Destaques

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Momentos históricos (re)vividos

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Quando se vive um momento histórico, é quase inevitável sentir o peso de cada gesto, a força de cada imagem, e aquilo cria um vinco indelével no curso do tempo, um marco ao qual se vai retornar sempre. É o que contam os que viveram os episódios de 68, por exemplo. Lembro também que no dia 12 de setembro de 2001 já se falava no 11 de Setembro.

Assim também foram os inesquecíveis anos 80, com toda a sua profusão cultural, em particular na música pop. Quando Oswaldo Montenegro cantava "Condor", com seus versos fortes e sonhadores, numa voz cheia de arestas, com deslizes desafinados de emoção e acompanhado de um coro negro ad hoc, quem não percebia que se lembraria daqueles momentos por muito, muito tempo?

Ontem, Glauco e eu resolvemos puxar na memória coletiva (Google) alguns dos maiores clássicos desses anos 80 que formaram a nossa geração. Aliás, se os anos 80 servem para alguma coisa é para manter viva na memória a chacota universal. Novas décadas virão, mas duvido que alguma renda tanto. Em busca do melhor do pior da poesia pop nacional, fizemos uma única restrição, considerado-os hors concours de saída: os Engenheiros do Hawaii. Seria fácil demais.

Mas outros gaúchos vieram liderando as lembranças, tabelando Kleiton e Kledir com a clássica dobradinha "Quando eu ando assim meio down / vou pra Porto e, bah!, tri-legal!" e fazendo a assistência mortal para Nenhum de Nós com "O astronauta de mármore". Mas o hoje esquecido Dalto mostra que dá pra chegar muito mais longe no sentimento... Ainda que não tanto quanto o inigualável Fábio Júnior que, com um dos mais belos versos da música brasileira, define — como ninguém mais antes enm depois — nada menos que a felicidade: "uma gota d'água descobrindo que é o mar azul" (não percam esse clipe-slide-show assinado por Gislaine Borba).

Precursor de várias gerações de boyzinhos brasileiros que foram viver amores fugazes nas vibrantes e loucas metrópoles europeias, o já então surpreendente Supla chega com sua "Garota de Berlim". Mas às vezes as viagens mais distantes são feitas na própria alma, em perigosas egotrips. E Guilherme Arantes nos saúda com "Um dia, um adeus".

Dá pra passar uma vida revivendo os 80. Mas um mestre maior nos levou aos 90, mostrando-se a síntese antropofágica de todo esse movimento artístico misturado com a tradição cearense das canções de duplo sentido: ninguém menos que Falcão. A crônica social, psicanálise, teoria do conhecimento, releitura do folclore, poesia lírica, nada escapou à verve do gênio.

Com a ajuda do camarada Paulo Macari (que já me indicou um furo do (então) são-paulino Adriano com o (talvez já) come-traveco Ronaldo), recuperei esta foto, tirada num circo em Maceió, nos idos de 1994 ou 95... O Macari é naturalmente o autor da(s) foto(s).



A cara vermelha não nega, mas não consigo nem calcular quanto eu já tinha bebido naquele momento. Na viagem, basicamente eu bebia e circulava de praia em praia, na bela Maceió. Mesmo assim, lembro como se fosse hoje. O circo pegou fogo. Falcão entrou com seus trajes cuidadosamente escolhidos, o girassol na lapela e uma banda que parecia mesmo uma charanga. O mestre cearense empunhava as mãos em chifres, como um metaleiro, e bradando ao povo com sua voz potente e calma: "ô seus cornudo, é tudo corno", arrancando gargalhadas de outros bêbados.

É, mais engraçado que tudo isso, só mesmo o frangaço do Rogério Ceni, que interrompeu nossas investigações com mais um gesto histórico... e depois o cara de pau (sem trocadalho) pede pra sair... é ridículo. Sentiu uma "velha lesão", dá pra imaginar onde... Hahahahah

De Soninha a Leivinha, bate-papo no teatro

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O colega jornalista Mauro Mello me envia o seguinte convite:

Nos próximos dias 5 e 12 de fevereiro, sempre às 21h, jornalistas esportivos, jogadores e um dirigente de clube de futebol vão participar de bate-papos no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), em São Paulo. Os encontros vão acontecer após a apresentação de Chapetuba F.C., peça que narra a trajetória de um pequeno time de futebol do interior prejudicado por empresários e jogadores corruptos. Tendo o futebol como pano de fundo, Chapetuba F.C discute as relações sociais e humanas que, de uma forma ou de outra, continuam se fazendo presentes na nossa realidade.

Participarão do evento André Santos, do Corinthians, os ex-jogadores Dudu e Leivinha, o ex-técnico Rubens Minelli, o diretor de Planejamento e presidente eleito do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, e os jornalistas Celso Cardoso, Oscar Ulisses, Roberto Avallone (ponto de exclamação!) e Soninha (hoje subprefeita da Lapa). A nova montagem de "Chapetuba F.C.", de Oduvaldo Vianna Filho, reinaugurou em novembro o Teatro de Arena, reformado pela Funarte como parte do Projeto Arena 2008. Está em cartaz até 13 de fevereiro no Teatro de Arena (rua Teodoro Baima, 94, Centro), às quintas, sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia). Bora lá?

PROGRAMAÇÃO DOS BATE-PAPOS

5 de fevereiro
Boleiros: André Santos, Dudu e Rubens Minelli
Jornalistas: Celso Cardoso e Oscar Ulisses

12 de fevereiro
Boleiro: Leivinha
Jornalistas: Roberto Avallone e Soninha
Dirigente: Luiz Gonzaga Belluzzo

Que venham Colo Colo, Sport e LDU

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A vitória por 2 a 0 sobre o fraquíssimo Real Potosí, a 4 mil metros, garantiu a vaga do Palmeiras na Libertadores da América. Em seu grupo tem a campeã LDU, o chileno Colo Colo e o algoz Sport, de quem não ganha desde 2001.

O mais importante foi que, depois de golear por 5 a 1 no jogo em casa, o Verdão fez mais 2 a 0 contando com oportunismo de Cleiton Xavier e Keirrison. O time só não sofreu tanto com os efeitos de jogar no teto do mundo, pelas limitações do adversário. Que ainda mandou bola na trave.

Em Quito, no Equador, tem mais altitude, uns 2.800 metros, já no dia 17 de fevereiro.

O treinador Vanderlei Luxemburgo não tem bons resultados no continental para exibir, nem o time é experiente nesse tipo de competição. Nesse sentido, o retrospecto não necessariamente é tão bom, mas o início de temporada anima. Como vale apenas o que acontece durante os jogos, fica a torcida para que o ritmo se mantenha.

No fim de semana, contra o Santos pelo Paulista, o Palmeiras tem uma partida bem mais difícil do que as disputadas até agora. É um clássico.

No butiquim da Política - Um olho na sardinha...

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CLÓVIS MESSIAS*

Como era de se esperar, o ano legislativo começou com a fisionomia de 2010, ano de eleição para a Presidência da República. Assim foram as aberturas nas Assembléias Legislativas, onde os trabalhos foram orientados para a montagem de palanques para o pleito maior. Um olho na sardinha e outro no gato. Foi assim a instalação da 3ª sessão legislativa por aqui.

O chefe da Casa Civil do Estado, Alyisio Nunes Ferreira, trouxe o plano de governo ao Palácio 9 de Julho. O presidente da Casa, deputado Vaz de Lima (PSDB), recebeu a peça e, momentos depois, suspendeu a sessão e se retirou. Uma hora depois, embarcou para o Chile em companhia do vice-governador, Alberto Goldman. O governador José Serra também viajou ao exterior.

Tudo seguiu o manual pré-estabelecido e o desembargador Roberto Antonio Vallim Bellocchi (foto) assumiu o governo do Estado. A rapaziada do buteco ficou de olho nesta mexida dos legislativos estaduais, mas de ouvidos em Brasília, onde o quadro se compeltou. O PMDB, dono de tudo. Assim quis o presidente Lula.

A meta do plano de governo do Estado de São Paulo não foi analisada. As preocupações rotineiras com o social foram desprezadas, azar nosso. Lula está acima do bem e do mal. No momento, ele pavimenta uma rodovia para a sua sucessão - ou não. Espera-se no planalto que a ministra Dilma Rousseff venha a toda velocidade. Se houver acidentee de percurso, essa mesma estrada pode ser usada para uma reforma política.

Mas, se a carga estiver pesqada, o preço do "pedágio federal" poderá subir. Sem pestanejar, os tucanos agradecem e pagam. No meio da igualdade fisionômica partidária (tá tudo parecendo irmão gêmeo), o PT necessita de um carro-chefe, em São Paulo, para puxar votos de legenda. É a conclusão dos butequeiros. Aí entra a conclusão de um plastificado frequentador: "-Prestem atenção: todos estão incensando o administrador, ex-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia".

Alguém rebate: "-Marta Suplicy e Aloizio Mercadante estão em situação difícil no partido". Enquanto isso, Chinaglia tem feito reuniões com vários prefeitos de siglas diversas. Em Brasília, ele e o PT cumpriram o acordo, mas desejam de Lula uma contrapartida. Se em 30 dias não prosperarem os compromissos, haverá uma obstruação na pauta do legislativo federal.

Fica então a pergunta: "-Será que o Ministério de Assuntos Institucionais ou o da Saúde que caberá a Chinaglia?". Estes ingredientes todos, num copo, são tão interessantes quanto a loira gelada. Mas olhe bem a sardinha, que alguém vai olhar o gato...

