Destaques

sábado, março 12, 2011

Santos 2 X 1 Botafogo - Ganso volta, marca e dá vitória ao Alvinegro

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Santos e Botafogo fizeram uma partida que poderia ter tido só 45 minutos, a etapa final. Foi após o intervalo que saíram os três gols do jogo e nos dez primeiros minutos que Paulo Henrique Ganso, sete meses afastado dos gramados, decidiu a vitória santista.

O cenário para o retorno era o ideal: a Vila Belmiro, um adversário fraco e um Santos que buscou o gol quase todo o tempo, embora tenha tido dificuldades no primeiro tempo. Ganso deu o lindo passe para Zé Eduardo dar a assistência a Elano, artilheiro do Paulista, marcar seu nono gol no campeonato. E Pará, no mesmo lado direito, deu um passe de camisa dez para Zé Love, que tocou para o gol do armador paraense.

Ganso mostrou disposição durante os 45 minutos. Foi perigoso sempre quando foi à frente, recuou para buscar a bola quando foi necessário, protegeu a bola como sempre costumou fazer, atuou de cabeça erguida o tempo todo. Deu passe de calcanhar por baixo das pernas do rival e causou uma expulsão no fim do jogo ao dar um passe de classe que irritou Fernando Miguel.



Só vendo o retorno de Ganso pode-se ter uma noção de como ele fez falta durante esse tempo não só para o Santos, mas para o futebol brasileiro. Hoje, é quase um dos únicos armadores presente nops gramados e vê-lo atuar remete aos meias clássicos e outros nem tanto que faziam tal função nos campos tupiniquins, mas esse tipo de jogador foi sendo deixado de lado e preterido por esquemas que privilegiam marcadores, velocistas e carregadores de bola. O pensador, o organizador do jogo, só pode sobreviver no futebol atual se tiver muito talento e participar sem a bola, fechando espaços e marcando. Ganso faz isso como poucos e mostrou isso de novo pra quem teve o privilégio de ver o seu retorno. Bem vindo a sua casa, camisa dez.

sexta-feira, março 11, 2011

Milagres acontecem!

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"Dinheiro não é tudo na vida e nada paga a felicidade que sinto por voltar a vestir a camisa do meu time de coração. Devo tudo que tenho ao São Paulo, tenham certeza que suarei muito essa camisa e irei fazer muitos gols. Faz tempo que fico me imaginando saindo do túnel do Morumbi para entrar em campo olhando nossa torcida maravilhosa."

Luís Fabiano, ao acertar, hoje, contrato para jogar mais quatro temporadas pelo São Paulo, que pagará 7,6 milhões de euros - cerca de R$ 17,6 milhões - ao Sevilha (o acerto será feito em parcelas durante os próximos quatro anos). O atacante abriu mão do valor que teria direito a receber do clube espanhol no final da temporada. Na primeira passagem pelo São Paulo, entre 2001 e 2004, Luís Fabiano marcou 118 gols e já é o 11º maior artilheiro da história do clube. Seja muito bem vindo!

São Paulo 2 x 0 Ituano. Falta 'só' vencer clássicos

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O São Paulo venceu o Ituano por 2 a 0 (gols de Jean e Dagoberto) na noite desta quinta-feira, no Morumbi, e assumiu a liderança do Paulistão, com os mesmos 25 pontos dos rivais Corinthians, Palmeiras e Santos, mas com uma vitória a mais. O jogo foi monótono e confirmou que, fora os chamados "quatro grandes" do futebol paulista, só a Ponte Preta, que venceu São Paulo e Corinthians em jogos na capital, pode dar algum trabalho. O resto, infelizmente, é resto.

Por isso, a vitória sobre o fraco Ituano não diz muito sobre as chances reais do Tricolor no campeonato. Derrotado facilmente pelo Santos e tendo suado para empatar com o Palmeiras, com um homem a menos, o São Paulo passará por seu grande teste no próximo dia 27, contra o Corinthians. Afinal, se passar para a próxima fase da competição (o que deve acontecer), terá de encarar os rivais no mata-mata. E isso tem sido um pesadelo para o time nos últimos anos.

Perdeu na semifinal para o Palmeiras em 2008, depois para o Corinthians, em 2009, e para o Santos, ano passado. Sintomaticamente, os três adversários foram campeões estaduais na sequência dessas vitórias - título que o São Paulo não vê há seis anos. Desfalcado de Lucas, que foi convocado para a seleção brasileira, carente de um centroavante de área (não é bem o caso de Wiliam José) e com a eterna fragilidade defensiva pelo lado direito, o time de Carpegiani vai mostrar no clássico contra o Corinthias o que, de fato, se pode esperar - ou não - nesta temporada. A ver.

quinta-feira, março 10, 2011

Santos 3 X 0 Portuguesa - o carnaval de Neymar

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Já havia dito aqui que Neymar merecia um descanso. Conseguiu. Três dias de folga, paradas em Salvador e Rio de Janeiro junto com a família, que esteve distante dele durante mais de um mês no início de 2011. Bom pra arejar a cabeça e “mudar o foco”, como dizem os boleiros.

O resultado do descanso se viu contra a Lusa. Não que Neymar não tenha jogado bem contra o Cerro Porteño e tido lampejos nas outras três pelejas que disputou pelo Peixe no ano. Mas não havia marcado nenhum gol, o que incomoda o atleta e o torcedor. Na vitória por 3 a 0, Neymar marcou em dose dupla, com dois belos gols. Além dos tentos, uma assistência igualmente bonita para Léo, que também não tinha marcado em 2011, fazer o terceiro.

Foi um Santos diferente daquele que bateu o Oeste. Claro, contou com a volta de Neymar, Elano e Léo e, ao invés das trocas de passe, o time foi mais incisivo, jogando principalmente pelos lados do campo. O maior volume ofensivo peixeiro foi evidente durante os 90 minutos e se não fosse a marcação à distância na frente da área alvinegra, a Portuguesa pouco teria chegado. Mesmo assim, conseguiu uma bola na trave na primeira etapa e exigiu três defesas de Rafael quando o jogo já estava 3 a 0.

