Destaques

sexta-feira, abril 10, 2009

Mas será que dignifica, mesmo?

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Na preguiça desse feriado, reflito sobre o que um colega me disse ontem:

- Sabe de onde vem a palavra trabalho? De tripalium, instrumento romano de tortura. (ilustração à direita)

De fato, fui pesquisar na internet e encontrei uma definição etimológica:

Tripalium (ou trepalium) era, a princípio, um instrumento utilizado na lavoura. Em fins do século VI, passou a ser um instrumento romano de tortura. A palavra é composta por "tri" (três) e "palus" (pau) - o que poderia ser traduzido por "três paus". Dessa raiz teriam saído os termos das línguas latinas de hoje em dia, como trabalho (em português), travail (francês), trebajo (catalão) e trabajo (espanhol). Mesmo antes de ser associada aos elementos de tortura medieval, trabalhar significava a perda da liberdade. Quem trabalhava em Roma era o escravo; o patrício estava incumbido das atividades políticas. Somente no século XVI, com o Renascimento, cria-se uma economia mundializada, onde o trabalho passa ao seu papel de importância máxima. E aí começa outra mudança: de tarefa árdua para os não livres, passa a ser um enobrecimento, uma atividade humana importantíssima.

Pois é, a expressão "pau alado" tem sua razão, em vista do tripalium. Para os defensores do trabalho, eu pergunto: "Ser empalado com três paus dignifica o homem?".

- Ah, por último: negócio significa "negação do ócio". Ou seja, também não é boa coisa - arrematou, ontem, o mesmo colega.

E nada melhor do que terminar esse "dignificante" post, em plena Sexta-feira Santa, com os animadores versos de Chico Buarque de Hollanda: "Vai trabalhar, vagabundo!/ Vai trabalhar, criatura!/ Deus permite a todo mundo/ Uma loucura/ Passa o domingo em familia/ Segunda-feira beleza/ Embarca com alegria/ Na correnteza".

Não sei quanto a vocês, mas vou agora regar esse ócio sagrado com vinho, pois afinal, sem a cachaça, ninguém resiste até o Domingo da Paixão...

quinta-feira, abril 09, 2009

Raridadis: Mussunzis e Raphael Rabellis!

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Cacildis! Futucando a internetis, encontrei um elepêzis de 1986 do nosso ídalo, guru e mestris Antonio Carlos Mussum. E quem é que toca violãozis de 6 e de 7 cordis? Ninguém menos que o finadis Raphael Rabello. E o repertório é caprichadis: "Because forever" (João Nogueira/ Mussum), "Filosofia de quintal" (João do Cavaco/ Zé Maurício), "Ei! Moleque" (Arlindo Cruz/ Chiquinho), "Debaixo do meu chapéu" (Nei Lopes), "O torcedor" (Dicró/ Roberto Dicró), "Verdade expressa" (Almir Guineto/ Adalto Magalha), "Madureira, Vaz Lobo e irajá" (Jorge Aragão/ Mussum/ Neoci), "Tola insensatez" (Marcos Paiva/ Franco), "Grande Gerê" (Noca da Portela/ Toninho Nascimento), "Amor sem segredo" (Adilson Bispo/ Zé Roberto/ Marquinho P.Q.D.), "Sem você tudo bem" (Dedé da Portela/ Dida) e "Festa do lava pés" (Bandeira Brasil/ Beto Sem Braço/ Serginho Meriti). Confira a capis e a contracapis do disco da Continentalzis:


A Lusa, o suposto suborno e a irresponsabilidade

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O presidente da Portuguesa, Manoel da Lupa, repetiu a denúncia que tinha feito anteriormente em relação ao zagueiro Jean, que cometeu o pênalti que redundou no gol de Kléber Pereira na última rodada da primeira fase do Paulistão. O arroubo do cartola luso já lhe valeu duas ameaças de processo: uma da parte do Santos e outra do Sindicato dos Atletas Profissionais.

Em coletiva que terminou há pouco no Canindé, o dirigente contou que duas pessoas residentes na cidade praiana o teriam procurado “indignadas” com o comportamento de um empresário de futebol (no boletim de ocorrência consta simplesmente como “Izildo”) que teria dito em público que o procurador do jogador estaria telefonando para seu celular a fim de receber o dinheiro combinado no acerto, cerca de 20 mil reais (ufa, quantas condicionais...).

“Estou recebendo a denúncia e repassando, não estou acusando ninguém”, se esquivou o cartola Da Lupa. "São fatos apresentados por pessoas que não conhecemos", completou, tentando evitar novas implicações jurídicas contra si.

Dizer que o fato tem que ser apurado é acaciano. Mas a denúncia se baseia em duas pessoas que ouviram de um empresário que teria dito que... Pronto, registra-se a ocorrência e cria-se o fato, ainda que não sejam citados dirigentes do Santos ou da Ponte na questão.

Subornos e denúncias sobre tal não são novidade no futebol, ainda mais no período recente. No ano passado, a idoneidade de Wagner Tardelli foi posta em dúvida pelo presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del Nero. Tudo se mostrou um circo. O problema de todo o imbróglio é que a carreira do jogador pode ser comprometida, enquanto os clubes e cartolas continuam tocando suas vidas, com todo o amadorismo que lhes é inerente.

Se for comprovado o caso, óbvio que deve haver punições. Se não for, elas devem ser igualmente rigorosas. Porque nesse caso, um novo caso Escola Base só vai prejudicar o lado mais fraco, que é o de Jean.

Dale-ô, dale-ô, dale-ô, Juventus!