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino, dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa e colabora com esta coluna para o Futepoca.

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

E o técnico adversário era Nelsinho Baptista...

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Outro dia abri um livro dos tempos de adolescência e, como marcador de página, estava o canhoto do ingresso da primeira partida que assisti no Morumbi. Hoje faz exatamente 22 anos que isso aconteceu: em 4 de fevereiro de 1987, meu pai me levou ao estádio para assistir a vitória do São Paulo por 3 a 0 sobre a Internacional de Limeira, na segunda partida decisiva das oitavas-de-final do Campeonato Brasileiro de 1986. Vencemos com um gol do Careca e dois do Silas (foto). Que timaço! O técnico do Tricolor era Pepe, que havia levado a mesma Internacional de Limeira, no ano anterior, a ser o primeiro clube do interior a conquistar o Campeonato Paulista, numa decisão contra o Palmeiras. E Pepe venceria o Brasileirão com o São Paulo, derrotando o Guarani na emocionante final. Nesse jogo que presenciei no Morumbi, vejam só, o técnico da Inter de Limeira era ninguém menos que Nelsinho Baptista...

Mas aquela quarta-feira ficará marcada não só pela partida do São Paulo. Eu tinha 13 anos e não conhecia a capital, de onde havia saído aos três anos e posto os pés, pela última vez, aos sete. Meu pai estava reunindo a documentação para a aposentadoria e, nos tempos pré-internet, isso tinha que ser feito diretamente nas empresas (pois a carteira de trabalho dele havia sido roubada). Pra mim, capiau de Taquaritinga, tudo era novidade: foi a primeira vez que vi uma Pepsi na vida e também uma loja do McDonald's, onde meu pai teve a sabedoria de não me levar. Conheci o centrão de São Paulo, os camelôs, o trânsito infernal. Comprei dois discos dos Beatles que não fazia a menor ideia de que existiam. Quando bateu o cansaço, meu pai me levou ao metrô para dormir em várias viagens de uma estação final à outra da linha azul. No final da tarde, pegamos um ônibus que levou mais de uma hora até chegar ao estádio. Aquele jogo atraiu um público pagante de 34 mil pessoas. Infelizmente, só pudemos assitir o primeiro tempo (e o primeiro gol, acho), pois tínhamos que pegar o último ônibus no Terminal Tietê. Mas não me esqueço daquela aventura - e está aqui o post para comprovar.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Antillanca: "sabor de verduras estragadas"

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Estou numa fase de provar cervejas latinas e, nessa pesquisa, trombei com uma tal de Antillanca, cerveja chilena dita "artesanal". Me pareceu atrativa, visto que a lata, vermelha, é parecida com a da boliviana Paceña - que pretendo comentar em breve, aqui no Futepoca, como a melhor Pilsen que já provei em toda a minha vida. Mas continuei fuçando mais um pouco sobre a Antillanca e encontrei posts em dois blogues chilenos que me fizeram rir muito. E depois, consequentemente, abandonar de vez a ideia de provar essa cerveja.

No blogue "Sin destino no hay futuro", Augusto Astudillo conta que sua desventura começou ao escolher a cerveja "mais barata" (sempre indício de mau negócio...). "(Era) uma chamada Antillanca e dizia em sua introdução: cerveja artesanal elaborada pelos grãos mais finos, blá-blá-blá. (...) Comprei com gosto e me perguntava por que tão barata - 850 pesos chilenos (hoje, pouco mais de R$ 3,00) o vasilhame de 1,5 litro...", relatou Astudillo.

"Enfim, abri sua tampa rosca, peguei um copão e o enchi. Me preparei para sentir esse manjar. E...diabos e raios!!! Muito vagabunda! O primeiro gole que bebi tive que tragar a duras penas. Foi uma brincadeira? Como é possível que exista uma cervejinha tão asquerosamente ruim?", reclamou o desafortunado degustador. Porém, resignou-se a acabar com a garrafa e, no dia seguinte, segundo ele, acordou com "uma dor de cabeça insuportável...de mil e um duendes fornicando meu cerébro".

Mas o chileno não desistiu tão fácil. Pensando que o problema fosse o invólucro de plástico, decidiu provar uma lata. Ele diz que, quando pediu novamente a marca, o dono da bodega pensou que ele tinha gostado e tentou empurrar uma caixa. "Eu lhe disse que não, que era um experimento etílico", safou-se. Daí, comprou a solitária latinha e bebeu: "As papilas gustativas me disseram: '-Puta imbecil, outra vez provando essa m., quando aprenderá alguma coisa esse inadaptado f.d.p?!??'. E tinham razão, o sabor era o mesmo!", lamentou Astudillo.

Eu já olhava com medo para a tal Antillanca, mas, como o chileno também esculhambava a Brahma, resolvi tirar a prova dos nove. E, dessa vez, com um blogue gabaritado no assunto, o Buena Cerveza, escrito por um tal "Catador". "Cerveja indecifrável, sobretudo porque se diz artesanal", começa, desanimadora, a avaliação do blogue. Mas o melhor estava por vir: "Tem um aroma estranho, como de verduras estragadas, rançosas. (...) É muito leve, pouco encorpada e quase não tem amargor. Muito doce, mas duvido que venha de malte, pois quase não se sente, e termina finalmente nesse sabor de verduras estragadas".

Sabor e aroma de "verduras estragadas"? Ana Maria Braga nos defenda! E "Catador" prossegue: "O único que poderia salvar desta cerveja é a espuma, que engana muito no princípio. De bom tamanho, mas um pouco aquosa. O problema é que o gás se vai muito rápido e é preciso ter cuidado, porque, se já é de baixa qualidade, vai baixar muito mais - como tive a pouca sorte de comprovar. (...) Antillanca: pouco recomendável. (...) Ácida, intomável". É preciso dizer mais alguma coisa? Vou ficar com a minha Paceña...

Futebol paranaense: para o Zênite ou Nadir?

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Rodrigo Ponce Santos*

Depois de três rodadas dá pra sacar que teremos uma boa disputa no Paranaense 2009. No meio da semana, durante a transmissão de Iguaçu (de União da Vitória) e Coritiba, Raul Plasmann destacou a qualidade que vem apresentando algumas equipes do interior. Sem dúvida a vontade de aparecer marca a participação de clubes com calendários que se resumem à disputa estadual. Além de garra e da correria, aqui e ali aparecem também um bom planejamento tático e alguns destaques individuais. Mas esta não é uma grande novidade. Nós é que esquecemos muito rápido das coisas ou temos esta mania muito paranaense de desvalorizar o que aparece por aqui.

Naquele jogo, o Iguaçu deu uma canseira no Coxa e se a zaga tivesse dado um chutão ou evitado o cruzamento do Marlos aos 48 do segundo tempo, o clube da capital não estaria hoje nem entre os dez na tabela. Aliás, na rodada seguinte o Iguaçu (que fez apenas dois jogos) conseguiu seu primeiro pontinho contra o J. Malucelli e impediu que o time alcançasse o Atlético na liderança. Com o empate no clássico deste domingo (Coxa 0 x 0 Atlético), o rubro-negro garantiu o primeiro lugar com dois pontos de vantagem sobre o rival. Mas entre eles estão Foz do Iguaçu, J.Malucelli e Toledo. Logo atrás vem o Nacional, Cianorte (também com dois jogos), Engenheiro Beltrão e só depois o Paraná Clube.

A próxima partida do Atlético é contra o J. Malucelli. E não adianta querer mudar de nome, porque vai ser sempre o Malita, o Jotinha, irmão mais novo, chato pra caralho. Mas agora, pra piorar, aquele irmão rebelde que não quer ser ele mesmo, foge de casa e muda de identidade. Ora, eu sempre achei legal você ter o direito de mudar de nome quando alcança a maioridade. Afinal, ninguém merece a má sorte de ser batizado com um nome escroto. O nome de J. Malucelli é sem dúvida um dos maiores erros de batismo da história do futebol mundial. Seria absolutamente compreensível se este fosse o único motivo da mudança. Afinal, como é que você pode conquistar torcedores para um clube que carrega o sobrenome de uma família? Até ditadores como Franco e Berlusconi foram espertos o bastante pra comandarem clubes de futebol sem emprestarem suas alcunhas.

O Malita já tinha uma tarefa difícil: ser o quarto maior clube de uma cidade. É só olhar para a Portuguesa em São Paulo ou o Vasco no Rio (gostou, Yuri? hehe). Que força de vontade, que disposição, que empenho para manter um clube e uma torcida nestas condições. Mas os dois exemplos ainda carregam toda a tradição da colônia portuguesa. E o Malita? Bom... Agora ele quer carregar a história de um dos maiores clubes do país. Assim, de lambuja. De uma hora para outra, deixar de ser um time quase sem apoio para se transformar em uma paixão. O Corinthians Paranaense. Mas não é bem assim... Aqui em Curitiba, pelo menos, o que estão conseguindo é perder a simpatia dos rivais.

