Destaques

terça-feira, dezembro 21, 2010

Quem bebe, bebe comigo

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O início do verão marca um fenômeno curioso na mídia. Uma série de reportagens de temática sazonal aparecem. É que falta assunto. Esse é um dos motivos por que o verão, iniciado às 21h desta terça-feira, 21, segundo a mídia causa problemas de pele, risco de epidemia de dengue etc.

Aí, um presidente em fim de mandato como Luiz Inácio Lula da Silva facilita a vida do jornalista sem assunto. Ele fala sobre o Wikileaks, sobre o Orçamento Geral da União, sobre o Rio de Janeiro, sobre o "bicho-papão"...

Foto: Ricardo Stuckert/Pr
Lula e Cabral passeiam de teleférico sobre o Complexo do Alemão

E fala também sobre a cachaça e o bar. Deu no Terra:

Ele prometeu, depois de "desencarnar" do cargo, visitar a Rocinha novamente, onde inaugurou, por vídeoconferência, unidades habitacionais. Aparentemente, o setor de segurança do Palácio do Planalto viu problemas para garantir o deslocamento do mandatário até o local, embora Lula tenha passado o dia na capital fluminense.

Além de pedir desculpas por não ter ido à Rocinha, o presidente foi além. Prometeu voltar sem aparato de segurança. O destino? O bar.

"Quando for (até a Rocinha sem seguranças), vocês vão me dar um copinho de cerveja aí, porque quem não bebe fica olhando, e quem bebe, bebe comigo", brincou o presidente.

A Rocinha ainda não recebeu sua Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e ainda está, segundo a própria Secretaria de Segurança do estado, sob controle do crime organizado.

Futebol de berço no Velódromo e na Chácara Dulley

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No lugar de um, há o Teatro Cultura Artística. Em outro, a Oficina Cultural Oswald Andrade e o Colégio Santa Inês. Um minidocumentário de alunos da Metodista relembra dois palcos do que pode ser considerado o berço do ludopédio paulistano.

O Velódromo era localizado na Praça Roosevelt. A Chácara Dulley, no Bom Retiro. A pressão do crescimento da cidade e a construção de novos estádios, mais adequados – como o Parque Antártica, do Germânia, de 1902, e a Chácara da Floresta, de 1906 – eliminaram qualquer traço do passado futebolístico dos locais.

A parte menos interessante da reportagem é a que prevê que o Paulo Machado de Carvalho, que poderia ser ameaçado pela construção de arenas como a do Corinthians. Claro que o Pacaembu precisa ser preservado e o Museu do Futebol pode ser um dos passos para garantir isso.

Como são oito minutos, vale assistir.

Medicina alternativa

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Passando pelo Leblon, aqui no Rio de Janeiro, um senhor parado em frente a uma banca de revistas, com uniforme azul de porteiro ou cobrador de ônibus, comenta em altos brados, indignado:

- Remédio de biriteiro não presta! Tu vai confiar em "ex-cachaceiro", "ex-biriteiro"? Isso não existe, mermão!

Não sei qual remédio prescreveram pra ele. Mas deve ter sido receitado no buteco. E não funcionou...

sexta-feira, dezembro 17, 2010

De como o artista driblava a 'rádio-patroa'

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Mais um trecho do livro de Paulo César Pinheiro do qual extraí outro post essa semana. Ele conta que o amigo e parceiro Baden Powell (foto) ficava muito infeliz durante suas temporadas de shows no exterior, por causa da "distância que o sufocava, da frieza do país que o rodeava, da solidão dos quartos de hotel em que se hospedava". Por isso, telefonava constantemente para Pinheiro e passava até uma hora no telefone. "Eu ouvia nitidamente o barulho das pedras de gelo nas paredes do copo. O chocalho da cascavel. E o uísque descendo como veneno, inoculado no sangue, cujo antídoto só encontraria atravessando o Atlântico". A vontade de Baden era voltar para sua casa no Itanhangá, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Numa dessas, largou uma turnê pelo meio, pagando pesada multa, e veio correndo para seu refúgio brasileiro. Pinheiro conta: "As festas dadas nessas ocasiões eram magistrais. Uma durou três dias. Um fim de semana. Essa quando acabou, havia, encostado num pedaço do muro que cercava o terreno, um outro muro. De vidro. Uma montanha de garrafas de cerveja, vodka e uísque". Porém, o maior problema do artista era driblar a vigilância da esposa. "Quando Baden se casava com alguém era logo etilicamente policiado. Sumiam todas as bebidas da casa. E ainda assim ele ficava de porre. Pra elas era um mistério. Onde ele bebia, se não saía dali, nunca, sozinho? Jamais descobriram a artimanha", relembra o parceiro.

Segundo Paulo César Pinheiro, colada ao muro dos fundos, na rua seguinte, havia a birosca do "seu" Manuel, que, ao contrário do que se pode pensar, não era português, mas sim alemão - e macumbeiro. "Baden contratou um pedreiro para construir, do lado de fora do muro, um nicho espaçoso e uma portinhola de madeira. Esticou uma corda até o balcão do boteco e lá pendurou um sino. Quando queria uma dose, abria a portinhola, puxava a corda e o sino tocava no ouvido do gringo. Seu Manel enchia o copo longo com o Drury's previamente negociado, punha gelo e o colocava no nicho. Era só abrir o fecho da portinha e esticar o braço. O badalo tinia o dia inteiro na tasca do tedesco". Como diziam na minha adolescência, "deu Drury's, tome um Dreher!"...

Em vez de encher a cara no fim de semana, converse com a garrafa

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Esperando um certo co-autor do Futepoca para um sóbrio e a seco almoço no centro da capital paulista,  deparei-me com um exemplar do Dicionário de Expressões Populares da Língua Portuguesa, da editora Martins Fontes. Por acaso o ponto de encontro era a livraria de mesmo nome, na praça do Patriarca.

O "expressionário" de João Gomes da Silveira – até o trocadilho é de autoria dele – é um catatau de 956 páginas com expressões muito consagradas, regional ou nacionalmente.

Por uma coincidência dessas que seria inexplicável se não fosse óbvia ideia fixa, as páginas se abriram no "encher a cara". A sinonimia é espantosa. Ainda queria saber se, por acaso, é o recorde do volume. É dessa lista que vem o "conversar com a garrafa", um dos mais eufemísticos da lista, que inclui de clássicos como "molhar o bico" a genéricos, como "entrar no embalo".

O Houaiss tem lista ainda mais extensa para beberrão (82) e embriagado (49), mas são verbetes e não expressões. Isso sem falar em cachaça, que tem 422 equivalentes – fora o show, já que consta, ao pé da lista, que foram deixadas de lado "locuções, fraseologia e os nomes de cachaça com misturas, assim como os das cachaças feitas com outra coisa que não a cana-de-açúcar".

Em termos de expressões, a variedade não é tão profícua, mas suficientemente animadora. São 50 opções para, em plena sexta-feira, o leitor do Futepoca poder variar a forma de expressar seus planos para o fim de semana.

À lista, extraída da obra:

 Prepare o vocabulário junto com os copos

Sinônimos para "encher a cara"
  • acender a lamparina
  • alertar as ideias
  • amarrar a cabra (reg. Pernambuco), a gata
  • apanhar uma, uma açorda, uma barrentina, uma bezana, uma bruega, uma cardina, uma carraspana, uma torta
  • arranjar uma sopeira
  • baixar o bico (reg. Maranhão)
  • beber com farinha, como um/feito um/que nem/que só gambá
  • carregar nas doses, os machos, os machinhos
  • comer rama
  • conversar com a garrafa
  • cultivar a vinha do Senhor
  • dar uma chamada
  • empenar o pneu
  • encher a caveira
  • entrar no embalo, pela pinga, por ele
  • esquentar o peito
  • meter-se em pileque, na bebida, na cachaça, na cana, no gole (reg. Ceará)
  • molhar o bico, o peito
  • montar num porco
  • pisar na mão (reg. da Bahia)
  • pôr óleo
  • puxar porção
  • quebrar munheca
  • tocar a gaita
  • tomar um prego, uma jorna, uma ximbreza, uma xumbrega, um oito, um pifão (reg. Pernambuco), um porre.
  • tomar-se da pingoleta
Fonte: Dicionário de Expressões Populares da Língua Portuguesa, de João Gomes da Silveira

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Consumo de refrigerante passa o feijão. Cerveja fica para trás

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Hoje o G1 estampa uma matéria com o seguinte título: Brasileiros consomem menos feijão e arroz e mais cerveja, aponta o IBGE. Nenhuma mentira no caso, mas o foco na cerveja mostra um certo juízo de valor e um relativo preconceito contra os apreciadores do suco de cevadis, como dizia o saudoso Mussum. O instituto mostra, entre os alimentos ditos líquidos, que o suco negro do capitalismo, representado pelo segmento de refrigerantes de cola, e a água mineral foram os produtos cujo consumo mais cresceu nos últimos oito anos, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009. O consumo de cerveja também aumentou em 23,2%, mas menos do que os 27,5% da água e os alarmantes 39,3% do líquido que borbulha. Compra-se, em média, 12,6 kg de refrigeirante de cola, enquanto a cervejinha não chega a 5,6 kg. Menos da metade!





