Destaques

sexta-feira, março 16, 2007

O invencível e os secadores

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Como esse blog se destina de forma quase obsessiva à crítica, ironia, sarcasmo, pilhéria, mal-dizer, galhofa, tiração de sarro e afins, um elogio de vez em quando até é necessário pra dar uma respirada. Pra quem não leu, o artigo do Xico Sá na Folha de hoje sobre a invencibilidade do São Paulo está muito bom. Aliás, diferencia-se totalmente dos textos chinfrins do jornalão paulista. Em destaque, trecho abaixo escolhido por mim de forma desinteressada porque, afinal, jornalismo é seleção...

A invencibilidade, quando se estica em demasiado, porém, já embute o elástico da tragédia. De repente, crash, plac, tora, soçobra na curva naquele jogo mais decisivo. É o pior dos castigos, embora seja amostrado pelos tricolores no momento como um galhardão, orgulho dos orgulhos.
Em torneio de pontos corridos, tudo bem, segue a vida, mas, em certame cujo ringue é o mata-mata... é um deus-nos-acuda. A invencibilidade vira o doping, o feitiço, a testosterona do inimigo. Ou, como dizia o cantor Evaldo Braga: "Sinto a cruz que carrego bastante pesada...".

Não fosse o pecado de shorts e lindas pernas cometido no San-São... Sim, o pecado de uma mulher é sempre mais barulhento, moral bíblica, desde que Eva mordeu gostoso a infame maçã argentina. Mas, se não fosse aquele erro, automaticamente perdoado pelo cafa Luxa -se fosse um marmanjo, estaria bravo até hoje-, o Sampa talvez tivesse subido a serra chorando a neblina que embaça a vista como o amor do Rei Roberto nas curvas da mesma estrada. A nova musa involuntária do Morumbi merece anistia, uma morena que não faz chapinha ou escova progressiva, merece devoção. O resto é silêncio debaixo dos caracóis dos seus cabelos. Todo respeito.

A íntegra está em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk1603200715.htm

quinta-feira, março 15, 2007

Enquanto isso, entre os gaúchos...

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Do locutor Milton Yung, da rádio CBN paulistana nesta quinta-feira, 15, pela manhã, a respeito da derrota do Inter de Porto Alegre ontem, pela Taça Libertadores (cito de memória):

— Será que o Inter está jogando assim pra cair já na primeira fase e não nos dar o gostinho de vencer um Grenal em plena Libertadores? Não, não acredito!

Na mesma estação, segundo o Juca Kfouri, as rádios gaúchas qualificaram como uma "mancha na carreira de Abel Braga" a não-escalação de Alexandre Pato na partida de ontem. O treinador foi chamado de professor Ludovico (acima) pela medida, num comentário que poderia ser enquadrada na legislação de combate aos trocadalhos, se tomada na acepção ortodoxa...

Se o Pato não tem espaço no Inter, que venha para o meu Parmera! Mesmo com um técnico paranaense, o elenco precisa de um atacante para substituir o Alemão, pelo menos enquanto ele se recupera de contusão...

Onde está a torcida

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Algum santista sabe explicar porque a Vila tinha só 6 mil e poucos torcedores no jogo de ontem pela Libertadores, contra o Gimnasia y Esgrima? O Paulistão é mais importante? Não dá pra entender!

Palmeiras e Santos prejudicados pelo Chile

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O volante Maldonado, do Santos, e o meia Valdívia, do Palmeiras, foram convocados pelo técnico Nelson Acosta, da seleção do Chile, para os amistosos no fim do mês. A seleção brasileira é um dos adversários do escrete chileno no dia 24 de março, na cidade Gotemburgo, logo ali, na Suécia. No dia 28, a Costa Rica vai à Talca, a 270 quilômetros ao sul de Santiago, para a segunda partida amistosa.

Kléber, lateral da Baixada, também foi chamado, mas por Dunga. Nessa maratona – mais pelas viagens do que pelas partidas – devem desfalcar os times nas últimas duas últimas rodadas do Paulista. O santistas não enfrentam o Rio Claro (25) nem o Corinthians (29). Já el mago vai criar um buraco no meio campo alviverde contra o Marília (24) e América (29). O Peixe ainda terá o argentino
Gimnasia y Esgrima na casa do adversário no dia 22.

Honestamente, fico com mais saudades do tempo em que meu time perdia três ou quatro atletas nas convocações de amistosos. Era ruim pro time, mas dava mais gosto....

quarta-feira, março 14, 2007

Privadas voadoras

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Contra privadas que voam pelas arquibancadas, a solução é óbvia: retirem-se as privadas da Vila.
Genial!

Da série "Se a moda pega..."

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Tem lugar onde a coisa é séria: a Liga Austríaca de Futebol anunciou hoje que o Grazer AK (GAK), oitavo colocado da primeira divisão, perderá seis pontos por falta de pagamento de salários, em cumprimento a uma sentença da comissão disciplinar da Fifa. Daniel Kimoni, ex-jogador do clube, foi quem fez a denúncia à entidade máxima do futebol mundial. Após a perda dos pontos, o GAK é agora o último do Campeonato Austríaco, com 21 pontos. Daí, eu pergunto: se jogadores do Corinthians ou do Palmeiras (como Paulo Baier, que cansou de esperar a grana e pegou o chapéu) fizessem denúncia parecida à Fifa, e a entidade emitisse sentença semelhante, o que faria a Federação Paulista de Futebol?

Quando o Treze quase eliminou o Corinthians

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Corinthians e Treze-PB começam hoje a decidir quem sai e quem fica na Copa do Brasil. Pela atual fase do Timão, em que desgraça pouca é bobagem, não seria impossível que a zebra desse suas cartas e o Corinthians fosse eliminado da Copa do Brasil, como até sugere o técnico do clube paraibano citado no post abaixo. E, se isso acontecesse, seria corrigida uma injustiça histórica ocorrida no cada vez mais distante ano de 1999.

Na ocasião, Treze e Corinthians também se enfrentaram pela Copa do Brasil. O jogo de ida foi na Paraíba e lá houve um empate por 2x2. O que fez com que o Corinthians fosse para o jogo do Pacaembu precisando de uma vitória simples - ou mesmo apenas segurar o 0x0 do placar para avançar para a próxima fase.

Acontece que o Treze resolveu cantar de galo - referência que faço ao mascote do clube, conhecido em seu estado como o Galo da Borborema - e virou o primeiro tempo ganhando do Corinthians por 2x0. O Timão precisaria de três gols para se classificar ou de dois para levar a disputa para os pênaltis - e tinha apenas 45 minutos para isso. E, num episódio daqueles que caracterizam as nuances de um confronto time grande x time pequeno, Vampeta e Marcelinho Carioca empataram o jogo. Nos pênaltis, acabou dando Corinthians.

O quase-feito - ou é um feito mesmo? - do Treze ganha ainda mais corpo se pensarmos que o Corinthians de 1999 não era o balaio de gatos que o Timão é hoje. Tratava-se do atual campeão brasileiro, um verdadeiro timaço, e que colocou em campo nesse dia no Pacaembu seu meio-campo que é tido por alguns (inclusive este que escreve) como o melhor da história do clube: Vampeta, Rincón, Marcelinho Carioca e Ricardinho. Ah, e o goleiro era o sujeito da foto, Nei. Todo time tem seus pontos fracos.

Tá certo que o time na época sentia um pouco os efeitos da saída de Vanderlei Luxemburgo, que abandonara o barco meses antes para sua fracassada jornada na seleção brasileira. O técnico nesse embate contra o Treze era Evaristo de Macedo, que cairia após derrota e eliminação nessa mesma Copa do Brasil para o Juventude. Mas apesar dessas circustâncias tratava-se de um ótimo time, que acabaria bi-campeão brasileiro nessa mesma temporada.

Morte ao politicamente correto!

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Numa época em que todo mundo está careca de saber o que um treinador vai dizer na véspera de qualquer partida ("o adversário é forte"; "vai querer complicar'; "não tem mais bobo no futebol"; "temos que respeitar"; "não tem nada ganho"; "podemos ser surpreendidos"; etc etc etc), finalmente vemos alguém que foge do discurso-chavão e do famigerado politicamente correto: o técnico Arnaldo Lira, do Treze de Campina Grande (PB). Para quem quiser ouvir, ele sentenciou, em entrevista à TV Bandeirantes: "O Corinthians, hoje, é um time fraco. O Campeonato Paulista diz isso. Hoje, o Corinthians não é forte e não é um time que mete medo. Você não pode comparar o Corinthians com o São Paulo ou o Santos". Não contente, emendou: "Treinamos para passar por cima do Corinthinas e temos condições de fazer isso". Eu sei que pode ser tudo bravata e exagero, mas, pelo menos, ele fugiu do óbvio ululante. Não considero declarações como essa "desrespeito", "ofensa" ou coisa do gênero. É a opinião sincera do cara, só isso. Tem muito técnico que pensa o mesmo do Corinthians e não fala. Cabe ao clube do Parque São Jorge provar, dentro de campo, que o Arnaldo Lira está falando besteira. Mas gostei da personalidade!

terça-feira, março 13, 2007

CBF tem que indenizar torcedor-consumidor

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O site Consultor Jurídico informou hoje que a Justiça condenou a Confederação Brasileira de Futebol a indenizar um torcedor por causa da anulação dos jogos apitados pelo ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho no Campeonato Brasileiro de 2005. Rodrigo Martins de Oliveira ganhou a ação em Ribeirão Preto. A CBF tem até sexta-feira (16/2) para recorrer da sentença. Caso contrário, terá 15 dias para pagar a indenização ao torcedor.

Decisão semelhante já tinha acontecido na semana passada. A CBF havia sido condenada, pelo juiz Brenno Mascarenhas, da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis do Rio, a pagar R$ 2 mil de indenização por danos morais ao torcedor Nilton Carneiro da Silva Neto, que comprou os ingressos para os jogos Vasco x Botafogo e Vasco x Figueirense no Brasileiro de 2005, anulados pela penada de Luiz Zveiter (foto acima). Segundo as decisões, as entidades organizadoras dos campeonatos são responsáveis pela lisura das competições e jogos que promovem (clique aqui para ler matéria do Consultor Jurídico).

Acho essas decisões super importantes. Podem indicar que algo está mudando. Talvez eu seja crédulo, mas, quem sabe, um dia, uma jurisprudência se consolide e o torcedor seja de fato considerado um consumidor protegido pela Lei 8072/90, para ser ressarcido não apenas devido a escândalos astronômicos como o de 2005, mas também pelos pequenos escândalos cotidianos do futebol que muitos acham normal, os gols roubados, as maracutaias inconfessadas etc. Quem sabe.

Doni na seleção: estamos prontos?

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O digníssimo senhor Mário Mele, representante do goleiro Doni (foto), foi à imprensa ontem para dizer que seu representado só não é goleiro da seleção brasileira porque haveria um complô pró-arqueiros originados do Rio de Janeiro. Como "prova", Mele citou as freqüentes convocações de Hélton (Porto) e Júlio César (Internazionale), jogadores revelados respectivamente por Vasco e Flamengo. A matéria completa está aqui.