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No setor de visitantes: Tuty Renzo, Chico, Marcão Palhares e Taroba

Como estava aguardando as fotos, registro só agora a prova do "crime", ou melhor, da "expedição" que muitos taquaritinguenses desterrados em São Paulo fizeram ao estádio da Rua Javari, bairro da Mooca, no último sábado. Mais do que o futebol, a ocasião serviu de encontro e união da "colônia", com figuras como João Palomino, da ESPN Brasil. O Juventus, que ainda está na zona de rebaixamento da Série A-2, venceu o Clube Atlético Taquaritinga (CAT), que permaneceu entre os oito classificados para a fase final, por 2 a 1. Assim que chegamos, com o jogo já em andamento, o Moleque Travesso abriu o placar, com Jordan (foto à direita). Aliás, para chegarmos até o setor de visitantes, tivemos que passar por trás desse gol, no meio da torcida juventina. Houve provocação, mas tudo no bom humor.

Só então pude contemplar o campo onde Pelé marcou o gol que considera como mais bonito, há exatamente 50 anos: tirando pequenas reformas, o visual é o mesmo daquela época, com o setor coberto sustentado por colunas, destinado à torcida da casa, e o alambrado praticamente no gramado. Sente-se o cheiro de grama e os jogadores passam a meio metro do torcedor - o que permite imaginar que, nos áureos tempos, devia ser realmente difícil derrotar o Juventus ali. Mas não passaram nem dez minutos e o CAT empatou, com Carlos Henrique. Em pé, no alambrado, provocamos os juventinos aos berros cruéis de "Ão-ão-ão/ Terceira divisão!".

Na segunda etapa, fui até a cabine de imprensa, cumprimentar os radialistas de Taquaritinga, e foi lá que encontrei o Palomino, que levava seu filho João Vítor pela primeira vez a um estádio. "Um empatezinho aqui já tava bom demais", me soprou o jornalista conterrâneo. Não deu: minutos depois, Dewide fez o gol da vitória para o Juventus. O barulho que a pequena torcida organizada do nosso adversário fazia atrás daquela meta, a mesma onde Pelé fez o gol antológico em 1959, me levou a crer que atrapalhou tanto o goleiro do Juventus, no gol que sofreu no primeiro tempo, quanto o do CAT, no final do jogo. Gritavam, sem parar: "Dale-ô, dale-ô, dale-ô, Juventus!".

Conformados com o resultado e surpresos com a hospitalidade dos juventinos, fomos (lógico) aos bares folclóricos de uma esquina atrás do estádio. Lá, encontramos diretores do clube, ex-jogadores, fotos, flâmulas e trófeus. Um dos ex-atletas que cumprimentei foi Buzzoni (à esquerda), ex-Juventus, Portuguesa e Palmeiras. Apesar da derrota do CAT e da qualidade sofrível dos jogos da Série A-2, conhecemos um local mítico e aconchegante para todos que gostam de futebol. Recomendamos. E voltaremos.



A fronteira invisível no coração dos homens

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Revisando a tese de doutorado de meu amigo Max Gutiez, aprendi que na semana passada, dia 1º de abril, completaram-se 70 anos do fim da Guerra Civil Espanhola. É um dos conflitos mais emblemáticos daqueles anos entre as duas Grandes Guerras. Opunham-se republicanos, em grande parte anarquistas, e falangistas, fascistas, liderados por Francisco Franco. Gente de todo o mundo vai à Espanha lutar contra o avanço fascista e sonhar com um mundo socialista, inspirados na vitoriosa Revolução Russa – em 1934, quando começa a guerra, ela ainda não havia sido traída por Stálin e seus burocratas. Do outro lado, a Alemanha nazista aproveita para testar seus armamentos sobre o povo espanhol, antes de levar a ferro o seu expansionismo.

A guerra se inicia com um dos episódios mais brutais de que ouvi falar. Em Gijón, na região de Astúrias, um importante porto de exportação do minério espanhol, sindicalistas anarquistas organizados se levantam contra a opressão e por melhores condições de vida e trabalho. Tem início a revolução. Avançam e ganham forças. O general Franco é então designado para negociar com os revoltosos. Vai a Astúrias, se reúne com cada líder e cada grupo revolucionário, diligente e amistosamente anota-lhes o nome e o endereço. Na semana seguinte, o Exército espanhol passa em arrastão pela cidade matando um por um todos os líderes, dentro de suas casas e com suas famílias. Foram centenas de mortos em um dia. O telegrama que Franco envia a Madrid diz: "resolvido o problema asturiano". Tamanha atrocidade e infâmia não poderia ser suportada pelo aguerrido povo espanhol, que se levanta, e a guerra se deflagra.

Mais que o heroísmo e sua complementaridade de horror, a guerra civil instaura o pânico e uma total desrazão. Morre-se mais por fuzilamentos do que em confrontos com os inimigos. Uma denúncia era o suficiente para que alguém fosse morto, muitas vezes por companheiros do próprio lado que defendia. E, se hoje parece fácil olhar retrospectivamente e assumir o lado dos republicanos, para quem vivia ali era quase impossível ter clareza do que de fato significava ser anarquista ou fascista, sobretudo o cidadão comum, sem formação política.

Ninguém descreveu esse estado de coisas tão bem quanto Antoine de Saint-Exupéry (foto à esquerda) – ele mesmo, o autor do Pequeno Príncipe, era também piloto e repórter de guerra. O Max o cita em sua tese (ainda inacabada), dizendo que a Espanha é neste momento um lugar onde as “mães (...) não sabem, quando dão à luz, que imagem da verdade irá inflamar, mais tarde, os seus filhos, nem quais os partisans que os irão fuzilar, segundo sua justiça, quando eles tiverem vinte anos”.