Se a cevada fermentada teve aumento no
consumo, será que feijão fermentado, quer dizer,
feijoada, teve redução?

O estudo tem outros dados interessantes, como a redução do consumo de arroz e de feijão. Apesar disso, quase metade (45%) da alimentação seja de itens básicos de origem vegetal, como cereais, leguminosas e raízes e tubérculos. Óleos, gorduras vegetais e animal, açúcar de mesa e refrigerantes e bebidas alcoólicas respondem por apenas 28% do total das calorias ingeridas.

A mistura das refeições, formada por carnes, leite e derivados e ovos, mata 19% do apetite dos brasileiros sentados à mesa. Aquela lasanha de caixinha ou o macarrão instantâneo – sem contar o disque-pizza – sacia 4,6% das calorias totais mandadas para dentro pela população. O problema é que essa parte andou crescendo.

Juntas, estas informações mostram que a maioria das pessoas não se alimenta com porções de fritas de mesas de bar nem mantém o padrão adotado por moradores de repúblicas estudantis. E dá-lhe comercial!

Os detalhes estão aqui, mas aqui tem um gráfico que mostra a gravidade da coisa.

Lugar de mulher, ao sair do campo de futebol, é a cozinha

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A pérola acima é uma leitura possivel da cobertura da Band do Torneio Internacional Cidade de São Paulo de Futebol Feminino. Ou melhor, do acordo de patrocínio. A melhor em campo leva um Kit de produtos Bombril, a marca da palha de aço com mil e uma utilidades. Quem avisou foi o João Peres.

Na partida contra o Canadá em que houve empate, ninguém menos do que Marta, a melhor jogadora do mundo por três anos consecutivos e favorita para sagrar-se pela quarta vez, ganhou os presentes por ser a Craque da marca. Que prêmio!



A companhia acredita que pode "valorizar a atuação da mulher em diferentes áreas" com a campanha. O problema é que dando um kit de produtos, reforça-se a ideia de que, ao deixar o gramado, espera-se das atletas que cheguem em casa para fazer faxina. Pior do que essa ideia, só a troça de Dudeef, no Twitter, que sugeriu uma vassoura para a pior em campo. Seria bem mais de mau gosto.

Disputado por seleções, com jogos no estádio do Pacaembu e final previsto para este domingo, 19, a competição teve, além dos países citados, Holanda e México.

Falando (mais) sério
Antigamente, quando jogo de futebol era ouvido por aparelhos sonoros movidos a pilha – quiçá transistorizados –, o melhor em campo levava um motorádio pela Rádio Globo. A empresa nem existe mais com esse nome. Já houve ocasião em que jogos de pneus e outros serviços automotivos eram oferecidos. Houve até trena que patrocinava o gol – sem falar em marca de tinta que faz merchã do melhor lance de cada etapa da partida.

Foto: Audiorama/Reprodução
Quem leva o Motorádio?

O foco, obviamente, era menos incentivar o atleta do que divulgar os produtos para os torcedores. No caso do equipamento de som automotivo, poderia até ser, já que era um tempo em que jogador ganhava menos, mas, assim como hoje, queria status. Mas ninguém esperaria que camisa 10 de time nenhum empunhe rolo de lã e brocha para dar uma demão de tinta em sua casa.

A mesma função tem o patrocínio da Bombril, alcançar a audiência mais do que as atletas. O torneio transmitido pela emissora é apenas o primeiro patrocinado pela marca de produtos para o lar. O Torneio Internacional de Clubes também terá o mesmo apoio, o que é uma notícia boa, considerando um esporte como o futebol feminino que necessita de patrocínio para se desenvolver mais no país. Não se sabe o kit permanecerá.

Mas será que a maior parte da audiência é de mulheres? Se for, que bom. Mas era mesmo necessário associá-las à segunda jornada de trabalho, em casa, cuidando do asseio? Assim como a maior parte dos patrocinadores atuais, era só apoiar o esporte e deixar a parte do brinde – e das piadas subsequentes – pra lá.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Questão de caráter

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Em mais um volume da série "Histórias das minhas canções", da Editora Leya, o poeta, compositor e escritor Paulo César Pinheiro conta uma passagem interessante sobre o fantástico Alfredo da Rocha Viana, o Pixinguinha (foto):

"Morando em São Cristóvão ainda, próximo do centro da cidade [do Rio de Janeiro], fui algumas vezes ao Bar Gouveia, na rua Sete de Setembro, em seu ponto de fé, atrás de um bom papo com o chorão. (...) Alguns sentavam-se à sua mesa, também, para ouvi-lo. Jamais foi deseducado ou deselegante com sua enorme legião de fãs. Pra um, uma vez, que, não por maldade, mas por cuidados com sua saúde, lhe dissera que a bebida fazia mal, Pixinga retrucou com uma frase que ecoa ainda hoje em minha mente:
- Meu filho, bebida só faz mal pra quem não tem caráter."

terça-feira, dezembro 14, 2010

A zebra é realmente africana

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O Todo Poderoso Mazembe, do Congo, mostrou hoje o porquê de seu nome eliminando o Internacional da final do mundial de clubes.


E nem pode reclamar, não houve nenhum tipo de roubo ou qualquer coisa de anormal.

Apenas um time aplicado, bem fechado e que aproveitou duas chances para fazer seus gols em contra-ataques por meio de atacantes velozes e de boa técnica.

O que resta para os brasileiros nessa história (com exceção dos contentes gremistas) é ver como o futebol está se desenvolvendo em outros centros, tornando-se um esporte muito mais rápido e com jogadores fisicamente fortes. Não basta a decantada técnica brasileira para ganhar mais nada.

É necessário crescer física e tecnicamente. Até porque os resultados não são bons em decisões contra times africanos, como se viu em seleções olímpicas.

O jogo

Rafael Sóbis deve ter perdido pelo menos umas três finalizações, que acabaram com defesas acrobáticas do goleiro Kidiaba.

O goleiro Renan falhou pelo menos no segundo gol e o técnico Celso Roth errou, pelo menos, ao tirar Sóbis, o que mais tinha feito conclusões até o momento para pôr Oscar, garoto ex-jogador do São Paulo, que nada produziu. A saída de Tinga para a entrada de Giuliano também nada colaborou diante da forte marcação dos africanos. E o esquema com três volantes de Roth também demonstrou-se um equívoco.

Fica a lição para as próximas edições. E esperar para ver se os sul-coreanos vão aprontar também para cima da Inter de Milão, fazendo uma inédita final entre africanos e asiáticos e mostrando que algo de novo acontece no mundo da bola.


Celso Roth eterno!

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Não posso tecer comentários, pois não vi a partida (o Frédi viu). Mas, longe de subestimar o time congolês do Mazembe, só quero registrar meu espanto diante da vitória dos africanos por 2 a 0 sobre o Internacional de Porto Alegre, hoje, pelo Mundial de Clubes da Fifa. Eu sabia que um dia isso ainda ia acontecer, pois em torneio mata-mata tudo é possível. Meu próprio time, em 2005, passou aperto para vencer o Al Ittihad, da Arábia Saudita, por 3 a 2, na mesma fase semifinal. Porém, ainda que seja plausível dar zebra, quando dá sempre é inacreditável, histórico, antológico. E o técnico Celso Roth (foto), tão aclamado pelo justo e merecido título da Copa Libertadores deste ano, carregará para o túmulo esse vexame vivido no Estádio Mohammad Bin Zayed, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Só falta o Seongnam, da Coreia do Sul, vencer a Internazionale de Milão, amanhã, para termos uma espécie de Bragantino x Novorizontino (decisão do Campeonato Paulista de 1990) dos Mundiais de Clubes. E eu imagino a festa ensandecida dos gremistas no Rio Grande do Sul, uma hora dessas...

Sim, Pelé foi campeão brasileiro. Seis vezes

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Embora ainda não tenha sido sido publicada no site da CBF até o momento em que esse post foi feito(que, mesmo novo, continua com a agilidade de sempre), como bem lembrou o Victor do Blablagol, a entidade finalmente vai reconhecer os títulos da Taça Brasil e do Roberto Gomes Pedrosa, torneios nacionais disputados antes de 1971, como Campeonatos Brasileiros. Agora, a discussão de boteco referente ao título desse post ganha ingrediente "oficial". Pelé foi campeão brasileiro sim, seis vezes, sendo cinco delas seguidas. Ele e outros tantos craques da geração mais gloriosa e técnica do futebol brasileiro, que ganhou três títulos mundiais antes do dito Brasileirão começar a ser disputado.

