Destaques

quinta-feira, outubro 20, 2011

Resort Tricolor

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Por Moriti Neto

 

Se no banco havia mudança de cara com a troca de Adilson Batista por Milton Cruz, o São Paulo, dentro de campo, não foi diferente dos últimos jogos. O futebol mostrado ontem contra o paraguaio Libertad, no Morumbi, na vitória por 1 x 0 pela Copa Sul-Americana, foi o mesmo dos últimos seis jogos sem vencer pelo Campeonato Brasileiro. O time continua sem qualidade pelos lados, seja na marcação ou nas subidas ao ataque. O meio cria pouco. Lucas segue mal. Casemiro não acha a posição certa. De novidade, só Luis Fabiano ter desencantado com um gol bem ao estilo. Tento chorado, que só saiu aos 31 minutos do segundo tempo.

Falar em detalhes da partida é chover no molhado. Minha parca capacidade de análise não permitiria ir muito além das últimas colunas. Prefiro evitar o mais do mesmo que, certamente, não alimentaria a paciência de quem lê. Para resumir: o Tricolor prossegue um time com cara de indisposto, parece sem grandes ambições e possui alguns jogadores que acham que são craques, mas nem chegam perto disso.


Técnico: só um entre os muitos problemas

Como disse o Maurício recentemente, às vezes, na curva dos dias, a gente não consegue escrever sobre momentos importantes. A saída de Adilson do comando técnico são-paulino era esperada. Como nas demais experiências pós-Cruzeiro, ele foi muito mal. Em 20 jogos pelo Tricolor no Brasileiro, conquistou apenas 45% dos pontos disputados. No Morumbi, o aproveitamento foi pífio, na casa de 42%. Na disputa do segundo turno, em 11 jogos, ganhou 13 em 33 pontos possíveis – 39% aproveitados. Campanha de time que briga para não cair. Difícil segurar o cargo assim.

Só que, no São Paulo, há tempos, o problema não é somente o técnico. A diretoria faz bobagem atrás de bobagem. Contratou Ricardo Gomes, testou Sérgio Baresi, trouxe Paulo César Carpegiani e Adilson. A questão central não foi demiti-los, mas tê-los contratado. A direção são-paulina entrou na onda de contratar técnicos não exatamente pela capacidade, mas por serem “baratos”. Desde as conquistas entre 2005 e 2008, passou-se a considerar que os treinadores são peças sem grande relevância na engrenagem de uma equipe de futebol e que, em um clube bem estruturado, com elenco razoável, técnicos medianos poderiam dar conta do recado.

Não que eu seja defensor da ideia do super-técnico. Existem treinadores “baratos” que mostram capacidade. Contudo, das últimas aquisições do São Paulo, fora Baresi, que era novato no profissional, os nomes, pelos históricos, não animaram já nas chegadas.

De fato, a gestão de Juvenal Juvêncio é um caso à parte. E merece muitas críticas. A maneira arrogante como a coisa é tocada na administração do clube, contamina inclusive o elenco de jogadores. O “fenômeno" foi batizado no CT da Barra Funda de "Resort Tricolor", ou seja, um ambiente em que o pessoal se acomodou com as benesses e glórias das conquistas. A situação, não sem motivos, desembocou num acúmulo de derrotas dentro e fora de campo nos últimos anos.

Os sucessos seguidos criaram uma cultura de grandeza, principalmente entre os cartolas, que adoram falar que o time é de primeiro mundo, “diferenciado”, como se fosse o Barcelona das Américas. A obsessão de JJ pelo Morumbi na Copa foi péssimo negócio. Convencido de que o São Paulo era o clube mais poderoso do universo, o presidente resolveu brigar com Federação Paulista e CBF e, ao contrário de costurar alianças com outras agremiações, decidiu rachar com o Corinthians e abalar relações com Palmeiras e Santos. Pura falta de competência administrativa e inabilidade política.

Outro ponto é que os dirigentes continuam (exceção feita a Luis Fabiano que, mais do que qualquer coisa, é jogada de Juvenal para eleger o sucessor) ancorados na política de contratações de jogadores em fim de contrato. Tá. Foi boa sacada lá em 2004/2005, mas os clubes, em geral, agem atualmente de forma parecida e, muitas vezes, oferecem salários melhores aos atletas (há clubes que estão na frente do São Paulo em termos de gestão e isso não se mede apenas pela capacidade de contratar).

Com essa contaminação emanada da direção, não é de se estranhar que a postura de superioridade atinja atletas e comissão técnica. Talvez sejam as tintas do resort que pintem a fotografia de um time indiferente dentro de campo, quase sempre se comportando como se cada jogo pudesse ser decidido a qualquer momento. Só pretensão.

quarta-feira, outubro 19, 2011

Santos 2 X 0 Botafogo - porque entregar jogo é coisa do trio de ferro...

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Em 2009, o Corinthians teria entregado um jogo para o Flamengo para prejudicar o rival São Paulo, que disputava o título. No ano seguinte, o São Paulo teria dado o troco ao ser goleado por 4 a 1 pelo Fluminense, que estava na ponta do Brasileiro junto com o Corinthians. O Palmeiras teria feito o mesmo ao ser derrotado pelo Tricolor carioca.

