Destaques

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Rio Branco 0 X Santos 4 - uma goleada mais que simbólica

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Se a vitória do Santos por 4 a 0 contra o Rio Branco é para ser vista com algumas reservas, dada a fragilidade do adversário, é sempre bom estrear com goleada. Ainda mais analisando o contexto, um time com uma dupla de zaga nova, com dois atletas retornando de empréstimo e, acima de tudo, um grupo tentando apagar a péssima imagem do ano passado quando, das dez últimas partidas, venceu apenas duas no Brasileirão. No entanto, a partida de ontem no Pacaembu foi carregada de simbolismos, com algumas cenas que permitem ao santista vislumbrar um futuro melhor e esquecer os últimos trágicos dois anos.

Se o Rio Branco poderia oferecer alguma dificuldade com sua forte marcação, Paulo Henrique Ganso, em uma finalização pra lá de feliz, facilitou tudo logo aos 2 minutos de jogo. Aos 19, André passou para Ganso, que cruzou para Neymar fazer. Um trio de garotos que, junto com Wesley, se movimentou o tempo todo sem a bola, abrindo espaços importantes na defesa adversária.

Ali, a toalha já estava jogada e o Rio Branco pouco assustava. Após o intervalo, o torcedor se agitava, menos por conta da partida e mais para ver o retorno de Giovanni, impaciente no banco. Quando Dorival Júnior pediu para os reservas se aqueceram, a agitação tomou o Pacaembu. Que lembrou, aliás, outra partida, contra o Oeste de Itápolis. Na ocasião, todos que estavam no estádio olhavam para o banco, esperando a hora que Mancini fosse colocar o garoto Neymar para fazer sua estreia como profissional. Agora, não era a vez do aluno, mas sim do professor.



Aos 13, o técnico o chama. Ele entra aos 15 e precisa de cinco minutos para mostrar a que veio. Domina a bola, dá dois toques nela no ar e vê a chegada de Ganso na área. Aliás, o garoto que ele mesmo indicou para o Santos. Toca na medida e sai o terceiro gol.

O jovem artilheiro se vira e aponta para o eterno dez, agradecido pelo presente. O veterano, emocionado, é abraçado por todos os jogadores. Dentre eles, um feliz Roberto Brum que, assim como Giovanni, também havia sido expurgado por um técnico vaidoso e autoritário que acredita no velho lema do “dividir para reinar”, expulsando do elenco qualquer um que tenha ascendência sobre os jogadores.

E é a cena da comemoração do terceiro gol, mais do que o gol em si, que fica na memória. Retrata um grupo unido, comprometido, e feliz. Ao contrário do cenário de desolação que se arrastou durante muito tempo na Vila Belmiro, culminando com a derrota para o Cruzeiro na Vila. É cedo para falar, mas hoje ao menos o torcedor do Santos pode ter esperança. Algo importante porque, há pouco tempo, até isso lhe era negado.

*****

Embora o jogo tenha sido fácil, mais ainda com a expulsão do zagueiro Kléber, aos 11 do segundo tempo, é possível avaliar algumas deficiências e virtudes do time na estreia. Se Brum fez bem o papel de volante à frente da zaga, Rodrigo Mancha, na função de segundo homem de marcação no meio, foi lento em alguns lances e faltoso de forma desnecessária em outros. Pará também não tem condições de ser titular do time, algo que já havia ficado patente em 2009. Se Léo não tiver condições físicas para suportar toda a temporada, a lateral-esquerda precisará de mais um reforço.

domingo, janeiro 17, 2010

Palmeiras 5 a 1 sobre o Mogi. Importante goleada na estreia

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Foi por 5 a 1 a goleada de estreia do Palmeiras no Campeonato Paulista 2010. Diante do Mogi Mirim, o alviverde demorou trinta minutos para abrir o placar, mas garantiu um marcador elástico com bom toque de bola e disposição.

Ótimo.



A rigor, a importância do resultado é mais para registrar que o time pode ser bom, apesar do final reticente do ano passado, do que de projetar os feitos para 2010. Por isso acho que o futebol mostrado e o placar alcançado eram obrigações, resposta a muita crítica engatilhada da torcida e da mídia.

Diego Souza, como jogador de frente, foi o autor de dois gols, mas Cleiton Xavier também se destacou, marcando um de pênalti e cruzando ou chutando ao gol em outros dois (o de Léo e de Robert).

Apenas três estreias foram promovidas. Léo na zaga e Márcio Araújo, no meio, não chegaram a ser testados pelo ataque do Sapo, mas fizeram boas partidas. O zagueiro fez seu gol, mas falhou no tento mogiano, conferido por Geovane. William, como meia, rendeu menos e deu lugar a Deyvid Sacconi, mas não se pode avaliar nenhum dos jogadores por uma partida.

O mesmo vale para o time. Muricy Ramalho segue reclamando mais reforços, mesmo sem ter a Libertadores da América pela frente, apenas a Copa do Brasil e o estadual no primeiro semestre. Ainda prefiro Diego Souza no ataque do que no meio, porque ele e o time rendem mais. Mas faltam ainda uns reservas, gente no ataque e opção para se variar taticamente.

O ano vai ser longo, isso todo palmeirense sabia. Espero que seja, também, bom como a estreia.

sábado, janeiro 16, 2010

Olhar dos Pampas - Quem disse que gaúcho não entende de cerveja?

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LETICIA PEREZ*

É isso mesmo, quem disse que gaúcho não entende de cerveja?

Afinal, propaganda de cerveja só dá carioca, gente na praia ou os paulistas fazendo “happy hour” no bar. Como estratégia de marketing de massa, até vai, afinal a TV sempre tentar homogenizar o país e ainda temos marqueteiros que pensam o eixo Rio-SP, como o centro do país, composto por consumidores alvoraçados...

Mas, aqui no Rio Grande do Sul as coisas são diferentes. Nem tudo o que funciona lá dá certo aqui.

Como é minha estreia no Futepoca, a minha dica fica para a cerveja viva chamada Coruja. Esta cerveja tem uma história peculiar (como diria minha avó). Um dia um carinha, estudante de arquitetura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS ) resolveu produzir cerveja no apartamento, exatamente no centro de POA.

O Mika, dono da fábrica, é um alemãozão daqueles que só se encontra aqui no sul. Seu avô era cervejeiro da Bohemia e ensinou ao neto como se fazia uma boa cerveja. E não é que o guri aprendeu!?

Uma cerveja artesanal não-pasteurizada, feita com lúpulo, fermento, água e três vezes mais malte de cevada... De tanto ver os amigos tomar a sua deliciosa cerveja em casa e de graça, decidiu “se juntar” (como se diz nas barrancas do Uruguai) com outro amigo e pimba: foi criada a Coruja.

Ouvi do próprio Mika a história, um dia, sentada num murinho no Cais do Porto em Porto Alegre.

A Coruja cresceu e hoje é praticamente uma holding, com bar na Cidade Baixa, chopp em vários lugares e uma distribuição bem bacana para venda. Ela é cheirosa, encorpada, deliciosa. E com uma proposta visual tuuuudo de bom. A garrafa remete a um frasco de remédio antigo, um charme. E, se vale o trocadilho, é um bálsamo!



*Leticia Perez é gaúcha tricolor, historiadora, passou pelo jornalismo e trabalha com comunicação e marketing. Além de: Taurina, louca por pizza e interessada em cachaças de todos os tipos e claro no futebol e na politica e na própria maldita. Escreve no Futepoca regularmente na coluna: Olhar dos Pampas

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Com gastroenterite, Lucia Hippolito acusa "patrulha da lama"

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Dois dias depois de uma inserção meio trágica em sua coluna "Por dentro da política", a cientista política Lucia Hippolito respondeu, em seu blogue, o que aconteceu na noite de quarta-feira, 13. Após ter seu momento Vanusa e Fernando Vanucci por não dizer coisa com coisa, a comentarista acusa as críticas e seus autores de "patrulha da lama".

Tudo não passou de um erro, admite, mas cuja explicação é "muito mais prosaica do que do que as interpretações mirabolantes que possam circular por aí".

Segundo o post, desde 10 de janeiro, uma gastroenterite a aflige. "Melhoro um dia, pioro no outro, e ninguém encontra uma causa plausível", lamenta. "No dia 13, quarta-feira, errei ao entrar no ar. Estava com muitas cólicas e, na hora de falar, tive uma cólica lancinante. Não conseguia controlar a dor."

Ela diz naõ ter ideia do que falou e diz que "preferimos" cortar a ligação. Na verdade, quem decidiu por isso, aparentemente, foi o apresentador Roberto Nonato. a não ser que houvesse outra forma de comunicação dela com a redação.

"Na hora em que larguei o telefone e corri para vocês-sabem-onde", completa. Espero que "vocês-sabem-onde" não tenha telefones piscando.

Além de agradecer a seus leitores que a apoiaram, ela disparou contra os críticos. "Obrigada de coração pelo carinho de vocês. Vocês são dez! O resto é a patrulha da lama em ação."

"Obrigada pelo carinho", com a resposta aos malvados como o Futepoca, está no Por dentro do Blog.

Esclarecido.

Deu a louca no Ricardo Gomes?

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Duas coisas me chamaram a atenção no noticiário sobre o São Paulo nesta semana: primeiro que o time titular está treinando com dois zagueiros, André Dias e Miranda, depois de cinco anos no esquema 3-5-2 (instituído por Emerson Leão em 2004). Segundo que o time está tentando o retorno de Cicinho para a lateral-direita, sob a justificativa de que o volante Jean está jogando improvisado e González seria deficiente na marcação. Ué, será que o Cicinho, alguma vez na vida, foi especialista em marcação? E ainda por cima sem a proteção de três zagueiros? Vai entender o Ricardo Gomes...