Mais que falar, vale ver os gols de Neymar. Bem que o ano poderia ter mais uns quatro carnavais pelo menos...


quarta-feira, março 09, 2011

Lacerda virou 'Corvo' no velório de um manguaça

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Carlos Lacerda (1914-1977) foi jornalista e político de destaque entre as décadas de 1930 e 1960, quando chegou a governar o extinto Estado da Guanabara e, não fosse o golpe militar de 1964 (que ele próprio apoiou e insuflou), teria grandes chances nas eleições presidenciais do ano seguinte. No jornalismo, acabou criando no Brasil um tipo de atuação que ainda hoje presenciamos e lamentamos, de total falta de escrúpulos e da falta de cerimônias em difamar, caluniar, distorcer, mentir e insuflar a população contra regimes democraticamente constituídos. Sua campanha virulenta contra Getúlio Vargas no jornal Tribuna da Imprensa fez com que sofresse um atentado à mando do capanga presidencial, Gregório Fortunato, o que aceleraria a crise política e desembocaria no suicídio de Vargas, na tentativa de golpe para impedir a posse de Juscelino Kubitschek após as eleições de 1955, na renúncia de Jânio Quadros em 1961, no golpe do parlamentarismo contra João Goulart e, finalmente, na ditadura militar que assolou o país por mais de 20 anos.

Por tudo isso, Lacerda ganhou o apelido de "Corvo", alusão à sua figura sinistra que sobrevoava ameaçadoramente o panorama político do país naqueles tempos (como na charge à esquerda). Mas a história por trás desse apelido tem uma curiodade jornalística - e "cachacística", por assim dizer. No conturbado ano de 1954, que culminaria na tragédia do suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto, uma outra morte causou comoção nacional. O livro "Histórias de um repórter" (Editora Record, 1988), do excepcional - e já falecido - jornalista cearense Edmar Morel, recorda o desenrolar daqueles acontecimentos no Rio de Janeiro, então capital federal: "O repórter Nestor Moreira, de A Noite, em seu natural estado de embriaguez, teve uma discussão com um motorista de táxi. Ambos foram parar no 2º Distrito Policial, em Copacabana. Horas depois, Nestor se internou no Hospital Miguel Couto, entre a vida e a morte. O que acontecera?".

Prossegue o livro: "Estava apurando o assunto na delegacia quando um preso me confidenciou: 'Foi o Coice de Mula'. Consegui penetrar no hospital e tive a sorte de encontrar Nestor Moreira num momento de lucidez. O moribundo confirmou. Estourava o escândalo, que ganhou todos os jornais. 'Coice de Mula' era o sugestivo apelido do policial Paulo Peixoto, que agredira o jornalista a pontapés, causando grave hemorragia. Nestor Moreira morreu a 22 de maio em consequência dos ferimentos, causando comoção nacional. O enterro foi uma verdadeira consagração. Mais de duzentas mil pessoas acompanharam o cortejo". E, segundo o livro escrito por Morel, foi justamente nessa ocasião que Carlos Lacerda ganhou seu apelido indesejado, criado por outro jornalista presente ao velório, seu ferrenho inimigo Samuel Wainer (foto acima), dono do jornal getulista Última Hora.

No livro de memórias "Minha razão de viver" (Editora Record, 1988), Wainer relembrou o episódio: "Lacerda estava vestido de preto dos pés à cabeça, aspecto solene, rosto compungido, ar sofredor. Era o retrato da revolta humana à violência cometida contra um humilde jornalista, vítima da arbitrariedade política. Quando vi a cena, senti-me enjoado. '-Vou embora', disse a Octávio Malta. 'Não aguento ver a cara desse corvo na minha frente'. Sempre que ocorria alguma morte interessante, lá estava Carlos Lacerda. Era um corvo". "Nesse momento", relatou Edmar Morel, "surgia o apelido de 'Corvo', que passaria a ser largamente usado pelos inimigos de Lacerda". E foi assim, no enterro de um jornalista cachaceiro (pleonasmo), que um das figuras mais nefastas do jornalismo e da política no Brasil ganhou sua alcunha definitiva. Infelizmente, porém, seu estilo carniceiro e mau caráter de fazer "jornalismo" ainda é praticado em alguns dos "grandes" jornais e revistas do país...

Wikileaks: Para cônsul, crise econômica e eleições ampliaram influência de sindicatos no Brasil

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Na análise da estrutura diplomática dos Estados Unidos no Brasil, os sindicatos viram sua influência crescer nos oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A superação da crise econômica de 2008-2009 e a perspectiva das eleições presidenciais indicavam expansão dessa ascendência, ainda na visão dos estadunidenses em missão no país.

Em telegrama do quinto lote vazado pelo Wikileaks para blogues, Thomas White, cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, relata encontros entre Ron Kirk, representante comercial do governo Barack Obama, e membros de sindicatos e centrais sindicais. O documento é datado de 13 de outubro de 2009, pouco menos de um mês depois da visita de Kirk ao país, em 16 de setembro.

Apesar dos atuais desafios econômicos globais e de uma rodada de greves recentes nos bancos, indústria automotiva e nos Correios, o sentimento expresso pelos sindicalistas no contato com Kirk e em reunião posterior (de follow-up) no consulado, demonstrou que, sob o governo Lula os sindicatos organizados tiveram sua voz sendo ouvida em questões sociais, políticas e econômicas. "À medida que o Brasil sai da crise econômica e move-se para eleições nacionais em 2010, os sindicatos terão maiores oportunidades para expandir sua influência", diz o texto.

Quem participou da reunião, na ordem elencada pelo telegrama, foi

  • Ivan Gonzalez, coordenador político da Confederação Sindical das Américas (CSA) – à qual são filiadas CUT, Força Sindical e UGT
  • Braz Agostinho Albertini, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp)
  • Joao Carlos Goncalves, o Juruna, secretário geral da Força Sindical
  • Ortelio Palacio Cuesta, secretário de assuntos internacionais da Força Sindical
  • Lourenco Ferreira do Prado, vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)
  • Caninde Pegado, secretário Geral da UGT
  • Maria Silvia Portela de Castro, assessora internacional da CEntral Única dos Trabalhadores (CUT) – "Sole Center of Workers", na tradução livre; e
  • Brian Finnegan, diretor para o Brasil do Centro de Solidariedade da AFL-CIO.

Protecionistas mas limpinhos
A imagem não é fácil de ser imaginada, sindicalistas na mesma mesa com um representante comercial dos Estados Unidos. Sem nenhuma reivindicação nem qualquer belicosidade no ar. Mas é assim que é descrito o encontro.

Os sindicalistas no Brasil têm, na definição de White, "visões protecionistas/pró-política industrial". No entanto, ainda segundo o cônsul, eles mostraram-se dispostos a encontrar e se envolver com o representante comercial – "um sinal que vemos como positivo", relata White.

Na perspectiva da embaixada, o contato entre o membro do governo dos EUA e os sindicalistas foi quase toda positiva, com exceção de algumas demandas por saber mais sobre a política de Obama para a área comercial.

