Destaques

sexta-feira, setembro 16, 2011

A Beleza Americana e o Uno primordial: o bar

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por Maurício Ayer

A poeira da pedra filosofal, o éter onde as esferas navegam em perfeita harmonia. Que elemento mágico permeia esses dois filmes, tão distintos para um observador que se apegue a detalhes inócuos, mas que qualquer ser dotado de sensibilidade poderá identificar como emanações de um mesmo princípio, desdobramentos da Ideia, do Uno universal, ou, por que não?, o que parece óbvio, o amor que move o sol e outras estrelas?

American Beauty - Flying Bag


O mais bebado de todos - bebado caindo - olha o que a cachaça faz


O emo que chora diante da dança do saco plástico não se comoveria diante do balé deste inocente cowboy de Boituva (ou de outra paragem, que importa, falamos aqui da essência), bom selvagem que se entrega de corpo e alma ao movimento do universo, que corporifica em si mesmo o ponto de mutação, seguidor involuntário de Confúcio ou Lao Tsé?

Se o princípio do belo é um só, será que ao presenciar o emotivo discurso de seu vizinho enquanto assistem às brutas mas profundamente belas imagens da dança do manguaça a menina iria com igual ternura tomar-lhe a mão como sinal do amor nascente e beijá-lo, para aplacar qualquer dúvida que pudesse macular a pureza desse instante?

Somente um garçom pode fornecer imediatamente os elementos necessários para encontrar essas respostas.

Doutor Sócrates mais vivo do que nunca

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O Sócrates deve ser um dos maiores exemplos de integridade que conheço. Não saberei falar disso melhor que o Idelber Avelar, como se pode ler aqui. E noutro blogue uma amostra de seu caráter, aqui.

Vou então dar outra tonalidade a esta breve homenagem. Já foi dito aqui que ele personifica como ninguém a união de futebol, política e cachaça. A única figura que poderia ser comparável nesse aspecto é a de Lula, mas seria forçar a amizade. Não há dúvida que a habilidade e sabedoria de Lula na política recendem a futebol e cachaça, mas não serão mais o tempero de seu modo singular de ser no intrincado jogo do poder.

No caso do Sócrates, cada gesto é síntese dessa tríade. Anti-atleta de triste figura – magrelo, cabelo e barba desgrenhados, manguaça –, ele era pura inteligência, seu futebol era feito de hábeis decisões com as quais vencia defesas sem agredi-las. O toque de calcanhar que se tornou sua marca não é nada além disso. Sua força nunca foi bruta, nunca precisou desqualificar ninguém para se afirmar. É como se seu jogo fosse um debate aberto, que vencia com a força dos argumentos. 



E como cachaça também se “argumenta com doçura”, o Doutor nunca escondeu que sua postura libertária tinha um pé no boteco. Quantos são os atletas atuais ou recentes que são manguaças e não gostam de treinar? Muitos, mas quantos como o Magrão fazem disso um gesto de liberdade? Ou mesmo de contestação de um estado de coisas, no contexto dos estertores da ditadura militar. Ele era o galo que cantava sem pedir licença ao regime ou à sociedade retrógrada.

Em sua coluna na CartaCapital, Sócrates narrou diversos episódios de como esse sentimento de ser livres inspirou vitórias naqueles tempos. E esse sentimento não tinha nada de abstrato, a liberdade podia perfeitamente se materializar num belo churrasco com samba e cerveja na véspera de uma final: a alegria de ser o que se é e compartilhar esse momento em “equipe” dava mais condições de vencer que treino e concentração. A leveza da alma devia ser colossal.

Uma vez, me ouvindo falar da Democracia Corintiana, um amigo são-paulino soltou um “democracia de maconheiro...”. Sei que falou isso mais por melindre que por convicção, pois seria incoerente com o desgaste de seu próprio fígado e principalmente porque é daquelas fórmulas que só ornam terno de reacionário. Desqualifica a postura libertária com um pré-juízo moralista.

Hoje, é o que se vê em diversos veículos, querem fazer de sua luta o fim da deprimente história de um alcoólatra. É a velha mensagem castradora: não gozai hoje pois amanhã virá vossa degradação. Esquecem que o beber também fez de Sócrates o que é. 

Por essas e outras, esse entra e sai da UTI do doutor Sócrates deixa a gente chateado pra caramba. Me uno aos torcedores com suas faixas: “Não para de lutar, doutor”, não só pela sua saúde, pela qual brindamos, mas pelo que ele representa para mim e para tantos: meu primeiro ídolo, provavelmente o maior, para mim, mais vivo do que nunca.

quinta-feira, setembro 15, 2011

No 0 a 0 de Brasil e Argentina, Galvão Bueno merece uma nota

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Durante a Copa do Mundo de 2010, todo mundo se divertia com o Galvão Bueno nas transmissões da competição. Mas era um se divertir ruim, sarcástico, cheio de críticas, do Cala boca Galvão no Twitter. Nenhum problema com essa modalidade de humor mal humorado.

Mas nesta quarta-feira, 14, minha diversão na transmissão foi diferente. Achei o tantas vezes odioso Galvão Bueno divertido mesmo. Teve momentos em que me ocorreu a ideia de que Galvão tivesse tomado um vinho de Mendoza durante a cena em Córdoba, antes de ir ao Estádio Mário Alberto Kempes. Ou um Fernet Bianco, para descontrair.

O cidadão me soou mais leve e bem menos pretensioso do que o normal. Admitiu que não sabia o número do Casemiro porque "na lista não tem", mandou o comentarista de arbitragem Arnaldo César Coelho pastar (por duas vezes), tomou uns pedalas de volta, reclamou dos bons tempos em que os jogadores eram revelados na várzea, lamentou a atuação do árbitro, disse que Neymar "apanhou da bola"...

Como não assisto nem acompanho Fórmula 1, em cujas transmissões, consta, abundarem asneiras, nem  sei se foi exceção ou se anda sendo nova regra.

Claro que pintaram bobagens, elogios desnecessários ao Mano Menezes, comentários sobre o futuro de Neymar (incluinco "bronca" do técnico Mourinho e as pretensas necessidades de driblar menos e de ganhar mais massa muscular). E menção a um suposto medo dos argentinos durante o jogo. Mas foi bem mais agradável do que eu imaginaria.

Jogo chato

Apesar de o Brasil ter colocado duas bolas na trave, com Leandro Damião, o jogo foi chato. Claro, se não fosse assim, o Galvão Bueno nunca teria ido parar no topo deste post. O melhor teria sido se a bola tivesse entrado na chance com direito a carretilha do atacante do Inter. Mas a defesa mostrou fragilidades, mesmo com três volantes. Enquanto o meio e o ataque tiveram dificuldade de fazer jogadas e permitir que se chegasse com qualidade no campo de ataque.

A Argentina jogou pouca bola e teve pouca vontade e disposição para ganhar. Com um pouco mais de qualidade, e o marcador teria sido alterado para o lado dos hermanos.

A ideia de ressuscitar a Copa Roca é legal, apesar de a partida só com jogadores que atuam nos respectivos países ter uma terrível aparência de vitrine para vender jogador. Ainda mais num período de crise econômica nos países ricos com falta de grana para contratações.

Dá o que pensar a história de que o troféu foi criado com nome de cartola paraguaio, Nicolás Leoz, e desenhado por um artista uruguaio, Carlos Páez Vilaró. Seria Mercosul demais?

E a rivalidade entre Brasil e Argentina já foi bem mais nervosa do que hoje. Muita cordialidade para um confronto de tanta história e tanta rusga.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Marina e Heloisa Helena estarão juntas em “partido suprapartidário”

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A Folha de São Paulo desta quarta-feira anuncia com direito a matéria de topo de página que a ex-senadora alagoana Heloísa Helena autorizou a ex-verde Marina Silva a usar seu nome nas articulações que jornal chama de “movimento suprapartidário” para a criação de um novo partido (como um movimento suprapartidário pode criar um partido eu já não sei bem).

Até que faz sentido. As duas chegaram a conversar nas eleições de 2010 e Heloisa comprou uma briga com seu partido, o Psol, ao propor o apoio à candidata então verde, hoje “sonhática”.