Assim, Santos e Palmeiras passam a ser oficialmente os maiores campeões brasileiros da História, com oito títulos cada um. Claro que isso ainda vai render debates etílicos e sóbrios por aí, mas, na modesta opinião desse escriba, a decisão é justa, ainda que tardia. Há quem discorde e tem também quem ache que o Robertão se assemelhava mais ao Brasileirão, enquanto a Taça Brasil seria um equivalente à Copa do Brasil da época, como opina Mauro Beting.

Recorte de jornal de 1963: Santos, bicampeão brasileiro
Claro que, se levarmos em consideração o formato, a Taça Brasil de fato se assemelha ao torneio vencido pelo Santos em 2010. No entanto, é preciso considerar as diferenças. A primeira e principal é que era o único torneio nacional à época, enquanto a Copa do Brasil não. Ou seja, era o único meio de medir a força de um time nacionalmente e caminho único para a Libertadores. Não era possível organizar um torneio longo por conta dos custos que seriam altíssimo para os clubes, além de ser inviável por conta das condições do sistema de transportes nacional. O mata-mata era a solução mais simples.

E se o formato, eliminatório e que contava com a participação dos campeões estaduais em uma época em que ninguém se atrevia a chamar tais competições no diminutivo (ver aqui) de fato se assemelha ao início da Copa do Brasil (hoje há times que têm vaga garantida graças ao ranking da CBF), também lembra critérios de classificação para o Brasileirão do início dos anos 1980. Ali, a chamada Taça de Ouro (um dos inúmeros nomes que a competição teve desde 1971) reunia os melhores times dos estaduais, São Paulo, por exemplo, classificou seus sete primeiros colocados em 1981 para o torneio de 1982, e quatro para a Taça de Prata. Ou seja, o critério de classificação eram os estaduais também.

E, como diz o jornalista Odir Cunha, um dos grandes (talvez o maior) defensores da unificação, a CBF não "oficializa" os títulos anteriores a 1971, já que esses eram oficiais, pois os torneios eram organizados pela antiga Confederação Brasileira de Desportos, a CBD, responsável pelo futebol tupiniquim antes da entidade dirigida por Ricardo Teixeira. Ou seja, ninguém está inventando a roda, só reconhecendo que ela existia. E girava bonita a danada...



Mais sobre o assunto:

Belluzzo, o caçador de títulos perdidos

São Paulo tricampeão e os que tentaram antes

Fifa reconhece Santos como octacampeão

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Propaganda de associação de ateus é barrada em Porto Alegre e Salvador

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Clique para ver a imagem maior

Estava programada para se iniciar hoje, em Porto Alegre e Salvador, a divulgação de uma campanha em ônibus com mensagens sobre ateísmo. São quatro peças diferentes, retratadas acima, que não puderam circular nos 15 veículos contratados nas duas cidades já que a iniciativa, promovida pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), foi barrada.

Na capital baiana, a empresa responsável pela veiculação entrou em contato com a Associação informando que não iria tocar a campanha por temer a ação do Estado e dos empresários de ônibus. Já em Porto Alegre, a Agência de Transportes Públicos vetou a divulgação argumentando que a mesma infringe uma lei municipal que veta temas religiosos na publicidade de coletivos.

A Atea, em sua página eletrônica, explica o que pretende com as quatro mensagens. "Nossos objetivos são conseguir um espaço na sociedade que seja proporcional aos nossos números, diminuindo o enorme preconceito que existe contra ateus, e caminhar rumo à igualdade plena entre ateus e teístas, que só existe quando o Estado é verdadeiramente laico - o que está muito, muito longe de acontecer." Para os defensores e pseudo-defensores da liberadade de expressão, está aí uma boa pauta.

Bebendo e aprendendo

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Uma amiga jornalista (só podia ser...) posta no Facebook:

"A última sexta-feira me ensinou muitas coisas. Por exemplo, aprendi que a mistura de Citrus com vodca resulta numa versão improvisada de Smirnoff Ice. Que vinho tinto com guaraná se transforma em algo bem próximo de Keep Cooler."

Meu comentário eu deixo em linguagem internética: medo.com

sábado, dezembro 11, 2010

Fenômenos pós-2010

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Daniel Lírio, psicanalista, escritor e corintiano, não necessariamente nessa ordem, escreveu ao Futepoca com um artigo de sua autoria. Ele associa duas ilustres ausências, uma na eleição 2010 e outra na Copa do Mundo na África do Sul. Lula e Ronaldo.

Fotos: Ricardo Stuckert/Presidência
Jogo dos 7 erros: Lula e Ronaldo. Acima, em maio de 2009,
abaixo em junho de 2005. Note-se que a
gravata e o terno do presidente são virtualmente os mesmos

A primeira vez sem Lula e Ronaldo na seleção

Daniel Lirio

No Brasil, há uma dessas coincidências que fazem a vida real muito mais interessante do que a ficção: copa do mundo e eleição presidencial ocorrem sempre no mesmo ano. Assim, a cada quatro anos, o país se passa a limpo, nosso passado, nosso futuro, nossos heróis. Os comandantes são coroados ou tornam-se vilões para a eternidade. A história recente da política e do futebol é protagonizada por duas personagens surpreendentes: Lula e Ronaldo.

Em 2010, houve a primeira eleição presidencial sem Lula dos últimos 50 anos, e a primeira copa sem Ronaldo dos últimos 20 anos. Nessas duas últimas décadas, portanto, eles ajudaram a escrever a história de nosso país, nossas vitórias, conquistas e, também, frustrações. Pode-se dizer que  Lula saiu vitorioso de duas campanhas para presidente – três se incluir esta em que esteve ausente mas foi decisivo para eleger sua sucessora –, assim como Ronaldo foi eleito o melhor jogador do mundo três vezes; é o maior goleador da história das copas.

Foto: Juliana Paes/Divulgação-Flickr
Para além das conquistas, inteligência e capacidade de improviso, eles também foram marcados por momentos difíceis, dentro e fora de campo. Os escândalos, alianças inesperadas, denúncias e, principalmente, as contusões os obrigaram a cortar na carne – se ainda reconhecível, pode-se dizer que o corpo transfigurado de hoje é muito diferente do que na juventude. Apesar das dúvidas, eles ressurgiram; reinventando-se, descobriram novos atalhos no campo e retornaram mais alegres e confiantes do que nunca.
Esse enredo ficcional transcendeu o campo estrito de suas profissões, e eles se tornaram estrelas da mídia, no Brasil e no mundo. Lula virou filme e Ronaldo acaba de ser convidado para atuar em Hollywood, ao lado da atriz Juliana Paes. Onde quer que vá, Ronaldo é o “o cara”, sempre presente em jornais e noticiários de todo o globo. Por sua vez, qual empresa não sonharia em ter Lula como seu garoto propaganda? O fascínio desses personagens supera as críticas e elogios que bem merecem, e a imagem deles aparece por toda parte. É impossível evitá-la.

As personagens também coincidem pela infância pobre e pela paixão declarada ao Corinthians. Curiosamente, os papéis se invertem: no planalto, Lula joga futebol; na seleção, Ronaldo era chamado de “presidente”. Enfim, fora da seleção de 2010, eles nunca apareceram tanto na mídia, e de forma tão apaixonada... e apaixonante.  Ficção e realidade confundem-se totalmente.

Agora com os dias contados, eles já avisaram que vão continuar jogando, sabe-se lá se na diretoria do Timão, ou em qualquer outra forma política de atuar pelo Brasil, ganhando e perdendo, sem perder a esportiva. O fato é que, nas últimas décadas quem duvidou que pudessem superar seus obstáculos pagou a língua; e quem poderá saber as surpresas que nos aguardam? Quem duvidava de uma copa no país, também duvidava do estádio do Corinthians e continua duvidando que o time conquiste a Libertadores da América. O mais sensato é apostar que Lula e Ronaldo permanecem no palco, surpreendendo. São Fenômenos.


Daniel Lirio é corintiano, escritor e psicanalista, não necessariamente nessa ordem. Escreveu ao Futepoca por considerar que é o único lugar em que poderia ser publicado.

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Som na caixa, manguaça! - Volume 63

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TURMA DO FUNIL
(Antonio Carlos Jobim/ Chico Buarque/ Mirabeau/ Oliveira/ Castro)

Tom Jobim, Miúcha e Chico Buarque

Quando é tão densa a fumaça
Que o tempo não passa
E a porta do bar já fechou
Quando ninguém mais tem dono
O garçom tá com sono
e a primeira edição circulou
Quando não há mais saudade, nem felicidade
Nem sede, nem nada, nem dor
Quando não tem mais cadeira
tomo uma besteira de pé no balcão
Eis que da porta do fundo
Do oco do mundo
Desponta o cordão

Chegou a turma do funil
Todo mundo bebe
Mas ninguém dorme no ponto
Ah, ah, ah, ah!
Mas ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos
e eles que ficam tontos, morou
Eu bebo sem compromisso
É o meu dinheiro
Ninguém tem nada com isso
Enquanto houver garrafa
Enquanto houver barril
Presente está a turma do funil

(Do LP "Miúcha & Tom Jobim", RCA Victor, 1979)

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Lula defende WikiLeaks

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Sobre o caso do WikiLeaks e a prisão de Julian Assange, o presidente Lula deu mais um motivo de orgulho para este manguaça que é seu eleitor. Foi autor da primeira defesa pública de um chefe de Estado da liberdade de expressão do site. Depois vem vagabundo falar que o PT ameaça à democracia.


