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quinta-feira, julho 04, 2013

Muricy põe a bateria do celular pra carregar

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"Pra jogar futebol, um time tem que ter uma defesa que saiba sair jogando, um meio-campo criativo e um ataque que saiba definir a última bola." A afirmação do treinador Tite, na entrevista coletiva após vitória por 2 a 1 de seu time na primeira partida da decisão da Recopa Sul-Americana, no Morumbi, define exatamente não só o que o Corinthians tem (mesmo quando joga mal) como, por oposição, tudo o que o São Paulo não tem (mesmo quando, raramente, joga mais ou menos). Faltou só resumir o que todo mundo já sabe: no Corinthians, todos marcam o tempo todo, com eficiência. No São Paulo, alguns marcam de vez em quando, individualmente, displicentemente. Por isso, os comandados por Tite, mesmo enfrentando um período de reformulação, não precisaram fazer grande esforço para vencer com evidente facilidade. E os comandados por Ney Franco não tiveram sequer uma mínima motivação por estar disputando uma decisão - muito mais necessária pra eles, diga-se de passagem, do que para o adversário. Resultado previsível, só isso.

Há três ou quatro temporadas, tem ser tornado quase uma covardia botar o São Paulo para jogar contra o Corinthians. As três vezes em que o time do Morumbi conseguiu vencer, de 2011 pra cá, podem ser classificadas mais como "superação", resultados "fortuitos" ou exceções comuns a qualquer clássico, mesmo. Depois do bom trabalho de Mano Menezes, o Corinthians de Tite tornou-se um time definido, coeso, marcador. Econômico, discreto, sim, mas cirurgicamente eficiente. Prova disso é que o elenco e o time titular trocam peças e o padrão segue o mesmo. Ganhou com todos os méritos o Brasileiro, a Libertadores, o Mundial e, neste ano, o Paulistão. Do outro lado, o São Paulo é a inconstância na prática. Sem time definido, sem padrão de jogo, sem tática, sem coerência, sem técnica, sem ânimo, sem raça. De vez em quando, ao sabor dos técnicos e dos atletas que vêm e vão, consegue um brilhareco aqui, uma boa vitória acolá, algumas atuações significativas. Mas sempre volta ao mesmo: o marasmo, a mediocridade.

Parece que eu vejo o Tite falando para o seu time, no vestiário, toda vez que vai entrar em campo para enfrentar o São Paulo: "Toquem a bola, fiquem nas posições demarcadas e aguardem. Eles sempre erram muitos passes. Quando sobrar uma bola no ataque, é só matar o jogo. Não precisa forçar, nem se cansar." Simples, fácil. Basta jogar uma bola para alguém no meio do Rafael Tolói e do Rogério Ceni. Como aconteceu no lance em que Alexandre Pato sofreu pênalti, em outra vitória por 2 a 1 no jogo do turno do Paulistão. Como aconteceu no gol de cobertura de Diego Tardelli na goleada por 4 a 1 que eliminou o São Paulo da Libertadores. Como se repetiu com Renato Augusto no golaço que definiu a primeira partida da Recopa. Se o Corinthians tivesse forçado o pé, o placar seria maior. Mas não. Jogou só pro gasto. Do jeito que o São Paulo joga (ou NÃO joga), basta aos corintianos administrar com a mesma frieza e tranquilidade no Pacaembu. E, se o time de Ney Franco tentar ir pra cima, o que precisa fazer, pra reverter a desvantagem, corre o risco de levar mais um 5 a 0, idêntico ao de 2011.

É triste ver o São Paulo em campo. É triste aceitar que o time não tem condições de fazer nada de muito melhor do que consegue fazer. A defesa é tosca e não sabe sair jogando. Os volantes são medianos e sem recursos. No meio, só Jadson salva (Ganso, em breve, desbancará Ricardinho como a mais frustrante e cara contratação do clube para o setor). Na frente, Osvaldo em má fase, Luís Fabiano inoperante e desinteressado e Aloísio apenas esforçado - bem, justiça seja feita, foi o ÚNICO que entrou ligado, motivado e vibrante no time, mas seu gol foi mais falha do goleiro Cássio do que mérito próprio. Sobre os laterais, não há o que dizer, pois eles não existem no São Paulo. No primeiro gol, baile de Romarinho em cima do pobre (e grosso) Juan. No segundo gol, o passe de longa distância veio do setor direito sãopaulino, onde Douglas deveria estar combatendo. Com esses dois, o time do Morumbi sempre joga com nove contra onze. É triste. É desanimador. E é covardia. Muricy vem aí. Duvido que mude alguma coisa.