Li em algum lugar o presidente Malita chorando porque o time não tinha torcida. Mas se eles tem a estrutura, porque não investir em uma parceria e montar um time realmente forte no interior? Lá, infelizmente, a maior parte de quem gosta de futebol prefere acompanhar apenas os times de São Paulo e Rio de Janeiro. Isto ficou evidente na pesquisa que aponta o Corinthians como clube de maior torcida no estado. Assim... de boa... é uma vergonha. Entre as dez maiores torcidas, apenas três são do Paraná. Sei que a informação é antiga, mas olhe a lista:

1 – Corinthians, 12,5%
2 – Atlético-PR, 9,6%
3 – Palmeiras, 7,6%
4 – Coritiba, 7,5%
5 – São Paulo, 6,5%
6 – Flamengo, 6,2%
7 – Santos, 4,3%
8 – Paraná, 3,2%
9 – Grêmio, 2,6%
10 – Internacional, 1,4%

Considerando que os números que apontam os três clubes de Curitiba são, em sua grande maioria, de curitibanos, fica evidente que pelo menos no futebol o interior do Paraná não é paranaense. E onde é que estão os clubes do interior? Não é brincadeira não! Em Londrina, segunda maior cidade do Estado com mais de 500 mil habitantes, o clube da cidade fica atrás de cinco clubes paulistas e cariocas na preferência dos torcedores. O diretor de marketing do Corinthians, Luís Paulo Rosemberg, que classificou o negócio como uma “grande tacada mercadológica”, expôs com todas as letras o provincianismo do nosso Estado: “O norte paranaense é paulista”.

Não pensem que estou defendendo algum tipo de bairrismo ou segregação. De jeito nenhum. Direita pra mim é apenas uma posição dentro do campo, não na esfera política. Mas a subserviência é uma posição política. E quem invoca a posição de “democrático, liberal e livre de preconceitos” para defender um negócio cujo único objetivo é o lucro, está de fato defendendo apenas um “direito comercial”. Mas ok, pra terminar, vou dar o braço a torcer. O J. Malucelli nunca foi nada diferente disto, quer dizer, como Linhares Junior – defendeu hoje em sua coluna, um “clube” que nasceu pra ser uma empresa, revelar jogadores e dar lucro para seus empresários. Eu ainda acho que embora o futebol possa ser comprado e vendido, não se pode dizer o mesmo da relação de uma torcida com seu clube ou sua cidade.

*Rodrigo Ponce Santos é torcedor do Atlético-PR, escreve sobre o futebol do Paraná para o Futepoca e é autor do blogue Pretexto.

Banda Calypso é indicada ao Nobel da Paz

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Os paraenses Joelma e Chimbinha, da Banda Calypso, concorrem ao Prêmio Nobel da Paz. A indicação foi oficializada na segunda-feira, em Belém (PA), pela organização não-governamental Comitê da Paz, presidica pelo bispo João Pedro Nascimento.

A justificativa da indicação é o “relevante trabalho humanitário em prol dos carentes da região Norte”. A organização se inspira nos Boinas Azuis, que ganharam o Nobel da Paz de 1988, pela atuação no canal de Suez.

Para o dia 15 de fevereiro, está prevista a realização do “Show e Copa da Paz”, um jogo de futebol e uma apresentação beneficente da banda Calypso, no Mangueirão. As informações constam no Diário do Pará e foram confirmadas pela assessoria de imprensa da banda, por telefone. Segundo os assessores, apesar de não haver declaração oficial do casal, "eles devem ter ficado muito felizes" com a notícia.



A parte mais estranha da história é que a Banda não se manifestou no site oficial nem consta o referido show na agenda do grupo. No telefone indicado como da assessoria de imprensa da banda, localizada no Recife (PE), ninguém atendeu para confirmar se o casal está sabendo da honraria.

Trabalho social
Minha primeira busca no Google foi por "Banda Calypso" e "carente", o que resulta em páginas que falam sobre a música Tô carente. Mas com um breve esforço, descobri que Joelma já doou roupas usadas em show para leilão beneficente e que o casal bancou a reconstrução do bairro San Martin, em Recife. O local foi atingido pela queda de um avião da banda, em 23 de novembro do ano passado. Além dos recursos, eles exigiram que fosse aproveitada a mão-de-obra de operários da própria comunidade. A banda fez ainda show em Porto Alegre, em dezembro, com a receita dedicada aos desabrigados de Santa Catarina. O curioso é que o motivo da indicação ao Nobel falava do povo da região Norte...

Indicação ao Nobel
Segundo a página oficial do Nobel, governos e parlamentos, reitores e professores de universidades, membros e ex-membros do Comitê Nobel Norueguês (quem define os vencedores) e pessoas ou organizações premiadas com o Nobel podem fazer indicações. O Comitê da Paz se assume como organização ganhadora do Nobel de 1988, por ter sido criada a partir do prêmio.

No entanto, apontar alguém como candidato ao Nobel não é algo divulgado pelo comitê norueguês antes de se passarem 50 anos. Um banco de dados permite consultas aos indicados até 1955. Caso não faturem a premiação, saberemos em cinco décadas se a indicação foi aceita.

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Atualizado em 05/02/2009, às 15h

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Som na caixa, manguaça! - Volume 33

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QUEM HÁ DE DIZER
(Lupicinio Rodrigues/ Alcides Gonçalves)

Nelson Gonçalves

Quem há de dizer
Que quem vocês estão vendo
Naquela mesa bebendo
É o meu querido amor

Reparem bem que toda vez que ela fala
Ilumina mais a sala do que a luz do refletor
O cabaré se inflama quando ela dança
E com a mesma esperança tudo ficou no olhar
E eu, tonto aqui no meu abandono
Espero morto de sono
O cabaré terminar

"-Rapaz, leva essa mulher contigo!"
Disse-me um dia um amigo
Quando nos viu conversar
"-Vocês se amam, o amor deve ser sagrado
o resto deixa de lado, vai construir o teu lar"

Palavra, quase aceitei o conselho
O mundo, esse grande espelho
Foi o que me fez pensar assim:
Ela nasceu com o destino da lua
Pra todos que andam na rua
Não vai viver só pra mim

(Do LP "Nelson de todos os tempos", RCA Victor, 1975)

Momento do mé - Resgatinho

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O produtor Afrânio Rezende e a Resgatinho envelhecida desde 1993

Em recente expedição à divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro, no chamado "Vale Histórico", visitei com o amigo Marcelo a fazenda onde é produzida a cachaça Resgatinho. Lá, aprendi e descobri muito mais coisas do que sonha nossa vã sabedoria etílica. Uma delas, surpreendente, foi a participação, mesmo que indireta, do bom uísque e da boa cerveja no processo de maturação da cachaça. Outra foi a separação, durante a destilação da pinga, daquilo que é chamado de "coração" (desprezando-se a "cabeça" e a "cauda"). Mas vamos à história, que a sede aperta.

Desistindo do leite
Assim que chegamos ao rancho, na rodovia que liga Bananal (SP) a Barra Mansa (RJ), fomos atendidos pelo senhor Afrânio Teixeira Rezende, que começou a produzir a pinga Resgatinho em 1982 (e hoje continua o trabalho com seu filho). "Antes eu só produzia leite, mas não dava dinheiro. Daí resolvi aproveitar o conhecimento de familiares, que produziam pinga de forma artesanal para consumo próprio. Comprei um manual de instruções e adquiri os equipamentos", contou. Para nosso deleite, o sr. Afrânio puxou um litro da Resgatinho envelhecida 15 anos, que é vendida em vasilhames de 500 ml, por R$ 40, e de 1 litro, por R$ 80.

A cachaça é escura e forte, mas de gosto extremamente macio. Deixa um leve sabor de madeira, de carvalho, mas a impressão é de que tem algo a mais ali - um acento original dessa pinga. O mistério foi se desfazendo quando fomos até o depósito da cachaça: lá estão dois barris de 10 mil litros e 2,5 metros de altura (na horizontal), de 119 anos, mais dezenas de barris menores, de 180 litros, que ultrapassam três décadas de idade. Só a história desses barris já valeria o post, ou, numa investigação mais profunda, um livro fascinante.

Nove décadas de cerveja
Os tonéis gigantes foram produzidos em Portugal em 1890, sob encomenda da cervejaria carioca Brahma. Na época, não existiam as opções atuais de armazenar cerveja em recipientes de aço inox, aço carbono, fibra ou plástico. A solução da Brahma foi encomendar 360 desses barris, o suficiente para estocar 3,6 milhões de litros de cerveja (!). Eles foram transportados de navio e acondicionados na fábrica que existia na Marquês de Sapucaí, onde permaneceram em utilização até 1983, quando o Estado do Rio de Janeiro desapropriou o local para a construção do Sambódromo.

"Um empresário de Barra Mansa arrematou todos os 360 barris e, em 1987, consegui adquirir dois deles. Paguei em pinga, 5 mil litros, o que hoje calculo que daria uns R$ 25 mil", relembrou o sr. Afrânio. Ao ouvir isso, me aproximei dos barris como se fossem o Santo Graal, objetos sagrados e dignos de veneração. É indescritível sentir o aroma adocicado e tocar a madeira e as gigantescas argolas dos recipientes (foto acima) que, por 93 anos, estocaram milhões - quiçá bilhões - de litros de Brahma. Uma cerveja que, com a maturação no carvalho, devia ser muito superior à atual. "Hoje, esses barris não têm preço", observou o sr. Afrânio. Concordei, com uma ponta de inveja.