Falou bobagem, sem dúvida nenhuma. Em primeiro lugar porque empresário não tem que ficar exigindo convocação de jogador. Sim, isso ocorre, não sejamos ingênuos, mas não é por isso que a prática não está errada. E em segundo lugar Mele disse besteira porque as convocações de Helton e Júlio César são merecidas - ninguém é titular de Porto e Inter por acaso, ainda mais deixando ícones nacionais no banco, como Vítor Baía e Francesco Toldo.

Mas... por outro lado, precisamos pensar uma coisa: a expressão "Doni na seleção", se parecia piada (e de mal gosto) há poucos anos, agora já pode ser pensada como uma realidade.

Falei aí em cima que ninguém é titular de Porto e Inter por acaso. Adapto o exemplo para Doni e a Roma. Foi consenso - e eu me incluí nessa, claro - dizer que Doni chegou ao clube da "cidade eterna" por jogada de empresário e que não tinha condições técnicas para isso. Mas chegou. E depois começou a jogar bola. Hoje é um dos principais goleiros da Itália. A defesa que comanda, a da Roma, é a segunda menos vazada do campeonato italiano, perdendo somente para a da rival Lazio.

É difícil que nós aqui no Brasil esqueçamos as passagens fracas de Doni por Corinthians, Santos e Cruzeiro. Nesses três clubes o jogador virou motivo de piada. Mas hoje isso é passado.

E se a seleção de Dunga tem se caracterizado pelas convocações que valorizam o momento e deixam o nome em segundo plano, será que Doni não merecia uma chance? Lembramos que não há nada de muito importante a ser disputado em curto prazo.

Onde está o livro do Zé Dirceu?

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Antonio Palocci, o ministro da Fazenda (que a direita pediu a Deus) na maior parte do primeiro mandato de Lula, lança seu Sobre formugas e cigarras, livro em que relata seus dias no poder. Segundo a as amostras trazidas pelo colunista da Folha de S.Paulo Kennedy Alencar, o livro deixa claro quem apoiava e quem se opunha à política palocciana (lê-se "palofiana"): Luiz Gushken era a favor, José Dirceu, Luiz Fernando Furlan, Dilma Roussef contra.

Ele admite que era com o ex-ministro da Casa Civil e atual blogueiro que a disputa esquentava. Quando a temperatura subia, Palocci conta que ia ao gabinete do companheiro-adversário para apaziguar os ânimos.

No Estado de S.Paulo, há uma descrição curiosa:

Montar uma equipe e detalhar um plano econômico foram uma aventura pontilhada de surpresas. Nas conversas sobre transição ele enturmou-se com o ainda presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e soube da Agenda Perdida, um estudo do economista José Alexandre Scheinkman. “Você conhece esse texto?”, perguntou Armínio. “Nunca ouvi falar”, disse Palocci. Depois de ler o trabalho, animou-se: “Bastaria dar uma boa espiada no estudo para concluir que por trás daquelas idéias havia muita vida inteligente.” Dos contatos com Scheinkmann ele chegou a uma figura central de sua gestão, o secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa. “Eu seria sempre um médico na economia”, comparou então. “Por isso, decidi montar uma equipe de secretários que fossem, individualmente, bem superiores a mim em conhecimento de suas áreas.”
(os negritos são grifos meus)
É o fim da conversão do ex-ministro. Ou o início da prática "religiosa". Ainda não consegui um exemplar do de Palocci. Mas eu queria mesmo era ler o livro do ex-ministro-chefe da Casa Civil. Zé Dirceu havia prometido escrever um livro para maio de 2006, antes do início da corrida eleitoral. O livro foi motivo de chacota por parte de Mário Sérgio Conti, em dezembro de 2005, em sua perspectiva para aquele ano. O ex-diretor da Veja, atualmente engajado na Piauí, dizia que Dirceu revelaria que fora cassado por seu passado, pelo que representa para a esquerda...

Ele desistiu do livro, que seria escrito a partir de entrevistas concedidas a Fernando Morais – à época dedicado a uma uma biografia mais ou menos autorizada de Antonio Carlos Magalhães que, até agora, ninguém ouviu novidades. O motivo era o risco de atrapalhar a campanha de Lula.

Há trinta minutos, às 14h30, Dirceu publicou comentários em seu blog . "(Na entrevista) Palocci diz o óbvio, que muitos insistiram em não reconhecer: nunca houve política econômica do Palocci. A política econômica sempre foi a do presidente Lula. O resto é conversa fiada."

Ainda está para sair livro sobre bastidores mais nebulosos do governo companheiro.

Um minuto de silêncio

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Faleceu ontem uma das figuras mais assíduas e emblemáticas do Bar do Vavá, meu amigo Cícero (foto). Outros colegas do blog também o conheceram. Nordestino calejado e quieto, de uns 66 anos, Cícero se orgulhava de ter criado cinco filhos na periferia braba e nenhum deles ter partido para o crime. Quando o conheci, me confidenciou a saga que o trouxe até São Paulo. Ele era um caixeiro-viajante de 18 ou 19 anos, no final dos anos 50, quando o rígido código de honra do sertão o obrigou a vingar uma irmã que havia sido ultrajada. Pode parecer conversa, mas eu morei em Sobral (CE), cidade natal de Cícero, e sei que lá essas histórias são comuns - e o código de honra continua o mesmo.
Pois parece que, na época, o cunhado de Cícero queria se separar e alegou publicamente que a esposa não era virgem quando se casou - um verdadeiro escândalo na sociedade local. A moça voltou para a casa dos pais e garantiu ao irmão que seu marido mentia. Cego de ódio, Cícero foi até a cidade onde o homem morava, no Piauí, entrou em sua bodega, pediu uma cerveja e disse que queria conversar. Quando o cunhado virou para buscar a bebida, ele descarregou o revólver em suas costas.
Como não contou nada para ninguém quando planejou o crime, sua família nunca soube qual foi o seu destino. Ele nunca mais entrou em contato com os pais e irmãos, para não ter a polícia em seus calcanhares. Na fuga para o Sudeste, a intenção era tentar a vida na capital federal, o Rio de Janeiro. Mas o motorista do ônibus o aconselhou a vir para São Paulo, onde as oportunidades de emprego eram maiores. Aqui, trabalhou por décadas no comércio e se aposentou. Ultimamente, mantinha uma lojinha de miudezas e apontava jogo-do-bicho no bairro de Pinheiros. Nunca mais voltou para o Nordeste - não porque tivesse medo da Justiça, pois o crime prescreveu há muito tempo, mas talvez por receio de vingança da família do cunhado.
Cícero me disse que foi alcoólatra e que se recuperou no A.A. Nunca o vi bêbado, mas, no início deste ano, ele me contou que tinha passado oito dias internado, em dezembro, por ter "exagerado". De lá para cá, emagreceu muito. Acho que sua deterioração e morte tiveram a ver com os excessos do passado. A última vez que o vi foi na quarta-feira passada, quando encontrei o Glauco, o Edu e a Carminha no Bar do Vavá. Ele estava na mesa ao lado do orelhão, com alguns conhecidos. Calado, sem fumar nem beber nada. Ontem, quando soube de sua morte, fiquei meio besta, sem reação. Hoje pela manhã a ficha caiu.
Nunca esquecerei suas histórias, sua risada e o carinho que tinha por mim, pela minha esposa e minha filha - as duas cearenses, como ele. Cícero era extremamente educado, reservado e atencioso, à moda antiga. Que esteja em paz.

Temer quer PMDB dono da coalizão

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O presidente reeleito do maior partido brasileiro (o do movimento democrático), Michel Temer, saiu dizendo que quer que o candidato da coalizão governista em 2010 venha de sua sigla. É cedo para pensar na próxima eleição, mas o Temer quer é ganhar mais espaço agora, é claro, nos ministérios.

O que é curioso é que o presidente da Câmara dos Deputados de 1997 a 2000 (reeleito devido à troca de legislaturas), entre o fim do primeiro e o início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, agora é governista e não abre. Ok, se a brecha aparecer, ele pula fora.

Mas o ponto curioso é ver o cacique da ala tucana do partido, que apoiou à candidatura de Geraldo Alckmin no ano passado já no primeiro turno, contrariando 80% dos diretórios, migrar para dentro da base de governo e até se pretender o centro dela. São os 20 senadores e os 91 deputados, dirão alguns. Bancadas grandes têm peso. Por que, então, em 1998, com 19 senadores e 77 deputados o Jader Barbalho (pra falar em mais um governista) e sua trupe deram um jeito de acabar com a convenção e enterrar a candidatura própria na ocasião? Temer tampouco admitia que sequer pleiteassem o nome para a sucessão...

A indefinição ideológica que abriga aliados e opositores ao governo sem grandes constrangimentos também fica representada em Michel Temer. A gangorra não seria tão diferente se Nelson Jobim tivesse mantido a candidatura e fosse eleito, afinal, foi ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique, e por ele indicado ao Supremo Tribunal Federal.

O que não entendo bem é por que até celeumas entre tucanos (só para assinantes) chegam às capas dos jornais (nem estou falando do PT, que são sempre destaque), enquanto as disputas e incoerências pemedebistas soam a todos com a maior naturalidade. Como não dá para dizer que a mídia, além de tucana é pemedebista, fico sem hipótese à mão.
Dida Sampaio/Agência Estado

Michel Temer, tentando imitar o E.T. do filme de 1982 de Steven Spielberg


Não-notícia: Romário teve folga na segunda

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Enquanto a imprensa paulista, incluído o Futepoca, se degladiava sobre as polêmicas do clássico do fim de semana, Romário fez três gols contra o Madureira (vice-campeão da Taça Guanabara) na goleada de 4 a 1. Pelas inflacionadas contas do baixinho, só faltam cinco para o gol mil.

Aos 41 anos, ele mantém a tradição, agora oficializada, de só treinar quando quer, porque "tem uma preparação diferenciada devido a sua idade", segundo explicação do UOL Esportes.

Quase todas as críticas ao Romário já devem ter sido feitos. Minha preferida é a que lembra que o Pelé fez o milésimo aos 29 e não aos 41. Se considerarmos a idade hepática do Romário, a perspectiva deve ser ainda mais triste...

segunda-feira, março 12, 2007

Pão e circo

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O Glauco tem razão. A imprensa paulista é de uma parcialidade vergonhosa a favor do clube do Morumbi. Até o Corinthians da Fiel foi ultrapassado pela máquina de notícias são-paulina que tomou conta da mídia. Se o São Paulo ganha, é porque é melhor. Se perde, é porque o São Paulo perdeu. Os adversários parece que nunca ganham. Mas no ano passado, o poderoso time do Morumbi precisou da ajuda do árbitro Wilson de Souza Mendonça para eliminar o Palmeiras da Libertadores. O Verdão era dado como galinha morta, o Mendonça foi lá, deu a mãozinha necessária e ninguém mais falou nisso.

