Destaques

segunda-feira, março 10, 2008

Filósofo defende o direito de ficar bêbado

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Saiu no jornal espanhol La Vanguardia, a tradução é do UOL: "Tenho 42 anos. Nasci e vivo em Madri. Licenciado em Filosofia e Direito, dirijo a revista universitária 'Geração XXI'. Sou casado e tenho duas filhas, Alma (10) e Sol (8). Sou um excêntrico de centro. Sou sufi: caminho para onde caminha o amor. O poder combate a embriaguez. A embriaguez é um direito humano fundamental", diz Javier Esteban (foto).

LV - O que é a embriaguez?
Esteban -
Uma expansão da consciência que descortina os véus que ocultam a realidade.

LV - Desde quando ela existe?
Esteban -
Desde sempre. Até os animais se drogam com substâncias naturais, com frutos fermentados... Formigas, cabras, pássaros, macacos... Todos se extasiam e brincam!

LV - Então nós somos como os animais?
Esteban -
Não, eles agem por um determinismo instintivo, mas nós temos liberdade! Liberdade para a embriaguez. Liberdade para experimentar com a nossa consciência.

LV - Liberdade para nos drogarmos?
Esteban -
É o uso dessa liberdade que nos torna humanos! O direito à embriaguez, portanto, é um direito humano fundamental. 'Que ninguém venha me dizer quantos copos de vinho eu posso beber', disse Aznar (José María, ex-presidente da Espanha). Ele tem razão. Mas com certeza a droga favorita dele é o poder, como a de Zapatero (José Luis Rodríguez, atual presidente da Espanha)...

LV - Nem Zapatero nem Rajoy (Mariano, líder do Partido Popular na Espanha) nunca fumaram nem um baseado, conforme declararam.
Esteban -
Por uma questão de geração, custa-me crer que Zapatero nunca tenha experimentado um baseado. É como se o pai dele nunca tivesse provado um copo de vinho!

LV - Quem é que coíbe o direito humano à embriaguez, em sua opinião?
Esteban -
A Igreja católica e o Estado (igreja laica), que querem fiscalizar a nossa consciência.

LV - Castigando os motoristas bêbados?
Esteban -
Não, eu não me oponho a sancionar as condutas que são perigosas para terceiros. Mas critico o fato de que estão boicotando o autocontrole que temos de nossa consciência.

LV - Desde quando isso acontece?
Esteban -
Começou com a destruição do templo grego de Eleusis, no século 4 d.C.

LV - Agora você foi longe!
Esteban -
Desde o ano de 1.500 a.C., no contexto dos mistérios eleusinos, acontecia um ritual de embriaguez que cada grego vivia uma vez na vida, e isso lhes abria as portas da consciência.

LV - Em que consistiam esses mistérios?
Esteban -
Eram rituais que aconteciam à noite. Em comunhão coletiva, eles ingeriam um enteógeno.

LV - O que é um enteógeno?
Esteban -
A palavra significa 'deus existe dentro de mim'. É uma substância psicoativa capaz de induzir a uma experiência extática de unidade com o cosmos. Uma vivência da divindade.

LV - Que substância era ingerida em Eleusis?
Esteban -
Uma sopa de cereal chamada 'kikeon', que continha cornelho de centeio, um fungo com uma substância psicoativa idêntica ao LSD, o enteógeno mais poderoso conhecido.

LV - O que acontecia então?
Esteban -
Cada um vivia a sua própria experiência de consciência expandida. Símbolos eram mostrados e cenas eram representadas para guiar o indivíduo ao autoconhecimento.

LV - Era uma embriaguez ritualizada?
Esteban -
Sim, fazia parte do sistema, em benefício da livre consciência de cada indivíduo. Isso foi varrido, destruído. Hoje sentimos falta disso, e nossos jovens, ignorantes, acabam causando danos a si mesmos em suas irrefreáveis tentativas de embriaguez.

LV - Quem destruiu esse ritual?
Esteban -
Os bárbaros e os monges cristãos nestorianos, no século 4 d.C. A cultura ocidental ficou sem referência de embriaguez.

LV - Temos o vinho, o álcool...
Esteban -
Não são enteógenos, são muletas úteis para nossas vidas insatisfatórias, escravizadas pelo rendimento econômico. E, em vez de expandir a consciência, a deixam turva.

LV - Um pouco de álcool pode cair muito bem.
Esteban -
A verdade é que o veneno está na dose, como diziam os gregos.

LV - Que personagens ilustres sabiam disso?
Esteban -
Toda a obra de Platão é uma crônica de embriaguez! Aqueles filósofos, assim como os xamãs, chegavam ao êxtase, assim também como os druidas e depois as bruxas, ou até mesmo os místicos, ébrios sem substâncias, que tanto inquietaram a Igreja. O poder estabelecido sempre combateu essas pessoas!

LV - Por que motivo?
Esteban -
Não há nada mais dissolvente que o livre acesso à própria consciência! Por isso Nixon (Richard, ex-presidente dos Estados Unidos) arremeteu contra os profetas do LSD (Hoffman, Junger, Michaux, Wason, Huxley, Kesey, Leary...), cujas experiências alimentaram o feminismo, a militância ecológica, o pacifismo, os direitos civis... Nixon declarou guerra à consciência: quando começou a guerra contra a droga, começou a grande catástrofe.

LV - Que catástrofe?
Esteban -
Milhões de presos, dezenas de milhares de mortos, narcoditaduras, a terceira maior fonte de renda do mercado negro no mundo, camponeses com fome, multiplicação de politoxicomanias... A proibição da droga foi o maior erro do século 20!

LV - Você propõe eliminar a proibição?
Esteban -
Por acaso a proibição evitou que nossas crianças estejam se metendo com drogas aos 13 anos de idade? Não! Pelo contrário: a proibição presenteia as máfias com um poder imenso.

LV - Um político colombiano já me disse isso...
Esteban -
Muitos governantes já reconhecem o fracasso da praga proibicionista.

LV - Você faz a apologia das drogas?
Esteban -
Das drogas não, mas da embriaguez. Qualquer pessoa maior de idade deveria poder consumir qualquer substância (com o limite único da liberdade de terceiros). E, veja só, Silicon Valley nasceu da embriaguez de pessoas como Bill Gates. Este sim admite que fumou alguns baseados!

LV - O que você diria a Zapatero?
Esteban -
Que o direito à embriaguez é um direito inerente à liberdade de consciência, e que a lei deveria protegê-lo.

O clássico do 0 a 0

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Para quem não viu o clássico de Minas ontem fica o lugar-comum de um jogo horrível por ter sido 0 a 0. Claro que prefiro arte e gols (se possível, a favor, claro), mas estou um pouco cansado daqueles que escrevem baseados apenas no placar. Se houver goleada, tal time é maravilhoso, se empata, o jogo foi feio, se perde, acabou o mundo.

Ontem, o jogo foi extremanente disputado, muita correria e marcação. Se houvesse um vitorioso seria o Galo, que chegou a ter quase 20 escanteios a favor, além de perder uma chance com Marcelo Nicácio praticamente sozinho na frente do gol. Mas o Atlético mostrou mais uma vez sua principal deficiência neste ano, a falta de qualidade na conclusão. Não adianta culpar a sorte, tem de ter jogadores que saibam fazer gols.

O Cruzeiro, que vinha de campanha melhor, teve poucas chances, nenhuma claríssima. Mas mostrou problemas defensivos que não vinham aparecendo. O lateral esquerdo Jadilson foi por diversas vezes envolvido nas jogadas e a cobertura doa zagueiros era deficiente. Mostrou que sabe jogar quando tem espaço para contra-ataque, principalemente com Wagner e Ramires. Se esses dois jogadores são bem marcados, não existem grandes alternativas.

O que fica é que são dois times medianos. O Galo com melhor defesa, tanto que tomou apenas 3 gols em oito jogos. O Cruzeiro com mais talento entre os meias, mas mais frágil na defesa.

Ontem o que valeu foram os mais de 50 mil torcedores presentes, que, neste ano, não vão sofrer grandes riscos com seus times, que estão bem montados, mas que merecem e precisam de um pouco mais se quiserem ganhar alguma coisa que não seja apenas o campeonato mineiro.

Palmeiras 5 a 2 de virada. Sem tempo pra mais um "agora vai"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A primeira sequência de três vitórias no campeonato Paulista do Palmeiras foi concluída em um 5 a 2 de virada sobre o Bragantino. O time da casa abriu dois gols de vantagem ainda no primeiro tempo com direito a expulsão do goleiro Marcos que resultou em pênalti.

Um dia depois de se tornar "eterno palestrino", o comportamento de Marcos dispensa comentários, porque foi, no mínimo, muito desnecessário. Marcos falou primeiro que não aceitava e depois reconheceu que errou ao reagir à dividida com o atacante Malaquias. Bom, dividida é bondade minha, já que o jogador bragantino também merecia a expulsão. Talvez mais até do que o arqueiro verde.

Depois do empate ainda no primeiro tempo, a vitória veio logo aos quatro do segundo e depois o time abriu vantagem. Do terceiro em diante, foi tudo no contra-ataque. Até Denilson fez dois gols – incluindo um toque cheio de estilo da entrada da área para o quinto gol. Valdívia, marcou um e participou de outros dois. Ficou besta o choro na comemoração do segundo gol do Bragantino, por Nunes.

Ou racha
Não é só mais um "agora vai" porque na quarta-feira, a Ponte Preta e, no domingo, o São Paulo, são dois adversários com um e dois pontos a mais do que o Verdão na tabela. Dois "jogos de seis pontos", como sugere o lugar comum futebolístico, são a única e última chance do time mostrar a que veio na competição. Pode sair com um pé na classificação ou a cabeça no Brasileiro. Jogos nada fáceis.

A promissora formação com dois atacantes e dois meias precisa ser repetida em mais partidas para ser testada, por causa da prematura saída de Alex Mineiro para Diego Cavalieri entrar. Mas não será contra a vice-líder, porque os dois meias Diego Souza e Valdívia estão suspensos com o terceiro cartão. Kléber, com camisa 30, foi bem.

Luxemburgo
Às vésperas de sentar-se no banco dos réus, o treinador do Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo concordou até com a arbitragem cheia de problemas em Bragança. Até brigou com Wanderley Nogueira na Mesa Redonda da Gazeta, por ter sido acusado de estar "doce" com os homens de preto. Tudo para pegar só trinta dias?

____________________________
Alterado às 14h45

sexta-feira, março 07, 2008

Guia de cachaça pra levar no bolso

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Pausa para leitura. Um volume bem interessante pra quem principia no mundo da cachaça. Chama-se (pasmem) Cachaça, escrito pelo publicitário Paulo Falzoni, e é da editora Livro de Bolso. O livrinho é de bolso mesmo, menor que um cartão postal, quase cabe na carteira. E nas páginas você encontra uma muito bem sintetizada história da patrícia, curiosidades sobre a fabricação e dicas de degustação, tudo ilustrado com belas fotos.