Os verbos acima estão na condicional porque não vi nenhuma das partidas em questão. É o pessoal do trio de ferro que se acusa. Na Vila, não se fala de “entregar” jogo. Em 2008, quando o Santos já não tinha mais nada pra fazer na última rodada do Paulistão e o Corinthians dependia do Peixe para superar a Ponte Preta e ficar entre os quatro classificados, o Alvinegro também não fez corpo mole e empatou com o clube campineiro. Mas o Corinthians perdeu do Noroeste e não se classificou. Hoje, jornais insinuaram que o Peixe poderia fazer o que seus rivais paulistas já teriam feito recentemente. De novo, o Santos fez valer sua história.

Não que tenha sido fácil. Além dos desfalques que se tornaram a tônica da equipe na competição (Léo, Ganso, Elano, Felipe Anderson, Pará...), desta vez nem Muricy, que quase não levantou do banco por conta de dores lombares no jogo contra o Atlético-MG, pôde orientar a equipe na Vila. Mas o Santos tinha a volta de Neymar, quase um mês e meio sem atuar na sua casa.


O garoto jogou pela 59ª vez no ano, mais do que a maioria dos clubes da Série A. Curiosamente, esteve em 12 dos 13 jogos da seleção no ano; em 7 dos 8 da sub-20 no Sul-americano e em 38 das 67 pelejas do time da Vila no ano. Ou seja, proporcionalmente esteve em campo mais pela CBF do que pelo clube que o paga e faz das tripas coração para mantê-lo no país.

Contra o Botafogo, Neymar não teve uma atuação de gala. Mas, mesmo assim, fez um belíssimo gol e provocou cartões para o adversário. É gastar palavra dizer que é craque, em campo dá outra dimensão para qualquer time, tanto para o Santos quanto para a claudicante seleção (se não fosse ele, certamente Mano já estaria na seção de classificados dos periódicos). E, de novo, fez a diferença.

Não foi só a estrela de Neymar que brilhou. Borges igualou a marca de Serginho Chulapa no Brasileiro de 1983 e fez seu 22º gol pelo Santos no certame. Também um bonito gol. Com a vantagem consolidada no primeiro tempo, restou ao Botafogo buscar o empate no segundo tempo não com a volúpia devida, pois se preocupava com o contra-ataque peixeiro que quase encaixou em algumas oportunidades. Quando chegou na meta dos donos da casa, Rafael mostrou que não era a noite da estrela solitária. A estrela era santista e atendia pelo nome de Neymar.

E Camanducaia, se viu, sorriu. 

Camanducaia, que fez o gol do título de 1995 que não veio pra Vila, e Márcio Rezende de Freitas, maior ídolo do Botafogo depois de Garrincha.

segunda-feira, outubro 17, 2011

Corinthians ganha do Cruzeiro e aguarda o corredor da vida

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Por Maurício Ayer

Num jogo ruim, com um pênalti mal marcado para o Cruzeiro (e desperdiçado por Montillo) e outro não marcado para nós, o Timão garantiu os valiosos três pontinhos que o mantêm na liderança do Brasileirão. Com o jogo atrasado com o Santos, no meio da semana, Botafogo define sua posição no grid atual. Voltamos à situação das rodadas finais do primeiro turno, com o Corinthians liderando, seguido de perto pelos quatro cariocas. Com o São Paulo perdendo o rumo (e o técnico), são os cinco que devem disputar.

Passado o desafio contra o Inter, no qual o empate não é ruim, entramos no corredor da vida onde temos que fazer valer a posição de líder: Avaí, América-MG, Atlético-PR, Ceará, Atlético-MG e Figueirense, sendo o último o único que não briga para fugir do rebaixamento.
Terminamos então contra o Palmeiras, em fase péssima e por isso mesmo louco para ter a única saída honrosa possível: na última rodada, tirar o título do Corinthians. Mas também, se acontecer o contrário, será pra se acabar de beber.

A esta altura, não dá para esperar grandes modificações. O que vai pesar mais mesmo é a motivação, a concentração, a tranquilidade para recuperar jogadores chave que ainda não estão no seu melhor, como o Liedson. Temos um meio campo funcionando, pelo menos para manter a posse de bola e criar algumas jogadas. Ainda é muito difícil enfrentar defesas fechadas, mas temos jogadores que batem bem de fora da área, como Alex e Willian.

Nosso fraco continua sendo as laterais, com especial destaque para Ramon e sua incrível capacidade de se posicionar bem: ele consegue ser sempre a pessoa errada no lugar certo, recebe a bola e, invariavelmente, a perde. E Alessandro toma muita bola nas costas, está longe de ser um jogador imprescindível. Aparentemente, estamos melhor nas bolas cruzadas na área, sem dúvida nenhuma o ponto que nos devorou mais pontos ao longo do ano, tantos foram os gols de escanteio.

Contra o Bota

Às vezes, na curva dos dias, a gente não consegue escrever sobre momentos importantes. A partida que o Timão perdeu para o Botafogo foi atípica. Com dois tempos opostos, tomamos um vareio no primeiro tempo (e ainda demos azar pelo menos no segundo gol, o que compensa o gol mal anulado que levamos no início) e socamos o pilão no segundo, mas com uma defesa trancada e um goleiro reserva inspiradíssimo, o Bota conseguiu não deixar entrar nada. Ao final, comemoraram mais que final de campeonato, com ares de batalha heroica. Claro que foi um jogo decisivo, mas os pontos corridos são assim.