Chama a atenção o apetite de Marina. Deixou o PT por divergências no governo, mas também em muito seduzida pelo palanque que o PV lhe ofereceu. Não durou seis meses na nova casa após a eleição. O personalismo também marca Heloisa Helena, que em 2006 teve papel semelhante ao de Marina, ajudando a levar a disputa entre Lula e Alckmin para o segundo turno.

A campanha presidencial das duas moças religiosas, Marina evangélica e Heloísa católica, também teve suas semelhanças, digamos, conceituais. A psolista fez uma campanha de cunho moralista, surfando na onda do escândalo do “mensalão”. Em 2010, Marina procurou se colocar como a “novidade” num cenário em que nada presta – desconsiderando seus 30 anos de militância no PT. Nas duas o termo moralismo se aplica tanto à instrumentalização da ética pública quanto ao atraso no terreno comportamental, com posiões contrárias ao aborto e a união entre homossexuais. Também em comum, a despolitização dos dois discursos. Triste.

PS.: é interessante ver a lista de notáveis que teriam participado de ato em Brasília do tal movimento: os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Taques (PDT-MT). O personalismo político esteve muito bem representado.

A angústia de ficar sem a bola

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Por Moriti Neto

Nesta terça-feira, 13, o resultado de Barcelona x Milan, no Camp Nou, pela Liga dos Campões, empate em 2 a 2, não mostra nem de longe o que foi a peleja. O time catalão teve amplo domínio da situação e não venceu por que o futebol é um negócio estranho, como bem observou o Nicolau outro dia.

O Barça teve mais de 70% de posse de bola. Chutou 14 vezes com perigo ao gol milanês. Só Messi finalizou oito vezes, mais do que o time italiano todo, que realizou seis arremates. Domínio mais que amplo e com bom futebol. Claro que não à altura do que os azul-grenás apresentaram na temporada passada, mas, salvo alguma anormalidade, ficou nítido que o Milan, para arrancar o empate, precisou jogar no limite. Não deve exibir muito mais no restante do ano. Já o Barcelona tem espaço para crescer consideravelmente. Talvez ao ponto em que chegou à finalíssima da Liga passada, quando protagonizou um dos maiores bailes da história numa decisão de torneio de expressão mundial. Os 3 x 1 contra o nada frágil Manchester United, na Inglaterra, foram uma aula de futebol.

Ainda ontem, o atacante do Corinthians, Emerson Sheik, em participação no Cartão Verde, da TV Cultura, dizia que assistiu a Barcelona e Milan e que, apesar do empate, a partida parecia um treino de ataque contra defesa.

A declaração me lembrou um Portuguesa e Flamengo, disputado lá em 1984, pelo Campeonato Brasileiro. A Lusa jogava no Canindé contra o Rubro-Negro de Júnior, Leandro, Andrade, Adílio, enfim, aquele timaço que, mesmo sem Zico (negociado com a Udinese, da Itália) jogava um bolão.

Tá aí o Tite no Guarani, vice-campeão brasileiro em 1986
Terminado o primeiro tempo, o 0 x 0 no placar, pela força do adversário, dava impressão de “lucro” à equipe paulista. Ao menos foi o que achou um jornalista da Rádio Record. Na saída do gramado, o sujeito disse a Tite, atual técnico do Corinthians e que atuava, naquela partida, como atacante da Portuguesa : “Agora é manter o bom resultado, não é?”. A resposta veio surpreendente: “Que bom resultado? Só eles é que ficam com a bola. Não tem coisa pior pra um jogador do que, em 45 minutos de jogo, não conseguir pegar na bola”. O placar foi 1 x 0 para os cariocas. Pouco, segundo o próprio Tite, ao final da contenda.

Como diz o Xico Sá, o Barcelona, em cada jogo, “não tem tempo de sentir saudade da bola”. Os adversários, ao contrário, devem ter sensação semelhante à de Tite: angústia por não conseguir tocar o grande objeto de desejo presente no campo.

Cachaças do mundo, uni-vos

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Em 13 de setembro de 1661, portanto há exatos 350 anos e um dia, pressionada pelos produtores e consumidores brasileiros, a Corte Portuguesa autorizou oficialmente a produção de cachaça no Brasil. Isso porque os portugueses haviam proibido a nossa caninha em privilégio da bagaceira, feita do bagaço da uva usada na produção do vinho. Por essa razão, tornou-se o Dia Nacional da Cachaça. Este símbolo nacional já foi do céu ao inferno, de bebida de barões a veneno de pinguço, e hoje retornou ao mais alto status.


Mas vai longe o tempo em que era preciso destruir o próximo para ser alguém neste mundo. O Dia Nacional deveria ter um correspondente próximo, o Dia Internacional das Cachaças, ou simplesmente Internacional das Cachaças, em que celebrássemos a diversidade das águas da vida de todas as culturas, em nome da mestiçagem universal, da nossa maior riqueza que é viver num mundo com tanta gente diferente capaz de tantas qualidades. Por que preferir por princípio e não por gosto a cachaça ao uísque, a vodca ao steinhaeger, a grappa ao pisco, o conhaque ao rum, o absinto ao aquavit? Já existe a Feira Mundial da Cachaça, mas quando vai haver o Fórum Sociomanguaça Mundial?


Viemos da mesma fonte e envelhecemos na mesma essência. Foto: M. Ayer.


Afinal, o espírito que ronda a Europa é o mesmo que atravessa as Alterosas ou os vales do Tennessee. A humanidade há de evoluir a isso: destilar a utopia do comunismo manguaça.

PS: Em anos passados, celebramos no Futepoca o Dia da Cachaça em Minas Gerais, 21 de maio (em 2007 e 2009), instituído pelo Pai do Real, Itamar Franco.

segunda-feira, setembro 12, 2011

Falta craque, falta sistema

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Por Moriti Neto

Pode ser problema meu, mas não entendo o esquema do São Paulo. Se é que existe algum. Não percebo jogadas de ataque ensaiadas, passagens pelos lados, pouca gente chuta a gol (como se ganha um jogo sem chutar em gol?).

O Tricolor é um time confuso. E toma gols no meio da confusão. E perde pontos preciosos, principalmente no Morumbi. E joga com duzentos volantes, atletas de estilo parecido, como mandante ou visitante.

Certo que ontem, contra o Grêmio, no Olímpico, a equipe foi até mais aplicada do que quando atua em casa. Foi um jogo tenso, com um adversário batendo forte desde o início. Entre os problemas, faltam duas coisas essenciais ao São Paulo. Bolas menos quadradas no setor de meia cancha e um jogador responsável por fazer a referência na área, que possa ser acionado pelos rápidos e habilidosos Lucas e Dagoberto.

Adilson Batista tem as opções para resolver isso. Se quiser uma referência ao estilo mais pivô, o sujeito que sabe dominar bem a redonda e preparar com categoria para quem chega, o nome pode ser Rivaldo. Com ele, ainda teria o bônus de um homem de qualidade na finalização. Numa faixa mais restrita de campo, o veterano precisaria correr pouco. Outra possibilidade seria investir no jovem Henrique, dar pelo menos três partidas diretas ao garoto. É a opção mais próxima em estilo do tão aguardado Luis Fabiano.

Em qualquer uma das escolhas que fizesse, Adilson ganharia a solução para o outro problema: o da falta de qualidade no meio. Lucas seria recuado para a posição de origem, onde rende mais. O 7 são-paulino não é o típico meia-armador, mas é disparado o jogador mais talentoso do elenco, que pode levar a bola até os atacantes com mais frequência e eficiência.



Nos tempos em que dirigia o São Paulo – e quando pegou elencos até mais limitados que o atual, como o de 2008, ano em que foi tricampeão brasileiro – Muricy Ramalho dizia que, como não há muitos craques atualmente, o time precisa estar bem treinado para produzir bom resultado. Parece que isso está faltando ao Tricolor.

Inter faz 3 e a seca alviverde continua. Na descendente

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O Palmeiras perdeu do Internacional por 3 a 0 no Pacaembu, no domingo, 11. O desastre foi o primeiro revés como mandante no campeonato, o que não deixa de ser uma informação surpreendente para um time em queda de produção no campeonato. Outro dado terrível para o torcedor palmeirense é que o time não venceu desde o início do segundo turno. A última vez em que três pontos foram somados em um só jogo aconteceu em 28 de agosto, contra o Corinthians. Depois disso, duas derrotas, dois empates. A oitava posição mostra um agravamento da descendente em que se encontra a equipe.