CAIXA ECONÔMICA 2 X 0 - Curioso falar sobre a coesa, aplicada e eficiente equipe do Corinthians, lembrando o trabalho iniciado por Mano Menezes e concretizado por Tite. Curioso porque, no último sábado, em amistoso disputado na cidade mineira de Uberlândia, Mano estreou pelo Flamengo justamente contra o São Paulo de Ney Franco. E ganhou por 1 a 0, também sem fazer qualquer esforço. Lá jogam o goleiro Felipe e o meia Elias, ex-corintianos. E, assim como o time de Parque São Jorge, o Flamengo é patrocinado pela Caixa Econômica Federal. Em Minas Gerais, terra de Ney Franco, o São Paulo jogou com os titulares apenas no primeiro tempo, "desfalcados" (entre aspas, pois com ou sem eles dá no mesmo) de Lúcio, Denílson, Jadson e Luís Fabiano. No segundo tempo, praticamente nem entrou em campo, foi jogo de um time só. Mais um exemplo da apatia, da falta de perspectivas, da "toalha jogada". Ney Franco não vai durar muito - mesmo não tendo muita culpa no cartório. O time do São Paulo, repito, dá dó.

3 comentários:

Nicolau disse...

O jogo começou horrivel, numa lentidão assustadora pra quem acompanhou a Copa das Confederações. O juizão ajudou muito, marcando faltinhas sem nexo para todo lado e arrastando o primeiro tempo.
Mesmo nesse clima, o Corinthians era melhor, com o coletivo melhor organizado impondo alguma lógica. Nessas, saiu o gol de Guerrero, numa bela jogada do Romarinho pela direita. O menino jogou bem, aliás.
O segundo tempo começou com o SP em cima após a correção do erro que ney franco não deve ter cometido sozinho: Ganso é uma pálida sombra do que se imaginou, não corre, não lança, não arma, não marca, nada. Ou está treinando bem pra caramba ou o técnico tem ordens superiores para botá-lo em campo.
Enfim, Aloisio entrou e o Tricolor, na vontade, conseguiu pressionar o Corinthians. O gol aos dois minutos me deixou com a impressão de que o Timão ia desacelerar, recuar e levar sufoco até a virada. Mas a coletividade se impôs novamente, acrescida de uma boa individualidade: Renato Agusto entrou muito bem (após um carrinho criminoso do cavalo Welinton tirar Douglas de campo, que já havia entrado no lugar de Danilo, que saiu numa dividida mais normal). Ele arma bem, faz a bola girar, se apresenta pro jogo, e sabe marcar. Pra fechar, meteu aquele gol de cobertura. Que acabe a maldição dos meias no Timão e o cara tenha sequencia.
Aliás, Marcão, no lance do segundo gol o Douglas já não estava em campo, o lateral ali era o Rodrigo Caio.

Unknown disse...

Bem observado. Devo confessar que, no intervalo, comecei a assistir um documentário sobre a Copa de 58 no Canal Brasil e só quando acabou me toquei de voltar pro jogo, que já estava nos 19 do segundo tempo - logo, nem vi o gol de empate, substituições etc (rsrs).

Esse desinteresse, aliás, me causou surpresa. Há décadas que eu sofro em todo Majestoso, mesmo quando não vale nada. E agora, nessa decisão, assisti a partida como quem vê um jogo-treino entre Red Bull x Independente de Limeira. Sem qualquer emoção, distante, sem me importar o mínimo com o resultado. Assisti o segundo gol como quem vê uma pessoa andando na rua.

Hoje, nas ruas, no transporte público e nas redes sociais, não vi NINGUÉM comentando o jogo. NINGUÉM. Porque, para os corintianos, virou tão "carne de vaca" vencer o São Paulo em partidas importantes, eliminatórias ou decisivas que nem tem mais graça. Não ouvi gritos ou rojões ou qualquer manifestação em nenhum dos gols do Corinthians. Como disse no post, o time do Tite não fez força nenhuma pra vencer.

E, para o sãopaulino, o time foi tão "morto", anestesiado, desanimado, desarticulado, entregue, que não compensa nem perder tempo de comentar qualquer coisa. É isso o que Juvenal Juvêncio conseguiu fazer com um clube que, há 5 anos, era tricampeão brasileiro, não dava espetáculo mas jogava sério, tinha um padrão - e mobilizava a torcida.

Hoje, o São Paulo é uma sombra, um catado. Os adversários nem comemoram mais quando o derrotam.

Triste, muito triste.

Nicolau disse...

Olha, acho que o São Paulo ainda vai fazer bela figura no Brasileirão.