De olho na cana
A inclusão do representante da Fetaesp, um dos sindicatos relacionados a trabalhadores rurais do setor sucroalcooleiro, pode indicar interesse comercial dos Estados Unidos sobre a questão. As denúncias internacionais de superexploração dos boias-frias são motivo de preocupação dos usineiros, a ponto de a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única) ter assinado um protocolo com garantias de fim da intermediação de mão de obra.

O etanol produzido do milho é um concorrente internacional do obtido a partir da cana. O impacto social do cultivo da cana (além do dano relacionado às queimadas para permitir a entrada dos trabalhadores no corte) sempre aparece entre os aspectos negativos do álcool combustível produzido no Brasil. Em telegrama divulgado anteriormente, há menção à informalidade na contratação dos boias-frias.

No telegrama em questão, relata-se que Albertino considera que a forma preferida por empregadores para a remuneração, o pagamento por peso cortado – e não por hora trabalhada –, é um dos vilões. O texto cita leis estaduais e acordos entre usineiros comprometendo-se a mecanizar toda a produção até 2014 e a consequente onda desemprego de trabalhadores de baixa qualificação profissional.

"Expressando a frustração de alguns dos cortadores (de cana), ele (Albertino) reclamou: 'há mais leis regulando a proteção dos animais criados na pecuária do que dos cortadores de cana'", completa o cônsul.

Parceria
No final da conversa, tanto Juruna quanto Silvia Portela teriam cogitado a possibilidade de a estrutura consular dos EUA oferecer, em algum tipo de parceria com os sindicatos ou com as centrais sindicais, cursos de inglês ou programas de intercâmbio para jovens em cursos profissionalizantes. Nenhuma resposta consta no documento. Mas mostra que o pessoal não perde tempo.

Leia também sobre o quinto lote de telegramas:

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Wikileaks: Bolsa Família é "quase direito sacrossanto" no Brasil, diz telegrama

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O programa Bolsa Família virou parte da infraestrutura da política brasileira, "quase um direito sacrossanto" no debate eleitoral, segundo a análise da embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Em telegrama assinado por Lisa Kubiske, ministra conselheira da embaixada, o programa Bolsa Família é analisado, para discutir sua eficiência e seus impactos políticos, econômicos e sociais.

O documento é apenas um do quinto lote de telegramas vazados do Wikileaks para blogues, cujo recorte é Eleição 2010. São 23 mensagens, de 2009, ocupando 51 páginas. Da articulação de alianças à crise no Senado, quando José Sarney (PMDB-AP) foi bombardeado por denúncias envolvendo a fundação que leva seu nome e os atos secretos na Casa, tem história a rodo.

"Independentemente da habilidade ou do desejo do Brasil de enfrentar as condições degradantes que atingem a população pobre do país, o Bolsa Família é politicamente popular e, como resultado, nenhum candidato na eleição presidencial do próximo ano (2010) vai se dispor a mudá-lo", previa a funcionária em 2009. "O programa parece ter se tornado uma parte permanente da infraestrutura política do Brasil – quase um direito sacrossanto – assegurando que está aqui para ficar", completa.

O conjunto exposto é embasado em dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) – aquele aparelhado ideologicamente pela esquerda, sabe? – e do Banco Mundial, além de quatro conversas-entrevistas. Neste último grupo, os interlocutores citados foram o economista da Fundação Getúlio Vargas, Andre Portela Souza, a coordenadora da Fundação Tide Setubal Paula Galeano, Alexandre Marinis, colunista da Bloomberg no Brasil sobre política econômica, e um assistente social não nominado. Bem mais embasado do que a média dos telegramas (que faz relatórios do que sai na mídia) e até do que muita reportagem que se lê por aí.

Datado de 1º de setembro de 2009, o texto cita avanços do país na redução da desigualdade, com a melhoria do coeficiente de Gini, mas também alguns desafios. Além de questões operacionais, como garantir que as crianças das famílias atendidas estejam, de fato, matriculadas em escolas, há a qualidade do ensino. A evidência para trazer o tópico no telegrama é um estudo do Ipea, com base em dados do escritório no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que conclui que a pobreza teria sido diminuída em apenas três pontos percentuais (de 25% para 22%) se o programa tivesse sido implantado há 30 anos.

A necessidade de uma "reforma educacional" é apresentada como um imperativo para o Brasil. Os detalhes ou direções dessas mudanças não são desenhadas pelos diplomatas – nem, tampouco, nenhum "interesse americano" aparece citado no caso (ufa!). Mudanças promovidas pelo Ministério da Educação estariam buscando a melhoria da qualidade, diante da inclusão de crianças antes marginalizadas.

Apesar de citar estudos que apontam pouca evidência de que o programa estivesse ajudando a reduzir o trabalho infantil, o telegrama dá crédito a empregadores do setor de cana-de-açúcar de Pernambuco e Alagoas (usineiros) que dizem estar difícil contratar boias-frias, que prefeririam ganhar o Bolsa Família a trabalhar. Quer dizer, corrobora a ideia (em grande medida preconceituosa) de que o programa cria grupos avessos ao trabalho, devido a seu caráter assistencialista ou algo assim. Isso se choca com o teor da própria exposição de todo o telegrama, que não toma a política pública como tal. Mas está lá.

O resumo da análise:
"O Bolsa Família melhorou as condições de vida cotidiana para os brasileiros mais pobres. A transferência de renda, no entanto, não vai resolver os significativos problemas estruturais – principalmente o fraco sistema público de educação – que continua a prejudicar objetivos de mobilidade e oportunidade sociais e econômicos de longo prazo. O PBF também sofre de desafios operacionais que podem ser mais facilmente resolvidos, incluindo: construir um registro mais completo, criar um sistema de gerenciamento moderno e mais adequado, e eventualmente propor uma estratégia de saída para os beneficiários. No entanto, para avançar nas metas chave do PBF em longo prazo de ascensão social, uma reforma educacional aparece como uma necessidade crítica."

Jájá tem mais.

Leia também sobre o quinto lote de telegramas:


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terça-feira, março 08, 2011

Jucilei e a Gaviões: torcida cobra jogador? Jogador cobra a torcida (Ou não)

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Quem segue o Twitter do ex-corintiano Jucilei, viu um tweet em que o atleta teria aproveitado para dar uma vingadinha em cima da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians famosa por cobrar, muitas vezes de forma pouco delicada, os atletas do time. A onda pelo Twitter teria se dado por conta do desempenho da "torcida que samba" no carnaval: quinto lugar, ficando atrás da rival Mancha Verde.