Barris de uísque escocês
Perguntei ao sr. Afrânio se as nove décadas de cerveja impregnando o interior dos barris não poderiam ter conferido à madeira um sabor que interferisse, mesmo que suavente, no gosto da cachaça Resgatinho. "Quando comprei, quase já não havia cheiro de cerveja no interior", ponderou o produtor. "Mas a madeira pode ter chupado muita cerveja em todos aqueles anos, e talvez a cachaça, em descanso, reaja com isso", admitiu. Depois, nos mostrou os barris de 180 litros, uma outra surpresa (na foto à direita, parte deles sendo observada pelo camarada Marcelo - ou DeMarcos...).

"Antigamente, havia em Vassouras, município do Rio, uma importadora de uísque escocês. A bebida vinha daquele país em barris de carvalho, para ser envasada aqui", revelou o sr. Afrânio. "Só que, não sei o motivo, esses barris só podiam ser utilizados por dez anos. Eu comprei quase 150 deles. Hoje, nem são mais produzidos". Ou seja: parte da cachaça Resgatinho também descansa em barris que passaram pelo menos uma década curtindo uísque escocês. Há, também, uma parte da produção estocada em um tonel da madeira chamada amendoim, que não altera a coloração e o sabor da bebida.

Fermentação e destilação
Na sequência, fomos levados ao galpão onde ocorrem os processos de fermentação e destilação da cachaça - tudo de forma artesanal. Em meia dúzia de tonéis, o mosto da bebida fermenta horas seguidas (foto à esquerda). O barulho é parecido com o de sal de frutas em contato com a água e várias erupções acontecem a cada minuto no líquido. A mistura esquenta bastante com a fermentação das leveduras, do bagaço de cana e de outros "aditivos", como farelo de milho e casca de arroz. Dali, o líquido vai para um alambique de bronze aquecido por caldeira, onde é destilado.

"Colocamos o termômetro e observamos a primeira quantidade que sai destilada, a chamada 'cabeça'. Ela é desprezada. Em seguida, começa a sair o 'coração', que é a cachaça a ser aproveitada. Por último, sai a 'cauda', que, assim como a 'cabeça', deve ser jogada fora. Essas duas partes contém metais pesados e outras substâncias impróprias para o consumo", explicou o sr. Afrânio. Na região do município de Bananal, onde está a fazenda Resgatinho, há quem aproveite esses líquidos perigosos para produzir cachaças extremamente fortes e letais, chamadas, muitas vezes, de "cabeçudas".

Garrafas da cachaça aromatizada e dos vários licores

Finda a "aula", voltamos ao rancho para mais um gole da Resgatinho. Lá, avistamos (mas não provamos) outros produtos, como a Resgatinho aromatizada com cravo, canela e catuaba ou os licores de diversas frutas, como tangerina e jaboticaba. Assinamos o livro de visitas, que reúne milhares de registros de pessoas de todos os cantos do país, e nos depedimos do Sr. Afrânio. Com a certeza de que, quando a garrafa que compramos acabar, voltaremos lá. Nem que seja só para visitar, de novo, os centenários, nobres e históricos barris produzidos em Portugal para a Brahma. Saúde!

O alambique e, à esquerda, no chão, o vidro que recebe o "coração"

Serviço
Fazenda Resgatinho - Rodovia SP 64, Km 323
Estância Histórica e Ecológica de Bananal (SP)
(24) 3322-6870 / resgatinhofaz@ig.com.br


(Com agradecimentos especiais ao Marcelo, Adriana e família, pelo transporte, hospedagem, amizade e hospitalidade, e ao casal Celso e Kátia, pela máquina fotográfica e envio das imagens)

Pronto, perdeu

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Depois de cinco meses e meio, 22 jogos, 14 vitórias e 8 empates, o São Paulo voltou a ser derrotado ontem, por 2 a 0, pelo Santo André. Nada de muito anormal, visto que o time disputa o Campeonato Paulista em ritmo de treino, mas é sempre vexame perder em casa, diante de sua torcida (e sem marcar um gol sequer). Não vi nem ouvi o jogo, mas o noticiário de hoje diz que o time levou um gol logo no início, de Osny, numa bobeada da defesa após cobrança de escanteio. Como era de se esperar, o Ramalhão recuou, mas desnecessariamente, pois o São Paulo não conseguiu levar perigo algum ao goleiro Neneca - pelo jeito, a reedição da dupla Dagoberto-Washington deu com os burros n'água. Ainda no primeiro tempo, o eterno Marcelinho Carioca perdeu um gol feito na cara de Rogério Ceni. Mas a pá de cal veio no início da segunda etapa, quando Júnior Dutra passou por quatro defensores sãopaulinos e marcou um golaço, no ângulo. Miranda foi expulso e o Santo André só administrou. Com isso, a impressão de que Palmeiras e Corinthians vão se cruzar na reta final está cada vez mais patente...

domingo, fevereiro 01, 2009

Futepoca no FSM: O "esquenta" paraense

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Em Belém, durante o início do ano, época conhecida como "inverno paraense" e com muitas, mas muitas chuvas durante o dia, volta e meia você é surpreendido por um toró que chega do nada. Durante a marcha de abertura do FSM não foi diferente e a cena retratada abaixo mostra como o pessoal se refugiou na hora em que a água apertou.

Não tendo muita opção, eu e a repórter Brunna Rosa tivemos que nos refugiar em uma barraquinha que vendia salgadinhos (apesar de não ter nenhum), além de refrigerantes e, claro, cerveja. Quente. Foi quando três manguaças já com o tanque cheio chegaram e começaram a papear. O nível etílico dos ditos cujos, em plenas 16 horas, não permitia nada muito complexo, mas um saquinho que eles portavam chamou nossa atenção. Dentro dele, um líquido amarronzado e dois canudos.

Perguntamos o que era. "É o esquenta", responderam.Segundo eles, a mistura é comum nessa época em que, para eles, é inverno (temperaturas acima de 30 graus). O blend não tem nenhum segredo, e simples, mas a forma de beber - em um saquinho - e pra lá de curiosa.
O álcool da mistura fica por conta da bebida acima, pouco recomendada e referendada por poucos.

A mistura sendo feita. O refrigerante utilizado é aquele conhecido entre muitos participantes do FSM como o "suco negro do capitalismo".

E aí está o resultado da infame mistura. Veja só a expressão sorridente e feliz do manguaça com o resultado do seu crime contra o bom gosto.

Obs 1 - os cidadãos que fizeram a mistura e beberam a dita cuja tiveram seus nomes e rostos preservados em função da discriminação sofrida pelos cachaceiros nesse país. Esperamos que isso mude no outro mundo possível.

Obs 2 - as fotos são de Brunna Rosa, com exceção da primeira.

sábado, janeiro 31, 2009

Para Lula, blogues democratizam a imprensa

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Enquanto o governo do estado de São Paulo exclui blogueiros e lança olhares sedutores aos grandes grupos em projeto de inclusão digital, o presidente Lula — pirata de quem o governador José Serra é papagaio — demonstra outra consideração pelos blogues. Em entrevista ao jornalista Mario Sergio Conti para a revista piauí, edição de janeiro, Lula exalta o papel da internet na produção de uma "informação mais plural".

"Não tem mais apenas a informação de tal revista ou de tal jornal", afirma o presidente. "Quando o cidadão pega um jornal de manhã, ele já viu aquela notícia na televisão, na noite anterior, já ouviu no rádio, já leu em vários blogs. Há 300 blogs com comentários diferentes, blogs de gente importante. Está tudo na internet. (...) Então isso democratiza a imprensa, aumenta a capacidade do cidadão em interpretar o que lê".

Amante do futebol e da cachaça e político que é, fiquei curioso em saber se o Lula lê o Futepoca. Mas não, ele diz que não lê nem blogues nem sites. Como qualquer governante, tem uma grande equipe lendo por ele, fazendo relatórios e selecionando. Mas a razão por que evita ler é outra: "tem problema de azia"... Compreensível.

(A ilustração é de Renato Stegun)

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Futepoca no FSM: em bar remista, reajustes na cerveja

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O grande fluxo de pessoas que vieram a Belém-PA gerou reajustes no preço dos insumos etílicos mais comuns no local, quer dizer, Cerpa. Na imagem abaixo, um bar remista não resistiu à oportunidade não de alcançar o outro mundo possível, mas pelo menos de melhorar um pouquinho a baixa temporada - é que estamos no período de chuvas.

Foto: Brunna Rosa

O balcão do estabelecimento com destaque para
o time de predileção do proprietário e a tabela
de preço reajustado.

Mesmo assim, R$ 3 por uma Cerpa 600 ml é preço de cervejas menos credenciadas. Um fato importante é a diferenciação do fermentado servido em garrafas grandes da Cerpinha, a long neck que chega a outras partes do país com a palavra "Export" destacada no rótulo. Essa, a premium, sai a R$ 2,50.

Foto: Brunna Rosa

Só três? Não, é que depois ninguém garantiria a
qualidade do enquadramento.


Como a esta altura já ficou claro que não vem mais nada sobre o Fórum Social Mundial, então cabe aqui ir até o fim nesta incursão gastronômica no centro de Belém. É uma bela foto do que sobrou de um prato no referido boteco. A pedida foi um cozidão.


Foto: Brunna Rosa

A sobra de macarrão é a prova de que os clientes não
são de Belém.

O Santos não merecia os 100%

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Por volta dos 47 minutos do segundo tempo, eu já tinha definido o título que daria ao meu post no Futepoca a respeito do jogo do Santos de ontem: "100%, mas sem brilho". Eis que uma falha dupla, iniciada por Roberto Brum e completada por Fábio Costa - e, claro, com méritos pro adversário Wesley - fez com que o jogo terminasse empatado e os 100% do Santos no Paulistão fossem pro espaço.