O estandarte do sanatório geral (vai passar)

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No intervalo entre quatro estações do metrô de São Paulo, escuto alguns trechos curiosos de conversas entre passageiros que embarcam ou desembarcam:

"-Ele não tinha dinheiro, daí acabou fazendo no cemitério."

"-A primeira coisa que eu preciso fazer é mudar o som da minha risada."

"-Se você começa a investigar, vai ver que ele fuça a vida de todo mundo."


E eu ainda nem tinha bebido. Mas providenciei.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Se fosse no Brasil, derrubaria ministro

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Deu no blog do Wikileaks no Brasil.

Em 2002, depois da primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu era visto como "discreto", em contraposição ao "radical" Aloízio Mercadante.

Foto: Reprodução


A moderação e proporcional elogio ao então futuro ministro-chefe da Casa Civil tem virtualmente nenhum efeito prático. Mas se fosse no Brasil, era capaz de derrubar ministro. Qualquer denúncia ganha "fôlego" na imprensa se incluir o nome daquele que despertava os instintos mais primitivos em Roberto Jefferson e que é acusado de ser "chefe de quadrilha" no inquérito do Mensalão.

O mais curioso é que a sentença sobre quem seria quem na equipe de transição mostra que Dirceu se "safou" do veredicto da embaixada no Brasil. Em reunião com o subsecretário de estado americano Otto Reich, Mercadante explicava com eloquência a prioridade do Mercosul, quando foi interrompido por Dirceu lembrando que os acordos bilaterais também eram importantes.

Foto: Reprodução
Reich descreve Mercadante como radical e alguém que quer convencer os outros, com o dedo em riste em direção ao interlocutor. Dirceu se comportava como "o primeiro entre os iguais", em uma telegráfica referência à máxima de George Orwell em Revolução Animal – "Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros".

O terceiro membro da conversa, Antonio Palocci, que agora é futuro ministro da Casa Civil, é o dono de um canto de sereia voltado ao mercado.

Picuinha internacional
Em uma reunião de meia hora, impressões em telegramas. Mudou muito pouca coisa na relação entre os dois países. E agora todo mundo fica sabendo. Pena que não tinha espaço no telegrama para comentários sobre o bigode do Mercadante, o cacoete do Palocci e o erre puxado do Zé Dirceu.

Revolução Cantona não abala sistema financeiro

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"Allez, Cantona", cantaram os torcedores do Manchester United em ritmo de Marsellesa por cinco anos na década de 1990. O hino de apoio a Éric Cantona, o maior e mais polêmico ídolo de então – em uma época em que David Beckham já despontava na equipe – foi parte do divertido A procura de Éric.

Mas Éric Cantona é mais do que um ídolo que inspirava torcedores por seu sarcasmo e ironia nem sempre fina. Ele é cheio de ideias revolucionárias. Foi com esse tipo de intuito que ele ajudou a armar, desde outubro, uma revolução.

Fulo da vida com os bancos franceses que consumiram recursos públicos depois de anos de lucros, Cantonas sugeriu que se tirassem uns € 10 milhões dos bancos por meio de saques, as instituições financeiras teriam problema. A convocação ocorreu em 6 de novembro, à Presse-Océan.

O roteirista belga Géraldine Feuillien e o comediante francês Yann Sarfati criaram um site. Ativistas se mostraram a favor. E uma legião de adeptos prometia mesmo ir ao banco sacar dinheiro e depositar tudo no Crédit Cooperatif, um banco cooperativo sem fins lucrativos.

A data cabalísica era dia 7 de dezembro – ontem, terça-feira. A ideia era fazer um protesto sem ir às ruas nem pegar em armas, mas atingir o sistema financeiro e mostrar insatisfação. 



Se fosse em um país hispanófono, seria o dia do "Retirazzo" (menos na Argentina, onde seria um novo "Corralito"). No Brasil, seria o "Dia do Sacão", o que comprometeria de saída o sucesso da operação.

Mas o Bank Run, ou Revolução Cantonas, falhou. Quase ninguém apareceu para sacar. Nem mesmo o garoto-propaganda das ações abalou-se a comparecer à agência do BNP Paribas de Marselha, onde é correntista, para fazer sua parte. Gol contra, cravou a Reuters. É bem verdade que ele defendeu a ideia em uma entrevista, não mobilizou as pessoas. Mas por que perder a piada?

Apesar de a história ter bombado no Facebook e na mídia, com direito a grita de acadêmicos, do governo e da oposição.

Ficou para a próxima.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Um 'Programa do Jô' bêbado é mil vezes melhor!

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Um velho projeto do Futepoca seria o de produzir o "Mesa quadrada futebol manguaça", um desses programas televisivos em que se debate os jogos da rodada, só que transmitido ao vivo direto do bar, com todos os apresentadores bebendo cerveja. Garanto que seria muito mais interessante que todos esses chatos, dispensáveis e moralistas programas estilo "mesa redonda" que empesteiam a programação brasileira. No mínimo, geraria muitos vexames e discussões surreais. Pois agora descubro que algo do gênero já foi produzido, só que na linha do talk show: o músico, cantor e compositor gaúcho Júpiter Maçã apresentou na MTV, totalmente encachaçado, um arremedo de "Programa do Jô", com direito até a um bongô como o que o comediante às vezes se atreve a tocar. A entrevista com o colega Rogério Skylab é memorável. Júpiter torce a língua o tempo todo e o papo descamba para o delírio nonsense. Se você assistir bêbado(a), melhora mais ainda:

Brasileirão teve a pior média de gols e a melhor de público desde o início dos pontos corridos

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Um paradoxo interessante ocorreu este ano no Campeonato Brasileiro: desde 2003, ano em que foi implantado o sistema de pontos corridos, foi a edição que teve pior média de gols (2,57) e, ao mesmo tempo, a melhor média de público (19.914 pagantes) por partida. Ou seja, por esse viés, quanto menos gols, mais gente atrai. Será a consagração da máxima de Carlos Alberto Parreira, para quem "o gol é apenas um detalhe"? Outro dado interessante é que esse também foi o Brasileirão com menor média de cartões desde 2004: 4,82 por jogo - em contraposição ao recorde absoluto de 2009, que teve média de 6,01.

Um exemplo da "seca" de bola na rede é a soma dos cinco principais artilheiros de 2009 e dos cinco deste ano. Ano passado, Adriano (Flamengo), Diego Tardelli (Atlético-MG), Val Baiano (Grêmio Barueri), Washington (São Paulo) e Alecsandro (Internacional) somaram 89 gols. Já nesta última edição, Jonas (foto), do Grêmio, Neymar (Santos), Bruno César (Corinthians), Elias (Corinthians) e Obina (Atlético-MG) marcaram juntos apenas 78 gols. Em 2010, alguns times tiveram média inferior a 1 gol por jogo, casos do Guarani (0,86) e Ceará (0,92).

Quanto ao público, o dado mais curioso é que, na lista das cinco partidas que atraíram mais gente neste Brasileirão, nenhuma (repito: nenhuma) teve presença do Corinthians. Os jogos com maior público foram, pela ordem, Vasco 2 x 2 Fluminense (66.757 pagantes), Flamengo 0 x 0 Vasco (50.447), Fluminense 3 x 0 Internacional (49.471), Grêmio 3 x 0 Botafogo (45.420) e Grêmio 2 x 2 Internacional (45.234). Para nenhuma surpresa, todos (repito: todos) os jogos com menor público tiveram presença do Grêmio Prudente. Quando goleou o Goiás por 4 a 1 em casa (à esquerda), atraiu só 674 testemunhas.

Pra constar, as médias de público pagante dos pontos corridos foram: 10.468 (2003), 8.085 (2004), 13.765 (2005), 10.710 (2006), 17.255 (2007), 16.712 (2008), 17.914 (2009) e 19.914 (2010). Já as médias de gol por partida foram: 2,88 (2003), 2,78 (2004), 3,13 (2005), 2,63 (2006), 2,76 (2007), 2,72 (2008), 2,87 (2010) e 2,57 (2010). Por fim, as médias de cartões (amarelos e vermelhos) por jogo, com exceção de 2003, que não encontrei: 5,23 (2004), 5,53 (2005), 5,97 (2006), 5,57 (2007), 5,78 (2008), 6,01 (2009) e 4,82 (2010).