Todas as condicionais do parágrafo acima se devem ao fato de que Jucilei, mais tarde, apagou o dito tweet dizendo que sua conta na rede social tinha sido invadida. Disse ele: "Galera meu primo acabou de ligar dizendo que tem uma mensagem estranha no meu twitter.... Eu li e alguem escreveu essa besteira..". Na sequência, falou que "Eu so (sic) tenho a agradecer ao Corinthians e toda a torcida por tudo quebaconteceu (sic) na minha carreira. Valeu galera". Pra quem não viu, a mensagem apagada está aqui:


Especulações claro que já surgiram, mas se o jogador diz que não escreveu, que se dê crédito a ele. De qualquer forma, fica a lição: torcedor que acha que agredir jogador, quebrar carro, fazer emboscada, não interfere (negativamente) no desempenho e na decisão de atletas para permanecerem no clube, melhor repensar seus métodos...

O narrador Milton Leite também aproveitou pra questionar:


Atualizado às 20:55.

segunda-feira, março 07, 2011

O carnaval de Raul Seixas

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Raul Seixas cantando marchinhas de carnaval com um dos ícones da Jovem Guarda, Wanderléia. Isso aconteceu num clipe produzido para o interminável Fantástico, em 1978. Claro que, com sarcasmo e ironias habituais, Raulzito faz sua interpretação própria, no jeito de cantar e no gestual, às pueris (algumas nem tanto) cantigas carnavalescas de outrora...



Mas outro fato que pode despertar a curiosidade de muitos é o fato de Raul se apresentar sem barba e bigode e com cabelos curtos. Para trabalhar as músicas do álbum O dia em que a Terra parou, ele adotou esse novo visual, estranho à maioria dos fãs, mas que seria abandonado à frente. Foi assim que ele gravou o clipe de Maluco Beleza (clique aqui para ver), uma das canções do LP, e também proporcionou outras cenas curiosas. Como, por exemplo, a do vídeo abaixo, em que ele se passa por um imitador dele mesmo em Vitória (ES). Vale ver:

domingo, março 06, 2011

Oeste 0 X 2 Santos - Martelotte e o "DNA ofensivo"

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Não foi nenhum show, mas depois de quatro partidas de jejum, a vitória do Santos sobre o Oeste, em Itápolis, serviu ao menos para que o torcedor passasse um carnaval mais tranquilo. Sem Arouca, contundido, Elano e Léo, gripados, e Neymar, que finalmente teve merecida folga, o Peixe contou com Zé Eduardo, autor dos dois gols da partida e vice-artilheiro do campeonato, para superar o Palmeiras na tabela de classificação e ir à quarta posição, três pontos atrás do líder Corinthians.

O interino (por enquanto) Marcelo Martelotte colocou Zé Eduardo e Maikon Leite na frente, com Diogo fazendo as vezes de ponta de lança e jogando mais próximo do ataque. Na meia, começou com Adriano, Danilo e Felipe Anderson. No papel, uma equipe mais ofensiva que as últimas formações de Adílson Batista, ainda mais levando-se conta que o ala direito Jonathan frequentou bastante o ataque, com Adriano fazendo a cobertura no setor. Mas o decorrer do jogo mostrou que a disposição ofensiva não era tanta assim.

O Oeste começou pressionando, mas logo o Santos equilibrou a partida. Com a expulsão do atacante Fábio Santos aos 30 do primeiro tempo, por uma entrada criminosa em Adriano, a missão peixeira ficou menos difícil. O pênalti em Zé Eduardo, convertido pelo mesmo, no fim da primeira etapa, facilitou ainda mais.
Mas o que se viu, mesmo quando estava onze contra onze, foi um Santos que não tinha as lacunas no meio de campo com excesso de passes longos, como em boa parte da era Adílson Batista, mas uma equipe que toca, e muito, a bola, porém, muitas vezes sem qualquer volúpia ofensiva. Nesses 90 minutos, foram 575 passes trocados (41 errados), mais que o dobro do rival (249 e 25 errados). Mas verificando quem foram os maiores passadores, nota-se onde tais passes foram feitos: Edu Dracena, 80, e Durval, 75 bolas tocadas para companheiros.

Não que o Santos não tenha o toque de bola no seu “DNA”, parafraseando o presidente do clube. A diferença é que ontem, por várias vezes, o Peixe tocou a bola não para esperar uma grande oportunidade ofensiva, mas para passar o tempo e/ou fazer a marcação do time do interior cansar. E isso significou perder contra-ataques preciosos, em função também de jogadores que mataram esses contragolpes, como Diogo e, principalmente, o jovem – e acredito, promissor – Felipe Anderson. Quando Róbson entrou no lugar do último, aliás, deu um belo passe para Zé Eduardo marcar a eliminar as possibilidades do adversário. O meia deu um pouco mais de velocidade ao jogo, o que faltou durante quase todo o tempo, mas ainda foi pouco.


Agora, fala-se da efetivação de Martelotte. É preciso lembrar a justificativa do presidente Luís Álvaro Ribeiro para demitir Adílson Batista. Disse ele que “ [Adílson] era um técnico que jogava para frente, adepto do futebol ofensivo, que faz parte da nossa história, da nossa composição celular. Foi com essa expectativa que imaginamos que o Adilson faria um bom trabalho. (...) Mais do que isso, a postura dentro de campo. Entramos com três volantes na Venezuela (contra o Deportivo Táchira, pela Libertadores). O Colo Colo, mais audacioso, fez 4 a 2 lá. Essas coisas foram nos preocupando, pois o DNA do Santos estava sendo mudado e isso não nos servia”.

Maravilha, presidente. Estou de acordo que, por mim, o Santos sempre vai jogar pra frente porque essa é a história do clube, que é o time profissional que mais marcou gols na Terra. Mas vamos ver com quantos volantes o Santos terminou a partida de ontem... opa, três, Possebon, Danilo e Pará! Contra um adversário com um a menos. Claro, as circunstâncias eram outras e um interino tem sempre a cautela como palavra de ordem. Mas Martelotte foi técnico do Alvinegro no ano passado e não percebi nenhuma afinidade com o DNA ofensivo. Para recordar, a campanha do hoje interino somou cinco vitórias, seis empates e cinco derrotas, aproveitamento pior que o de Adílson. Foram 29 gols marcados, 1,8 por partida. O de Adílson foi 2,09 e, ressaltando-se, obviamente, a diferença entre competições, não parece que o hoje interino tenha mais requisitos que o credenciem a não ser o "bom relacionamento com o elenco", argumento repetido à exaustão e que revela um dos principais motivos da demissão do técnico anterior. Só uma aposta no nível da que o Flamengo fez com Andrade, que foi de tiro curto mas até bem sucedida, justificaria a efetivação de Martelotte. Mas também evidenciaria que o planejamento deu errado.

