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sábado, setembro 28, 2013

O fim de Breaking Bad. E por que ele não é apenas mais um enlatado americano

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Bryan Cranston como Walter White no piloto de Breaking Bad (AMC)
“Tecnicamente, a Química é o estudo da matéria, mas prefiro vê-la como o estudo da mudança. Os elétrons mudam seus níveis de energia. Moléculas mudam suas ligações. Elementos se combinam e se transformam em compostos. Mas isso é tudo na vida, certo? É a constante, é o ciclo. É solução, dissolução, infinitamente. É o crescimento, então, a decadência, depois, a transformação. É fascinante, realmente."

A fala acima é de Walter White, protagonista de Breaking Bad vivido pelo ator Bryan Cranston, no episódio piloto da trama. Na cena, ele diz a seus pouco interessados alunos o que entende pela disciplina que ensina, a Química. Mas também é a senha de como vai se estruturar o seriado que se tornou, de acordo com o Guiness Book, o mais aclamado pela crítica em todos os tempos, tendo seu capítulo final exibido no domingo (29) pela AMC, nos Estados Unidos. São inúmeros os elementos que fazem da série algo que vai muito além da produção ordinária de enlatados, desde a utilização de antigas receitas cinematográficas até sua interação com novas tecnologias, em sua produção e divulgação.

A premissa da história é aparentemente simples: White, ao ser diagnosticado com um câncer terminal, passa a produzir metanfetamina para deixar uma situação financeira confortável para sua esposa, grávida, e seu filho, que tem paralisia cerebral. E a partir daí se desenrola uma história na qual os principais personagens se transformam diante das circunstâncias, em especial o antes pacato professor de Química.

Em maio deste ano, Bernardo Bertolucci, diretor de filmes como O último tango em Paris e O último imperador, se confessou entristecido com a atual produção hollywoodiana, mas fez uma ressalva. “Minha geração teve um caso com a cultura norte-americana, sem dúvida. Um poste de rua e um hidrante de incêndio me fizeram cantar na chuva. Mas os filmes norte-americanos dos quais gosto atualmente não vêm dos estúdios de Hollywood, e sim das séries de TV, como Mad men, Breaking Bad, The Americans”.

Hoje, um seriado como Breaking Bad justifica plenamente o que muitos entendem ser a Era de Ouro da TV dos EUA. Afinal, ali pode-se contemplar uma ousadia estética e narrativa ausente nas películas de Hollywood, partindo do tema que seria impróprio para a televisão – a produção e a venda de uma droga sintética de efeitos poderosos – até a composição dos personagens. Não há o dualismo entre bem e mal exposto de forma evidente e simplista, mas uma zona cinzenta que faz com que todas as figuras principais da trama, em algum ou muitos momentos, ultrapassem o limite ético em prol de algo que consideram um valor superior, ainda que nem sempre a justificativa seja, de fato, real.

Não é possível assistir os capítulos da trajetória de Walter White de forma independente, como se faz, por exemplo, ao assistir House ou uma sitcom como Friends ou Seinfeld. Como lembra esse ótimo post, a série deve ao bem sucedido Família Soprano, produzido em 1999, uma estrutura formal que amarra cada episódio no seguinte, contando ainda com flashbacks e flahsfowards fundamentais na narração. E essa intimidade criada com a interação entre o espectador e cada protagonista é responsável pelos sentimentos distintos despertados a cada cena, sempre com um elemento em comum: a permanente tensão que pode ser expressada tanto em uma sequência de ação como em um diálogo ou mesmo em um silêncio estendido de um personagem. Nesse aspecto, por exemplo, seria cruel a comparação de qualquer episódio com um filme como Argo, vencedor do Oscar de 2013.