Um dos parágrafos mais fortes é este, com citações de Saint-Exupéry:

“O que o espanta é saber que a aparência de uma cidade como as outras mascara um drama que ‘para descobrir (...) será necessário procurá-lo’. ‘Porque’, diz Saint-Exupéry, ‘na maioria das vezes ele se apresenta não no mundo visível, mas na consciência dos homens’. Essa visão aérea da Espanha (é o piloto adentrando o país pela região da Catalunha) mostra aquilo que depois será constatado em terra. Ao entrar em Barcelona, formula a pergunta inevitável: ‘Mas onde está o terror em Barcelona? Além de uns vinte prédios queimados, onde está a cidade em cinzas? À parte algumas centenas de mortos (...) onde estão essas hecatombes?... Onde, essa fronteira sangrenta por sobre a qual se dispara?’. A resposta nos dá o próprio autor: ‘Não encontrei facilmente essa fronteira. É que nas guerras civis ela é invisível e passa por dentro do coração do homem’.”

Às vezes penso que hoje o que vivemos é algo próximo à guerra civil. Não é, como pode parecer, uma alusão ao Capitão Nascimento: a guerra dele tem front e interesses claros. Penso em nossa vida comum, nas cidades, na vida que ainda se pretende política, porque pública. Se mata e se morre sem saber muito bem por quê, se assume causas e se condena por questões circunstanciais – ou por questões de fundo que se perdem em meio à espessa cortina de fumaça das falsas notícias e opiniões infundadas. Qualquer semelhança com o nosso futebol não é coincidência. Mas nem só de futebol se vive, e se mata, no nosso mundinho.

Como outras guerras, a moral da história dessa Guerra Civil, que termina com a vitória fascista, em 1939, às vésperas da invasão nazi da Polônia, talvez seja que, haja o que houver, é a democracia radical – que imprescinde do conflito aberto, do reconhecimento da diferença e sua verbalização clara e respeitosa – que permite a existência de algo que se possa chamar de civilidade. Alguns de nós estamos aprendendo, mas não falta quem fuzile os que se levantam pelo direito de dar voz ao outro e polemizar com ele.

Sobre o Sport, a vitória mais importante da temporada

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Como um poema de João Cabral de Melo Neto precisava ser construído e trabalhado para se formar, a vitória do Palmeiras diante do Sport foi erguida a partir da marcação determinada. Na primeira partida em que a defesa alviverde se comportou realmente bem na temporada – bobeou em dois lances – veio a vitória mais importante da temporada até agora.

Como um auto de Ariano Suassuna, a Providência funcionou a favor do time paulista, que marcou nos momentos certos, quando o Sport crescia no jogo. Desacreditado por muitos, o Palmeiras segue vivo e com esperanças na Libertadores.

Bela vitória
O adversário vinha com força. Eram 25 partidas sem perder. Em seu estádio, a Ilha do Retiro, foram 20 sem derrota. Duas vitórias brilhantes no torneio continental. Uma parede sólida a ser transposta que ainda tinha, como obstáculos, o calor e a pressão da torcida e o fato de não ter somado pontos na Libertadores da América. Desde 2003 não havia vitórias para o Palmeiras. Vanderlei Luxemburgo fazia tempo que não superava Nelsinho Baptista – que continua com mais vitórias.

Durante a semana, o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo esteve com os jogadores no centro de treinamento para dizer que o mundo não acabaria na quarta. Alguns jornais deram a entender que isso valia apenas para o caso de uma derrota. Sei não. Antes do apito inicial, o mundo acabava hoje mesmo. Mas o sentido da frase era mais amplo. Mesmo com a vitória, nem o mundo, nem a temporada, nem a cobrança da torcida e dos críticos acaba. Faltam três vitórias em três jogos – ou quase isso – para que estes 2 a 0 na Ilha do Retiro sejam de fato relevantes.

Só precisa repetir
Um começo nervoso, mas tudo se acertou. Danilo, Maurício e Edmilson não bateram cabeça. Marcos pegou muito. Pierre foi muito bem. Mesmo Fabinho Capixaba, cuja lateral foi exploradíssima por Ciro e Dutra, não comprometeu. A única boa partida da zaga. Apesar da retranca assumida sem constrangimento no segundo tempo, o Sport não conseguiu manter, em nenhum momento, uma situação de pressão plena depois do primeiro gol.

A vitória é muito mais relevante para o Palmeiras do que a derrota para o Sport. É claro que por se tratar da fase de classificação, para um time que vinha invicto e deve ser tetracampeão pernambucano, o revés está longe de representar risco efetivo para o time. Isso aparentemente reduziu a determinação do rubro-negro de Recife. A celeuma envolvendo a troca de arbitragem ficou claramente diminuída.

Diego Souza foi monstruoso no segundo tempo. Antes do gol, ele teve um chute defendido brilhantemente pelo goleiro Magrão. Com arrancadas, era a única esperança dos visitantes de segurar a bola no ataque. E de construir jogadas que levassem perigo. Bem que ele avisou, no fim de semana ao fazer o gol da vitória no campeonato Paulista, que o Jogo era quarta.

A comemoração do segundo gol é impressionante. Assim como a celebração do grupo ao final da partida, as cenas dão a dimensão de como o grupo estava vendo a partida. Teria que ser topeira ou sangue de barata para não entrar como Keirrison, com o rosto vermelho de pura tensão, parecido com um hipertenso em crise de pressão alta.