Ali aprendi que, em meados do século 17, a cachaça começou a disputar o mercado africano com a bagaceira portuguesa, e foi ganhando espaço de tal modo que a Coroa Lusa, preocupada com as perdas financeiras decorrentes, resolveu proibir a produção da branquinha em várias partes do Brasil. O Rio de Janeiro, por exemplo, “em 1659 recebeu ordem real que mandava destruir todos os alambiques da região”. Aí foi demais, mexer com a teimosa é pedir fogo de volta.

Segundo Falzoni, “esse foi o início do que, um ano mais tarde, seria chamado de A Revolta da Cachaça, quando uma centena de senhores de engenho recusaram-se a parar com a produção e comércio de cachaça. A força desse grupo era tanta que, ao final da revolta, o governador do Rio de Janeiro foi deposto e a proibição foi derrubada”.

Conta ainda que, no século 19, a força simbólica da bebida era tão grande que “muitos historiadores afirmam que D. Pedro I fez questão de brindar a Independência com um copo de cachaça nas mãos”. A prova de que o Manguaça Cidadão, programa social em elaboração nos fóruns do Futepoca, tem profundas raízes históricas.

Na segunda parte, uma série de fotos de 50 dentre as mais famosas marvadas. Não há nada de colecionador, são 50 caninhas que você encontra nas boas adegas ou lojas especializadas. Ou seja, é um bom guia para percorrer uma trilha básica no universo da canjibrina e montar o seu acervo pessoal. Apenas uma ressalva: podia dar mais informações, pelo menos a madeira em que é envelhecida cada uma das preciosas. No mais, vale muito levar um exemplar do libreto no bolso do paletó.

Blatter defende banimento para brucutus

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Numa entrevista publicada no jornal The Times, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, defendeu punição severa para os jogadores que dão carrinhos perigosos ou violentos. Claro que a discussão tem a ver com o lance que vitimou Eduardo da Silva, do Arsenal, atingido pelo criminoso Taylor do Birmingham há duas semanas. “Jogadores que fazem este tipo de coisa intencionalmente deveriam ser banidos do futebol. Agredir alguém é criminoso se acontece num campo ou em outro lugar. É um crime e deveria ser tratado como tal”, disse mr. Blatter.

Na entrevista, ele toca em outra questão polêmica e defende que os clubes deveriam ter cotas de jogadores estrangeiros em seus elencos. Disse Blatter para justificar sua idéia: “Não é uma questão de identidade, mas de proteção ao espírito do jogo. Antigamente, o clube de futebol era um clube local, então era um clube regional, e um clube nacional. Agora, em alguns casos, ele não é sequer um clube continental”.

Quanto à primeira questão, o The Times colocou uma enquete no ar, com a seguinte pergunta: “os jogadores deveriam ser banidos por faltas violentas?” Até o momento em que eu votei, o “não” estava ganhando do “sim” por 54,4% a 45,6%. Os britânicos realmente gostam de sangue.

Para ler a entrevista, clique aqui

Para votar na enquete, clique aqui

(Des)governo Serra elogia desmatamento nas obras do Rodoanel pelo encontro de bromélia rara

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Mais pérolas do (des)governo Serra: hoje pela manhã, no Jardim Botânico de São Paulo, o tucanato convocou a imprensa para apresentar, em vídeo e foto, uma bromélia rara encontrada em meio ao desmatamento provocado pelas obras viárias do Rodoanel no ABC paulista. A Tillandsia linearis tinha sido vista pela última vez há 40 anos, e por isso acreditava-se que teria sido extinta. Na solenidade de hoje, foi exibido um vídeo em que a bromélia aparece "dizendo", toda feliz: "-Oi, eu sou a bromélia Tillandsia linearis! Se a equipe do Rodoanel não tivesse aberto a mata e me resgatado, eu ainda estaria sumida!" (ou algo do gênero - os repórteres receberam a bizarrice em DVD e tenho uma cópia). Em resumo: os tucanos desmataram quase 300 hectares de mata atlântica até então intocada e, agora, vêm dizer que isso foi a melhor coisa do mundo, pois encontraram a tal bromélia. Ah, o DVD tem o título de "O incrível resgate da biodiversidade". Incrível mesmo!

Monica Serra: "As bicicletas doadas têm marchas. Dá para subir até morro escarpado"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Futepoca adiantou e o Jornal da Tarde foi atrás da doação de bicicletas, pelo governo tucano do Estado de São Paulo, para crianças sem transporte escolar no município de Redenção da Serra. Chamamos a atenção, aqui, para o fato de que, com as doações (de empresários, na verdade), o governador José Serra (PSDB) se exime de garantir transporte escolar e, pior, compromete a segurança das crianças. O JT confirmou tudo. Na gestão da prefeita de Redenção da Serra, Edilene Dias Pereira (PSDB), os alunos da zona rural ficaram 20 dias sem transporte escolar no período da manhã, supostamente para obrigá-los a se matricularem no período da noite.

E agora, com a doação de bicicletas, as mães e estudantes receiam que a Prefeitura suspenda o transporte escolar público para os "presenteados". Além disso, o advogado Salomão Ximenez alerta que é ilegal vincular a doação de bicicletas à relação da distância casa-escola. Ele se baseia em normas que obrigam o Estado a fornecer transporte a alunos matriculados na rede pública (Lei de Diretrizes e Bases, Estatuto da Criança e do Adolescente e Constituição Federal). "Se o ônibus não chega às casas, o Estado está se omitindo, porque não faz obras de melhorias na região", sentencia Ximenes. Difícil ou fácil?

Sobre o problema da segurança, a prefeita prometeu (hilariamente) que vai construir uma ciclovia na longa e montanhosa estrada de 18 quilômetros. Não seria mais barato garantir o ônibus escolar? Mas o melhor, na edição desta sexta-feira do JT, é o pingue-pongue com a primeira-dama do estado, Monica Serra (foto), que foi pessoalmente a Redenção da Serra fazer as doações. Confiram o primor de seus argumentos:

JT - Gostaria que a senhora comentasse a questão topográfica irreguar da cidade. Vê algum problema?
Monica Serra - Tudo foi antecipado e pensado. É por isso que as bicicletas têm marchas. São 21 marchas, que dá para subir até morro escarpado.

JT - Essas bicicletas são só para os alunos que moram na área rural? Eles vão usá-las como meio de transporte até a escola?
Monica Serra - São crianças que moram na zona rural a mais de 3km. A criança a quem simbolicamente entreguei a primeira bicicleta mora a 18km da escola. Ele deve andar uns 4km só para pegar a condução que o município oferece, que tem uma rota determinada, mas não entra, não vai à casa de cada criança. Então quem mora em fazenda, tem que chegar até a porteira para poder tomar a condução.

JT - Mas os ônibus têm espaço para transportar as bicicletas?
Monica Serra - Eu não tenho esse detalhe, mas pode perguntar ao diretor. Os critérios para receber as bicicletas são famílias que ganhem até um salário mínimo.

JT - Na chuva, como ficaria essa situação? Talvez os alunos ainda dependam do ônibus para não se molhar no trajeto até a escola...
Monica Serra - Com tempo bom ou ruim, se comportar a bicicleta dentro do ônibus, a criança pode vir, não vejo problema nisso. Inclusive preserva também (a bicicleta). Assim a bicicleta vai durar muito mais tempo.


Ah, bom!

Um sem-teto nas eleições municipais de Paris

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Embora muitos candidatos a cargos públicos no Brasil e no resto do mundo gostem de dizer que passaram dificuldades e estão próximos do povo que mais precisa, provavelmente nenhum faz disso uma verdade tão crua quanto Jean-Marc Restoux. O sem-teto de 54 anos é candidato à presidência da Junta de Freguesia do Quartier Latin, uma das regiões mais luxuosas da capital francesa.

O Quartier Latin engloba dois bairros, o quinto e o sexto, e ali pode-se encontrar uma série de monumentos históricos, restaurantes e hotéis luxuosos, além de uma das universidades símbolo da França, a Sorbonne. E é nesse ambiente, mais especificamente no sexto bairro, que Restoux concentra sua campanha.

Há mais de 30 anos ele vive nas ruas e pede dinheiro aos transeuntes em uma esquina ao lado de um quiosque de jornais, acompanhado do seu "melhor amigo", o cão Júnior. Hoje, ao invés de dormir sob as arcadas do museu de Orsay, onde passou boa parte das noites de sua vida, mora no acampamento Dom Quixotte e passou a ter um endereço, requisito essencial para qualquer eleitor. Votará pela primeira vez nas eleições deste ano.

Rejeita o auxílio de assessores e sondagens de institutos de pesquisa e não mede palavras para atacar seus adversários políticos. Ideologicamente, Restaux afirma que não é "nem de direita nem de esquerda, mas aberto a todos os partidos" e tem como objetivo defender "o direito à habitação, a luta contra a pobreza e contra a criminalidade no bairro". "O atual presidente da junta transformou este bairro, em tempos um bastião da esquerda, num gueto para ricos com preços exorbitantes que foram afastando as pessoas com menos recursos", acusou em entrevista concedida ao Diário de Notícias de Portugal.

A grande dificuldade da campanha é que, no fim de fevereiro, ele contava com um orçamento de 60 euros, e precisaria de 1600 para mandar imprimir os folhetos de campanha. Mas ainda assim segue confiante: "Minha força é minha notoriedade", declarou à WMagazine, que apurou a popularidade do candidato: conhecia pelo nome metade dos freqüentadores da região.

O blogue de apoio ao candidato é Votez Jean Marc, que ostenta o slogan "Um outro som de sino".

Arena de Diadema é colocada "no gelo"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Em 15 de fevereiro, o Edu repercutiu aqui uma matéria do Diário do Grande ABC sobre a construção do novo estádio do Santos em Diadema (SP), na Grande São Paulo. Segundo o periódico, o "sonho" seria realizado ainda naquele mês. Pois então, o jornal ABCD Maior foi atrás e descobriu que, na verdade, a história é bem diferente. Segundo apurou o repórter Sérgio Pires, o acordo entre a construtora alemã Hellmich, a Prefeitura e o Santos, para a construção da Arena de Diadema, tem de concreto apenas um papel: a carta do presidente santista Marcelo Teixeira, assinada em 2005, que autoriza a empresa a utilizar o nome do alvinegro praiano por dez anos.