Com uma narrativa e personagens bem construídos, é possível realizar variações e experimentações, com um episódio lembrando Tarantino e outro remetendo a Coppola, por exemplo. Também por conta disso, mas não só, o seriado é capaz de atingir públicos de preferências distintas, desde aqueles que querem ficar nas primeiras camadas, focando mais a ação, passando por quem se envolve com o aprofundamento das transformações dos personagens e seus significados. Isso sem contar os fanáticos que descobrem (e às vezes inventam) referências em objetos de cena e outras pistas colocadas ao longo da narrativa, como enquadramentos que se repetem de forma proposital em situações diversas e cacos nas falas dos protagonistas.

O criador da série, Vince Gilligan, também chama a atenção para outro ponto relacionado ao sucesso de Breaking Bad: a internet e as redes sociais. A estreia dos episódios da segunda metade da última temporada atingiu o pico de 12 mil tuítes por minuto. "Nós ganhamos muita audiência no boca a boca. As pessoas assistiam, gostavam e contavam para seus amigos. Não fossem esses serviços, ou mesmo a pirataria, sendo honesto, ninguém teria paciência de esperar reprises na TV", avalia Gilligan.

Protagonistas da saga Breaking Bad: Mike (Jonathan Banks), Saul Goodman (Bob Odenkirk), Jesse Pinkman (Aaron Paul), Walter White (Bryan Cranston), Marie Schrader (Betsy Brandt), Hank Schrader (Dean Norris), Skyler White (Anna Gunn) e Walter White Jr. (RJ Mitte). Foto por Frank Ockenfels/AMC


Por trás de Walter White  

O texto tem spoilers a partir daqui.

No piloto da série, Walter White é apresentado como alguém tendo uma vida medíocre e a empolgação que tem pelo seu ofício, demonstrada na fala citada no início desse texto, contrasta com o desinteresse de seus alunos, evidenciada pela afronta de um deles que o encontra em seu segundo emprego, um lava-rápido. Ali, ele também é humilhado pelo seu patrão, que o desloca de sua função de caixa para limpar carros. Em seu aniversário de 50 anos, é ofuscado pelo seu cunhado Hank Schrader (Dean Norris), um agente do departamento de narcóticos que se gaba de uma apreensão de metanfetamina, conseguindo espaço em uma reportagem de TV.

(Foto Ursula Coyote/AMC)
Ali, o espectador já criou a empatia com o protagonista e a descoberta de seu câncer terminal lhe dá uma espécie de licença para poder encarar o mundo de outra forma, passando a enfrentar situações das quais fugia anteriormente e ingressando na produção de metanfetamina. Mas a fórmula fácil de cumplicidade com o personagem vai se esvaindo à medida que White ascende dentro do narcotráfico, desenvolvendo um alter ego, Heisenberg, como fica conhecido o produtor da metanfetamina mais pura do Novo México. A prática de atos abomináveis se torna uma constante, mesmo em relação a seu parceiro, Jesse Pinkman, vivido por Aaron Paul. Novamente, reina a dubiedade. Apesar de ser capaz de arriscar a própria vida pelo pupilo com o qual desenvolve uma relação paternal, White o manipula e comete atrocidades para manter sua confiança e prendê-lo ao negócio da metanfetamina.

Mesmo com isso, o protagonista continua contando com a simpatia de boa parte dos espectadores. A razão mais óbvia é o fato de entenderem que ele é crucial para a trama, mas isso não é suficiente. O personagem de Bryan Cranston pode despertar empatia por outros motivos. No limite, ele busca seu pleno potencial naquilo que faz de melhor. Só consegue isso porque ultrapassa barreiras ético-morais, encontrando Nietszche e seu conceito de super-homem. Heisenberg cria as próprias regras e valores, não obedecendo sequer os padrões morais concebidos pelo narcotráfico. Ou o personagem pode representar simplesmente a libertação diante das fontes de sofrimento definidas por Freud em O Mal Estar na Civilização: o poder superior da natureza perante o homem, a fragilidade de nossos corpos e a inadequação das regras que procuram ajustar os relacionamentos entre os seres humanos em todas as suas esferas, na família e na sociedade. Com o câncer que lhe impõe uma condição evidente de inferioridade em relação à natureza e ao próprio corpo, resta romper as barreiras no que diz respeito ao ordenamento social. Mas nem tanto.