O resumo do jogo é um grande "ufa!" ao mesmo tempo em que um vislumbre de uma zaga confiável em um time determinado. Precisa repetir a dose na próxima quarta-feira, em São Paulo, para confirmar a boa impressão.

quarta-feira, abril 08, 2009

Som na caixa, manguaça! - Volume 37

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PEQUENO PERFIL DE UM CIDADÃO COMUM
(Belchior/ Toquinho)

Toquinho

Era um cidadão comum
Como esses que se vê na rua
Falava de negócios, ria
Via show de mulher nua
Vivia o dia e não o sol
A noite e não a lua

Acordava sempre cedo
Era um passarinho urbano
Embarcava no metrô
O nosso metropolitano
Era um homem de bons modos
"Com licença", "Foi engano"

Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte
Pensando em vencer na vida

Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde
A sensação da missão cumprida

Acreditava em Deus
E em outras coisas invisíveis
Dizia sempre "sim"
Aos seus senhores infalíveis
Pois é, tendo dinheiro
Não há coisas impossíveis

Mas o anjo do Senhor
Do qual nos fala o livro santo
Desceu do céu pra uma cerveja
Junto dele no seu canto
E a morte o carregou
Feito um pacote no seu manto

Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte
Pensando em vencer na vida

Era feito aquela gente
Honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde
A sensação da missão cumprida

(Do LP "Pequeno perfil de um cidadão comum", Philips, 1978)

Prova de que o PIG vem caindo

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Para quem duvida da queda do PIG, segue uma prova cabal, tirada do excelente blog Cloaca News. Sem comentários.


Atropelo

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Essa é a palavra que define o primeiro tempo do Barcelona pra cima do Bayern de Munique, pela Liga dos Campeões da Europa. 4 a 0 no placar (dois de Messi, um de Eto’o e um de Henry), mais algumas chances desperdiçadas e o controle total do jogo. Aos 13 minutos, já estava 2 a 0, um de Messi com passe de Eto’o e um de Eto’o com passe de Messi. Aos 15, Henry já tinha perdido duas outras chances de ampliar.

O Barça começa a marcação na saída de bola do adversário e não deixa os alemães organizarem seu jogo. Quando recupera a bola, toca com tranqüilidade e objetividade, sem abdicar de alguns dribles em ter vergonha de recomeçar a jogada lá na zaga. Os três do ataque são um show à parte, com movimentação, dribles e passes precisos. Sobre o Bayern, na boa, não deu pra ver jogar.

Não vi a segunda etapa, mas o placar continuou o mesmo, e segundo acompanhei na Internet, o domínio do time espanhol continuou. Agora, os espanhóis podem perder por até três gols de diferença na Alemanha.

Outros resultados

Na semi-final inglesa, o Chelsea ganhou do Liverpool por 3 a 1, de virada, em plena terra dos Beatles. Agora, a equipe azul pode perder de até 2 a 0 em casa, no jogo de volta, em Londres.

Na rodada de ontem, o Porto arrancou um empate em 2 a 2 com o Manchester na Inglaterra, dificultando a vida da equipe de Cristiano Ronaldo. Péssima hora na temporada para os ingleses, que vinham detonando até aqui, entrarem em baixa. No jogo menos badalado, o Arsenal (sim, outro inglês) conseguiu um bom empate com o Villareal na Espanha, por 1 a 1.

'A sua única droga é a cerveja'

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A frase que dá título ao post é de Joana Machado (foto), rainha da escola de samba Renascer de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e ex-namorada do manguaça Adriano. "A sua única droga é a cerveja, mas quem não gosta de tempos em tempos?", questionou Joana, que disse ter acabado com o namoro devido aos excessivos ciúmes do jogador. Este é outro assunto velho que recuperamos aqui: roído pelo pé na bunda que levou da namorada, o centroavante simplesmente desapareceu após o jogo do Brasil contra o Peru, há uma semana. Como não viajou para a Itália, para se reapresentar à Internazionale de Milão, deu o que falar no mundo inteiro: os jornais levantaram a hipótese de rapto e até de assassinato. Mas o atacante está vivo, curtindo a fossa na Vila Cruzeiro, comunidade carioca onde nasceu. "O Adriano está completamente perdido, mas não tenho forças para lidar com ele", desabafou Joana. Segundo Gilmar Rinaldi, empresário do bebum, a volta para a Itália deverá ocorrer semana que vem. Lá, a Internazionale pretende resolver o contrato com o conturbado jogador de uma vez por todas. E há quem não descarte um novo retorno de Adriano aos gramados brasileiros, depois de ter jogado pelo São Paulo em 2008 (onde, pra variar, também aprontou). Aí, fica a dúvida: o cara é um bom atacante, mas, se já bebia todas antes dessa desilusão amorosa, imagina agora! Porém, justiça seja feita: observando a foto acima, confesso que também me afundaria na cachaça...

Caetano Veloso, leitor do Futepoca?

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Ando tão por fora do que se passa em termos de atualidades musicais, e as últimas coisas que ouvi do Caetano (escalado pelo Frédi na ponta direita da sua seleção) eram tão bregas, que perdi o interesse e nem estava sabendo da história de seu último disco, agora em lançamento. Chama-se Zii e Zie e parte de uma ideia que me pareceu genial: ir mostrando as canções ao público à medida que elas vão se fazendo. Segundo a revista Bravo! deste mês (que comprei porque saiu uma notinha sobre a mostra de cinema Marguerite Duras: escrever imagens, da qual fiz a curadoria e à qual retornarei em breve neste espaço), o Caetano teria dividido essa ideia com o Hermano Vianna, que por sua vez lhe sugeriu fazer um blog, oferecendo também o apoio técnico.