Agora a onda é dizer que a Vila Belmiro não pode sediar clássicos. Pauta da assessoria são-paulina, provavelmente revisada pelo Marco Aurélio Cunha, que estava ontem na Vila Belmiro. Na Europa, todos os times mandam seus jogos em suas cidades e ninguém reclama. Lá é a tradição, aqui é a politicagem de bastidor de quem paga mais.

San-Sã0
O programa Band Esporte Clube, por (ou pior) exemplo, ficou não sei quanto tempo falando monocordicamente de um único aspecto do clássico de ontem: a suposta “ordem” de Vanderlei Luxemburgo para que seus jogadores batessem em Leandro, repetindo exaustivamente a caçada à pobre vítima.

Defesas sensacionais dos dois goleiros (especialmente de Fábio Costa, o melhor jogador da partida), jogadas bonitas, os gols, a emoção do clássico, a disputa pela liderança em meio à chuva, tudo isso ficou em segundo plano.

Ontem, pelo menos, no Bate Bola da ESPN Brasil o João Palomino falou algo que destoa desse são-paulinismo lamentável (citação de memória): “Eu sou a favor de mulher no futebol, acho ótimo que haja mulheres na arbitragem, mas não é porque a Ana Paula tem pernas bonitas que ela não vai ser criticada tecnicamente. Ela errou feio (no clássico)”. Palmas para o Palomino.

Justamente porque é tecnicamente boa, a Ana Paula é suspeita. Costuma errar em lances capitais de jogos importantes. São sempre erros estranhos e injustificáveis. Eu estava na Vila Belmiro ontem e o estádio inteiro viu que o gol do Jonas foi legal. Só a dona das pernas bonitas não viu. Lembrem-se do golaço de Tevez contra o Palmeiras anulado no Paulista do ano passado, por exemplo. Nunca vi “erro” tão estranho.

O pior é que sempre a voz majoritária quando acontecem esses lances é aquela que diz: “não acredito que houve má-fé, o juiz (a juíza, a bandeirinha, o bandeirinha) é humano (a)”.

Todo mundo sabe que há esquemas. Mas os donos dos ouvidos moucos da imprensa esportiva não sabem, não viram e têm raiva de quem sabe. Têm medo de dizer, porque o futebol é circo e a política do pão-e-circo é uma necessidade imperiosa. O show tem que continuar e nós, torcedores, que também somos consumidores porque compramos ingressos e assinamos TV a cabo, não passamos de inocentes palhaços.

Polêmicas (e o fórum mais adequado)

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Foi um partidaço, sem dúvidas. Santos e São Paulo jogaram abertos e, pela quantidade de finalizações perigosas, os dois goleiros se destacaram. Pelo o que apresentou no segundo tempo (independentemente do erro de arbitragem no gol legítimo de Jonas), o Santos merecia ter saído com a vitória. Porém, como avaliou o próprio técnico alvinegro, Vanderlei Luxemburgo, o resultado de 1 a 1 "foi justo". Uma bela prévia do que deverá ser a decisão do Paulistão. Mas, como o objetivo deste blog é "espalhar cizânia", nas palavras do companheiro Edu, vamos às polêmicas da partida:

Polêmica 1 - Dizem que houve um pênalti de Miranda sobre Zé Roberto. Não posso opiniar, pois não estava assistindo a TV na hora do lance e não vi o replay. O que vi, no segundo tempo, foi um pênalti sobre Aloísio cometido por Fábio Costa, em lance idêntico àquele da "decisão" do Brasileiro de 2005, contra o Tinga, do Inter, quando o arqueiro defendia o Corinthians.

Polêmica 2 - Após o jogo, o atacante Leandro disse que, dentro de campo, os santistas o alertaram: "-Toca a bola de lado que mandaram te pegar!". Ele chegou a insinuar que Luxemburgo é "mau caráter". Seja esse "alerta" dos santistas verdade ou não, o fato é que Leandro e Souza, principalmente, além de Aloísio, apanharam muito. Prova disso é que Souza e Aloísio saíram de campo contundidos. Na foto do post, Antônio Carlos dá uma cotovelada em Leandro. E o juiz economizou cartões.

Polêmica 3 - Fábio Costa foi eleito o melhor da partida e realmente merece todos os elogios por duas ou três defesas antológicas. Mas o lance pelo qual recebeu mais elogios, as duas defesas seguidas na frente de Hugo, não foram por competência sua, em minha modesta opinião. Hugo chutou fraco duas vezes, e duas vezes em cima do goleiro, tendo o canto esquerdo livre. Qualquer outro teria feito o gol com relativa facilidade.

Bom, podemos começar a nos digladiar. Mas fiquemos com a opinião de Vanderlei Luxemburgo sobre o fórum mais adequado para os debates: "Agora vai ter aquela discussão boa do futebol, dos torcedores no bar".

sexta-feira, março 09, 2007

Paranóia, mistificação e delirium tremens

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No calor da discussão sobre biocombustíveis, meu amigo economista Rogério Nohara, vulgo Taroba, me enviou um curioso texto de Ruth Gidley, da Reuters, que afirma: “alguns especialistas prevêem uma mudança permanente na economia alimentar se a produção de combustíveis ficar mais lucrativa que a de alimentos”. O texto prossegue: “ ‘Estamos em uma nova estrutura de mercado’, disse o especialista britânico em ajuda alimentar Edward Clay. ‘Poderia ter profundas implicações sobre os pobres’."
Na interpretação do economista Taroba, “se o Bush baixar as taxas para o etanol brasileiro, e se o Japão também se firmar como grande importador do combustível, há grandes chances da tese deste artigo se comprovar. Já há grandes grupos internacionais comprando usinas de álcool aqui no Brasil. Se for mais lucrativo plantar cana, então a área cultivada para os alimentos diminuirá. Menos oferta de alimentos, puxa o preço para cima.”
Será então que a cruzada pró-biocombustível seria, na contramão, um anti-Fome Zero? Seria o Fome Máxima? Não sei até que ponto isso é alarmismo, má-fé, paranóia ou mistificação. No caso do Taroba, nem delirium tremens está descartado. Olha a parte final de suas conjecturas: “no pior dos mundos e dos cenários, se o capital vencer mais uma vez e tudo virar um mar de cana, acho que deveriam plantar limão perto da cana. Para cada X hectares de cana, 1/2 X de hectares de limão. Assim, conseguiríamos um equilíbrio geral.” Acreditem, esse manguaça defensor de uma overdose mundial de caipirinha é economista formado, e com extensão na Fundação Getúlio Vargas!
Ps.: Passando o olho pela definição de delirium tremens na Wikipedia (“psicose causada pelo alcoolismo”), encontrei essa interessante observação: “O Delirium Tremens é uma condição potencialmente fatal, principalmente nos dias quentes e nos pacientes debilitados. A fatalidade quando ocorre é devida ao desequilíbrio hidro-eletrolítico do corpo.” (o grifo é nosso). Pelo calor que tá fazendo nos últimos dias, temos que compreender os surtos analíticos do Taroba. Mas é bom tomar um Engov – e consultar um médico...

Bush no Brasil 3

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Flagrante das manifestações contra a visita de um presidente estadunidense ao Brasil, em pleno Dia Internacional da Mulher. A manifestante é Janaína Bueno.

Protestos contra Bush nos jornais dos EUA

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Interessante dar uma olhada nos dois principais jornais dos Estados Unidos via internet, hoje. O New York Times e o Washington Post falam da repressão aos protestos na avenida Paulista.

No NYT, sob a foto de um soldado do exército com um fuzil (foto), lia-se o título em azul: "Protesto contra a visita de Bush ao Brasil", e embaixo a informação de que mais de 6 mil pessoas fizeram uma grande marcha pacífica (sim, isso é o que dizia o NYT) pelo centro financeiro de São Paulo (veja aqui a reportagem interna, pois não é mais a chamada principal na web: internet tem dessas coisas).

Já o Washinton Post traz na capa de sua versão on line um link para as fotos, na chamada "Protestos saúdam Bush no Brasil" (clique aqui para ver). As fotos dos protestos publicadas no Post são muito boas. E pensar que a imprensa brasileira andou dizendo antes da chegada de Bush que o cara não ia nem ver os protestos, tamanhos eram os preparativos para protegê-lo.

Libertinagens uspianas

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A Universidade de São Paulo, que abrigou alguns dos escribas deste blog, é um local de reconhecida verve libertária. Essa tendência fica ainda mais forte na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, a FFLCH (lê-se "fefeléchi), reduto de anarquistas, comunistas das mais variadas estirpes e, claro, cachaceiros e maconheiros a granel.

Um aluno da citada faculdade me contou que ontem, durante uma de suas aulas, o professor (cujo nome será preservado) deu um intervalo de alguns minutos. O jovem manguaça decidiu por bem comprar uma cerveja. Voltou para a sala ainda com a latinha e, como o professor já havia retornado, parou na porta para terminar o mézis. Ocorreu então o seguinte diálogo:

Professor: Entra, entra.
Aluno, referindo-se à cerveja: Não tem problema, professor?
Professor: Com esse aquecimento global! Dá um gole!

Bush no Brasil 2

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Em pleno coletivo, às 11h30, onde cruza a Ipiranga e a avenida São João, uma viatura da Polícia Federal, escoltada por três motos da Polícia Militar cortam a fase de travessia de pedestres na esquina famosa. A meia dúzia de passageiros no ônibus se agita.

— É o Bush, é? — pergunta uma senhora.

— É. É o Bush que veio encontrar com o Lula pra comer uma buchada — disparou um manguaça da terceira idade, num trocadalho digno de um certo colega de Futepoca. — Buchada e sarapatel também, quero ver se ele aguenta...

É claro que não era o Bush. A região central não estava na rota do mandatário mundial, quer dizer, norte-americano. Era, no máximo, uma viatura tentando escapar do trânsito para integrar a escolta ou levar alguma encomenda à comitiva. Minha teoria era que integrantes do Pentágono teriam solicitado amostras do suco-grátis servido na compra de um churrasquinho-grego, nas inúmeras barraquinhas no Centro da cidade. As denuncias dariam conta de suposto uso de armas químicas empregadas na confecção da "bebida".

Ignorando os "fatos", outro passageiro, sentado logo atrás do que tinha elucidado a questão, começou a reclamar do esquema de segurança. Tanto carro, tanta coisa. Afinal, medo de que, tem o Bush? O mesmo figura de antes, em tom professoral, concordou, e logo lançou o desafio permeado por suas próprias garagalhadas:

— Depois da buchada — insistiu — vou trazer um jeguinho do Nordeste. Quero ver se o cabra desce do carro pra mostrar que é bom de jégue.

