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domingo, agosto 18, 2013

Bernardinho do vôlei: candidato tucano a governador do Rio?

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Deu no Brasil 247. O técnico de vôlei Bernardinho assinou sua ficha de filiação ao PSDB do Rio de Janeiro em julho e pode ser o candidato a governador pelo partido no terceiro maior colégio eleitoral do país. No estado que tem o governador mais impopular do Brasil, e sem nenhum franco favorito entre os quatro principais postulantes ao Palácio da Guanabara – a saber, Lindbergh Farias (PT), Anthony Garotinho (PR), Pezão (PMDB) e César Maia (DEM) –, os tucanos vão tentar emplacar um nome novo na política para ressuscitarem no Rio.

Bernardinho gosta de emoções fortes
De acordo com a matéria, o partido já tinha tentado Luciano Huck, Armínio Fraga e Pedro Malan, sem sucesso. Em abril, Aécio Neves, já havia feito convite a Bernardinho, aparentemente sem sucesso. Mas, de lá pra cá, o cenário político local mudou, o jogo está aberto e o PSDB vai testar o nome do treinador em pesquisas internas.

Para não dizerem que parte dos futepoquenses passou a falar mal de Bernardinho só porque ele se filiou ao PSDB, lembramos este post aqui e outros, nos quais foram discutidas algumas das características do treinador. Em um dos comentários, o companheiro Maurício definiu o esportista como “uma dessas figuras intragáveis e desnecessárias, que justificam sua truculência com as vitórias que obtêm. e muita gente no brasil, que gostaria muito de poder justificar um poder autoritário do qual fizesse parte, seja ele nacional ou simplesmente exercido na área de serviço de suas casas, levanta a bola desses caras e minimiza seus eventuais fracassos. muitas dessas pessoas compram jornais, outras tantas fazem jornais.” Parece até profecia...

Mas, enfim, sabe-se que parte da sociedade brasileira gosta de tal perfil autoritário e/ou com a pecha de “eficiente” em figuras políticas. Dado o cansaço com nomes tradicionais, é de se esperar não só no Rio, mas também em outros lugares, uma enxurrada de apostas em nomes novos e, no caso de Bernardinho, que faz palestras motivacionais para executivos, uma novidade conhecida de outra área e com verniz de campeão. Vai ser, no mínimo curioso.

Cabral mede o tamanho do tombo
Ninguém reina no Rio

A queda de Sérgio Cabral nas pesquisas é motivada por uma série de deméritos dele próprio e de sua equipe, contrastando com o perfil de poderoso cabo eleitoral em 2012 e até postulante a candidato a vice-presidente da República na chapa de Dilma Rousseff em 2014. Uma derrocada rápida, com alguns danos certamente irreversíveis.

Mas é uma característica da política fluminense, nesse período em que a eleição para governador voltou a ser por voto direto, a rotatividade de partidos no Palácio da Guanabara. Em 1982, Leonel Brizola (PDT) surpreendeu ao derrotar Moreira Franco (então no PDS). Quatro anos mais tarde, o próprio Franco, no PMDB, surfou na popularidade do Plano Cruzado de Sarney e derrotou o candidato brizolista Darcy Ribeiro.

Em 1990, já com eleição em dois turnos, Brizola não precisou do segundo para retornar com 61% dos votos, deixando o peemedebista Nelson Carneiro em um distante terceiro lugar. Porém, na eleição seguinte, o governador viu seu candidato, Anthony Garotinho, ser derrotado pelo tucano Marcelo Alencar no segundo turno. Garotinho, ainda no PDT, venceria em 1998, tendo como vice Benedita da Silva (PT) e derrotando César Maia (PFL) no turno final.

Benedita assumiu o governo com a saída do titular, que vai para a disputa da presidência da República e emplaca sua esposa, Rosinha Garotinho (PSB), em 2002, com vitória no primeiro turno. Já em 2006, Sérgio Cabral vence Denise Frossard (PPS) com vantagem de 68% a 32% no segundo turno, se reelegendo em 2010 com 66,08%.

Com tal cacife eleitoral, muitos davam como barbada a eleição do seu vice em 2014, o que seria algo inédito nesse Rio que não permite que o mesmo grupo político fique mais de dois mandatos seguidos à frente do estado e que, só no período aqui analisado, teve no Palácio o PDT, o PMDB, o PSDB, o PSB e o PT (este, por “herança” do titular). Tendo como parâmetro São Paulo, por exemplo, vê-se a diferença. De 1982 a 1990, todos os governadores paulistas foram do PMDB e, de 1994 até hoje, todos foram do PSDB. Se levarmos em conta que o governador eleito em 1994 e 1998, Mario Covas, foi nomeado prefeito de São Paulo por Franco Montoro e José Serra, eleito em 2006, foi secretário do mesmo Montoro (um dos fundadores do PSDB), a sensação de continuidade fica ainda maior...

Brizola e Garotinho: outros tempos
Outro ponto interessante da política fluminense é o fato de, apesar de nunca ter conseguido hegemonia, Leonel Brizola ter alavancado parte das figuras que passaram pelo Palácio do Guanabara e/ou que ainda estão na corrida pelo governo em 2014. Marcelo Alencar, que se elegeu pelo PSDB em 1994, foi presidente do extinto Banerj no primeiro governo pedetista e se elegeu prefeito do Rio em 1988, pelo partido. Garotinho, atualmente no PR, foi outra figura que se ergueu no brizolismo, tendo saído do partido em 2000 e migrado para o PSB. Já César Maia começou sua militância no Partidão (PCB), mas filia-se ao PDT em 1981 e torna-se secretário da Fazenda no primeiro governo Brizola, além de ter ocupado a presidência do Banerj, assim como Alencar. Após eleger-se deputado duas vezes pelo partido, vai para o PMDB em 1991, elegendo-se prefeito da capital um ano depois.

Mesmo com influência tal capaz de alavancar figuras de expressão que estão no cenário político até hoje, Brizola, em suas duas últimas eleições, foi coadjuvante. Na disputa pela prefeitura do Rio, em 2000, ficou em quarto lugar com 9,1% e, na eleição para senador em 2002, terminou em sexto, com 8,23%.