Sem Kléber, sem Valdívia, sem Maikon Leite, o Palmeiras fez um jogo até que bom. Estava bem quando tomou o primeiro. No início do segundo tempo, teve momento muito favorável, só não conseguiu transformar cinco boas oportunidades, criadas nos quinze primeiros minutos da etapa final, em um golzinho sequer. Depois ainda poderia ter feito melhor, especialmente com as chances de Luan chutar, mas nada. Fernandão e Ricardo Bueno, atacantes contratados há pouco, estiveram em campo e, como revela o placar, passaram em branco. Pareceu desnecessária a saída de Vinícius, que vinha bem, mas era preciso mexer no time.

Quem viu resultado nas substituições foi Dorival Júnior, porque os gaúchos passaram a segurar melhor a bola lá no campo de ataque depois que D'Alessandro saiu para Ilsinho entrar. E, quando sobrou para Leandro Damião, acabou-se o jogo com o 2 a 0 assinalado no marcador. O terceiro ainda sairia para a função pá de cal. Leandro Damião dominou, tirou o zagueiro. Deu um toque driblou o goleiro. Só não entrou com bola e tudo porque teve humildade. O mais incrível foi ver a torcida xingando mais o vice-presidente de futebol, Roberto Frizzo, do que a qualquer um. Apesar de toda a história de que o contrato de Luiz Felipe Scolari já não exigiria pagamento de multa rescisória milionária, o torcedor continua preferindo que o técnico permaneça no time.

A impressão é mesmo a de que, por um lado, falta pouca coisa para o resultado final ser diferente. Quando a movimentação e o posicionamento tático acontecem como pediu o treinador, compensa-se a falta de criatividade no meio de campo e todas as limitações. O time chega, mas não marca. Quando a turma cansa ou se desconcentra, nem reza brava resolve. O maior exemplo dessa limitação é que as esperanças de criação estão nos pés de Marcos Assunção (principalmente nas cobranças de falta e escanteio) e nos dos zagueiros Thiago Heleno e Henrique. Quando o que deveria ser elemento surpresa virar regra, preocupa. Ok, o Inter mostrou-se um bom time, com meias criativos e variação, além do artilheiro que resolve quando encrenca. O Palmeiras foi mais ou menos o oposto. Só que, por incrível que pareça, jogou bem e continuou mostrando o crônico problema de não conseguir fazer a redonda ultrapassar a meta adversária. Dureza.

sexta-feira, setembro 09, 2011

Virada sofrida e liderança garantida: como é bom ser corintiano!

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Até os 26 minutos do primeiro tempo, no Pacaembu lotado, o Corinthians jogava melhor, dominava o Flamengo e criava chances de gol. Felipe já tinha feito umas três defesas e outras chances apareciam. Era questão de tempo até que saísse o gol.

E ele veio, mas do lado errado, porque futebol é um negócio estranho. Thiago Neves chutou uma das poucas bolas do Flamengo e Julio Cesar mandou pra escanteio. Foram três batidos em sequência com aquele veneno que Ronaldinho Gaúcho tem na cobrança, até que o ex-corintiano Renato Abreu, autor do gol rubro-negro no 1 a 1 do primeiro turno, desviasse para a bola sobrar limpa para o também ex-mosqueteiro Deivid abrir o placar.

O Timão sentiu o golpe, desacelerou, e o jogo foi meio devagar até o fim da primeira etapa. O time jogava com Emerson (cada vez melhor) pela esquerda, Jorge Henrique,o atacante-volante, pela direita, Alex (em boa jornada) pelo meio. Paulinho, o desafeto de Leandro, mais uma vez fazia partida impecável, marcando e chegando até a área para finalizar.

No segundo tempo, Tite trocou Jorge por William, e deixou de marcar Junior Cesar para fazê-lo marcar alguém, e a pressão recomeçou. Até que o empate veio, aos 17 minutos, num belo chute de Liedson após lateral cobrado na área por Alessandro e mal cortado por Willians.


O gol aliviou, devolvendo a liderança pelo saldo de gols, mas não resolveu, e o Timão manteve a pressão. O nervosismo aumentava nas arquibancadas, segundo relatos, e aqui em casa. Chicão cobrou falta no travessão. Felipe fez milagres em chute cruzado de William e em cabeçada de Emerson. E nada dop gol.

Até que William cruzou da direita, Paulinho desviou e Liedson pegou de primeira, num quase voleio, indefensável. Eram 43 minutos do segundo tempo. Dois gols do centroavante e acabou ali a partida.

Pouco depois, meu pai ligou. “Como é bom ser corintiano, filho!’, exclamou. Não tem como discutir com o pai.

quinta-feira, setembro 08, 2011

A política e o real peso da corrupção

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Na quarta-feira, 7 de setembro, data tão festiva, várias cidades do país receberam protestos contra a corrupção. O pessoal lembrou os caras-pintadas, botou nariz de palhaço e foi para a rua. Foi uma cobrança que vi por aí: pessoal se mobiliza por tudo nessa vida, menos contra a corrupção. Pois, pelo jeito, isso mudou um pouco. Bravo!

O que acho interessante é o peso que se atribui aos “malfeitos” com o dinheiro público, para usar termo caro à presidenta, para explicar os problemas do país. Seria esse o “ralo” onde escorre a grana dos impostos altíssimos (para o pessoal mais à direita) que deveria financiar saúde, educação e diminuição da desigualdade (para o pessoal mais à esquerda).

A Folha, no domingo, antecipando os protestos e incentivando a onda “pró-faxina” que tem animado a mídia, deu uma manchete meio dramática: “Brasil perdeu uma Bolívia em desvio de cofres públicos” (aqui no site do PPS, o que sem dúvida e sintomático). Trata-se de levantamento feito por economista da FGV com dados de órgãos de controle (como PF, TCU, CGU e outros) que aponta desfalque de pelo menos R$ 40 bilhões em sete anos nos cofres federais, o equivalente ao PIB da pátria de Evo Morales.

Coisa séria, sem dúvida. Mas será que é esse o maior dos problemas do Brasil? Vejamos um exemplo: o orçamento do Ministério da Saúde em 2011 foi de mais de R$ 70 bilhões. Quase o dobro do que se estima de perdas para a corrupção em sete anos. Ou seja, se a corrupção tivesse zerado nesses sete anos, nada se perdesse, e tudo fosse destinado à saúde, a pasta ganharia menos de R$ 6 bi por ano, menos de 10% em relação ao orçamento atual.

Ajudaria? Sem dúvida. Resolveria? Duvido bastante.

Outro exemplo, mais assustador. No Correio Brasiliense da segunda-feira, um grupo de entidades empresariais de vários setores publicou um anúncio intitulado “Menos juros, mais investimentos e empregos!” (assim, com exclamação mesmo - inflamados os empresários).

O texto apoia a decisão do Copom de reduzir em 0,5% a taxa básica de juros e traz alguns números pesados. Segundo ele, cada ponto percentual de redução na Selic leva a economia de R$ 15 bilhões ao ano em pagamento de juros. Outro, mais chocante: “Nos últimos dezesseis anos (oito de governo FHC e oito de governo Lula) o Brasil já gastou cerca de R$ 2 trilhões (valor histórico e sem correção) em juros da dívida pública”.

Para deixar mais claro: por decisões políticas absolutamente dentro da lei, em 16 anos R$ 2 trilhões deixaram de ser aplicados em saúde, educação e sei lá mais o que e foram destinados ao pagamento de juros da dívida pública. Em sete anos, numa conta sem sofisticação (ou até meio burra, de proporção), seriam R$ 875 bilhões gastos com juros – quase 22 vezes mais que as perdas estimadas com a corrupção.

E o PIB da Bolívia, de repente, ficou menorzinho...

Claro que o combate à corrupção é fundamental e a punição dos crimes deve ser feita com o rigor previsto em lei. Ninguém aqui nega isso. A questão é tratar essa necessária vigilância contra os malfeitores como a panaceia para livrar o país de todo o mal. Há decisões políticas tomadas legalmente que definem o destino de muito mais dinheiro do que o perdido para a corrupção – e sem nenhuma participação, consulta ou manifestação da população. A discussão desses temas na sociedade é tão ou mais importante do que cobrar medidas contra a corrupção.