Aliás, se Muricy Ramalho ou Felipão voltarem ao mercado em breve, será que eles eriam sondados ainda que não tenham muito DNA ofensivo?

sábado, março 05, 2011

Fui ao Chile beber... cerveja

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O décimo maior produtor de vinhos do planeta é um país com o formato de uma salsicha. Extenso latitudinalmente e estreito de longetude, o Chile produz 9,9 milhões hectolitros – perto de 1 milhão de piscinas de mil litros – mas exporta dois terços disso. Ainda que os 16 milhões de habitantes deem conta de seus 18 litros anuais per capita, é preciso mais. Afinal, muita gente quer se embriagar.

Foi por isso que, nos intervalos entre uma degustação e outra dos vinhos no país, eu resolvi fazer uma incursão pelo universo das fermentadas de malte de cevada – e eventualmente milho e arroz – do país de Pablo Neruda. Até porque, falta-me conhecimento para expor meus achados enólogos, além de capacidade para perceber nuances, taninos, terroirs e outras peculiaridades desse lado dos fermentados.

Alguém pode cobrar informações sobre o pisco, a aguardente do mosto da uva que leva o nome de uma cidade portuária peruana mas é produzido também nas regiões três e quatro do Chile. O motivo de uma guerra etílica pelo controle da nomenclatura (e da paternidade do pisco sour) não entrou na prova dos sete dias com barreiras para meu fígado. Uma pena.

Outro motivo para justificar o apelo da cerveja foi a informação inusitada de que uma das maiores colônias de imigrantes no país dos 22 mineiros outrora soterrados é a de... alemães. Bom, os espanhóis e bascos superam os germânicos, mas é um dado inusitado para quem cabulou as aulas de geografia. Embora não tenha visto um sequer, consta que vivem todos mais ou menos contidos no estado de Valdívia, batizado sob o herói nacional e não de parente algum do camisa 10 palmeirense.

E não fui o único a fazer isso neste mundo.

Todas as descritas aqui, com exceção da primeira, são produzidas por plantas da Compañía de Cervecerías Unidas, uma multinacional que também está na Argentina. A empresa é dona também da bodega Gato Negro, a marca mais popular (leia-se barata) de vinho chileno.

Às geladas

La Casa en el Arte - Ambar Ale

fabricada pela Cerveza Oberg, de Santiago, para um bar

Parei, com sede, no La Casa en el Aire, um bar e restaurante no bairro Bellavista, em Santiago, perto do zoológico e da La Chascona, casa de Neruda na capital. Confesso que quase pedi um suco qualquer, mas fui compelido a honrar meu dever manguaça e experimentar a cerveja da casa. Ela é produzida pela Oberg, uma empresa que tem sua produção, mas a vende garrafas com rótulo de quem comprar o lote – como bares e restaurantes. Algumas cervejarias brasileiras fazem esse tipo de terceirização. A ambar ale da Oberg é frutada em excesso para mim, quase uma vitamina. Para quem cogitava um suquinho, a pedida veio a calhar.

Kunstmann Pale Ale
www.cerveza-kunstmann.cl/ 
Torobayo, Valdívia
Uma cerveja também frutada, mas bem mais equilibrada e suavemente. Cor de âmbar, não tão escura. Ela ficou bem com um congrio que almocei, mas provavelmente teria ido melhor com comidas mais fortes. Quer dizer, eu beberia em vários contextos, só inclui essa informação para fazer de conta que foi uma escolha pensada. O copo era da Cristal, o que deixa a foto meio estranha, mas o conteúdo, até pela cor, não deixa dúvidas.


Kunstmann Lager Sin Filtrar
www.cerveza-kunstmann.cl/
Torobayo, Valdívia
Quando vi que era uma cerveja não filtrada, me acometeu a ideia de que seria algo parecido com um chopp. Engano de bêbado, já que o líquido amarelado consumido nos barzinhos por aí (tratado como "águinha", por alguns inveterados) é, sim, límpido; só não é pasteurizado. Assim, essa pale lager é turva e saborosa, amarga de um jeito bem interessante. Fica refrescante e, segundo a ideia do fabricante, remete ao tempo em que o fermentado de malte não era purificado de nenhum jeito. A foto ficou bem desfocada, mas o jeitão turvo é da cerveja mesmo.


Austral
www.cervezaaustral.cl/
Punta Arena, Patagonia chilena
Uma English pale ale avermelhada. Começa bem, mas termina menor, mais suave do que eu esperaria. Claro que é muito melhor do que cervejas industriais e que vale a pena ser provada. Mas a equivalente desta da Kunstmann foi melhor.


Cristal
www.cristal.cl/
Industrial, com várias fábricas
Para ninguém ter dúvida de que a aventura era para valer, provei também a Cristal, que patrocina o campeonato chileno de futebol. É uma cerveja que tenta disputar com a gigante belgo-brasileira Inbev, que espalha o chopp Brahma Extra pelos bares e restaurantes. É bem o estilo das pielsen brasileiras vendidas em botecos, leve, clara e sem muita graça. A não ser em dias quentes em que tudo o que você quer é ficar sentado na mesa de bar conversando sobre o Sebastián Piñera, o Colo Colo e a herança autoritária no cotidiano da ditadura de Augusto Pinochet. Ela "compete" com a Escudo, cuja garrafa de um litro tem tampa de plástico rosqueada, igual à de garrafas pet de refrigerante ou água. Esta não tive tempo de tentar.

sexta-feira, março 04, 2011

Wikileaks: Eleições 2006 na visão da embaixada dos EUA - e de seus interlocutores

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A terceira leva de documentos eram 141 páginas de telegramas de temas variados. Os diplomatas tiveram bate-papos mais ou menos formais com expoentes políticos, especialmente da oposição. Nesse grupo, encontram-se os senadores Sérgio Guerra (PSDB/CE), Arthur Vigílio (PSDB/AM) e Antonio Carlos Magalhães (PFL/BA), o então governador Jarbas Vasconcellos (PMDB/PE) e Hélio Costa (PMDB/MG) – então Ministro das Comunicações. Falavam também com empresários. Quer dizer, menos leitura de jornal do que em assuntos tratados anteriormente.