Bush no Brasil 1

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Para quem acha exagerado o contingente de segurança de Bush, do livro Chatô, O Rei do Brasil, de Fernando Morais, sobre Assis Chateaubriand, descrevendo a visita ao país do presidente Dwigth Eisenhower, em fevereiro de 1960, durante quatro dias:

Foto: Reprodução
Um inusitado contingente de policiais brasileiros e americanos havia sido mobilizado para garantir a segurança de Eisenhower no Brasil. No Rio de Janeiro temiam-se hostilidades por parte da União Nacional dos Estudantes, a UNE, em apoio à revolução cubana. O governo paulista, por sua vez, anunciara que 7 mil policiais civis e militares estariam de prontidão nas ruas da cidade no dia 25 para manter a ordem durante as seis horas em que o presidente Eisenhower permanecesse em São Paulo, onde só o governador e mais ninguém — jornalistas inclusive — poderia chegar a menos de quinze metros do visitante. Nem a futura capital federal — na realidade apenas um gigantesco canteiro de obras — ficou a salvo do rigor imposto pela segurança norte-americana.
(São Paulo: Cia das Letras, 1994, 1ª edição, p. 21.)

A título de comparação, no G1 na quarta-feira:

A Polícia Militar confirmou no início da tarde desta quarta-feira (7) que irá disponibilizar um efetivo de mil policiais e 300 carros para a segurança do presidente norte-americano, George W. Bush. (...)

Na última segunda-feira (5), o delegado da Polícia Federal, Flávio Luiz Trivella, informou que a segurança do presidente é ainda mais delicada por causa do que ele "representa ao mundo". Trivella disse ainda que o esquema está sendo montado de forma que Bush não tome conhecimento nem mesmo dos protestos contra ele que erão realizados.
Ou no Estadão de hoje:

Eric Drapper, Divulgação Casa Branca
Ao todo, 1,2 mil homens armados com fuzis e metralhadoras MAG, calibre 7,62 mm, são os responsáveis por proteger todo o caminho de Bush e os pontos que ele visitará, além do hotel em que o presidente está hospedado - o Hilton do bairro do Morumbi, localizado na zona sul de São Paulo. (...)

A PM disponibilizará mil homens das tropas de choque e do policiamento normal para fazer a segurança, enquanto a Polícia Civil contará com 300. Para completar o esquema, o serviço secreto americano trouxe 300 homens para proteger Bush.

Sobre o Goiás e o bom Rodrigo Tabata

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Se a premiação da CBF no final do ano tivesse uma categoria do tipo “Melhor Olheiro” ou “Melhor Revelador de Atletas”, o Goiás Esporte Clube bem que merecia um prêmio. De dez anos para cá, é impressionante a quantidade de atletas que revelou ou recuperou para o futebol, principalmente laterais, meio-campistas e atacantes. Atualmente, não tenho dúvidas de que, quando o Goiás promove um atleta de sua base ou contrata um jogador obscuro de algum clube idem, todos os técnicos e olheiros dos grandes clubes do país já ficam ouriçados, tentando prever o que vai sair dali.
O São Paulo virou consumidor assumido: depois da inacreditável recuperação do Goiás no Brasileirão de 2003 (saiu de penúltimo, no início do 2º turno, para 9º na classificação final), o tricolor paulista trouxe o treinador Cuca e os jogadores Fabão, Danilo e Grafite. Não contente, ainda traria Josué, André Dias e Jadílson - sem esquecer que Aloísio, Leandro e Alex Dias também tiveram boas passagens pelo clube goiano. E o São Paulo também tinha interesse em dois outros ex-Goiás que escaparam para os rivais: Paulo Baier e Rodrigo Tabata, que foram para o Palmeiras e o Santos, respectivamente.
O primeiro não conseguiu despontar no alviverde e saiu pela porta dos fundos, incomodado com pagamentos em atraso. Mas o segundo, com certeza, tem feito muitos santistas felizes. Tabata pode ser um cara muito contestado, mas eu fui um dos que lamentaram quando não acertou com o São Paulo. Ele não é craque, mas é muito útil – e “brigador”, como se dizia antigamente. Ontem, contra o Rio Branco, o Santos sustentava um magro 1 a 0 no placar, no início do segundo tempo, e o time do interior pressionava. Foi então que, em duas cobranças de falta perfeitas, Rodrigo Tabata aumentou para 3 a 0 e liquidou a fatura. É isso o que eu digo: quando é necessário, o cara comparece. É um jogador útil, perfeito para compor elenco.
Nascido em Araçatuba (SP) em 1980, Rodrigo Barbosa Tabata começou a carreira no Paulista de Jundiaí, em 1999, quando venceu a Copa do Estado de São Paulo. No ano seguinte, jogou pelo São Bento de Sorocaba e depois perambulou por Santo André, Ferroviária, Inter de Limeira, Treze da Paraíba, Grêmio, Ceará, XV de Piracicaba, Campinense (PB) e América de Natal, antes de ser resgatado pelo Goiás, em 2004 (foto). Depois de fazer um excelente Campeonato Brasileiro em 2005, garantiu contrato com o Santos no ano seguinte. Para o alvinegro, em minha modesta opinião, foi uma ótima contratação.

quinta-feira, março 08, 2007

Vantagem do alvinegro praiano

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Com esse post estou atendendo um pedido do companheiro Edu, que queria saber como está o retrospecto do clássico San-São (grande atração do próximo final de semana). Pesquisei o confronto de 2001 para cá e constatei uma boa vantagem do alvinegro praiano: em 19 duelos, são 11 vitórias do Santos, 6 do São Paulo e apenas 2 empates – o que comprova que, quase sempre, são ótimos jogos. Foram marcados 57 gols (32 pelo Santos e 25 pelo São Paulo), o que dá uma bela média de exatamente 3 tentos por partida. Na Vila Belmiro, que será o palco da disputa de domingo, o clube santista é quase imbatível: em 9 jogos nos últimos cinco anos, venceu 7 e perdeu apenas 2 para o time da capital. E mesmo no Morumbi, não dá moleza: em 8 partidas, 4 vitórias – incluindo aí a histórica virada por 2 a 1, em novembro de 2002, que desclassificou o São Paulo do Brasileirão, e os sonoros 4 a 0 de julho do ano passado. Não bastasse tudo isso, os dois clubes são hoje os melhores do futebol paulista, onde lideram o campeonato com sobras, e também destaques no cenário nacional (ambos estão na Libertadores). O clássico de domingo promete. Confira a relação das últimas partidas:

04/02/2001 – S.Paulo 4 x 2 Santos – Morumbi (C.Paulista)
03/10/2001 – S.Paulo 0 x 1 Santos – V.Belmiro (C.Brasileiro)
07/04/2002 – S.Paulo 2 x 3 Santos – V.Belmiro (T.Rio-S.Paulo)
16/10/2002 – S.Paulo 3 x 2 Santos – Morumbi (C.Brasileiro)
24/11/2002 – S.Paulo 1 x 3 Santos – V.Belmiro (C.Brasileiro)
28/11/2002 – S.Paulo 1 x 2 Santos – Morumbi (C.Brasileiro)
15/02/2003 – S.Paulo 2 x 1 Santos – V.Belmiro (C.Paulista)
01/06/2003 – S.Paulo 2 x 3 Santos – V.Belmiro (C.Brasileiro)
04/10/2003 – S.Paulo 1 x 2 Santos – Morumbi (C.Brasileiro)
10/07/2004 – S.Paulo 1 x 2 Santos – V.Belmiro (C.Brasileiro)
10/10/2004 - S.Paulo 0 x 1 Santos - V.Belmiro (Sul-Americana)
20/10/2004 - S.Paulo 1 x 1 Santos - Morumbi (Sul-Americana)
24/10/2004 – S.Paulo 1 x 0 Santos – Morumbi (C.Brasileiro)
03/04/2005 – S.Paulo 0 x 0 Santos – Mogi Mirim (C.Paulista)
17/07/2005 – S.Paulo 1 x 2 Santos – V.Belmiro (C.Brasileiro)
22/10/2005 – S.Paulo 1 x 2 Santos – Morumbi (C.Brasileiro)
02/04/2006 – S.Paulo 3 x 1 Santos – Morumbi (C.Paulista)
30/07/2006 – S.Paulo 0 x 4 Santos – Morumbi (C.Brasileiro)
05/11/2006 – S.Paulo 1 x 0 Santos – V.Belmiro (C.Brasileiro)

Tanure vem aí OU Erramos

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É uma correção, com atraso, a um post anterior. A negociação da Editora Três com Daniel Dantas deu água.

Quem está negociando com força (e acabou com a greve de funcionários) foi a Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), do empresário (sic) Nelson Tanure, dono do JB. Foi feito um aporte, como explica o Comunique-se.

A negociação entre as duas empresas existe desde o fim do ano passado, "com admiração mútua", como frisou a assessoria da CBM, e o adiantamento foi a forma encontrada para quitar a dívida com os funcionários e contornar a crise da empresa. Caso a compra seja efetuada, o aporte será deduzido do valor final da negociação. Em caso negativo, ele será interpretado como uma dívida individual.


Domingos Alzuguaray desistiu do negócio, porque não queria abrir mão da direção familiar da empresa.

Assim, a IstoÉ não é do Daniel Dantas como foi escrito antes. E Tanure vem aí.

Maluf é indiciado pela Justiça americana

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Para alegria do Olavo, tá no Terra.

Wilson Dias/ABr
A promotoria de Nova York, no Estado Unidos, anunciou nesta quinta-feira o
indiciamento do deputado federal e ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf. Ele é
acusado de enviar ilegalmente US$ 11,5 milhões do Brasil para um banco
americano, de acordo com o Jornal Hoje.
Segundo o promotor responsável pela acusação, o dinheiro teria sido desviado de obras públicas de São Paulo, levado para os Estados Unidos e depois distribuído para paraísos fiscais.

Solidariedade manguaça no "dia das mulé"

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Mesmo sob o risco de achincalhe, escrevo.

Depois de chegar em casa, nos dois dias anteriores, com aquele bafo que só o bar permite ao manguaça, era hora de compensar. O Dia Internacional das Mulheres era um pretexto. Embora a data não pudesse passar em branco, era um motivo a mais. Também era hora de checar o ibope com a mulher. Ainda na véspera, além de manter a sobriedade (façanha nem tão simples sob as altas temperaturas da capital paulistana), resolvi que era o caso de levar "fulores" pra casa.

Desci do ônibus direto para a barraca de flores. O botão de rosa já estava inflacionado. O floricultor queria R$ 3 cada. Ou melhor, disse que era esse o preço, mas, de cara, faria por R$ 2. Só pra mim.

— É da colombiana, bonita pra caramba essa daqui... — explicou aproximando-se, meio de lado, quase como quem cochicha.

Claro que não tinha nenhum outro cliente por perto, e ninguém saberia da "barganha" ainda que ele gritasse. As aspas no período anterior se explicam pela subnutrição das flores (que saltava aos olhos até do mais distraído dos bêbados). Mas era parte de seu jogo de cena. É só nesse momento que o manguaça-leitor entende por que esse post entra no glorioso Futepoca.