E é politizante: força as pessoas a pensarem no que querem para o país, qual o melhor destino para os recursos, avaliar a posição do governo, de cada partido, de cada parlamentar, de cada entidade de classe. O debate é sobre o que é feito da coisa pública.

Jogar todos os males na corrupção cria a impressão de que, fechando o tal “ralo”, teríamos automaticamente grana para resolver tudo. Mas é simplificar demais o que é complexo e deixar as pessoas no escuro sobre o que está realmente em jogo.

Democracia é, também, isto: um jogo de pressões em que os grupos sociais se organizam para decidir o destino do bolo de recursos arrecadado pelo Estado. Os agricultores vão cobrar medidas de financiamento da lavoura; os empresários pedem redução de impostos; os trabalhadores pedem proteção ao emprego e outros direitos; o movimento da saúde pede mais grana para o SUS; o dos pesquisadores, mais grana para ciência e tecnologia. É no jogo de pressões que se determinam as prioridades, com o filtro da agenda do governo eleito.

Como o cobertor é sempre curto, dizer que a culpa é da corrupção colabora para ocultar esse jogo político legítimo de pressões sociais. E faz com que as pessoas se distanciem, não se organizem e não pressionem por suas demandas. Aí, quem pressiona leva mais fácil.

Outro sintoma é a vilanização de partidos políticos, sindicatos e outros movimentos, que foram deixados de fora das marchas contra a corrupção. O pessoal se pretende “apartidário” e acaba sendo “apolítico” e, no limite, antidemocrático. Disse alguém aí que “o destino de quem não gosta de política é ser governado por aqueles que gostam”. Melhor o pessoal tomar cuidado e começar a se meter nas reais decisões sobre seu dinheiro.

Mais que mil

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Por Moriti Neto

Quarta-feira, 7 de setembro de 2011. Feriado de Independência. Portão 15 do estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi. Caminhamos até o setor da arquibancada amarela. Este escriba é familiarizado com o ambiente. Para a esposa, Viviane, grávida de cinco meses, é a primeira vez. A filha mais velha, Luara, do alto de seus oito anos, está no templo pela segunda oportunidade, mas ainda não gritou gol ao vivo e a cores, já que só viu um São Paulo 0 x 0 Palmeiras, em 2009. Gerações diferentes movidas pelo mesmo motivo: ver um personagem.
Quem disse que a torcida tricolor não lota o Morumbi?
Contudo, não é um jogador qualquer. Longe disso. Como atleta, ele é incontestável. Goleiro, capitão, líder, ganhador de títulos, batedor de recordes. Um homem tricampeão nacional, vencedor de Libertadores, campeão mundial de clubes com uma das atuações individuais mais brilhantes da história recente do torneio. Artilheiro. Capaz de fazer muitos gols. Sendo o emblemático, o número cem, em cima do maior rival. Um homem que possibilita ao torcedor, no prazo de seis meses, ver a marca do centésimo tento e de mil jogos com a camisa do clube que ama. Milhar completo aos 21 anos de serviços prestados. Ele é cem. Ele é mil. Ele é Ceni.

As homenagens são várias, mas a maior está na presença dos torcedores. 63 mil pessoas estão no Morumbi. O São Paulo e Ceni são grandes. A torcida, idem. E mostra força. É o recorde de público do Campeonato Brasileiro, algo que dificilmente será quebrado.

A bola rola contra o tradicional, mas combalido Atlético Mineiro. Aos 25 segundos de jogo, um relâmpago faz explodir a massa. Lucas, a maior revelação são-paulina dos últimos anos, arranca e marca um belo gol. Era o começo dos sonhos num dia especial.

No entanto, aos 10, volta à cena a realidade desta estranhamente equilibrada competição. O Galo, com Réver, de cabeça, empata. Surgem alguns xingamentos, mas são rapidamente abafados por um uníssono tricolor. A torcida dá espetáculo. Não para um segundo. Canta e apoia o time incondicionalmente. Quase todo o estádio passa o jogo de pé.

Até o final da etapa inicial, o São Paulo tem algumas chances – em chutes longos – de desempatar. Não consegue. Esperamos ansiosamente o segundo tempo. No intervalo, pedidos por Rivaldo.

Os times retornam dos vestiários. E Ceni está lá. Incentivando os companheiros. O São Paulo vai ao ataque. Cria pouco de efetivo, até que Dagoberto, em ótima jogada individual e arremate longo, faz 2 x 1. Nova explosão. Abraços e sorrisos incontidos disparam pelas arquibancadas.

Cícero sai, Rivaldo, aplaudidíssimo, está em campo. O Tricolor evolui. Trabalha melhor a bola e tem oportunidades de ampliar. O Atlético corre bastante, mas não ameaça claramente a meta do mandante. Ceni não faz uma defesa difícil na partida.


O zagueiro Leonardo Silva, do Galo, é expulso por falta violenta em Carlinhos Paraíba. Com isso, o São Paulo tem chance de se impor de vez e ampliar, o que não ocorre. Henrique substitui Lucas e Casemiro sai para dar lugar a Jean. O time, apesar de muita disposição, ainda mostra defeitos destacáveis. São muitos velocistas e pouca inteligência. Falta a referência de ataque. Mas, não é dia para debater problemas.

Os 2 x 1 levam o Tricolor à liderança, ao menos até que se saiba o resultado de Corinthians e Flamengo, nesta quinta. Porém, a partida é muito mais do que isso. É dos momentos mágicos que fazem a paixão independer de títulos. Ceni saúda e é reverenciado nos quatro cantos do estádio. É a vitória de um grande clube. É a vitória de um mito. E, para este pai e torcedor, vale mais que mil. É o orgulho de compartilhar com a geração que me é seguinte a história tão bela de uma camisa em três cores e a alegria de saber que mais um torcedor está por chegar.

segunda-feira, setembro 05, 2011

Hora de mostrar qual é

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Por Moriti Neto

Santa Catarina. O São Paulo, com 12 desfalques e muitos garotos em campo, enfrenta um perigoso Figueirense, no estádio Orlando Scarpelli. Prosseguindo a rotina da campanha como melhor visitante do Brasileiro, o Tricolor vence. Não dá para dizer que foi uma atuação de gala, mas, considerada a somatória dos resultados da rodada, os três pontos são algo de trazer alento ao torcedor.  

A partida

Totalmente travada. É como se mostra a partida no começo do primeiro tempo. Com medo de atacar, os dois times concentram as ações no meio de campo. Aos 5 minutos, um lampejo. Boa troca de passes e o lateral-esquerdo Henrique Miranda, ao ver-se perto do gol, assusta-se e perde o tempo da bola. O Figueira responde, aos 10, mas, dentro da pequena área, o ataque catarinense manda fora. Dois lances que são exceções e confirmam a regra do jogo escasso em criatividade e ousadia. A partir dos 15 minutos, a torcida da casa pressiona para que o Figueirense vá ao ataque. O mandante tenta a jogada ofensiva, mas, de efetiva, só uma, que acaba na trave de Ceni. Já o São Paulo, até os 32 minutos, não dá sequer um chute a gol. O único lance são-paulino que se pode chamar de perigoso é uma falta cobrada por Casemiro. A bola sobra nos pés do zagueiro João Felipe na pequena área, mas falta intimidade para fazer algo mais do que ganhar o escanteio. O jogo era chato. Os zeros pareciam que não sairiam do placar na etapa inicial. Abria a terceira cerveja quando, aos 42 minutos, na primeira finalização de fato, o Tricolor marca com Cícero, de cabeça, após cobrança de falta de Carlinhos Paraíba. Uma chance rara, um gol. Nada de muitos méritos.