A razão pela qual o protagonista tenta justificar sua entrada em um mundo fora da lei é a família. Embora em dados momentos o seriado faça referência a Scarface, é em outra obra cinematográfica, cujo protagonista também é Al Pacino, que se pode encontrar uma fonte importante na qual bebe Breaking Bad. Na trilogia O Poderoso Chefão, Michael Corleone nasce com todas as facilidades que uma família envolvida e empoderada na máfia pode oferecer, mas se nega a ocupar um papel na estrutura criminosa. Até que as circunstâncias lhe dão uma chance de assumir o papel que lhe parece destinado e ele abraça seu destino tendo como estímulo e justificativa a proteção de sua família. Walter não nasce em um ninho de narcotraficantes, mas tem uma pessoa próxima, seu cunhado, que o mostra, com a visão policial, princípios básicos da atividade. Com seu alto grau de conhecimento em química, ele passa a galgar degraus na estrutura criminosa.

Assim como o personagem de Pacino, que muda seu gestual e até o modo de olhar durante a saga, o protagonista do seriado muda de postura e mesmo de aparência física à medida que vai sendo absorvido pela sua atividade. Também à semelhança do chefe do clã Corleone, White vai ter na esposa, Skyler (Anna Gunn), o superego que o impede de perder o controle sobre seus instintos de destruição. Até o momento em que ela se incorpora, não passiva ou docilmente, à ordem instituída pelo marido/parceiro. Por esse papel, a propósito, a atriz foi perseguida nas redes sociais, tendo que providenciar segurança pessoal após ser ameaçada. Mas se a justificativa da família cai diante e para o próprio Michael quando este manda matar seu irmão Freddo, a trama também reserva algo similar ao duplo White/Heinsenberg.  

A falência do modelo repressivo

Um outro aspecto importante que o seriado traz, embora não seja este o seu foco, é a questão da falência do modelo repressivo de guerra às drogas e da hipocrisia que cerca o tema. Certamente não é a toa que o policial Hank Schrader, principal responsável pela investigação da rede de produção e venda de drogas ilegais no local, aparece em quase todas as cenas em família com bebida alcoólica na mão. Aliás, ele fabrica a sua própria cerveja em casa. Diferentemente do cunhado, faz uma droga lícita. Um detalhe irônico é que, se o orgulho e a vaidade de White fazem com que ele se perca no decorrer da história, é o exibicionismo de Hank que abre a porta de entrada para o cunhado no narcotráfico.

O vídeo abaixo, produzido pelo Beyond Bars (um projeto de Brave New Foundation), em parceria com a Drug Policy Alliance, tenta mostrar esse aspecto do seriado. Breaking Bad mostra como se constrói um sistema que não evita que filhos da classe média tenham acesso a drogas ilícitas (em um episódio Jesse protege seu irmão pré-adolescente de ser flagrado com um cigarro de maconha pelos pais) como também condena os filhos de famílias pobres a um cotidiano de violência.



Publicado originalmente na revista Fórum

quarta-feira, setembro 25, 2013

Santos precisa de ajuda do árbitro para empatar com lanterna

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Um time compacto na defesa e que pressionou o rival no campo adversário, forçando erros de passe e contando também com alguns não forçados. Na partida entre Santos e Náutico, esta noite, o time descrito acima no primeiro tempo era o lanterna do Brasileirão. O que se viu foi um Alvinegro desligado, errando demais e não conseguindo achar espaço na defesa pernambucana.

Não que o Santos não tenha criado nada. Foram duas oportunidades reais de gol, ambas desperdiçadas por Giva, garoto que, depois de um bom início como profissional, sumiu e passou a jogar mal quase sempre quando entra. Entrou como titular substituindo o suspenso Thiago Ribeiro porque Gabriel, seu rival na posição, também tem oscilado.