A Prefeitura e o clube confirmaram que não há qualquer novidade. Valdemir Montes, diretor de Esportes em Diadema, adiantou apenas que "está sendo realizado um estudo da questão fundiária". Já José Carlos Peres, superintendente do Santos, foi mais direto, admitindo que a questão "deu uma esfriada". "Parece que está tudo parado", lamentou. O "resfriamento" das negociações foi confirmado recentemente pela revista on line alemã Stadionwet (www.stadionwet.de), especializada em estádios, que divulgou nota sobre a Arena Diadema informando que "esses planos estão no gelo".

Mas a pá de cal na matéria do Diário do Grande ABC veio do conselheiro santista - e vereador de São Bernardo - Gervásio Paz Folha (PSB). Segundo ele, Marcelo Teixeira enviou um emeio a todos os conselheiros não autorizando que passem informações sobre a construção do estádio. "Ele disse isso porque não existe nada de concreto", garantiu Paz Folha. Se um dia sair do papel, o novo estádio do Santos será construído na altura do quilômetro 20 da Rodovia dos Imigrantes, no Jardim Inamar, em Diadema. O terreno, visto na foto acima (crédito de Luciano Vicioni/ABCD Maior), tem 800 mil metros quadrados.

Rei da Cocada Preta: colunista sugere mudar o apelido do Imperador Adriano

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Foto: Rubens Chiri/Divulgação
Xico Sá, em sua coluna na Folha de S.Paulo desta sexta-feira, 7, defendeu que o atacante Adriano, atualmente no São Paulo, troque o apelido de Imperador por Rei da Cocada Preta. Depois de ser multado em 40% do salário, o jogador pediu que a imprensa o tratasse pelo codinome adquirido na Itália, onde jogou pela Internazionale de Milão.

"Amigo Adriano, aceite sugestão mestiça e de classe: que tal substituir o italianíssimo Imperador por Rei da Cocada Preta?", sugere. "Já que estamos viciados nessa efeméride picareta e monarquista de dom Pedro 2º, o que é que custa adotar título mais honesto com a história da República?", completa.

Para Sá, Adriano, Adriano "mesmo aquele homenzarrão todo, molecularmente falando, ainda joga com a mamadeira invisível e, em algumas ocasiões, fraldas". O escritor defende que o atleta não tem preparo emocional para enfrentar os holofotes da mídia. Jogadores como ele, ao sair de casa "de ônibus, no escuro", "direto para Milão, Madri, Berlim, Roma confundem-se com os impérios quando tomam o primeiro fogo moral de artifício".

Durante a semana, depois de viajar com a delegação sem uniforme, o jogador foi multado e se irritou com o que considera perseguição da imprensa, de deus e do mundo. Na quarta-feira, 5, foi o autor de dois gols pela Taça Libertadores, contra o Audax Italiano.

É mais simpático. Será que cola?

quinta-feira, março 06, 2008

Não é para qualquer um

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


É obrigatório aqui o registro da goleada acachapante que o Fluminense aplicou no Arsenal, da Argentina, com show de Dodô. O placar de 6 a 0 é difícil até contra times pequenos, em campeonato estadual. Na Libertadores, é um feito. Não assisti ao jogo, claro, nem os melhores momentos, mas taí um placar que não tem como não refletir o que foi o jogo: domínio do começo ao fim. E o Arsenal não é qualquer time, foi campeão da Copa Sul americana do ano passado.

Não sei nada sobre esse time (deixo a análise para o pessoal do Blá Blá Gol). Mas pode ser que saia coisa boa das Laranjeiras.

O melhor confronto da Copa do Brasil

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A primeira rodada da Copa do Brasil, em geral, não reserva muitas emoções para os torcedores. Times grandes enfrentam verdadeiras babas que, pressionados pelo regulamento que elimina o time da casa se perder por dois gols de diferença, faz com que os pequenos se lancem ao ataque quando estão em desvantagem. O resultado fica claro: goleadas acachapantes que não animam os fãs de quem ganha.



Mas, nessa primeira rodada, houve um duelo que valeu pela emoção. O Juventus, da Rua Javari de São Paulo, conseguiu a vaga para o torneio por ter vencido a Copa FPF em 2007, e foi a Alagoas enfrentar o Coruripe, campeão estadual, na semana passada. Tomou uma piaba de 4 a 1 e já tinha botado as barbas de molho, sabendo que teria sérias dificuldades para reverter o resultado em casa.

Ontem, a partida de volta. O time do treinador Edson Pezinho tomou o gol aos 22 minutos, marcado pelo experiente Dedimar. Mas o clube de Alagoas empatou seis minutos depois, com tento de Jaelson. E assim acabou o primeiro tempo no rodolfo Crespi. Na segunda etapa, o Moleque Travesso precisava marcar quatro gols, e não tomar nenhum, para assegurar a classificação à segunda fase do torneio.

E o time da Móoca voltou arrasador. Aos 3 minutos, Lima marcou o segundo; aos 12, Anderson anotou terceiro; e aos 22, Kanu fez o quarto. Como o resultado, a partida iria para as penalidades. Mas, depois do gol, o jogo ficou tenso. O treinador alagoano foi expulso e João Paulo, do Juventus, também.

O "Hulk" de Alagoas, mesmo com um a mais, não conseguiu segurar o resultado. Perto do fim, aos 42, Kanu fez mais um gol e matou a partida e o verde alagoano. O esquadrão de Vovô, Léo Macaé e Nílson Sergipano ficou no meio do caminho. É bom registrar que a equipe nordestina entrou desfalcada de quatro atletas e não pôde contar com Renatinho, Fabrício e os volantes Geninho e Babau.

*****
O Juventus parece dar sorte com equipes de Alagoas. A sua maior glória, o título da Taça de Prata de 1983, foi conquistado em cima do Centro Sportivo Alagoano.

*****
Na segunda fase da Copa do Brasil, nenhuma partida vai reunir dois times da Série A do Brasileirão.

Reflexões argentinas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Eu não sou daqueles que têm ódio da Argentina. Aliás, com exceção do Boca Juniors, quase sempre torço pras equipes de lá nas competições continentais - por exemplo, comemorei o título do Arsenal de Sarandí na Copa Sul-Americana, que superou o América do México.

Por outro lado, tenho ódio amplo, geral e irrestrito de brasileiros que, no português claro, "pagam pau" pro futebol argentino. Por "pagar pau", não defino a simples admiração ou o reconhecimento dos inegáveis bons serviços prestados pelos vizinhos ao esporte bretão; e sim um fanatismo babaca que trata os argentinos como deuses supremos da raça e do amor à camisa e os brasileiros como um bando de maricas que não têm fibra pra jogar futebol.

Por isso, recomendo a todos - principalmente a esses citados "paga pau" - que vejam o vídeo abaixo. É uma compilação, aparentemente feita por argentinos, de opiniões de jornalistas locais antes e depois da final da Copa América de 2007 - aquela que, pra quem não se lembra, o Brasil massacrou a seleção platina, que era justamente tratada como favorita. Imperdível.

Pilantragem

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Não vi o jogo e, até o momento, nem os gols (no bar que eu estava não tinha TV, cheguei em casa de madrugada e desmaiei, nem lembrei do futebol). Só fiquei sabendo do resultado agora pela manhã: São Paulo 2 x 1 Audax, de virada. Quando soube que Adriano (foto) fez os dois gols, desconfiei. Depois das patifarias e bravatas, é muito propício fazer uns golzinhos justamente nesse campeonato e salvar o time de uma derrota desastrosa. Antigamente diziam que o Romário só fazia gol quando queria. E quando não tava a fim, passava jogos e jogos olhando pras nuvens. Pois é, será que o tal "imperador" não segue a mesma escola da pilantragem?

quarta-feira, março 05, 2008

Gigantes eliminados da Liga dos Campeões

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Com a classificação nos pênaltis (4 a 1), o Schalke 04 eliminou o Porto no estádio do Dragão, encerrando os jogos desta semana pela Liga dos Campeões da Europa. Só falta uma partida para serem definidos os oito classificados para as quartas-de-finais, Intenazionale x Liverpool, no próximo dia 11. Os ingleses fizeram 2 a 0 no jogo de ida e têm grandes possibilidades de seguir adiante na competição.

O destaque fica para a eliminação dos gigantes Milan (atual campeão) e Real Madrid (sinceramente, bem feito para este último). Os italianos foram surpreendidos em plena Milão e levaram 2 a 0 na cabeça, do Arsenal, enquanto o time de Robinho levou um gol fatal aos 46 minutos do segundo tempo, de Vucinic, que entrara no lugar de Mancine. Os 2 a 1 que a Roma impôs aos merengues foi o mesmo placar do jogo de ida.

Os classificados até aqui são Arsenal, Barcelona, Manchester United, Fenerbahçe, Roma, Chelsea e Schalke 04.

Os jogos (de volta) das oitavas:

Milan 0 x 2 *Arsenal
Barcelona *1 x 0 Celtic
Manchester United *1 x 0 Lyon
Sevilla (2) 3 x 2 (3)*Fenerbahce

Real Madrid 1 x 2 *Roma
Chelsea *3 x 0 Olympiacos
Porto (1) 1 x 0 (4) *Schalke 04
* classificados

Dia 11, terça (16h45) - Internazionale x Liverpool - San Siro, Milão

Projeto social tucano: Pedala, molecada!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Em vez de garantir transporte escolar seguro e eficiente onde ele ainda não existe, o (des)governador José Serra (PSDB) resolveu transferir a responsabilidade: está distribuindo bicicletas para que a molecada, literalmente, pedale! E pior, não está gastando nada, pois as bicicletas foram doadas por empresários que partilham da mesma mentalidade. Se não acreditam, podem ler abaixo trecho do email distribuído hoje para a imprensa. Pelo o que entendi, somando ida e volta, algumas crianças terão que pedalar mais de dez quilômetros por dia (fora o perigo da fragilidade de bicicletas contra veículos no caminho).

Amanhã, dia 6, a presidente do Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural do Estado de São Paulo, Monica Serra, participa da cerimônia de doação de 150 bicicletas em Redenção da Serra, no Vale do Paraíba. Os alunos do ensino fundamental que moram a uma distância superior a cinco quilômetros da Escola Estadual Coronel Queiroz vão ganhar bicicletas novas para facilitar o acesso à escola, diminuindo, assim, a evasão escolar. As doações fazem parte do projeto Pedalando e Aprendendo que, inicialmente, prevê a doação de bicicletas e capacetes aos 20 municípios mais pobres e de até cinco mil habitantes. Outro critério é a distribuição de bicicletas para alunos de 11 a 14 anos, cuja família tenha renda de um salário mínimo. As doações são feitas por empresários e parceiros do FUSSESP.

Pois é: pedalando e aprendendo...