Para o segundo tempo, Adilson Batista volta com Rivaldo no lugar de Henrique. Sim, em um time que está ganhando fora de casa é interessante ter alguém que segure bem a bola, mas o atacante a sair deveria ser William José, lento, e não a peça ofensiva mais rápida, que poderia ser útil nos contra-ataques. De cara, o Tricolor apaga. Primeiro lance ofensivo do Figueirense no retorno ao gramado e vem o empate. Claro, tome pressão. Só que a coisa muda um tanto em termos de aplicação. Com certa surpresa, confesso, vejo a garotada com relativa calma e suportando a correria do adversário. Mais surpreendente ainda é o que ocorre aos 18 minutos. O bom volante Casemiro faz belo lançamento para Rivaldo que, de centroavante (olha aí, Nicolau!), mostra a conhecida categoria e anota um golaço. Novo cenário de apagão. Principalmente de Xandão. Rogério salva uma cabeçada à queima-roupa. Vem o abafa natural dos catarinenses. O São Paulo também se mostra ao natural. Encolhe-se e busca os contragolpes. Depois da momentânea sonolência, a marcação acerta o prumo e segura a vitória. Os 2 x 1 garantem 38 pontos na classificação e a secação geral de domingo.  
A secação valeu, mas qual é a do São Paulo?

Pelos desfalques, pela mudança de postura em relação ao jogo contra o Fluminense – ao menos no que se refere à disposição – e essencialmente pela ótima rodada, a torcida ganha ânimo para a sequência do campeonato. O São Paulo, de uma tacada só, passou Vasco, Botafogo e Flamengo, e, de quebra, diminuiu para dois pontos a diferença do líder Corinthians. O problema é que essa história já foi vista. Se continuar a jogar em casa na proposta de três volantes e três velocistas na frente, sem conseguir se impor no campo ofensivo, o time corre o risco de desperdiçar, contra o Atlético Mineiro, no Morumbi, aquilo que ganhou em Florianópolis. Só que o próximo jogo, por várias condições, é especial. Feriado, partida de número mil de Rogério Ceni com a camisa do clube, estádio cheio e chance de assumir a liderança. É hora de mostrar, definitivamente, o que o Tricolor pode fazer na competição. Momento de se afirmar, de vencer um dos piores times do certame dentro de casa e passar a ser um anfitrião tão chato quanto é como visita.

sexta-feira, setembro 02, 2011

O que veja fará nesta semana?

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Não deveria perder o tempo dos futepoquenses com essa ex-revista, mas ficaram algumas perguntas sobre a "matéria" que fez sobre José Dirceu na edição passada e a expectativa se eles vão continuar ou o assunto "morrerá".


Para quem não perde tempo com a ex-revista, a síntese é que acusa o Zé Dirceu de receber autoridades do governo Dilma no hotel em que se hospeda em Brasília para trabalhar contra a própria Dilma.

Tese essa sem nenhum fato, nenhuma declaração em "on", nenhum documento etc. Ou seja, o de sempre de Veja.

Mas desta vez houve o agravante de ter cometido pelo menos dois crimes. A tentativa de invasão do quarto de Dirceu e as imagens surrupiadas da segurança ou, mais provável, a colocação de câmara-espiã no andar em que Dirceu estava hospedado.

Bem, isso é sabido.

Minha questão é outra. Para que correr tantos riscos para fazer uma "matéria" tão inócua?

Como também tenho o direito de especular sem ter nenhuma prova, como faz a revista, a única hipótese válida para mim é que a tentativa do "repórter" era colocar câmara de vídeo ou áudio para grampear o que as pessoas falavam no quarto.

Esperar que alguém falasse demais e depois dizer que recebeu o "áudio" de uma fonte secreta, da comunidade de informações... e que não revelaria a fonte por conta do direito ao sigilo etc...

Como o "repórter" não conseguiu entrar no quarto e foi denunciado à polícia e o caso ganhou repercussão, a revista não podia voltar atrás e não dar a matéria. Fez com a única coisa que tinha, as imagens sem áudio e um monte de especulação sem prova.

Como este texto já está longo, só para encerrar.

O que aconteceria se alguém pusesse uma câmara para gravar as visitas que os Civitas recebem em quartos de hotel quando viajam? Ou mesmo se câmeras fossem postas nos quartos dos diretores de Veja, ou mesmo na redação. Sabe-se lá onde fazem mais sacanagens.

E pergunta, diante da repercussão negativa em vários lugares e da falta de repercussão dos veículos-irmãos do PIG, o que Veja vai fazer? Continua com a matéria tão importante para os destinos do país (oh, ironia) ou esquece o assunto, faz de conta que não houve nada?

E o que os donos da revista vão fazer? Demitem os diretores/editores que fizeram a bobagem ou assinam junto o boletim de ocorrência dos crimes cometidos?

quinta-feira, setembro 01, 2011

Quase uma clínica de reabilitação

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Por Moriti Neto

Corra, Rivaldo, corra!
Sem sustos, companheiros. O título do post não remete ao ocaso das experiências de um manguaça. No entanto, é impossível afirmar que não se refira a um “final”. Talvez, ao começo do fim do sonho de ver o São Paulo ganhar o sétimo título de campeão brasileiro.          

Tomando cuidado com as delongas, até para não irritar o já chateado torcedor são-paulino com obviedades, a análise que segue, pela repetição de situações mostradas nos últimos tempos, é mais uma “análise de conjuntura” do que simplesmente a história de outra derrota dentro do Morumbi, ontem, contra o Fluminense, por 2 x 1.

Um pouco do mesmo
   
A equipe teve duas alterações em relação ao jogo com o Santos. Na lateral-direita, Jean no lugar de Piris, convocado pela seleção paraguaia. No meio, Rivaldo substituía o suspenso Carlinhos Paraíba.

No começo de jogo, o São Paulo começava com posse de bola, mas a objetividade era baixa. Com sistema de marcação bem definido por Abel Braga, o Fluminense marcava forte, por pressão, e, aos 6 minutos, já assustava. Em jogada de Fred, Ciro obrigou Ceni a fazer boa defesa. O Tricolor das Laranjeiras pressionava a saída dos donos da casa, que não sabiam o que fazer com a redonda. Aos 8 minutos, Wellington salvou o São Paulo de tomar o primeiro gol, travando, no último instante, chute do argentino Lanzini.

E só o Fluminense jogava. Aos 18 minutos, numa falha de marcação do meio de campo são-paulino, a bola sobrou de novo para Lanzini, que dessa vez finalizou sem chances para Rogério. Flu 1 x 0.
 
O visitante se propunha a jogar nos contra-ataques. Contudo, como contragolpear um time que não atacava? O São Paulo não oferecia nenhum perigo ao onze carioca e o   jogo ficou morno até o final do primeiro tempo.

Para a segunda etapa, Adilson Batista voltou com Willian José no lugar de Rivaldo. Não funcionou. O atacante não segurou uma bola no ataque, não deu um cabeceio, nenhum um chute. Nada.

Aos poucos, o jogo se mostrava o mesmo da etapa inicial. No primeiro contra-ataque encaixado pelo Fluminense, gol de Rafael Sóbis, que recebeu passe de cabeça de um desmarcado Fred. Aos 28 minutos, o São Paulo ainda diminuiu. Ceni, de pênalti, fez o de honra.

A coisa poderia ter sido pior. O gol do Tricolor Paulista saiu de falta inexistente marcada em cima de Dagoberto, que se jogou acrobaticamente após o zagueiro Leandro Euzébio dar um carrinho dentro da área. Antes disso, aos 44 do primeiro tempo, Juan deu um tapa no rosto do atacante Fred em frente ao bandeirinha, que preferiu ignorar. Detalhe: o lateral já tinha cartão amarelo. O capitão são-paulino, no fim da partida, para tornar o enredo ainda mais repetitivo, teve a desfaçatez de reclamar com a arbitragem e foi brindado com o cartão amarelo.

15  

O São Paulo, ainda com Paulo César Carpegiani no comando técnico, começou o Brasileiro de forma fulminante. Cinco vitórias seguidas.15 pontos que o time tratou de queimar dentro do Morumbi com uma sequência desastrosa.

Depois da humilhante goleada contra o Corinthians sofrida na sexta rodada, o Tricolor perdeu pontos em casa para Botafogo, Atlético Goianiense, Atlético Paranaense, Vasco, Palmeiras e Fluminense. Nos seis confrontos – três empates e três derrotas – foram exatamente 15 pontos perdidos.




Anfitrião generoso
Curioso é que os adversários citados, exceto o Palestra, subiram de produção e melhoraram as campanhas ao menos temporariamente depois de passarem pelo Cícero Pompeu de Toledo. Vamos ver se o mesmo ocorre com o Flu.

