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sexta-feira, agosto 02, 2013

Oh Captain! My Captain!

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Profissionalismo, coerência e colocações pertinentes e inteligentes. A gente vê... onde mesmo?


Corrupção do PSDB, saia justa e ginástica dos jornais

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Capa que expôs o PSDB nas bancas do país
Como as acusações de corrupção e outras irregularidades contra os governos estaduais do PSDB em São Paulo estão repercutindo até lá na Alemanha, a "grande" imprensa brasileira bem que hesitou, mas não teve como esconder o megaescândalo de seus adorados tucanos. A revista IstoÉ foi a primeira a dar destaque como matéria de capa (leia aqui), resumindo que "em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos, a empresa [Siemens] revelou como ela e outras companhias se articularam na formação de cartéis para avançar sobre licitações públicas na área de transporte sobre trilhos" e que isso "lançou luz sobre um milionário propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do PSDB em São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos".

Em resumo, segundo a publicação, "desde que foram feitas as primeiras investigações, tanto na Europa quanto no Brasil, as empresas envolvidas continuaram a vencer licitações e a assinar contratos com o governo do PSDB em São Paulo. O Ministério Público da Suíça identificou pagamentos a personagens relacionados ao PSDB realizados pela francesa Alstom – que compete com a Siemens na área de maquinários de transporte e energia – em contrapartida a contratos obtidos. Somente o Ministério Público de São Paulo abriu 15 inquéritos sobre o tema." Com base nos inquéritos, a revista observou ainda que "só em contratos com os governos comandados pelo PSDB em São Paulo, duas importantes integrantes do cartel apurado pelo Cade, Siemens e Alstom, faturaram juntas até 2008 R$ 12,6 bilhões."

Sem saída, os jornalões, tradicionalmente preocupados em poupar os peessedebistas (vide silêncio orquestrado e constrangedor no episódio Privataria Tucana), se viram na saia justa de também ter que noticiar o escândalo internacional. Mas, claro, fazendo ginásticas para amenizar ou evitar dar nome aos bois - ou ao partido envolvido. O Estadão deu uma primeira materinha (leia a versão online aqui) citando o PSDB somente na última frase do pé do texto. E, até hoje, a versão impressa do jornal dos Mesquita não deu manchete de capa sobre o assunto. Já a Folha, da família Frias, noticiou pela primeira vez de forma ainda mais generosa (leia aqui), sem citar uma única vez nem o PSDB nem Covas, Serra ou Alckmin. Hoje, dez dias após a publicação gritante da IstoÉ, cuja capa expôs o "tucanato paulista" nas bancas de todo o país, a Folha de S.Paulo se dignou a dar uma manchete sobre o caso.

'Mensalão mineiro': saída para 'do PSDB'
Porém, a notícia bombástica de que a "multinacional alemã Siemens apresentou às autoridades brasileiras documentos nos quais afirma que o governo de São Paulo soube e deu aval à formação de um cartel para licitações de obras do metrô no Estado" (acesse a versão online aqui) aparece na capa da Folha sob a manchete "Governo paulista deu aval a cartel do metrô, diz Siemens" (o grifo é nosso). Ou seja, o mesmo expediente de quando se veem obrigados a noticiar o Mensalão do PSDB, como já observou o Glauco aqui nesse post: escondem o nome do partido e usam "mensalão mineiro" nos títulos e manchetes - como exemplo, clique aqui para ver materinha sobre mais esse assunto espinhoso ao PSDB publicada pela mesma Folha de S.Paulo. Aliás, a artimanha "mensalão mineiro" já foi utilizada em uma capa da mesma revista IstoÉ que agora decidiu escancarar os termos explícitos "propinoduto do tucanato" e expor as caras de Covas, Serra e Alckmin nas bancas (certa música dos Titãs comentaria: "Alguma coisa aconteceu/ Inevitável, acidente...").

É óbvio que, se o partido fosse outro, a manchete diria que o aval para o cartel teria sido dado pelo "governo do PT", "governo petista", "governo Lula", "governo Dilma" etc. Como eu já disse aqui, é dessa forma que se constroem "bandidos" e "mocinhos" para o público consumidor de informações. Ou, como já dizia Malcom X, "se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas - e amar as pessoas que estão oprimindo." E é curioso como essa frase se aplica perfeitamente à notícia publicada ontem pelo Estadão: "Alckmin rebate críticas de Dilma e cobra investimentos federais em metrô"...