Beber todo dia é mais comum que fumar

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

É isso aí, bando de manguaças: levantamento da Secretaria de Estado da Saúde aponta que 28% dos que já experimentaram álcool fazem uso diário da substância. O Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas), órgão da pasta, entrevistou 339 pessoas na capital paulista em 2007 (acho que fui entrevistado, mas tava bêbado e não lembro). Do total, 250 (73,7%) afirmaram já terem feito uso de álcool na vida, e 28% dessas pessoas disseram que tomaram bebidas alcoólicas diariamente ou quase todos os dias nos três meses anteriores. Já dos 66,3% que já experimentaram cigarros ou derivados de tabaco, 12,4% afirmaram que fumam diariamente. Ainda bem que sou uma pessoa sem vícios: só fumo quando bebo. Todo dia...

EUA x "Terroristas": Escolham bem seus medos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A manchete da Folha de S. Paulo de hoje (aqui, para assinantes) traz George W. Bush declarando seu esperado apoio à Colômbia na crise que ela mesma criou e criticando o que chama de "provocações" de Hugo Chávez. Apoio esperado por dois motivos. Primeiro, porque os Estados Unidos são os grandes financiadores de Uribe na luta contra a guerrilha. De acordo com o próprio jornal, já foram US$ 4 bilhões nos últimos quatro anos para combater "o narcotráfico e a guerrilha" (até a Folha separa as duas coisas).

O outro motivo é mais amplo. Os EUA nunca viram problema nenhum em invadir e bombardear o territóro alheio, desde que isso sirva a seus propósitos. Foi assim recentemente no Iraque, onde a ocupação atroplelou proposições de todos os organismos multilaterais. Foi assim na Nicarágua, no Panamá, no Afeganistão e quase foi em Cuba, no mal sucedido episódio da Baía dos Porcos.

Lutam contra a ditadura no Iraque, mas vendem (e compram) tudo o que podem para a China. Criticam o "atraso" no Afeganistão, nos apavorando com burcas, e abraçam com ardor o petróleo da Arábia Saudita, ditadura sangrenta onde as mulheres (mesmo estrangeiras em visita) não podem dirigir, ocupar cargos importantes ou andar na rua com a cabeça descoberta (mais detalhes em reportagem da revista Fórum). Ameaçam o Irã (que é muito mais liberal em termos de costumes) por pretender possuir bombas nucleares, mas guardam muito bem as suas além de entopir Israel com tudo que podem. Atacam as prisões polítcas de Cuba e torturam prisioneiros em Guantánamo, rasgando códigos e convenções internacionais de guerra.

Tem uma galera aí contra o "terrorismo" das Farc, ou seja lá o que for. Não foi nenhum grupo guerrilheiro que apoiou o golpe militar no Brasil, nem na Argentina, nem no Chile, onde o presidente foi assassinado na sede do governo (por aqui, alguns devem se lembrar – meu pai certamente se lembra –, terroristas e subversivos eram os termos utilizados pela ditadura militar para desiginar quem lutava contra ela, pela democracia). Também não foi nenhum grupo guerrilheiro que colocou Saddam Hussein no poder para tirá-lo anos depois, nem que financiou o Taleban e Osama Bin Laden contra os soviéticos para transformá-los mais tarde na encaração das hordas do inferno.

Hoje, da mesma foram que bancam a guerra interna de Uribe (e bancarão um conflito regional também), bancam o massacre (não há outra palavra) que Israel promove contra o povo palestino, classificado coletivamente como "terrorista".

Os Estados Unidos foram e são o maior fomentador de guerras e massacres nesse mundo, não se enganem. Consideram um direito (e de seus aliados) fazer o que quiserem, do jeito que quiserem, onde quiserem. Atropelam soberanias nacionais, direitos humanos, convenções internacionais, democracia e o que quer que esteja em seu caminho. Cuidado com seus medos.

Santistadas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Quando jogava futebol de botão, eu adorava ganhar de 1 a 0, o placar de Santos e Chivas Guadalajara.

As observações, sem análises táticas complexas:

1) o Santos deve dar gracia dio, porque o Chivas é um bom time, e o que assegurou a vitória foi a mística da Vila Belmiro. E ter ganhado na Vila foi decisivo com vistas à classificação às oitavas. O Santos pode agora se dar ao luxo de perder no México;

2) o Molina fez um gol espírita. Fora isso, é um jogador que pode dar alegrias à torcida do Santos;

3) a torcida do Santos presente na Vila apoiou o time. Mas a torcida do Santos de Santos deu vexame. A Vila era pra estar lotada. Se fosse no Pacaembu, lotava. Vaias para a torcida do Santos, que conseguiu deixar semi-vazio um estádio com capacidade para 20 mil pessoas;

4) Fábio Costa mais uma vez mostrou ser um líder (antes e durante o jogo) e um jogador imprescindível ao time (como ouço de cerca de 95% dos santistas que conheço). Diga-se, o único remanescente daquele time campeão de 2002, que era: Fábio Costa; Maurinho, Alex, André Luiz e Leo; Paulo Almeida, Renato, Elano, Diego; Robinho e Alberto.

5) O tal Quiñonez jamais deveria vestir novamente a camisa do Santos; o Carleto tem futuro, mas atualmente eu prefereria o Carlinhos (sic). O Carleto está comprometendo demais. Tem que ser muito lapidado ainda. Que falta que faz o Kléber.

6) o Betão é muito, mas muito ruim.

7) ao contrário do que eu disse em comentários de blogues parceiros (motivado mais pela paixão do que pela razão), acho que o Leão tem que continuar. Mas (aí é que está!), não apenas nesta temporada. Tinha que ficar uns 3, 4 ou 5 anos. Pra dar tempo de a história se consolidar.

terça-feira, março 04, 2008

Divagações sobre a crise entre Colômbia, Equador e Venezuela ou Lembranças dos anos 60

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O governo colombiano de Álvaro Uribe parece estar metendo os pés pelas mãos de forma grotesca nos últimos dias. Primeiro, bombardeou parte do território do vizinho Equador em busca de acampamentos das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, grupo que uns dizem ser de guerrilha marxista outros de narcotraficantes), em clara violação da soberania do país. É como se, digamos, “inimigos internos” (para usar um termo da época da ditadura) da Argentina se escondessem no Mato Grosso e os platinos mandassem bombas no Pantanal. Acho que nós brasileiros não iríamos gostar nem um pouco.

Depois do malfeito, Uribe pediu desculpas meio acanhadas pela invasão. Com a reação de Rafael Correa, presidente do Equador, e do mandatário venezuelano Hugo Chávez, aliado próximo do governo equatoriano, que envolveu inclusive movimentação de tropas para as fronteiras e retirada de embaixadores, Uribe divulgou informações de que tanto Correa quanto Chavéz teriam acordos com as Farc, o que provaria que a Colômbia estava sendo atacada por “terroristas”. Do jeito que eu entendo, isso quer dizer que os dois são inimigos do governo colombiano, o que nos coloca num cenário de guerra.

Hoje, o vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos, disse que as Farc estavam tentando adquirir material radioativo para fabricar uma “bomba suja”. Quer dizer, o que nenhum grupo terrorista do mundo, nem a poderosa Al Qaeda, teve coragem ou recursos para fazer, lançar uma bomba atômica. E em seu próprio país! Não parece fazer muito sentido.

A Colômbia faz tempo que é ponta de lança dos interesses americanos na América do Sul. O plano de combate às drogas de Uribe é financiado com dinheiro estadunidense, segue suas orientações e prevê presença militar dos States no território. Com a chegada ao poder de vários governantes mais independentes de Washington, a proximidade deve ter aumentado. Por isso, talvez, Uribe esteja sentido-se mais a vontade para botar suas mangas de fora.

As décadas de 60 e 70, quando ocorreram intervenções das mais variadas por parte dos EUA nos países da América Latina, vêm à memória numa situação dessas. Uma operação como essa contra o Equador, aliado do segundo maior adversário dos EUA na América (Cuba ainda é o primeiro, simbolicamente, apesar da Venezuela ter muito mais bala na agulha) não tem cara de ser sem motivo, tem? As análises que eu li acham improvável que os três países cheguem à vias de fato, ou seja, uma guerra. Tomara que tenham razão.

Homem pelado invade jogo de críquete e leva ombrada de jogador

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


No meio de uma emocionante (suponho) partida de críquete, na Áustrália, um torcedor tirou a roupa e invadiu o gramado. O jogador Andrew Symonds, sem pestanejar, correu para cima do cara e desceu-lhe uma ombrada, segundo o IG, ao melhor estilo do futebol americano. Depois disso, seguranças conseguiram prender o maluco, que deverá ser processado pela estapafúrdia invasão. Symonds também deve responder a processo, caso o Conselho Internacional de Críquete decida acusá-lo por agressão contra espectador.

Ah, sim! Para quem se interessa, a partida era entre as seleções australiana, onde joga Symonds, e indiana, válida por um tornei internacional da modalidade que mexe com os corações do mundo. O time da terra dos cangurus venceu a peleja.

segunda-feira, março 03, 2008

Buenos Aires, versão futebol

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Aproveitando minhas curtas férias, passei duas semanas flanando em Buenos Aires. E, como não poderia deixar de ser, banquei a correspondente internacional: fui ao jogo River Plate vs. San Lorenzo, pela 3ª rodada do Clausura, para apurar in loco as diferenças entre o futebol - e tudo o que ele envolve - do Brasil e dos hermanos. Ok, para ser sincera, a minha comparação ficará entre o que acontece no Morumbi e no Monumental.

O que mais me surpreendeu foi que, a despeito do que dizem certos comentaristas por aí, não é verdade que a torcida argentina não pare de cantar. Como em qualquer jogo meia boca, ficam calados na maior parte do tempo, só levantando a voz para comemorar um gol ou para xingar um adversário mais violento ou firulento. Pena que não teve um jogo do Boca para eu tirar a prova.

Comprar ingressos para aquele jogo foi uma tarefa fácil. Embora eu tenha encarado um esquema turistóide, com direito a pizza e cerveja antes do jogo - afinal, lá como cá a bebida alcoólica é proibida dentro do estádio - encontrei mais brasileiros na arquibancada que chegaram uma hora antes e compraram as entradas numa boa. Não avistei cambistas. Ponto para a Argentina. Além disso, o estádio estava quase lotado, mesmo sendo um jogo sem grandes atrativos. Impressionante.

Dentro do Monumental, que tem capacidade para 66 mil pessoas, tudo transcorreu de forma tranqüila. Há uma quantidade enorme de banheiros, que ficam quase sempre bem vazios - ponto para a Argentina. O espaço para as pernas nas cadeiras, no entanto, era exíguo, até para uma pessoa baixa como eu. Péssimo.