De qualquer forma, para quem procura recuperar-se, aos que necessitam “ganhar moral”, é uma boa passar pelo Morumbi e fazer uma sessão de reabilitação. Venham tranquilos. Vocês serão bem recebidos.

Internacional 3 X 3 Santos - Borges fez a diferença no empate heróico

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No dia 30 de julho, o treinador santista Muricy Ramalho respondia assim a uma pergunta sobre quando Paulo Henrique Ganso atingiria seu auge novamente: “Nesses 40 dias em que vamos jogar quarta e domingo. Se não tiver problemas, vai melhorar muito a parte física e técnica”. Faltam menos de dez dias para esse período definido pelo técnico acabar mas, se o gol feito e perseguido há algum tempo pelo Dez peixeiro no clássico de domingo reacendeu as esperanças do torcedor alvinegro, sua atuação ontem contra o Internacional voltou a ser abaixo da crítica. E, para piorar, Neymar fez uma das suas mais modestas apresentações em 2011.


Sem poder contar com a dupla de craques na frente, o Peixe sofreu atrás, principalmente com aquele que tem sido o principal ponto fraco do time: a bola aérea. Os dois primeiros gols colorados foram marcados de cabeça ainda no primeiro tempo e advindos de lances de bola parada. O terceiro tento, vindo de um pênalti duvidoso (mas há de se ressaltar que o Inter foi prejudicado também com a marcação de um impedimento inexistente) parecia ser a pá de cal na equipe de Muricy, treinador que não está habituado a ver times que comanda tomarem três gols em uma partida. Mas, à frente do Santos nesse Brasileiro, já aconteceu mais do que qualquer alvinegro gostaria...

Se Neymar não brilha, ele resolve

Sem Elano e Arouca de novo, e com Pará e Adriano como titulares, o Santos perde em altura, e em técnica também. Para tentar reverter o resultado adverso, Muricy trocou no intervalo Pará por Alan Kardec. De acordo com ele, para "incomodar" a zaga do Internacional, que estava muito "confortável" no primeiro tempo. Pudera, Neymar voltava muito para o meio, Ganso e Danilo erravam muitos passes e não conseguiam chegar perto da área. Borges estava isolado. Mais tarde, o técnico colocou Felipe Anderson no lugar de Adriano. Danilo voltou a fazer a lateral e a equipe ganhou mais consistência no meio, tendo alternativas ofensivas.


E, aproveitando os espaços deixados pela marcação dura em cima de Neymar e a atenção especial sobre Ganso, foram os avantes que decidiram. Borges, que além de finalizações precisas tem demonstrado a garra que faz sorrir o santista, descontou aos 30. E, ele mesmo, que não desistiu de um lance no lado direito do ataque, cruzou para Alan Kardec fazer, aos 35, um belo tento. E em jogada individual, Borges, de novo, fez o seu segundo (e bonito) gol na peleja. Em 11 minutos, os atacantes peixeiros, em especial o camisa nove, artilheiro do campeonato, com 14 gols em 14 jogos disputados, fizeram o que parecia impossível, até pelo volume de jogo mostrado pelo Peixe na partida, principalmente no primeiro tempo.

O resultado traz confiança para a equipe, que vinha tendo dificuldades em reagir a placares adversos. E também deixa claro que o Santos, por mais dependente que seja da sua dupla (nada de mal nisso, até a seleção é...), não conta só com eles para definir.No duelo entre os dois últimos campeões da América, deu empate, mas no embate entre Borges e Leandro Damião...

segunda-feira, agosto 29, 2011

Vida enlatada: Aperto do metrô de São Paulo, parte 2

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Desde março deste ano, a estação Butantã da linha 4-Amarela opera. Nos primeiros três meses, funcionou apenas até às 15h, depois (e até agora), vai até às 21h. Se no início eu apenas ia de casa ao trabalho, passei também a voltar. Senti-me um cidadão de outra classe (quiçá de outra casta): a dos enlatados no Metrô. Mas isso é bom.

Desfeito de carro particular desde 2007, ia bem de ônibus, mas a leitura no trajeto só funciona quando sobram assentos vagos. De pé, com o padrão de condução dos motoristas de ônibus, é impossível por uma questão de equilíbrio e segurança. Com o tanto que balança, fica até difícil manter o fio da meada entre o fim de uma linha e o começo da próxima. No máximo, dava para ouvir uma conversa alheia ou uma troca de mensagens de texto de outrem. Limitante.

No metrô, mesmo de pé, ninguém precisa ser surfista nem ter feito estágio como peão de rodeio para conseguir se empenhar por quaisquer bem ou mal traçadas linhas. Basta um pouco de habilidade comum a todos os que levam esta vida ébria, na qual tudo gira um pouco mais do que o esperado, para conseguir se equilibrar (Ministério da Saúde Manguaça adverte: convém tomar o transporte público sóbrio; etilizado as coisas vão rodar demais).

Aqui em baixo as leis são diferentes

Cada linha tem peculiaridades. A azul e a vermelha, com dois terminais rodoviários intermunicipais cada, têm com frequência viajantes chegando ou partindo da capital entre seus passageiros. Tem ainda a desesperadora lotação da Luz, da Sé, do Brás e da Barra Funda, estações onde há conexões entre linhas diferentes de metrô e de trem.

Da verde, além dos engravatados da Paulista e da turma de branco dos hospitais da região, tem ainda os inusitados cantinhos do amor. Nada tão impublicável: uma série de paineis suspensos nas paredes côncavas da plataforma criam nichos em que a mão francesa de suporte serve de banquinho. À noite, é comum encontrar casais matando tempo ou saudades ou atraso nesses espaços. Nunca disputei vaga, mas tem dia em que os postos parecem concorridos. O que acontece no cafofo não sei em detalhes.

Diferença

Mas há alguns aspectos que são exclusivos da linha 4. As primeiras estações foram abertas em abril de 2010. Ansioso que estava pela liberação da via, tornei-me um consumidor voraz de notícias a respeito. Foi assim que descobri sobre a diferença de bitola entre os trens sul-coreanos e os das demais linhas (não rola usar trens de uma nas outras); sobre a diferença da tecnologia "driverless", sem condutor, para o controle remoto com condutor; sobre a balela de que haveria sinal de celular e até conexão com a internet; ou a diferença entre a antiga Mafersa e a Alstom, de um lado, para a Soon Park Young, de outro (isso sem falar em outros lados da empresa francesa). E assim que confirmei, pelo 0800 da linha, que as estações Luz e República estão mesmo prometidas para final de setembro, ainda sem data definida de inauguração (aqui entre nós, deve depender de agenda do governador e sua claque).

Tudo isso mostrou-se ínfimo no dia a dia. O que acomete o usuário são outras diferenças.

A primeira é a profundidade. Na estação Paulista, são 40 metros para baixo em três ou quatro lances de escadas rolantes (o que pode ser um ótimo exercício se a opção for pelos degraus estáticos, tirando o fato de que deve faltar oxigênio para atividade aeróbica). Outra é a forma de ligação desta parada com a da Consolação, que formam um único complexo no qual se pode alcançar a linha 2-Verde. Para isso, há necessidade de percorrer mais de 300 metros divididos em três trechos. No primeiro, logo ao desembarcar, é feita caminhando. O segundo, em uma escada e duas esteiras rolantes.

Quando tudo está vazio, fica fácil. Quando a lotação é média, como na maior parte das vezes em que lá está este ébrio trabalhador, fica meio tenso. É que, apesar de não se comparar ao que ocorre na Sé, no Brás ou na Luz, por exemplo, a concentração é agravada pelo dato de os passageiros estarem em movimento (alguns tentam alcançar altas velocidades). Quando está lotado, como ocorre pela manhã ou das 17h às 19h30, fica complexo.

A recomendação de manter-se à direita para deixar a esquerda livre aos apressados é razoavelmente bem seguida. Mesmo assim, os acelerados exageram e quase atropelam quem resolve esperar o movimento de escadas e esteiras. Pobres velhinhas.

O problema é tão sério que, nos horários de pico, as escadas e esteiras que descem (da linha verde para a amarela) permanecem desligadas. Aparentemente para prevenir trombadas, quedas, enfim, acidentes. Com o ouvido ligado em conversa alheia, já ouvi reproduzirem-se rumores de que teve "gente que se machucou feio ali".