Exceções

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O Paulistão deste ano começa neste final de semana com a pecha de "campeonato de veteranos". Roberto Carlos veio para o Corinthians aos 36 anos, Marcelinho Paraíba retornou ao São Paulo aos 34, Giovanni passa pela terceira vez pelo Santos às vésperas de completar 38 e Juninho Paulista decide reforçar o próprio time que dirige, o Ituano, aos 36 - entre outros casos que devo estar esquecendo de mencionar (Luizão, Amoroso, Cafu etc). Mas há dois casos diferenciados entre os "vovôs". São atletas que, ao contrário dos outros veteranos, nunca abandonaram seus clubes, não foram jogar na Europa e não estão voltando apenas no fim da carreira. Óbvio que estou falando dos goleiros Marcos, do Palmeiras, e Rogério Ceni, do São Paulo (foto), que completam 37 anos em 2010. E com recordes para ficar na história.

Logo na estreia contra o Mogi Mirim, Marcos vai completar 470 jogos pelo Palmeiras. Assim, ficará muito perto de superar o ponta Edu (472 jogos) e o volante Galeano (474) para se tornar o décimo jogador com mais partidas pelo clube. Bem distante do recordista Ademir da Guia (901 jogos), mas só por causa de suas seguidas contusões, pois poderia ter, no mínimo, o dobro de partidas. De qualquer forma, em tempos em que os jogadores mal conseguem passar duas ou três temporadas no mesmo clube, a perenidade de Marcos é um fato raro. Assim como a de Rogério Ceni, que chegará a 874 jogos com a camisa do São Paulo contra a Portuguesa, no domingo. Ele é o recordista absoluto do clube, bem a frente do segundo colocado, o também goleiro Waldir Peres, que jogou 617 vezes pelo Tricolor. Vejam as listas:

Palmeiras
1º - Ademir da Guia - 901 partidas
2º - Emerson Leão - 617
3º - Dudu - 609
4º - Waldemar Fiúme - 603
5º - Waldemar Carabina - 601
6º - Luís Pereira - 568
7º - Djalma Santos - 498
8º - Nei - 488
9º - Valdir de Morais - 482
10º - Galeano - 474

São Paulo
1º - Rogério Ceni - 873 partidas
2º - Waldir Peres - 617
3º - Poy - 565
4º - De Sordi - 536
5º - Roberto Dias - 523
6º - Teixeirinha - 516
7º - Terto - 498
8º - Mauro Ramos - 492
9º - Gino - 447
- Nelsinho- 447


Obs.: Curioso que Leão e Waldir Peres, ambos goleiros, amigos e rivais (como Marcos e Ceni), tenham feito o mesmo número de jogos por Palmeiras e São Paulo, respectivamente, ocupando a vice-liderança nos dois casos.

Há 25 anos, Tancredo era eleito presidente

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Eu tinha acabado de completar 11 anos e meu pai era malufista. Estava possesso, pois, na tela da TV naquele 15 de janeiro de 1985, a votação indireta para a presidência da República via Colégio Eleitoral, em Brasília, caminhava a passos largos para a derrota de Paulo Maluf. Não deu outra: às 11h35, o deputado João Cunha (PMDB-SP) deu a Tancredo Neves o voto número 344, suficiente para garantir sua eleição. No total, o mineiro obteve 480 votos (69% do Colégio) contra 180 (26%) de Maluf. Nove delegados não apareceram - cinco do PT, dois do PMDB, o senador Amaral Peixoto (PDS) e Jiúlio Caruso (PDT). E 17 se abstiveram, entre eles o líder do PDS na Câmara, Nélson Marchezan, vaiado e acusado de traidor pelos malufistas. Meu pai também o xingava bastante. Eu mal entendia o que acontecia.

Em contraste com a festa da "democracia" e do "fim" da ditadura militar, uma tragédia: naquela data, 93 pessoas haviam morrido de madrugada na favela do Tabuazeiro, em Vitória (ES), em um deslizamento de terra provocado pelas fortes chuvas (como se vê, desastres desse tipo são recorrentes nos verões brasileiros). Tancredo (na foto acima, ao centro), em seu discurso, garantiu: "Esta foi a última eleição indireta do País". De fato, foi. Mas ele não viveria para ver. Paulo Maluf, por sua vez, se proclamou "vitorioso", por entender que sua candidatura "garantiu o processo político".

Depois de tudo isso, veio a posse do vice-presidente José Sarney em março, no lugar de um agonizante Tancredo, vítima de diverticulite (pergunta que não quer calar: se o presidente não tomou posse, seu vice existe legalmente?). E depois de longo calvário, transformado em novela mexicana, morreu. Coincidentemente, no feriado de 21 de abril. Mas essa já é outra história...

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Lucia Hippolito tem seu momento de Fernando Vanucci

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A comentarista de política da CBN, Lucia Hippolito, em sua inserção no quadro "Por dentro da política" de quarta-feira, 13, teve de ser interrompida pelo apresentador Roberto Nonato. Supostamente por problemas no telefone – que estava "piscando", segundo Hippolito – a voz da analista parecia de uma pessoa embriagada. Foi seu momento Fernando Vanucci ou Vanusa. A sugestão veio de um leitor do Futepoca.

Ela comentava a terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), alvo de polêmica entre o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi. Uma nova versão do decreto foi definida na quarta em reunião entre os ministros, suprimindo algumas expressões e destacando o caráter de diretriz e não de lei. Mas a cientista política mal consegue encadear as palavras.

– Olha, Lolito (sic), eu, eu particularmente, acho uma coisa muito complicada. Acho que o presidente cometeu um erro político, no sentido de cometer um monte de... de... de... de erros... de criar um monte de empresas, de brigas nesse problema. Agora, eu acho o seguinte: desse ponto de vista exclusivo das... das... das, ele não... dos direitos humanos, do ponto de vista dos direitos humanos... eu vou dizer uma coisa a você...

– Ô Lúcia, a gente vai tentar refazer o contato para voltar daqui a pouco em melhores condições

– É, esse... o telefone tá piscando, tá cortando a linha...

Aí o volume da voz da comentarista vai baixando e ela sai do ar.



No site da CBN, o último comentário é de quarta-feira, 13. Nada para hoje.

Em 2006, depois da final da Copa de 2006, na Alemanha, quando a Itália se sagrou campeã, o apresentador Fernando Vanucci foi ao ar, na Rede TV!, claramente alterado, dizendo que "a África do Sul também não é tão longe, é logo ali". Ele enrolava a língua e parecia pior do que muito bêbado que chama o "adevogado". Ele alegou que estava sob efeitos de calmantes e até brincou com isso depois.

Outra que teve seu momento de celebridade manguaça foi a cantora Vanusa. Ela foi à Assembleia Legislativa de São Paulo cantar o hino nacional e pagou um mico, trocando a letra e tudo mais. Os calmantes também foram apontados como culpados.

Mais Lucia Hippolito aqui e aqui.

Atualização, sexta-feira, 15, 16h30:
Com gastroenterite, Lucia Hippolito acusa "patrulha da lama"

Tipos de cerveja 44 - As Smoked (ou 'defumadas')

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As Smoked clássicas são provenientes de Bamberg, na Alemanha. São feitas usando malte previamente defumado, o que dá as cervejas um gosto muito distinto. Esta técnica é usada também para a produção de outros tipos de cerveja, como algumas Scotch Ales e Porters. Porém, o estilo que com mais se assemelha a ele talvez seja o das Rauchbier, que também utiliza malte defumado e que é igualmente de Bamberg. Para experimentar: Alaskan Smoked Porter, Aecht Schlenkerla Fastenbier e Bièropholie Calumet (foto).

Domingos eterno!

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Ontem pela manhã, durante o clássico lusitano entre Portuguesa e Portuguesa Santista, jogo-treino disputado em Mogi das Cruzes, o zagueiro Domingos (ex-Santos e agora no time do Canindé) deu uma entrada violenta no centroavante Caconde (ex-Clube Atlético Taquaritinga e agora no time praiano), provocando um tremendo quebra-pau, que encerrou o "amistoso" ainda no primeiro tempo. Questionado sobre o pugilato, Domingos esquivou-se: "Quero paz em 2010". Imagine se quisesse guerra...

Domingos (à esquerda), em pose de pugilismo, parte pra cima de Caconde

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Planejamento, gestão e eficiência

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Materinha muito esclarecedora do site Brasília Confidencial, publicada no dia 4, escancara o que a imprensa paulistana - e grande parte da nacional - tenta esconder de todo jeito: as trágicas enchentes no estado de São Paulo tem responsável com nome e sobrenome, José Serra. Desde o início de dezembro, ele cortou em 20,4% os recursos para combater as enchentes em 2010, segundo análise do economista Eduardo Marques, do Transparência São Paulo. A previsão de Serra é cortar R$ 52 milhões. De acordo com Marques, além de prever menos recursos para 2010 em relação a 2009, o tucano impediu que a Assembléia Legislativa corrigisse estes problemas com emendas ao orçamento. Em números, o governo paulista previu R$ 252,2 milhões em 2009 para combater enchentes, mas destinará apenas R$ 200,6 milhões em 2010.

Segundo o Brasília Confidencial, os principais cortes de recursos foram para as ações de limpeza e conservação de corpos d´água (desassoreamento dos rios e canais), na manutenção, operação e implantação de estruturas hidráulicas e nas obras complementares na bacia do Alto Tietê. Foram retirados do canal do rio Tietê em 2009 cerca de 400 mil metros cúbicos de sedimentos, segundo o governo do estado. No entanto, especialistas têm avaliado que seria necessária a retirada de pelo menos um milhão de metros cúbicos por ano. Outros números do orçamento público revelam que em 2009 o Estado pretendia retirar 2,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos com R$ 4,4 milhões. Não cumpriu nem 10% da meta, nem justificou o gasto. Pior: em 2010, o Estado pretende retirar quase a mesma quantidade de sedimentos com apenas R$ 1,5 milhão. Mágica? Ah, mais essa: não há registros sobre serviços de desassoreamento em 2006, 2007 e 2008...