A aproximaçaõ fez o hálito do ébrio vendedor atingir em cheio meu olfato com um vigor que quase faz recuar. Ele provavelmente passara a tarde e o começo da noite dedicado à tarefa com a qual eu gostaria de ter me ocupado. O hálito exalava álcool. Na sequência, percebi que a substância já lhe saía até pelo suor.

Em minha lábia de brimo tentei explicar que era véspera do Dia das Mulheres, que precisava fazer bonito em casa.

— É dia das mulé, dotô... — contra-argumentou o manguaça-vendedor, com um risinho meio irônico. E prosseguiu, com direito a caretas e tudo: — Fui no Ceasa cedinho, já tá tudo caro...

Na mais profunda sinceridade que a sobriedade permite, apelei:

— Amigo, passei o dia sem ir pro bar pra juntar esses seis pilas pras fulô... Se eu me apareço duas rosas na mão, como eu fico?

Comovido, cada botão saiu por R$1.

quarta-feira, março 07, 2007

Imprensa e complexo de vira-lata

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Marcello Casal/Ag Br
A visita de “El Diablo” ao Brasil está deixando alguns jornalistas embasbacados e incontidos diante de tamanha honra. Entre aqueles que se viram em uma entrevista concedida pelo presidente dos Estados Unidos, publicada no Estadão de hoje, a correspondente do jornal em Washington, Patrícia Campos Mello, demonstrou ser quase uma tiete de Bush filho.
Terá ela pedido autógrafo ao entrevistado? Isso não posso saber, mas o textinho que ela assina em negrito na página A4 do jornal é de uma mediocridade atroz. É ridículo. E meigo. “Uma conversa com Jorge Doblevê”, diz o título da matéria, procurando passar uma intimidade suspeita, num jornal sério.
“Seu nome é George W. Bush e ele é o presidente mais poderoso do mundo”, começa ela, entusiasmada tiete, como se começasse uma daquelas redações que escrevíamos no ginásio depois das férias. “Querida professora, nas minhas férias...”
Informando que o presidente se dirigiu a um jornalista mexicano como Joe, e acrescentando que “Bush adora inventar apelidos”, ela vai dizendo: “Com essa e outras piadinhas, o presidente norte-americano deixou o clima mais leve na imponente sala Roosevelt, na Casa Branca”. Isso é que é complexo de vira-lata, o resto é bobagem. Imagino (desculpem a livre-associação óbvia) como deve estar leve neste momento o clima na capital do Iraque.
E a matéria da Patrícia continua: “Foram 45 minutos (de entrevista), muitos sorrisos, gestos e incontáveis palavras em espanhol”, informa a repórter. “Bush sorriu até mesmo quando veio a ‘universal pergunta’ sobre (Fidel) Castro’, como ele (Bush) chamou a indagação infalível sobre o líder cubano”, escreve Patrícia, e posso ver até o sorrisinho de satisfação, quase entre suspiros, com que a moça olhava a tela do computador enquanto digitava essa pérola do jornalismo brasileiro.
Depois, ela encerra com uma fala de seu herói sobre Fidel Castro: “Vamos ver, disse Bush em espanhol (esclarece Patrícia, orgulhosa do líder poliglota, ou pelo menos “biglota”), quanto tempo ele vai permanecer sobre a Terra. Isso é Deus Todo-Poderoso quem vai decidir”, termina a correspondente. Quiçá com lágrimas nos olhos.

Bastidores de uma foto histórica

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Flagrante de um porre homérico de Chico Buarque, Tom Jobim e Vinicius de Moraes no Rio de Janeiro, nos anos 70. O depoimento do fotógrafo Evandro Teixeira, que produziu a imagem para o Jornal do Brasil, mostra que nem só os três artistas estavam encachaçados: “Comemorava-se o aniversário do Vinicius na Churrascaria Carreta, freqüentada por boêmios e intelectuais. Para fazer esta foto, subi num tamborete, que logo após o clique se quebrou — eu caí e o disparador da câmera quebrou. A sorte é que a máquina não abriu e eu consegui salvar o filme. Foi publicada em página inteira no Caderno B”.

Som na caixa, manguaça! (Volume 11)

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Bafo de boca

João Nogueira e
Paulo César Pinheiro (foto)
(Composição: João Nogueira/ Paulo César Pinheiro)

Pára de beber, compadre
Meu compadre deixa disso
Larga essa mulher de lado
Lembra do teu compromisso

Mas veja só que malandro que tu és
Entrou num artigo dez
Por causa de dois mil réis, compadre
Minha comadre já tá ficando louca
Com esse teu bafo de boca
Boa coisa não vai dar

E a tal mulher que anda nos cabarés
Mas essa não paga dez
Só vive trocando os pés, compadre
Minha comadre diz que a desgraça é pouca
Você tá marcando touca
E o bicho inda vai pegar

(Do CD “João Nogueira e Paulo César Pinheiro – Ao Vivo”, Velas, 1994)

terça-feira, março 06, 2007

Nilmar, Obina, Alemão, Jonas, Dênis...

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A lesão que parece ter virado moda, o rompimento do tal ligamento cruzado do joelho, merece atenção e estudos, o que aliás já vem ocorrendo. A grave ocorrência que deixa o jogador em tratamento “de seis a oito meses”, pela recorrência, já vinha inspirando investigações de especialistas. Agora virou capa de jornal.

Ontem, o Paulo Vinícius Coelho abordou o tema no Linha de Passe (ESPN-Brasil). A abordagem tem, segundo o PVC, de ser vista de dois ângulos:
1) a tal lesão não é nova. Antigamente também ocorria, mas a medicina esportiva estava muito aquém da evolução a que chegou hoje. No passado, era tratada a base de remédios e infiltrações, até que chegava um dia em que o cara não podia mais;

2) mas a incidência do rompimento do ligamento cruzado com certeza acontece com uma freqüência impressionante, anormal mesmo, e deve ter alguma causa maior do que o acaso, a fatalidade ou a urucubaca. Sem nenhum trabalho, dá pra citar vários jogadores que tiveram essa lesão recentemente: só no Santos (clube que tem conseguido reduzir o tempo de tratamento) foram três: Fabiano, Dênis e Jonas. Nilmar (duas vezes) e Alemão no mesmo jogo! Obina, na semana passada. Além de alguns outros como Leandro Amaral, Amoroso, Edu (Valência, duas vezes), entre muitos outros. Toda semana são vários casos, é algo realmente impressionante.

Já se falava abertamente nos clubes (sem sair nos jornais) que essa causa obscura seria o modelo de chuteira que muitos atletas usam, com as travas longitudinais, formando linhas retas, ao contrário das tradicionais. Essa “moderna” chuteira seria responsável por travar o pé do jogador no gramado em determinados movimentos. O pé travado na grama, o joelho estoura.
De fato, eu lembro de ter visto na TV vários desses jogadores se machucarem: Jonas, Fabiano, Obina, Dênis, Nilmar. Curiosamente, sempre me parece que a gravidade das lesões não condiz com o lance que a motiva.
Mesmo no caso de Nilmar, um lance mais feio de se ver, ele se machuca sozinho, simplesmente ao conduzir a bola e fazer um movimento para sair da marcação. É muito plausível que essa chuteira tenha de fato muito a ver com isso.

Apolinário, com Deus e contra os gays

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Saiu na Carta Capital desta semana uma matéria com o vereador pefelista Carlos Apolinário, que pretende instituir o "Dia do Orgulho Heterossexual" na cidade de São Paulo. A edição separou, em uma breve conversa por telefone, algumas pérolas grotescas do ex-candidato a governador de São Paulo (à época pelo PDT). Só pra lembrar que o mesmo, quando deputado estadual, o parlamentar evangélico destacou-se pelo projeto da Lei Seca, que proíbe venda de bebidas alcoólicas em bares e restaurantes que ficam às margens das estradas do estado de São Paulo.

“Os gays precisam entender que estão dentro de uma sociedade. Eles não podem impor à sociedade uma cultura gay”.

“Para que criar um Dia do Orgulho Gay? Será que a pessoa precisa ter orgulho de ser gay? O camarada chega na empresa e diz: ‘Estou feliz, meu filho disse que é gay. Tô feliz da vida’. Será que tem alguém que faz isso?”

“Um exemplo: você vai num restaurante com a sua família. Dois homens chegam, começam a se beijar na boca e acham que isso é normal. Eu acho que não é normal (beijar em público), nem para o gay nem para o hetero”.

“O cara quer afinar a voz, rebolar e usar roupa de mulher, mas ele não é. Por mais que queira ser mulher, ele não tem útero. Nasceu com pênis”.

“Daqui a pouco, vai ter um outdoor na cidade dizendo: ‘Gay, você ainda vai ser um’. Ou um cartão na farmácia: ‘Gay, 10% de desconto’”.

“Qual de nós gostaria de ter, na praça em frente à nossa casa, um ponto de gays arrumando clientela? Mas, se você chamar a polícia ou tomar alguma providência, você é homofóbico, nazista...”

segunda-feira, março 05, 2007

Urucubaca verde

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Se eu fosse o atacante corintiano Nilmar (foto), não jogava contra o Palmeiras nunca mais na vida. Depois de ferrar o joelho direito contra o alviverde no Morumbi, em 16 de julho do ano passado, o jogador passou longos sete meses de molho, recuperando-se de cirurgia. E o Corinthias perdeu por 1 a 0 na ocasião. Ontem, no mesmo estádio, eis que Nilmar entra em campo contra o mesmo adversário. E o que acontece? Torção no joelho esquerdo e suspeita de lesão grave nos ligamentos cruzados. Coisa pra passar outro período parecido no estaleiro. Quem assistiu a partida viu o quanto o jogador chorou de dor e desespero após a contusão. E o curioso é que, nas duas vezes, se contundiu sozinho. Pra completar, o alvinegro perdeu de novo, dessa vez por três gols. Tá na hora de se benzer - ou parar de enfrentar o Palmeiras...