Seguro morreu de velho

Outra diferença está na segurança. Ou melhor, nos seguranças. Enquanto o Departamento de Polícia do Metropolitano (Depom) faz a ronda do restante da malha, o perímetro sob jurisdição do Consórcio Via Quatro conta com vigilantes de uma corporação à parte, provavelmente de alguma prestadora de serviços terceirizada.

A peculiaridade: todos os contratados e todas as contratadas ostentam o que poderia ser definido como "boa aparência". Os gajos são todos malhados. O tamanho dos cidadãos pode se explicar pela necessidade de impor respeito, semelhante a seguranças de outras praças. Mas nenhum gordinho passou no processo seletivo; todos seguem o padrão sarado.

E não é só pelo atributo físico que às vezes tem até congestionamento de gente (normalmente moças, na análise acurada do Instituto Datafoda-se) perto deles. Ajuda o fato de não haver, na plataforma, nenhuma Sala de Supervisão Operacional (SSO) nem outros funcionários comumente encontrados nas outras linhas (jovens cidadãos e outros tipos de trabalhadores. O resultado é que os seguranças viram a referência.

Nessas, outro diálogo captado num desses congestionamentos de pessoas no percurso da baldeação deu-se entre um grupo de quatro moças.

– Esses seguranças grandões são uma coisa... – disse a primeira – Apesar do aperto [da estação], isso aqui é o paraíso!

– Não é não – devolveu outra – Paraíso é estação de outra linha.

Todas riram. Mas a fila não andou mais rápido por causa disso.

domingo, agosto 28, 2011

Vencer o Corinthians é bom: Palmeiras faz 2 a 1 de virada

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O Palmeiras venceu o Corinthians por 2 a 1, de virada, em Presidente Prudente neste domingo, 28. O resultado não alterou o topo da classificação do campeonato na última rodada do primeiro turno, porque o segundo, terceiro e quarto colocados não vanceram para complicar a vida do alvinegro paulistano. Assim, o time do técnico Tite lidera a competição.

De 2002 a 2007, nos primeiros anos do modelo de pontos corridos, valeu a escrita de que o campeão do primeiro turno faturava o caneco. Em 2008, quando o Grêmio de Celso Roth quebrou a regra, e 2009, quando o Inter venceu e o Flamengo faturou. No ano passado, o Fluminense fez como manda a cartilha original.

Neste ano, como os outros times não estão muito dispostos a encostar, a antiga escrita pode prosseguir.

Cheio de histórias

O climão do clássico foi quente. Começava pelo histórico. Fazia seis partidas que o Palmeiras não vencia o Corinthians. A vitória anterior, de 2009, foi aquela em que Obina marcou três, no próprio Prudentão. De tanto que disseram que nunca mais aquilo aconteceria, parece que a praga resvalou mais na representação de Palestra Itália do que sobre o atacante outrora melhor do que o Eto'o.

É bem verdade que, no Prudentão, o alvinegro não sabe o que é vencer o Verdão (antes do jogo deste domingo, eram três vitórias e três empates, nenhuma derrota corintiana).

Depois, teve o fator Kléber-gavião, com a divulgação de uma ficha de inscrição do camisa 30 do Palmeiras junto à principal torcida organizada corintiana. Luiz Felipe Scolari até tentou espalhar a história de que o clima no elenco tinha melhorado com a história, porque o atacante se transformou em motivo de plilhéria oficial do elenco. Mas foi só o gol no meio de semana contra o Vasco que deu mais confiança ao torcedor.

Enquanto o Corinthians dependia de um empate para ser o primeirão da metade inicial do campeonato, o Palmeiras queria se recuperar no campeonato e melar a vida do rival.

O torcedor palmeirense sonhava com a chegada de um homem-gol e até a comissão técnica admitia que sem isso nada daria certo, Felipão ganhou um reforço no meio de semana. Fernandão veio do Guarani, nem foi apresentado oficialmente, e já salvou a pátria. Sorte, estrela... Coisas que o técnico do Palmeiras ostenta em sua história.

Falando no técnico, foi Murtosa quem comandou o time do banco de reservas. Suspenso, o treinador assistiu tudo do camarote.

Na prática

Quando a bola rolou, o Corinthians começou melhor. Saiu na frente com Émerson, em uma falha da defesa verde, que envolveu Henrique e Marcos, o Goleiro.

Ainda no primeiro tempo, Patrik deu lugar ao tal Fernandão. Colocou-se o time para frente, recuando um pouco Luan. Mas o empate veio deste atacante-volante a quem o torcedor ama e odeia conforme passam os jogos. Luan chegou ao décimo gol na temporada e sexto na competição, enquanto Kléber fez 17 no ano e só três no Brasileiro. Nada mal para alguém tão contestado.

A virada foi no segundo tempo, quando Fernandão recebeu um belo lançamento de Marcos Assunção. Bola matada no peito, chute de primeira, belo gol, bela estreia.

No final, jogadas feias de doer envolveram uma bicicleta de Liedson sobre Henrique e a desinteligência envolvendo Valdívia e Chicão.

Mas deu Palmeiras no placar. Quem achou que Kléber, mordido, seria ator principal, se enganou. Quem pensou que Felipão fora do banco significaria problemas, idem.



Noves fora

Oscilações à parte, o time terminou o primeiro turno em sexto, com esperança de ter conseguido um centroavante de referência de que precisa muito. Claro que um jogo não significa a salvação, e a torcida já sofreu com Wellington Paulista que não rendeu o que se prometia. Que com Fernandão seja diferente.

Dois pontos separam o Palmeiras do quinto, o Botafogo. São três de distância para o quarto e terceiro, Vasco e São Paulo.

Só com otimismo acima da crítica dá para sonhar com briga pelo título, mas com um pouco de bom humor, consigo acreditar que a vaga na Libertadores só depende de um pouco mais de estabilidade (ou de uns tropeços da turma da frente).

Que venha o segundo turno.

sexta-feira, agosto 26, 2011

A zaga deveria ter medo do Jumar: Palmeiras vence o Vasco mas não se classifica

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Existem ironias que são divertidas. E outras que são trágicas. No dia em que o time estreiou um terceiro uniforme que aposenta o verde-limão-siciliano e resgata as listas brancas dos anos 1990 da era Parmalat, o Palmeiras venceu. Isso não acontecia havia seis jogos. Fez três gols, feito obtido pela última vez em 30 de julho, contra o Atlético-MG pelo Campeonato Brasileiro. E tudo isso na véspera de completar 97 anos

Mas não se classificou. É uma ironia. Mas a coisa piora.

Jumar foi um volante que esteve no time durante a última e nada saudosa passagem de Vanderlei Luxemburgo pelo time. Não era o pior dos jogadores para a posição, mas tampouco deixou boas lembranças. Foi daqueles jogadores que pareciam da "cota" do treinador, que também tem (ou tinha) suas saidinhas como empresário ou agente de jogadores.

Foi Jumar quem marcou o gol de honra do Vasco repleto de reservas. E foi um golaço de fora da área. É uma ironia mais amarga ainda.

Se Jumar fosse bom, se fosse craque, não estaria no banco de suplentes de Ricardo Gomes. Se fosse tão ruim quanto acredita o torcedor alviverde médio (aquele que tem medo do Jumar), possivelmente nem teria passado pelo clube paulista nem estaria no elenco cruzmaltino. Mas não era para ele fazer esse gol. Ele não

A exemplo do que ocorreu na primeira partida, quando o Vasco venceu por 2 a 0, a equipe de origem na colônia lusitana entrou sem titulares. Diferentemente daquela ocasião, encontrou um Palmeiras mais esperto e capaz de atacar.

Luan abriu o placar no primeiro tempo. Kléber rompeu o jejum de gols que durava dez partidas aos 8 do segundo tempo. Foi quatro minutos depois que Jumar diminuiu e começou a sepultar o ímpeto da equipe de Luiz Felipe Scolari. O terceiro foi no último minuto, por Marcos Assunção.



O Palmeiras está fora da Copa Sul-Americana. Para quem achou que essa seria a forma "mais fácil" de alcançar a Libertadores, melhor se preparar para ter trabalho.