Comprar algo para comer ou beber, no entanto, era mais difícil do que por aqui. Até existem vendedores andando pelas arquibancadas, mas são poucos. E quem resolveu levantar para tentar comprar algo perdeu boa parte do jogo. Ponto para o Brasil. Registre-se que tem um vendedor de café na arquibancada. Em vez de manguaça, café.

O jogo em si foi bem sonolento.O River ganhou por 2 a 0. O primeiro gol foi de cabeça, numa cobrança de escanteio, e o segundo surgiu de uma jogada melhorzinha, bem tramada pelo ataque.

Destaque para a carniceria generalizada: nada é falta. Vi esse jogo e mais alguns pela TV e me pareceu ser um comportamento generalizado dos árbitros. Até faltas mais violentas ficavam sem punição. Um carrinho com o pé no alto, que acertou o adversário em cheio, ficou só no amarelo.

Outra coisa que eles adoram é cair e rolar no gramado reclamando de dores horripilantes. Fazem com que o jogo pare, a bola seja mandada para fora, para depois voltarem, lépidos e faceiros. Não que isso não aconteça por aqui, mas lá é o tempo inteiro. Ponto para o Brasil.

A saída também é diferente. A torcida menor é liberada logo ao fim do jogo. A maior, no caso a do River, espera cerca de 30 minutos para sair, para evitar confrontos. Aliás, havia guardas impedindo que os torcedores chegassem até a beirada do anel do meio, porque os do anel de cima costumam jogar objetos e substâncias 'perigosas' para atingir quem está embaixo. Bom, pelo menos não eram privadas.

Em breve, Buenos Aires, versão cachaça (no caso, cerveja).

Após vitória, palmeirenses divulgam "Eu nunca vou deixar de rir"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A vitória do Palmeiras sobre o Corinthians não bastou para que os palestrinos ficassem satisfeitos. Agora, eles tratam de divulgar pela internet, por meio de sites de relacionamentos e blogues, uma paródia da campanha "Eu nunca vou te abandonar", promovida pelo time do Parque São Jorge.

Trata-se da contra-campanha "Eu nunca vou deixar de rir". Na frente, a camiseta estampa a frase e, nas costas, vem a mensagem personalizada "Porque foi hilário e sou (nome do time para o qual torce)". Há versões para torcedores do Palmeiras, São Paulo e Santos.

As camisas já estão à venda na internet e cada uma custa 30 reais. O site de venda ainda traz a mensagem "Não deixe de fazer esta homenagem aos amigos corintianos. Afinal de contas eles merecem."

A página ainda traz outra "vantagem" para o torcedor que comprar a camiseta. Ele poderá enviar uma foto ao site que ficará no mural "Eu zuei um corintiano". A página estimula os rivais a tirarem fotos nos estádios, "no futebol com os amigos, nas baladas e etc".







Normalidade: Palmeiras 1 a 0, em clássico morno

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A vitória do Palmeiras sobre o Corinthians por 1 a 0 com gol do chileno Valdívia esteve dentro da normalidade. Vitória verde sobre o alvinegro em jogo de poucas emoções (e gols).

Inusitado foi o que vi às 9h30, na rua Turiassu, uma das saídas do Parque Antártica. As camisas verdes dividiam harmoniosamente o espaço com as pretas. Era dia de clássico, Palmeiras e Corinthians. Mas os de preto estavam lá para assistir o show do Iron Maiden na noite de ontem. Os de verde para se reunir e tentar um ingresso para o Morumbi.

No espetáculo que me interessava – nada contra os metaleiros – faltou um pouco mais de futebol.

Reprodução Palmeiras
O manual da piada fácil me manda escrever: os titulares perdidos pelo Corinthians não fizeram falta, porque não são grande coisa. Mas não tenho como negar que o time alvinegro foi mal. Por não ter assistido a tantos jogos do Corinthians na temporada, não sei dizer se esteve pior. Os comentaristas que opinem.

Valdívia fez o gol, correu até o último minuto e comemorou até desarme na intermediária defensiva nos últimos minutos. A cena foi inusitada, mas mostra um dos motivos pelo qual "el mago" cativa a torcida. Não se trata necessariamente de amor à camisa, mas dedicação que o torcedor no estádio gosta de ver.

Quando o Palmeiras não se classificou para a Libertadores em 2007, o chileno chorou. Ontem, ao resolver o jogo, diz que voltou a derramar lágrimas cheias de sarcasmo e alegria. "Quem faz gol sempre fica na retina do torcedor, e para fazer história aqui no Palmeiras sei que preciso fazer mais gols”, declarou.

Luxemburgo andou falando que o meia tem mais é que jogar do que reclamar, para ser um grande atleta. Num certo sentido, deu razão a William, que chamou o meia alviverde de chorão durante a semana, o que motivou a paródia da comemoração de Souza do Flamengo contra o Cienciano, na quarta-feira.

Mas a vitória foi verde. A rotina de ganhar do Corinthians, este ano, não poderá se repetir, a não ser que ambos cheguem à final da Copa do Brasil.

Suplicy vai ver Dylan, mas pede show aberto no Ibirapuera

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O senador Eduardo Suplicy anunciou que já comprou seus ingressos para a primeira noite de apresentações de Bob Dylan em São Paulo. Os ingressos variam de R$ 200 a R$ 900, os mais caros da turnê, comparados a outras cidades latino-americanas, incluídos Rio de Janeiro e Buenos Aires.

Segundo a coluna da Mônica Bergamo de sábado, 1º, o senador que assopra no vento teria escrito uma carta ao prefeito Gilberto Kassab sugerindo-lhe que insista com o músico estadunidense para que ele faça um show extra no Ibirapuera, para quem quiser ouvir.

No dia seguinte, na mesma Folha de S.Paulo, Suplicy escreveu o que Dylan representa para ele. Em outras palavras, que é "um dos maiores poetas da língua inglesa, que, com sua arte, suas palavras e sua música, defende os anseios da humanidade".

O senador se consagrou por sempre descrever o programa renda mínima, aprimorado para a renda da cidadania. Depois, em vários contextos, muitos dos quais imortalizados pela volatilidade do Youtube, cantou "Blowin' in the Wind", um clássico do músico, composto em 1962.

No artigo, o senador diz que quer ouvir Dylan cantar "Blowin'...", já que não teve sucesso no show que assistiu em Londres, em 2004. Ele não mencionou a hipótese de ser chamado ao palco para cantar junto.

Assita o melhor de Suplicy no YouTube:

Cantoria em evento do ProUni


Suplicy comanda o coro solitário de Blowin' em vídeo tremido.


Rap do Suplicy, na Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que discutia a redução da maioridade penal

Sobre os caras que decidem

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Lembro que, antes da Copa de 2002, eu estava amplamente decepcionado com a seleção brasileira, culpa da vitória xôxa na Copa de 94 e daquele time sem pé nem cabeça do Zagallo em 98. Não estava botando muita fé no Felipão e achava que o Ronaldo (à época ainda magro, mas já com o joelho detonado), já devia ter se aposentado.

Naquele momento, o Tostão, mesmo criticando o time e discordando de um monte de opções do Felipão, defendia que, se Ronaldo e Rivaldo estivessem jogando bem, o Brasil seria favorito. Eu, fã do comentarista, achava um absurdo ele esperar que dois jogadores resolvessem em nome do poderoso Brasil. Pois é, alguém estava certo nessa, e não era eu.

Todo esse preâmbulo para falar da importância dos “caras que decidem” no futebol. Aquele jogador que num lance pode decidir uma partida. Ou em vários decidir uma Copa.

É o que o Palmeiras teve a mais que o Corinthians ontem. Diego Souza e Valdívia têm mais condições de decidir do que qualquer jogador do time alvinegro. O jogo foi até equilibrado, os dois times tiveram suas (poucas) chances de gol. Quem tinha que decidir, decidiu.

Outro detalhe é a limitação do elenco corintiano. O time sentiu muito a ausência de Dentinho (que poderia ser decisivo) e de Fabinho, que dá muita segurança à defesa e alguma qualidade na saída de bola. Não são dois jogadores que possam ser tão essenciais assim...

Enfim, coroando minha fase de Poliana no futebol, acho que pode não ter sido tão ruim assim perder esse clássico. Ganhar poderia criar uma falsa impressão sobre o time do Corinthians. Tem uma boa defesa, é um time arrumadinho, e só. Faltam opções ofensivas. E falta, mas falta muito, gente lá na frente que decida.

domingo, março 02, 2008

A cachaça como metáfora

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A coisa está feia para o ex-deputado estadual Gilberto Gonçalves, do PTN de Alagoas. Matéria da Folha cita que gravações telefônicas - que estão sendo investigadas pela Polícia Federal - dizem que o político pediu, com todas as letras, "dinheiro de roubo, de corrupção", a um funcionário da Assembléia Legislativa do estado.

A explicação precisa sobre a origem do dinheiro apareceu como resposta a uma alegação de um interlocutor de Gonçalves, que dizia que teria que haver descontos de INSS e outros impostos no tutu que o ex-parlamentar aguardava. "Eu quero meu dinheiro. E não venha com desconto do INSS, não, porque isso é dinheiro roubado", diz a gravação, citada pela Folha.

Após a repercussão da denúncia, Gonçalves se diz desiludido com a política e a compara com a água que passarinho não bebe: "a política foi uma cachaça que tomei".

Tal declaração me fez lembrar de uma entrevista que realizei no ano passado com Sandro Zunino, dirigente do Avaí-SC que estava rumando para Rondônia para assumir a diretoria de futebol do Genus, clube local. Ao falar sobre as dificuldades do projeto, que somava o trabalho num clube pequeno e a mudança para um estado com hábitos culturais bem distintos do seu, Zunino dizia que encarava o desafio motivado pela paixão que nutria pelo futebol. E disse: "posso dizer que futebol é a minha cachaça!".

Em dois exemplos, a cachaça é utilizada como metáfora para o futebol e a política, fechando assim a trinca que norteia os trabalhos desse blog.

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

O "marketing viral" e a Nike

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Na terça-feira, dia 26 de fevereiro, a equipe do Futepoca recebeu um e-mail, no mínimo, curioso. Vinha com o título "Texto sobre Ronaldo" e o remetente era alguém de uma empresa de "marketing viral". Dizia o e-mail:


Olá Equipe do Blog FUTEPOCA!

Trabalho na Agência RIOT, especializada em Estratégias para Mídias Sociais.

Visitei o seu blog e gostei bastante do conteúdo.

Dessa forma, achei bastante relevante sugerir à vocês a divulgação do site da Nike especializado na “recuperação” do jogador Ronaldo, que realizou, no último dia 14, uma cirurgia no tendão do joelho esquerdo. Este site foi criado pela Nike para que os fãs de Ronaldo transmitam força e motivação ao jogador, para que ele retorne aos campos o mais breve possível e volte a encantar os amantes de futebol.