Vai Corinthians!

sábado, outubro 15, 2011

Para refletir: Neymar e nós

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Foi o companheiro Olavo, que escreve no Escanteio Curto, que repassou o texto que segue abaixo por e-mail. Ele narra um episódio ocorrido depois da partida entre Atlético-MG e Santos, na quinta-feira. E serve para refletirmos um pouco a respeito do estresse e da pressão que jovens e não tão jovens jogadores, técnicos e toda gente do futebol profissional (e de outras carreiras também) sofrem no dia a dia. 
Boa parte das vezes não hesitamos em apontar o dedo para eles e exigir o equlíbrio (alô, Tite), a ousadia ou a genialidade que nem sempre conseguimos ter no nosso cotidiano. Talvez a graça da brincadeira seja essa: queremos que eles sejam um pouco ou muito do que não somos ou do que nunca vamos ser. Mas são iguais a nós a maior parte do tempo. E falham como qualquer um.

Neymar e nós (publicado em Velho Ludopédio)

Atlético-MG e Santos jogaram na Arena do Jacaré, na noite de ontem, pelo Campeonato Brasileiro da Série A. O Galo venceu por 2 a 1, e o atacante Neymar, do Santos, foi expulso, já no final do jogo, por reclamar e ironizar o árbitro da partida. Foi repreendido no vestiário pelo técnico Muricy Ramalho, de forma tão veemente, que deixou o estádio chorando muito.

Eu estava na cobertura do jogo. Depois da partida, me posicionei perto da saída dos jogadores do Atlético, fazendo meu trabalho rotineiro, de entrevistar os atletas e tirar fotos. Cumpri meu trabalho normalmente, como em todas as partidas. Foi quando Neymar saiu do vestiário do Santos, cercado por seis seguranças gigantescos. Truculentos, como boa parte dos seguranças, não todos, claro.

Os guarda-costas foram abrindo caminho com empurrões para escoltar o jogador até o ônibus do Santos. Vendo a desnecessária cena, já que não havia tumulto na porta da Arena do Jacaré, alguns jornalistas - eu, inclusive - fizeram comentários sobre o que viam e sobre Neymar. Coisas do tipo:

- Que cara mala!

- Mas que bosta, pra que isso tudo?

Concordo plenamente que não é nosso papel comentar saída de atletas do estádio, muito menos em voz alta. Não estamos ali pra isso. Mas, de forma alguma, o que fizemos foi provocativo. Prova disso é que não há nenhum registro de tumulto ou queixa contra o pessoal que estava naquela roda. O clima na saída do estádio era o mais tranquilo possível, ainda mais porque o Atlético tinha vencido a partida. O que os fãs de Sete Lagoas queriam era tirar fotos com o jovem craque. Não digo nem por nós, jornalistas. Já estamos acostumados a Ronaldinhos Gaúchos, Romários e Edmundos da vida. Um jogador sair sem falar conosco é coisa rotineira, tanto que ninguém da imprensa mineira portava microfone ou câmera para abordar Neymar.

O que aconteceu a partir daí é que foi surpreendente.

Neymar, ao ouvir nossos comentários, parou e voltou até nossa roda. Digo mais uma vez. Ninguém o provocou, conversávamos entre nós, e ele ouviu porque passou a meio metro da roda. Os seguranças tentaram contê-lo, mas ele insistiu e disse que queria falar comigo. Eu assenti com a cabeça, ele se aproximou. Estendeu a mão pra mim e disse:

- Te peço perdão, cara. Não sou o que você disse. Estou chateado, não quis fazer nada para desagradar você e sua cidade. Me perdoe, por favor.

Espantado, como todos ao meu redor, só tive tempo de balbuciar, antes que ele saísse.

- Tudo bem, cara. Tá desculpado. Esquece.

***

O espanto foi ficando cada vez maior, enquanto Neymar se afastava. Ainda mais porque todos nós sentimos total sinceridade no que o menino disse. Com o rosto inchado de chorar e ainda com lágrimas escorrendo pela face, vimos ali um ser humano, falível e arrependido por erros que cometeu e que cometeram por ele. Claro que a maior parte deles, com sua anuência.

Não deve ser fácil ser Neymar. Não vou aqui cair no lugar-comum de fazer contas sobre seus rendimentos, sua fama, seu trânsito livre em qualquer lugar do Brasil. Se os tem é porque merece, tem talento e trabalhou para isso.

A pressão sobre o moleque é monstruosa. Dirigentes, torcida, patrocinadores, empresários, agentes. É gente demais cobrando, dando palpites e querendo guiar a cabeça dele pra alguma direção diferente. Pra se ter uma ideia, este jogo contra o Galo foi o 59o disputado por Neymar este ano. E ainda tem o restante do Brasileirão e o tão sonhado Mundial de Clubes, em dezembro.

