Destaques

sábado, dezembro 14, 2013

Como Fernando Haddad enxerga a comunicação

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Abaixo, trechos da entrevista concedida pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a Cristiane Agostine, do jornal Valor Econômico, publicada no dia 12:

Para Haddad, comunicação e publicidade são iguais (Foto Henrique Boney)
Valor: O senhor enfrenta dificuldades para melhorar a aprovação da gestão até mesmo entre os mais carentes, que devem ser beneficiados com o Bilhete Único Mensal e as faixa de ônibus. A que atribui isso?

Fernando Haddad: Jornalista se preocupa muito com pesquisa. Governante tem um outro tempo. O meu tempo é de quadrianual. Peço menos ansiedade.

Valor: Mas as pesquisas mostram que suas ações não têm se refletido em apoio, nem entre os que estão sendo beneficiados...

Haddad: E as campanhas de desinformação que foram feitas? Tem gente em Guaianases [zona leste] achando que o IPTU vai aumentar 200%. É muita desinformação, sobretudo sobre temas polêmicos como o IPTU. Vi programas de rádio dizendo que o IPTU ia aumentar 200%, sendo que na periferia vai cair.

Valor: O senhor vai mudar a comunicação da prefeitura?

Haddad: Sou contra gastar rios de dinheiro com publicidade
[Grifo nosso]

Na pergunta direita feita a respeito da comunicação da prefeitura de São Paulo, a sucinta resposta do prefeito equipara comunicação à publicidade. Se Haddad realmente tem essa visão, explica-se em parte o porquê de sua popularidade estar no nível que está.

Seria bom se ele lesse a entrevista do coordenador de seu programa de governo, Aldo Fornazieri, à Rede Brasil Atual. Aqui. Talvez mude um pouco o seu ponto de vista.

sexta-feira, dezembro 13, 2013

"Eu sou Série B, caralho!"

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O torcedor do Paraná Clube no vídeo abaixo queria só uma coisa: assistir ao jogo do Paraná Clube na Série B. Mas Caroline, a atendente da NET, não conseguia resolver o problema do assinante. E dá-lhe irritação.



Em tempo: apesar de ser um fanático paranista, o bravo homem fala em frente a um cooler do Santos. Vai entender...

E alô, torcida do Vasco. Lembrem de trocar o pacote da Net para 2014 desde já, assim evita-se a irritação verificada acima.

(Via Não Salvo)

quinta-feira, dezembro 12, 2013

Telê não ouviu o conselho do João

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Selo do compacto que tocou horrores em 1982
Tempos atrás, relembrei aqui no Futepoca a época em que o samba ainda dominava as ondas do rádio, pouco antes da explosão do chamado "Rock Brasil" e de centenas de bandas pop, em 1982, detonada pelo lançamento de "Você não soube me amar", da trupe carioca Blitz. Naquele mesmo ano, um dos sucessos mais tocados tinha sido "Meu canarinho", de Luiz Ayrão, composto especialmente para a Copa da Espanha. Curioso é que, recentemente, li "Meus ídolos e eu", livro que compila causos bem humorados escritos por Ayrão sobre colegas de música - e, entre eles, um ocorrido no período de disputa daquele mundial de futebol. Diz o autor:

João Gilberto: bronca
Fagner: ligação fatídica
"Apaixonado por futebol, meu amigo Fagner resolveu ir à Espanha torcer in loco pela Seleção Brasileira de 82. Exatamente, no dia de viajar, mais precisamente na hora de sair para o aeroporto, recebeu um telefonema. Mal disse alô, a voz do outro lado apresentou-se em tom grave e solene: 'Fagner, é João Gilberto!' João, àquela hora e daquele jeito? Logo a seguir veio aquele pedido inusitado e quase que premonitório: 'Diga ao Telê pra não colocar no time nem Valdir Peres nem Serginho Chulapa, tá bom? Boa viagem!' E, simplesmente, desligou.
Como todos sabemos de cor e salteado, passados os três jogos [sic] cheios de euforia, veio o desastre diante da Itália. Fagner permaneceu uns dias na Espanha, e depois foi dar um giro pela Europa na esperança de curar a ressaca. Ao retornar, quase um mês depois, chegou em casa, arriou as malas, abriu as cortinas e o telefone tocou. Mal disse alô, e de novo aquela voz grave, solene, triste, mas peremptória: 'Fagner, você não falou com o Telê!!!' E, simplesmente, desligou."