Sobre lança-perfume e rinhas de galo

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Estou lendo “Jânio Quadros – O Prometeu de Vila Maria”, do jornalista e semiólogo Ricardo Arnt. O livro, publicado pela Ediouro em 2004, faz parte da coleção “Avenida Paulista”, uma série de perfis de personalidades que marcaram a maior cidade do país. Por isso, não se trata de uma biografia, mas de um ensaio sobre o “fenômeno Jânio Quadros”, sem a pretensão de exaltá-lo ou execrá-lo.
Além da trajetória de glória e ruína do político, o livro traz detalhes sobre uma das faces mais polêmicas de Jânio: o moralismo exacerbado. Um aspecto curioso, já que seu pai, Gabriel Quadros, era médico e fazia abortos de prostitutas no bairro Bom Retiro. Segundo quem o conheceu, era mulherengo, irascível, emocionalmente desequilibrado e dado a exibicionismos e valentias (qualquer semelhança entre pai e filho, portanto, não é mera coincidência).
Na esteira de Jânio, elegeu-se vereador e deputado, sempre fazendo oposição – e massacrando – o filho. Em maio de 57, o governador Jânio Quadros, visivelmente constrangido, teve de comparecer ao velório do pai, que foi morto a tiros por um feirante na Mooca. Ele tinha roubado a mulher do feirante (uma empregada doméstica que era sua amante) e estava tentando levar também os filhos gêmeos da mulher, que alegava serem seus.
Outra revelação sintomática tem a ver com a expressão facial insana de Jânio, motivada pelo olho esquerdo, paralisado após um acidente na adolescência: a explosão de um vidro de lança-perfume. Como vingança, não sossegou até proibir a venda do produto no país. Já a proibição das rinhas de galo teria ocorrido depois que o pai de uma de suas amantes, Adelaide Carraro, foi assassinado em um desses locais.
E o mesmo Jânio que regulamentou as medidas dos maiôs em concursos de miss era freqüentador assíduo de um bordel na rua Martins Fontes e foi acusado inúmeras vezes de assédio sexual. Hebe Camargo revelou, em 1987, que ele a assediava insistentemente por telefone, quando estava na presidência. Isso sem falar na bebedeira constante, assunto que renderia muitos outros posts. Jânio era uma personalidade psicologicamente interessante, em termos de discurso e prática. Só por isso, o livro já vale apena.

domingo, março 04, 2007

Em um bar da zona oeste de São Paulo...

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Fim de tarde em um bar da zona oeste de São Paulo. Calor de 35 º, típico clima que não só convida, mas exige um momento de, digamos, reflexão sobre o cotidiano regado a uma gelada.

Ao chegar, um acidente acabara de acontecer. Um carro tinha batido na traseira de outro, os motoristas aguardando a polícia. Um caso até banal para uma cidade como São Paulo, não fosse o automotivo que causou a colisão um veículo do serviço funerário.

A mulher que dirigia o carro atingido começa a discutir com o fúnebre condutor. Ânimos acirrados, um homem, talvez motivado pelos instintos primários de Roberto Jefferson, de espectador passa a tomar as dores da moça, exigindo "respeito" do outro contendor. Chega a polícia, os gritos ficam mais altos ainda, já que sempre a coragem aumenta quanto mais a briga se torna improvável.

A essa altura, o bar já não era um bar, era uma arquibancada. Gente chegava e sentava para assistir de camarote, todos com a cadeira de costas para a mesa, voltadas para a discussão. "Tira esse carro daqui que tá atrapalhando", exige para ninguém um dos manguaças que tinha a visão obstruída. "A polícia deveria multar esse cara, ainda por cima está em local proibido", brada outro.

Discussão rolando e chega um cidadão com um copo plástico na mão. Estende para um dos clientes - ou espectadores - e pede: "Vê um gole de cerveja que minha garganta está seca". O rapaz tem uma camiseta com logos de times de futebol em latas de cerveja, uma bonita combinação entre cachaça, esporte e democracia. "Pede água aí", retruca um. "Água não, amigo. Cerveja é melhor...", ri e recebe seu gole.

Copo ganho, agora já empolgado começa a repetir para todos da "arquibancada": "Tenho 45 anos e sabe o que eu consegui na vida? Nada". O mantra era dito a cada cliente até que ele chega no dono do estabelecimento, o Vavá. "Tenho 45 anos e sabe o que eu consegui na vida? Nada", disse. "Bom, já que você não conseguiu nada na vida, não é aqui que você vai conseguir. Agora pode ir embora", disse calmamente e com toda sensibilidade nosso querido anfitrião.

Chega o segundo carro de polícia. Nenhum consenso à vista. Um outro transeunte, conhecido na região por não ter uma sanidade mental exemplar, observa de perto a discussão e chega animado para o dono do bar com o que considerava uma grande "notícia". "Vavá, sabe o que tem naquele carro?", questiona, apontando para o carro funerário. "Cinco mortos! Cinco mortos!", falava, exaltado. "É, e pelo jeito deixaram a porta aberta e um escapou", respondeu Vavá, se referindo a uma senhora transitando por ali que também não é reconhecida pelo seu equilíbrio.

O terceiro carro de polícia chega e a discussão e a pequena multidão se dispersa. Os clientes voltam suas cadeiras para as mesas e o dia-a-dia do bar e do local volta ao normal. Seja lá o que signifique "normal".

sábado, março 03, 2007

Pelé treinando Robinho

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O companheiro Marcão me deu de aniversário uma edição da Placar de março de 1999, um especial sobre Pelé. Nela, há uma entrevista com o Rei em que ele fala sobre seu trabalho nas divisões de base do Santos, que durou até aquele ano, último da administração de Samir Abdul Hack.

Cuidando das divisões infantil e juvenil, Pelé julgava aquele um trabalho que lhe dava prazer. "Só me causa dissabor dispensar os garotos. Na última vez, fui ao banheiro, chorei um pouco, escondido, voltei e fiz a lista de dispensas", disse.

Imagino que a questão da escolha dos jogadores foi justamente uma das principais tratadas por Pelé já que, na década de 1980 e parte de 1990, conheci diversos caso in loco de filhos e parentes de diretores do clube que jogavam nas divisões de base por conta de sua condição. "O filho do Lalá, por exemplo, tive que dispensar. O Lalá jogou comigo, é meu amigo, é de Santos. Mas o garoto tem uma deficiência respiratória e, além de tudo, não está no nível dos outros. Não há privilégios para filhos de ex-jogadores, de diretores e conselheiros. Se tiver condição, fica. Os filhos de dois porteiros do Santos foram aprovados porque jogam bem."

Esse dado é curioso e sempre importante de ser lembrado, já que muitos, apressademente, julgam ser "obra" de Marcelo Teixeira o time dos "meninos da Vila" de 2002 quando, na verdade, a dupla Diego e Robinho já treinava no Santos antes da dinastia do atual presidente, em centro de treinamento também construído antes da atual gestão.

Nesse aspecto, o mais curioso é quando Pelé é perguntado se existe algum Pelé, Ronaldinho ou Zico ali. A resposta do Rei: "Tem alguns garotos que, se bem trabalhados, vão chegar lá. Tem o Robinho, um crioulinho, o volante Jonathan, que é do Maranhão, e o Mota, centroavante do juniores. O Robinho é oito-dois (risos) [aqui Pelé erra o ano de nascimento de Robinho, que, na verdade, nasceu em 1984]. Ele é desnutrido, coitado. Até chamei o pai para saber se ele já teve algum problema de saúde, amarelão, anemia. O garoto sabe driblar, é inteligente, mas não tem força na hora de bater na bola".

Não é sempre que Pelé erra previsões...

sexta-feira, março 02, 2007

"É sempre necessário vencer o Corinthians"

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Sopalmeiras
Atribui-se ao centroavante Jardel (ex-Grêmio, ex-Benfica, ex-Palmeiras) a frase: "Clássico é clássico e vice-versa", numa derivação nonsense do jargão futebolístico. Diante do Palmeiras e Corinthians do próximo domingo e da manchete da página do Uol "Corinthians e Palmeiras duelam pela soberania", me questionei: ainda clássico seria clássico?

No caso da matéria do UOL, a soberania é a de títulos paulistas, já que o Verdão não fatura um estadual desde 1996 e o alvi-negro está a ver navios no Paulista desde 2003. Além disso, o São Paulo já tem o mesmo número de conquistas (21) do que o Palmeiras. A matéria questiona ainda se o clássico ainda é o mais importante do estado.

Depois de depoimentos chapa-branca de parte a parte, a matéria termina apelando para a história e para a tradição. "Desde as categorias de base nós começamos a entender o clássico. É sempre necessário vencer o Corinthians", disse o zagueiro David, de 19 anos, revelado no próprio Palmeiras.

Virei fã do figura que, até agora, era só uma promessa com participações nas seleções sub-18 e sub-20 (o que quer dizer muito pouco ou quase nada, é fato).

IstoÉ é do Daniel Dantas

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O banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, adquiriu 51% das ações da Editora Três, que publica, entre outros títulos, a IstoÉ. A casa que publica a semanal há 31 anos, vinha sendo motivo de boatos há algum tempo. Em 2006, uma debandada de parte da redação anunciava que mudanças estavam em curso. Eram medidas de preparação para a venda, mas também realinhamento de linha editorial. Nas últimas semanas, os boatos e atrasos no salário motivaram reação dos funcionários, em paralisações por definições e garantia de emprego (ou de qualquer coisa). Claro que tudo era sinal de crise.

O jornalista Leonardo Attuch, da IstoÉ Dinheiro, foi acusado por membros do governo federal (leia-se Luis Gushken) e por jornalistas da Veja (Lauro Jardim, da coluna "Radar") e até pela Carta Capital, de Mino Carta, de se ter vendido a Daniel Dantas. O apelido concedido pelas más-línguas de "QuantoÉ" à ex-publicação de Domingos Alzuguarray era usado para dizer que havia histórico e que o jornalista era mais um a se vender. Attuch processou a todos. Registre-se que a publicação de Mino, na edição seguinte, fez mea culpa e reconheceu que o suposto e-mail do suposto "DD" para o suposto "ATT" poderia ser realmente tudo falso...

Entre aqueles que saíram da redação da IstoÉ em 2006, há quem identificasse o ex-editor da Dinheiro não com a venda de matérias, mas com o atrelamento ideológico aos princípios de mercado, ao neoliberalismo (aquele que, como o diabo, tem muitos nomes). A "venda", para eles, seria ideológica...

Se as coisas fossem simples assim, não teria sido publicada a entrevista dos Vedoin na véspera do surgimento da história de compra do dossiê sobre a máfia dos Sanguessuga envolvendo petistas da campanha de Lula. O material divulgado na entrevista à IstoÉ não foi totalmente desmentido e envolvia Barjas Negri, ex-assessor do então ministro da Saúde José Serra. Fosse simples, tampouco circularia por aí que Daniel Dantas foi fonte de Diogo Mainardi, colunista de Veja.

Dantas surgiu para o mundo da política como apadrinhado de Antonio Carlos Magalhães no episódio do Banco Econômico. Considerado um prodígio do sistema financeiro, comandou o Opportunity em uma rápida ascensão, mas é amplamente criticado por seus métodos. Métodos que incluíram uma participação excusa nas privatizações que terminaram na que é considerada a maior disputa societária do Brasil, pela Brasil Telecom, contra os fundos de pensão de estatais (Previ, Funcef etc.). As irregularidades praticadas pela direção das empresas não foram poucas, mas a rentabilidade, diga-se, foi assegurada.

O fato é que o Mino Carta, que só chama DD de "orelhudo" só faz lamentar em seu blog.

Sinceridade não faz mal a ninguém

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Justificativa do técnico Jair Picerni (foto) ao pedir o boné no Sertãozinho: “O elenco não é dos melhores e um pouco limitado. Eu não faço milagres”. Em apenas três partidas no comando do clube, ele conseguiu somente uma vitória e amargou duas derrotas. O Sertãozinho é o antepenúltimo no Campeonato Paulista, com 8 pontos em 10 partidas.