É claro que ele recebe pra isso. E muito bem, por sinal. Mas, a fama e a idolatria de boa parte da juventude brasileira não dão a Neymar o direito de passar por cima de todos nem de se julgar melhor que ninguém. Problemas comuns para nós mortais como contas, prestações e dívidas não fazem parte da vida de Neymar. É exatamente o que eu já disse aqui. Ele fez por merecer tudo o que tem, mas precisa ter prudência para administrar tudo o que é intrínseco a esta fama absurda e sem limites.

***

O episódio de ontem foi minúsculo, presenciado por, no máximo 10 pessoas, se tanto. Mas foi marcante. Não me arrependo hora nenhuma do comentário que fiz ao ver Neymar cercado por um paredão de brutamontes, como se alguém ali quisesse morder sua orelha ou lhe roubar as correntes de ouro. Foi exagero mesmo, foi uma bosta mesmo, com a desculpa pelo termo chulo.

Mas o perdão que ele me pediu, com os olhos cheios d´água, pareceu verdadeiro. E eu espero que tenha sido mesmo. Espero que ele tenha, nem que por um mísero segundinho, percebido que não é, na essência, aquilo que demonstrava ser, ao deixar um ambiente totalmente amistoso, como se fosse para a guerra.

Neymar errou, ao aceitar fazer parte daquele circo ridículo. Nós erramos também, ao não perceber a fragilidade do menino naquele momento. Espero que todos tenham aprendido a lição. Pra mim, foi uma experiência e tanto.

Obrigado Neymar, por ter sido humilde ao me pedir desculpas. Mas, principalmente, muito obrigado aos meus companheiros Igor Assunção, Fábio Pinel, Victor Martins, Felipe Ribeiro e Gustavo Faria, por não deixar morrer em mim o espírito crítico que move o exercício do bom jornalismo, que tento fazer todos os dias. 


(O original está aqui)

quinta-feira, outubro 13, 2011

Nossa Senhora contra a corrupção

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Todos já esperavam que as “marchas contra a corrupção” ocupariam hoje as capas dos dois jornalões paulistas. A ênfase esperada seria a marcha de Brasilia, onde números oficiais falam em 20 mil pessoas (o mesmo que na marcha de 7 de setembro).

O blogueiro Eduardo Guimarães foi à marcha em São Paulo, e contou cerca de 700 pessoas. Aliás, entrevistou 27 pessoas e traçou um interessante perfil dos manifestantes: quase unanimemente responderam que leem Veja, Folha e Estado, que o país está muito pior que há 10 anos e que a corrupção aumentou muito no período. Entre os que responderam à enquete, apenas um negro.

Até aí, sem novidade. Ontem, já havia uma certa expectativa em relação à cobertura dos veículos da mídia comercial sobre as manifestações, bem menos ruidosas do que se esperava. No Twitter, o perfil @Suxbernardo fez a previsão/pilhéria:



Mas não foi a Veja, e sim a Folha, quem resolveu "ousar". Na capa, o texto faz a confusão (deliberada?) entre manifestação religiosa e marcha contra a corrupção e, sob o título Arcebispo de SP critica 'corrupção por toda a parte', diz a chamada:

"A mobilização contra a corrupção não foi só nas redes sociais. O arcebispo de SP, dom Odilo Scherer, disse que a corrupção 'está por toda parte'. Segundo organizadores, 140 mil visitaram a basílica de Aparecida, e o padre Marcelo Rossi reuniu 70 mil em SP".

Clique para ver melhor


Quer dizer que os fiéis foram a Aparecida protestar à padroeira “contra a corrupção”? Porque é isso que um desavisado vai entender lendo o texto...

Detalhe: Serra e Alckmin também peregrinaram a Aparecida e assistiram de corpo presente ao discurso do arcebispo.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Venezuela 1 X 0 Argentina - o resultado que interessa da terça-feira

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Imprensa venezuelana "homenageia" o melhor do mundo
Em 2008, enquanto muitos se mostravam incomodados pelo Brasil ter perdido pela primeira vez na história para a Venezuela, o Futepoca já cantava a bola de que a Vinotinto não era mais o saco de pancadas que nos habituamos a ver. Claro que isso não tem nada a ver com a cantilena de que “não existe mais bobo no futebol”, já que existem sim, é só ver partidas como Escócia e Liechtenstein ou olhar ver alguns dos adversários da seleção brasileira.
 
Nas últimas eliminatórias, os venezuelanos ficaram a apenas dois pontos da hoje louvada seleção uruguaia e, na última Copa América conseguiram sua melhor classificação na competição, um quarto lugar. Sem o Brasil na contenda, a Vinotinto sabe que as atuais eliminatórias são a chance de ouro para conseguir algo inédito: a classificação para uma Copa do Mundo.

A derrota para o Equador na primeira rodada, na altitude de Quito, não abalou a confiança do time de César Farías que ontem fez história. Após 18 partidas disputadas e 18 vitórias portenhas, os venezuelanos bateram os argentinos por 1 a 0, gol de Amorebieta que, além de marcar o tento da vitória, ainda teve diante de si o trabalho de marcar Messi quando este avançava no seu setor.