"Sem dúvida nenhuma, estes valores apontam para as verdadeiras causas das últimas enchentes na marginal do Tietê, bem como do agravamento das inundações de bairros inteiros na cidade de São Paulo", arremata o economista Eduardo Marques. Planejamento, gestão e eficiência. Esse é o forte do PSDB. José Serra merece um prêmio: nenhum voto em 2010.

"Alguém sabe por onde andam os militares?"

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A indicação foi feita pelo Twitter do Vi o Mundo. O comentarista José Nêumane Pinto, conhecido pelas suas posições conservadoras, resolveu palpitar sobre a terceira versão do Plano Nacional dos Direitos Humanos, que a grande mídia tem vendido como se fosse uma "reforma constitucional" feita por decreto. Asneira da grossa e que só faz sentido em um ano eleitoral, reverberada por uma fatia da imprensa comercial que parece ter perdido qualquer prurido em mentir.

O plano estabelece diretrizes para se fomentar uma cultura de respeito aos direitos humanos e teve outras duas edições lançadas durante o governo FHC. Tais diretrizes estão aí para serem discutidas pelas instituições e pela própria sociedade, não vão se tornar legislação com um passe de mágica. O ídolo futepoquense Cláudio Lembo, que está longe de ser de esquerda, já deu a dica: vá à fonte, leia o Plano ou confira os pontos que a mídia tem repercutido com o texto.

Abaixo, a inspiração pouco democrática de Nêumane Pinto. Triste sinal.

Som na caixa, manguaça! - Volume 47

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CHICLETE DE HORTELÃ
(Composição: Zeca Pagodinho)

Mussum

Eu já mandei pedir à Odete
Para me mandar
Um chiclete de hortelã
Para tirar
Esse cheiro de aguardente
De romã do Ceará
Já cansei de implorar à minha irmã
Prá me mandar um chiclete de hortelã

Ela foi para bahia
Terra do balangandã
E numa casa de santo
Foi comprar um talismã
Que dizia ter encantos
Quebrava os quebrantos
E era de Iansã
E eu só pedi prá me comprar
Um chiclete de hortelã

Quando vem raiando o dia
Meditando em seu divã
Só penso na carestia
Que aumenta a cada manhã
Oh, meu Deus, que bom sereia
Se eu comprasse alcatra ou chã
Mas o dinheiro já nem dá
Pro chiclete de hortelã

Nos meus tempos de infância
Todo dia de amanhã
O bom velhinho do doce
Que de criança era fã
Tem cocada, mariola
Bala e doce de maçã
Olha aí

Quem quer comprar
Um chiclete de hortelã
O meu time vai domingo
Jogar no maracanã
Vou festejar a vitória
Com a torcida campeã
Se quando eu chegar em casa
Não estiver de cuca sã
Prá disfarçar eu vou mascar
Um chiclete de hortelã

(Do LP "Mussum - Água Benta", 1978) - baixe aqui

Queria ser mais otimista

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Por Moriti Neto

Esperei ao máximo para escrever este post na esperança de ter notícias mais alentadoras. Só que o São Paulo, que se reapresentou oficialmente na última quinta-feira, dia 7, não passou do “pacotão” de seis reforços previstos para a temporada 2010.

No final das contas, acabei escrevendo o texto num calor de lascar e, por motivos, digamos, tristes e que violam as condições objetivas das quais necessitam um manguaça para estar mínima e momentaneamente satisfeito, a sede já extrapolava. Talvez isso justifique o pessimismo abaixo.

Chegaram Marcelinho Paraíba, Carlinhos Paraíba, Fernandinho, Xandão, Léo Lima e André Luis. Entre os que deixaram o clube, maior destaque para Borges e Hugo, que participaram das vitoriosas campanhas nos nacionais de 2007 e 2008. Ambos vão defender o Grêmio.

Dos contratados, pode-se dizer que o time ganha uma opção interessante no meio. Marcelinho Paraíba, aos 34 anos, ainda é bom. Chuta, dribla e passa com qualidade. Porém não é o tão esperado armador (se é que isso ainda existe) que a torcida há tanto reivindica. Está mais para um ponta de lança, jogando próximo aos atacantes e buscando a tabela e a chegada para finalizar.

Sobre o zagueiro André Luis, é de doer tecer análises. É fraco tecnicamente e de cabeça. Já arrumou confusões de tudo que é tipo, até cartão para árbitro – na Copa Sul Americana – deu. Exatamente por isso, está suspenso por seis partidas em competições internacionais. Ou seja, fica fora da primeira fase da Libertadores. Na mesma toada, o meia atacante Fernandinho, eleito a revelação do último Brasileirão, chega com uma fratura no pé, fará cirurgia e ficará dois meses sem atuar. Bem, ainda que a ausência do zagueiro possa ser um “reforço”, não dá pra conceber uma diretoria que se gaba do suposto “planejamento diferenciado”, contratando dois atletas com os quais não vai contar por tempo razoável na competição mais importante do primeiro semestre. Ao menos se fossem dois craques...

Dos outros reforços, pouco a dizer. Para a zaga, Xandão, assim como André Luis e Fernandinho, veio do Barueri, time de aluguel e sem expressão. Pouco vi jogar. O volante Carlinhos Paraíba, junto com o “xará” Marcelinho, veio do Coritiba, rebaixado no campeonato nacional. Sobre Léo Lima, somente digo que seu empresário é um cara muito bem relacionado.

E os garotos?

Das revelações da base tricolor, seguidos imbróglios nos últimos dias. Primeiro foi o meia Oscar, considerado uma grande promessa no clube, quem saiu reclamando direitos trabalhistas. E mais dois casos foram na mesma esteira. O lateral esquerdo Diogo e o atacante Lucas Piazon, de apenas 15 anos, também recorreram à Justiça do Trabalho.

A diretoria alega que os jovens são aliciados por empresários, mas uma mensagem, no mínimo estranha, do dirigente Marco Aurélio Cunha, gravada na caixa postal do celular de Oscar, lembra cenas do “Poderoso Chefão”: "Oscar, você sabe o quanto gosto de você. Acho que esse caminho é horrível. Foi um erro estratégico imenso, e espero que você não tenha permitido. Com certeza, sua vida vai ficar difícil porque seus argumentos são ruins e a força jurídica do São Paulo é muito grande. Me liga, meu filho, para eu te orientar, eu não quero passar o que você vai passar", falou o cartola.

Não é preciso ser gênio para saber que há algo de muito podre nos negócios do futebol. O jornalista Marcello Lima, da Rádio Jovem Pan, em seu Twitter, observou que o agente de Oscar, Giuliano Bertolucci, ligou para um dirigente do São Paulo pedindo 30% dos direitos do jovem atleta em troca da retirada da ação. Ou seja, com a conduta dos dois lados, constata-se que escrotidão pouca é bobagem.

Perspectivas para o comportamento do time em campo? Com a média dos reforços, mais o nível de “planejamento” e os problemas na base, Ricardo Gomes deverá sofrer bastante para montar uma equipe que crie alternativas de jogo e mude o estilo – que funcionou bem por três anos, mas que está manjado pelos adversários – e leve algum título para o Morumbi.

Ah, mas tem tal e tal possibilidade... Detesto especulações de contratações. Não sou dos que passam algum tempo imaginando (embora já o tenha feito quando mais jovem, a idade diminuiu minha criatividade nesse sentido) “como ficará meu time com fulano ou sicrano?” (embora já o tenha feito quando mais jovem, a idade diminuiu minha criatividade nesse sentido).

Então, se o Tricolor contratar melhor – e eu espero que o faça – comento de novo e quem sabe termino um texto de forma mais positiva e, quem sabe, menos sedento.

terça-feira, janeiro 12, 2010

Sobre o Grêmio Prudentino

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A notícia não é nova, mas como não havia sido repercutida aqui no Futepoca, acredito que ainda caiba destaque: o Grêmio Recreativo Barueri, que em 2009 disputou a elite de Campeonato Paulista e Campeonato Brasileiro (obtendo a vaga na Copa Sul-Americana 2010) mandará seus jogos pelo Paulistão deste ano em Presidente Prudente, no interior paulista, bem distante de Barueri. É o primeiro passo de um processo que, até segunda ordem, culminará na transferência definitiva do clube para Presidente Prudente e na mudança de nome da equipe - que deverá ser rebatizada para Grêmio Prudentino.

O motivo da alteração é um quebra-pau entre os administradores do clube e a administração da cidade de Barueri. O clube sempre recebeu apoio confesso da prefeitura local e, com ele, teve ascensão meteórica no futebol local - basta lembrar que no não tão distante assim 2005 fazia festa pelo título da terceira divisão paulista. A situação começou a se estremecer quando, em 2008, o GRB se transformou em clube-empresa (passando a adotar o sufixo LTDA em seu nome oficial), à revelia do que queria a prefeitura.

Em dezembro, então, se deu o racha definitivo: o clube fazia exigências para permanecer na cidade, e a prefeitura respondia que elas seriam atendidas caso "o clube fosse devolvido à população de Barueri" - ou seja, para debaixo da asa da administração municipal.

Já no final do ano passado, ainda pelo Brasileirão, o Barueri mandou seu jogo final (contra o Atlético-PR) em Presidente Prudente e agora no começo desse ano anunciou sua transferência para lá, ao menos durante o Paulista.