O resultado acabou por coroar o que foi a partida. O Santos esteve longe de apresentar um bom futebol, tanto no primeiro quanto no segundo tempo. O Mirassol também não fez nada de útil - mas, convenhamos, essa obrigação cabia para o time da Vila, que jogava em casa e é o time grande da parada.

Lúcio Flávio fez sua quarta partida pelo Santos. E seu quarto jogo ruim. Tem lembrado os piores momentos de Rodrigo Tabata pelo Peixe, com um futebol sonolento, pouco criativo e, acima de tudo, improdutivo. Roni vai confirmando cada vez mais que o equatoriano Bolaños precisa antecipar sua estréia e Triguinho também colabora para que Léo assuma a lateral-esquerda do time com ares messiânicos.

E olha que a zaga, formada pelos rejeitados Adaílton e Fabão - ambos chegaram a anunciar a saída do Santos, mas ficaram, e foram titulares ontem - não comprometeu. O ponto de falha do Santos esteve no meio-campo pouco criativo e nos laterais que não souberam ser opções ofensivas.

Enfim, que venha o Ituano, e que o Santos acorde. O resultado de ontem foi pior em "termos morais" do que se pensarmos no prejuízo na competição. Mas ligou o sinal amarelo.

Tipos de cerveja 27 - As Bock

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A origem da cerveja Bock é um mistério. Uma das justificativas para seu surgimento remete às práticas ancestrais dos mosteiros medievais germânicos, locais onde se produzia uma cerveja forte e nutritiva que ajudava os monges a suportar os períodos de jejum, quando era proibido ingerir comida sólida. Quanto ao nome, alguns teóricos acreditam que a palavra Bock é apenas a abreviatura de Einbeck - nome de uma pequena cidade da Saxônia, onde existe uma cervejaria homônima de 600 anos. Daí teria teria derivado para Beck e, mais tarde, Bock. Outros preferem optar por uma explicação mais mitológica e antiga, referindo que certos povos, procurando o auxílio e a protecção dos deuses, produziam a sua cerveja apenas durante o signo de Capricórnio, um gênero de cabra (sempre desconfiei que meu signo tinha alguma coisa a ver com cerveja...). E cabra, em alemão, é justamente Bock. Quanto à cerveja na atualidade, é substancialmente mais forte do que uma Lager, mais robusta, com uma maior presença de malte e mais escura, podendo chegar a tonalidades castanhas. "O volume de álcool varia entre 5,5% e 7,5%, sendo que o grande destaque vai para a sua suavidade, transmitida não só pelo malte como também pelo fato de descansar alguns meses antes de ser consumida", comenta Bruno Aquino, do Cervejas do Mundo. Vale experimentar a Utrechts Bok, a Chouffe Bok 666 e a Brasal Bock.

Goleada jogando bem: 5 a 1 sobre o Real Potosí

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A vitória do Palmeiras na primeira partida da pré-Libertadores terminou com um placar elástico, uma boa atuação do time.

Tanto assim que tem palmeirense que já perdeu o receio de cair no grupo da LDU, Sport e Colo Colo.

O Palmeiras abriu dois a zero com Keirrison, tomou um e virou o primeiro tempo em 3 a 1 – o terceiro foi de Diego Souza. No segundo, Cleiton Xavier e Edmilson completaram a goleada. No começo houve mais trocas de passes do que na última etapa.

Os resultados expressivos dão gosto ao torcedor. As boas partidas dos jogadores de ataque também. Mas em sua segunda participão na Libertadores da América, o time boliviano é muito frágil, assim como se mostraram o Mogi Mirim e o Marília. O jogo de volta é na altitude, mas tem a Ponte Preta no final de semana. Que o time continue jogando assim.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

O hino mais célebre do Brasil é um plágio?

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Uma quase unanimidade entre os apaixonados por futebol do Brasil é o fato do América-RJ ter o hino mais bonito de todos os clubes do país. De fato, a melodia é muito bonita, a letra é inspirada, dá um ritmo vibrante.

Inclusive, o hino é um dos principais triunfos da história do América e é o motivo pelo clube ter seus resquícios de grandeza. Por exemplo, quando se fazem coletâneas dos principais hinos do Brasil, volta e meia não se incluem canções de times como Atlético-PR e Coritiba, pra ficar só nesses, mas o do América irremediavelmente está lá.

O fato do hino ser de autoria de Lamartine Babo, um mito do rádio e da cultura brasileira em geral, certamente colabora para que a canção seja ainda mais valorizada.

Porém, contudo, todavia, eu já tinha ouvido falar há alguns anos que o hino não tinha tanta "pureza" assim. Resumidamente, o que se dizia, informalmente, era que o hino nada mais era do que uma versão de uma canção norte-americana. Lamartine Babo efetivamente havia feito a letra, mas apenas teve o trabalho de colocá-la sobre uma melodia já existente.

Meu amigo Sérgio Oliveira, da FATV, fez um ótimo trabalho de pesquisa e descobriu a canção que deu origem ao hino. Trata-se de uma música chamada "Row Row Row", que fazia parte do musical Ziegfeld Folies, sucesso na Brodway no começo do século passado. Percebam a partir dos 33 segundos, não há o que discutir. Parabéns ao Sérgio.


E o hino do América:



Acompanhe com a letra:

HINO DO AMÉRICA-RJ
(Lamartine Babo)

Hei de torcer, torcer, torcer...
Hei de torcer até morrer, morrer, morrer...
Pois a torcida americana é toda assim
A começar por mim
A cor do pavilhão é a cor do nosso coração
Em nossos dias de emoção
Toda torcida cantará esta canção
Tra-la-la-la-la-la
Tra-la-la-la-la-la
Tra-la-la-la-la

Campeões de 13, 16 e 22
Tra-la-la
Temos muitas glórias
E surgirão outras depois
Tra-la-la
Campeões com a pelota nos pés
Fabricamos aos montes, aos dez
Nós ainda queremos muito mais
América unido vencerás!

Ronalbucho solteiro? Isso não vai dar certo...

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Flagrado em dezembro de 2007 tomando umas cervejas com o manguaça Adriano (à direita), Ronaldo "Wilza Carla" Nazário já começa a dar dor de cabeça para a diretoria do Corinthians. Segundo o jornal Extra, do Rio de Janeiro, o buchão terminou o noivado com Bia Antony - com quem se enroscou para limpar a barra de sua masculinidade no vexaminoso episódio dos travestis. Deixou para a mãe de sua filha Maria Sofia um apartamento na Barra da Tijuca, avaliado em R$ 1,5 milhão (dinheiro de pinga para o rolha de poço). Até aí, nada demais, cada um casa ou descasa quando quer - principalmente quando tem rios de dinheiro para resolver. O problema é que Ronalbucho solteiro, na tentadora noite de São Paulo, com toda essa bufunfa pra queimar, com certeza não é boa notícia para os que torcem pela sua recuperação...

Prova disso é que o balofo levou sua enorme pança (à direita) para uma balada na madrugada de sexta-feira, na região do Itaim Bibi. O esforço cobrou seu peso, digo, seu preço: na manhã seguinte, o atleta (sic) não treinou na Fazendinha. Teve que ir à clínica de Joaquim Grava, consultor médico do Corinthians, para fazer mais uma avaliação no combalido joelho esquerdo (se é que ainda existe joelho...). Com a pulga atrás da orelha, o técnico Mano Menezes tentou minimizar o assunto: "No futebol, isso é muito mais comum do que se pensa. Só não existem fotos. Tem a vida particular, mas, normalmente, com uma privacidade maior, pois nem todos têm tanta notoriedade quanto o Ronaldo. A foto não prova que ele bebeu ou se excedeu, só que foi a uma boate". Dizem as más línguas que a próxima baladinha do obeso será na rua Frei Caneca, a convite do sãopaulino Ricky...

Corinthians joga mal e ganha em casa

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O Corinthians deve sua vitória contra o Botafogo de Reibeirão Preto por 2 a 0, ontem, no Pacaembu, ao confuso Jonílson, que meteu as duas mãos na bola logo no início do jogo. O “bloqueio” do rapaz permitiu a Chicão abrir o placar logo aos três minutos.

Depois disso, o desempenho do alvinegro foi terrível. O meio de campo não conseguia levar a bola com qualidade ao ataque e não se trocavam três passes sem um erro. Lulinha voltou a ser aquela pecinha de porcelana no meio dos rinocerontes adversários. Não ficava com a bola dois segundos sem errar um passe ou perder numa trombada. Alessandro se esforçava – que é basicamente o que podemos esperar dele – e era a melhor opção de saída de bola da defesa, já que Elias não veio bem e André Santos, bem, ainda não estreou esse ano.

Na meia esquerda estava Wellington Saci, cujo quase total desaparecimento em campo, pontuado apenas por erros de passe, arrancou da equipe do PFC o trocadilhesco comentário: “Agora ele mostrou porque é chamado de Saci”. O pessoal, aliás, estava animado para trocadilhar. Além de Saci, outra vítima foi o meia Branquinho – destaque do Botafogo, ao lado do rápido atacante Thiago Silvy –, sobre quem foi dito que estava ficando “vermelho” de tanto reclamar com o árbitro.