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Se for beber, não leve seus elefantes

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Mais uma sórdida tentativa de criminalizar a manguaça como causa, sendo que me parece ter sido apenas o meio. Na Índia (onde nasceu Mauro Beting), cerca de 70 elefantes bêbados mataram quatro pessoas e destruíram várias casas. A manada de manguaças invadiu um estoque de uma bebida fermentada de arroz e deixou um rastro de destruição nos estados de Bengala Ocidental e Orissa. Dias depois, foram encontrados dormindo. Tudo bem, tem que vigiar e punir, mas garanto que a causa de tanta violência deve ter sido o estresse com os maus tratos, trabalhos forçados e condições aviltantes que os humanos impõem aos pobres animais. Com umas e outras na cabeça, decidiram se vingar. Ou sei lá, talvez tenham bebido Kaiser e se revoltado...

Balanço de 40 edições do Brasileirão

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Se considerarmos que o bagunçado torneio de 1987 foi um só, com dois campeões, o Brasileirão encerrou ontem sua 40ª edição. Ou melhor, sua 40ª edição a partir de 1971, quando a CBF decidiu criar um campeonato nacional com caráter oficial - mas essa contagem pode mudar em breve, pois os clubes campeões da Taça Brasil (disputada entre 1959 e 1968) e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967 a 1970) estão reivindicando o reconhecimento de seus títulos. Buenas, isto posto, o ranking dos vencedores do torneio, em quatro dezenas de disputas, é o seguinte:

1º - São Paulo e Flamengo* (6 títulos cada um)
2º - Palmeiras, Vasco e Corinthians (4 títulos cada)
3º - Internacional-RS (3 títulos)
4º - Grêmio, Santos e Fluminense (2 títulos cada)
5º - Atlético-MG, Guarani, Coritiba, Sport*, Bahia, Botafogo-RJ, Atlético-PR e Cruzeiro (1 título cada)
*Considerando que Flamengo e Sport foram campeões em 1987.

A divisão por estados, com a sequência de dois títulos cariocas, ficou assim:

1º - São Paulo (17 títulos)
2º - Rio de Janeiro* (13 títulos)
3º - Rio Grande do Sul (5 títulos)
4º - Paraná e Minas Gerais (2 títulos cada)
5º - Bahia e Pernambuco* (1 título cada)
*Considerando que Flamengo e Sport foram campeões em 1987.

Quanto aos técnicos, Muricy Ramalho já está a um título de alcançar a liderança:

1º - Vanderley Luxemburgo (5 títulos: 1993, 1994, 1998, 2003 e 2004)
2º - Muricy Ramalho (4 títulos: 2006, 2007, 2008 e 2010)
3º - Rubens Minelli (3 títulos: 1975, 1976 e 1977) e Ênio Andrade (1979, 1981 e 1985)
4º - Osvaldo Brandão (2 títulos: 1972 e 1973), Telê Santana (1971 e 1991), Carlinhos* (1987 e 1992) e Antônio Lopes (1997 e 2005)
5º - Mário Travaglini (1 título: 1974), Carlos Alberto Silva (1978), Cláudio Coutinho (1980), Paulo César Carpegiani (1982), Carlos Alberto Torres (1983), Carlos Alberto Parreira (1984), Pepe (1986), Jair Picerni* (1987), Evaristo de Macedo (1988), Nelsinho Rosa (1989), Nelsinho Baptista (1990), Paulo Autuori (1995), Luiz Felipe Scolari (1996), Oswaldo Oliveira (1999), Joel Santana (2000), Geninho (2001), Emerson Leão (2002) e Andrade (2009)
*Considerando que Flamengo e Sport foram campeões em 1987.

Em relação os artilheiros, Jonas fez bonito pelo Grêmio e entrou em 6º no ranking:

1º - Washington (Atlético-PR), 34 gols (2004)
2º - Dimba (Goiás), 31 gols (2003)
3º - Edmundo (Vasco), 29 gols (1997)
4º - Reinaldo (Atlético-MG), 28 gols (1977)
5º - Careca (São Paulo), 25 gols (1986)
6º - Túlio (Botafogo-RJ), 23 gols (1995)
----Jonas (Grêmio), 23 gols (2010)
7º - Serginho (Santos), 22 gols (1983)
----Romário (Vasco), 22 gols (2005)
8º - Ramon (Santa Cruz), 21 gols (1973)
----Zico (Flamengo), 21 gols (1980)
----Viola (Santos), 21 gols (1998)
----Romário (Vasco), 21 gols (2001)
----Keirrison (Coritiba), 21 gols (2008)
----Kleber Pereira (Santos), 21 gols (2008)
----Washington (Fluminense), 21 gols (2008)
9º - Serginho (São Paulo), 20 gols (1982)
----Zico (Flamengo), 20 gols (1982)
----Edmar (Guarani), 20 gols (1985)
----Romário (Vasco), 20 gols (2000)
----Dill (Goiás), 20 gols (2000)
----Magno Alves (Fluminense), 20 gols (2000)
----Josiel (Paraná), 20 gols (2007)
10º - Paulinho (Vasco), 19 gols (1978)
-----Amoroso (Guarani), 19 gols (1994)
-----Túlio (Botafogo-RJ), 19 gols (1994)
-----Luís Fabiano (São Paulo), 19 gols (2002)
-----Rodrigo Fabri (Grêmio), 19 gols (2002)

Observação final: com as confusões em campeonatos como os de 1979, 1987 e 2005, por exemplo, é óbvio que, nestes dados, há controvérsias.

Essa é a neve que o Brasil precisa!

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A BBC informa que sete pessoas foram submetidas ao "sacrifício" de permancerem presas por oito longos dias dentro de um pub no Norte da Inglaterra, pois a saída do estabelecimento foi soterrada por uma grande quantidade de neve (foto). O acesso ao pub Lion Inn, na cidade de Blakey Ridge, condado de North Yorkshire, foi interrompido na sexta-feira da semana passada, após mais de seis metros de neve terem caído na região. Somente na noite de sábado, com a reabertura da estrada, foi que os manguaças puderam sair do local - ou apenas os que ainda não estavam em coma alcoólico, talvez.

O cozinheiro Daniel Butterworth entregou que os funcionários aguentaram os primeiros dias de confinamento graças à bebida e que todos "riram muito" durante os dias em que estiveram isolados dentro do pub. Motivo não faltou: "Os patrões não estavam aqui, não puderam chegar por causa da neve", comemorou Butterworth. Além de manter os manguaças vivos e felizes, a bebida ainda ajudou no resgate, pois eles só conseguiam sair ao jardim com trenós improvisados com caixas de cerveja. Taí, se um dia eu viajar à Inglaterra nessa época do ano, vou considerar a possibilidade de incluir Blakey Ridge no meu roteiro...

domingo, dezembro 05, 2010

Parabéns ao 'todo poderoso' pelo cente... NADA!

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Fluminense - do quase rebaixamento em 2009 ao título de 2010

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Na última rodada do Brasileirão de 2010, em nenhum momento o Fluminense deixou de ser campeão. Tentando realizar a tarefa esquizofrênica de acompanhar quatro partidas ao mesmo tempo, era possível notar nas pelejas dos candidatos ao título que o que imperava era a ansiedade. Só o Tricolor do Rio enfrentava um adversário que colocou os titulares em campo, enquanto Corinthians e Cruzeiro pegavam os reservas do Palmeiras e os suplentes do rebaixado Goiás. Todos jogavam de olho nas partidas alheias e isso parecia aumentar ainda mais o nervosismo de cada atleta, dos mais novos aos mais experientes.

E o primeiro gol entre os pretendentes ao título saiu de quem menos se esperava. Mas o tal do Goiás parece destinado a surpreender. O Corinthians chegou ao empate, acertou a trave no segundo tempo, mas não demonstrou aquele algo a mais que caracteriza os campeões. O time é mais ou menos a cara do técnico, que em coletivas gosta de dar repostas vazias e supostamente sofisticadas, com pitadas de auto-ajuda e filosofia duvidosa. O Timão várias vezes fazia a bola rodar, tocava demasiadamente a pelota na intermediária sem ser incisivo contra um rival vários degraus inferior tecnicamente. 

Não se impôs, como não se impôs também sobre o hoje rebaixado Vitória. Ali, caso tivesse superado a equipe baiana, não precisaria se preocupar com os adversários. Mas Tite achou por bem não ousar. Caiu para o terceiro lugar e terá que disputar a repescagem da Libertadopres para ir à fase de grupos. Nada muito assustador, mas um baque moral.