Vitória da Vinotinto trouxe Chávez de volta ao Twitter depois de 5 dias de ausência
Logo na segunda rodada, as eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2014 já não contam com nenhum time com 100% de aproveitamento. Uma amostra de que a disputa das vagas deve ser acirrada. No momento, fora a Bolívia, todas as outras seleções parecem ter condições de vir ao Brasil daqui a três anos. Espero poder ver a Venezuela aqui. E a Argentina também.
  

terça-feira, outubro 11, 2011

Ensaio de orquestra moleque

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Esse aqui eu encontrei no Facebook da excelente Revista Concerto. Tomo de empréstimo essa homenagem manguaço-musical ao Dia das Crianças. Parabéns, molecada!




segunda-feira, outubro 10, 2011

Em jogo fraco como tantos do Brasileiro, Santos bate Palmeiras

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Não era só o momento das duas equipes no Brasileirão que sugeria um clássico com pouca técnica. Entre os inúmeros desfalques das duas equipes estavam os mais habilidosos atletas de cada clube. O Santos não tinha Neymar, laçado por Mano Menezes para dar algum tempero aos tediosos jogos do seu aglomerado de atletas; nem Ganso, que deve voltar a treinar nesta semana. A lista dos que estavam fora de combate incluía Arouca, Elano (mais uma vez contundido), Edu Dracena, Felipe Anderson e Pará. O Palmeiras não podia contar com Kléber e Valdívia que, ainda que em uma fase ruim, são a esperança alviverde de algo que não seja uma jogada de bola parada do volante Marcos Assunção. Também não puderam jogar Luan, Cicinho e o arqueiro Marcos.

No marasmo técnico, brilhou a estrela de um veterano. O lateral-esquerdo Léo, o mais lúcido jogador peixeiro, insistiu em um lance que fez a defesa palmeirense adernar para o lado e se descuidar de Borges. A assistência de direita do atleta canhoto encontrou o homem gol alvinegro livre. Finalmente, Deola, que havia feito ao menos três grandes defesas, foi vazado aos 30 minutos do segundo tempo. O gol fez justiça não somente a quem teve as melhores (e parcas) chances do jogo, mas principalmente à equipe que procurou e quis ganhar. Ao contrário do que aconteceu na partida contra o Fluminense, desta vez o Peixe quis mais a vitória que o rival.

O Palmeiras de Felipão entrou para travar o jogo com um 3-5-2 que apostava no erro defensivo do Santos. E os três zagueiros estavam lá também para evitar a jogada aérea santista, que conta com dois bons cabeceadores, Borges e Alan Kardec. Curiosamente, a maior parte das oportunidades peixeiras – e o gol – vieram pelo alto. Os palmeirenses podem falar mais a respeito, mas o jogo e o resultado expuseram uma espécie de círculo vicioso nas partidas palestrinas recentes. Os desfalques e a limitação do elenco (que não acho tão ruim como dizem) faz com que o treinador adote um esquema cauteloso, que priorize anular as jogadas ofensivas do adversário. Mas basta um descuido para que o esquema vá por água abaixo e não haja possibilidade de mudar. A baixa autoestima dos atletas é alimentada por seguidas pelejas em que o filme se repete, e o ambiente político mais conturbado dos clubes da Série A ajuda pra que a reprise esteja marcada para a próxima rodada.


Para o Santos, a vitória acalmou os ânimos depois de três derrotas seguidas e manteve Borges no comando da artilharia do Brasileirão, com 20 gols em 25 partidas. Está a dois da marca de Serginho Chulapa, artilheiro pelo Santos em 1983, com 22 tentos, embora o time tenha jogado 26 vezes naquela competição. E também serviu para quebrar uma sequência de sete partidas sem derrotar o adversário, fato que já incomodava os santistas.

Ao que parece, o Brasileirão acabou para os dois times. Ao Santos, resta recuperar alguns jogadores, entrosar o time e se preparar para o Mundial. Já para o Palmeiras, é preciso mirar algo que parece impossível hoje: um pouco de tranquilidade.

domingo, outubro 09, 2011

Corinthians vence bem e ganha gás na reta final

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Ponto vai, ponto vem, esse Brasileirão chegou a um momento chave, particularmente para o Corinthians. Passaram-se três quartos do campeonato, o Timão já enfrentou os adversários diretos e, dos dez desafios que faltam, seis são contra os times do fundão da tabela. Os dois jogos supostamente mais difíceis são um contra o Botafogo (oscilante, parece já ter passado o topo de sua curva de desempenho) e o Internacional (este sim um bom time em ascensão). A dificuldade maior é enfrentar equipes que lutam desesperadamente para fugir ao rebaixamento. Atropelou fácil o Atlético Goianiense e estreou Adriano, o que o coloca coloca na liderança e prepara as condições para crescer na reta final.

Vai Corinthians, não para de lutar, 2011 será nosso!

sábado, outubro 08, 2011

Sobre gritos de torcida

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Ontem o Sidney Garambone levantou um tema em seu Twitter que despertou várias lembranças de idas a estádio. Ele sugeriu que as pessoas relembrassem cânticos de torcida e as pérolas que começaram a surgir me trouxeram à mente várias que escutei in loco e também pela rádio ou TV.