A medida tem sido recebida com repulsa pela maioria das pessoas, ao menos as com quem converso. O Barueri, digamos a verdade, nunca foi visto com olhos muito entusiasmado. Não tem torcida, não tem tradição, contava com o sempre contestável apoio do poder público e tira da elite uma vaga que poderia ser ocupada por Bahia, Ponte Preta, Santa Cruz ou qualquer outra equipe mais tradicional no futebol nacional.

Para muitos, a mudança de cidade do clube é a "cereja do bolo" da deteriorização do futebol brasileiro representada pelo Barueri - um cenário no qual o domínio da bola fica na mão de empresários comprometidos apenas com seus interesses financeiros.

Não chego a discordar de tudo isso. E confesso achar meio sem-graça o Barueri na primeira divisão do futebol nacional. Mas, justamente por isso, sou dos poucos que vê a ida a Presidente Prudente como uma boa notícia.

Prudente é uma cidade grande, importante mas distante pra caramba de qualquer outra que tenha um time na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Sua população, por incompetência dos clubes locais (e todos aqueles fatores estruturais de sempre), está impossibilitada de ver no estádio um jogo da elite nacional. Bem diferente do que ocorre com os moradores de Barueri - próximos de São Paulo, Santos e até mesmo Campinas.

Já que há um time como o Barueri na primeira divisão, que ele sirva ao menos para que a população de uma importante região do estado tenha bom futebol perto de casa. Porque a Grande São Paulo já é bem provida disso.

Pérolas do Enem

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Uma amiga me encaminha uma lista com pérolas encontradas em provas do Enem. O tema da redação foi "Aquecimento global". Difícil comprovar a autenticidade, mas, mesmo assim, pincei meia-dúzia para comentar entre uma cerveja e outra:

"A floresta amazônica não pode ser destruída por pessoas não autorizadas".

"Tem empresas que contribui para a realização de árvores renováveis".

"A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos governantes".

"A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e aumentarem seu número respirando um ar mais limpo".

"O que vamos deixar para nossos antecedentes?".

"A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu".

Coca Colla

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, está apoiando a criação de um refrigerante energizante à base de folha de coca, a Coca Colla, uma iniciativa de produtores do Chapare, região central da Bolívia. O nome não é apenas referência ao famoso refrigerante estadunidense, mas também faz um trocadilho com a palavra "Colla", que se usa para designar os índios do altiplano. 

Há alguns anos fui fazer uma reportagem sobre a coca na região do Chapare, na Amazônia Boliviana, e me deparei com uma população indígena extremamente pobre, que sobrevive graças e unicamente a plantação de coca. É bom lembrar que a folha de coca se masca há mais de 3 mil anos numa região que vai desde o norte da Argentina até o mar do Caribe na Colômbia. 


Na época, existia um plano de substituição de cultivo impulsionado pelo governo americano, que não funcionou. Os indígenas que plantaram palmito, abacaxi ou banana, não tinham onde vender nem como transportar o produto para os grandes centros. Segundo o Ombudsman da região, um médico de Cochabanba, o interesse americano ia além da intenção de reduzir o plantio da coca, que nunca aconteceu. Laboratórios americanos aproveitaram a planta na indústria cosmética e farmacêutica e mantinham desta maneira o controle na região amazônica dos países andinos, rica em biodiversidade e recursos naturais. 


Portanto, acho que Evo esta certo, primeiro em valorizar um costume ancestral defendendo um rasgo cultural importantíssimo de nossos povos originários e, segundo, por tomar conta de uma área estratégica que está nas mãos do exército americano desde que se implantou o plano "Coca Cero" na região andina.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Brasília dá novo exemplo do quanto é limitada nossa democracia

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Foto: Roosewelt Pinheiro/Abr

Enquanto o Plano Nacional de Direitos Humanos é cenário de mais uma batalha entre os fantasmas da ditadura militar e os setores a favor da consolidação da democracia brasileira, a esvaziada capital federal dá mais uma prova do quanto é limitado o nosso senso republicano.

Nesta segunda-feira, a Câmara Legislativa do Distrito Federal retorna aos seus trabalhos e, como boas vindas, receberão mais uma manifestação contra a corrupção e a favor do afastamento de todos os envolvidos no mais recente episódio de maracutaia na política nacional. Em resposta, a imprensa e a população foram proibidas de entrar na Câmara.

E quem deu a ordem de proibição? Leonardo Prudente (ex-DEM), estandarte da moralidade, aquele mesmo que foi flagrado em um vídeo colocando dinheiro na meia porque não usa pasta, e está de volta ao comando da “casa do povo”. Aliás, que hoje abriga a importantíssima reunião que vai escolher os novos membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) (e que será realizada a portas fechadas). É na CCJ que começam a tramitar os processo de impeachment contra o governador José Roberto Arruda (ex-DEM).


Do lado de fora, mais manifestações contra o governador Arruda, e desta vez, pasmem, com a presença de manifestantes a favor do governador.

Manifestantes a favor do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Foto: Roosewelt Pinheiro/Abr


PS: Pela manha policiais retiraram à força estudantes que estavam sentados no gramado em frente à Câmara, demonstrando indignação com a corrupção. Seria a policia do GDF capaz de mais um episódio de barbárie contra os manifestantes?

Deu liberdade, dançou

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Vi ontem, no programa "Grandes momentos do esporte", da TV Cultura (não sei se era reprise), um trecho de uma recente entrevista que fizeram com o ex-jogador Careca, titular da seleção brasileira nas Copas de 1986 e 1990. Falando sobre a eliminação contra a Argentina no mundial italiano, com gol de Gannigia (acima) após jogada sensacional de Maradona, Careca revelou um detalhe da preleção com o técnico brasileiro, Sebastião Lazaroni:

- Eu e o Alemão, que jogávamos com o Maradona no Napoli, sabíamos que ele estava acima do peso e numa fase difícil. Mas, mesmo assim, ainda decidia partidas sozinho. Daí, falamos para o Lazaroni que era preciso botar alguém pra fazer marcação homem a homem, pra grudar no Maradona os 90 minutos. Ele disse que não era preciso, que íamos marcar por zona e que o Dunga e o Alemão iam se revezar na marcação. Acatamos, pois ele era o técnico. Fizemos nossa melhor partida na Copa e perdemos uma chuva de gols. Depois, sem marcação individual, Maradona aproveitou uma bobeira e puxou sozinho o contra-ataque para o gol de Cannigia.

O lamento de Careca remete ao que aconteceria 16 anos depois, na Copa da Alemanha, quando muitos criticaram a ausência de marcação homem a homem em Zidane quando o Brasil foi eliminado pela França. No elenco da época, teve quem apoiou e quem questionou a postura do técnico Carlos Alberto Parreira. Mas é fato que o francês dominou a partida e fez o que quis, com total liberdade. Com os gênios, todo cuidado sempre será pouco.

Será que o PAK vem aí?

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Luz no fim do copo? O grupo holandês Heineken está comprando, por 7,7 bilhões de dólares, a mexicana Femsa, dona, no Brasil, da temível Kaiser - a "cerveja" que desce quadrado (ou pior, não desce!). Além da Kai-aaargghhh..., a Heineken passa a ter outras 34 marcas na América Latina e se estabelece como maior engarrafadora da Coca Cola na região. Buenas, levando em consideração meu apreço pela cerveja holandesa, fico em dúvida: será que, enfim, vão tornar a Kaiser um pouco menos intragável? Seria o PAK, Programa de Aclimatação da Kaiser???

Descaramento pouco é bobagem

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Na última página (A16) do primeiro caderno de hoje, a dispensável Folha de S.Paulo ressucita o papo furado de que "Lula é continuidade de FHC", numa entrevista com o economista tucano - óbvio! - Claudio Salm (foto). A penúltima pergunta e a impagável resposta são dignas dos anais do descaramento midiático:

FOLHA - O senhor é filiado a algum partido político? É tucano?
CLAUDIO SALM -
Nem tucano nem filiado a partido político. Votei no José Serra para presidente em 2002 e colaborei na campanha dele, mas não fiquei triste com a vitória do Lula.

Ah, tá...

sábado, janeiro 09, 2010

Discurso de manguaça não tem dono

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Por Moriti Neto


Quem disse que fazer discurso manguaça é prerrogativa de alguma classe específica? Para aqueles que acreditam que só os assíduos frequentadores dos bares mais humildes são responsáveis por digressões feitas no calor dos goles da distinta, pode-se afirmar um ledo engano.

Entre políticos, há casos exemplares de pronunciamentos manguaças. Alguns dos mais notáveis foram feitos pelo ex-presidente russo Boris Yeltsin, falecido em abril de 2007.

Contudo nem só os titulares de cargos eletivos ou os humildes pinguços cotidianos têm exclusividade sobre o ato de soltar o palavrório devidamente manguaçados em ambientes públicos.

A cantora estadunidense Mariah Carey assumiu, na última quinta-feira, dia 7, que estava sob efeito de álcool quando discursou ao receber um prêmio pela atuação no filme "Preciosa: Uma História de Esperança", no Festival de Cinema de Palm Springs, nos EUA.

Atrapalhada com as palavras, ela não conseguiu completar uma frase: "Perdoem-me, porque estou um pouco...". Foi quando alguém do público, talvez em igual estado etílico, o que pode ter facilitado a conclusão, fez questão de completar: "bêbada”!

A cantora tentou justificar a condição – o que geralmente não é boa idéia – com a seguinte pérola: "Peço desculpas, às vezes fico um pouco difícil".

Bem, é possível conferir o quanto Mariah Carey fica difícil (às vezes?) no vídeo abaixo e comprovar que nem só as espécies citadas acima utilizam a retórica manguaça.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

A volta dos que não foram

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O Olavo já falou aqui do retorno de Giovanni, quase aposentado, ao futebol. Mas além da plêiade de veteranos contratados pelos clubes grandes como Marcelinho Paraíba (São Paulo), Roberto Carlos (Corinthians) etc etc etc, há os exemplos de jogadores que já estavam aposentados – ou quase - e retornaram para a equipe de origem, para exercer mais de uma função em um clube ou trazer visibilidade a times pequenos e faturar uns trocos antes de pendurar em definitivo as chuteiras.