Cícero se salvou em meio à escuridão (Foto Santos FC)
O companheiro de frente de Giva, Willian José, se esforçou para ser vaiado pelos torcedores na Vila. Em duas oportunidades recuou a bola para a defesa, dando a redonda de graça para o Náutico. Uma junção de falta de técnica com ausência de aproximação dos companheiros de time. O Santos, na etapa inicial, não trocou passes com a competência que tem feito, e os jogadores estiveram distantes uns dos outros.

Nos primeiros 45 minutos, só Cícero se salvou na articulação de lances, até a saída do meia argentino Montillo, contundido, substituído por Leandrinho aos 33. Não que o Dez alvinegro estivesse fazendo uma grande partida, mas se movimentava muito e conseguia atrair a marcação adversária. Sua ausência fez com que Cícero passasse a ser presa fácil, e o Santos não criou nada até o intervalo.

Renê Junior, que ocupava o lugar de Arouca, suspenso, ficou no vestiário. Léo Cittadini entrou e Cícero recuou para trabalhar a transição da sufocada retaguarda peixeira. Parecia até que ia dar certo. Em dois minutos o Santos chegou perigosamente duas vezes, mas logo o Náutico respondeu, com um dos gols mais perdidos da competição, mostra da atual fase da equipe, aos 5. Maikon Leite cruzou e Rogério chutou pra fora de dentro da área, com o gol livre. Dois minutos mais tarde, Giva finalizou mais uma vez dentro da área. De canela. Pro espaço.

E o jogo continuou com seu nível rasteiro, por vezes indo ao subsolo. Mas sempre com a vantagem para um Náutico mais aceso, interessado em tentar atacar com qualidade e velocidade, jogando nos (inúmeros) erros santistas. Aos 26, Claudinei finalmente faz a substituição que deveria ter feito bem antes, sacando Giva e promovendo Gabriel.

Mesmo assim, foi o Naútico que abriu o marcador. Aos 37, com um ex-santista e palestrino emprestado Maikon Leite, que os pernambucanos tentaram devolver ao Palmeiras, recebendo uma elegante recusa como resposta. Mas o treinador Marcelo Martelotte, recém-chegado ao Timbu, resolveu resgatar o atleta, com quem trabalhou no Santos. E o lance, mais uma ironia, foi iniciado por outro ex-atleta do Alvinegro, Maranhão.

Não demorou muito, no entanto, para que outro protagonista da partida desse as caras. O árbitro Francisco Carlos do Nascimento, que já havia prejudicado as duas equipes com faltas e cartões assinalados sem um critério que se pudesse descobrir, inventou uma infração próxima à área pernambucana. Cícero, até então sumido em seu novo posicionamento – já que sua função, a de fazer a transição, não existia com o afobamento e os passes longos dados pela defesa santista – realizou uma bela cobrança e empatou o jogo.


Jogando muito mal e oscilando entre o desinteresse e a ansiedade, o Santos desperdiçou a chance de se aproximar do G-4, ficando na sexta posição, agora com o mesmo número de jogos de seus rivais. Dado o nivelamento do Brasileirão, pode disputar uma vaga na Libertadores mas, infelizmente, o jogo sugere ao torcedor que a tônica do time será a irregularidade.

segunda-feira, setembro 23, 2013

SPFR: São Paulo Freguês do Rodrigo

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5/06: Rodrigo decreta o 1 x 0
No mundo como no futebol, algumas coisas mudam, outras permanecem. Um exemplo é a campanha do São Paulo no Campeonato Brasileiro deste ano: logo no início do 1º turno, vitórias contra Ponte Preta e Vasco da Gama e um surpreendente empate, fora de casa, contra o Atlético-MG. Ao contrário do que acontece agora, o técnico daquela época, Ney Franco, não foi nem um pouco festejado pelo ótimo início na competição. E aí veio o Goiás e sapecou 1 x 0 no Tricolor, em pleno Morumbi, com um gol do zagueiro - ex-São Paulo - Rodrigo. Foi o começo de uma longa série de derrotas do time e a primeira vez que a torcida gritou o nome de Muricy no estádio. Ney Franco caiu, o clube passou vexame na Recopa Sul-Americana e numa excursão à Europa e Ásia, afundou na zona de rebaixamento do Brasileirão e derrubou também o técnico Paulo Autuori. Neste cenário caótico, Muricy Ramalho retornou.