Virando a garrafa

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Taí a prova do crime: o atacante Adriano enchendo a cara de champanhe na noite de seu aniversário, 18 de fevereiro, em foto publicada pela revista italiana Novella 2000. Por causa da noitada, o brasileiro foi barrado pelo técnico Roberto Mancini contra o Valencia, pela Copa dos Campeões, e depois multado por ter aparecido no treino "de ressaca". No ano passado, o manguaça já havia sido flagrado por uma publicação sueca em uma boate, bebendo e fumando. Comentário de um cachaça no portal IG, sobre Adriano: "Perna de pau d'água!".

Se não é verdade, que desmintam rápido

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Matéria da Agência Estado de hoje (clique aqui pra ler) traz em letras garrafais: "Maluf e Marta podem ser aliados nas eleições de 2008".

O texto tira essa conclusão com base em um jantar flagrado nessa quarta entre o deputado federal Cândido Vacarezza (PT-SP) e seu ilustre colega Paulo Maluf. Quando ouvidos pela reportagem, ambos afirmaram que o encontro não tinha relação com as eleições municipais do ano seguinte, e sim tratavam de assuntos da Câmara; mas aí a matéria se baseia em conversas ouvidas por pessoas próximas à mesa (?) e por "fontes próximas" aos deputados.

De acordo com quem batia o rango ao lado dos parlamentares e com essas tais fontes, Maluf e Vacarezza traçaram os pontos da aliança PT-PP (que inclui outros partidos) para o pleito municipal. A aliança teria Marta Suplicy como cabeça de chapa e um vice que teria a chancela do próprio Paulo Maluf.

A elaboração da reportagem - o que se nota no próprio texto - não é das mais dignas de confiança. Tanto que os personagens principais foram ouvidos, desmentiram a hipótese do texto e mesmo assim a linha da matéria foi mantida. Nada surpreendente, já que conhecemos a má vontade que o Partido dos Trabalhadores motiva em muitos setores da imprensa.

Por outro lado, como se diz por aí, "a merda tá feita". Essa matéria será lida e comentada por muita gente e repassada por email a tantos outros. Paulo Maluf se consolidou (justamente, diga-se de passagem) como a "encarnação do mal" na política de São Paulo. Se o PT quer dar um tiro no pé, basta oficializar uma aliança com ele. Por isso o dito no título da mensagem: se isso não for verdade, que o PT seja enérgico em desmentir. Para evitar que a imagem do partido seja ainda mais atacada.

quinta-feira, março 01, 2007

"How are you, Fidel?"

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No dia 27, terça-feira, no programa Alô, presidente!, o entrevistado foi Fidel Castro. Trocaram duas ou três palavras, o que, em se tratando de Hugo Chávez e Fidel, quer dizer meia hora no mínimo.

Quem traz a transcrição é a BBC Brasil.

Além de criticarem o etanol e o biocombustível ("a idéia de usar alimentos para produzir combustíveis é trágica, é dramática"), ataque direto ao presidente norte-americano George W. Bush e, de quebra, a Lula, jogaram confete de um a outro e vice-versa, incluindo perguntas íntimas como "Que horas você dorme?"

Chávez que inicia a conversa perguntando, em inglês: "How are you, Fidel?" (como está você), se referiu aos Estados Unidos como "our friends", diante da provocação do cubano. Fidel respondeu:

— Você disse que eu sei falar inglês. Eu soube, mas já faz um tempo. (...) O trauma que me deixaram depois me fez esquecer. E por isso não tenho a memória privilegiada que você tem. Sua capacidade de síntese, seu ouvido musical, sua capacidade de lembrar qualquer canção. Porque não acredito que você possa ter feito tantas festas para que se lembre de todas as músicas que canta em Alô, Presidente. Aqui, invejo isso.

Imperdível é o momento em que Chávez, ao evocar o "eixo Caracas-Buenos Aires" na instalação do Banco Sul, parece o dono da bola a escolher seu time no continente:

– Bom, Daniel Ortega veio aqui há três dias e conversamos por horas. Temos uma reunião na semana que vem em Manágua da Comissão Mista. Kirchner, como você sabe, veio à faixa do Orinoco e Kirchner me convidou. Aproveito para tornar isso público, dado a sua chamada. Não havíamos tornado isso público. Vamos fazer uma reunião em Buenos Aires na próxima semana, vamos continuar avançando na relação bilateral Argentina-Caracas e logo outra reunião na Bolívia – vamos visitar Evo nesta próxima semana – da aliança estratégica, esse eixo Caracas-Buenos Aires, passando por Brasília, o eixo com La Paz, agora com Correa.

"Eu sempre serei uma alcoólatra"

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Tem muito marmanjo que bebe o dia inteiro e jura de pé junto que não é um cachaça. Mas a Miss Estados Unidos, Tara Conner (foto), 21 anos, não esconde de ninguém: "Eu sempre serei uma alcoólatra", sentenciou ao jornal Lexington Herald-Leader. "É algo que eu tenho que me acostumar. Eu terei que agir todos os dias para me manter bem e ter uma saudável recuperação", afirmou Tara, depois de passar dois meses internada internada numa clínica de reabilitação. A moça chegou a ser ameaçada de perder o trono ao ser flagrada ingerindo bebida alcoólica em bares e casas noturnas antes de completar a idade mínima para beber, que lá é de 21 anos. Porém, depois de 23 de março, quando outra Miss Estados Unidos será escolhida, a bela manguaça poderá chapar o globo em paz.

Agora ouvi conversa!

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Finalmente, depois de muito blablabla, alguém resolveu dar uma resposta objetiva ao problema da democratização da mídia no Brasil, um assunto que mete medo até em companheiros ditos de esquerda, que beijam a mão da família Marinho e quetais. Em entrevista ao site Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) botou o dedo na ferida e deu sua sugestão.

Ao responder pergunta sobre a questão da concentração midiática, vejam a resposta de Ciro:

"Acho que não é simples, não é trivial, em qualquer circunstância, o melhor caminho para a democratização dos meios de informação é não restringir. O caminho bom é ampliar. Na verdade, aceitar com respeito democrático essa posição e, quem sabe, penso eu, na minha visão, não estou falando pelo governo Lula evidentemente, mas eu advogava e advogo por escrito, como posição, que o governo deveria financiar cooperativas de produtores de informação, cooperativas de jornalistas, ampliar o acesso da sociedade civil a meio de comunicação, financiá-los, assim como também na questão da cultura, porque a informação também é processada por um cidadão que tem identidade cultural sólida."

Caso ele assine em cartório esse compromisso, e o Futepoca puder ser financiado pelo governo, tem meu voto até pra papa.

"O jogo da vida"

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Agora pouco, assistindo a um programa esportivo, vi declarações dos atletas do Pirambu que chegaram a São Paulo para enfrentar o Corinthians. As opiniões de quase todos eram unânimes: "esse é o jogo das nossas vidas", "se eliminarmos o Corinthians, entraremos pra história", "dessa partida depende um emprego pra gente no segundo semestre"...

Sim, claro, se o Pirambu fizer a façanha de despachar o Corinthians da Copa do Brasil (o que não vai acontecer) vai entrar pra história. Mas será que isso se reflete na carreira dos jogadores?

Traço um paralelo com um dos episódios mais marcantes da história da Copa do Brasil, a eliminação do Palmeiras pelo Asa de Arapiraca em 2002. A conquista alagoana é sempre lembrada - principamente em momentos como esse do Pirambu, no confronto entre equipes absolutamente díspares - mas pelo que percebo, isso não vale tanto assim para os atletas.

Vejam a escalação do Asa de Arapiraca que perdeu para o Palmeiras no Parque Antarctica em fevereiro de 2002, mas despachou o Verdão pelo critério de gols marcados:

Márcio, Cléber, Rogério e Kiko; Sandro Marques (Da Silva, aos 84´), Fernando, Jânio, Juninho (Júnior, aos 69´) e Ivan; Fuscão (Sandro Miguel, aos 76´) e Sandro Goiano. Técnico: Ubirajara Veiga

E aí? Alguém se arrisca a dizer o paradeiro de algum desses sujeitos?

Suplicy vai ao Iraque. Senado só oferece passagem de ida

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A manchete é sensacionalista e só tem o objetivo de antecipar a(s) piada(s) óbvia(s). Mas é tudo verdade, pelo menos é o que diz O Estado de S.Paulo (só para assinantes) desta quinta-feira (1º de março). O objetivo da viagem ao Iraque não poderia ser outro que a divulgação do programa Renda Mínima, a que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se dedica todo o tempo que pode.
Nem os riscos de atentados terroristas muda a busca do senador quase-monocórdio. Ele já conversou com o deputado iraquiano Ibrahim Jaafari, ex-primeiro-ministro do país pós-Saddam Hussein e presidente do partido que está no poder. O convite será para uma palestra de Suplicy em maio.
A matéria afirma que o senador teve a idéia de levar o Renda Mínima ao Iraque em 2005, durante um churrasco, quer dizer, uma palestra na Granja do Torto proferida pelo presidente norte-americano George W. Bush, o republicano, em sua visita ao Brasil.
Bem-informado, o petista elogiou a política do estado do Alasca, que aposta na distribuição de renda.
— Well, in Alasca, they got oil (Bem, no Alasca, eles têm petróleo) — respondeu o ainda mais bem-informado presidente.

Suplicy percebeu que tinha espaço para sugerir a Bush a instituição (advinhe do que) do renda mínima em todo o continente americano. De quebra, valeria também à pena, para ajudar na democratização e na pacificação do Iraque, levar a medida ao país árabe.
— That's our path, that's our path (Esse é o nosso caminho, esse é o nosso caminho) — respondeu Bush, ao que parece, meio sem entender do que se tratava.
A partir dali, o senador vinha batalhando a passagem junto à Comissão de Relações Exteriores do Senado. Em fevereiro, Heráclito Fortes (PFL-PI) passou a presidir a comissão. O piauiense gostou da idéia, mas arrematou com o bom-humor óbvio que justifica o título do post: "Vou dar só a passagem de ida para o Suplicy".
Jaafari disse que vai enviar ao Senado o convite oficial e tudo será feito pela via diplomática. E lá irá o senador no que o jornalão paulista chama de "cruzada" pelo Renda Mínima.

As informações são todas da matéria assinada por João Domingos.

Em casa de ferreiro... ou Uma outra verdade inconveniente

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Dentro do grande, intenso, importante, mas estupidamente super-explorado tema do aquecimento global, um dos principais, e talvez o principal, porta-bandeira ecológico da atualidade atende pelo nome de Al Gore. O ex-vice-presidente norte-americano – que teria sido presidente em 2000 se não houvesse fraude na Flórida de Jebb Bush – tem viajado todo o mundo para divulgar os perigos das atitudes contra o meio ambiente. O documentário do qual ele participa como “ator” principal, Uma Verdade Inconveniente, foi um dos vencedores do Oscar 2007, levando a estatueta em sua categoria. A propósito, Gore também foi um dos apresentadores do Oscar, confirmando sua fase de popstar.