Já o Fluminense também penava contra um Guarani com três zagueiros e seis homens no meio de campo, anabolizado financeiramente e com a meta de evitar ser vazado pelo ataque que tinha Fred e Emerson. O nervosismo tricolor era evidente e, agora, não custa pensar o que teria acontecido se Corinthians ou Cruzeiro tivessem saído na frente em seus jogos. Será que o Fluminense, cujo elenco era composto por atletas “virgens” em títulos do campeonato brasileiro - com exceção do reserva André Luiz – ficaria ainda mai tenso? Isso nunca saberemos porque seus rivais não tiveram competência para tanto. E palmas para o Tricolor que conseguiu fazer o seu gol aos 18 minutos do segundo tempo e, desde então, praticamente não foi ameaçado pelo Guarani.

No fim, o título ficou com o time que tinha o melhor meia, o argentino Conca, a melhor defesa estruturada pelo tetracampeão brasileiro Muricy Ramalho e uma torcida que merecia ser recompensada por ter jogado junto com o time em 2009, quando a equipe parecia fadada ao rebaixamento e se salvou de forma milagrosa. A recompensa está aí. Parabéns aos tricolores.

sábado, dezembro 04, 2010

O Guarani, a mala branca e o desprezo pelo esporte

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Em 1995, o Santos enfrentava o Guarani em um Pacaembu lotado e uma vitória simples o colocaria nas semifinais do Brasileiro daquele ano. Disputando vaga com o time da Vila estava o Atlético-MG, que enfrentava o Vitória mas precisava de um revés santista diante do Bugre para conseguir ficar entre os quatro. Durante todo o período pré-jogo, o assunto mala branca foi recorrente, sendo que um dono de uma loja de eletro-eletrônicos chegou a anunciar, para quem quisesse ouvir, que daria uma TV 29 polegadas (à época, artigo bem mais valioso do que é hoje) para cada jogador campineiro caso arrancassem um empatezinho que fosse com a equipe de Giovanni e cia.

Provavelmente o aparelho de televisão não foi o único incentivo prometido ao Guarani. Depois do apito inicial, os verdes pareciam disputar uma final de campeonato. Corriam, marcavam, planejavam o bote em contra-ataques, exploravam toda a ansiedade do Peixe que penava enquanto seu rival à vaga já virava o primeiro tempo vencendo por 2 a 0 o desinteressado Vitória, que não havia sido agraciado com promessas financeiras.

O martírio alvinegro durou até os 37 minutos do segundo tempo, quando Marcelo Passos acertou um dos belos chutes que costumava arriscar sempre no lado direito da grande área. Giovanni ainda faria o segundo e tudo o que cercou aquele jogo acabou um pouco obscurecido pela vitória santista e pelo que o Brasileirão reservava nas semifinais e finais daquele ano. Mas, para mim, torcedor, o Guarani ficou como um time malquisto. Havia visto outras pelejas do Bugre naquela competição e em momento algum tinha visto tanta entrega como naquele jogo contra o Santos, ficando a nítida impressão de que a única motivação da maioria dos jogadores naquele torneio eram as 30 moedas que seriam pagas em caso de sucesso. Pensei como um torcedor bugrino deveria se sentir desprezado vendo a diferença de atuação do seu time quando bem “incentivado” por um “co-irmão”.


Não sou daqueles que acha que um jogador é “mercenário” porque negocia um salário melhor ou um prêmio por conquista com a direção de um clube. Idem para aquele atleta que sai de um time para ir a outro que lhe oferece condições econômicas melhores ou perspectivas de ganhos futuros. O atleta em geral é um proletário que vende seu pé-de-obra e que tem uma carreira mais curta que as demais profissões, natural que ele precise pensar no seu bolso. Mas um dos pontos que faz parte da avaliação de qualquer profissional da bola é o quanto ele se entrega a uma partida e como interage e respeita sua própria torcida., seja ela de um time pequeno ou de um grande. E correr mais por causa de uma mala branca é um evidente sinal de desrespeito.

Além de muitos entenderam ser ilegal de acordo com o Código Brasileiro de Justiça Desportiva e de estimular um sistema de extorsão e chantagem – afinal, um time que acha que deveria receber o tal incentivo financeiro pode falar para um possível interessado: “e aí, não vem nada pra gente, não? Olha que entregamos o jogo, hein...” – a mala branca é a síntese de um sistema em que o mais forte economicamente aproveita da fragilidade do pequeno para tratá-lo... como pequeno. Pela lógica, seria mais fácil o Corinthians, por exemplo, “incentivar” o Palmeiras para que ganhasse do Fluminense, já que o Guarani é muito inferior tecnicamente que o Palestra. Mas os jogadores palmeirenses não aceitariam tal “ajuda” por ser algo obviamente desonroso em função da rivalidade que ainda dá alguma proteção moral à competição. A mala branca é feita prioritariamente para o time dito pequeno, que aceita se apequenar ainda mais. Como o Guarani fez em 1995 e como deve fazer amanhã.

O dinheiro oferecido pelo grande ao menor só serve para legitimar o sistema de castas estabelecido no futebol brasileiro atual. Se antes era mais fácil um pequeno se sobressair e se manter em alta por um período, como aconteceu com o próprio Bugre em parte dos anos 1970 e 1980, hoje isso é impossível. Os recursos advindos da venda de direitos de televisão, por exemplo, que constituem boa parte das receitas dos grandes, são distribuídos em cotas fixas que não levam em conta, como em outros países, o mérito esportivo. Um clube grande pode ter um ano desastroso, meter os pés pelas mãos, ter gestões tenebrosas, cair para a segunda divisão que o dinheiro dele da TV estará lá no ano que vem, intacto. Premia-se a incompetência e muitas vezes a corrupção enquanto o pequeno que faz uma boa gestão e se destaca não vai ganhar mais por conta disso, um contrassenso levando-se em conta o espetáculo.

A mala branca nada mais é que as migalhas que o grande oferece ao pequeno para legitimar esse sistema de perpetuação de diferenças, que tendem a ficar maiores. Paga-se para que ele continue pequeno. Azar do Guarani, azar do torcedor e do futebol, que cada vez mais parece deixar claro que o gol é, de fato, um mero detalhe.

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Morre o ex-zagueiro argentino Ramos Delgado

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Dia de luto para o futebol: morreu hoje, na Argentina, o ex-zagueiro Ramos Delgado (foto), que jogou no timaço do Santos das décadas de 1960 e 1970. Ele estava com 75 anos e não resistiu às complicações de um mal de Alzheimer, falecendo em Villa Elisa, próximo à La Plata. O argentino atuou em 364 jogos pelo alvinegro santista e conquistou quatro campeonatos paulistas, um Torneio Roberto Gomes Pedrosa e uma Recopa Sul-Americana.

Tornou-se grande amigo de Pelé, que foi padrinho de uma de suas três filhas. Ramos Delgado começou a carreira no Lanús, em 1953, e defendeu também River Plate, Banfield e Portuguesa Santista, onde encerrou a carreira. Pela seleção argentina, disputou a Copa do Mundo na Suécia, em 1958, e no Chile, em 1962. No Santos, o ex-jogador ainda exerceu a função de coordenador das categorias de base do clube, até 2005 (na foto ao lado ele aparece em uma imagem de três anos atrás). Atualmente, trabalhava com escolhinhas de futebol na Argentina.

'Dinheiro, mulheres, política e futebol'

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Na última parte de sua saga "O tempo e o vento", chamada "O arquipélago", o escritor gaúcho Érico Veríssimo (foto) descreve um fictício Café Poncho Verde, ponto de encontro dos homens na imaginária cidade de Santa Fé - uma síntese daqueles estabelecimentos rústicos e acolhedores da passagem entre os séculos 19 e 20, onde todos os fatos marcantes da sociedade local, do Brasil e do mundo eram informados e discutidos, ou aconteciam ali mesmo. "Contava-se que em 1910, numa de suas raras visitas a Santa Fé, o Senador Pinheiro Machado entrara no Poncho Verde para comprar um maço de palha de cigarro e uma caixa de fósforos, causando sensação entre os que lá se encontravam", narra Verríssimo. "Em 1913 (e quando agora se contava isto a gente nova exclamava: 'Essa eu não como!') Theodore Roosevelt, ex-presidente dos Estados Unidos, entrara em carne e osso no café em companhia do intendente municipal e de autoridades militares - imaginem para quê? - para tomar um cálice de cachaça, o que fizeram com gosto, estralando a língua e lambendo os bigodes".

Como se vê, política e cachaça movimentavam o local. Mas o tempo adicionaria também o futebol e a cobiça financeira e sexual entre os assuntos dos frequentadores. "Em torno daquelas mesas, várias gerações de santa-fezenses e forasteiros haviam, vezes sem conta, 'matado o bicho' e tomado os seus cafés, trocando pedaços de fumo em rama ou cigarros feitos, contando anedotas, falando mal da vida alheia, discutindo seus problemas e os dos outros. E os assuntos mais capazes de provocar dissensões e paixões eram, como sempre, dinheiro, mulheres, política e futebol. A rivalidade entre os clubes esportivos Avante e Charrua continuava encarniçada, separando famílias; e aos sábados, em véspera de partida, e aos domingos, depois desta, o café se enchia de gente, e não se falava noutra coisa. Discutiam-se os lances do jogo, insultava-se o juiz, armavam-se brigas".