22/09: gol de falta de Rodrigo
Início de 2º turno: novas vitórias contra Ponte Preta e Vasco da Gama e, também de forma surpreendente, sobre o Atlético-MG. Dessa vez, ao contrário de Ney Franco, Muricy foi festejado como "milagreiro", "salvador da pátria" e muitos torcedores, insuflados pela mídia esportiva (ah, a mídia esportiva!) já consideravam o São Paulo livre da degola e até com chances de brigar por algo mais, como a Libertadores (!!!). Daí, chega novamente o Goiás, e novamente com Rodrigo, pra colocar os pés dos sãopaulinos no chão: outro 1 x 0, dessa vez no Serra Dourada. Ou seja, a campanha do São Paulo no começo do 2º turno é quase idêntica à do começo do 1º. Mas, se os técnicos não são iguais (no tratamento, afinal Ney Franco saiu como "vilão" e Muricy, faça o que fizer, é "herói"), o time do São Paulo continua o mesmo: fraco. Por mais que - heroicamente! - consiga vitórias aqui e ali. Sim, o time é fraco. E o Goiás provou, duas vezes, que é melhor.

Por estar na estrada (e sem rádio) justamente no horário da partida, não assisti a primeira derrota de Muricy. Mas li, hoje, que Rogério Ceni fez mais dois ou três milagres, como faz em todo jogo, antes de ser punido com o baita azar de empurrar a falta cobrada por Rodrigo para as redes, com as costas (o ex-goleiro Carlos, da Copa de 1986, deve ter dado um meio sorriso fatalista...). Pelo o que dizem, também, apesar do jogo ter sido quase modorrento, o ataque goiano produziu mais e foi recompensado no final. Parece que Welliton desperdiçou boa chance ao perder o ângulo na melhor chance dos paulistas e que, pra variar, Luís Fabiano, Osvaldo e Aloísio não fizeram absolutamente NADA. Mas o comentário é de que a dupla Ganso e Jadson nunca jogou tão bem. Isso é bom. Derrota para o Goiás fora de casa, para mim, já estava computada. Assim como será normal se perder, no campo do adversário, para Cruzeiro, Internacional, Santos ou Atlético-PR.


O São Paulo tem que colocar os pés no chão e conquistar os 18 ou 20 pontos salvadores. E a torcida tem que entender que o time briga pra não cair - e apenas isso. E que, se conseguir, será uma façanha e tanto, considerando a debilidade da equipe. Ganhar do Grêmio em casa é fundamental. Porque, como disse, será difícil evitar derrotas em vários dos confrontos fora de São Paulo, contra os times que seguem fortes no alto da tabela. Chegou a hora de Muricy dar uma "espinafrada" nos (improdutivos) atacantes. E voltar ao 3-5-2, para criar mais chances na frente. Maicon vai voltar e isso dá mais segurança às investidas de Ganso e Jadson. Nem tudo está salvo, mas nem tudo está perdido. É ter calma, reconhecer a própria fragilidade, jogar sério e garantir os pontos dentro de casa. Vamo, São Paulo!

domingo, setembro 22, 2013

Com sufoco desnecessário, Santos bate Criciúma e passa a ser o melhor paulista do Brasileirão

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Nos dias que antecederam a partida contra o Criciúma, aventou-se a possibilidade de Claudinei Oliveira, sem poder contar com Alison e Cícero, suspensos, armaria o time com três atacantes. Não foi o que aconteceu, com Renê Júnior e Leandrinho entrando na equipe, e Willian José pondo Gabriel no banco. Em entrevista à rádio Bandeirantes, antes da peleja começar, o treinador justificou dizendo que um dos motivos da entrada de Willian, que marcou o gol de empate contra o Grêmio no meio de semana, também era “manter a altura da equipe”, principalmente nas bolas paradas. Vê-se que o discurso defensivista está presente até quando entra um atacante...