Fagner, Sócrates e Telê, na Espanha: o cantor teve oportunidade para dar o recado
Figurinha da Copa de 1982
Realmente, se não podem ser apontados como responsáveis pela derrota, o goleiro Waldir Peres (a grafia correta de seu nome é com W) e o centroavante Serginho Chulapa, que compunham o trio de sãopaulinos titulares da seleção com o zagueiro Oscar, não fizeram nada que justificasse suas convocações e escalações. Como comentou comigo o camarada Frédi, se Waldir não chegou a falhar ou "frangar", também não fez uma partida ou uma defesa digna de lembrança. E, quando o time vai mal, sempre se espera que o goleiro salve a situação - Barbosa que o diga! Waldir não conseguiu parar Paolo Rossi. E hoje, três décadas depois, pode parecer absurda a opção de Telê por ele, numa época em que jogavam Raul (Flamengo), João Leite (Atlético-MG), Marola (Santos), Leão (Grêmio) e mesmo os reservas naquela Copa, Carlos (Ponte Preta) e Paulo Sérgio (Botafogo). Acontece que o treinador tirou suas últimas dúvidas e "fechou" o grupo em 1981, quando Waldir estava, provavelmente, na melhor fase de sua carreira. E teve uma oportunidade a qual, literalmente, agarrou com as mãos.

João Leite durante o Mundialito
Telê testou outros goleiros. Em janeiro de 1981, o titular no Mundialito do Uruguai foi João Leite - mas o Brasil perdeu a decisão justamente para os donos da casa. Logo depois, em fevereiro, o goleiro do Atlético-MG atuou pela última vez em um amistoso contra a Colômbia, em Bogotá (empate em 1 x 1), e Telê Santana decidiu apostar em Waldir Peres para a disputa das Eliminatórias da Copa da Espanha. O sãopaulino tinha se destacado na conquista do Paulistão de 1980 e seria bi naquele ano, além de vice do Brasileirão. Deu sorte: foram cinco vitórias seguidas do Brasil nas Eliminatórias e mais uma num amistoso contra o Chile, em março. Mas a confirmação de Waldir como titular viria em maio, quando a seleção viajou para fazer três importantes e difíceis amistosos na Europa. Ali, o "futebol arte" do time de Telê começou a encantar o mundo, com vitórias sobre a Inglaterra, em Wembley (1 x 0), a França, em Paris (3 x 1), e a Alemanha, em Stuttgart (2 x 1). Nesta última partida, em 19 de maio, o goleiro do São Paulo viveu, talvez, o seu momento máximo no futebol.

O cabeludo Breitner, da Alemanha
Os brasileiros já venciam por 2 x 1 quando o zagueiro Luizinho, do Atlético-MG, cortou um cruzamento de Rummenigge com mão e o juiz inglês Clive Withe marcou pênalti (esse mesmo defensor cometeria duas penalidades não marcadas pela arbitragem na partida de estreia do Brasil na Copa da Espanha, contra a União Soviética). O lateral-esquerdo alemão Paul Breitner, campeão mundial em 1974, foi para a cobrança. E Waldir Peres defendeu! Porém, o árbitro mandou voltar, alegando que o goleiro tinha se adiantado. Na segunda tentativa, o alemão trocou de lado. E Waldir pegou mais uma vez, garantindo a vitória brasileira! (clique aqui para ver reportagem sobre esse jogo - e repare no manguaça alemão que dá entrevista em português, segurando uma garrafa de cerveja). Breitner ficou atônito. A torcida alemã também. E Telê Santana "bateu o martelo" sobre o goleiro titular na Copa de 1982.