O site dedicado ao Ronaldo é o http://nikefutebol.com/ronaldo

Estou enviando um pequeno texto explicativo, dando algumas instruções sobre como poderia ser escrito este texto, ok?

Caso vocês aceitem escrever sobre o Ronaldo e o resultado no blog, comentários e etc, for positivo, em uma outra oportunidade podemos, quem sabe, firmar alguma espécie de parceria, ok? Este post que estamos sugerindo, seria uma espécie de Post Piloto. Dando resultados dessa vez, surgindo novas campanhas pertinentes ao seu blog, poderemos conversar novamente, ok?

Se tiverem alguma dúvida, entrem em contato o mais breve possível, ok?

Ps.: Caso aceitem, precisamos que o texto seja escrito e postado até amanhã (dia 27) pela noite, ok? Qualquer dúvida, entrem em contato comigo.


"Marketing viral" é uma forma utilizada por diversas empresas para tornar mais conhecida uma marca, tendo como nicho inicial as redes sociais. A idéia é fazer com que peças sejam reproduzidas como uma "epidemia". Agora, os promotores de tais campanhas começam a usar os blogues, pelo seu caráter supostamente "amador" como forma de divulgar seus produtos.

No entanto, ao contrário de outras campanhas, a "proposta" dirigida em nome da Nike tem uma clara promessa de "futuros negócios", como evidencia a parte em negrito. Eles não estão tentando comprar um espaço publicitário, algo totalmente comum e normal em qualquer site ou veículo de mídia. Tentam comprar conteúdo.

Abaixo, as "indicações" transmitidas por eles de como o blogueiro deve fazer o tal post:



O post consiste em redigir um breve texto falando do fenômeno Ronaldo, suas conquistas no Brasil e no Exterior. O texto deve ser focado no enobrecimento do jogador, que adquiriu, através de suas conquistas, status de “fenômeno”. Dentro deste texto, ou ao final dele, deve ser inserido o link que dará acesso ao site http://nikefutebol.com/ronaldo. Procure motivar as pessoas a transmitir força ao jogador, convidando-os a criar um vídeo de comemoração de um gol, fazendo uso da marca registrada de Ronaldo, que é o dedo indicador direito erguido [há exemplos no site]. Procure também, enfatizar a opção de enviar mensagens diretamente no portal da Nike ou via SMS. O texto deve motivar as pessoas a dar este apoio de uma forma espontânea, fazendo referência à paixão pelo futebol e ao grande jogador Ronaldo.


Viram as "indicações"? Peguem trechos e joguem no Google. Verão que vários site e blogues contém trechos literais. Outros seguem bem o que pede o "espírito" do briefing. Talvez diversos blogueiros tenham aproveitado justamente sua admiração por Ronaldo e fizeram o post por meio desse "incentivo", mas com boa fé. Entretanto, na prática, fica difícil diferenciar quem fez por admiração e quem fez por conta simplesmente das promessas do tal e-mail. Fica ruim para o leitor acreditar que o autor do site escreve por convicção.


Até os profissionais

Porém, há que ser feita uma distinção mais séria. Há sites e blogues ligados mais a entretenimento, feitos sem critérios jornalísticos, e os feitos por jornalistas, que supostamente deveriam seguir as diretrizes que regem essa prática tão maltratada nos dias atuais. Esses não podem, em hipótese alguma, aceitar tal tipo de "oferta". Por isso, sequer respondemos tal proposta. O Futepoca muitas vezes não é jornalístico, trata de assuntos com bom humor e certa pilhéria, como na criação de campanhas ou outras enquetes feitas pra brincar com a torcida. Mas na maior parte das vezes, inclusive no trato de informações divulgadas em outros veículos, critérios claros são seguidos. Afinal, apesar de nenhum de nós ser da área esportiva em nossas carreiras, somos jornalistas em tempo integral.


Por isso, o estranhamento não é com o fato de a tal informação da Nike ter sido sido veiculada em sites noticiosos, mas principalmente com a forma como a "notícia" foi dada. No site Futebol Interior, por exemplo, o título dizia: "Nike faz campanha mundial pró-Ronaldo. Participe!" Algo que faria corar qualquer estudante de Jornalismo. Outros blogues e sites também republicaram.

Clique para ver os resultados da busta "Ronaldo, recuperação, Nike" no Google e no Google Search Blogs.


A contribuição dos blogues para a democratização da comunicação no Brasil e no mundo vem sendo decisiva. Mas esse tipo de ação marqueteira, quando encontra eco na blogosfera, causa desânimo. Já a ação do marketing ostensivo de grandes empresas na mídia esportiva não é novidade. Mas continua um fato lamentável.

(Atualizado às 16h48)

Imperador se atrasa e diretoria pode rescindir seu contrato

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Crise no São Paulo! O Imperador da Manguaça aprontou das suas e pode ter seu contrato rescindido no Morumbi. A história começou nessa manhã, quando o jogador chegou às 9h28 par ao treino das 9h. Segundo o Uol Esportes, ele desceu do carro, se trocou correndo e foi para o Reffis descalço. Pouco depois, apareceu perto do gramado onde o time treinava, mas decidiu ir embora.

Para completar o serviço, no estacionamento do CT, Adriano ameaçou um fotógrafo: "Se você tirar mais uma foto, eu te arrebento aqui mesmo". Ele ficou alguns minutos conversando com o superintendente do clube, Marco Aurélio Cunha, e foi-se.

Cunha contou aos repórteres que Adriano “estava chateado com um problema pessoal e queria ir embora”. Segundo o dirigente e porta-voz sãopaulino, o ocorrido foi o seguinte: o jogador estava em um show e, quando o seu motorista foi buscá-lo, acabou batendo o Porsche Cayenne de Adriano. "Ele estava alterado com isto", disse Cunha.

A direção do São Paulo parece não ter digerido bem o ocorrido. O vice-presidente tricolor, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, afirmou que irá tratar do assunto em uma reunião ainda nesta noite. Perguntado pelo Uol Esporte, o cartola não descartou “demitir” o Imperador. "Não temos uma definição e, por enquanto, nenhuma hipótese foi descartada. Vamos nos reunir hoje à noite e analisar o caso. Não gostamos do que aconteceu", acrescentou.

Marco Aurélio Cunha também demonstrou insatisfação: "Estamos ajudando o Adriano, até mais do que ele está nos ajudando, Mas isto precisa ser recíproco. Os dois lados precisam se ajudar. O Adriano tem esse tipo de dificuldade de relacionamento. Ele está aqui justamente por tudo que aconteceu na Europa".

Além de Adriano, Borges e Hugo também se atrasaram para o treino. Segundo o Uol, os dois chegaram às 9h22 “com cara de sono e bocejando”.

O Imperador já tinha pisado na bola ontem, quando foi o único atleta da delegação tricolor a desembarcar da viagem de volta da Colômbia sem a camisa preta pólo do clube, conforme orientação da diretoria.

Com informações do Uol Esporte e do IG

Os brucutus precisam ser banidos do futebol

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Tenho lido as opiniões dos aqui companheiros blogueiros sobre a violência dentro das quatro linhas: a tese do cartão azul, do Olavo; a discussão sobre a agressão covarde do brucutu Martin Taylor, do Birmingham, que quase aleijou o Eduardo da Silva, do Arsenal.

Esse é um assunto que me faz refletir. E, refletindo, me dá raiva.

Raiva da violência. Por isso, eu contesto aqui tanto o burocratismo da proposta do companheiro Olavo, quanto a condescendência do post do companheiro Anselmo. Chamar de “pernada” aquele ato brutal, covarde, grotesco, mais próprio de um animal do que de um jogador de futebol, é decepcionante, caro Anselmo. E ficar propondo cartõezinhos azuis é apenas burocratizar a coisa, para dizer o mínimo.

Lembram daquele jogadorzinho do Bangu (cujo nome não me dou ao trabalho de pesquisar) que quebrou o joelho do Zico?

Por essas e outras eu fico com o Marcão, que num comentário ao post do Anselmo, citado acima, disse: “Para assassinos como esse, flagrado por fotos e câmeras de TV de diversos ângulos, só há uma medida possível: o banimento definitivo do futebol. Por muito menos (muito menos mesmo!), o goleiro Rojas foi obrigado a encerrar a carreira”.

É utópico, isso que o Marcão diz. Mas expressa indignação, e isso é importante. O Fernando Calazans, da ESPN Brasil e de O Globo, também costuma expressar sua ojeriza aos brucutus. Os brucutus precisam ser banidos do futebol.

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Minha idéia ganha força

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Terça-feira, escrevi um post dizendo que o futebol poderia ter três tipos de cartão. Esse terceiro a ser introduzido, o azul (ou outra cor), teria um grau abaixo do amarelo e serviria para punir pequenas faltas disciplinares, como comemorações excessivas de gol, "ceras" não tão enroladas assim e por aí vai.

E agora, vejam vocês, o globoesporte.com traz uma notícia dizendo que em Portugal um dirigente local pretende adotar uma idéia parecida. Rui Mâncio, diretor da Federação de Futebol da Ilha da Madeira, defende a adoção do cartão azul nas categorias de base. A punição teria fins educativos: seria aplicada aos jogadores que usam palavrões em campo.

A discordância entre a proposta de Mâncio e a minha é justamente essa. Eu não vejo ser necessário banir o palavrão do futebol; pelo contrário, considero as palavras feias integrantes essenciais do ludopédio. Mas ambas as idéias se encontram num ponto crucial: o cartão azul de Mâncio também estaria abaixo do amarelo, com dois azuis gerando o atual cartão da advertência.

Chegaremos lá?

Obama, Hillary e a apelação eleitoral

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Paulo Henrique Amorim, em seu Conversa-Afiada, escreveu que Barack Obama está mais à esquerda do que Hillary Clinton. Chico de Oliveira, sociólogo e capa da edição da Fórum de abril de 2007, acredita que as diferenças entre os candidatos democratas não são tantas assim. Está em artigo na Folha de S.Paulo desta quinta-feira, 28.

"Ele é tão parecido com a Hillary, com seu terninho correto que faz par com o tailleur da ex-primeira-dama, quanto o PT com o PSDB", escreveu o ex-petista que, apesar do apoio a Heloísa Helena no primeiro turno de 2006, terminou o pleito com críticas severas ao comportamento do PSol.

À parte o tom provocativo que a afirmação possa conter, parece que Oliveira concorda com o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel que, em entrevista a Pedro Venceslau (na próxima edição da Fórum), declarou que petistas e tucanos são donos dos dois partidos de centro-esquerda do Brasil.