Só no 'Dia de São Nunca' essa manchete diria 'Governo DO PSDB deu aval a cartel...'

PÓS SCRITPTUM - Tava demorando: a mesma Folha de S.Paulo, agora, já cumpre o habitual papel de "assessoria de imprensa" tucana e, impossibilitada de rotular o caso de "trololó petista", denuncia que o megaescândalo envolvendo o PSDB (farto de provas no Brasil e no exterior) não passa, na verdade, de um "trololó Cadista"...

Os jornalões nunca dizem que tem alguém querendo 'prejudicar' quando o rolo é do PT

quinta-feira, agosto 01, 2013

Tudo é desculpa pra beber...

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A Suprema Corte da Itália confirmou sentença de quatro anos de prisão para o ex-primeiro-ministro e atual senador Silvio Berlusconi (que também atende por ex-sogro do Alexandre Pato), condenado por fraude fiscal no caso Midiaset. É a primeira vez que Berlusconi é condenado de forma definitiva - mas não deve cumprir pena em cadeia, por conta de sua idade, 76 anos. Mesmo assim, a italianada aproveitou a sentença pra entortar o caneco. na foto abaixo, da AFP, um manguaça romano bebe champanhe em frente ao Palácio da Justiça, para celebrar a condenação. Ou celebrar seja lá o que for! Ma che!


'Vada a bordo, cazzo!' OU 'Não quero nem saber se dá cadeia, eu quero é grappa!'

14º jogo sem vitória e 6º sem marcar. Com um frangaço.

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Boateng chuta e Denis leva por baixo das pernas: 'vexaminho' (Foto: AP)
Outro dia publiquei aqui que a probabilidade de o São Paulo passar vexames internacionais nessa excursão à Europa e à Ásia era "mais do que plausível". Bem, na tal Copa Audi, na Alemanha, primeiro compromisso da agenda no exterior, o Tricolor escapou de ser goleado -  foram duas (mais do que previsíveis) derrotas para Bayern de Munique (2 x 0) e Milan (1 x 0). Mas perdeu um pênalti no primeiro jogo (Rogério Ceni), levou um frangaço no segundo (Denis), não conseguiu marcar um golzinho sequer nessas partidas amistosas e terminou o torneio em último lugar. Podemos dizer, portanto, que foi no mínimo um "vexaminho". Mas calma lá, sãopaulino, ainda não é hora de suspirar aliviado: tem o Benfica em Portugal, no sábado, e o Kashima Antlers no Japão, quarta-feira. Que o Senhor tenha piedade de nós!

Para complicar, Paulo Miranda saiu de campo com uma lesão na coxa contra o Bayern - que foi o campeão da Copa Audi, batendo o Manchester City por 2 x 1 na decisão - e voltou mais cedo ao Brasil. Vai se juntar, no Departamento Médico, a Clemente Rodríguez, Luís Fabiano e Denílson. Mirando o Campeonato Brasileiro, o técnico Paulo Autuori deve mandar mais jogadores pra casa antes de seguir para Portugal, cumprindo o restante da (inoportuna) excursão com um catadão de reservas e novatos. O time tenta construir uma retranca de futebol interiorano mas não consegue parar de tomar gols. E pior: cortou a ligação com o meio de campo e secou a produção lá na frente: já são seis jogos sem fazer gols (e 14 sem vitória). Quando o São Paulo voltar ao Brasil, para enfrentar a Portuguesa, concorrente direta na zona do rebaixamento, o "time" estará exausto pelas viagens e não terá treinado quase nada. E encontrará a outra parte dos atletas - que ficou longe do técnico, sem ritmo de jogo, sem treino tático e técnico, sem entrosamento, com alguns baqueados, saindo do estaleiro e fora de forma. Provavelmente, a equipe, que tem dois jogos a mais que muitos dos outros clubes do Brasileirão, poderá estar na última colocação. Em crise, pressionada, esfacelada, desentrosada, abatida psicologicamente e sem qualquer opção - tanto entre os titulares quanto entre os reservas. 

