Destaques

sexta-feira, maio 13, 2011

Ilustríssimo senhor 'superior' Ed Motta: eu nunca digo nada disso 'nos bares' - nem em lugar algum!

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Aquele sobrinho mala do Tim Maia, digo, o músico, cantor e compositor Ed Motta (foto), resolveu incorporar publicamente, nesta sexta-feira 13, o espírito da "gente diferenciada" que não quer o metrô no bairro Higienópolis, em São Paulo. Por meio de sua página no Facebook, externou a seguinte declaração de princípios pessoais:

"[Estou] em Curitiba, lugar civilizado, graças a Deus. O Sul do Brasil, como é bom, tem dignidade isso aqui. Frutas vermelhas, clima frio, gente bonita. Sim porque ooo povo feio o brasileiro, (risos). Em avião, dá vontade chorar (risos). Mas chega no Sul ou SP gente bonita compondo o ambiance (risos)", escreveu.

Quando um internauta, indignado, recriminou seus comentários, Motta desceu ainda mais:

"Ô, xará, aprende comigo que é o máximo que você, mortal medíocre, pode fazer. Eu estou num plano superior, te respondi só porque tens o meu nome, mané. Essa porra é um lixo e eu tenho pena de ignorantes como você... Brasileiros... A cultura que eu vivo é a CULTURA superior. Melhor que a maioria, 'ya know' [sabe]?"

Quando a merda começou a repercutir freneticamente na internet, o "culto" e "superior" Ed Motta tentou se explicar:

"Reconheço que fiz comentários infelizes (...). Mas todas as pessoas fazem isso nos bares, em casa".

Ele deve estar falando dos bares e casas de Higienópolis, onde nós, que andamos de ônibus e metrô, não conseguimos a "dádiva divina" de frequentar...

A 'ética' de Juvenal Juvêncio

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Leio agora sobre a demissão de Paulo César Carpegiani. Não quero entrar nas virtudes, defeitos, erros ou acertos do treinador em sua segunda passagem pelo São Paulo - nem na fatídica derrota que selou a eliminação do clube da Copa do Brasil. Já não vem ao caso, é página virada. Não quero falar da "boiada", mas sim do "dono dos bois": Juvenal Juvêncio. O erro já começou quando ele contratou Carpegiani, que não estava desempregado. Cumpria contrato com o Atlético-PR, clube que abandonou sem o menor constrangimento - por isso, apesar de reconhecer que o técnico conseguiu melhorar muita coisa no São Paulo, como frisei num post outro dia, não lamento sua saída e nem o defendo. Quem falta com a ética - e faz negócio com dirigente que age igual - recebe na mesma moeda. Sim, a "ética" de Juvêncio, o "algoz" de Carpegiani, está aí, nua e crua. Precisando de um novo treinador, vejam a desfaçatez de sua declaração, ao desembarcar no Aeroporto de Congonhas, na volta do "desastre" em Santa Catarina:

- Os bons técnicos estão empregados. É assim mesmo. Mas é claro que existe a chance de o São Paulo ir atrás de um técnico empregado. Esta é a lei do futebol, e eu não sou diferente.

Essa é a "ética" do digníssimo cartola. A mesma "ética" que outro colega de profissão, o também cartola Rivaldo, que é presidente do Mogi Mirim, teve ao final da partida contra o Avaí. O desabafo de um jogador descontente com o técnico, por não ter tido a chance de entrar em campo, tem sua razão. Mas também tem seu limite. O jogador é, antes de tudo, subordinado ao treinador e, no mínimo, lhe deve respeito. Dizer que foi "humilhado" e que a derrota foi "uma vergonha" significa exatamente o contrário: ele humilhou e envergonhou Carpegiani. No que foi prontamente corroborado pelo colega cartola Juvenal Juvêncio, que demitiu o técnico e confessou que o motivo não foi a derrota na Copa do Brasil:

- Acho muito difícil o Rivaldo e o Carpegiani continuarem juntos no São Paulo. Não posso ser cínico. Houve uma discussão pública entre o técnico e o atleta, o que deixa a convivência dos dois mais complicada.

Por isso, acho que Carpegiani foi muito feliz ao declarar: "Todo mundo tem um caráter e num momento adequado que a gente nota as pessoas". Carapuça justa para Rivaldo - e para Juvêncio também. Ficou bem claro que o jogador já sabia que Carpegiani seria demitido caso o São Paulo fosse eliminado da Copa do Brasil. Caso contrário, não teria dado entrevista tão ofensiva ao treinador, se este fosse continuar a comandá-lo. E como é que Rivaldo sabia e tinha segurança da demissão do técnico? Porque, com Juvenal Juvêncio, ele não tem conversa de jogador com presidente de clube. É papo de cartola com cartola. Ficou nítido que, nesse conflito, o único subordinado era Carpegiani...

Essa é mais uma das incoveniências do estranho contrato com um jogador que é presidente de outro clube. Quando Rivaldo foi contratado pelo São Paulo, escrevi aqui neste blogue que achava isso, no mínimo, complicado. E se o clube enfrentasse o Mogi Mirim numa partida eliminatória pelo Paulistão? Cadê a ética, a isenção? Porém, além dessas "ligações perigosas", a contratação significou (mais) uma "saia justa" para o treinador. Ficou nítida a pressão de Juvêncio para que Carpegiani escalasse Rivaldo, assim como o finado Marcelo Portugal Gouvêa pressionava a escalação de Lugano por Oswaldo Oliveira, em 2003 (o técnico caiu, assumindo Roberto Rojas, que botou o zagueiro pra jogar), e depois a de Falcão, astro do futebol de salão, em 2005, por Emerson Leão (que barrou o rapaz e decidiu sair do clube por cima, assim que ganhou uma taça).

E esse é outro aspecto que ajuda a entender a vitória de Rivaldo nessa queda de braço contra o treinador. Além de reconhecer o visível progresso do São Paulo com Carpegiani, pela sua liderança, seu pulso e autoridade (que nem Ricardo Gomes e muito menos Sérgio Baresi tinham), eu gostei de sua segunda passagem pelo clube exatamente por peitar e enfrentar as pirotécnicas contratações de Juvenal Juvêncio. Antes de Carpegiani, o time enfrentou a estapafúrdia baciada de 11 contratações para 2010, sem planejamento, sem critério, sem respeito ao rumo traçado pelo(s) técnico(s) da época. Isso criou um caos e os reflexos (e derrotas) estão aí, pra alegria dos adversários. E era pra situação estar pior, caso Carpegiani não chegasse impondo respeito. Isolou Cléber Santana, mandou Carleto e Marcelinho Paraíba para empréstimo, dispensou Fernandão e nem sequer cogitou a hipótese de escalar para o banco o tal de Edson Ramos - sintomaticamente, uma indicação de Rivaldo. Juvêncio engoliu calado. Até hoje.