O músico topou e isso virou o blog Obra em Progresso, que tem textos interessantes. Um destaque é uma polêmica aberta com o Fidel Castro, que entrou no processo de composição da música "Base de Guantánamo". O projeto era culminar no disco, que agora está saindo.

E veja só, empolgado com o novo espaço aberto, Caetano passou a dedicar um tempo importante de sua vida a ele, e diversificou os temas, adentrando, claro, na política, mas também, inesperadamente, no futebol. Diz a revista que Caetano teria, por exemplo, elogiado "a humildade dos jogadores do time pelo qual torce, o Bahia, por eles terem 'se recusado' a golear o time do Poções numa partida válida pelo Campeonato Baiano".

Até aí, estamos em terreno comum. Mas a pulga começou a dar piruetas atrás de minha orelha quanto Caetano conta que futuro intenciona pra sua base internáutica: "O blog foi criado para acabar quando o disco saísse. E assim será. Pode virar outra coisa ou simplesmente sumir. Continuar sendo o boteco virtual onde a gente conversa e discute é que não vai."

Opa! "Boteco virtual onde a gente conversa e discute"??? Este é o Futepoca! Será que Caetano, como Vanderlei Luxemburgo e Soninha, é nosso leitor?

Caetano, mesmo que feche o seu boteco, você já conhece o endereço, o nosso tá sempre às ordens.

O não-fato que virou factóide

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A campanha para as eleições presidenciais de 2010, na imprensinha brasileira, já começou. Pelo menos na (nefasta) Folha de S.Paulo, que, após o infeliz episódio da "ditabranda", comete novo ridículo ao ressuscitar um fato de 40 anos que simplesmente não aconteceu. No último domingo, 5 de abril, publicou a inacreditável "matéria" intitulada "Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Neto". Estapafúrdio. Nem um golpe baixo seria de tão baixo nível. Por isso, sem querer engrossar a marola que a imprensinha tenta fazer sobre o risível factóide, reforço aqui, como trabalho realmente jornalístico, dois trechos da carta do jornalista e professor universitário Antonio Roberto Espinosa que a Folha, pra variar, recusou-se a publicar:

1) A VAR-Palmares não era o “grupo da Dilma”, mas uma organização política de resistência à infame ditadura que se alastrava sobre nosso país, que só era branda para os que se beneficiavam dela. Em virtude de sua defesa da democracia, da igualdade social e do socialismo, teve dezenas de seus militantes covardemente assassinados nos porões do regime, como Chael Charles Shreier, Yara Iavelberg, Carlos Roberto Zanirato, João Domingues da Silva, Fernando Ruivo e Carlos Alberto Soares de Freitas. O mais importante, hoje, não é saber se a estratégia e as táticas da organização estavam corretas ou não, mas que ela integrava a ampla resistência contra um regime ilegítimo, instaurado pela força bruta de um golpe militar;

2) Dilma Rousseff era militante da VAR-Palmares, sim, como é de conhecimento público, mas sempre teve uma militância somente política, ou seja, jamais participou de ações ou do planejamento de ações militares. O responsável nacional pelo setor militar da organização naquele período era eu, Antonio Roberto Espinosa. E assumo a responsabilidade moral e política por nossas iniciativas, denunciando como sórdidas as insinuações contra Dilma.

Antonio Roberto Espinosa

Jornalista, professor de Política Internacional, doutorando em Ciência Política pela USP, autor de "Abraços que sufocam – E outros ensaios sobre a liberdade" e editor da "Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe".


É isso, fim de papo. E endosso a campanha: NÃO LEIO A FOLHA!

Tipos de cerveja 32 - As Dortmunder/ Helles

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Esses dois estilos alemães estão bastante relacionados e próximos, sendo que o primeiro é originário da região de Dortmund e o último, da Baviera. Ambos são ligeiramente mais fortes do que uma Lager tradicional, variando o teor alcoólico entre 5% e 5,6%. Têm boa presença de malte e os melhores exemplos destacam um certo sabor de biscoito, devido ao malte utilizado. "São cervejas leves e de fácil ingestão, apesar de algumas Dortmunder da Dinamarca e Holanda serem mais encorpadas e alcoólicas. O caráter amargo é muito similar ao das Pilsner alemãs, aromático e seco", observa Bruno Aquino, do site parceiro português Cervejas do Mundo. Bons exemplos desses tipos de cerveja são a Great Lakes Dortmunder Gold (foto), a Burgerbrau Wolnzacher Hell Naturtrüb e a Aqula Helles.

terça-feira, abril 07, 2009

Movimento Jornalístico-Sapatista Mundial

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A coisa já tá virando uma tendência (ou movimento) mundial entre os jornalistas: depois do iraquiano Muntazer al-Zaidi, que atirou seus dois pés de sapato no ex-presidente estadunidense George Bush, sucedido pelo repórter ucraniano Igor Dimitriev, do canal ATV, que jogou uma bota contra Oleg Soskin, diretor do Instituto de Transformação da Sociedade da Otan, outro pisante foi disparado hoje por um profissional de comunicação, na Índia. Jarnail Singh, do diário Dainik Jagran, lançou um de seus tênis contra o ministro indiano do Interior, P. Chidambaram (foto), durante uma coletiva de imprensa. Singh ficou furioso com a resposta sobre o relatório do Escritório Central de Investigação (CBI) que pede à Justiça a retirada das acusações contra Jagdish Tytler, membro do Partido do Congresso, de situação. "Queria protestar. Minha intenção não era ferir os sentimentos de ninguém. Por que deveria pedir perdão?", disse o jornalista, que faz parte da comunidade sique, ao canal local NDTV, depois do incidente. "Meu método pode ter sido incorreto, mas minhas razões não são", reforçou. Pois é, o "Movimento Sapatista" está ganhando força, ainda que, até o momento, só tenha atuado na editoria de política. Será que vão diversificar? Estou pra ver, por exemplo, o primeiro jornalista esportivo que terá a coragem de atirar chuteiras em algum cartola, técnico ou atleta merecedor de tal manifestação...