Domingo tem confronto contra o líder do Brasileiro, no clássico contra o Corinthians.

quinta-feira, agosto 25, 2011

Um pouco de Jekyll e Hyde Tricolor

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Por Moriti Neto

Os extremos do São Paulo se apresentaram na noite de ontem, no Morumbi. Na partida contra o Ceará, válida pela Copa Sul-Americana, o time precisava inverter o resultado da primeira peleja – disputada em Fortaleza e que terminou 2 x 1 para a equipe nordestina. Porém, dada a dispersão mostrada na etapa inicial, a impressão era de que o Tricolor jogava a última rodada de um campeonato de pontos corridos estando lá pelo meio da tabela.   

Vagner Mancini propôs um ferrolho. Com o Vovô retrancado, tentando aproveitar a velocidade de Osvaldo no contragolpe, o São Paulo tinha que ir pra cima. Só que Adilson Batista escalou mal, pra variar. Colocou três volantes no meio – Wellington, Carlinhos Paraíba e Casemiro – e três homens rápidos e condutores de bola no ataque, Lucas, Dagoberto e Fernandinho. O resultado era um time de compartimentos estanques, com a bola passando sem a menor qualidade pela meia-cancha.

Até houve uma ou duas chances nos 45 iniciais, mas foram apenas fruto de jogadas isoladas. Lucas, que poderia ser o diferencial, continuava, como em partidas anteriores, mal posicionado, isolado no lado direito do campo.                              

Outra personalidade

O São Paulo volta para o segundo tempo e marca forte a saída de bola cearense. Aproxima os jogadores de frente. Assim, o passe melhora. Cícero, no lugar de Fernandinho, é o homem que, ao menos com condição razoável de transitar entre o meio e o ataque, liga o “nada a lugar nenhum” que a parte ofensiva do time se mostrava.      

São 19 minutos para fazer três gols e forçar o goleiro Diego a praticar defesas importantes. No primeiro tento, aos 10 minutos, lance principal da classificação são-paulina, a dupla de zaga do Ceará perde o tempo de bola quando Carlinhos Paraíba cruza e Cícero, dentro da área, mata bonito no peito e conclui de pé esquerdo, antes da bola tocar o gramado. 

O placar é suficiente pra classificar o São Paulo e coloca abaixo a proposta defensiva do Ceará. Vagner Mancini troca o lateral Boiadeiro por Felipe Azevedo. A vida Tricolor fica mais fácil.

Aos 16, Lucas aparece pro jogo. Recebe passe de Casemiro e, de três dedos, fora da área, amplia bonito. Aos 19, de novo ele. Lucas arranca, larga dois adversários pra trás, e toca para Dagoberto fazer 3×0.

Rivaldo entra aos 24, exatamente no lugar de Lucas, que ainda se recupera de uma  gripe. Aos 25, Cícero deixa Dagoberto livre, cara a cara com Diego, e vê o atacante, de atuação destacada no segundo tempo, chutar e ver a bola interceptada pelo braço do defensor rival. A redonda sobe, vai pra fora e nem escanteio o árbitro marca.   

27 minutos e Carlinhos Paraíba, de longe, obriga Diego a realizar outra boa defesa. Aos 28, o goleiro, outra vez de frente para Dagoberto, evita o quarto gol. O  domínio do São Paulo é total, um vareio no segundo tempo.

Classificação merecida no conjunto da obra. Contudo, é difícil entender o time. Sofre mais do que o necessário contra adversários frágeis e vacila em momentos essenciais. Fosse o Ceará um time pouco mais forte, os são-paulinos poderíamos ter saído já da Sul-Americana.



Não é que seja tudo, mas muito dessa situação parte do técnico. Que Adilson tenha convicções nem tão usuais para a prática do futebol é aceitável. Só que se quer jogar com três volantes, precisa de boa saída pelas laterais, coisa que não ocorre com Piris e Juan pelos lados. Sobre a criação no meio, é incompreensível que Lucas, o maior talento são-paulino, seja desperdiçado, tendo que correr atrás de tijolos rente à lateral. E se Rivaldo e o argentino Marcelo Cañete não têm condições de ser titulares, o primeiro deve estar mesmo muito mal fisicamente e o segundo, provavelmente, é ruim de doer. Não deveriam nem ficar no banco. Resta Cícero, que se não começa os jogos, também deve trazer algum esconso problema.

Esses são somente alguns dos enigmas. Depois,  a gente que não entende a instabilidade.

quarta-feira, agosto 24, 2011

Vida enlatada: Aperto do metrô de São Paulo, parte 1

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Era uma terça-feira de manhã do final de julho, fora do horário de pico. O trem para na estação terminal Butantã, da linha 4-Amarela. A porta abre, uma menina de uns nove anos, ladeada por duas tias, faz menção de desembarcar, como se espera de qualquer passageiro quando chega ao fim da linha. Mas elas ficam diante da conclusão de uma das moças:

– Não, a gente pode ficar aqui mesmo.

Elas voltam, da área das portas para a das cadeiras e se acomodam. Sobram assentos. Logo os vizinhos de vagão conhecer-na-iam pelo nome, Júlia, e pela argúcia.

– Mas... Se não tem motorista, como é que eles sabem que a gente tá aqui?

Parte interna do vagão também é amarela nos trens sem piloto


As tias desconversaram. A rigor, ninguém precisaria saber que estávamos ali; o percurso ocorreria do mesmo jeito. Ocorre que alguma delas deve ter avisado que a linha é automatizada, opera sem condutores – tecnologia "driveless", segundo se aprende olhando para as TVs de dentro dos trens. As outras linhas também são pilotadas remotamente, mas um condutor permanece ali na frente – por segurança, segundo a visão dos sindicalistas.

O importante é que a Júlia vinha de Alterosa, no sul de Minas Gerais. Passava as férias na capital paulista onde uma das tias morava fazia seis meses, a trabalho. Da segunda tia pouco se conheceria. Durangas e sem muita ideia de onde levar a sobrinha na selva de pedra, decidiram que a primeira viagem de avião era insuficiente no rol de novidades para a menina.

O passeio partiu de Santana, na zona norte, via linha 1-azul, passou pela linha 2-verde e terminou na 4-amarela. A primeira viagem num metrô. O trajeto seguia até a estação Faria Lima. Ignorar a primeira pergunta não resolveria.

– Mas... Se não tem motorista, quem é que fica aí falando onde a gente tá?

Essa era mais fácil, e a recém-radicada na Pauliceia devolveu:

– E o computador de bordo entra onde, hein?

– Ah...

Júlia ainda questionaria sobre outros recursos da modernidade do meio de transporte metropolitano. As tias se encantavam até mais do que a menina com o virar dos vagões, que são interligados por dentro e permitem acompanhar o caraminholar das curvas da estrada de ferro. Até foto com o celular registraram. E também com o vídeo promocional que exibia a chegada dos trens fabricados na Coreia do Sul e desembarcados no Porto de Santos.

Um manguaça sentado à minha frente também se divertia com a inquietação da menina. Achou-se íntimo o bastante para assuntar.

– É moderna essa linha, né? Eu me lembro quando abriram a primeira aqui em São Paulo. Foi entre São Judas e Jabaquara, acho...

Segundo o Wikipedia, a primeira viagem foi entre Jabaquara e Saúde, mas isso é um detalhe.

– A Vila Prudente (na linha verde) é moderna, mas essa aqui (amarela) é mais... Bonita mesmo.

O cidadão assunta com a menina questões relacionadas à retomada das aulas, a viagem de volta no avião, elogia o tutu, o leitão e as cachaças de Minas (quando seus olhos mostram um cintilar especial)... E os carros alcançam a estação Paulista.

Quando eu já estava na porta, me preparando para os 300 metros até a integração com o restante do percurso, a Júlia perguntava para onde elas iriam dali. Provavelmente de volta para casa, refazendo o mesmo caminho. O novo amigo se despedia e alguma coisa (provavelmente inveja) me dizia que ele iria dali para o bar.

A porta abriu e os usuários, que já se avolumavam, começaram a movimentação mista de empurra-empurra com caminhar apressado me levou para longe dali. Preciso de férias. Ou de passar no bar. Ou dos dois.