O que mais chama atenção sobre o artigo é que o sociólogo considera apenas a parcela democrata da disputa. Uma questão de escopo, é claro, mas que parece recair sobre parte dos analistas. Ocorre que o outro lado da briga de novembro pela Casa Branca, o dos republicanos, já em John McCain como indicado.

A maioria dos analistas parecem já tem certeza de que Obama será seu adversário. Outras lideranças republicanas começam a reclamar que, caso se confirme como primeiro candidato negro a vencer as prévias e primárias, será protegido pela mídia, como, acusam, vem acontecendo. A mídia ficaria temerosa de "parecer racista" a cada crítica feita.

Retórica. E também um aviso de que a campanha com Obama não será imune ao baixo nível. Mesmo porque, mulheres também são alvo de discriminação. A discussão sobre as diferenças entre o preconceito contra negros e contra mulheres só funciona na mesa de bar, porque é um falso debate.

Reprodução
Obama em trajes quenianosDois exemplos mostram isso mais claramente. Primeiro, a foto de Obama em trajes tradicionais do Quênia, de onde veio seu pai (já falecido), divulgados na terça-feira, 26. A publicação da imagem foi atribuída aos rivais democratas e a republicanos. As roupas foram apresentadas como características de muçulmanos.

Outro exemplo é ainda mais tosco. A NBC "confundiu" Obama com Osama. As aspas justificam-se porque uma imagem do terrorista mais procurado do mundo, comandante da enfraquecida rede Al Qaeda, foi exibida no fundo da tela, enquanto o apresentador Chris Matthews, do Hardball, falava sobre o candidato negro.

O vídeo está aqui:

A rede de TV desculpou-se, afirmou tratar-se de um erro. Acidental ou não, dá idéia de que, se preconceito racial "não pode", o religioso está liberado.

Também está no Revistaforum.com.br

Peru, Redondo e Cacetão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O programa Pontapé Inicial, da ESPN, teve como convidado especial, na manhã de hoje, o veterano Chico Anísio. Profundo conhecedor de futebol, o humorista, que começou a carreira como comentarista esportivo, contou que seu pai foi o responsável por profissionalizar o futebol no Ceará, citou de memória formações arcaicas do Palestra Itália (hoje Palmeiras), Vasco da Gama e América-RJ, relembrou os lances da decisão da Copa de 1950 e, enfim, deu palpite sobre clubes, técnicos e goleiros.

Mas a melhor história surgiu quando o apresentador José Trajano conversava com Anísio sobre futebol de botão, paixão de ambos por décadas. Trajano contou que seu time particular se chamava Real Acarape, por causa de uma marca de cachaça, e o humorista revelou que o nome de seu time de botão era Fênix - e que, por anos a fio, teve sempre a mesma linha de ataque: Peru, Redondo e Cacetão. "Quando eu era adolescente, essa foi uma linha real de ataque, e muito famosa, do Ferroviário, que é o meu time no Ceará", esclareceu Chico Anísio.

Mas é óbvio que a escolha do insólito e obscuro trio para batizar os atacantes de seu time de futebol de botão tinha um propósito cômico. O humorista costumava narrar os jogos que disputava e, às vezes, comentava: "O técnico está errado em escalar o Cacetão à frente do Redondo. Se o Redondo abrir e o Cacetão vier de trás, é gol!". Ou então: "Olha lá, olha lá, o juiz botou o Cacetão pra fora!". Segundo Chico Anísio, essa brincadeira não ficava muito longe das narrações reais, na década de 1940, dos jogos do Ferroviário. Só podia ser no Ceará, mesmo...

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

"O bom da bebida é o boneco"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Quem não conhece o Ceará provavelmente nunca ouviu a expressão "botar boneco". Num sentido mais restrito, significa "dificultar", "botar dificuldade". Por exemplo: você convida uma pessoa para alguma coisa e ela hesita, nega, fica colocando obstáculos. Daí você exclama: "-Deixe de botar boneco!". Mas, num sentido mais amplo, "botar boneco" significa mesmo "fazer palhaçada", "dar baixaria". Por isso, quem é brincalhão, desinibido ou sem-vergonha, mesmo, é chamado de "bonequeiro". Há um ditado cearense que sentencia: "o bom da bebida é o boneco". Ou seja, "se não for pra dar vexame, então nem compensa beber". Confira outras expressões cearenses ligadas ao consumo de álcool:

Merol = bebida alcoólica
Celular = garrafa plástica de cachaça 480 ml/ meiota (foto acima)
Papudim = pinguço (com barriga inchada característica)
Miolo de pote = conversa fiada/ papo de bêbado
Chêi dos pau = bêbado, embriagado, encachaçado
Melado = idem acima
Bêbo-bosta = bêbado inconveniente
Solto na buraquêra = perdido na noite (na putaria, na bebida etc.)

Formigueiro que vitimou boleiro será exterminado

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



A prefeitura de Presidente Prudente (SP), que cuida da manutenção do estádio Eduardo José Farah, prometeu acabar com um formigueiro que ficou famoso nesta semana. Na partida entre Oeste e Santacruzense, partida válida pela série A-3 do Paulistão, o lateral Marcos Paulo sofreu uma falta e acabou sendo "atacado" por centenas de formigas que estavam "morando" no gramado.

O resultado da lambança pode ser visto no vídeo acima. O atleta tentou primeiro resolver o problema em uma poça d'água. Ao perceber a inutilidade da sua atitude, foi pro chuveiro mais cedo, e depois retornou para o jogo.

"Com as chuvas, o gramado estava ruim, muito encharcado, e as formigas acabaram subindo. Sofri uma falta e como estava protegendo a bola acabei caindo com o peito no gramado. Na hora não senti nada, levantei e até ia bater a falta. De repente comecei a sentir o corpo inteiro formigar. Achei que estivesse tendo alguma coisa, um derrame. Quando olhei a camisa ela estava totalmente preta, cheia de formigas", disse o jogador em entrevista para o Lancenet!.

O árbitro quase deu cartão amarelo pelo fato do lateral ter tirado a camisa, mas o desculpou pelo inusitado da situação. Por muito pouco, o público não foi poupado de ver um striptease de Marcos Paulo. "Era muita formiga. Pensei até em tirar o calção, mas aí seria demais, né?", lembra. "Saí correndo para um chuveiro que tinha ao lado do campo. Até passaram éter na minha camisa. Mas só consegui me limpar mesmo no intervalo, dez minutos depois", descreve

O secretário de Esportes da cidade garantiu que o gramado será "envenenado". "Foi um fato isolado e bastante inusitado. Mas o funcionário responsável pelo gramado do estádio já foi orientado a jogar veneno no campo para acabar com os formigueiros de lá", explicou o secretário Edson Pelágio ao G1.

Entre pontapés e pancadas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Kaká diz: "Não agüento mais receber tanta pancada". Quer que os árbitros façam alguma coisa. Seu clube, o Milan, reiterou as denúncias de perseguição. "Um jogador nunca faz duas faltas consecutivas em Kaká. Há um revezamento entre os jogadores, como se fosse uma estratégia planejada. Claro, os árbitros não vêem nada", dizem os rubro-negros milaneses.

Um dia antes, guardadas as proporções em todos os níveis, Vanderlei Luxemburgo dispara a mesma acusação sobre seu segundo atacante, o meia Valdívia. Nas contas do comandante palestrino, expulso na última partida contra o Rio Preto, primeiro foi o número oito, depois o camisa sete, e assim por diante até se cansarem de surrar El Mago.

O brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva, do Arsenal, tomou uma pernada do zagueiro Taylor, do Birmingham. Cordial, o agredido perdoou o assassino, o que justifica os termos gentis para com o britânico.

Minha perna dói só de olhar.



Assista:


A linha é completamente diferente do que propõe o Olavo. Mas tem coisas que precisariam ser repensadas.

Muito se falou aqui sobre Sandro Goiano, ex-Grêmio, hoje no Sport, e sobre Materazzi. Por mais que tenham suas funções táticas dentro de campo, são atletas de se notabilizaram por, digamos, excessos.

O que fazer para proteger os atletas vítimas da pancadaria e para diminuir o espaço do anti-jogo?

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Som na caixa, manguaça! - O retorno (Volume 16)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

OS BÊBADOS
Marcus Dias (na foto, com Isaac Cândido)

Isaac Cândido

Sábado
É o dia dos bêbados
E das moças católicas
Que vão para a missa rezar pra quem sabe encontrar algum
Bêbado
Aquele cara simpático
Quando não está estático
Sentado na mesa de um bar a tentar encontrar algum
Método
De burlar o estético
De furar o ilógico
E de tentar conquistar uma moça que não sabe nada dos
Bêbados
Aqueles caras exóticos
Que misturam os tópicos
E que promovem o riso que eu sempre tentei mas agora estou
Bêbado
Procurando meus métodos
Misturando meus tópicos
E tentando enganar os que não sabem nada de nada dos
Bêbados

(Do CD "Isaac Cândido", de 1999)

Por três tipos de cartão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Cena 1: o jogador faz um gol e resolve extravasar na comemoração. Sai correndo em direção ao alambrado, o escala e vai comemorar junto com a sua torcida. Grita empolgado, e recebe de volta gritos também empolgados dos torcedores. Desce o alambrado e encontra, em seu retorno ao gramado, um juiz com um cartão amarelo na mão. É o que prevê a regra para comemorações desse tipo.

Cena 2: o atacante parte em velocidade pela ponta. Tenta olhar para a grande área à busca de um companheiro para quem centrar a bola; mas, antes que tenha tempo para raciocinar, recebe um carrinho de um zagueiro mais "disposto". A falta não é das mais violentas, mas interrompe um ataque perigoso. Como punição, o juiz saca um cartão amarelo ao agressor.

Isso não soa estranho, despropositado, ridículo? Não é insano punir pequenas falhas disciplinares com o mesmo rigor de entradas "agressivas, mas nem tanto"?

Tenho pensado sobre essas questões de uns tempos pra cá e acredito que uma boa saída seria a introdução de um terceiro tipo de cartão. Um cartão azul, verde, ou sei lá o quê, que estaria abaixo do amarelo e vermelho já existentes. Puniria comemorações extravagantes, "ceras" das não tão agressivas, reclamações com o juiz só um pouco arbitrárias...

Sei que esse tipo de discussão é fadada à brincadeira, e logo aparecerão sugestões mirabolantes para, de uma vez, dispersar o debate. Mas é bom que se lembre que reações irônicas também apareceram quando os cartões atuais foram sugeridos na década de 1960 - e, hoje, alguém consegue pensar no futebol sem o amarelo e o vermelho?