Monteiro Lobato explica o crédito e a crise (do subprime?)

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O trecho foi retirado do livro América, de Monteiro Lobato, publicado em 1931. O livro (que comprei por 10 pilas num sebo) é uma série de diálogos com um alterego chamado Mr. Slang, um inglês da Tijuca. Começa o britânico imaginário:

– (...) A dificuldade da situação está em que esta nova estrutura da industria se basea num estimulo permanente do desejo de mais, mais, mais coisas. Enquanto o povo responder ao estimulo que a propaganda incessante e habilissima organizou, a industria crescerá, as empresas distribuirão dividendos, suas ações se conservarão em alta na Bolsa. O consumo intensissimo constitue o alicerce da "prosperity". No dia, porém, em que o eretismo do consumo fraquar, teremos uma crise caastrofica, de proporções jamais imaginadas.
– Poderá fraquear? perguntei especulativamente, porque não via nenhum sintoma disso.
– Acho que vai fraquear, que é fatal a crise. O impeto do "mais" deu no excessivo. O mal estar por excesso de coisas, que você sente, todos acabarão sentindo. Tudo cansa, até ter. O que estamos assistindo na America de após-guerra é uma verdadeira bacanal de consumo. Pura orgia. A "salesmanship" elevada á categoria de ciência é sereia que tem conseguido manter em estado de frenesi a ansia de adquirir coisas, uteis ou inuteis, boas ou más, desejadas realmente ou compradas por arrastamento. vejo, entretanto, um ponto perigoso no sistema. O povo já está comprando a crédito, já está sacando sobre o futuro. O operario que adquire uma Frigidaire para pagar em vinte meses, está usando, como se dolar fosse, a probabilidade de manter-se no goso daquele salario durante vinte meses. Venha uma perturbação economica qualquer, tenha esse operario o seu ganho diminuido ou suprimido – e desabará sobre a America um cataclisma economico de proporções unicas, capaz de refletir-se desastrosamente no mundo inteiro.
(América, 1955, Editora Brasiliense, sexta edição. A acentuação estranha e não afeita nem à nova nem à velha regra ortográfica é reprodução do original)

De 1927 a 1931, o escritor de uma só sobrancelha foi adido comercial do consulado brasileiro em Nova York, nos Estados Unidos e, dizem, se entusiasmou com a possibilidade de dinheiro fácil na bolsa, investiu tudo e quebrou. Depois de voltar ao Brasil, apostaria em empreendimentos de extração de petróleo e ferro, e quebraria a cara.

A obra contém ainda reflexões que atribuem à colonização europeia uma certa inadequação ao clima e à vegetação dos trópicos e a "saudade" da Europa como motivo do distanciamento do americanismo. Expõe o quanto negros e índios eram cordialmente vistos como inferiores, e até – não sei se era ironia ou se eu entendi mal, apesar da "femininice" e da "matercracia" – a ideia de que na América não se pode tratar mal nem aos cachorros nem às americanas.

Mas nem por isso a análise sobre as origens da crise no consumismo e na expansão do "mass production" em contradição com a liberdade de escolha individual, pra citar outro trecho, deixa de ser interessante. E não se pode dizer nem que o teor do texto é excessivamente elogioso nem excessivamente crítico aos Estados Unidos – ele oscila o tempo todo.

Mais EUA
Antes de embarcar para a capital dos Estados Unidos, Lobato havia publicado outro livro que esbarrava no país da América do Norte e que também tem algum traço relacionado ao cenário atual. O Choque das Raças ou O Presidente Negro traz as aventuras de um cientista maluco que cria o "porviroscópio", uma máquina do tempo que o leva a 2228. Eleições presidenciais colocam três candidatos. Pelo partido Masculino, um branco. Pelo partido Feminino, uma bela candidata também de pele alva. E, para completar, um concorrente negro, que vence. No final, para conter a derrota, os brancos estabeleceriam um processo de eugenia de esterilização dos negros, disfarçado de alisamento de cabelo. Que Obama não alise os cabelos.

segunda-feira, abril 06, 2009

Sangue falso irrita repressores e vira inquérito

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Dá vontade de rir, mas o caso é muito mais triste (e revoltante) do que o ridículo da polícia estadual na cidade de São Paulo. No dia 24 de agosto de 2008, participei, com minha filha de seis anos e minha ex-esposa, da manifestação em memória das vítimas do extinto DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), órgão que torturou e matou a mando da ditadura militar brasileira. Naquele domingo, dezenas de pessoas marcharam pacificamente até o antigo prédio do serviço de tortura, onde hoje funciona o 36º Distrito Policial, na Rua Tutóia nº 1.000, para ler manifestos, levantar cartazes e pedir justiça para as vítimas da repressão. Como parte do protesto, algumas pessoas deitaram-se no estacionamento e suas silhuetas foram marcadas com tinta no chão, para lembrar os que ali tombaram. Já no final, alguém derramou meia lata de tinta vermelha (foto), como representação do sangue real que lavou as dependências daquele edifício nas décadas de 1960 e 1970.