Assim, Juvenal (Eterno!) Juvêncio desce mais alguns passos em direção ao inédito rebaixamento para a Série B do Brasileirão e à indiscutível pecha de pior dirigente do São Paulo em todos os tempos - como Alberto Dualib e Mustafá Contursi foram, respectivamente, para os rivais Corinthians e Palmeiras. E a torcida, que não tem responsabilidade alguma pela sua gestão e já amarga perplexa essa sequência medíocre e inacreditável do time, terá que aguentar calada a impiedosa gozação dos rivais. Fazer o que? Vai, São Paulo! Vai pra Portugal, perder para o Benfica, e para o Japão, perder pro Kashima! Na volta tem a Portuguesa...


Corinthians bate o Grêmio sem jogar grandes coisas

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Jogo meio sem graça, mas ganhar é bom (Tom Dib/LANCE!Press)
O que mudou no Corinthians entre o OxO sem graça contra o São Paulo e o sólido placar de 2 a 0 contra o Grêmio, ambos no Pacaembu? Fora os gols, nada. O time continuou marcando bem e pressionando o adversário boa parte do tempo. E também manteve a parte ruim: criou poucas chances de gol, com um meio campo sem criatividade.

Aos diferenciais: o primeiro saiu no fim do primeiro tempo, com Sheik pegando rebote de Dida após finalização de Guerrero; o segundo lá pelos 30 do segundo tempo, em escanteio que Paulo André cabeceou para o chão, a zaga do Grêmio desviou e Pato resvalou na bola já dentro do gol só para roubar, injustamente, a autoria do zagueiro.

Nessa altura, o Grêmio ficava mais com a bola e rondava a área alvinegra numa pressão que a marcação paulista transformava naquelas sem perigo, se não fossem umas duas ou três espanadas de Cássio que tomou uma canjibrina antes de entrar no jogo.

Tite repetiu as mesmas escolhas do clássico: entrou com Danilo pelo meio, Sheik aberto de um lado e Romarinho do outro. Funcionava no começo do ano, mas o time tinha Paulinho que conseguia desafogar o meio-campo. Agora, a armação trava e os jogadores ficam muito distantes para realizar com efetividade a marcação que o notabilizou.

No segundo tempo, mais uma vez escolhas semelhantes: trocou os três atacantes por Pato, Renato Augusto e Douglas. O time melhorou, com mais movimentação e posse de bola. Mas isso não teve nada a ver com o gol, diga-se.

Na minha cabeça, Pato e Renato Augusto têm que jogar. Sheik vem em boa fase então deixa ele lá. O raciocínio inverso vale para Guerrero, que não guarda uma faz tempo - nada contra, mas poderia perder a posição para Pato. Nessa, dançaria Romarinho, deixando o time com dois meias (Renato e Danilo) e dois atacante (Sheik e Pato). Teria mais cadência, mais movimentação, mais passes certos. Sei lá, parece uma ideia.


E falando em reservas que bem que podiam ser titulares, o garoto Igor, de 19 anos, jogou bem mais bola que Fábio Santos na lateral-esquerda. Espero que não inventem de vender o rapaz antes de virar titular.

quarta-feira, julho 31, 2013

Não é futebol, não é política, não é cachaça...

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...e juro POR DEUS que não fui eu:


13º jogo sem vitória e 5º sem marcar. Nem com pênalti sai gol...

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A derrota do São Paulo para o Bayern de Munique nem chega a ser uma notícia digna de muita atenção. Só se o time brasileiro vencesse o campeão europeu é que se configuraria a situação na qual, em jornalismo, chamamos de "o homem morder o cachorro". A diferença de qualidade entre os dois times já seria abissal mesmo que o São Paulo não estivesse vivendo uma das piores crises de toda a sua história e o elenco não tivesse gasto 17 longas horas de voo até a Alemanha, com menos de 24 horas para descansar, treinar e jogar. O placar de 2 a 0 para o time de Pep Guardiola até que foi camarada, em vista da péssima fase do clube paulista. O que espanta agora é que, embora tenha interrompido a sequência de oito derrotas seguidas no empate contra o Corinthians pelo Brasileirão, no último domingo, o São Paulo não consegue mais vazar o gol dos adversários: já são cinco partidas sem marcar.