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

O dia em que o futebol quase me matou

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O senhor José Macia, mais conhecido como Pepe, completa hoje 73 anos. Nessa mesma data, há 21 anos, ele comandou o São Paulo contra o Guarani na decisão do Campeonato Brasileiro de 1986, no estádio Brinco de Ouro, em Campinas (SP) - considerada a mais emocionante da história da competição. Não discordo, pois, se o futebol não me matou naquele dia, não mata mais. O Guarani era um timaço, capitaneado por Evair, João Paulo, Marco Antônio Boiadeiro e Ricardo Rocha. O São Paulo também era outra equipe de respeito, com a famosa linha de ataque Muller, Silas, Careca, Pita e Sídney. Por isso, o definitivo confronto entre Guarani e São Paulo pelo título do Brasileiro de 1986, no final de fevereiro do ano seguinte, prometia "pegar fogo". E pegou: logo aos dois minutos, o lateral Nelsinho marcou um gol contra e pôs o Bugre na frente do placar. Sete minutos depois, Bernardo empatou para o time da capital.

Eu ainda morava com meus pais, em Taquaritinga (SP), e assisti a decisão com meu pai, Chico, e meu cunhado Luís Antônio. A luz da sala estava queimada e a escuridão tornava a situação ainda mais dramática. Eu passei o jogo inteiro mudo, sem me mover, de tanta tensão. Quase não me lembro dos lances, só dos berros do meu pai (que contribuíam para me deixar ainda mais nervoso). Só há alguns anos pude rever o fim do segundo tempo, quando dizem que houve um pênalti não marcado para o Guarani, sobre o João Paulo. Revendo as imagens pela TV Cultura, posso dizer que houve, antes, um lance idêntico sobre o Pita, na área bugrina. Nos dois lances, nem os jogadores do São Paulo e nem os do Guarani reclamaram penalidade. E olha que era um jogo facinho pra sair confusão...

Bom, começa a prorrogação e eu quase ponho o coração pela boca. Pita fez 2 a 1 e, logo em seguida, Boiadeiro deixou tudo igual. Se fosse hoje, eu teria enfartado, sem exagero. Cada lance era uma agulhada no peito. Quando João Paulo pegou a bola no meio do campo, enfileirou os defensores são-paulinos e fez 3 a 2 (golaço!), quase morri. Acho que fiquei sem respirar, sem enxergar, sei lá. O pior é que, no desespero e no escuro da sala sem luz, nem meu pai e nem meu cunhado notaram. Passei uns minutos assim, meio morto. Aí aconteceu o milagre. O zagueiro Wagner Basílio, que tinha falhado no terceiro gol bugrino, pensava: "-Pronto, estraguei o trabalho de um ano inteiro!". Eram 14 minutos do segundo tempo da prorrogação! Nesse momento, o goleiro Gilmar gritou: "-Joga pro Careca, que ele resolve!".

O zagueiro deu uma bica, a bola passou o meio-campo, Pita pulou e resvalou de cabeça, a bola pingou dentro da área do Guarani e Careca, de primeira, mandou o petardo de perna esquerda: 3 a 3 (na foto do post, a comemoração). "-O hino do Guarani tocava nos alto-falantes. Era o último lance, o Aragão já olhava o relógio. Notei que meu marcador (Ricardo Rocha) estava olhando para a bola e não me viu. Bati com força, foi o gol mais importante da minha vida", contou Careca, há poucos dias, no programa Loucos por Futebol, da ESPN. Voltando no tempo, lembro que não comemorei. Continuei mudo, paralisado, passando mal. E o sofrimento piorou, pois a partida foi para os pênaltis. Só quando o São Paulo converteu a última cobrança e garantiu o título é que despertei. Mas tinha passado os 150 minutos com os músculos tensos, sem me mexer, e parecia que eu tinha levado uma surra. O herói, Careca, contou no Loucos por Futebol que sua mãe morava a umas dez quadras do Brinco de Ouro. "-Fui a pé até a casa dela mas, no caminho, tinha uns dez bares lotados de são-paulinos. Tive que tomar, pelo menos, uma cerveja em cada boteco", lembrou, rindo, o atacante.

Ficha técnica
Guarani 3 x 3 São Paulo (3 x 4 nos pênaltis)
Data: 25 de fevereiro de 1987
Local: Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas (SP);
Juiz: José de Assis Aragão;
Público: 37.370 pagantes;
Renda: CZ$ 4.222,000;
Guarani: Sergio Néri, Marco Antonio, Valdir Carioca, Ricardo Rocha e Zé Mario; Tosin, Tite, (Vágner) e Marco Antonio Boiadeiro; Catatau (Chiquinho Carioca), Evair e João Paulo. Técnico: Carlos Gainete;
São Paulo: Gilmar, Fonseca, Wagner, Basílio, Dario Pereyra e Nelsinho; Bernardo, Silas (Manu) e Pita; Muller, Careca e Sidney (Rômulo). Técnico: Pepe;
Gols: Tempo regulamentar - Nelsinho (contra, aos 2’) e Bernardo (aos 9’). Prorrogação – Pita (1’), Boiadeiro (7’), João Paulo (5’) e Careca (14’). Pênaltis - Dario Pereyra, Fonseca, Rômulo e Wagner Basílio para o São Paulo. Erraram pelo Gurani Boiadeiro e João Paulo (Tosin, Valdir Carioca e Evair acertaram).

domingo, fevereiro 24, 2008

Santos finalmente convenceu

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



Parecia fácil. Jogando em cima do Ituano, com três atacantes, o Santos chegou rapidamente ao gol, com 9 minutos de partida. Logo em seguida, Wesley, em ótima jogada, quase amplia o placar. O domínio era absoluto e o Peixe dava mostras de que finalmente venceria de forma tranqüila. Mas, em uma jogada pela esquerda, apareceu Evaldo.

Reserva de Adaílton, que ficará longe dos gramados por seis meses, perdeu uma bola boba que originou, aos 18, o gol do Ituano. Dois minutos depois, perdeu outra bola grotesca no meio de campo, fez falta e foi expulso. Poderia até ter tomado apenas o amarelo, mas o vermelho não foi injusto. Um novo drama se avizinhava para o torcedor do Santos.

A partir daí, quem tentou jogar pressionando no campo adversário foi o time de Itu. Só tentou. O Santos conseguiu boas oportunidades jogando no contra-ataque, aproveitando os espaços nos lados do campo. O Ituano só ameaçou, pouco, na bola parada.

Na segunda etapa, Leão substituiu Marcinho Guerreiro, que fatalmente seria expulso, por Adriano. A equipe voltou com o ânimo redobrado e era o time da Vila Belmiro que parecia ter um a mais. Aos 8, o Santos, em grande jogada de Molina, chegaria ao segundo gol com Kléber Pereira.

A partir daí, um massacre. Betão marcou em lance pela direita de Molina e Kléber Pereira fez o quarto do Alvinegro e o quarto dele em duas partidas. Poderia ter sido seis ou sete, tal o volume de jogo e as chances criadas e desperdiçadas pelo Santos. Molina, que vinha jogando claramente pouco adaptado ao time, desencantou no segundo tempo, roubou bolas, quase fez um gol de placa e armou vários contra-ataques.

Ao fim da partida, uma torcida organizada do Santos pediu a saída do Leão. O motivo? Eles que expliquem, embora pareça um caso límpido de orquestração. Mas o resto do estádio passou a gritar o nome do técnico, abafando a minoria. Alento para o santista, e um pouco mais de paz para o treinador. Duas vitórias seguidas, contra adversários fracos, parece pouco, mas pelo que vinha se desenhando e pelo que os grandes vêm fazendo no Paulistão, não é desprezível.

Wesley

Wesley, 20 anos, atacante. Na partida contra o Cúcuta, em dois minutos fez duas jogadas de Robinho. Depois praticamente apagou. O locutor da televisão brincou que o atleta tinha feito mais do que o titular daquela ocasião, Quiñonez, em todo o primeiro tempo. Comentei que, na prática, o garoto havia feito mais do que ele mesmo em todas as partidas que entrou em 2007.

A primeira vez que o menino jogou foi em uma derrota do Santos para o São Paulo, pelo Brasileirão de 2007. Entrou outras três vezes, sempre pouco eficiente. Depois da partida contra o time colombiano, fez um gol contra o Guarani no meio de semana e chorou. Não de alegria, mas de alívio. Vinha sendo xingado pela torcida sempre que pegava na bola, e se sacrificava fazendo o quarto homem do meio campo, em uma função que Leão o adaptou.

Em 2002, quando Leão chegou ao Santos, trabalhou com Elano como quarto homem do meio, ora atuando na marcação, ora como atacante, só que pela direita. É bom lembrar que o jogador não vinha sendo sequer utilizado por Celso Roth, técnico anterior. Agora, parece tentar o mesmo com o Wesley, só que pela esquerda. E o moleque vem se desdobrando e evoluindo a cada partida.

Contra o Cúcuta, os microfones pegavam Leão incentivando o garoto. Bem, mas bem diferente da forma de “incentivo” que Wanderlei Luxemburgo utilizou com Dionísio, conforme narrou o Marcão aqui. Talvez esteja aí um dos segredos da evolução do menino. Que continue assim.

Desespero botafoguense

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Impressionante a reação do elenco do Botafogo-RJ após a derrota por 2 a 1 na final da "importantíssima" Taça Guanabara. Na sala de imprensa, quase todos os atletas choravam (literalmente) até que o presidente do clube, Bebeto de Freitas (foto), interrompeu as entrevistas e renunciou ao cargo em frente às câmeras. Não vi os lances polêmicos da partida, mas qualquer desconfiança de favorecimento ao Flamengo em decisões deve ser considerada, pelo histórico inegável de "apitos (mais do que) amigos". Porém, mesmo que chiem com razão, a proporção da hecatombe botafoguense parece muito exagerada. Afinal, ainda falta um turno do carioca, o time pode vencê-lo e dar o troco no Flamengo na decisão de fato, o clube está na Copa do Brasil e pode assegurar uma vaga na Libertadores de 2009 e, pelo bom futebol que vem apresentando, tem tudo pra fazer um ótimo Brasileirão. É fato que a revolta não tem a ver só com o jogo de hoje, mas com os prejuízos seqüenciais sofridos pelo Botafogo nos últimos dois anos (vide desclassificação da Copa do Brasil em 2007, com atuação "brilhante" da Ana Paula Oliveira). Mas daí ao elenco inteiro aparecer chorando e o presidente do clube renunciar em público, vai uma grande distância. Quando Bebeto ainda era técnico de vôlei e treinava o Olimpikus, de Campinas (SP), eu o entrevistei muitas vezes - e algumas em momentos de verdadeira tensão. Mas me parecia um cara tranqüilo, equilibrado. Pois é, a arbitragem brasileira conseguiu acabar com esse equilíbrio...