Não importa qual técnico o São Paulo vai contratar agora. Ele terá problemas com Juvenal Juvêncio, sem dúvida nenhuma. E, óbvio, com Rivaldo.

Sobre obviedades
E por falar em obviedade, é mais do que óbvio que a eliminação do São Paulo em duas competições, num prazo de duas semanas, foi o principal motivo da demissão de Carpegiani. Isso não se discute. Só quis ponderar a falta de ética geral no desfecho desse caso, entre o técnico, o presidente do clube e o cartola/jogador Rivaldo. Também é óbvio que Carpegiani errou feio em escalações e substituições, na insistência com alguns (caso de Juan, por exemplo) e isolamento de outros (caso de Junior Cesar), além de outros defeitos. Mas é óbvio, também, que o São Paulo não tinha condições de levantar uma taça com o time que está aí - e eu também já havia alertado para isso no post que fiz sobre o jogo de ida. No caso particular do Avaí, afirmo com segurança que o time catarinense que entrou em campo ontem é, neste momento, mais time que o São Paulo. A vitória foi justa, a eliminação dos paulistas também. Chega de chororô e churumelas.

quinta-feira, maio 12, 2011

Once Caldas 0 X 1 Santos - Neymar, pra variar, decide

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Aos 5 minutos de partida, Mirabaje avança pela direita e cruza uma bola pelo lado esquerdo do Santos, Rentería ganha de Edu Dracena e cabeceia mal dentro da área, finalizando longe de Rafael. Trinta segundos depois, Neymar avança, tocando para Zé Eduardo, que devolve para o atacante peixeiro desperdiçar diante de Matínez.

Esses dois lances dizem muito sobre o que foi a partida entre o colombiano Once Caldas e o sobrevivente brasileiro na Libertadores, o Santos. O time da casa finalizou mal quase todo o tempo, na maioria das vezes, longe da área. Quando levou perigo foi na jogada do começo da partida e outra vez com Rentería aos 31 do segundo tempo. De novo, aliás, em cima de Dracena. O ex-atleta do Internacional levou vantagem quase sempre quando duelou com o zagueiro santista. Durval, que ao contrário do parceiro de defesa foi soberbo na peleja, teve que impedir uma finalização do Once Caldas no lado de Dracena e salvou o Alvinegro na segunda etapa.

Apesar dos três lances acima, o Santos dominou o rival. Não aquele domínio inconteste, mas dentro do que as circunstâncias – principalmente físicas dos atletas – permitiam. O Peixe tocou a bola e Neymar assumiu a responsabilidade de ser atacante e também por vezes o articulador de jogadas. Alan Patrick, que já tinha entrado bem no lugar de Ganso na primeira final contra o Corinthians, novamente fez uma boa partida e marcou o gol da vitória, aos 43 do primeiro tempo. Neymar pegou a bola pela ponta direita, foi para o meio e deu um passe de craque para o meia-atacante alvinegro marcar.

No retorno para a segunda etapa, o Peixe voltou como em outras partidas, fazendo marcação ainda mais forte na intermediária adversária (já havia feito em parte do primeiro tempo), tentando decidir o embate. Não conseguiu o segundo gol, mas chegou perto em jogada iniciada por Neymar, que achou Léo sozinho no lado esquerdo do ataque. O lateral-ala santista balançou o corpo e tocou para Alan Patrick, que fez bela jogada mas teve sua finalização, dentro da pequena área, defendida por Martínez.
Neymar, aos 14, ainda arranjou a expulsão de Calle, que segurou o atacante peixeiro perto da área quando já tinha cartão amarelo por uma falta cometida em Danilo no primeiro tempo. O Alvinegro ensaiou uma pressão sobre o rival e Elanoe, em cobrança de falta, colocou uma bola na trave. Mas foi o Once que tentou atacar a partir dos 30, quando o Santos já estava mais cansado e preferiu controlar o jogo e arriscar os contra-ataques. Zé Eduardo perdeu dois lances no mano a mano e foi pouco produtivo novamente, dando a impressão de que, se Rentería, que está longe de ser um craque, estivesse do lado santista, talvez o placar tivesse sido mais elástico.


Mesmo nessa etapa da partida, Neymar foi fundamental. Não somente na armação dos contragolpes como na necessidade de segurar a bola, chamar faltas sem fazer a malfadada simulação, e forçar a jogada individual quando necessário. Enfim, foi senhor de si e do jogo. Alan Patrick também mostrou técnica, disposição e visão de jogo, substituindo Ganso à altura ou até melhor em alguns aspectos em relação ao que o meia contundido vinha atuando desde o seu retorno. Sem baixas aparentes, mas com 24 horas de tempo de viagem após uma semana em que passou mais 32 se deslocando, de novo o desafio é também superar o cansaço para enfrentar o Corinthians na final do Paulista. E ficar de olho no traiçoeiro Once Caldas para a partida de volta, no Pacaembu.

quarta-feira, maio 11, 2011

'O Corinthians é pior, exige muito do jogador e faz muito pouco por ele'

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Matéria do Globo Esporte de 1981, em que os goleiros César e Solitinho, do Corinthians, além de Gilmar e João Marcos, do Palmeiras, reclamam da perseguição da torcida quando sofriam "frangos". Marola, do Santos, e Carlos, da Ponte Preta, também são citados. Curioso é que Valdir Peres, do São Paulo, que passou para a história como emérito "frangueiro", não entrou no grupo. O título do post é a última frase ouvida no vídeo, da boca de Solitinho, que, segundo a reportagem, havia abandonado a profissão depois de tanta crítica por "frangos" sofridos. E divertida é a explicação de César: a culpa da perseguição aos goleiros era da televisão (!). Pra completar, ele afirma que o problema com goleiros, no Corinthians, era "hereditário"...