Este último é o caso do atacante Viola, que já fazia parte do elenco fixo do showbol, exibição de ex-atletas feita para a TV a cabo. Aos 41 anos ele fechou contrato com o Brusque, de Santa Catarina, “agenciado” pelo também ex-craque Edmundo . Mesmo estando há meses sem atuar (seu último time foi o carioca Resende), mostrou que não esqueceu os clichês de boleiro: “Nunca prometo gols. Prometo honrar a camisa, dedicação, bom serviço. O gol é a consequência de um bom trabalho”. Viola pode estrear contra outro veterano, Sávio, 35, contratado pelo Avaí, na primeira rodada do campeonato catarinense.

Já o “capetinha” Edilson, depois de dois anos parado, decidiu encerrar a carreira no Tricolor da Boa Terra, aos 39 anos. Mas o Bahia só vai contar com o futebol dele depois de 30 dias de trabalhos físicos e sua estreia deve acontecer somente contra o Atlético de Alagoinhas, no dia 6 de fevereiro. Não satisfeito, o baiano pediu a contratação de outro aposentado, o conterrâneo Vampeta. Seria o embrião de um time de masters?

Já no Ituano, vemos uma nova modalidade de trabalho de atleta aposentado: a do dirigente-jogador. Juninho Paulista, depois de quase abandonar a carreira após uma passagem, digamos, discreta pelo Sydney da Austrália em 2008, topou ser administrador do Ituano no meio do ano passado e vai jogar o seu terceiro campeonato paulista pelo clube (antes, havia vestido a camisa rubro-negra em 92 e 93). Perto de completar 37 primaveras no mês que vem, o meia conseguiu convencer outro pentacampeão a retornar aos gramados: o zagueiro Roque Júnior, sem clube desde sua última desastrosa passagem pelo Palmeiras, em 2008.

Outro que volta à bola aos 32 é o ex-goleiro do São Caetano Silvio Luiz. Sem jogar desde junho do ano retrasado, quando sofreu um grave acidente automobilístico, ele assinou contrato com o Juventude e deve estrear pelo clube no Gauchão.

E aí, qual "quase aposentado" vai dar certo em 2010?

Baby boom

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Pode ser exagero, mas estimo que quase metade das pessoas que conheço faz aniversário em janeiro. Quando eu era adolescente, fazíamos todo ano um churrasco dos nascidos especificamente em janeiro de 1974 e acho que eram mais de 20 pessoas. Tinha gente do dia 2, do 3, do 5, do 7, do 8, do 10, enfim, ia intercalando até uma menina que era do dia 29. Em Campinas, na faculdade, era a mesma coisa. Em Fortaleza, onde morei por um tempo, idem. E aqui em São Paulo não é diferente: de hoje até domingo são cinco festas, churrascos e cervejadas de amigos e agregados. Hoje eu conversava com um deles, Fernando, que no dia 16 vai comemorar 28 anos fazendo um churrasco na laje, lá em Guaianases, em homenagem aos 30 anos da prisão do Paul McCartney por porte de maconha, no Japão (!!). Vai daí, ele me perguntou:

- O que será que acontece em abril pra nascer tanta gente em janeiro?

- Feriado de Páscoa, respondi.

- Ué, mas tem feriado o ano inteiro, ele rebateu.

- Pois é, mas neste as pessoas enchem a cara de vinho e enforcam o Judas!

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Se conselho fosse bom, a gente bebia...

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Um colega cachaceiro (assumido) dá dois conselhos aos butequeiros:

1 - Antes de ir ao bar, já tome umas três ou quatro, pra chegar no mesmo "grau" da conversa dos outros;

2 - Sempre beba em pé; se der vontade de sentar é que você já passou da conta e tem mesmo é que ir embora.

Tá explicado

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Ao voltar da Irlanda, em dezembro, passei por um período difícil de readaptação ao gosto de nossas sofríveis cervejas nacionais de maior consumo. Depois de sete meses provando dezenas de marcas européias (note-se: as mais populares de lá), meu paladar já não se convence tão facilmente de que as Skol, Brahma, Original, Bohemia e mesmo a tal de Antarctica Zero são, de fato, cerveja. E nem vou baixar o nível, falando de Kaiser, Itaipava, Nova Schin, Sol, Glacial, Lokal etc. Tirando a Serra Malte, a Brahma Extra e as "artesanais" como a Baden Baden e a Colorado, entre outras, o resto me parece - e já me parecia muito antes de eu ir morar no exterior - água gelada com uma mistura rala de cevada e espuma. E digo isso porque, como comecei a consumir cerveja com regularidade há mais de 20 anos, me lembro muito bem do (ótimo) gosto que as Skol, Brahma e até a Antarctica tinham naquela época. Simples: tinham gosto de cerveja, como hoje tem a Paceña boliviana.

Nessas festas de fim de ano, a família e os amigos estranharam quando, muitas vezes, eu parava de beber a loira gelada e partia para outras bebidas. E quando eu dizia que a qualidade da nossa cerveja está pra lá de sofrível, tinha que ouvir as piadas de que voltei ao Brasil com frescura, que "cerveja é tudo igual" e até mesmo que o nosso produto é o melhor do mundo (!!!). Aí não dá, não tem conversa. Porque é muito, muito ruim. Prova disso é o artigo publicado pela Folha de S.Paulo (enfim, alguma coisa útil naquele pasquim), do professor da Unicamp Rodrigo Cerqueira Leite, "A cerveja: bebendo gato por lebre", que nos foi enviado pelo camarada Don Luciano. O texto afirma, categoricamente: "(...) o milho (e outros eventuais cereais que não a cevada) constitui, em peso, quase três quartos da matéria-prima da cerveja brasileira, revelando sua vocação para homogeneização e crescente vulgaridade".

Segundo Cerqueira Leite, essa é a principal sacanagem da nossa inescrupulosa indústria cervejeira - a quarta maior do mundo, como ele frisa logo de início. A bebida deveria ser composta por cevada, lúpulo e água, mais fermento. "Tradicionalmente, o termo malte designa única e precisamente a cevada germinada", prossegue o artigo. "O malte pode substituir a cevada total ou parcialmente. A malandragem começa aqui. Com frequência, lê-se em rótulos de cervejas a expressão 'cereais maltados' ou simplesmente 'malte', dissimulando assim a natureza do ingrediente principal na composição da bebida. Com a aplicação desse termo a qualquer cereal germinado, a indústria cervejeira pode optar por cereais mais baratos, ocultando essa opção". Ou seja: usam milho, gastam menos, lucram mais. E nós ficamos com o prejuízo, a insatisfação e o gosto ruim (ou ausência de qualquer gosto) na goela.

Esse processo de mediocrização da cerveja com ingredientes impróprios já tinha sido comentado aqui no Futepoca por nosso amigo e colaborador Bruno Aquino, do site Cervejas do Mundo: "Muitas marcas substituem na sua totalidade o malte de cevada por arroz. As cervejas chinesas são um excelente exemplo disso, caso da Tsingtao. A americana Bud também aposta nesse cereal. Aliás, a cevada é muito mais cara do que arroz ou milho, pelo que muitos produtores optam por substituir parte da ceveda por um desses cereais, mais baratos, neutrais e de produção em larga escala". Falando das cervejas estadunidenses, aliás, Aquino também avaliou, sobre as Macro Lager, que "elas não são muito amargas, têm médio/baixo teor de álcool, pouco sabor e aroma". Alguma semelhança com as "cervejas" brasileiras?

E completou: "O mais importante é a produção em grande massa, cortando-se em cereais nobres como a cevada, malte e lúpulo e abusando-se do milho e do arroz. Pelo menos o produto final é barato, apesar da qualidade deixar muito a desejar". O problema é que, aqui no Brasil, o (péssimo) produto final nem barato é! Pra complicar, o professor Cerqueira Leite, em seu oportuno artigo, acrescenta: "Outro determinante da baixa qualidade da cerveja brasileira é a adição de aditivos (sic) químicos para a conservação. O mal não está só nessa condição, mas na sua necessidade. O lúpulo em cervejas de qualidade, sejam 'lagers', sejam 'ales', é o componente responsável pela conservação -além, obviamente, de suas qualidades de paladar. Depreende-se daí que os concentrados de lúpulo usados na cerveja brasileira são de baixa qualidade".

Pois é. Sem frescura, vou continuar a consumir nossas marcas mais vendidas. Mas com saudade das estrangeiras. Ou melhor, das cervejas de verdade...

Como quebrar um clube de futebol

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O Futepoca teve acesso ao relatório de auditoria feito no Galo a pedido do Conselho Deliberativo pela Auditoria Consultoria Organizacional Ltda., ACO, contratada para analisar a vida administrativa do CAM nos últimos anos.


Como o arquivo foi conseguido pela Internet, é necessário fazer ainda algumas checagens de sua veracidade, mas, verdadeiro, traz um Raio-X de como os clubes brasileiros sofrem pela incompetência de seus dirigentes, isso para não dizer coisas piores.

Pelo cuidado na checagem e leitura mais detalhada, hoje será postada uma parte que já saiu na coluna do jornalista Chico Maia, do jornal mineiro O Tempo, que explica como o volante Ataliba, do time rebaixado de 2005, conseguiu tranformar uma dívida de 3 meses de um salário de R$ 22 mil numa vitória na Justiça do Trabalho que fez o clube dever R$ 10 milhões.