Waldir voa para agarrar o pênalti batido por Breitner e assegurar a vitória do Brasil
Chulapa, que 'entrou numa fria'
Já Serginho Chulapa era apenas um "Plano B", que virou "A" por acaso. Prova disso é que foi reserva durante todo o Mundialito, em janeiro de 1981, e nem entrou na decisão contra o Uruguai. Chegou a ser testado como titular na estreia das Eliminatórias, mas logo em seguida perdeu a vaga para Reinaldo, do Atlético-MG. Serginho não esteve nos três amistosos disputados em maio na Europa e nem nos quatro outros disputados até o fim daquele ano. Mesmo assim, sob a promessa de que se comportaria em campo, evitando confusões e expulsões (o que realmente cumpriu), terminou sendo incluído no grupo que disputou a Copa de 1982. “Na verdade, o Serginho entrou numa fria. A seleção brasileira formada pelo Telê era muito técnica. O time foi montado para jogar com o Careca ou com o Reinaldo como centroavante. O Careca sofreu uma contusão e o Telê não quis levar o Reinaldo. Aí, o time teve de se moldar ao estilo do Serginho. E o estilo dele não tinha nada a ver com o resto da Seleção. Serginho era um atacante finalizador, de choque. Por isso que digo que, para ele, a seleção de 82 foi uma fria”, resumiu o Doutor Sócrates, em depoimento para o livro "O artilheiro indomável - As incríveis histórias de Serginho Chulapa", escrito por Wladimir Miranda.

Jorge Mendonça: desafeto de Telê
Buenas, seja como for, a bronca do vascaíno João Gilberto, que já morava no Rio de Janeiro naquela época (assim como Fagner, torcedor do Fluminense mas amigo íntimo de Zico), tem muito a ver com a rixa bairrista entre cariocas e paulistas. O Vasco tinha o centroavante Roberto Dinamite, que foi reserva na Copa. No Flamengo, que seria bicampeão brasileiro em 1982 e que tinha conquistado a Libertadores e o Mundial de Clubes no ano anterior, jogavam o já citado goleiro Raul Plassman e o centroavante Nunes, ambos em grande fase - e nenhum foi convocado sequer para a reserva na Copa de 1982 (se bem que a seleção já tinha como titulares os flamenguistas Leandro, Júnior e Zico). Fora a briga Rio x São Paulo, Emerson Leão, goleiro titular nas Copas da Alemanha e da Argentina, tinha sido um dos destaques do Grêmio campeão brasileiro de 1981. Mas era um dos desafetos declarados de Telê, após passagem do treinador pelo Palmeiras entre 1978 e 1980. Assim como o centroavante Jorge Mendonça, que "comeu a bola" jogando pelo Guarani em 81 (foi o artilheiro do Paulistão, com espantosos 38 gols), fazendo dupla exatamente com o jovem Careca. Ou seja, mais um bom goleiro e um ótimo centroavante que haviam sido preteridos por Telê. Por isso, mesmo antes da Copa, Waldir Peres e Serginho Chulapa já eram questionados por grande parte da torcida brasileira. Incluindo João Gilberto.

Waldir e Paolo Rossi, em 1982: mesmo sem culpa, goleiro ficou marcado pela eliminação

terça-feira, dezembro 10, 2013

Não é pelos 20 centavos. Não mesmo!

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Num outro post aqui do Futepoca, em abril, já tínhamos comentado sobre o público-alvo a quem a revista Veja se dirige: a classe média/alta conservadora, tacanha e egoísta. Principalmente a partir do início do governo Lula, em 2003, ficou explícito, de forma gritante, o direcionamento do discurso pretensamente "jornalístico". Não só na publicação da família Civita; quase todos fazem isso. Na imagem acima, com edições regionais direcionadas ao público paulistano de duas revistas - Veja SP (de novembro de 2010) e Época SP (de dezembro de 2013) -, vemos mais um exemplo didático da priorização do interesse dos ricos frente ao dos pobres. Três anos atrás, a Veja SP celebrava o sucesso de um empresário que vendia "um carro a cada três minutos", sem se importar se isso ia entupir as vias urbanas e inviabilizar o trânsito. Já na edição atual da Época SP, o prefeito Fernando Haddad (não por acaso, do PT) é achincalhado por ter reservado mais faixas exclusivas para os ônibus, priorizando o transporte coletivo e a maioria da população, que depende dele - mas "prejudicando", segundo a ótica da revista, os que possuem automóveis. 