O Metrô de São Paulo e a vitória do higienismo

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Leio no blog Desafiosurbanos, da companheira Thalita, que o governo de São Paulo, comandado pelo tucano Geraldo Alckmin, desistiu de construir a estação Angélica do Metrô depois de protestos e abaixo-assinado de moradores de Higienópolis (bairro nobre de São Paulo próximo ao centro). “A estação seria parte da futura Linha 6 – Laranja, que ligará a Brasilândia, na Zona Norte, ao centro. Com a desistência, o Metrô voltou a estudar a possibilidade de construir uma estação na Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu.”

É notícia do tipo que dá desgosto de morar em São Paulo. O governo se sujeita à pressão de um grupo de endinheirados para manter a pobraiada longe de suas calçadas. E quem acha que estou sendo raivoso ao adivinhar as razões dos protestos, vai de novo a Thalita: “Eles reclamam, entre outras coisas, que já existem estações de Metrô no entorno, que o fluxo de pessoas no local seria aumentado, que haveria um aumento no número de ocorrências indesejáveis no bairro e também da possibilidade de instalação de camelôs no local. Poucas vezes o nome do bairro e seu perfil estiveram mais consonantes: todos os argumentos são higienistas.”

Lembro que na prefeitura da petista Marta Suplicy, um tal movimento Rebouças Viva fez mobilizações semelhantes com argumentos semelhantes contra a construção do corredor de ônibus na avenida, que passa no meio dos Jardins e de Pinheiros, bairros igualmente nobres (e reacionários) da capital paulista. A prefeita não deu bola e botou a obra para andar, diminuindo, juro pra vocês, em uma meia hora meu trajeto até a USP. É aí que se vê a prioridade de cada governante e partido.

Recomendo a leitura integral do excelente post da Thalita, que resume: “Quando só os cidadãos ricos e influentes são ouvidos, fica clara a assimetria da democracia na cidade.”

Mas... já vai? OU Ih, já foi!

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Leio, sem surpresa, sobre a rescisão de contrato do atacante Fernandão (foto) com o São Paulo. Já era esperada essa saída, mas a presença do atacante na partida contra o Santos, na semifinal do Paulistão, há poucos dias, levantou a suspeita de que Paulo César Carpegini estaria considerando seu aproveitamento. Pura ilusão: contra o Avaí, pela Copa do Brasil, ele não seria nem relacionado para o banco de reservas, com uma esfarrapada justificativa de "revezamento" dada pelo treinador. Fernandão encerra uma passagem melancólica pelo Morumbi: em um ano, somente 39 partidas, 8 gols e nenhum título. Bem pouco para quem foi "sonho de consumo" por longo tempo da diretoria são paulina e que chegou dizendo que queria conquistar títulos e escrever o nome na história tricolor. Longe disso, muito longe.

De fato, seu início foi arrasador, sendo decisivo nas duas vitórias do São Paulo contra o Cruzeiro, pela Libertadores de 2010. Me deu a impressão de que poderia ter uma passagem semelhante a de Amoroso pelo time, em 2005, que entrou na reta final da Libertadores daquele ano, no lugar do contundido Grafite, foi crucial na conquista do título e, depois, no tricampeonato mundial em terras japonesas. Porém, de forma inexplicável, a breve interrupção do futebol brasileiro durante a disputa da Copa da África do Sul encerrou - prematura e definitivamente - a boa fase de Fernandão no São Paulo. Ninguém entendeu.

Os dois meses que separaram as partidas das quartas de final contra o Cruzeiro, em maio, e as semifinais contra o Internacional, em julho e agosto, foram suficientes para que o futebol do atacante evaporasse. Ele ainda conseguiu marcar gols no Campeonato Brasileiro, um deles numa vitória contra o Flamengo, outros em boas atuações contra o Palmeiras (time que pode ser seu próximo destino). Mas, de referência no ataque, passou a ser coadjuvante e, com seguidas contusões, chegou a passar 16 partidas sem sequer ser relacionado para o banco, neste ano.

De toda forma, é um jogador que respeito e acho que ainda pode render. Porém, não levará saudades da torcida sãopaulina. Boa sorte!

Fica, Felipão - 7 motivos para o Palmeiras manter seu treinador

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O Futepoca tem história com "sete motivos". A lista de razões foi usada com mais bom humor em outras feitas, mas é o que cabe a este palmeirense em um momento em que Luiz Felipe Scolari anda tão contestado no cargo. Tem gente que concorda que ele tem de ficar e até se mobiliza para isso, mas é preciso mais.

Este ébrio autor alviverde continua com vergonha pela derrota do Palmeiras frente ao Coritiba na quarta-feira, 4, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil. Tomar de 6 a 0 não é normal, não é aceitável nem tem explicação. Está claro que parte do elenco e parte da diretoria e parte da torcida quer ver vaga a cadeira de técnico do time. É bastante gente convicta de que é hora de mandar Luiz Felipe Scolari embora, e os argumentos dessa turma são mais ou menos bem conhecidos e explorados. Passam pelo tal relação entre custo (salarião que eu pedi a Deus) e benefício (zero títulos até agora), por ele não ser o mesmo de 12 anos atrás (foto), e por ter acumulado dois tropeços desagradáveis em quatro dias concecutivos etc.

Mas este post é para listar motivos pelos quais Felipão deveria manter-se no posto onde está. Sem ilusões nem endeusamentos com base em feitos do passado, minha visão é de alguém que torce pelo Verdão (e até com mais força) numa hora dessas.

Aos meus sete motivos para o "Fica, Felipão".

1- Eventuais substitutos são piores (OU Pra que outro Caio Jr.?)
Nos últimos cinco anos, dez treinadores passaram pelo clube. Émerson Leão, Tite, Wanderley Luxemburgo e Muricy Ramalho são apenas os mais badalados e caros que não deram certo. Há técnico melhor do que Felipão para o posto? Não. Há alguém bom que pode fazer melhor? Difícil prever, mas está claro que os problemas não terminam no treinador e que houve incompetência na gestão de futebol e na disputa fraticida entre os grupos políticos que disputam (e, diferentemente do que ocorreu na década de 1990, se sucedem na presidência - ainda bem) que até sabota o comando do clube, incluindo as ações positivas e interessantes. Mesmo tendo pouca culpa pelo que aconteceu, Caio Júnior já foi uma experiência que mostrou limitações mais que evidentes em 2007; repetir a dose não vale a pena.

