até agora. E deu a lógica.

O que, mesmo com a vitória por 2 a 1 no Morumbi, ficou mascarado pela expulsão do Lúcio. Todos diziam que por isso o SP havia perdido. Isso influenciou, mas dificilmente o SP manteria aquele abafa inicial por todo o jogo. Se tomasse um gol, como tomou, desabaria, como vem fazendo em diversas partidas.

De resto, estava certo o Galo ao pedir árbitros de fora. Não há o que reclamar da atuação dos juízes nas duas partidas. Nem o SP pode falar nada.

Agora, de verdade, o grande problema do SP é seu presidente. Sua teoria de que o Cuca mandou esvaziar a caixa d água do Morumbi para os jogadores do Galo não terem água quente e ficarem motivados é das coisas mais hilárias dos últimos tempos. Não sei o que bebeu, mas também quero...

Maurício Ayer disse...

Cada vez mais o Galo se coloca como favorito ao título da Libertadores. Se o Corinthians seguir na competição (o que não será nada fácil), terá um gigante a enfrentar na semi.

Leandro disse...

O SPFC, de fato, teve boas chances de passar, se considerarmos o último jogo da primeira fase contra o Atlético e o primeiro jogo do mata-mata.
E não adianta o Cuca ficar insistindo que quando o Lúcio foi expulso o jogo já estava "controlado".
A verdade é que os atleticanos estavam perdidinhos em campo àquela altura e só não estavam perdendo de três ou quatro porque Victor e a ineficiência do ataque do SPFC não deixaram.
Agora, o segundo jogo, realmente teve momentos que lembraram Barcelona vs. Santos pela abissal diferença de postura e de volume de jogo.
"Cada vez mais o Galo se coloca como favorito ao título da Libertadores. Se o Corinthians seguir na competição (o que não será nada fácil), terá um gigante a enfrentar na semi."(2)