O Corinthians seguiu incapaz de furar a boa marcação do Botafogo, que manteve a posse de bola mais tempo e conseguiu criar boas chances, especialmente pela esquerda, com Branquinho e Silvy. No segundo tempo, Elias acordou um pouco e o time pressionou po uns dez minutos, mas não foi o bastante. Imaginei que Mano Menezes tiraria Saci, mas me enganei. O dublê de meia só saiu machucado, para a entrada de outro dublê, o lateral direito Diogo. Lulinha veio (tentar) jogar na esquerda.

Lá pelos 30 minutos, Mano decidiu fechar mais o time. Sacou Lulinha para a entrada de Túlio e, pouco depois, Otacílio Neto para a entrada de Fabinho. Foi ele, voltando de contusão, que fez a jogada que terminou no belo chute de fora da área de Diogo, trazendo finalmente paz para os corintianos.

Cabe ressaltar que: Otacílio Neto continuou se movimentando muito e Souza continuou grosso e esforçado – brigou bastante pela bola e tentou fazer a função de pivô – , mas deve ter gente sentindo falta de Herrera. Os dois parecem não se entender muito bem no posicionamento na área. Ficam muito próximos e não dão opções para quem vem com a bola. Felipe fez pelo menos três defesas importantes e foi muito bem no geral, assim como Chicão.

No final, o time jogou mal, mas saiu com a vitória em casa. Para quem está decepcionado com o começo do Timão, cabe lembrar que o time está bem desfalcado. Os dois meias titulares (Douglas e Morais) estão fora e o segundo atacante atual é o terceiro reserva (considerando Dentinho e Jorge Henrique como as duas primeiras opções da posição). Isso sem considerar que Souza é o reserva de Ronaldo, até porque, se as previsões de que o recém-solteiro Gordo só jogará parte dos jogos se confirmar, será com Souza que o time vai ter que se virar.

Patrocínio – Enquanto isso, na parte financeira, nenhuma novidade. Nenhuma das trocentas empresas citadas como prováveis patrocinadoras (com negociações sempre “90% definidas”) fechou até agora e não se mais notícias desse tipo por aí. O Marcelo do Vertebrais acha que até amanhã tem que ter uma solução. Espero que uma boa.

Muricy vai re-editar ataque do Atlético-PR de 2004

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O São Paulo venceu o Guarani por 2 a 0, em Campinas, mas a dupla Washington e Borges não marcou. Por isso, na próxima partida, domingo, contra o Santo André, o técnico Muricy Ramalho vai testar a terceira dupla de ataque diferente neste ano. E a opção será exatamente a que o Atlético-PR usou em 2004 para liderar o Brasileirão até a penúltima rodada: Washington e Dagoberto. Curioso é que o time paranaense perdeu a liderança para o Santos - que seria o campeão - justamente quando Dagoberto se machucou, dando lugar a Dênis Marques. A contusão foi tão grave que ele só voltaria a jogar em julho de 2005. Sem Dagoberto, Washington viu sua equipe ser derrotada por 1 a 0 pelo Vasco. O Santos, que estava dois pontos atrás, venceu o São Caetano por 3 a 0 e assumiu a ponta (interessante é que Muricy Ramalho tinha treinado o Azulão até o fim do primeiro turno). Na última rodada, o mesmo Vasco perdeu por 2 a 1 para a equipe santista e o Atlético-PR, do técnico Levir Culpi, deu adeus a um título que, pouco antes, era quase uma certeza. Como consolo, Washington terminou a competição como artilheiro, com 34 gols - a maior soma na história da competição até hoje, superando os 31 marcados por Dimba em 2003, pelo Goiás. Será que o centroavante se entrosará com o ex-parceiro Dagoberto novamente?

No butiquim da Política - Serra batendo um bolão

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CLÓVIS MESSIAS*

Olá, pessoal do Futepoca. Após um merecido recesso, longe de todo bagulho eletrônico, volto a encostar o umbigo no balcão. A grande preocupação dos observadores políticos, na posse do tucano Geraldo Alckmin como secretário do Desenvolvimento do governo José Serra, era tentar montar o quebra-cabeça das futuras alianças. Havia apenas uma certeza: o governador e candidato à Presidência da República em 2010 mostrará, na festinha, força aglutinadora com o intuito de facilitar sua vida no PSDB.

Mas um distraído em sua mesa, aqui no buteco, pensou alto: "-Não será força demais?". Aí, o ponto de interrogação aumentou. Será que passaram do ponto, mais uma vez? Bem, se há "forçação de barra", não sei, mas a chapa projetada nos bastidores da convenção municipal tucana do ano passado indicava Aloysio Nunes Ferreira como provável candidato ao Palácio dos Bandeirantes e, hoje, o que parecia impossível está mais que confirmado. Ninguém acredita que o agora secretário Geraldo Alckmin poderá pleitear a disputa ao governo de São Paulo dentro do partido, na próxima eleição.

José Serra está tão á vontade nesta roupagem que, durante a visita do presidente Luís Inácio Lula da Silva, em São Paulo, na terça-feira, cumpriu agenda semelhante. Praticamente não desgrudou do Lula. Serra esteve no Hospital Sírio Libanês para visitar o vice-presidente da República José Alencar, que se recupera de cirurgia. Esteve na sinagoga de Higienópolis na cerimônia em memória do Dia Internacional do Holocausto. Finalmente, à noite, no Aeroporto de Congonhas, conversou aproximadamente 40 minutos com Lula.

Um manguaça observou: "-Serra e Lula sozinhos?". Pois é. Passaram muito tempo falando do Palmeiras e do Corinthians no Paulistão. Pelo exposto, Serra e Lula estão batendo um bolão. Da prorrogação (conversa ao pé do ouvido), a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, não participou. No dia seguinte, o governador recebeu, em almoço no Palácio dos Bandeirantes, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o da CBF, Ricardo Teixeira. Em pauta, a Copa do Mundo de 2014. Gentilmente, ele convidou o governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), para participar e reivindicar que Manaus seja uma das cidades sede do Mundial.

Isto faz com que os freqüentadores do butiquim afirmem que ele já está em campanha aberta e, aos distraídos, trabalhando como se já estivesse eleito presidente da República Federativa do Brasil. Tá batendo um bolão. Já o Aécio...

*Clóvis Messias é jornalista, são-paulino e dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo. Escreve regularmente essa coluna para o Futepoca.

Futebol e política no FSM

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Na foto acima, a união do futebol com a política em uma bandeira da marcha de abertura do Fórum Social Mundial. Entre deprimido e revoltado, um militante petista, torcedor do Remo, quando viu a cena e o distintivo do rival Paysandu, não se segurou: "Estragaram a bandeira do PT!".

Futepoca no FSM: free as in free beer

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Na atividade Free as in free beer, o coletivo A Epidemia queria discutir a Cultura Livre, de acesso gratuito, em que todos podem apreciar e produzir. Um dos pontos era a parceria com a Cooperifa na realização de saraus pela região periférica de São Paulo. Outro era o Teatro Mágico (de Osasco). Esperavam uma reunião de articulação, com menos gente do que a capacidade de 50 pessoas da sala, jamais as 80 que apareceram.

O tema era interessante e não dá para saber a motivação de cada um. Mas o fato é que na programação oficial o nome constava: "Free as in beer". Uma das organizadoras, em um dado momento, explicou a confusão e arrematou:

– Com o erro, não sei se alguém veio aqui esperando distribuição de cerveja grátis (risos).

Não tinha cerveja. E ninguém se levantou depois que ela disse isso. Só depois, quando começou o debate, é que, eu acho, que o fermentado de cevada fez mais falta. Mas não existem dados estatísticos a respeito.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Futepoca no FSM: o futebol na marcha de abertura

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Quem esperava apenas condenações ao imperialismo, ao aquecimento global e às transnacionais, descobriu que o Fórum Social Mundial 2009 também é futebol. Na marcha de abertura realizada na terça-feira, 27, torcedores de norte a sul garantiram que o escudo do time do coração na caminhada.


No selim da bicicleta de som com marchinha pelo aleitamento materno, o distintivo do Corinthians.


Torcedores do Inter de Porto Alegre.


Comunista e papão: na camisa, Che Guevara, na bandeira, o Paysandu.

É bom saber que mesmo no outro mundo possível vai ter futebol.

Tudo menos a cervejaria

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Já que estou na toada da ciência e tecnologia... os EUA, cuja universidade é considerada hoje o modelo para o mundo em termos de produção científica e tecnológica, importaram o seu sistema universitário da Alemanha. Tanto que o sociólogo Max Weber disse certa vez que se alguém quisesse conhecer o desenvolvimento da universidade alemã deveria ir aos Estados Unidos. O padrão alemão reproduzido nos EUA consiste na organização em departamentos, no foco em pesquisa e na pós-graduação, a constituição de sociedades de pesquisa e na publicação de periódicos científicos.

Essas coisas eu aprendi numa palestra com a pesquisadora de educação Mirian Jorge Warde, professora da PUC-SP. Esse decalque do sistema teve no entanto uma adaptação importante (à qual naturalmente se seguiram muitas outras, pois os estadunidenses foram re-inventando à sua forma e conforme suas necessidades o seu sistema): ela conta que os estadunidenses importaram tudo, menos a cervejaria. Opa! Aí começa a parte interessante da história.