Muitos dos gritos provocativos das torcidas envolvem preconceito social, homofobia, misoginia etc e tal, mas também há aqueles que são criativos e puxam pela história do rival, tem como alvo um atleta adversário ou aproveitam determinada situação para fazer graça. Como santista, era particularmente cruel ver clássicos na época em que o Santos ficou sem ganhar títulos (1985-2002), especialmente depois que o Palmeiras saiu da fila em 1993 e deixou o Peixe como primeiro. Em clássicos, era só aguardar o momento em que alguma das torcidas do Trio de Ferro começaria a contar (em geral antes do jogo começar) “1,2,3,4,5...” até chegar ao número de anos que o time não ganhava um título para cantar “Parabéns, pra você...”. A torcida são-paulina, diferentemente das outras, costumava fazer provocações “patrimoniais” quando ia à Vila Belmiro: “A, e, i, estádio é o Morumbi”, gritavam.

Castigo de artilheiro: ter o filho goleiro
E, claro, também tinham os gritos de “Pelé parou, o Santos acabou” ou “É, é, é, viúva do Pelé”. Para o São Paulo, a resposta passou a ser “Telê parou, São Paulo acabou” e, para o Corinthians, lembro da igualmente infantil “Em, em, em, viúva de ninguém”. Em dado período, a resposta era “familiar”: “Pelé parou, Edinho começou”, um exercício de auto-heresia visto poucas vezes no ludopédio mundial. Hoje, o grito “Santos, o c...alho/lugar de Peixe é dentro do aquário” soa como música perto dos gritos dessa época... Mas junto com o o título do Brasileiro de 2002, que tirou o Peixe da fila, veio um dos gritos mais caros ao torcedor alvinegro: “Diego joga bola/Robinho deita e rola/E só dá Santos”. Desde então, os adversários não lembram da viuvez de Pelé e nem cantam mais parabéns.

A disputa entre jogadores também era um espetáculo à parte. Quem não lembra da Fiel cantando “Chora, porco imundo/Quem tem Viola, não precisa de Edmundo”. Na segunda partida da final do Paulista de 1993, quando o Verdão conquistou o título, veio o troco em relação à primeira partida da final, quando o atacante corintiano imitou um porco ao fazer o gol da tarde: "Chora Viola/imita o porco agora". E, ironicamente, o futebol dito “muderno” (pós-moderno?) levaria mais tarde Viola ao Palestra Itália e Edmundo ao Timão.

Originalidade

Mas um dos gritos citados no Twitter foi dos mais inusitados já cantados em um estádio no Brasil. A história toda está aqui, mas resumindo, Maurinho, lateral-direito que se destacou no Bragantino, foi chamado pelo treinador dantão, o mesmo de hoje, Vanderlei Luxemburgo. E numa partida do Olaria contra o rubro-negro, no dia 1 de abril de 2000, o atleta foi “homenageado” pela torcida. Após gritarem “Ão, ão, ão, Maurinho é seleção”, os torcedores completavam com “Il, il, il, Primeiro de abril”. "Homenagem" similar surgiu anos mais tarde, com o grito "Obina, melhor do que o Eto'o". Ironia fina da torcida.
O Flamengo do "pior ataque do mundo"
O bom humor carioca criou outros cânticos interessantes. Em 1995, o Flamengo formou o que boa parte da imprensa do Rio e de outros cantos considerava o “melhor ataque do mundo”, com Sávio, Romário e Edmundo. A combinação redundou em fracasso e, de acordo com o Wikipedia, foi a torcida do Vasco que, após um empate em zero a zero com o Flamengo, criou a paródia de um jingle de comercial de companhia aérea. “Pior ataque do mundo, pior ataque do mundo/ Para um pouquinho, descansa um pouquinho, Sávio, Romário, Edmundo.”

Em 2008, novamente a torcida do Flamengo fez das suas. Logo depois de ganhar a Taça Guanabara em cima do rival Botafogo, os torcedores, na peleja diante do Cienciano, cantaram para provocar os rivais, que reclamaram da arbitragem. “E ninguém cala esse chororô! Chora o presidente, chora o time inteiro, chora o torcedor!”. Digamos que, nesse caso, a reação botafoguense à perda do título justificou o sarro rubro-negro...

Músicas “adotadas”

Além dos gritos, não raro as torcidas adotam músicas famosas, ou nem tanto, para chamar de suas. Ivete Sangalo já teve músicas suas cantadas por diversas torcidas e, na partida entre Ponte Preta e Sport, na Série B hoje, era possível escutar uma versão de O Meu Sangue Ferve por Você, sucesso de Sidney Magal que também é cantado por outras torcidas, como a do Remo. Mamonas Assassinas e sua Pelados em Santos foram inspiração para a torcida do Inter criar Camisa Vermelha, que tem em seus versos uma referência a um dos temas desse site: "Minha camisa vermelha/ e a cachaça na mão/ o gigante me espera/ para começar a festa" (Veja vídeo aqui).

O caso mais emblemático na área talvez seja o da torcida do Fluminense, que adotou A benção João de Deus na final do primeiro turno do campeonato do carioca de 1980, ano da primeira visita de Karol Wojtyla ao Brasil (leia a respeito). O Tricolor superou o Vasco nos pênaltis e a canção acompanha o clube até hoje.