E o Bayern, talvez por cortesia (ou dó), até tentou ajudar, cometendo um pênalti bobo no fim do confronto válido pela Copa Audi. Só que Rogério Ceni foi lá cobrar e... o goleiro Neuer defendeu. Esse lance confirma uma impressão folclórica e duas explícitas: 1) Quando a fase é ruim, tudo dá errado; 2) O São Paulo, depois de tomar um gol, não consegue reagir; 3) O estado emocional e psicológico do time paulista vai de mal à pior, atrapalhando qualquer tipo de reação que se tente.

Amanhã vamos perder do Milan. Normal. Dos males, o menor: imaginem se um milagre tivesse acontecido contra o Bayern e o São Paulo tivesse passado para a decisão para jogar contra o Manchester City, que goleou os milaneses por 5 a 3! Deus, ou melhor, São Paulo estava lá em cima nos poupando de vexame... Tomara, pelo menos, que o São Paulo consiga um golzinho contra o Milan.



Fumei mas não traguei - Parte 2

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"Não dei a ordem [para invadir], mas se estivesse no meu gabinete, com as informações que eu recebi, eu daria a ordem." - Luiz Antonio Fleury Filho, ex-governador de São Paulo, sobre a invasão da Polícia Militar ao Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, em outubro de 1992, na qual 111 presos foram mortos.

terça-feira, julho 30, 2013

'Uma grande transformação social'

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"Para mim, está havendo, sim, uma grande transformação social no Brasil. É meio invisível, pois a maior parte das pessoas não sabe. Mas essa transformação está acontecendo e é muito encorajadora. Muitos dizem que ela só será percebida dentro de dez ou 15 anos. Eu acho que não vai demorar tanto."
Paul Singer: 'Transformação encorajadora'
Foi assim que o economista Paul Singer encerrou uma pequena entrevista que fiz com ele no dia 27 de março de 2009,  durante o seminário “Alternativas à crise: por uma economia social e ecologicamente responsável”, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo (clique aqui para ler a íntegra). Na época, discutia-se a probabilidade de a crise econômica mundial - que já assolava Estados Unidos, Europa e Ásia - chegar ao Brasil com o mesmo poder de devastação, o que não ocorreu. Singer vaticinava que o fato de o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) ter sido lançado dois anos antes de a crise arrebentar e de 50% dos bancos brasileiros serem públicos eram os principais fatores de proteção ao nosso país. Também presente àquele evento na PUC, Plínio de Arruda Sampaio (PSol) previa para curto prazo a pior das catástrofes econômicas para o Brasil e enfatizava que aqui não estava ocorrendo transformação social. A afirmação de Paul Singer, reproduzida acima, foi uma resposta ao psolista.

Pois bem, passados quatro anos daquela entrevista, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulga que, no Brasil, o número de cidades com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) muito baixo - a parte vermelha dos mapas abaixo - caiu de 2.328 para apenas 32, entre 2000 e 2010. Trata-se de uma redução de 98,6% (NOVENTA E OITO POR CENTO). O IDHM é um índice composto por três indicadores de desenvolvimento humano: vida longa e saudável (longevidade), acesso ao conhecimento (educação) e padrão de vida (renda). As faixas classificatórias são: "muito baixo" (0 a 0,499); "baixo" (0,500 a 0,599); "médio" (0,600 a 0,699); "alto" (0,700 a 0,799) e "muito alto" (0,800 a 1). Atualmente, segundo o Pnud, 74% das cidades brasileiros estão nas faixas de “médio” e “alto desenvolvimento” - as faixas verde e amarela nos mapas abaixo.