No entanto, uma notícia divulgada ontem dá conta de que a energia elétrica consumida pela mansão de Al Gore – que, embora negue, pode sim ser candidato à presidência novamente – em apenas um mês é maior do que a energia elétrica gasta por um americano médio durante todo ano.

De acordo com dados da companhia fornecedora de energia Nashville Electric Service, o singelo lar de Al Gore gastou em 2006 cerca de 221.000 Kwh, 20 vezes a média norte-americana, que é de 10.656 Kwh/ano por residência. Segundo a Fox News, porta-voz informal de Bush e dos republicanos, a porta-voz (oficial) de Al Gore, Kalee Kreider, não negou os valores divulgados da conta de luz, mas disse que "os números precisam de um pouco de contexto". "Não se pode apenas olhar para as contas, ou para as contas de um ano e compreender a vida toda de um homem".

Segundo Kreider, o estilo de vida de Al Gore e de sua família usam diversas quantidades de energia, e que a prioridade deles é determinar a quantidade disso a partir da emissão de compostos de carbono, e fazer o máximo para reduzi-la.

Sinceramente, acho que a notícia vale mais pela chacota mesmo. Não dá pra fazer o cálculo que eles fizeram sem saber quantas pessoas circulam lá por dia, mas o fato da Fox News ter destacado isso mostra que Bush e cia. já se sentem incomodados com o tema em que eles foram mais que negligentes, beirando (ou não só) a conduta criminosa.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Big Brother Timão: quem será o próximo a sair?

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Atolado em dívidas e vivendo crise dentro de campo, o Corinthians perde o sétimo jogador em menos de três meses: o meio-campista Élton (foto) vai para o Steaua Bucareste, da Romênia. Parece que a equipe alvinegra chegou a um acordo com o clube europeu, faltando apenas acertar alguns detalhes com o próprio jogador. Pior é que o Timão está se desfazendo de seus atletas por qualquer preço: o prata da casa vai render ao clube US$ 800 mil, cerca de R$ 1,6 milhão. Para efeito de comparação, outra cria do Parque São Jorge, o atacante Jô, foi vendido por 5 milhões de euros (cerca de R$ 14 milhões) para o russo CSKA. Do começo do ano para cá, já deixaram o Corinthians Gustavo Nery (para o Zaragoza), César (Internazionale), Jaílson (Rubin Kazan), Fágner (PSV), Christian (Internacional) e Marquinhos (sem clube). Quem será o próximo no paredão?

Se a moda pega...

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Não bastasse o clube colombiano ter o sugestivo nome de Pasto, o ambiente no elenco também está mais para várzea do que profissionalismo: ontem, incomodado pelo fato de ter sido posto na reserva, o goleiro Diego Gómez deu um soco na cara do treinador Alvaro De Jesús Gómez. "Dirigi-me ao centro médico para que me examinem. Jamais pensei que o Diego fosse reagir desse jeito. Ele estava furioso por não estar no plantel titular", disse o técnico, ainda meio grogue pela agressão que sofreu durante treino no Estádio Libertad de Pasto. O Deportivo Pasto faz parte do Grupo 8 da Libertadores, junto com Santos, Defensor Sporting e Gimnasia La Plata. (com informações do site Terra)

Dá-lhe, gramática

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Não resisti a fazer essa observação. Comprei o Lance! de hoje para ler durante o almoço. Abro o jornal e logo no alto da página três está lá o título da coluna "Papo com Marília": "Sobre o infeliz episódio entre Leão e eu". Logo no primeiro parágrafo, de novo: "... sinto que devo um esclarecimento sobre o infeliz episódio entre Leão e eu". Errar (distrair-se, digitar mal, equivocar-se numa concordância pela pressa etc) é humano, mas um erro desse calibre duas vezes (com título e tudo) em tão poucos centímetros? Alguém ainda sabe escrever nos jornais deste país?
No texto, a insigne jornalista explica o episódio com o técnico do Corinthians, que a teria ofendido dias atrás, e manda esta em suas conclusões: "Não vou tratar aqui quais serão minhas atitudes como pessoa física".
É espantoso.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Paranóia ou mistificação?

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O jornalista José Trajano, no programa Pontapé Inicial, da ESPN Brasil, lembrou duas coincidências interessantes. O atacante Obina, do Flamengo, se contundiu no domingo, exatamente no mesmo dia em que o camaronês Eto'o voltava aos gramados. O rubro-negro vai ficar seis meses no estaleiro, curiosamente o mesmo tempo que o atleta do Barcelona. Seria a contusão do flamenguista obra bem realizada espiritualmente pelo seu rival, motivada pela inveja em ser pior do que Obina? Ou, indo mais além, seriam na verdade a mesma pessoa?

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Sobre Obina, a torcida do Flamengo inventou novo coro no domingo, na partida contra o Vasco. "Só faltam novecentos pro milésimo do Obina", gritavam os fãs.

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O sempre modesto Eto'o, além de se incomodar com Obina, anda preocupado também outro astro, o inglês David Beckham. "Eu não tenho inveja da vida de Beckham. Ele é mais bonito, mas eu sou melhor". Tuuudo bem.

Falso Eto'o dizia que trabalhava num bar

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Um flagrante na cidade espanhola de Arganda del Rey, hoje, deixa dúvidas se o farsante tava bêbado ou era muito burro, mesmo. Tudo começou quando três africanos da Guiné, com documentos e cartões falsos, tentavam dar golpes no comércio local. Entre eles, um se identificava como Richard Samuel Eto'o, quase homônimo do atacante Samuel Eto'o Fils, do Barcelona. A desconfiança partiu de um comerciante que preparava uma venda de quase 3 mil euros para os farsantes. Após suspeitar da documentação do falso Eto'o, ele ligou para o suposto local de trabalho do cara, um bar de Madri, e descobriu a mentira. Daí, com esse vacilo imperdoável, a casa tinha mesmo que cair. (com informações do site Terra)

A lucidez de Gore Vidal - entrevista

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O escritor norte-americano Gore Vidal (foto) continua a ser uma uma das mentes mais lúcidas do seu país. Prova disso é a excelente entrevista que concedeu ao jornal Juventude Rebelde, em Cuba. Na entrevista, reproduzida pelo site vermelho.org (clique aqui para ler), o autor de Washington, D.C. (1967), 1876 (1976) e Hollywood (1989) fala da atual política de George W. Bush contextualizando-a na história dos Estados Unidos como raras vezes se vê, ou se lê.

Vidal aborda a hipocrisia não apenas inerente à gestão Bush, mas da própria cultura dos EUA. “Temos um país louco pela tortura, pelo assassinato, pelas execuções, pelas sentenças à prisão perpétua. É uma mentalidade perversa, que está no âmago do puritanismo protestante”, diz ele, por exemplo.
Sobre a eterna campanha de seu país contra a Cuba de Fidel Castro: “Não há mentira que nosso governo não nos conte quando fala de Cuba”.
E assim vai. Leiam. Vale a pena.

Som na caixa, manguaça! (Volume 10)

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Se você jurar

Mário Reis (foto) & Francisco Alves
(Composição: Ismael Silva/ Nílton Bastos/ Francisco Alves)


Se você jurar que me tem amor
Eu posso me regenerar
Mas se é para fingir, mulher
A orgia assim não vou deixar

Muito tenho sofrido por minha lealdade
Agora estou sabido, não vou atrás de amizade
A minha vida é boa, não tenho em que pensar
Por uma coisa à toa não vou me regenerar

A mulher é um jogo difícil de acertar
E o homem como um bobo não se cansa de jogar
O que eu posso fazer é se você jurar
Arriscar a perder ou desta vez então ganhar

(Do CD “Duplas de bambas”, Revivendo, 1993)

Mais um showzinho do Gaúcho

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Cada vez que o Ronaldinho Gaúcho dá um showzinho contra times de segunda, como contra o Athletic Bilbao (3 a 0 para o Barça) no domingo, lá vem a babação de sempre, jogadas repetidas à exaustão, o melhor do mundo daqui, o melhor do mundo dali.

Agora, então, que o atacante resolveu fazer um quase strip-tease para mostrar que não está gordo, a babação ganha tons freudianos. Curioso é que ninguém, nessas ocasiões, se lembra de comparar a atuação “de gala” do último domingo com a pífia performance do jogador contra um Liverpool, por exemplo – time que bateu o Barcelona em pleno Camp Nou por 2 a 1 na semana passada, pela Liga dos Campeões. O “show” do último domingo foi contra o Athletic Bilbao, que está na antepenúltima (18ª) colocação na Liga de seu país e tem a terceira pior defesa do campeonato. Contra um time nessa situação, de repente até o Rodrigo Tabata brilha.

A última boa atuação de Ronaldinho pela seleção brasileira, que eu me lembre, foi contra a Inglaterra, na Copa do Mundo de 2002. Contra o Liverpool, bem marcado, assim como na final do Mundial Interclubes contra o Inter, o craque desapareceu, sumiu, acabou. Não vou falar que o cara não joga bem ou que eu não o quisesse no meu time. Mas, para mim, ele ainda está longe da galeria dos maiores craques.

Os grandes craques entram nessa galeria justamente por fazer a diferença em grandes e decisivos jogos com freqüência. No caso de Ronaldinho, têm sido casos raros. É um jogador inconstante, que sempre brilha contra os Athletic, contra os Osasuña e os Mallorca da vida, e eventualmente contra um Arsenal, como na final da Champions League 2005/2006. Mas lá se vai quase um ano.

Posso até queimar a língua no futuro, mas esse papo de Ronaldinho Gaúcho já encheu o saco.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Porta-papel higiênico "fala" com usuário

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Sei que isso não tem muito a ver com os assuntos do blog, mas imagine-se completamente bêbado num banheiro com um porta-papel higiênico falante (foto). Essa é a novidade no mercado estadunidense: no aparelho é possível gravar diversas mensagens, que são ouvidas pelo usuário na hora de puxar o papel. Pior é que o próprio fabricante aconselha o comprador a gravar mensagens bizarras como "Parabéns! Você ganhou cinco pontos!" ou ainda "Essa foi a melhor pontuação do dia". Eu gravaria alguma coisa do tipo "Cê tá podre, hein, manguaça!", "Volte sempre! Agradecemos a preferência!" ou mesmo o hino do Pirambu. Queria ver o que ia dar um negócio desses no banheiro do Bar do Vavá...

Novidade: Marques pode voltar ao Atlético-MG

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O atacante Marques, 34 anos, planeja seu retorno ao Atlético-MG, para encerrar a carreira. Depois disso, quer virar político. Jogando pelo Yokohama Marinos, ele tem contrato até 28 de dezembro, mas cogita a possibilidade de retornar em julho, já que uma cláusula contratual permite que ele deixe o clube japonês caso abra mão dos salários restantes, sem pagamento de multa. "A gente sabe que o Atlético deixou as portas abertas para mim. Então, logo que essa situação no Japão termine, eu quero voltar", disse Marques à Rádio Itatiaia.