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sexta-feira, setembro 06, 2013

O homem que colocou o São Paulo entre os grandes

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Na década de 1940, Leônidas veio do Rio para transformar o São Paulo em 'Máquina'
Há exatos 100 anos nascia, no Rio de Janeiro, Leônidas da Silva. Muito já está sendo dito sobre esse lendário atleta, considerado "o Pelé dos anos 1930 e 1940", sensação da primeira seleção brasileira que encantou o mundo e aglutinou a torcida em nosso país, na Copa de 1938. Naquela época, foi o primeiro jogador de futebol a tornar-se uma das figuras mais populares do Brasil, ao lado do "cantor das multidões" Orlando Silva e do presidente Getúlio Vargas. Leônidas tinha fã-clube e era amigo de artistas e intelectuais. Em 1932, ao conquistar a Copa Rio Branco pela seleção brasileira em pleno Uruguai, ganhou o apelido de "Diamante Negro", que alugaria para uma marca de chocolate. No mundial da França, em 1938, ganhou outro apelido célebre, "O homem de borracha", pelos seus lances plásticos. Apesar de não ter inventado a jogada conhecida como bicicleta, foi ele quem a imortalizou, fazendo muitos gols assim.

A Segunda Guerra Mundial foi a principal vilã de Leônidas da Silva, pois naquele período deixaram de ser disputadas duas Copas do Mundo, em 1942 e 1946. Justamente o período em que o atacante, maduro e cerebral, colocou o São Paulo Futebol Clube entre os grandes clubes brasileiros. Sim, porque, antes de contratar Leônidas, em 1942, o clube, refundado em dezembro de 1935, não havia ganho nada. Para se ter uma ideia, o time terminou a primeira competição que disputou após a refundação, o Campeonato Paulista de 1936, em 8º lugar, e, no ano seguinte, ficou em 7º. Ou seja, o jovem São Paulo era um "saco de pancadas", muito abaixo de Corinthians, Palmeiras e Santos e atrás também de Portuguesa e Juventus. Não tinha estádio, campo para treinamento e nem local para concentração. Seus atletas, nessa época, eram semi-amadores. Sua ascensão começou quando fundiu-se com o Estudantes, da Mooca, no fim de 1938.

Gijo, Bauer, Noronha, Rui, Turcão, Sastre, Piolim, Leônidas, Teixeirinha, Luizinho e Remo
Mas a "maioridade" definitiva do Tricolor viria quatro anos depois, com a contratação de Leônidas. Foi chamado de "bonde", ou seja, péssima contratação, por ter custado assombrosos 200 contos de réis (o equivalente, mais ou menos, a R$ 196 mil hoje) e estar fora de forma, aos 29 anos. Tinha saído pela porta dos fundos do Flamengo, ao passar meses preso por estelionato, acusado de adulterar o certificado militar. Paulo Machado de Carvalho, dono da Rádio Record e dirigente do São Paulo, resolveu bancar a aposta no "veterano" craque carioca. E acertou na mosca: em nove temporadas, entre 1942 e 1950, Leônidas comandou a conquista de nada menos que cinco títulos paulistas (1943, 1945, 1946, 1948 e 1949), marcou 142 gols e venceu 136 das 210 partidas que disputou pelo clube. De time pequeno/médio, o São Paulo emparelhou com Corinthians, Palmeiras e Santos e multiplicou em muito a sua torcida.

Naquele final da década de 1940, os melhores times do Brasil eram o Vasco, chamado de "Expresso da Vitória", base da seleção brasileira na Copa de 1950 com Barbosa, Augusto, Danilo, Ademir, Chico, Maneca, Ely e Alfredo (mais o técnico Flávio Costa), o Internacional de Porto Alegre, conhecido como "Rolo Compressor", com Alfeu, Nena, Tesourinha, Russinho e Carlitos, e o São Paulo, a "Máquina Tricolor", de goleadas como 12 x 1 no Jabaquara e 10 x 0 no Guarani, com Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Teixeirinha no ataque e Bauer-Rui-Noronha na retaguarda. Infelizmente, o bairrismo fez com que apenas Bauer disputasse a (trágica) Copa de 1950 como titular. Aposentado, Leônidas foi técnico do São Paulo no início dos anos 1950 e, depois, comentarista esportivo. Morreu em 2004, aos 90 anos e sofrendo há muito do Mal de Alzheimer. Mas estará para sempre no coração dos - agradecidos - sãopaulinos.

Para marcar o centenário do craque, os jogadores do São Paulo entraram em campo com uma camisa "retrô" ontem, contra o Criciúma, e voltarão a usá-la amanhã, contra o Coritiba. Pena que a equipe atual não faça, nem de longe, justiça ao esquadrão dos anos 1940...

Leônidas (anos 30 e 40), Pelé (anos 50, 60 e 70) e Friedenreich (anos 10 e 20): GÊNIOS

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