Mas muito mais interessado em não tomar gol era o treinador catarinense Sílvio Criciúma. Tanto que adotou uma formação com três zagueiros e, entre contusões, suspensões e opções táticas, a equipe entrou com cinco alterações em relação à última partida. O Peixe pressionou desde o início, com Montillo mais inspirado e também muito em função de subidas constantes de Cicinho pela direita, tirando a sobra da zaga rival.

Willian José, efetivo quando finaliza (Foto Santos FC)
Não demorou para o Alvinegro abrir o placar, aos 19 minutos, em uma jogada de escanteio muito semelhante à do primeiro tento alvinegro contra o Internacional, só que do lado oposto. Montillo cobrou pelo lado canhoto, Gustavo Henrique deu uma casquinha e Thiago Ribeiro fez, posicionado no segundo pau. Antes, Montillo já havia acertado o travessão catarinense em cobrança de falta.

O segundo tento veio em lance do volante Renê Júnior, que, quando entra, tem tido boas atuações. Ele cruzou do lado esquerdo e Montillo conseguiu dominar, rolando para William José, aos 41, acertar de primeira uma bela finalização.

Para a segunda etapa, o Criciúma desfez o sistema com três zagueiros, com a saída de Matheus Ferraz e a entrada do volante Henik. Os vistantes adiantaram a marcação e passaram a marcar melhor no meio de campo, equilibrando a partida. Chegou a ameaçar duas vezes o gol peixeiro, exigindo uma grande defesa de Aranha em bola que tocou no chão e subiu e em uma saída de bola providencial do goleiro nos pés de Wellington Paulista.

Mas Claudinei “prendeu” Arouca, que ainda não está em condições físicas ideais, mais à frente dos zagueiros e compactou a equipe. Voltando a trocar passes e aproximar mais, os santistas retomaram o domínio e criaram chances, evitando o assédio do adversário. Mas, em lance isolado, uma cobrança de falta aos 34 minutos, o Criciúma marcou. Ironicamente, com uma casquinha do zagueiro Leonardo, marcado por … Willian José, aquele que entrou também com o objetivo de melhorar a marcação nas bolas áreas. 


Àquela altura, o Santos já não tinha Leandrinho, que fez boa partida, mas saiu para dar lugar a Renato Abreu, diminuindo a mobilidade do meio de campo. Observar o meia nas pelejas é um desafio à lógica do mero torcedor. Além da cobrança de faltas e/ou escanteios, ganha um doce ou uma cerveja quem descobrir a função que o meia exerce quando entra. Aos 37, o técnico alvinegro ainda sacou Montillo e Willian José, colocando Pedro Castro e Giva. Este último poderia ter facilitado a vida do já agoniado santista se tivesse aproveitado um lançamento de Thiago Ribeiro em que o jovem fez quase tudo errado: matou mal, contou com a sorte e pegou a bola de novo, quase perdeu, e finalizou pra fora, na cara do goleiro Helton Leite.

Ao fim, a marca do pragmatismo da vitória em um lance no qual o Santos ganhou dois minutos com cobranças curtas de escanteio e lateral no campo rival. Como definiu Montillo, o time tomou um “sufoco que a gente não pode tomar”, dado que o rival esteve dominado em parte dos 90 minutos e, mesmo atordoado, o Peixe não levou o Criciúma à lona. Parte pela ansiedade, parte por, talvez, uma preocupação excessiva em defender mesmo quando tem a possibilidade de matar a peleja. Mutia retórica defensivista às vezes causa esse mal, o hábito faz o monge, mas também o treinador e o jeito de jogar do time.

Agora, como melhor paulista do Brasileirão – o que não chega a ser aqueeela vantagem, dada a campanha dos coirmãos bandeirantes, o time tem pela frente o Náutico, em partida atrasada da 11ª rodada, na Vila. Tem a oportunidade de encostar no G-4, caso vença, chegando à 5ª colocação. Se não for vitorioso, já se sabe que o destino será o pelotão intermediário. O torcedor espera que o Santos lute até o fim, das partidas e também da competição.