Segundo o jornalista, o clube atrasou mais de três meses de salário, o que o levou o jogador a conseguir na primeira instância da Justiça do Trabalho o rompimento do contrato e um ganho de R$ 350 mil na causa.

Na segunda instância, o desastre: por conta de o os dirigentes terem colocado uma cláusula em que estabelecia "multa" de R$ 1o milhões para o rompimento do contrato e por ter causado o rompimento, foi condenado a pagar R$10.350.000 a Ataliba.

Cabe aqui as perguntas, já também feitas em parte pela auditoria e por Chico Maia, por que um clube estipula uma multa de R$ 10 milhões para um jogador medíocre e já rodado como o "craque" Ataliba?

Como já não faz um acordo e paga na primeira instância o valor de R$ 350 mil e se livra de uma pena maior?

Por que a legislação não determina a punição do dirigente que lesou por incompetência ou mesmo má-fé ao clube?

Um parêntese, se fosse um clube empresa, os dirigentes poderiam ser processados também e responderiam com seus bens pessoais. Grossso modo isso explica porque a maioria quer deixar tudo como está. Fazem dívidas enormes, depois vão embora deixando o passivo para seus sucessores e os bobos dos torcedores. Isso levando em consideração apenas a incompetência, porque outras práticas criminosas precisam ser provadas.

Amanhã, checando com mais cuidado o documento, tentarei descrever como esses mesmos dirigentes que deram prejuízos milionários ao clube "emprestaram" dinheiro para "pagar" suas besteiras e saíram credores de dezenas de milhões de reais do clube.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Um ídolo pode se queimar?

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Giovanni está voltando ao Santos. Aos 37 anos, o paraense deverá, neste 2010, ter sua terceira passagem pela Vila. A primeira foi a mítica realizada entre 1994 e 1996, que teve como ápice o vice-campeonato brasileiro em 1995, o melhor momento do Santos na década retrasada (vixe maria, foi estranho escrever isso). A segunda ocorreu em 2005 e foi marcada por episódios fortes como o jogaço posteriormente anulado contra o Corinthians, o bicão na bola e a dispensa por Vanderlei Luxemburgo no início do ano seguinte.

Giovanni em 10/12/1995, o dia em que se inscreveu definitivamente como ídolo

Sua contratação é uma espécie de "presente" da nova diretoria santista aos torcedores. A dispensa de Giovanni no começo de 2006 foi um dos episódios mais mal-digeridos pelos santistas. Apesar de dentro de campo não estar rendendo aquelas maravilhas, era ídolo dos torcedores e merecia ser tratado como tal. Foi dispensado subitamente, sem explicações suficientes, no mesmo balaio que incluiu Luizão e Cláudio Pitbull. Estava em final de carreira, mas merecia uma despedida mais digna.

Agora, os novos dirigentes do Santos trazem Giovanni de volta. A aproximação entre as duas partes se deu desde a campanha eleitoral, quando o camisa 10 fora anunciado como um "intermediário do Santos na região Norte" ou coisa parecida. É nítido que, mais do que reforçar o elenco, o objetivo é dar ao atleta uma despedida digna do Santos.

Como santista, não aprovo a quase fechada contratação. Tenho Giovanni como ídolo. Meu depoimento sobre ele é praticamente idêntico ao dos outros santistas da minha faixa etária - Giovanni foi um facho de luz sobre o período mais sombrio da história do Santos, um cara que deu a nós um orgulho que não conhecíamos, uma esperança que só sentiríamos novamente sete anos depois daquele 1995.

Mas não quero ver esse ídolo submetido à fogueira que o Santos em reconstrução se mostra ser. Assim como muitos santistas, sei que o 2010 que vem aí não deve ser de títulos. E sim de conquistas fora de campo - auditoria nas contas do clube, limpeza dos quadros administrativos, execução de bons projetos de marketing e por aí vai. Claro que se as taças vierem, agradecemos; mas temos que ter ciência dessa realidade.

Acontece que há muitos que pensam de maneira diferente, e podem colocar no ídolo de 15 anos atrás uma carga que ele não merece carregar. E aí o mito Giovanni, construído com tanta qualidade naquele 1995, pode se esvair.

Eu já xinguei Pepe quando ele foi técnico do Santos, em especial na sua fraca passagem no Paulistão de 1994. Pela escalação errada de algum lateral-esquerdo ou coisa parecida, não lembro ao certo. Uma questão pequena e pontual - nada comparado com a positivamente monstruosa história que Pepe construiu como jogador na Vila.

Pepe permaneceu imune a isso. Mas será que todos os ídolos conseguem superar as insatisfações que podem pontual e involuntariamente causar às torcidas que os idolatraram? Émerson Leão, por exemplo, é visto como persona non grata no Palmeiras, clube que com tanta qualidade defendeu nos anos 1970.

É estranho.

As pequenas tragédias da Ilha Grande

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Duas cenas: a chegada e os passeios numa Ilha Grande paradisíaca e o Morro da Carioca, em Angra, depois da tragédia.

Fotos: Simone Polli e Frédi Vasconcelos


















Das grandes tragédias nem é necessário falar. A TV, a todo momento, mostra imagens da pousada que caiu, das casas, dos velórios. Na falta de assunto, explora-se ao máximo a dor alheia em busca de audiência...

Mas eu e a companheira Simone estávamos num grupo que foi para a Ilha passar o Ano-novo, na casa dos amigos Helô e Gerardo, na Praia Grande de Araçatiba, bem perto do Bananal, onde despencou o morro.

A chegada no dia 27 e os dias 28 e 29, apesar de um pouco de chuva, foi dentro do previsto. Praia, caminhadas, passeios de barco, boas comidas, ótimas conversas com os amigos etc.

A mudança começou no dia 30. Desde as primeiras horas, chuva torrencial. Impedia de fazer qualquer coisa, mas nada indicava o que viria.

Manhã do dia 31, não havia boas notícias. A chuva continuava muito forte. O morro atrás da casas que estávamos começou a cuspir terra. A primeira operação, apesar do susto, foi até simples, tirar aquela pouca terra e fazer um caminho para a água descer.

Operação que teve de ser repetida durante algumas vezes, mas nada ainda que assustasse. À tarde a chuva diminui e traz alívio a todos. Engano, ledo engano. Volta com mais força ainda à noite, o que não impede a ceia e as comemorações da meia-noite. Com direito a ir pular as 7 ondas mesmo debaixo da chuva.

Na volta à casa, as notícias não são boas. Mais terra caíra. É necessário trocar de roupa de festa e fazer um novo caminho para que a água não invada os quartos. E lá vai o grupo para a tarefa nas primeiras horas de 2010.

Não adianta. Refeito o primeiro caminho, vem mais terra ainda, a situação começa a ficar crítica. Não é possível mais mexer atrás da casa porque fica perigoso, a toda hora acontece novo pequeno desmoronamento.

É necessário tirar as roupas, os colchões, tudo que puder ser salvo, porque a invasão de terra e água é iminente. Cada um faz uma pequena mochila para levar o que é essencial. Mais terra caindo e água vertendo do morro, formando novas cachoeiras.

Perto das 3h da manhã a decisão de abandonar a casa e ir para lugar mais seguro oferecido por amigos. A caminhada parece que nunca acaba, atravessando partes inundadas, pequena trilha que pode a qualquer momento desmoronar. No grupo, os bravos León e Thomás, de 9 e 14 anos, que enfrentam tudo sem reclamar.

A chegada à outra casa foi um alívio. Parte do grupo não cabe e ainda tem de caminhar mais para chegar a outro local. Ficamos nesse primeiro e tentamos dormir...

No outro dia, caímos da cama às 8h da manhã com medo do que poderia ter acontecido à casa de Helô e Gerardo. Chegamos e eles já estavam lá. Apesar de ter entrado água e terra nos quartos, que tivemos de limpar, a situação era melhor do que esperávamos. Não havia acontecido nada de mais grave. Embora um dos quartos estivesse com cerca de 1,5 metro de terra na parede externa. Além de pedras ameaçadoramente soltas. Limpamos tudo e almoçamos o resto da paella maravilhosa preparada por Gerardo para a noite anterior.

Daí fomos para outra pousada, numa área de menos risco.

Soubemos da tragédia no Bananal e em Angra, mas com informações cada vez mais confusas. Chegavam a falar em 100 mortes, inclusive de gente famosa...

O espírito das férias já tinha ido embora. Na nossa última noite na Ilha, algo simbólico. Um jantar feito com restos da ceia e mais o peixe e o camarão que sobraram fritos por Helô, com vinhos trazidos da Argentina por Daniel e Mónica, à luz de velas, na mesa de um bar fechado. A prova de que enquanto resta solidariedade e vida, tudo ainda pode ser feito.

Decidimos retornar no dia seguinte, mas boa parte do grupo ficou em locais mais seguros.

Agora, o verdadeiro problema é para a população local. Está sem água e luz até hoje, várias casas estão interditadas, os mantimentos que ficam nas geladeiras estão todos estragando, os turistas vão saindo em bandos, lotando os barcos que vão para a Angra.

A época em que todos que vivem lá do turismo ganham algo para passar o ano está irremediavelmente soterrada.

Nada se compara às vidas perdidas, mas as pequenas tragédias continuarão ainda por muito tempo.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

O legítimo "futebol científico"

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Desde pequeno escuto falar do tal "futebol científico", termo que faz alusão ao estilo de jogo praticado na extinta União Soviética e em países do Leste Europeu. No entanto, não sabia precisar o porquê do termo e muito menos a sua origem já que, em 1958, o futebol soviético era mais semelhante ao sulamericano do que aos ferrolhos que caracterizavam boa parte dos times europeus. Por que então o "científico"? Era só uma referência ao cientificismo dos regimes da cortina de ferro?