Ainda se ouve na Argentina o Ilariê de Xuxa
Já “Vou festejar”, do flamenguista Jorge Aragão, celebrizada na voz do botafoguense Beth Carvalho, virou hit entre a torcida do Atlético-MG, que recebeu a sambista para cantar na despedida da equipe da Série B do Campeonato Brasileiro, em 2006. E também foi entoada por outras torcidas, como a do Botafogo do coração de Beth Carvalho, aqui e aqui.

No entanto, o que sempre foi muito curioso pra mim foi ver Ilariê, da multi-artista Xuxa, ser cantada em estádios argentinos. Isso acontece há muito tempo, a brasileira já fez muito sucesso por aquelas plagas, e na Libertadores 2011, tanto a torcida do Vélez Sarsfield, semifinalista da competição, como a do uruguaio Peñarol, entoaram a canção, como se vê aqui. Isso é que é perenidade.

E, você, caro leitor futepoquense, qual o seu grito ou cântico de torcida predileto?

quinta-feira, outubro 06, 2011

Escravos alegres?

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No papel de bandeja do McDonalds: “No Egito antigo, o pão era utilizado como pagamento de salário. Um dia de trabalho valia três pães e dois jarros de cerveja”.

Se as pirâmides foram construídas por escravos, que não tinham salários, eles só ganhavam os jarros de cerveja? Quantos litros foram na construção? Dá pra comparar com este estádio?

quarta-feira, outubro 05, 2011

Isso é que é jogada de linha de fundo

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segunda-feira, outubro 03, 2011

A “festa” sem vitória, motivos para não ser campeão e a baixa qualidade

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Por Moriti Neto

63 mil torcedores. Reestreia de Luis Fabiano. Os bons Ceni, Lucas, Dagoberto, Casemiro, Rodolpho e Denílson. Público recorde, a volta de um ídolo, qualidade individual. A festa estava armada para o São Paulo contra o Flamengo ontem, no Morumbi. Só faltou a vitória.

Os cariocas foram melhores e venceram justamente, por 2 x 1. Após uma primeira etapa com os donos da casa tomando a natural iniciativa de ataque e o Flamengo posicionado para contragolpear,  o segundo tempo mostra Rogério pegando muito e evitando ao menos quatro gols flamenguistas, em boas jogadas criadas pelos lados, contando com o rotineiramente  fraco desempenho são-paulino nos flancos, antes de Thiago Neves, aos 19, abrir o placar. Dagoberto empatou, num belo chute, aos 34. Mas foi Renato Abreu quem deu números finais ao placar, aos 39, em finalização despretensiosa que desviou em Carlinhos Paraíba e tirou Ceni do lance.

A arbitragem esteve mal. O meia são-paulino Lucas foi expulso aos 9 minutos do segundo tempo. Tomou um justo segundo amarelo. O problema é que o primeiro cartão foi discutível. Já indiscutível, é que o volante flamenguista Willians, excluído aos 26, também pelo segundo amarelo, nem encostou em Carlinhos Paraíba que, ridiculamente, caiu após tropeçar nas próprias pernas. Também sem discussão, aos 40, Dagoberto deveria ter recebido a segunda advertência na partida, o que acarretaria na expulsão do atacante.

Clinica de reabilitação 2

disse aqui que os adversários em má fase podem ter boas perspectivas quando olham a tabela e veem o próximo jogo contra o São Paulo, no Morumbi. O Flamengo foi só mais um que se encaixou nessa situação. Nos onze jogos anteriores, o time da Gávea tinha aproveitado só oito dos 33 pontos disputados, sendo que a única vitória ocorreu contra o último colocado, o América Mineiro.

O aproveitamento são-paulino em casa é pífio sob o comando de Adilson Batista. Empatou com Atlético Goianiense,  Atlético Paranaense, Corinthians e Palmeiras. Perdeu para Vasco, Fluminense e Flamengo. Ganhou apenas de Bahia, Atlético Mineiro e Ceará. Então, vitórias só contra três times que brigam para não cair.



Sem ganhar dos melhores não dá

Dos concorrentes mais bem colocados no campeonato, o São Paulo só ganhou do Fluminense, na primeira rodada do certame. Depois, perdeu e empatou com o Corinthians, foi derrotado duas vezes pelo Flamengo, perdeu do Vasco, teve derrota e empate diante do Botafogo, e sofreu revés do  Fluminense na abertura do returno. Ainda tem pela frente o time da Colina, em São Januário.

Detalhe curioso é que, no Morumbi, o Tricolor perdeu todos os confrontos com os cariocas. Pelos lados do Cícero Pompeu de Toledo, deve haver quem se sinta aliviado por não ter mais nenhum enfrentamento contra times do Rio de Janeiro em casa.

De qualquer forma, como mandante ou visitante, o São Paulo não conseguir vencer os ponteiros de cima da tabela é sintomático de um time sem grandes possibilidades de título.

Adilson Batista

Não é só pela péssima campanha em casa que o técnico são-paulino é mal avaliado. Adilson Batista, desde que chegou ao Tricolor, se mostra apático, covarde até.  Com um bom elenco, não é capaz de formar um time, não organiza um padrão de jogo. Também mexe mal, como ontem, quando tirou Luis Fabiano e colocou Carlinhos Paraíba, chamando o Flamengo, com um a mais, de vez para o ataque. Sim, o centroavante tinha que sair, mas era Rivaldo o nome para substituí-lo.  