2- Diretoria-abacaxi e turma do amendoim
Os torcedores que ficavam reclamando do bom time de 2000 das numeradas do estádio Palestra Itália foram chamados por Felipão "turma do amendoim", designação pejorativa o suficiente para nomear (e desqualificar as críticas) de um padrão de palmeirense que reclama sempre. Embora tenha declarado a morte daquela turma, ele ainda consegue driblar razoavelmente bem as reiteradas queixas de cartolas e reclamantes. O técnico pede "ô, ô, ô, queremos jogador" quando falta material humano. Depois de chiar horrores e quando já começa a pegar mal tanta queixa, alguém vai lá e enquadra o treinador. Ele ironiza a valer a chamada na chincha, lamenta o "cala boca" imposto e, então, se cala. Ou se contém. Mas não esconde que a qualidade do time que tem impõe limites. Se isso aborrece jogador, pelo menos permite uma relação de maior sinceridade com a torcida, o que leva ao próximo ponto.

3- Empatia com a torcida
Nenhum outro treinador terá, de pronto, uma proximidade tão grande com o palmeirense médio (incluindo aquele que é abaixo e aquele acima da média, seja lá o que isso signifique). Isso tem a ver com a história no clube, mas tem a ver com alguém que se comporta de forma errática, mais ou menos como o torcedor. Num dia está mais calmo do que deveria, no outro, mais irritadiço e insatisfeito do que seria razoável esperar. É o comportamento de alguém que age movido por uma paixão, embriagado de tudo o que envolve o futebol. Ou sei lá que outra explicação mais poética que alguém pode oferecer para esse fenômeno.

4- Felipão não fala "tatiquês"
Nos idos da hiperinflação dos anos 1980, o "economês" foi um neologismo criado para reclamar dos economistas que enrolavam ao tentar "explicar" os motivos da instabilidade na alta de preços e na crise da dívida. Tal "idioma" também fez sucesso na apresentação do Plano Collor, em que os jornalistas atônitos tiveram dificuldades para traduzir o que se passava na mesa encabeçada por Zélia Cardoso de Mello (foto). Meu neologismo é uma alusão direta a treinadores que preferem falar de milagres táticos e supervalorizar seus feitos a reconhecer méritos de atletas e mesmo do acaso e da sorte. O técnico do Verdão fala mais simples do que outros que já pisaram na relva mais verde da capital paulista.

5- Ídolo merece respeito
Felipão tem uma história com o Palmeiras. São conquistas e quase conquistas (por que não?). Uma Libertadores (1999), uma Copa do Brasil (1998), três vices (Libertadores, em 2000, Mundial de Clubes, em 1999, e Brasileiro, em 1997) e muitos feitos memoráveis. Marcos, o Goleiro, tomou seis gols no último jogo, já levou outras goleadas, mas não deixa de ser o maior goleiro que habitou a meta palmeirense na opinião de muita gente. Não merece sair mal na fita por causa disso. O mesmo tratamento vale para o homem que ocupa o banco de reservas. Isso não o torna indemitível, mas não funciona tratá-lo como para-raio após dois revéses.

6- Sonho de Libertadores ou pesadelo de rebaixamento
No Brasileiro, Felipão significa sonho de vaga na Libertadores; sem ele, é fugir do rebaixamento. Pode soar catastrofista e, em alguma medida, é mesmo. É possível montar um time razoável com o elenco disponível. Mas contusões inevitáveis e eventuais transferências em agosto podem complicar tudo, como aconteceu em 2009 e em 2007, por exemplo. Só que o time atual mostra-se mais limitado do que os daqueles anos mencionados. Seja por motivar os jogadores, seja por armar o time de um jeito às vezes despretensioso que funciona, Luiz Felipe Scolari no cargo permite que o torcedor acredite que o Palmeiras pode beliscar uma vaga no torneio continental se o pessoal da frente bobear. É sonho, ambição. Bem melhor do que temer rebaixamento.

7- Corintianos e mustafás
Rivais e o ex-presidente do clube, Mustafá Contoursi, querem vê-lo fora - São dois balisadores de opinião, que ajudam a empurrar a opinião para o lado contrário. Foi uma dose de troça compreensível e até justa. Mas a manifestações de torcedores rivais não escondem parcela de desejo de ver o Palmeiras sem Felipão no banco. Ele não representa mais o mesmo que antes, nem em termos de receio para os adversários, mas ainda guarda uma aura mais respeitável do que outros treinadores. Mais grave do que ser o desejo de quem quer ver seca a pimenteira da rua Turiassu por divergências clubísticas é a ação do cartola Mustafá Contoursi. O ex-presidente do Palmeiras – durante boa parte da década de 1990 e até o rebaixamento e ascenção à primeira divisão – apoiou e patrociou Arnaldo Tirone na disputa do cargo. Ele foi elogiado por Felipão, mas consta que Mustafá e seu grupo querem tirar o técnico, seja lá com base nos custos, seja como forma de enfraquecer Roberto Frizzo, vice-presidente de futebol.

Tô errado?

Filosofia de bar

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Estou lá, apreciando minha loira gelada, quando ouço, na mesa em frente:

- A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer!

É por causa de coisas como essa que sou viciado em buteco...

terça-feira, maio 10, 2011

Noam Chomsky e o 'supremo crime internacional'

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O filósofo e ativista político estadunidense Noam Chomsky resolveu se pronunciar sobre o assassinato de Osama Bin Laden. Seu artigo (a íntegra aqui) é digno de leitura e, para mim, possui dois trechos que merecem registro:

Poderíamos perguntar como reagiriamos se uns comandos iraquianos aterrisassem na mansão de George W. Bush, o assassinassem e lançassem seu corpo no Atlântico. Sem deixar dúvidas, seus crimes excederam em muito os que Bin Laden cometeu, e não é um "suspeito", mas sim, indiscutivelmente, o sujeito que "tomou as decisões", quem deu as ordens de cometer o "supremo crime internacional, que difere só de outros crimes de guerra porque contém em si o mal acumulado do conjunto" (citando o Tribunal de Nuremberg), pelo qual foram enforcados os criminosos nazistas: os centenas de milhares de mortos, milhões de refugiados, destruição de grande parte do país, o encarniçado conflito sectário que agora se propagou pelo resto da região.

Há também mais coisas a dizer sobre Bosch (Orlando Bosch, o terrorista que explodiu um avião cubano), que acaba de morrer pacificamente na Flórida, e sobre a "doutrina Bush", de que as sociedades que recebem e protegem terroristas são tão culpadas como os próprios terroristas, e que é preciso tratá-las da mesma maneira. Parece que ninguém se deu conta de que Bush estava, ao pronunciar aquilo, conclamando a invadirem, destruirem os Estados Unidos e assassinarem seu presidente criminoso.