Mas teve gente que não gostou. "Ato contínuo, um policial (delegado ou investigador, não ficou claro) saiu aos berros da delegacia e mandou que limpassem o chão. Vaiado, o homem voltou para o prédio, mas ameaçava gritando que alguém ficaria detido pelo derramamento da tinta", relatei em um post aqui no Futepoca, naquele mesmo dia. "Depois, (o policial) saiu com uma máquina digital e fez fotos dos manifestantes, que se dirigiram para um espaço a um quarteirão dali. Mas, óbvio, não deu nem cinco minutos e baixou polícia no local. Por sorte, todos conseguiram ir embora bem rápido, sem confusões", completei, na ocasião. Pois vejam só: não bastasse a truculência no momento da manifestação, o próprio 36º DP instaurou inquérito no dia seguinte, 25 de agosto (Dia do Soldado...), enquadrando o protesto pacífico.

O inquérito policial 609/08, contra a referida passeata em memória de presos políticos mortos nas dependências do DOI-Codi, acusa os manifestantes de terem "danificado espaço público e infringido o artigo 65 da lei 9.605/1998, segundo o qual constitui crime sujeito a pena de até um ano de detenção 'pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano'". Diz Celso Lungaretti, do blogue Náufrago da Utopia: "Paulo Fávero, estudante de Artes Plásticas da USP, foi intimado a depor. 'Os manifestantes pediam para que aquele lugar não continuasse sendo o 36º DP, mas sim um espaço da memória e da resistência', explicou Fávero (...) 'Os advogados tiveram acesso ao inquérito antes do meu depoimento e constava lá que eu era suspeito de mandante do ato e que sou representante da Liga Bolchevique Internacionalista (LBI), o que é uma mentira. Eu não sou membro da LBI, e não sei qual seria a relevância se eu fosse da LBI'". Belo questionamento.

Diz Lungaretti que, no inquérito, também são citados o deputado federal Ivan Valente, do PSol (que concorria à Prefeitura na época), o jornalista Ivan Seixas (torturado pelo governo militar e filho do metalúrgico Joaquim Seixas, morto na tortura) e - pasmem! - o blogueiro Darlan dos Reis, residente no Ceará, que não compareceu ao ato, mas apenas divulgou-o em seu blogue (!!!). Bom, diante de uma iniciativa dessas, de uma polícia estadual que devia nos servir, e não nos perseguir, só posso reforçar que o governo tucano de José Serra está se consolidando, voluntariamente, como um dos mais repressores e violentos em termos de segurança pública (os moradores sitiados de Paraisópolis que o digam). E pensar que Serra também foi perseguido e exilado pela ditadura militar. Quem te viu, quem te vê...

domingo, abril 05, 2009

Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos se classificam

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Terminou neste domingo, 5 de abril, a primeira fase do campeonato Paulista. Os quatro primeiros são os grandes clubes do estado: Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Santos se classificam. Isso acontece primeira vez desde que o formato do campeonato é o atual turno único. Considerando outros formatos, desde 2000 os quatro primeiros não coincidem com os grandes.

Palmeiras, Corinthians e São Paulo quase perderam suas partidas. O Verdão virou, o Timão e o Tricolor empataram em 2 a 2.

Mas a emoção ficou toda pela quarta vaga na fase final. O Peixe precisou de Kleber Pereira para marcar por três vezes para garantir a vitória de 3 a 2 sobre a Ponte Preta, sendo os dois da vitória no finzinho do segundo tempo. Com o placar, o time da Baixada ficou com um gol de vantagem de saldo, o terceiro critério de desempate.

A Lusa venceu o Santo André por 2 a 1 no Canindé, mas não bastou. Criou uma chance de gol no finzinho, não marcou. Desde 1998 a Lusa não se classifica para a fase final e até já esteve na segunda divisão. Não foi desta vez.

Com isso, os jogos são:
Palmeiras x Santos
São Paulo x Corinthians

Rebaixados
No lado de baixo da tabela, a região central do estado perdeu seus representantes. Guaratinguetá, Marília, Guarani e Noroeste caíram. Menos viagens pela Castelo Branco, Dutra e Anhanguera. O time do Vale do Paraíba foi o primeiro colocado na edição de 2008 do campeonato. O Marília cai na segunda competição seguida, já que ficou em décimo sétimo na Série B do ano passado. O Guarani, depois de subir para a série B, cai agora no estadual. O Noroeste manteve a fama de ioiô e caiu, depois de quatro temporadas.

Campeão do interior
Se alguém souber como se organizam os candidatos a campeão do interior, aceito ajuda.

Liderança conquistada com susto

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O Palmeiras manteve a liderança da primeira fase do campeonato paulista ao vencer o Botafogo de Ribeirão Preto, de virada. Depois de passar para o segundo tempo atrás no marcador, foi necessário jogar durante quinze minutos para virar a partida.

Os visitantes saíram na frente em uma falha do goleiro Bruno. O lateral Betão percebeu o arqueiro alviverde adiantado e mandou por cobertura. O golaço parecia ser a continuação da queda de produtividade do time que não vencia há três rodadas.

No segundo tempo, Ortigoza entrou no lugar do improdutivo Lenny. Aos 13, o paraguaio aproveita uma enfiada de bola e faz um belo gol. Dois minutos depois, aos 15, a virada com Diego Souza, em bela jogada.