As universidades alemãs são bastante antigas, e em torno delas, como em torno de tudo no país de Beckenbauer, foram naturalmente se abrindo cervejarias (como a famosa Löwenbräu, de Munique, na foto ao lado), com o propósito de acolher os alunos após as atividades acadêmicas. Antes que alguém diga que este aspecto foi muito bem incorporado ao sistema universitário brasileiro, é preciso entender como as cervejarias se articulam com as aulas. Acontece que na Alemanha essas aulas são estruturadas na forma de leituras (a Lektüre), ou seja, explanações curtas, com começo, meio e fim, sobre um tema ligado às pesquisas deste professor.

As informações básicas, aquelas que qualquer um pode encontrar em livros, essas o professor nem aborda, já dá como pressuposto. Os alunos se viram, estudam, e fazem exames no fim do ano, pronto. Mas nas aulas vão ter contato com conhecimento de ponta, aquilo com que seus professores estão lidando naquele momento. Claro que surgem muitas dúvidas e abrem-se muitos caminhos para elucubrações, divagações, explanações... A cervejaria é então o foro adequado para se desenvolver os debates. Adequado sobretudo porque livre, democrático, animado e descompromissado: os manguaças intrigados pela palestra não têm que prestar contas a ninguém, e podem realmente levar ao limite as discussões.

Os estadunidenses, segundo a professora Warde, teriam "incorporado" a cervejaria à sala de aula, deixando sempre um tempo final aos debates. Perderam o principal, claro.

Mas está aí mais um aspecto a ser incorporado no Manguaça Cidadão: implantação de estruturas de excelência e adequadas à discussão científica nos arredores das nossas universidades. Mas nada de copiar a cópia: vamos direto à fonte alemã.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Seleções: Dunga convoca sem grandes surpresas e Dentinho marca pela Sub-20

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O técnico Dunga convocou a seleção brasileira para amistoso contra a Itália, dia 10 de fevereiro, em Londres. Duas novidades na lista, uma grande, outra nem tanto. A grande é o meia Felipe Melo, da Fiorentina, revelado pelo Flamengo. A nem tanto é o retorno de Ronaldinho Gaúcho após um tempo de afastamento.

Veja a lista completa:

Goleiros
Julio César Internazionale
Doni Roma

Laterais
Maicon Internazionale
Daniel Alves Barcelona
Adriano Sevilla
Marcelo Real Madrid

Zagueiros
Lúcio Bayern de Munique
Juan Roma
Luisão Benfica
Thiago Silva Milan

Meias
Gilberto Silva Panathinaikos
Elano Manchester City
Anderson Manchester United
Josué Wolfsburg
Ronaldinho Gaúcho Milan
Julio Baptista Roma
Felipe Melo Fiorentina
Kaká Milan

Atacantes
Robinho Manchester City
Luís Fabiano Sevilla
Alexandre Pato Milan
Adriano Internazionale


Sub-20

A Seleção Sub-20 se classificou para a fase final do Sul-Americano da categoria. A passagem foi garantida com vitória sobre o Chile, nesta segunda-feira, por 2 a 0. Os gols foram marcados por Dentinho (Corinthians) e Maylson (Grêmio). Puxando a brasa para a minha sardinha, foi o primeiro gol do jovem corintiano com a camisa amarela.

Belluzzo eleito é notícia melhor que os 3 a 0

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A eleição de Luiz Gonzaga Belluzzo à presidência do clube, na noite de segunda-feira (26), não é garantia de gestão nem de títulos, mas é a melhor opção para o clube. Pelas minhas contas, todos os blogues parceiros do Futepoca de torcedores do Palmeiras são favoráveis.

O patrocínio da Samsung, de R$ 45 milhões em três anos, já está fechado, a Arena Palestra Itália aprovada, e o time de 2009 praticamente montado. Belluzzo tem uma visão interessante sobre as possibilidades de aprimorar a gestão, exposta em diversas entrevistas, tanto na concedida ao Futepoca, ano passado, quanto ao Valor Econômico.


Ao lado de réplica de medalha do título da Copa Rio, de 1951, que o
Palmeiras defende ser um título de campeão do mundo


Isso é bem mais importante do que a vitória de 3 a 0 sobre o Mogi Mirim, no sábado. Mesmo que Keirrison tenha estreiado com dois gols e que Cleiton Xavier tenha marcado o segundo gol em duas partidas. Apesar de manter o grupo de Mustafá Contoursi e outros aparentemente com menos clareza sobre possibilidades de ampliar receitas para o clube e para o futebol, a eleição não representa ruptura. Mais: Belluzzo precisará fazer bastante coisa para, de fato, marcar época.

Só espero que o corintiano presidente Lula nem o palmeirense governador José Serra não inventem de arrumar um cargo para ele.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Corinthians vence com mudança tática em tarde "inspirada" do comentarista Neto

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Desfalcado de seu principal armador, Mano Menezes mudou o jeito do Corinthians jogar na vitória de ontem contra o Bragantino, por 1 a 0, gol de Lulinha. Douglas e Jorge Henrique ficaram de fora, machucados. Sem substituo que cumpra a mesma função de Douglas, o treinador sacou Túlio, colocou Lulinha na direita, Wellington Saci na meia esquerda, Otacílio Neto no ataque e recuou Elias para segundo volante.

O comentarista e ex-craque corintiano Neto - meu primeiro ídolo no Corinthians, ao lado do goleiro Ronaldo - achou a escalação totalmente errada: para ele, Saci é lateral, Otacílio Neto jogava bem no Noroeste como “quarto homem de meio campo” e, se Mano não tinha nem colocado Lulinha no banco no jogo anterior, como poderia escalá-lo de titular? Disse também que era um risco, pois o Bragantino era uma boa equipe, que vinha de uma goleada de 4 a 2 na primeira rodada.

Pois o time começou, pressionando o Bragantino, marcando no campo do adversário e criando boas oportunidades. O destaque foi exatamente Saci, que fez boa partida jogando como meia à européia, começando as jogadas pelo meio e caindo nas pontas - fez algumas boas tabelas com André Santos. Lulinha fazia o mesmo do lado direito, mas sem tanto sucesso, talvez pela escassa participação de Alessandro. Otacílio Neto, que já deu dois passes para gol em dois jogos do Paulista, se movimentou pelos dois lados e levou perigo. Mais uma vez, o Corinthians dominava a posso de bola, criava boas chances, mas faltava contundência na definição da jogada. Neto passou a dizer que Saci estava jogando muito bem. “Ao contrário do que eu disse”, reconheceu.

No segundo tempo, Alessandro passou a descer mais e a jogar com Lulinha, que cresceu de produção. De uma tabela bem construída dos dois – com participação de Otacílio Neto – nasceu o gol corintiano, de Lulinha. O garoto se soltou e passou a arriscar uns dribles e passes mais interessantes. Num deles, deixou Souza na cara do gol, mas o centroavante chutou a bola bisonhamente pra longe. Apesar disso, de ser lento e muito pouco habilidoso, Souza fez várias vezes o papel de pivô e criou algumas oportunidades durante a partida. Nada grandioso, pelo contrário, mas dá para imaginá-lo sendo útil ao time. Aqui, Neto passou a elogiar Lulinha: “Está jogando demais”.

O Timão relaxou um pouco depois do gol e o Braga conseguiu algumas finalizações, mas nada que assustasse – evolução, considerando que foi apenas um chute a gol do time da casa no primeiro tempo, contra 12 do Corinthians (apenas um acertou o alvo, é verdade). Mas a folga durou pouco e o Corinthians retomou o controle da partida, que ficou nessa até o final, contando ainda com um chute para fora de André Santos na cara do gol, depois de passe de Souza. A essa altura, Neto já estava dizendo que o Bragantino era “muito inferior” ao Corinthians. Fique impressionado, tanto com a abrangência da previsão equivocada do comentarista, quanto com sua capacidade de mudar de opinião durante a partida.

E Mano Menezes mostrou que, de fato, o time tem opções táticas. O futebol foi bastante econômico e nada brilhante, mas seguro e com total domínio sobre o adversário – que me pareceu bem fraco, diga-se. Faltou melhorar a conclusão das jogadas, seja em termos de assistências ou finalizações. Vamos ver o que acontece daqui pra frente.

É Campeão!

O Corinthians venceu o Atlético-PR no domingo de manhã e sagrou-se heptacampeão da Copa São Paulo de Juniores. O time começou o torneiro desacreditado, mas na base do esforço coletivo conseguiu surpreender. Agora, imagine o que sente um garoto de 17 anos jogando uma final pelo Corinthians no Pacaembu com mais de 30 mil pessoas? Coisa linda mesmo, parabéns ao pessoal!

Sobre as revelações do time, vi muito pouca coisa pra falar. Mas como isso não é coisa de me segurar, digo que, do que eu vi, o lateral Bruno Bertucci e o meia Marcelinho têm potencial. Ouvi comentários positivos a respeito do goleiro André Dias, do meia Boquita e do volante Sacha, cujo nome/apelido deve lhe causar vários problemas...

Bons Presságios? - Para os supersticiosos, o título traz bons presságios: basta lembrar das temporadas de 1995, 1999 e 2005. E ignorar a de 2004, que foi uma lástima apesar do título da Copinha...

“Uma transa rítmica universal”

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Na linha dos posts que misturam futebol, política e música, recupero aqui uma curiosa fase do hoje vereador de São Paulo Agnaldo Timóteo (PR) – acima, na capa do disco "Frustrações", produzida no estádio do Maracanã em 1973. Com uma trilogia de LPs que já foi classificada como "pasoliniana", o cantor e compositor flertou, na segunda metade da década de 1970, com a apologia ao homossexualismo, ao hedonismo e à diversidade sexual. Logo ele que, hoje, como político de partido conservador, defende o empresário da prostituição Oscar Maroni e o sexo de meninas de 16 anos com estrangeiros. Curioso é que, num desses trabalhos de mais de 30 anos, Timóteo estampou elogios de um certo jogador de futebol...