Triste é perceber que poucos, no Brasil, chegam à essa conclusão.

segunda-feira, maio 09, 2011

O 'monopólio da virtude' existe, de fato. Em São Paulo

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Muito curiosa a entrevista publicada pela Veja (aarrghh..) na edição que começou a circular no fim de semana, com o título "O estado não pode tudo". Nela, o filósofo Denis Izrrer Rosenfield (foto), professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), critica "a interferência cada vez mais frequente do estado na vida pessoal dos cidadãos por meio de decisões de órgãos governamentais". Até aí, sua postura é irrepreensível: o poder estatal não tem nada que apitar na vida particular e nos direitos pessoais e privativos dos cidadãos.

Quer um exemplo? A proibição do tabagismo nos bares, medida arbitrária e autoritária do então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), aprovada em 2008 - e que incentivou outros estados da União a fazer o mesmo. Quer outro exemplo? A recente probição da venda de bebidas alcoólicas em espaços públicos, durante a "Virada Cultural", decretada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab ("cria" política de Serra). É o prório filósofo Rosenfield quem sentencia, à Veja (aaarghh..): "Se alguém decide fumar ou beber, isso é um problema exclusivamente dessa pessoa, não é um problema do estado".

Porém, a Veja é a Veja (eecaaa!). E falar mal das administrações paulistas e paulistanas, dos tucanos e seus amiguinhos, é coisa que a revista nunca faria. Portanto, qual é o alvo da entrevista e do filósofo? O PT, lógico! "Quando o estado se apodera do monopólio da virtude, inicia um flerte inadmissível com o autoritarismo, danoso para qualquer sociedade", começa Rosenfield, para citar, como exemplo desse tipo de interferência, a recente tentativa da Anvisa de proibir a venda de remédios para emagrecer. "Essas medidas arbitrárias mostram como o PT, apesar de estar amadurecendo como partido, ainda atrai esquizofrênicos com mentalidade retrógrada e perigosa para a sociedade".

A partir daí, é só "cacete filosófico" em cima dos petistas: "Nos últimos anos, o governo se intrometeu em quase tudo. Recentemente, quis policiar um pretenso consumismo infantil e chegou ao cúmulo de discutir a tal Lei da Palmada, que pretende disciplinar a relação entre pais e filhos". E mais: "A Anvisa tentou proibir a publicidade de cigarro, de bebida e de alimentos. Parece inofensivo, mas sem publicidade a imprensa se torna dependente do governo, o que compromete a liberdade de expressão". Mas a liberdade que o filósofo gaúcho mais preza é a de cunho financeiro: "Isso sem falar no direito de propriedade, cada vez mais fragilizado".

Propriedade! Propriedade! Abra as asas sobre nós!
Para Rosenfield, "(...) no Brasil o direito à propriedade é relativizado pela função social, pela função indígena, pela função racial e pela função ambiental da terra. O que acontece é um descalabro. Um exemplo trágico é a proliferação dos tais quilombolas pelo país. Isso não tem mais limite". Veja que pérola de raciocínio "filosófico": "Se mais de 60% de uma população é dona de seus imóveis, essas pessoas podem se unir com força contra qualquer ameaça à propriedade. Se menos de 30% forem proprietários, abre-se espaço para a aplicação de ideologias que comprometem esse direito".

E você acha que ficou por aí? Não, não. Tem mais: "No Brasil, o processo notório de enfraquecimento do direito de propriedade por meio da desapropriação de terras está sendo combatido por uma reação da sociedade contra os movimentos de orientação esquerdista, como o MST e a Comissão Pastoral da Terra". Pois é. Já dá pra perceber o motivo da indignação do filósofo e da publicação que o entrevistou. E a culpa é de quem? Um maço de cigarro e uma garrafa de pinga pra quem adivinhar...

"Em seu segundo mandato, Lula se excedeu. O presidente deu muito poder a esses movimentos e limitou cada vez mais os direitos de propriedade. Foi exorbitante. Lula abriu a porteira. O mesmo aconteceu com relação à imprensa", arremata Rosenfield.

Ou seja, para NÃO variar, A CULPA É DO LULA!

Só nos resta fumar e beber. Dentro de casa...

domingo, maio 08, 2011

Corinthians 0 X 0 Santos - empate quase cômodo

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O empate entre Santos e Corinthians não foi um das partidas mais envolventes e técnicas do campeonato paulista. Mas foi razoavelmente leal, bem distante da semifinal entre Timão e Palmeiras no último domingo. E movimentada, com chances de lado a lado, bolas na trave e jogadas individuais que não deixarão as compilações de melhores momentos das emissoras de televisão ficarem monótonas.

A primeira etapa teve um domínio maior dos donos da casa, embora tenha sido o Santos, com Neymar, que tenha colocado uma bola na trave. Aliás, como foi na peleja contra o São Paulo em que o craque peixeiro chamou a responsabilidade, foi dos pés dele que saíram as chances agudas da equipe. Fora a bola na trave no primeiro tempo, colocou outra no segundo (a bola deu uma pingadinha no gramado depois da assistência de Alan Patrick) e deu um passe primoroso para Danilo, que não teve a técnica necessária para marcar por cobertura.


O Corinthians também chegou, principalmente com Bruno César, o homem da articulação e das chegadas perigosas à frente. Quando foi sacado por Tite na segunda etapa, a equipe perdeu a contundência e a qualidade, com Morais bastante discreto e Liédson buscando o jogo e contando com o apoio dos “elementos surpresa" Wallace e Castan, que por vezes chegaram bem na frente. Dentinho, substituído mais uma vez ainda na metade da segunda etapa, teve atuação irregular. Aliás, do garoto eficiente de tempos atrás, hoje tem-se a impressão de um jogador marrento e simulador, que acha que joga mais do que joga realmente. Seu correspondente no rival é Zé Eduardo, que teve mais uma atuação pífia, o que vem se tornando uma triste sina para o atleta (e para a torcida).

Com um jogo bastante centrado na disputa pelo meio de campo, o Santos se ressentiu dos desfalques de Léo e Arouca, justamente os dois atletas que fazem a saída da intermediária no Alvinegro. A volta de Elano, desfalque contra o América-MEX, deu mais segurança nas bolas levantadas na área em bola parada, e levou mais perigo nas faltas contra o rival, mas o meia ainda deve ofensivamente.