Não se pode dizer que a partida tenha sido fácil com só um percauço, nem uma péssima apresentação. O time foi bem, principalmente no segundo tempo. Mas um apagão desses na quarta-feira e mesmo na fase final é muito menos reversível. A liderança significa que, se não perder mais no campeonato, o bicampeonato fica garantido. Mas é só clássico pela frente para todo mundo.

sábado, abril 04, 2009

Para Walt Disney, samba vinha da cachaça

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Para Walt Disney – ou pelo menos para seu roteirista – o samba flui a partir da cachaça. Isso fica evidente em dois dos episódios de Zé Carioca, o personagem brasileiro criado nos anos 40 por um dos maiores representantes da indústria cultural estadunidense. Em ambos, o pássado é ladeado por Pato Donald. E ambos são do período da política de boa vizinhança com a América Latina.

Muita gente já escreveu sobre a influência de Disney na evolução do americanismo a partir da década de 30 na América Latina. A mais antiestados unidos delas é Para ler o Pato Donald, de Ariel Dorfman e Armand Mattelart. Tudo bem que uma parte da análise diz respeito aos padrões de família não convencional, em que não existem pais, mas apenas tios e sobrinhos... Mas faltou atribuir à cachaça a centralidade que Disney atribuiu. Ou que pelo menos eu vi.

Da cachaça pinta o samba
No primeiro, parte de "Alô, amigos", de 1942, lá pelos cinco minutos e, Zé Carioca leva o amigo pato para o Cachaça, um bar para tomar uminha. A danada está mais para rum, porque é vermelha, mas deixa o botafoguense Pato Donald acabado, bêbado de soluçar ("assim não é samba", avisa o Carioca ao sacar uma caixa de fósforo para completar o ritmo brasileiro).

Então, surge um pincel que acompanhou o episódio desde o início. Ele é mergulhado na garrafa de mé, e sai a desenhar os instrumentos musicais que produzem o samba. O chocalho, o pandeiro, a cuica... Olhe só:



Ficou alguma dúvida? Alguém já pensou o Donald dançando nessa intimidade toda com a Margarida?

Mas melhora.

Caipirinha também dá samba
O segundo desenho, de 1948, consegue parecer ainda mais sob efeitos de entorpecentes pesados. Em "A culpa é do o samba", a mesma dupla está acabada (de ressaca?) e recebe de um garçom-galo o "estímulo" do samba para acordar do estado de zumbi.

Depois de literalmente balançar o quadril em partituras musicais, o galo prepara uma caipirinha gigante que, mais do que servida aos protagonistas, tem neles parte de seus ingredientes. Devidamente preparado o copo da bebida verde, todos três terminam mergulhados numa viagem alucinógena com a participação da organista estadunidense Ethel Smith, que tocava com Carmem Miranda. Existe algum instrumento mais afeito ao samba-no-pé do que o órgão? Só vendo.



A história em detalhes é mais bem contada por aqui.

sexta-feira, abril 03, 2009

A piña colada e a manguaça intrínseca

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Essa é para mostras que generalizações e preconceitos (ou pré-conceitos) não são necessariamente do mal e podem render ótimas histórias. E também para reafirmar que a manguaça está no sangue, não importa a concentração alcoólica no corpo.

Aqui em Londres eu trabalho como garçonete em um restaurante que também tem um bar. Ou seja, se o cliente quiser só tomar uma, e não comer, não tem problema. Estava eu trabalhando numa tarde, horário em que não há barman, quando entram um homem e duas mulheres perguntando se podiam só beber. Claro, como não?

As pessoas estavam felizes e já chegaram conversando. O cara, que depois descobri ser italiano, me disse que as duas mulheres estavam loucas por uma piña colada, mas estavam tomando antibióticos, e ele estava tentando convencê-las a não beber.

Eu disse que tudo bem, imagina, o máximo que ia acontecer era cortar o efeito do remédio, mas elas não iam passar mal. Conversa pra vender, verdade, mas argumento de manguaça. Bom, eu estava preparando o drinque o e cara me perguntou o que eu tinha de não-alcoólico, já que ele não bebia. Eu apontei para os copos e disse que tínhamos piña colada sem álcool. Só que ele entendeu que eu achava aquele drink tão fraco que era praticamente sem álcool.

Aí ele olhou bem pra mim - eu, branquela de cabelos vermelhos, a pessoa que no ranking das adivinhações aqui em Londres é polonesa disparado - e disse:

- Não é possível, falando desse jeito de álcool você deve ser brasileira.

Quase caí pra trás. NUNCA alguém tinha adivinhado a minha nacionalidade. Mesmo brasileiros que vão ao restaurante e me ouvem falando inglês não conseguem perceber o sotaque e saber que eu sou brasileira. Até ele riu quando eu disse que eu era brasileira mesmo.

Vendo a minha surpresa - foram alguns minutos com os olhos arregalados - ele explicou que tem um grande amigo, brasileiro, que fala de álcool exatamente do mesmo jeito que eu falei. As duas mulheres também não acreditaram, porque jamais diriam que eu sou brasileira.

Claro que isso me levou a divagações 'antropológicas'. Será que os brasileiros são mesmo liberais desse tanto com álcool? A ponto de eu ser reconhecida como manguaça mesmo estando na Inglaterra, reconhecidamente uma terra de bêbados? Ou o fato do cara conhecer dois brasileiros manguaças não passou de coincidência? Preciso de ajuda dos meu companheiros manguaças para reponder a esses questionamentos tão profundos.