Notem os dogmas do discurso elitista: o empresário está correto ao desovar milhares de carros nas ruas/ o prefeito (petista) está errado ao favorecer o transporte coletivo; as pessoas que compram carros são prioridade/ os que andam de ônibus que se danem. Curiosamente, essas mesmas publicações, dirigidas ao povo paulista, quase nada dizem sobre o metrô e os trens urbanos, superlotados, insuficientes, com falhas frequentes e sob suspeita de corrupção. Também evitam falar sobre os preços aviltantes dos pedágios nas estradas estaduais. A lógica da classe média/alta (e, por extensão, das publicações direcionadas a ela) é a da exclusão - como sendo algo positivo e almejado. Ninguém reclama dos pedágios porque eles mantêm os pobres longe do caminho dos "bem nascidos" nas rodovias. E os mesmos "bem nascidos" gritam e esperneiam quando se defrontam com os aeroportos lotados pelos pobres, que hoje têm condição econômica (e o direito!) de frequentá-los. Por isso, imaginem o ódio desses "bem nascidos" quando os ônibus recebem - com justiça - mais espaço nas ruas e avenidas da metrópole. É esse ódio (de classe) que vende essas revistas.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

E o São Paulo salvou Criciúma e Coritiba

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Por incrível que pareça, o São Paulo, que iniciou o 2º turno do Campeonato Brasileiro na 18º colocação, precisando de pelo menos dez vitórias para conseguir escapar da Série B, livrou-se da ameaça com quatro rodadas de antecedência e terminou a competição como uma espécie de "Papai Noel", "presenteando" três pontos tanto para o Criciúma quanto para o Coritiba, o que foi decisivo para se salvarem. O time de Muricy Ramalho perdeu para os dois pelo mesmo placar de 1 x 0 e da mesma forma, sem demonstrar qualquer vontade de reagir. Nas duas ocasiões, depois de tomar o gol logo no início do primeiro tempo, "parou" de jogar, como se os jogadores sãopaulinos dissessem aos adversários: "Já está bom pra vocês? Tudo certinho? Assim resolve? Beleza, então vamos aguardar o apito final". E assim foi feito.

Com isso, caíram dois cariocas. E olha que o São Paulo, depois de livrar-se da Série B, ajudou primeiro o Fluminense, ao colocar um time reserva para o jogar no Maracanã e tomar um gol do zagueiro Gum no fim do segundo tempo. Não adiantou nada: o time de Dorival Júnior perderia para o Santos e empataria com o Atlético-MG nas rodadas seguintes e complicaria de vez suas chances de permanência na Série A. O rebaixamento do campeão brasileiro de 2012 dá ao torcedor sãopaulino a real noção de como o abismo esteve próximo este ano. Escapamos por quatro míseros pontos! A diferença entre São Paulo e Fluminense foi que o (incompetente) Juvenal Juvêncio teve um surto de consciência e trocou de técnico logo após o fim do 1º turno, enquanto a Unimed insistiu mais tempo com Vanderlei Luxemburgo.

Ali, naquele momento, o Fluminense estava na 15ª posição, com 22 pontos - apenas quatro a mais que o tricolor paulista. A diretoria achou que dava pé mantendo tudo como estava. Depois de uma derrota para o Corinthians, que completou sequência de nove jogos sem vitória, Luxemburgo foi demitido. Com apenas cinco jogos pela frente, Dorival assumiu com duas vitórias e deu esperança à torcida. Talvez, se tivesse assumido o time uns cinco jogos antes, teria tido melhor sorte. Talvez. Assim como o Vasco, que demorou muito para contratar Adilson Baptista - e também caiu. Agora, teremos no Brasileirão de 2014 três clubes de Santa Catarina (Criciúma, Chapecoense e Figueirense) e apenas dois cariocas (Botafogo e Flamengo). Com a queda da Ponte Preta e a volta do Palmeiras, os paulistas permanecerão com cinco times.