Como o esdrúxulo regulamento do Paulista (há décadas testando as fórmulas mais bizonhas do país) não prevê qualquer espécie de desempate, a não ser os pênaltis, em resultados iguais em número de pontos, a única vantagem do Santos é decidir em casa. O que não é pouca coisa, ainda que o desgaste da equipe vá continuar e possa vitimar mais atletas até a segunda partida das finais. Por enquanto, além de Diogo e Maikon Leite que continuam no departamento médico, Ganso deve parar por 30 dias segundo as informações preliminares, Arouca segue sendo dúvida para os próximos jogos e somente Léo parece apto a jogar contra o Once Caldas.

E o Santos segue para Colômbia para atuar em uma partida que pode valer por duas. De acordo com o que acontecer lá, o Paulista já começa a ser decidido na quarta-feira.

sexta-feira, maio 06, 2011

Oba! Agora a gente já pode passar raiva antecipadamente!

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Metrô de São Paulo: tudo funcionando na mais perfeita ordem, na mais santa paz


A materinha do Estadão é tão inacreditável, mas TÃO inacreditável, que prefiro reproduzir o título e o início antes de qualquer comentário:

Metrô de SP vai avisar usuários sobre panes via SMS

A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) vai começar a enviar no próximo mês mensagens de celular para alertar passageiros sobre problemas nas linhas, incluindo trechos onde trens operam com velocidade reduzida ou mesmo interrupção do funcionamento. O conteúdo será "personalizado": cada usuário vai receber apenas informações referentes às linhas e estações que estão em seu caminho. O cadastro para receber SMSs começa hoje.

Tradução: reconhecendo que é INCAPAZ de diminuir as panes no Metrô, e muito menos de evitá-las, o (des)Governo de São Paulo joga a toalha e prefere desenvolver um sistema para avisar a MERDA pelo celular de cada usu(ot)ário, como quem diz: "Olhaí, eu tô avisando! Depois não vem reclamar!".

Imaginem se fosse um governo do PT, o tiroteio que a mídia não ia promover contra esse novo serviço de "utilidade" pública...

E eu sempre me surpreendo com a arrebatadora capacidade de "gestão, planejamento e eficiência" do PSDB. Impressionante!

quinta-feira, maio 05, 2011

6 a 0 para o Coritiba sobre o Palmeiras: o nome disso é sova

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Tomar de 6 a 0 é pra dormir de cabeça quente. Foi a pior volta possível para Marcos, o Goleiro. A pior partida seguinte para a eliminação do campeonato paulista. A mais dura resposta à ideia de que o Coritiba só mantinha a série invicta de 28 partidas sem perder (agora são 29), porque o campeonato paranaense é fraco.

Tomar de 6 a 0 é muita coisa. As chances de fazer 7 a 0 no jogo de volta sequer merece comentários.

No dia seguinte ao cataclismo que atingiu os times brasileiros na Libertadores, o Palmeiras apanhou feio. E não há qualquer relação, a não ser o inusitado, o inesperado. O alviverde paulistano foi vítima de um massacre no Couto Pereira. Uma sova para não esquecer muito cedo. E sobre a qual é melhor só pensar amanhã.

Kassab foi navegar... e Serra ficou a ver navios

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Muito lúcida a análise que Luís Nassif faz hoje em seu blogue, "Serra e a (i)lógica da burocracia partidária". Recorrendo às recordações de seu início como jornalista e às observações das trajetórias de figuras medíocres que acabaram ascendendo de alguma forma no cenário político (sob "temor reverencial" da mídia), Nassif destrincha as estratégias furadas e míopes do tucano José Serra, dentro e fora do PSDB, e o limbo no qual se meteu como consequência delas. Pelo menos cinco trechos do texto merecem ser reproduzidos na íntegra, pelo poder de síntese:

1
O caso José Serra-PSDB é emblemático. Analise-se o político Serra hoje, fora do minarete do controle burocrático que exerceu sobre o PSDB. Perdeu os espaços possíveis junto ao PSDB nacional e ao DEM. Dançou em São Paulo. Montou uma aliança com Kassab que vai entrar para a história. Kassab ficou com todos os quadros técnicos do serrismo, conseguiu a estrutura operacional de que necessitava, inclusive o cacife da prefeitura para atrair parte do DEM ... e irá se aliar a Aécio.

2
Serra apostou no barco do PSD, encheu a bola de Kassab, ajudou a montar a tripulação. Quando o barco saiu do cais, percebeu que estava fora, como um membro da corte portuguesa que não conseguiu alcançar as caravelas que permitiriam a fuga para o Brasil.

3
Experimentou todo o desgaste possível com suas manobras para queimar Alckmin e restou de mãos abanando. Depois, foi até Alckmin para – suprema humilhação para quem conhece o ego de Serra –se explicar, atribuindo as informações sobre sua traição a intrigas de secretários de confiança do próprio governador. Na campanha, todas as acusações contra Serra eram rebatidos com o argumento simplório de que não passavam de "intriga petista".

4
Antes disso, desde que se tornou governador, aliou-se ao pior esgoto jornalístico e abandonou por completo o discurso programático. Chegou para ao final da campanha sem nada, explorando apenas fígado e intestinos de seus eleitores. Tem um final melancólico, sem discurso, sem bandeiras e sem seguidores.

5
Quem ousasse apontar o rei nu era execrado. Ocorreu com um dos melhores políticos do DEM que, em meados de 2009, ousou fazer uma análise isenta que apontava essa pequenez de Serra. Amigos próximos evitavam cumprimentá-lo em público para não se indispor com o feroz imperador. Ocorreu com a mídia, escondendo seus esbirros autoritários, sua falta de gana, a inapetência gerencial, cedendo às suas pressões. No futuro, será tema para boas teses dissecando o mal que vitimou o PSDB: o caciquismo, o burocratismo que impediu a renovação do partido.

Sem mais a acrescentar.

Noite de tragédias

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Dos seis brasileiros que começaram a Libertadores deste ano (considerando que a palhaçada protagonizada pelo Corinthians contra o Tolima), somente o Santos segue na competição após a fatídica noite desta quarta-feira. O negócio foi feio de todo lado para as representações tupiniquins.

Segundo matéria do Uol, desde que a Libertadores mudou de regulamento e passou a ser disputada por 32 equipes em 2000, o Brasil sempre teve pelo menos dois clubes nas quartas de final da competição. A última vez que sobrou apenas um brasuca nas quartas de final foi na Libertadores de 1994, quando apenas três clubes brasileiros entraram na competição.