Número de cidades brasileira com baixo IDHM caiu de 2.328 para 32 em apenas dez anos

Diante de resultado tão extraordinário (e incontestável), é preciso fazer algumas observações. A primeira é que, sim, o período abarca três anos de governo Fernando Henrique Cardoso (2000, 2001 e 2002) e oito de governo Lula (2003 a 2010). Mas os principais resultados no combate contra a pobreza e a queda na desigualdade social aconteceram, indiscutivelmente, a partir de 2003, quando o governo federal implantou incisivos programas sociais. No governo Lula, segundo o  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de pobres caiu de 30,4 milhões em 2003 para 17 milhões no ano de 2009 - ou seja: pobreza caiu quase que pela metade em cinco anos. E o programa Bolsa Família teria contribuído com 20% para essa performance, segundo Ricardo Paes de Barros, técnico do Ipea, em entrevista ao jornal Valor Econômico em dezembro de 2010 (leia a íntegra aqui). Vale observar que estamos tratando apenas de levantamentos e análises até 2010, sem contar os dois anos e meio do governo de Dilma Rousseff - o que nos permite estimar que, por menos que tenha sido, os índices devem ter melhorado ainda mais.

Aqui nesse post, faço questão de recuperar a declaração de Paul Singer (feita em um evento, repito, em que diziam que a crise econômica iria asssolar o país) e os dados divulgados agora pelo Pnud para deixar registrado como contraste ao discurso raivoso daqueles que insistem em dizer que "tudo vai mal no Brasil", "nunca estivemos em situação tão ruim" ou "o governo que está aí não mudou nada". Me desculpem, mas isso ou é muita cegueira ou é muita desinformação ou é muito mau caratismo. É óbvio que precisamos melhorar e mudar milhões de coisas neste país, sempre, pois a luta é contínua. Mas, para mim, assim como para o Paul Singer, existe, sim, uma grande (ou enorme) transformação social no Brasil. Contra tudo e contra todos.

segunda-feira, julho 29, 2013

12º jogo sem vitória, mas Paulo Autuori surpreende positivamente - dentro e fora de campo

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Miranda: limitado, mas joga sério (Foto: F.Borges/Terra)
Sim, foi um clássico sem gols e sem muitos atrativos contra o Corinthians, no Pacaembu, mas o São Paulo mira, enfim, uma luz no fim do túnel. Não falo sobre a situação no Campeonato Brasileiro, que é péssima: o empate selou a permanência na zona da degola e, com dois jogos a mais do que a maioria dos 19 concorrentes, a possibilidade de voltar da excursão à Europa e à Ásia na última colocação é bem plausível. Fora isso, já são 12 jogos sem vitória. Porém, mais do que o alívio por não ter sido derrotado mais uma vez, há dois aspectos muito positivos sobre o trabalho de Paulo Autuori neste jogo contra o Corinthians. Dentro e fora de campo.

Dentro das quatro linhas, o técnico conseguiu, enfim, esboçar uma estratégia de emergência: três volantes e dois zagueiros muito bem postados - afinal, o time não tem laterais decentes (o que, em todas as derrotas, representou verdadeiras "avenidas" para os gols dos adversários). A decisão de efetivar Paulo Miranda na zaga é claramente acertada. Sim, ele é limitado, mas muito esforçado. Joga de forma mediana, mas joga sério. E mostra vontade, o que é mais importante. Dessa forma, representa para o sistema defensivo, neste momento, o que Aloísio representa para o ataque: determinação, garra, vontade de mostrar serviço.

Fabrício, como volante, também foi elogiado. Está sem ritmo de jogo, é visível, mas parece ter obediência tática - mais do que Denílson ou Wellington. Não é o ideal, mas o São Paulo não vive um momento para trabalhar com o ideal, e sim com o possível. A estratégia, repito, é de emergência. Nesta proposta, assim como Paulo Miranda, o ex-cruzeirense pode, sim, fixar-se como titular. Porque, daqui até o final do campeonato, o que o time precisa fazer, diante de suas (imensas) limitações e lacunas, é mesmo se fechar na retranca e dar o bote no contra-ataque. É estratégia de zona de rebaixamento, é realidade de time que só está apanhando.

Autuori matou a 'cobra criada' Lúcio (Foto: reprodução)
Por isso, essa opção tática e técnica de Paulo Autuori já me parecia meio óbvia, mas me surpreendeu porque ele conseguiu, em meio ao caos generalizado e aos seguidos nocautes, implantá-la no jogo contra o Corinthians. E isso só foi possível pelo o que o treinador fez de mais surpreendente, fora de campo: mandou a diretoria se livrar de Lúcio e barrou Paulo Henrique Ganso. PERFEITO! Várias e várias vezes repeti aqui um comentário muito procedente do camarada Glauco, de que um dos maiores problemas do São Paulo era ter "cobras criadas" como Rogério Ceni, Luís Fabiano e Lúcio. Ninguém vai conseguir se livrar dos três. Mas um, pelo menos, tinha que sair.