Imagem criada pelo Wordle.net

Na contagem de palavras, dá-lhe Lula e Alckmin (1.041 e 659, respectivamente), com menção honrosa para o PT (466), PSDB (359) e PMDB (255). A Área de Livre Comércio das Américas é mencionada 30 vezes.

Aí vai uma seleção do que diversos blogueiros postaram sobre o tema.

Diplomatas dos EUA transitavam facilmente pelo governo Lula
Por Juliana Sada, o Escrevinhador
Os documentos mostram a facilidade com a qual os membros das embaixadas americanas têm acesso aos membros do governo, líderes de partidos e importantes figuras do meio empresarial e político.

Cablegate: Alca e Alckmin e a Folha entendiada sem o Lula
Por MariaFrô
"A principal diferença na política econômica que interfere substancialmente nos interesses do governo dos Estados Unidos é a ênfase de Alckmin em trazer novamente as negociações para implementação da Alca".

Matarazzo: “É claro que Alckmin é da Opus Dei
Por Marcus V F Lacerda
Andrea Matarazzo, reconhecido como “peso-pesado” do PSDB, acreditava que a ligação entre Alckmin e o grupo político de direita Opus Dei era clara, apesar do candidato tucano à presidência sempre negar.

Em 2006, Temer também criticou colegas que apoiavam Lula
por Marcus V F Lacerda
Michel Temer, atual vice-presidente, criticou colegas que apoiavam Lula durante a corrida presidencial de 2006, quando era presidente do PMDB.

Lembo: FHC achava Alckmin "um caipira de Pindamonhangaba"
por Marcus V F Lacerda
Em reuniões com representantes americanos na última semana de abril de 2006, o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, demonstrou preocupação com o racha que havia dentro do PSDB, a caminho da disputa eleitoral contra Lula.

Eleições 2006: PSDB falava de virada, mas cônsul já achava "fantasia"
por Marcus V F Lacerda
Apesar das esperanças de segundo turno em 2006, lá por agosto, o cônsul-geral McMullen sinalizava que a possibilidade de uma virada era remota. Um interlocutor tucano, Fernando Braga, "denunciava" ainda que a Rede Globo estaria ajudando a Lula à época devido a uma negociação de suas dívidas em troca de espaço para propaganda de órgãos do governo e estatais.

A relação entre Lula e o setor empresarial
Por Juliana Sada, o Escrevinhador
O documento aponta que os empresários estavam satisfeitos com a política econômica aplicada por Antonio Palocci, quando Ministro da Fazenda, e acreditavam que se Lula fosse reeleito, não haveria mudanças na área. Mesmo assim, “ele ainda deixa os empresários nervosos”. De acordo com a correspondência diplomática, “o governo Lula dirigiu mais recursos para programas sociais enquanto retém fundos para investimentos. A comunidade empresarial gostaria de ver essas prioridades invertidas”.

As conversas com ACM e José Carlos Aleluia na Bahia
por Marcus V F Lacerda
ACM (morto um ano depois) já achava que caso Lula ganhasse a eleição tentaria montar um governo de reconciliação e falharia nesse esforço. Antônio Carlos Magalhães esperava que Lula escolhesse 2 ou 3 nomes fora das fileiras petistas e partidos aliados. Já Aleluia dizia que Lula usou seu poder para comprar os tribunais, as universidades, a Polícia Federal e o Ministério Público.

Na disputa presidencial entre Alckmin e Lula, os EUA estavam tranquilos
por Juliana Sada, O Escrevinhador
"O fato de que um candidato abertamente pró-mercado como Alckmin tenha dificuldades em diferenciar sua agenda econômica de um presidente nominalmente de esquerda é ilustrativo de quão pouca incerteza existe sobre os rumos política econômica após a eleição", escreve o diplomata.

Michel Temer: programas sociais de Lula não promovem crescimento
por Marcus V F Lacerda
Em 2006, o presidente do PMDB disse que os diversos programas sociais de Lula não promoviam nem crescimento ou desenvolvimento econômicos. Para o atual vice-presidente, o PT se elegeu com um programa que não foi realizado durante seus primeiros quatro anos no poder, o que configuraria fraude eleitoral. Temer ainda acusa líderes do PT de desviar dinheiro público não em benefício próprio, mas para aumentar o poder do partido, o que teria agravado mais ainda a descrença do brasileiro.

quinta-feira, março 03, 2011

Bebendo em serviço

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Já que não dá demissão por justa causa, mesmo, o negócio é aproveitar - como vemos em mais uma (genial) propaganda de cerveja:

Santos 1 X 1 Cerro Porteño - Arrepia, zagueiro...

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Zagueiro tem que ser malandro
Quando tiver perigo com a bola no chão
Pensar rápido e rasteiro
Ou sai jogando ou joga a bola pro mato
Pois o jogo é de campeonato

Aos 47 do segundo tempo, o capitão do Santos Edu Dracena não saiu jogando nem jogou a bola pro mato como ensina Jorge Benjor na música Zagueiro. Viu Barreira receber a bola de costas e achou por bem ir numa dividida. Mas o que Dracena queria dividir? Não parecia ser a bola. Pênalti pro Cerro Porteño, que, no segundo tempo, praticamente não ameaçou o gol peixeiro. O jogo estava empatado e menos de um minuto após, encerrado.

O erro final foi do superestimado Dracena, mas obviamente a culpa não é só dele. O Santos desperdiçou oportunidades de matar o jogo e deixou de ser agressivo na segunda etapa quando o adversário já estava entregue. Claro que o resultado também dá margem àqueles que têm sempre o dedo preparado para ficar em riste dizerem “Tá vendo? E a culpa era do Adílson?”. No meu ponto de vista,é também dele sim, pois se o Santos tivesse um esquema tático definido que fosse, talvez o resultado fosse outro. Mas tentar achar uma forma de jogar em dois dias de treino e 90 minutos de bola rolando não é tarefa das mais fáceis.



A primeira metade do primeiro tempo foi de desanimar qualquer santista. O quadro mudou quando Neymar começou a fazer mais jogadas pelo lado esquerdo, onde se sente mais à vontade. E onde Adílson não queria que ele jogasse porque, segundo o ex-treinador, um atleta como ele não podia “se limitar” naquele espaço. Claro que não. O que não significa que ele não possa jogar onde se sinta melhor, na maior parte do tempo, que é o lado canhoto e próximo à área. No segundo tempo, por ali também o garoto foi bem e levou perigo, mesmo sendo bem marcado.