E o escritor ainda reserva um trecho para enaltecer a coragem e a resistência dos manguaças: "Em 1910, na noite em que apareceu o cometa de Halley, o café esteve quase deserto, pois pelas dúvidas as pessoas ficaram em casa, mesmo as que não acreditavam naquelas histórias de fim de mundo. Apenas dois ou três paus-d'água inveterados foram vistos no salão, diante de seus cálices de caninha e de seus copos de cerveja". Como o Futepoca se propõe a ampliar o "o alcance do balcão" do bar, como espaço de debate, é interessante a analogia do tal Poncho Verde com os três temas que inspiram sua sigla. O café fictício da saga "O tempo e o vento" representa simbolicamente, portanto, os balcões mais ancestrais que um dia viriam a nos atrair e nos inspirar. E como Veríssimo nasceu em dezembro, há 105 anos, fica aqui esse post como homenagem. Saúde!

quinta-feira, dezembro 02, 2010

O país que põe os adversários pra sambar

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Hoje, no Dia Nacional do Samba, postamos uma homenagem a quatro brasileiros que, no futebol, tiraram muitas vezes os adversários para sambar: Manoel "Garrincha" dos Santos, Ronaldo "Fenômeno" Nazário, Ronaldinho "Gaúcho" Assis Moreira e Róbson "Robinho" de Souza. Como só os brasileiros sabem fazer.

Som na caixa, manguaça! - Volume 62

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CHUVA, SUOR E CERVEJA
(Caetano Veloso)

Caetano Veloso

Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
A chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo de perder a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrot molhado
E vamos embolar
Ladeira abaixo
Acho que a chuva
Ajuda a gente a se ver
Venha, veja, deixa
Beija, seja
O que Deus quiser...

A gente se embala
Se embora se embola
Só pára na porta da igreja
A gente se olha
Se beija se molha
De chuva, suor e cerveja...

Não se perca de mim
Não se esqueça de mim
Não desapareça
A chuva tá caindo
E quando a chuva começa
Eu acabo de perder a cabeça
Não saia do meu lado
Segure o meu pierrot molhado
E vamos embolar
Ladeira abaixo
Acho que a chuva
Ajuda a gente a se ver
Venha, veja, deixa
Beija, seja
O que Deus quiser...

A gente se embala
Se embora, se embola
Só pára na porta da igreja
A gente se olha
Se beija se molha
De chuva, suor e cerveja...

(Do LP "Muitos Carnavais", Philips, 1977)

Depois do Brasil, América fica 12 anos sem Copa

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A Fifa anunciou hoje, na Suíça, os países que vão sediar as Copas de 2018 e 2022: Rússia e Qatar, respectivamente. Com isso, após a Copa no Brasil, em 2014, o continente americano ficará sem a competição mais importante do futebol até, pelo menos, 2026. E isso porque, entre a Copa dos Estados Unidos e a que será realizada aqui em nosso país, daqui a quatro anos, foram duas décadas de mundiais longe das Américas - os estadunindenses, aliás, foram um dos candidatos à Copa de 2022, que será a primeira no Oriente Médio.

Essa "seca" americana de 20 anos sem mundiais só havia ocorrido antes entre a primeira Copa, no Uruguai, em 1930, e a primeira no Brasil, em 1950. Depois dos 12 anos de intervalo até a Copa no Chile, em 1962, começou um período em que as Américas não passavam mais que oito anos sem o mundial: foi o que levou até 1970, quando o México sediou a primeira Copa na América Central; mais oito anos e ela foi a vez da Argentina; outros oito anos para que retornasse ao México, em 1986, e depois aos Estados Unidos, em 1994.

Um presépio de péssimo gosto

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Alto o nível de colesterol dessa celebração natalina...

Bom de bola e ruim de conta

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O Santos saiu na frente na temporada de contratações que se abre e selou o retorno do ótimo meia Elano (foto), que estava no Galatasaray, da Turquia, por R$ 6,4 milhões (e três anos de contrato). O jogador foi uma das peças principais daquele timaço montado a partir de 2002, que revelou Robinho, Diego, Renato & companhia e que levantou dois títulos brasileiros e dois paulistas. Elano está com apenas 29 anos, em boa fase e tem muita bola pra mostrar ainda. Contratação certeira, a diretoria santista merece reconhecimento. Mas, em entrevista ao diário Lance!, Elano pareceu meio confuso ao responder sobre o tempo gasto nas negociações entre Santos e Galatasaray:

- Me preparei para duas ou três semanas de dor de cabeça, mas foi tudo muito rápido. Acho que foram 20 dias no total.

Ué, se três semanas representam 21 dias, por que então o tempo gasto (20 dias) foi "muito rápido"? Enfim, bom retorno ao Brasil e à Vila Belmiro, que você joga muito melhor do que faz contas, Elano.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Onde sobram mulheres - até nos bares!

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O site G1 soltou materinha hoje destacando que Santos (foto), no litoral paulista, é o município com a maior proporção de mulheres no país, segundo os novos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 54% da população. Do total de 419,7 mil habitantes, a cidade tem 192 mil homens e 227,7 mil mulheres - equivalentes a 45,8% e 54,2%, respectivamente. E a reportagem colheu lá em Santos um depoimento curioso - e indignado (grifo nosso):

“- Tem muito mais mulher do que homem. No bar, na balada, no shopping, na praia, em praticamente todos os lugares da cidade”, diz a estudante de nutrição Maria Fernanda Araújo, de 22 anos, enfatizando o “muito”.

Lendo isso, muito manguaça solitário e acostumado com os butecos de público exclusivamente masculino, em São Paulo, vai começar a reservar uma graninha pra descer a serra todo final de semana...

Seleção sub-20, mercado e meninos que não são mais meninos

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Ontem o técnico Ney Franco, coordenador das divisões de base da CBF, divulgou a convocação dos jogadores que vão disputar o Sul-Americano da categoria entre 16 de janeiro e 12 de fevereiro no Peru. A competição vale duas vagas para os Jogos Olímpicos de 2012 e os quatro primeiros colocados vão disputar o Mundial de 2011. Abaixo, a relação, que tem como base Santos e São Paulo, com quatro atletas convocados cada:
 
Goleiros: Aleksander (Avaí), Gabriel (Cruzeiro) e Milton (Botafogo)

Laterais: Alex Sandro (Santos), Danilo (Santos), Gabriel Silva (Palmeiras), Rafael Galhardo (Flamengo) 

Zagueiros: Alan (Vitória), Bruno Uvini (São Paulo), Juan (Internacional), Romário (Internacional), Saimon (Grêmio) 

Volantes: Casemiro (São Paulo), Fernando (Grêmio), Zé Eduardo (Parma-ITA) 

Meias: Alan Patrick (Santos), Lucas (São Paulo), Oscar (Internacional), Philippe Coutinho (Inter de Milão-ITA), João Pedro (Palermo-ITA) 

Atacantes: Diego Maurício (Flamengo), Henrique (Vitória), Lucas Gaúcho (São Paulo), Neymar (Santos) William (Grêmio Prudente)

O jovem milionário Neymar será cobrado como gente grande
Interessante observar que clube tradicionais como Corinthians e Atlético-MG ficaram sem jogadores convocados. Isso significa que suas divisões de base são fracas? Não necessariamente. Talvez reflita apenas a opção das comissões técnicas que passaram pelos dois times no último ano. O veterano Corinthians atual, por exemplo, deu pouco espaço a atletas que vieram debaixo nesta temporada. Já o Galo, com Luxemburgo trazendo seu tradicional caminhão de jogadores (23, mais que dois times), padeceu do mesmo problema. Teve, na verdade, um jovem ex-jogador entre os convocados: João Pedro, hoje no Palermo, que disputou apenas 15 partidas como profissional antes de ser negociado.

Junto com João Pedro, há outros dois "estrangeiros", o ex-cruzeirense Zé Eduardo e o ex-vascaíno Philippe Coutinho. Isso, aliado ao fato de que a maioria dos atletas recebe uma remuneração maior que a média de seus companheiros, mostra que o perfil do jogador "da base" mudou totalmente nas últimas décadas. É só a "promessa" pintar que o clube passa a ter duas opções: ou vende o jogador se sua situação financeira assim exigir ou faz um contrato com ele com alta multa recisória, o que vai implicar em alto salário também.

Com a vitrine do Sul-Americano e a janela de transferências, cabe guardar essa convocação acima e verificar, no meio do ano, quantos desses jogadores se transferiram para outros clubes do exterior. E constatar novamente o quanto o futebol brasileiro ainda precisa se fortalecer economicamente para enfrentar a concorrência externa.

terça-feira, novembro 30, 2010

Nova pelada do Futepoca OU Ai, minha perna!