A trilogia "gay" do cantor teve início em 1975, com "A Galeria do Amor" (à esquerda), referência a Galeria Alaska, ponto de encontro homossexual no Rio de Janeiro. A faixa-título diz: "Numa noite de insônia saí/ Procurando emoções diferentes/ E depois de algum tempo parei/ Curioso por certo ambiente/ Onde muitos tentavam encontrar/ O amor numa troca de olhar". Segue: "Na galeria do amor é assim/ Muita gente a procura de gente/ A galeria do amor é assim/ Um lugar de emoções diferentes/ Onde gente que é gente se entende/ Onde pode se amar livremente".

No ano seguinte, com o disco "Perdido na Noite" (à direita), veio a continuação dessa fase de "amor livre", em que "gente se entende com gente". Entre faixas de títulos sugestivos como "O conquistador" e "Aventureiros", a canção que batiza o LP revela o cotidiano de suas aventuras noturnas: "Estou perdido/ Na noite de muitos/ Sempre a procura/ Da mesma ilusão/ Estou perdido na noite/ E sozinho/ Pelos caminhos sombrios/ Eu vou/ Estou perdido/ Como tantos perdidos/ Que não se encontram/ Sem saber a razão".

Porém, depois de tanta gandaia e devassidão, Timóteo decidiu encerrar a série em 1977, com um disco de título confessional: "Eu pecador" (à esquerda). A letra da faixa-título é uma síntese do que tentou dizer nos dois discos anteriores, repisando o fato de estar "perdido": "Somos amantes do amor liberdade/ Somos amados por isso também/ E se buscamos uma cara metade/ Como metade nos buscam também/ Estou perdido/ Estamos perdidos/ Mas a esperança ainda é real/ Pois quando menos se espera/ Aparece uma promessa de amor ideal".

Agora, o fato inusitado: a contracapa de "Perdido na Noite", de 1976, traz um fax de ninguém menos que Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, para o cantor e compositor. Com os dizeres: "Agnaldo Timóteo: a música é como o esporte. Uma transa rítmica universal (...) Um abração de seu amigo e admirador Pelé". Haja Vitasay...

Timóteo nos tempos de "perdido na noite de muitos"

Pênalties para lá de discutíveis

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Comecaram os campeonatos estaduais de importância mais que discutível, mas que marcam a volta do futebol profissional. A maioria dos jogos é feia, até porque é início de temporada, mas se em campo as partidas estão ruins, a arbitragem está começando a desejar mais ainda.


Pode ser que seja eu o sem-sorte, mas dos três jogos que acompanhei neste domingo, creio que houve vários lances duvidosos.  

No Atlético (MG) e América(MG), para mim, atleticano como todos sabem, houve um pênalti no lateral thiago Feltri, do Galo, que o juiz não marcou, e ele foi deslocado pelas costas pelo zagueiro. De resto, o empate foi merecido, sem ninguém jogar nada.

Na outra partida, posterior, do Cruzeiro, foi marcado um pênalti ridículo a favor do time azul. O lateral direito do Uberlândia chegou antes na bola, houve um encontrão com o Ramires e o juiz favoreceu o time dos Perrelas, aliás como sempre e coincidentemente acontece. (Veja os lances do jogo aqui) . Se não fosse a mágica do árbitro, o time azul, mesmo jogando melhor, teria ficado num empate.

Na partida Santos e Noroeste, o juiz também desempatou o jogo com um pênalti no fim do segundo tempo em que a bola bateu na mão do jogador do Noroeste. Como a regra aí é confusa (precisa ter intenção para ser pênalti, o que é impossível de provar) não vou falar muita coisa, mas se o lance ocorresse na área contrária os santistas teriam todos os motivos para reclamar.

Como sempre, nada dá para provar contra os árbitros, eles erram e são ruins mesmo. O que chama a atenção é apenas o fato de coincidentemente sempre errarem para o mesmo lado, pelo menos no caso de Minas, que sempre acompanho.

Sensação de déjà vu, mas nem tanto

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Assim como Adriano, em 2008, o centroavante Washington estreou pelo São Paulo, no Campeonato Paulista, marcando os dois gols que garantiram a vitória de seu novo time. E assim como o "Imperador", caiu (momentaneamente) nas graças da torcida. A diferença é que no ano passado o Guaratinguetá saiu na frente e os gols do manguaça estreante determinaram a virada, ao contrário de ontem, quando o Tricolor venceu a Portuguesa por 2 a 0 com um gol de Washington em cada etapa - um com o pé e outro de cabeça (foto acima, de Rubens Chiri/SPFC). No mais, Adriano tinha estilo trombador e contrato de seis meses. Fez seus golzinhos, mas é fato que não tinha maiores planos no clube. Washington, por sua vez, é mais finalizador e tem contrato maior. Seu objetivo é ganhar os títulos que ainda não tem na carreira. No Brasil, só venceu a Copa Daltro Menezes, pelo Caxias-RS. Foi vice da Libertadores pelo Fluminense e do Brasileirão pelo Atlético-PR. Fora, o melhor resultado foi o 3º lugar pelo japonês Urawa Red no Mundial de Clubes de 2007, competição em que fez três gols e foi o artilheiro.

Outro detalhe é que, no São Paulo, Adriano precisava provar que ainda poderia jogar bola de forma competitiva (mais ou menos como Ronaldo Gordo, agora). Já Washington vem de uma ótima temporada pelo Fluminense, onde marcou 37 gols em 57 partidas, sendo cinco deles em dois jogos contra o São Paulo - os mais marcantes foram os dois que despacharam o Tricolor da Libertadores, para desconsolo de sua torcida. Ainda é cedo pra falar qualquer coisa, mas acho que o time do Morumbi contratou bem. Muitos adversários dizem o mesmo sobre a aquisição de Washington. Eu, particularmente, torcia pela contratação desde sua segunda passagem pela Ponte Preta, entre 2000 e 2002, quando chegou à seleção. O São Paulo precisa de um centroavante desses, que se fixam na área e metem a bola pra dentro, no estilo de Serginho Chulapa e França. A Libertadores desse ano promete. Vamulá, Washington!

domingo, janeiro 25, 2009

É a hora de Márcio Fernandes?

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A estreia do Santos na quinta-feira, se não encheu os olhos do torcedor, ao menos deu esperanças de que 2009 seja melhor do que 2008. Aliás, uma comparação entre as duas partidas iniciais do Santos no Paulistão talvez deem uma dimensão melhor do que se pode esperar do clube no resto do ano.

Em 2008, o Peixe estreou perdendo para a Lusa por 2 a 0. À época, o time estreava somente três reforços: o temerário Evaldo, o valente – mas tosco - Marcinho Guerreiro e o zagueiro Betão. Com Fábio Costa acima do peso, Rodrigo Souto lesionado, Maldonado recém-saído da Vila e com Kléber se contundindo logo no começo da partida, o técnico Emerson Leão viu o calvário que lhe esperava daí pra frente naquele dia. Ainda chegariam mais tarde quatro reforços do hoje “parceiro” do clube, mas só Molina mostraria algum valor.

Com um time enfraquecido e sem reforços, o vaiado presidente Marcelo Teixeira prometeu depois daquela derrota para a Portuguesa “dois reforços diferenciados”. Não vieram. E o péssimo clima na Vila Belmiro fez com que o time amargasse um dos piores anos da sua história. Caiu Leão, veio Cuca, que também não resistiu. E veio Marcio Fernandes.

É interessante comparar as duas estreias para ver que houve, de fato, alguma evolução de lá pra cá, com cenários bem distintos para aqueles que comandam o time no banco de reservas. Hoje, Márcio Fernandes tem mais tranquilidade para trabalhar do que tiveram seus antecessores Leão e Cuca - e possui mais elenco também. Ao que parece, não tem inimigos ferrenhos na diretoria como o atual treinador do Atlético-MG tinha, e conta com o apoio de um grupo que deu muito trabalho em termos de relações pessoais para os outros técnicos.

Mesmo assim, parece que ainda não se sente confortável no cargo, prova maior disso foi a substituição de Roni por Adriano no jogo de quinta. Precisava? Fernandes excede na cautela, uma das razões pela qual o time não embalou na reta final do Brasileiro, quando o comandante optou por não perder ao invés de tentar vitórias. Se continuar assim, pode comprometer seu futuro em um clube que, historicamente, sempre se primou o ataque.

É preciso que ele vença esse medo, e até nesse quesito conta com a sorte, já que o elenco pode ajudá-lo. Com atletas experientes e com capacidade de liderança como Fábio Costa, Lúcio Flávio, Kléber Pereira e Léo, a equipe pode ter por si mesma a maturidade e a ousadia que Fernandes ainda não tem. E, assim, passar confiança para o técnico.

Márcio Fernandes pode mostrar seu potencial em uma situação mais tranquila que a do ano passado. Mas, se insistir em ser precavido, pode ter o mesmo destino de treinadores que apareceram até bem no Santos e que depois sumiram, como seu assistente Chulapa e Joãozinho. É hora de mostrar sua grandeza, comandante.