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quarta-feira, julho 17, 2013

Cachorradas nos batalhões

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Pichação 'Dilma sapata' em estrutura metálica da Praça do Patriarca, em São Paulo: feita no mesmo protesto em que gritavam contra Marco Feliciano e o projeto da 'cura gay'

"Há, em qualquer brasileiro, uma alma de cachorro de batalhão. Passa o batalhão e o cachorro vai atrás. Do mesmo modo, o brasileiro adere a qualquer passeata. Aí está um traço do caráter nacional." - Nelson Rodrigues
Sim, as manifestações de rua são livres e justas. Estamos num regime democrático. Mas é claro que, se o Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo do finado escritor Sérgio Porto) ainda existisse, teria reunido farto material para mais duas ou três edições do "Febeapá - Festival de Besteiras que Assola o País". Abaixo, relato cinco fatos presenciados por mim que justificam a "alma de cachorro de batalhão" descrita por Nelson Rodrigues - ou que simplesmente ilustram a expressão "vergonha alheia":

1 - Em manifestação tipicamente "contra tudo e contra todos", no dia 1º de julho, um grupo de mais ou menos 100 jovens e adolescentes marchou do Largo da Batata até a Assembleia Legislativa de São Paulo. E exibiu orgulhosamente, para os deputados ESTADUAIS, uma faixa de uns 10 metros de comprimento com os seguintes dizeres: "FORA RENAN";

Faixa protestando contra Renan Calheiros: é possível até que os deputados estaduais se sensibilizem com a causa, mas talvez fosse mais produtivo se eles atuassem no Congresso Nacional...


2 - No mesmo protesto, lideranças de dois grupos formados em redes sociais - um era "Basta não-sei-o-quê" e outro, "Corrupção não-sei-das-quantas" - brigavam no megafone pelo comando dos manifestantes. Uns queriam que o grupo marchasse até a Avenida Paulista, outros, para a 23 de maio. Nisso, os que seguravam a faixa "Fora Renan" começaram a gritar: "23 NÃO VOU! 23 NÃO TEM METRÔ!";

3 - Passeata dos médicos, dia 16 de julho, reuniu diversos profissionais brandindo no ar, como se fossem cartazes, CAPAS DO JORNAL O ESTADO DE S.PAULO...

4 - Um amigo me conta que, no Rio de Janeiro, um grupo queria marcar uma manifestação na orla de Copacabana. E a principal discussão, entre os "organizadores", era sobre o ponto de encontro: qual posto seria melhor para, após o protesto, PEGAR UMA PRAIA.

5 - Numa postagem em rede social, alguém comenta orgulhosamente que estas são "as maiores manifestações de rua do Brasil em todos os tempos". Outra pessoa discorda e observa que talvez não tenham sido maiores que o comício das Diretas na Praça da Sé, em 1984, ou a Passeata dos 100 mil, no Rio, em 1968. O que deu margem para réplicas acaloradas e raivosas, dizendo, por exemplo, que o movimento Diretas Já não existiu (!) - "Foi invenção da mídia!" - ou que, melhor ainda, "MANIFESTAÇÕES IGUAIS A ESTAS SÓ EXISTIRAM NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL". Este comentário teve dezenas de pessoas curtindo/apoiando...


Propaganda de um filme pega carona nos 'Anonymous' que proliferaram pelos protestos Brasil afora - e o slogan 'o gigante acordou' remetia a uma campanha publicitária de uísque


7 comentários:

Maurício Ayer disse...

Realmente esses protestos acabaram mobilizando todo tipo de ignorância e muito fascistoide pegou carona. Há manipulação e tentativas de manipulação.

Mas agora dando uma de ombudsman ou cara-de-budsman, senti falta que o Futepoca produzisse a sua leitura ou a sua narrativa dessa onda de manifestações. Escrevemos uns três ou quatro posts, e de nenhuma maneira reagimos aos fatos conforme eles aconteciam. Sei que estávamos ocupados com outros compromissos, mas ficou a lacuna, uma pena.

Afinal, não foi só uma manifestação de coxinhas ou fascistas e mesmo a molecada que não tinha uma ideia muito clara do que protestar e a quem o protesto se dirigia de direito, ou estava ali manifestando um pouco aquilo que a Marilena Chauí chamou de “pensamento mágico” (eu protesto, eu clico, eu grito, e espero que a coisa aconteça), também tinham um recado a dar. Há uma verdade nessas manifestações que vai um pouco além da capacidade de articular ideias dessa moçada, elas plasmam um sentimento de não ter voz, de não ser representado, que está muito presente.

Acho que a recente declaração do Lula expressa um pouco a melhor leitura que um político pode fazer desse momento: é preciso mudar, e quem tem que mudar somos nós, não nossos oponentes. Se os oponentes não mudarem, como sempre acontece, continuarão a ver navios cada vez mais bonitos na cobertura da Globo, mas só lá.

E digo mais: prefiro os fascistas nas ruas, mostrando o quanto são fascistas, do que conspirando escondidos em suas saunas.

Moriti disse...

Boa, Demarcelo. Bem que seu comentário poderia ter virado post.

Abraço!

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