Elano também voltou a frequentar por vezes o lado direito na meia e no ataque na etapa final, algo que não costumava fazer com Adílson. Foi assim que ele se destacou em 2002 na equipe de Leão e desta forma que atuou boa parte do tempo na seleção de Dunga. Mas o meio de campo continuou sentindo a falta de Arouca para fazer a transição para o ataque e a chegada surpresa, útil contra as retrancas. Nenhum outro volante do elenco faz esse papel.

O Santos só conseguiu ser mais compacto no segundo tempo, quando as tabelas e jogadas pelas laterais começaram a acontecer, algo raro nas últimas partidas. Por um lado, dá esperanças pensar que o time sim, pode jogar bem melhor do que vinha jogando. Mas em um torneio como a Libertadores, desperdiçar oportunidades como a de ontem abala a moral. O ponto positivo para Martelotte é que, deixando as duas principais peças da equipe à vontade, Neymar e Elano, o time pode produzir muito mais ofensivamente.

Já o ponto negativo é que a ansiedade do elenco pode resultar em novos episódios como o desnecessário pênalti de Dracena, similar, mas mais trágico, que o cometido por Adriano em Dentinho no clássico alvinegro. Nenhum dos rivais alvinegros é de fato imbatível, e as duas partidas disputadas deixam isso claro, mas o fato é que o Santos não venceu nenhum deles até agora. Vai ser um trabalho de paciência para o interino e para o próximo treinador recuperar a confiança do time. E a confiança do santista.

Palmeiras 5 a 1: quem vê placar não vê coração

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Só Adriano Michael Jackson marca. Poderia ser este o título do post. Mas é que foi por 5 a 1 a vitória do Palmeiras sobre o Comercial-PI. Uma goleada folgada, como esperava todo torcedor – a maioria esperava isso no jogo de ida, tanto mais no de volta. Mas a elasticidade registrada no marcador não mostra que só saiu gol alviverde aos 18 minutos do segundo tempo. Poderia ser bem mais fácil.

Foto: Drew H. Cohen 

Foram quatro gols de Adriano – três de cabeça – em sequência e um de Gabriel Silva. Binha foi quem diminui, quando estava só 2 a 0. Agora o desafio é o Uberaba-MG.

Antes da chuva de gols, teve pluviosidade fina e contínua. Teve gol perdido a cântaros, Kleber contundido e substituído pelo péssimo Luan, pênalti desperdiçado por Valdívia, tento incorretamente anulado para o time de Campo Maior e dois expulsos do time azul e branco. Quer dizer, o Palmeiras só marcou quando tinha dois homens a mais em campo.

Houve muita margem para secador acreditar na reedição do Asa de Arapiraca, Atlético-GO ou Santo André, para citar três das zebras que atrapalharam planos palmeirenses na história da Copa do Brasil.

O time piauiense mostrou ainda mais limitações do que no jogo de ida. Bomba, o massagista, apareceu só duas vezes em campo, sempre ovacionado.

Quando o time da casa acertou cruzamentos, saiu gol. Quando acertou toques na entrada da área, marcou. Quando o chute foi em direção ao gol, bom, em algumas vezes o goleiro Neto até defendeu. Mas em outras, a bola entrou.

Com os quatro gols marcados por Adriano com suas danças à lá Michael Jackson, fica claro que ele é a única opção para jogar na frente, embora não tenha perfil. Valdívia continua a ser peça importante, mas não tem nem as opções táticas que tinha em 2008 nem a criatividade de então. Talvez melhorando a forma física dê mais alegrias à torcida.

Falando no povo da arquibancada, foram poucos os que encararam o razoável frio e a chuva desta quinta-feira, 2. Os que foram poderiam ter oferecido gritos de incentivo mais específicos, concentrados na necessidade de se finalizar em direção à meta do Comercial. Foram perto de 30 chutes, poucos com destino certo.

"Chute no gol", poderia ter gritado a torcida. Talvez fosse necessário enfatizar: "Mas no gol mesmo!"

Tudo bem que o Botafogo-RJ só se classificou só nos pênaltis, contra o Iape, de Sergipe. Mas poderia ter sido mais fácil.

2ª Fase da Copa do Brasil
Flamengo x Fortaleza
Guarani x Horizonte-CE
Atlético-MG x Grêmio PRudente
Ceará x Brasiliense
Atlético-MG x Grêmio Prudente
Ceará x Brasiliense
Botafogo-PB x Caxias
Coritiba x Atlético-GO
Palmeiras x Uberaba
Sampaio Corrêa x Santo André
Vasco x ABC-RN
Bangu x Vencedor de Ponte Preta e Baré-RR
Atlético-PR x Paulista
Bahia x Paysandu
Botafogo-RJ x Paraná
Avaí x Ipatinga
São Paulo x Santa Cruz

terça-feira, março 01, 2011

O vazio da cachaça OU A falta que Lula faz

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O líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza mostrou que não são só os ébrios autores do Futepoca que sentem saudades das metáforas e alusões à marvada em discursos oficiais do Executivo. A presidenta da República, Dilma Rousseff, anunciou, nesta terça-feira, 1º, em Irecê-BA, reajuste médio do Bolsa Família em 19%, em um discurso cujo ponto alto foi um erro na pronúncia do nome de uma cidade bahiana.
Vaccarezza mandou um recado aos críticos:


É um dinheiro que não tem intermediação política, o cidadão vai ao banco e pega seu dinheiro, compra pão para sua família, compra os gêneros de primeira necessidade. Eles (a oposição) brincavam antigamente dizendo que o chefe de família ia lá e comprava cachaça. Nós não vamos incentivar isso, mas mesmo que uma família compre uma cachaça por mês, são 11 milhões ou 12 milhões de garrafas de cachaça. Isso ajuda toda a economia.
Dados do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Aguardente de Cana, Caninha ou Cachaça (PBDAC) indicam que o país produz 1,3 bilhão de litros por ano. Apenas 2,5 milhões de litros são exportados, o resto é consumido internamente.

Se fosse ainda em 2010, quem teria feito a comparação seria o Lula. E teria sido chamado de cachaceiro pela oposição (ao governo e ao bar).