Foi lendo o excelente Como o futebol explica o mundo (Ed. Jorge Zahar), de Franklin Foer, que me deparei com o mentor do dito estilo de jogo. Valeri Lobanovsky (foto), um ex-bombeiro hidráulico que aplicou a lógica do marxismo científico ao esporte, quis sobrepor o coletivo ao individual e se propôs a desvendar os fundamentos matemáticos da modalidade. Criou um sistema de valores numéricos representando cada ação executada em uma partida, fazendo com que grupos de "cientistas" analisassem passes, desarmes e chutes de cada atleta. Os dados alimentavam um computador que atribuía aos jogadores avaliações da intensidade, atividade, taxa de erros e efetividade.

Sim, muito antes dos laptops ficarem comuns no mundo da bola, Lobanovsky já utilizava a tecnologia disponível à época, formando no futebol a imagem do homo sovieticus idealizado pela então potência rival dos EUA. Mas o futebol científico se mostrou mais do que uma simples incorporação ideológica feita pelo treinador e provou que podia ser, de fato, vencedor.

A máquina de Kiev

O sistema dentro das quatro linhas tinha como objetivo que os jogadores detivessem a posse de bola o menor tempo possível, privilegiando sempre o toque de primeira e as triangulações, com transições da defesa para o ataque realizadas de forma rápida. Foi jogando assim que, no período em que treinou o Dínamo de Kiev, entre 1974 e 1990, Lobanovsky ganhou oito campeonatos soviéticos, seis Copas URSS, uma Supercopa da Europa - este o primeiro título continental de uma equipe da União Soviética - e duas Recopas europeias.

Ele foi também técnico da seleção da URSS em três períodos distintos: de 1975 a 1976, de 1982 a 1983 e entre 1986 e 1990. Aliando seu método rígido e disciplinador a que os ucranianos estavam acostumados com a criatividade dos atletas russos, chegou ao vice da Eurocopa de 1988, perdendo para a Holanda comandada por Rinus Michels, de Rijkaard, Gullit e Van Basten. Ironicamente, o treinador holandês era uma das inspirações de Lobanovsky, que via no futebol total da Holanda e da Alemanha de 74 a última revolução ocorrida no futebol.



O mentor de Shevchenko

Com o fim da URSS, Lobanovsky passou pelos Emirados Árabes Unidos e também pelo Kuwait, retornando à Ucrânia em 1996 para dirigir o Dínamo. Conseguiu levar a equipe às semifinais da Liga dos Campeões em 97/98 e, no torneio anterior, obteve uma senhora goleada contra Barcelona, um 4 a 0 em pleno Camp Nou.

Àquela altura, o técnico revelava ao mundo o artilheiro Shevchenko, quase um jogador ideal de acordo com sua concepção de futebol. Tanto que, em 1998, Lobanovsky dizia preferi-lo a Ronaldo, no auge da carreira então. "Ronaldo? É um jogador capaz de inventar, mas Shevy tem tudo: passa bem, lê o jogo com facilidade e é muito forte fisicamente".

E Sheva foi grato ao mentor. Quando o Milan conquistou o título da Liga dos Campeões da temporada 2002/2003, chorava depois da partida, se dizendo muito emocionado por lembrar do antigo técnico, que havia morrido em 2002. Dias após a vitória, Shevchenko retornou à Ucrânia e deixou a medalha de campeão no túmulo de Lobanovsky.

O que aconteceria se...

Lobanovsky era o comandante da União Soviética do goleiro Dasaev, que perdeu para o cantado e decantado time de Telê na Copa de 1982. Derrota ocorrida graças à ajuda do árbitro espanhol Lamo Castillo, que deixou de marcar dois pênaltis cometidos pelo atleticano Luisinho quando o jogo estava 1 a 0 para os soviéticos (um frangaço histórico de Waldir Peres). Houve também um tento soviético anulado no segundo tempo por suposto impedimento, que não fica bem claro pelas câmeras da época.  A virada veio graças a dois chutaços de fora da área, de Sócrates e Éder.

Mas o que aconteceria se o árbitro fosse menos verde-amarelo? O Brasil poderia cair no grupo de Polônia e Bélgica nas quartas e ir adiante na Copa ou seguiria o mesmo caminho sendo esquecida nos dias de hoje graças à derrota inicial? A URSS encaixaria melhor seu estilo de jogo contra Argentina e Itália e Lobanovsky seria mais lembrado hoje no Brasil do que Telê? Quem quiser arriscar o possível destino das seleções, fique à vontade...

quinta-feira, dezembro 31, 2009

O bom freguês só ama o bar que se foi

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Trecho inicial da crônica "Os bares morrem numa quarta-feira", de Paulo Mendes Campos (1922-1991), que dedico a todos os saudosos do Bar do Vavá e de outros "fóruns adequados" extintos pela sanha capitalista:

Um amigo de Kafka conta que este arquitetava o seguinte: um homem desejando criar uma reunião em que as pessoas aparecessem sem ser convidadas. As pessoas poderiam se ver ou conversar sem se conhecerem. Cada uma fariao que lhe aprouvesse sem chatear o próximo. Ninguém se oporia à entrada ou à saída de ninguém. Não havendo propriamente convidados, não se criariam obrigações especiais para com o anfitrião. E o espinho da solidão doeria mais ou menos.

É possível que Kafka não haja escrito esta alegoria por ter percebido que a mesma já existia corporificada sob a forma de cafés, restaurantes e bares. Mas o episódio pode levar-nos a considerar com súbita estranheza o mil vezes conhecido: os bares já eram kafkianos quando surgiram no mundo. Ou este, o mundo, é que foi o primeiro bar, quando se encontraram duas criaturas desconhecidas, e a mulher, buscando comunicação, ofereceu ao homem uma fruta. Naquele Garden Bar principiaram os equívocos. Foi o primeiro ponto de encontro. E não durou muito.

Pois os bares nascem, vivem, parecem eternos a um determinado momento, e morrem. Morrem numa quarta-feira, como diria Mário de Andrade. O obituário dessas casas fica registrado nos livros de memórias. Recordá-los, os bares mortos, é contar a história de uma cidade. Melhor, é fazer o levantamento das cidades que passaram por dentro de uma cidade. (...) O curioso é que os bares do presente, por seus serviços e sua frequência, podem merecer até o nosso entusiasmo, mas não recebem jamais o nosso amor. O bom freguês só ama o bar que se foi. Só na lembrança os bares perdem suas arestas e se sublimam.

Um bar que se foi, mas que não sai da memória: bebendo vodka com tubaína, eu ouvia do João a descrição de mais um lance magistral de Pelé

quarta-feira, dezembro 30, 2009

O lado bom das coisas ruins

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Comemorando o Natal no buteco, o amigo Alexandre "Cherno" Silva me saiu com essa:

- As três melhores coisas da religião católica são o pecado, o feriado e o vinho!

A melhor cachaça de Minas Gerais não é de Salinas

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Ribeirão das Neves, a 32 quilômetros de Belo Horizonte, é dona da melhor cachaça de Minas Gerais. A Áurea Custódio foi escolhida como a primeira na categoria premium no primeiro Concurso Cachaça de Minas, que escolheu 14 marcas produzidas do estado onde politicamente nasceu Itamar Franco, o responsável pela instalação do Dia Nacional da danada, em 21 de maio.

Nenhuma das 14 é de Salinas, município que se converteu em sinônimo da chambirra a partir dos anos 1960, com a ascensão do mito da Havana – posteriormente decolocada como Anísio Santiago. Januária, que aparece no dicionário como sinônimo de aguardente de cana, tampouco está entre as agraciadas.


As vencedoras do concurso, em cada categoria, em
uma montagem que despreza a tampinha. é só uma questão
de enquadramento. Mas eu juro que nenhuma tem tampa
de plástico. Pelo menos não nas fotos originais.


Antes que os puristas gritem e peçam mais uma rodada, uma ressalva. Das 280 marcas de cachaça de alambique sediadas no estado e comercializadas, apenas 66 participaram. Ligadas a 52 empresas, o certame foi promovido pela Federação Nacional dos Produtores de Cachaça de Alambique (Fenaca), com apoio do Governo do Estado, Sebra-MG e Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) sob a coordenação da Universidade Federal São João Del Rey (UFSJ).

Tudo para impulsionar a cadeia da cana de qualidade. Iniciativas como essa são frequentes, e é difícil comparar resultados de concursos diferentes. O importante é que tudo está regulamentado na produção.

Segundo os organizadores, é o primeiro – e único – concurso realizado com bases técnico-científicas. E passou batido pela editoria de cachaça do Futepoca a entrega do prêmio, no dia 9 de dezembro. Justo um pessoal tão afeito a metodologias científico-etílicas!

Ao que consta, os responsáveis pela avaliação também se dividiram. O cheiro e sabor foi verificado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná. Características físico-químicas ficaram a cargo da Fundação do Centro Tecnológico de Minas Gerais. O insubstituível quesito rótulo e garrafa ficou para a turma da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Degustadores autônomos (?) tiveram direito a dose e voto.

As categorias em que podiam ser inscritas marcas das que mataram o guarad foram "Nova/descansada", "Armazenada/envelhecida" e "Premium". Não encontrei em canto nenhum a relação completa das participantes. Do primeiro ao quinto lugar de cada uma delas, a produção providenciou uma medalha de mérito de qualidade, podendo exibi-la no rótulo por um ano.

Provei, na vida, duas das 14. Há muito trabalho pela frente. Mas antes que alguém se candidate a acompanhar os desbravadores do Futepoca, um aviso. Minas Gerais é o maior produtor de cachaça do país, porque tem nove mil alambiques. Neles, são destilados 260 milhões de litros todos os anos. Pior, a Fenaca garante ter 4 mil associadas em todo país e promete novos concursos em outros estados, como por exemplo o Paraná já em 2010. Mãos ao copo.