Luís Fabiano pipocou visivelmente nesta temporada e só não saiu do clube porque, na verdade, não apareceu ninguém interessado. Agora, inventou uma contusão (novamente!) e está quietinho, na dele. Não é obstáculo para o treinador. Rogério Ceni, em sua última temporada, não irá para o banco. Mas também não tem falhado grotescamente nem arrumado confusão. Lúcio, sim. Era indisciplinado, afrontava os técnicos, e, mais do que Tolói (que é lento, pesado e sem tempo de bola), foi o maior responsável por vários gols sofridos. Bingo: Autuori só precisou da falha de Lúcio no gol que selou a derrota para o Internacional para convencer a diretoria a se livrar dele. Excelente! A luz foi acesa no fim do túnel.

E, pelo o que parece, Ganso também saiu do time titular. Mais do que justo. Outro dia eu conversava com o Glauco e concordamos que o que mais assusta em relação ao jovem talento revelado na Vila Belmiro é o aparente "medo" que ele vem demonstrando de jogar bola, desde que começou a se contundir. Ele só toca de lado ou para trás, de primeira, como quem quer se livrar logo do lance. E seu posicionamento atrapalha todo mundo, os volantes, o meia, os laterais, a zaga. Com ele, o São Paulo joga com dez. Sim, é triste, pois o cabra, sem dúvidas, FOI um grande talento. Hoje, no time titular, sua presença é dispensável.

O resumo da ópera, portanto, é que Autuori cansou de apanhar e decidiu reagir, à sua maneira. São decisões radicais: não é qualquer um que manda embora um zagueiro que venceu vários títulos com a seleção brasileira, incluindo uma Copa do Mundo, e encosta um jovem meia talentoso que encantou o país e custou R$ 24 milhões aos cofres sãopaulinos. Precisa coragem pra fazer isso. Autuori sabe que, neste momento, o São Paulo não está na posição de "grande clube" que, além de vencer, precisa convencer (jogando bonito). Não, longe disso. O São Paulo, hoje, é um time limitado que precisa sair da zona da degola. Na retranca, no jogo feio, na bola parada. Agora, finalmente, temos um foco, uma postura e uma estratégia. Sem "cobras criadas", sem os inúteis que só jogam com o nome. Autuori sabe o que faz.


EM TEMPO

1 - O banimento de Lúcio também tem relação direta com a saída de Adalberto Baptista do cargo de diretor de futebol. A péssima fase do time, as contratações equivocadas de atletas e técnicos e, por fim, como "cereja" do bolo, as críticas públicas que fez ao goleiro Rogério Ceni, expondo os jogadores em plena crise, tornaram sua posição insustentável. Baptista entregou o cargo na quinta-feira (25/07). Como foi ele quem bancou a contratação de Lúcio, como uma espécie de resposta por não ter se interessado em repatriar Lugano, a situação do ex-capitão da seleção brasileira também se complicou sem volta. Seu contrato, que iria até 2015, deve ser rescindido e o atleta será oferecido a um clube árabe.

2 - Para o lugar de Adalberto Baptista, o São Paulo, enfim, admitiu que pretende contratar um profissional remunerado para a direção de futebol. Os ex-jogadores Pintado, que fez um bom trabalho no Penapolense, e Ronaldão, que há anos trabalha na diretoria da Ponte Preta, são os mais cotados para assumir a função.

3 - Juan, o pior lateral-esquerdo da história do São Paulo, vive um inédito segundo "exílio" no clube. Pelo o que consta, a diretoria tentou mandá-lo para a Portuguesa (para onde foi Cañete), em troca do lateral-direito Luis Ricardo, que também interessa ao Palmeiras. Juan não quis. Agora, o Tricolor vai oferecer o também lateral-direito Caramelo, que, assim como Juan, não foi relacionado para a excursão ao exterior. Wellington e Paulo Miranda, que quase foram negociados, jogaram contra o Corinthians, estão na excursão e devem permanecer no clube.