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Da esquerda pra direita, em pé: Frédi, Anselmo, Maurício e Glauco; sentados: Marcão, Thalita e Nicolau (falta Brunna, a "8ª passageira", que chegou mais tarde e aparece na foto abaixo)


Quase três anos após o primeiro vexame, digo, churrasco do Futepoca, nossa equipe entrou novamente em quadra no sábado, dia 27, no condomínio do Glauco, para mais um tradicional "quebra-canela" (que quebra mesmo!). Como desculpa pra beber, os anfitriões Glauco e sua companheira Cris providenciaram churrasco, farofa e pães, com estoque abastecido pelo Anselmo, mas os alvos principais dos convidados foram mesmo as cervejas (de várias marcas e tipos), pinga (pra batida) e uísque (irlandês). O que atraiu, além dos três citados, o Frédi, a Thalita e seu companheiro Victor "Alemão", o Nicolau e sua companheira Débora, o Maurício, sua companheira Cris e seu filho Chicão, eu (Marcão), minha companheira Patricia e minha filha Liz, e a Brunna (foto ao lado), que, como dito, chegou depois.

Buenas, a pelada futebolística começou com as seguintes formações: de um lado, Glauco no gol, Nicolau e Alemão na linha; e de outro, Liz no gol, Marcão, Frédi e Thalita (o fato de termos uma menina de 8 anos no gol justificava ter um jogador a mais). Entre caneladas, encontrões e lances patéticos, muitas boas jogadas, tabelas, triangulações e gols, fora as defesas arrojadas que o Glauco sempre reserva para essa ocasiões - e registrando que a Liz também fez uma ou outra defesa improvável. Eu fui o primeiro a desistir, porque era muito desperdício deixar tanta cerveja esquentando. Depois voltei para tirar a Liz do jogo, pois, com o entusiasmo etílico, as boladas ficaram mais perigosas.

Grosso como só eu consigo ser, já tinha (involuntariamente) distribuído alguns pontapés, mas o castigo veio na sequência. Num lance em que o Nicolau saiu na cara do gol, estiquei a perna e senti a agulhada no mesmo segundo. Distendi o músculo da coxa, surgiu um ponto quase preto de tão roxo no local e tive que passar o domingo todo na base do gelo e pomada. Isso me convenceu a deixar definitivamente a quadra e me dedicar só aos trabalhos manguacísticos. Foi aí que apareceu o Maurício e, mesmo com uma inseparável latinha na mão, protagonizou os melhores dribles, assistências e gols do entrevero, comprovando suas habilidades de ex-boleiro.

Frédi também marcou um golaço, Thalita mostrou seu talento, Glauco foi pra linha pra também anotar os seus e as tabelas entre Nicolau e Alemão renderam outros tentos. No final, até o Chicão entrou na quadra para bater uma bolinha. Finda a refrega entre as quatro linhas, e com a chegada do Anselmo e da Brunna, todos se uniram na confraternização dessa grande família que é o Futepoca. Deixando aqui um grande abraço ao camarada Olavo Soares, mirando 2011 com a perspectiva de novos projetos e com a esperança no futuro simbolizada pelo Chicão e pela Liz. Abraços e beijos a todos - e mais algumas imagens abaixo:

A anfitriã Cris tentando fazer o Glauco comer, em vez de só beber

Papai Maurício entretido com algum brinquedo do filhão Chicão

Goleira Liz, que segurou a bronca no meio dos marmanjos, e Patricia

Cris, mãe do Chicão, sendo recepcionada pelo Victor "Alemão"

Patricia, Débora e Frédi vistos por quem já tinha caído (eu)

Parte do Frédi, Glauco, Cris e a atrasada Brunna Rosa

Voto de boas festas dos futepoquenses para os leitores e colaboradores

segunda-feira, novembro 29, 2010

O Brasileirão acabou

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Pelo menos para mim, com o Galo não correndo mais risco de rebaixamento, juro que no próximo final de semana nem ligo a TV para ver nada.


A disputa pelo título? Ah, entre Fluminense, Corinthians e Cruzeiro, só se os azuis tivessem alguma chance. Posso queimar a língua, mas o Guarani tirar o título do Flu tem as mesmas probabilidades de eu ganhar na Mega-Sena...

Na zona de rebaixamento, três vagas definidas sem nenhuma surpresa. O Flamengo de Luxemburgo até fez a sua parte, perdeu para o Cruzeiro em casa, mas foi ajudado pela incompetência de Atlético-GO e Vitória, que conseguiram empatar com Inter e São Paulo, que não disputavam mais nada.

Como na última rodada têm confronto direto, que o mais incompetente vá para a segundona, os dois merecem. Na verdade, torço para o Vitória ficar por ter mais tradição e junto com o Bahia poderem fazer um espetáculo bonito de torcidas em Salvador no ano que vem. Sobre Goiás ficar sem nenhum time na primeira divisão???? Bem, a vida é assim.

Aliás, com a queda do Grêmio Prudente e do Guarani, São Paulo perde dois representantes, ficando apenas com os quatro grandes na primeira, o que é bom para o futebol brasileiro.

No próximo ano serão:

Dois gaúchos: Grêmio e Inter.

Dois catarinenses: Avaí e Figueirense.

Dois paranaenses: Atlético (PR) e Coritiba

Quatro paulistas: São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos.

Quatro cariocas: Vasco, Flamengo, Botafogo e Fluminense.

Três mineiros: Atlético, Cruzeiro e América.

1 ou 2 baianos: Bahia e Vitória (?)

Um cearense: Ceará

0 ou 1 goiano: Atlético (GO)?

domingo, novembro 28, 2010

Contra o Fluminense, Palmeiras dificulta. Para o Corinthians

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Os titulares do time que não conseguiu segurar o empate contra o penúltimo colocado do campeonato perderam para o líder, neste domingo, 28. O Palmeiras foi derrotado por 2 a 1 do Fluminense nas Laranjeiras, mas escapou de uma goleada histórica. Com o resultado, uma vitória contra o Guarani no próximo domingo deixa o caneco nas mãos de equipe de Muricy Ramalho.

O Palmeiras realmente dificultou. Ao final do jogo, o prejuízo ficou para o Corinthians. Mas durante a partida, não se pode dizer isso. O pior: o Palmeiras saiu na frente (assim como no meio de semana quando foi desclassificado pelo Goiás da Copa Sul-Americana).

Aos quatro minutos, o atacante Dinei acertou um chute como ele nunca mais vai acertar enquanto durar seu contrato com o clube. No ângulo de Ricardo Berna, que pulou atrasado e meio desengonçado, já que a bola parecia dirigir-se para a linha de fundo até fazer uma curva incrível.

Talvez tenha sido um gol mais comemorado pelos corintianos do que o segundo do Goiás na quarta-feira.

A virada aconteceu depois de um massacre do Fluminense. Foram dezenas de lances de perigo até que um chute de Carlinhos, aos 18, da entrada da área foi inalcançável para o adiantado Deóla. O goleiro fez um monte de defesas em outros lances.

O segundo ocorreu na etapa final, numa rebatida do arqueiro que voltou para Tartá dentro da grande área, já aos sete minutos.



Alguém pode dizer que o time do Palmeiras fez corpo mole. Pode até ser. Mas em comparação aos jogos anteriores, a defesa foi pior do que o normal, e o ataque não funcionou como já não vinha operando mesmo. E, convenhamos, o Fluminense é muito mais time do que o Goiás, de modo que mais pressão tende a representar mais erros do que a média para qualquer retaguarda (ou pelo menos para as frágeis).

Foi a terceira derrota seguida no campeonato.

Torcida ao contrário

Contra um "momento Grafite", a partida teve pelo menos dois lances curiosos do ponto de vista da torcida. Um torcedor com a camisa palmeirense parece ter virado a casaca para evitar que o maior rival do alviverde paulistano se beneficiasse de um eventual revés do Fluminense. Ele empunhava uma bandeira do Tricolor carioca, ao lado de outro torcedor do Flu (aqui).

Quem preferir enxergar a versão otimista (ou o "copo meio cheio"), poderia ser um torcedor do time do Rio de Janeiro tentando um agrafo não ortodoxo aos adversários, sonhando com uma moeda de troca dentro de campo. Meio improvável, é verdade...

O outro lance bizarro foi a torcida vaiando uma descida ao ataque do Palmeiras, quando tudo estava empatada, no fim do primeiro tempo (aqui). Pela qualidade do futebol, o estranho seria aplaudir...

Se o meu time estivesse apresentando melhor futebol nas partidas anteriores, eu poderia me dedicar a argumentar sobre motivos para entregar ou não entregar para o Fluminense. Pela bolinha praticada, foi o time carioca que, por vários momentos, parecia pouco disposto a guardar os três pontos no bolso.

Pelo menos o martírio verde da temporada está a uma rodada do fim.