Os gremistas já estavam meio que contabilizando a desclassificação depois da derrota por 2 a 1 em Porto Alegre na semana passada para o Universidad Católica. Mas as esperanças acabaram com o gol de Mirosevic, que decretou nova vitória chilena por 1 a 0.

O impacto da queda do tricolor gaúcho foi amenizado pela derrota do Inter, em pleno Beira Rio, para o Peñarol. Foi por 2 a 1, de virada, a primeira derrota do técnico Falcão, após empate por 1 a 1 em Montevideo que dava certo conforto ao Colorado. Oscar abriu o placar no primeiro tempo, mas Martinuccio e Olivera viraram no início da segunda etapa. E a gauchada que sonhava com uma sequência de quatro decisões entre as duas equipes (no Gauchão e na Liberta), no melhor estilo Barça e Real, ficou só com a disputa doméstica.

Os guerreiros do Fluminense, talvez cansado qual Teresa Batista após a heroica jornada na fase de classificação, fizeram um joguinho bem chocho contra o Libertad do Paraguai. E depois de vencer por 3 a 1 no Engenhão, levaram de 3 a 0 no Defensores del Chaco, em Assunção, protagonizando a recepção do maior nabo entre os brasileiros.

E o Cruzeiro, vedete da competição com a melhor campanha e o melhor futebol da fase de grupos, único invicto até ontem, conseguiu o mais improvável ao levar de 2 a 0 do Once Caldas na Arena do Jacaré. E olha que o time de Cuca, Montillo e Roger venceu a partida de ida em Manizales por 2 a 1, podendo perder por 1 a 0 e levar a vaga. O meia ex-corintiano protagonizou fato decisivo para a partida ao ser expulso com 30 minutos do primeiro tempo. Mas a torcida da Raposa decidiu pegar no pé é da mulher do cara, Deborah Secco, que assistiu a partida in loco. As acusações de pé-frio seriam mais um caso de machismo no futebol brasileiro?

Sobrou o Santos, que não jogou lá essas coisas também contra o América do México, na terça. Marcou, enrolou, deixou o tempo passar e viu o goleiro Rafael salvar a equipe numas 3 ou 4 oportunidades. À guisa de provocação, cabe lembrar que os mexicanos pouparam titulares em pelo menos parte da peleja. Melhor Neymar e cia. ficarem espertos para não apagarem a luz da participação brasileira na Libertadores desse ano.

E os deuses do futebol 'compensaram' Muricy Ramalho

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Quando era técnico do São Paulo, o agora santista Muricy Ramalho teve quatro chances de conquistar uma Libertadores da América. Na primeira vez, em 2006, perdeu a decisão do campeonato para o Internacional de Abel Braga. No ano seguinte, a queda ocorreu logo nas oitavas de final, contra o Grêmio de Mano Menezes. Já em 2008, nova eliminação, dessa vez nas quartas de final, para um Fluminense treinado por Renato Gaúcho. E em 2009, ao ser eliminado pela quarta vez com o São Paulo na competição, perdendo para o Cruzeiro de Adilson Batista (outra vez nas quartas de final), Muricy acabou, finalmente, alijado do comando do Tricolor.

Pois bem: ontem, numa rodada aparentemente tranquila para a maioria dos times brasileiros nas partidas de volta das oitavas de final da Libertadores, os adversários uruguaios, chilenos, paraguaios e colombianos, como num strike de boliche, eliminaram de uma só vez Internacional, Grêmio, Fluminense e Cruzeiro - justamente os quatro algozes de Muricy em seus tempos de São Paulo. A eliminação do Grêmio, treinado por Renato Gaúcho, era até previsível, pois tinha perdido o jogo de ida em casa para a Universidad Católica. Mas as outras derrotas foram simplesmente inacreditáveis, inexplicáveis e surpreendentes.

O Fluminense, que ganhou o jogo de ida por 3 a 1, tomou exatos 3 a 0 do Libertad. O Inter, que tinha obtido um bom empate fora, por 1 a 1, tomou uma virada incrível de 2 a 1, dentro do próprio Beira Rio, e foi despachado pelo Peñarol. E o Cruzeiro, melhor time disparado da Libertadores, que tinha vencido (bem) fora de casa, por 2 a 1, no primeiro jogo das oitavas de final, conseguiu a proeza absurda de perder por 2 a 0 em Minas Gerais, classificando o Once Caldas, de retrospecto sofrível na competição deste ano. Sim, o forte Cruzeiro que seria exatamente o adversário do Santos (de Muricy) nas quartas de final. Toda essa hecatombe de ontem sugere, pra mim, que os deuses do futebol se redimiram e avisaram:

"-Vai, Muricy Ramalho, ser campeão da Libertadores da América!".

Não há outra explicação mais plausível...

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A esperada desclassificação do Grêmio:




A frustrante derrota do Fluminense:




A inexplicável virada sofrida pelo Inter:




A inacreditável eliminação do Cruzeiro:

Prenúncio do óbvio

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O sufoco levado no segundo tempo da partida de ontem contra o modesto Avaí, em pleno Morumbi, comprova que o São Paulo não deverá ter vida muito longa na Copa do Brasil. Fosse uma equipe pouca coisa mais forte do que a dos catarinenses, como uma Ponte Preta ou um São Caetano, por exemplo, e o Tricolor teria tomado a virada. Exagero? Pois alguém aí, em sã consciência, acredita que o São Paulo teria conseguido um 2 a 2 em plena Arena da Baixada, contra o Atlético-PR, como conseguiu o Vasco? Ou então que, se conseguir passar pelo Avaí, terá chances contra equipes do porte de Flamengo, Coritiba, Palmeiras ou os próprios Vasco e Atlético-PR? Eu acho que não.

Como disse outro dia, num post sobre Dagoberto, acho que Paulo César Carpegiani fez milagres na postura do São Paulo, que melhorou 1.000% em relação a 2010. Mas falta muito arroz e feijão para ganhar algum título. Prova disso é que jogou muito bem contra o Santos, na semifinal do Paulistão, mas perdeu. É óbvio: apesar de ter melhorado muito, o time não tem o mesmo nível do alvinegro praiano e, na minha opinião, enfrentaria muitas dificuldades contra os embalados Coritiba e Flamengo, o crescente Vasco e o eterno rival Palmeiras.