Tipos de cerveja 61 - Low Alcohol

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Esse tipo de cerveja, como já foi dito aqui ou acolá, definitivamente não atrai os futepoquenses. As cervejas sem álcool ou de baixo teor alcoólico (Low Alcohol) são uma novidade algo recente no mercado das bebidas, mas com tendência a crescer devido à Lei Seca para motoristas. Na maioria dos casos, porém, o termo "sem álcool" não é totalmente verdade, pois muitas dessas cervejas têm uma ínfima quantidade de mé, apesar de residual. "A obtenção dessa bebida pode ser feita de duas maneiras: através de um processo de fermentação e elaboração com muito cuidado, onde se evita a formação de álcool; ou então utiliza-se um sistema de extração do álcool, fazendo esta passar por uma membrana permeável especial", explica Bruno Aquino, do site português Cervejas do Mundo. "São cervejas muito leves em aroma, sabor e corpo. A característica que as reúnem sobre a mesma denominação é o fato de terem menos de 3% de teor alcoólico", acrescenta (nesse ponto, acho que fui realmente enganado num supermercado lá na Irlanda). Se alguém tiver coragem - ou for obrigado pela Lei Seca -, pode experimentar a Bitburger Light (foto), a Jansen Preta Sem Álcool ou a Cheers Sem Álcool.

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Breves comentários sobre um clássico 'alagado'

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1 - O empate em 1 a 1 entre São Paulo e Palmeiras, para mim, foi muito justo. Sim, o tricolor poderia ter segurado a vitória, mas jogou 35 minutos com um a menos. Não fosse Rogério Ceni, teria perdido. O São Paulo mandou no primeiro tempo e o Palmeiras apertou após a metade da segunda etapa. Resultado merecido por ambos.

2 - Se o Felipão tivesse entrado com Adriano já no início da partida, a situação poderia ter sido um pouco melhor para o Palmeiras. Ele faz exatamente o que Fernandinho vinha fazendo pelo adversário. Não por acaso, foram eles os autores dos dois únicos gols do clássico. E Valdívia até que mostrou bom futebol.

3 - A expulsão de Alex Silva foi corretíssima. Já faz algum tempo que ele se acha acima do bem e do mal. E ainda teve o desplante de dizer, após o jogo: "Se eu soubesse que ia me expulsar, tinha dado uma cacetada para valer". Merece punição. Ainda sobre a arbitragem, só pra registrar: Valdívia deu uma cabeçada em Miranda e pisou no Carlinhos Paraíba e nem levou cartão.

4 - Mesmo jogando com dez, o São Paulo esteve muito mais perto do segundo gol do que de levar o empate. Isso enquanto Dagoberto, Fernandinho e Lucas ficaram em campo. Dois minutos após a entrada de Xandão e Rivaldo, o Palmeiras fez o seu gol. Ficou nítido que era preciso de qualidade para segurar a bola no ataque.

5 - As arquibancadas do Morumbi estão, de fato, mais para parque aquático do que para acomodar torcedores com conforto. Mas o gramado, temos que reconhecer, possui um sistema de drenagem impressionante. Pensei, com toda certeza, que o jogo seria adiado. É preciso checar, porém, o que aconteceu no apagão dos refletores.

Quando os jornalistas também eram barbudos

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No finzinho de um post do Glauco de dois anos atrás, ele chamava a atenção para um texto do blogue Futebol é Literatura sobre a ausência, hoje, de jogadores barbudos. "Parece que barba é crime. Será uma proibição contratual? Uma exigência dos técnicos? Penso saudosamente em Sócrates, no zagueiro campeão do mundo Hugo de León, do ponta Mário Sérgio, do atacante Kita. Coitados, órfãos do futuro, sem sucessores", dizia Fabrício Carpinejar, o autor. Pois é, os tempos eram outros. Hoje em dia a "rebeldia barbuda" quase não é mais tolerada. E não é só no futebol que isso acontece, infelizmente. Os pelados vigiam os peludos.

Na política, com exceção do Lula, do José Genoíno e de mais meia dúzia de três ou quatro, é difícil achar alguma figura de maior proeminência que mantenha com orgulho seus pêlos na cara. E na imprensa não é diferente: o visual yuppie e mauricinho que passou a imperar nas redações a partir dos anos 1990 limpou de vez o rosto dos jornalistas - com exceção, talvez, dos manguaças de alguns blogues e publicações "de esquerda" (a exemplo do rapaz na foto acima). Por isso, foi com satisfação que vi, no Facebook, um retrato do arquivo de nosso camarada Jesus Carlos, da agência Imagenlatina. Vejam aí, com legenda dele:

Greve - ABCD. Jesus Carlos (Em Tempo) e Lula conversando, com Irmo Pasoni (Veja), Hélio (free-lancer) e U. Detimar (Folha de São Paulo) durante a greve de 1979, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Foto: Roberto Faustino.

Timão continua evoluindo

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Há evolução no Corinthians, que goleou o fraquíssimo Grêmio Prudente por 4 a 0 no último sábado. Em que pese a atuação absolutamente desastrosa da zaga adversária, o ataque continua melhorando, à medida que adquire mais entrosamento. Liedson está iluminado e Dentinho parece ter reencontrado, creio que por orientação do técnico, suas características de atacante mesmo. Com Mano Menezes, o rapaz jogava muito, mas cumpria funções táticas de marcação na lateral que o afastavam muito da área nas horas decisivas. Agora, com o 4-4-2 mais ou menos definido, está sendo mais incisivo e partindo pra cima dos marcadores. Boa notícia.

No meio-campo, Morais vem jogando bem, assim como Paulinho e Ralph. Jorge Henrique, meio sacrificado na função que Tite descreveu como “meia de sustentação” (alguém já ouviu falar?), corre por três e colabora sempre. Todos os citados cumprem papel também na marcação, que começa na saída de bola do adversário.

O pepino maior está na defesa, muito fraca, com exceção de Alessandro, que continua jogando bem. Tudo bem que estamos jogando com os reservas. Chicão sobe bem o nível e mesmo Paulo André, que não é nenhuma sumidade, é melhor que os atuais ocupantes da posição.

Se Dentinho se confirmar como atacante e fazedor de gols e Morais continuar bem, com Jorge Henrique e Bruno Cesar na parada, temos opções interessantes do meio pra frente. Ainda é preciso um reserva para Liedson, mas vale priorizar investimentos na defesa, especialmente na zaga. Estão falando de William Magrão, que viria para disputar vaga com Paulinho, para alegria do companheiro Leandro (alguém sabe alguma coisa sobre ele?).

O pior é que, mesmo com todos esses "se" em relação aos jogadores, minha preocupação maior continua no banco de reservas. Tite, sem as amarras impostas pela presença de Ronaldo, montou um ataque rápido e interessante, admito. Mas... e se na hora h ele pipocar e botar meia dúzia de volantes, como fez contra o Tolima? O educado professor pra mim não é do tipo que ganha grande títulos. Espero estar errado.