Confira as vencedoras:

Categoria: Cachaça branca/Nova
1º Diva - Divinópolis
2º Lucas Batista - Itabirito
3º Monte Alvão - Itatiaiuçu
4º Jacuba - Coronel Xavier Chaves
5º Mandacaru - João Pinheiro

Categoria: Cachaça envelhecida/Armazenada
1º Pirapora - Pirapora
2º Branquinha de Minas - Claro dos Poções
3º Engenho doce - Passa Quatro
4º Prazer de Minas - Esmeraldas
5º Bueno Brandão - Bueno Brandão

Categoria: Cachaça Premium
1º Áurea Custódio - Ribeirão das Neves
2º Topázio - Entre Rios de Minas
3º Prazer de Minas- Esmeraldas
4º Rainha das Gerais - Curvelo

terça-feira, dezembro 29, 2009

Panetones de Arruda viram joguinho na internet

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Deu no blogue da Paola Lima. Os panetones que se transformaram no símbolo do escândalo de corrupção do Distrito Federal já viraram game na internet. O governador José Roberto Arruda, o vice, Paulo Octávio, secretários e deputados distritais são investigados pela Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal por um esquema de distribuição de propinas.

Clique aqui para jogar

Panetones e o próprio Arruda surfam pela tela e o jogador precisa ajudar a limpar brasília. Cada panetone vale um ponto, enquanto atingir o ex-Democrata soma cinco no escore. A iniciativa é do Brasília Limpa, movimento promovido pela seccional do DF da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com o sindicato dos publicitários e das Agências de Propaganda.

Depois de um tempo do jogo bastante produtivo e útil para combater a corrupção, a mensagem: "Você ajudou a limpar Brasília".

O tradicional pão com frutas cristalizadas e uvas passas tornou-se símbolo do escândalo porque é a alegação oficial de Arruda para justificar os vídeos em que os envolvidos trocam maços de cédulas e até rezam pelo esquema. Tudo seria para doar panetones a crianças pobres.

Outros escândalos e os games
O primeiro escândalo de corrupção a ganhar as telas de vídeogames e computadores foi o que envolvia o então presidente Fernando Collor de Mello. Com o nome "Roxo", o objetivo do passatempo era acertar a figura de um caricato mandatário – com faixa presidencial a tira-colo – com um martelo. Ao garantir o sucesso da empreitada, o pequeno Collor no joguinho, seu membro ganhava a cor roxa e surgia um balãozinho com o dizer: "Ui!". Tudo em alusão à declaração do próprio alvo da piada, ainda em campanha eleitoral, de que ele teria "aquilo roxo".

Mais recentemente, presidentes do Senado ganharam suas sátiras no mundo dos games. Dance Renan permite que o jogador "comemore" o fato do senador alagoano ter se livrado das acusações de corrupção. Naturalmente, como a Culpa é do Lula, é o presidente quem dá a nota pelas danças. Não encontrei nenhum relacionado à Mônica Veloso.

José Sarney, atual mandatário da Casa, também viu das suas. Derruba Sarney, em que é preciso acertar o imortal das letras – e do planalto central – com cocos, melancias e outras frutas disparadas por um canhão. Para isso, é preciso também acertar outros senadores da situação e da oposição, de Eduardo Suplicy a Álvaro Dias, de Romero Jucá a Jader Barbalho.

O ex-presidente bigodudo também é "homenageado" com o Chute o Sarney que, como sugere o nome, envolve acertar o traseiro de um amapaense ex-maranhense em trajes de de velho oeste estadunidense. Nem chutado nem derrubado. Sarney continua presidente do Senado.

Antonio Carlos Magalhães Neto também foi alvo do Grampinho não, para "não deixar o grampinho baixar em Salvador". O contexto era o da eleição municipal de 2008 que, pode até não ter sido decisivo, mas o neto de ACM – promotor de grampos telefônicos contra metade da Bahia lá pelos idos de 2002 e 2003 – não venceu as eleições.

Claro que Lula e Dilma também são protagonistas. O Pac-man faz o trocadilho entre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com o clássico dos games. Não encontrei mais esse trem no ar.

Quem será o próximo político a ser satirizado em um game para desocupados no escritório? Ou para garantir nossa pauta de fim de ano?

segunda-feira, dezembro 28, 2009

E Juscelino só conseguiu apaziguar com cerveja...

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No livro "História e causos", publicado pela FTD em 2005, o sertanista Orlando Villas Bôas (1914-2002) relembra a teimosia de seu irmão Leonardo (1918-1961) durante uma visita do então presidente da República Juscelino Kubitschek (foto) ao Parque do Xingu. Vale destacar a diplomacia de JK para resolver o imbróglio:

Leonardo controlava os barcos do posto. A filha do Juscelino resolveu passear com o namorado e pediu que lhe preparassem um barco. Leonardo disse que não, pois os barcos estavam lá para atender aos índios e não para levar as pessoas para passear. A moça queixou-se para dona Sara, que, debalde, tentou convencer Leonardo. A coisa esquentou e chegou aos ouvidos o chefe da guarda de Juscelino, conhecido por sua truculência. Mas o Leonardo também era duro!
Já estávamos vendo que a situação ficaria difícil. Também tentamos convencer o Leonardo, que não deu a menor bola. Quando o chefe da guarda ia descendo a barranca para a margem do rio, Juscelino gritou:
- Espere que eu também vou.
Quando chegou na beira do rio, a confusão já estava feita. Juscelino então perguntou ao Leonardo:
- O que está acontecendo?
Leonardo, com um boné enfiado na cabeça, respondeu rispidamente:
- Essa moça está querendo passear de barco com o namorado, e eu disse que não há barcos disponíveis.
Juscelino ficou pensativo por alguns instantes e então disse:
- Ora, se você está dizendo que não tem barco, então está dito!
Mandou todo mundo embora e então, em tom apaziguador, perguntou ao Leonardo onde é que eles poderiam tomar uma cerveja. O Leonardo fez menção de não responder. Eu, que nessa altura já estava com uma raiva desgraçada, dei um beliscão nele que o fez balbuciar:
- Lá no meu rancho.
Juscelino concordou e, olhando para mim, disse:
- Seu irmão é duro!
Eu respondi:
- Não, presidente, ele é grosso mesmo!
Anos mais tarde, quando soube da morte do Leonardo, Juscelino me disse:
- Se eu tivesse tido meia-dúzia de homens como o Leonardo, teria mudado o Brasil!

domingo, dezembro 27, 2009

Os dez mais lidos do Futepoca em 2009

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Com especulações rolando à solta no futebol (sendo que 90% não se tornarão realidade), jogos de amigos de não sei quem contra amigos de não sei que lá, congresso nacional em recesso (que raro) e políticos de férias, falta assunto para a imprensa em geral, quem dirá para o pessoal do Futepoca, em ritmo de merecido recesso. Por isso, e como é época de retrospectiva, publicamos os dez posts mais lidos de 2009. Se você ainda não leu, é tempo:

10 - Flamenguistas prometem até comitiva de travestis para receber Ronaldo

Ah, o ressentimento... Como vingança das falsas juras de amor do Fenômeno à torcida rubro-negra, alguns torcedores começaram a organizar uma recepção calorosa para o hoje corintiano quando ele fosse ao Maracanã. Relembre.

9 - A arte de ser moleque e beber qualquer coisa

Ah, quando se é jovem o fígado parece nunca se render à razão e ao bom senso. O resultado (que é cobrado mais pra frente) são experimentações de bebidas e drinques de gosto e qualidade pra lá de duvidosos... Confira aqui.

8 - O manual da Maria Chuteira

A modelo Nives Celsius resolveu dar uma ajuda a quem quiser fisgar um jogador de futebol como ela fez. Para tanto, resolveu circular dicas e informações valiosas como “confortar sexualmente após uma derrota é sempre bem pensado”. Mais pérolas desse naipe aqui.

7 - Palmeiras virou porco há 40 anos

Uma provocação que resultou na mudança do mascote de um time. Se você ainda não sabe, veja as origens do apelido que os palmeirenses hoje ostentam diante dos adversários. O post é esse.

6 - Ideia de bêbado

A incrível história de como um manguaça teve a brilhante ideia de escolher uma foto de tiração de sarro que retrata um verdadeiro "açougue humano" para a capa de uma coletânea dos Beatles nos Estados Unidos. Conheça.

5 - Por que você torce para o seu time?

Pais, tios, padrinhos, amigos, moda... Afinal, o que fez com que você virasse um sofredor apaixonado (ou não) pelo seu time. Saiba o que pode levar alguém a escolher sua camisa e evite riscos de seu filho torcer para outra equipe. Aqui.

4 - Entenda - finalmente - como funciona o ranking de seleções da Fifa

Papo de muitas discussões em mesa de bar, o ranking da entidade futebolística é mais contestado que aprovado, mas pouco entendido. Descubra como funciona e quais são os critérios adotados pela Fifa e veja se é justo ou não. Confira.

3 - O marketing viral e a Nike

Embora tenha sido escrito em 2008, o post continua sendo dos mais lidos do blogue, já que causou uma série de discussões a respeito da relação entre a publicidade e a blogosfera. Leia ou releia aqui.

2 - Boa causa para alavancar a orgia

A história de dez prostitutas paraibanas que decidiram doar uma noite de seu trabalho para resgatar uma dívida da Associação das Profissionais do Sexo da Paraíba (Apros-PB). Veja como a vida imita a arte - ou vice-versa - aqui.

1 - Decotes e roupas curtas: essa é a tática dos banqueiros para "conquistar clientes"

Post-denúncia sobre uma ex-bancária cujo empregador a obrigava a se insinuar para os clientes para cumprir as suas metas de vendas. Relembre ou conheça esse fato absurdo nesse texto.