Aliás, nem precisa especular muito, pois já tá suando sangue contra o Avaí, assim como suou contra os limitados Santa Cruz e Goiás. Pode ser que a volta de Lucas e a estreia de Luís Fabiano (que deve ocorrer só no Brasileirão) fortaleçam o time. Pode ser. Mas, para mim, a falta de um lateral direito de origem e a insistência com Juan na esquerda, claramente inferior a Júnior César, complicam muito. Na defesa, Alex Silva também não enfrenta boa fase. E, já que o tal "Fabuloso" não estreia, por que não efetivar o (ótimo) Henrique no ataque? Por que insistir com o (inócuo) Willian José?

Essas dúvidas, constatações e as péssimas atuações contra times inferiores me levam a crer que não será dessa vez que Carpegiani dará um título ao São Paulo. Posso queimar minha língua, mas tudo transparece como prenúncio de (mais) uma óbvia desclassificação...

quarta-feira, maio 04, 2011

Verba menor OU por quê a 'grande imprensa' detona Lula

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Uma materinha muito elucidativa do O Globo de hoje, com a ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, confirma, com todas as letras e números, o que eu, como jornalista e frequentador dos bastidores dos meios de comunicação, canso de apontar para os anti-lulistas e anti-petistas como PRINCIPAL motivo de a chamada "grande imprensa" bater tanto em Lula e no PT:

Pelas informações da ministra, até o início do primeiro governo Lula, o dinheiro da publicidade era repartido entre 400 empresas. Agora, oito anos depois, a verba é destinada a aproximadamente 6 mil empresas.

Como diria nosso amigo Glauco: "Difícil ou fácil?".

Zé de Abreu no Ministério da Cultura. Por um MinC mais dionisíaco!

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Até agora o Futepoca não havia se manifestado acerca do imbróglio envolvendo a ministra da Cultura Ana de Hollanda, a questão dos direitos autorais e da continuidade (ou não) de diversos avanços conquistados na área da cultura durante as duas gestões do governo Lula – com Gilberto Gil e Juca Ferreira.

O fato é que a atual ministra tem se mostrado mais do que reticente em relação à reforma da Lei dos Direitos Autorais, que é não só anacrônica como restritiva à difusão da cultura. Ela deixou de lado um anteprojeto definido pelo governo anterior com base em uma consulta pública ampla para reiniciar o debate. Por isso, há hoje toda uma movimentação dos movimentos sociais ligados à cultura em defesa de mudança de rumos no ministério. O clima de instabilidade, assim como acontece no futebol quando o time vai mal, leva a especulações sobre a mudança do treinador. No caso, o alvo é a ministra.



Foto: Galeria Pública dos Blogueiros Progressistas

Se tal troca ocorrer, como se cogita, o Futepoca lança desde já o candidato a ministro que tem compromisso com as artes em geral e que entende que os temas discutidos nesse blogue – a saber, o futebol, a política e a cachaça – também fazem parte do arcabouço cultural e da identidade deste país:

José de Abreu para ministro da Cultura.


Certamente o país vai ganhar com a sua experiência artística, com seu histórico de militância política e também com a sua visão bem mais ampla sobre o conceito de cultura. Ele entende que os valores de esquerda, representados pelas conquistas na área da cultura, devem ser retomados já que foram aprovados pelas urnas. Compreende ainda que fazer política também é se divertir (isso a gente sabe faz tempo também). E sabe bem que “toda cachaça é de esquerda” (idem ao parêntese anterior). Cachaça entendida no seu sentido cultural e com moderação, é claro.

Pelo Twitter, encampe a campanha com a hashtag #ZedeAbreunoMinc. Por um ministério mais dionisíaco! 

Releia a entrevista com José de Abreu abaixo, feita durante o I Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, e venha conosco nessa campanha.


Futepoca - Tratando dos temas do blogue, começando pela política e cachaça...

José de Abreu - Realmente, eu nunca esperava que pudesse resgatar tudo o que sofri nos anos 60 agora, com o Lula. É um prazer imenso saber que minha luta não foi em vão.
Sobre cachaça, não há cachaça melhor do que a feita em Santa Rita do Passa Quatro, no estado de São Paulo. Não é a terra do Zé Dirceu, é a terra de Zequinha de Abreu, a Folha sempre erra; o Dirceu nasceu em Passa Quatro, Minas Gerais. Lá se fabricam duas caninhas, uma chamada Jamel e outra chamada 61. Mas não são essas as (cachaças) boas, a boa de verdade é a do dono da cachaçaria – que deve votar no Serra, aliás. 

Futepoca - E qual a dica para uma "cachaça de esquerda", boa?
Abreu - Toda cachaça é de esquerda. A relação da política com o prazer vem da esquerda. No meu tempo, as moças que começaram a dar eram as de esquerda, nos anos 60. O pessoal de esquerda é mais feliz, diretamente ligado à cachaça no sentido dionisíaco.

Futepoca - E o futebol?

Abreu - O futebol é o ópio do povo brasileiro, mas não é tão importante. O Lula pode ser corintiano e não criar problemas com os palmeirenses e são-paulinos.

Futepoca - Então o futebol é um ópio "positivo"?
Abreu - Claro, é um ópio maravilhoso, o ópio dos meus filhos hoje é o futebol. A gente se reúne pra ver os jogos do Flamengo em casa.

Futepoca - Ou seja, a diversão é algo ligado à esquerda...
A direita não sabe se divertir. Se eles não conseguem se divertir na política, vão se divertir em que?

terça-feira, maio 03, 2011

Tipos de cerveja 66 - As Weizenbock

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Basicamente, trata-se de uma Dunkelweizen mais forte (em teoria, tão forte como uma Bock), com boa presença de álcool e aroma de especiarias - e, logicamente, maior sabor de malte, fator que contribui para a sua cor escura. A origem das Weizenbock remonta à cervejeira alemã Schneider & Sohn que, em 1907, criou uma Doppelbock de trigo mais forte e saborosa, a Schneider Aventinus. Esta excelente cerveja possui todas as características que formatam este estilo, sendo referência para todas as outras Weizenbock. Relativamente aos ingredientes, utiliza-se uma grande percentagem de trigo maltado (segundo a lei alemã, tal cereal deve corresponder a 50% do total, apesar de, em certas marcas, chegar aos 70%). O restante é composto por malte de cevada. O volume de álcool varia entre os 6,5% e 8%. Para experimentar: Schneider Aventinus, Hacker-Pschorr Weisse Bock (foto) e Erdinger Pikantus.