Outro erro gritante do treinador é com Lucas. Antes da volta de Luis Fabiano, a insistência era manter o garoto no ataque, de costas para o gol. Contra o Flamengo, o menino, na maior parte do tempo, ocupava a mesma faixa de campo que Casemiro, que deu para achar que é meia. O camisa 7, muitas vezes, tinha inclusive que ficar preso à marcação e cobrir as constantes subidas do volante.

Porém o pior é que Adilson tem muito medo. Parece refém de uma situação que coloca o São Paulo como a última esperança de carreira num grande clube, depois de insucessos consecutivos, principalmente em Corinthians e Santos, e, lateralmente, no Atlético Paranaense. O receio de perder a atual oportunidade o deixa em condição delicada, inclusive à mercê das vaidades e chiliques dos jogadores.

Dagoberto

Por falar em chiliques, impossível não pensar em Dagoberto.  Individualista ao extremo, joga para ele, sem responsabilidade coletiva. Quando perde uma bola no ataque, logo leva as mãos à cintura, olha para os lados e caminha devagar. A cena é repetitiva. Passa-se em todos os jogos do São Paulo.  O atacante não recompõe, não ajuda na marcação. Acha que é craque, protagonista, quando é só bom jogador e coadjuvante.

Fez um belo gol ontem, é fato, mas o que ocorreu depois evidencia o individualismo. Num dos tradicionais chiliquinhos, foi comemorar sozinho, “desabafando”, tirou burramente a camisa, foi amarelado e, só por conivência da arbitragem, não recebeu merecida expulsão.

Dependência

Desde março, quando anunciou a contratação de Luis Fabiano, o Tricolor passou a sentir estranha dependência de um jogador sem data para atuar. Ainda com Carpegiani, o time foi montado para jogar com o centroavante, que veio com ares esquizofrênicos de ao mesmo tempo “salvador da pátria” e de única peça que faltava para montar um bom sistema.

Eis que finalmente, Luis Fabiano jogou. Não foi mal. Sete meses parado e se movimentou razoavelmente. Fez o pivô, recuou para buscar a bola, chegou a tirar bons lançamentos. Mostrou a incontestável presença de área, não fez o gol por intervenções providenciais de Felipe e Alex Silva. Ainda assim, dá o que pensar a aposta desde o início num jogador fora de ritmo – que se sabia não aguentaria em nível razoável mais que um tempo. Para o bem do time, poderia ter entrado na segunda etapa. Pensou-se no marketing, na mídia, na renda. Parece que a vitória foi um tanto esquecida.       

Sinal da baixa qualidade

Já disse acima que o Flamengo, antes da vitória de ontem, anotou só oito pontos em 33 disputados. Hoje, está com 44, a seis do líder Vasco, e não dá para dizer que, bem como o Fluminense, é carta fora da briga pelo título.

Quando um time do tamanho do Flamengo fica dez rodadas sem vencer e tem um aproveitamento no segundo turno digno de candidato ao rebaixamento, e ainda assim os que estão brigando pela liderança não conseguem se distanciar, a impressão que fica para este escriba é de que, na média, falta de qualidade.

Corinthians na briga pelo Brasileirão sem favoritos

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Desfalcado, combalido, “na UTI”, como definiu um jornal após a derrota para o Santos, o Corinthians foi a São Januário com medo de levar uma ensacada do Vasco, líder, embalado, com o “melhor jogador do campeonato da última semana”. Mas não foi nem de longe o que se viu no empate por 2 a 2 desse domingo. Foi um jogo equilibrado, mas em que os visitantes tiveram as melhores chances de marcar.

Surpreendente foi a atuação de Tite. Com dois desfalques fundamentais na frente, Emerson e Liedson, esperava que o treineiro mandasse Danilo para uma das pontas, Jorge Henrique na outra (a com o lateral mais perigoso do adversário) e William para a área brigar com os zagueiros. Pois quão surpreso fiquei eu ao ver um time, bem estranho: William e JH foram ans suas, mezzo meias mezzo atacantes, acompanhando os laterais. Alex e Danilo, na faixa central, tinham mais liberdade para atacar e eram o que de mais próximo o time tinha de atacantes de fato. Uma retranca, sem dúvida, mas que mostrou uma criatividade que eu não esperava de Tite. E que, em boa parte do tempo, funcionou.

No começo, o Vasco chegou com mais perigo, mas nada de grandioso. Até Dedé dar seu nome ao trocentésimo gol sofrido pela defesa alvinegra em jogada de escanteio (era o Chicão, o Wallace ou a organização para esse tipo de jogada que está errada?). Pouco depois, a alegria cruzmaltina diminuiu com um excelente contra-ataque que começou com improvável passe de 30 metros de Ralph para Danilo, que cruzou entre Fernando Prass e a zagueirada para Alex conferir. Tenho certeza que Tite sorriu ao ver sua ideia concretizada de forma tão clara.



O Timão passou a jogar melhor e poderia ter ampliado com Paulinho, que errou uma cabeçada na cara do gol. Mas foi o Vasco que marcou numa cagada do lado esquerdo da defesa paulista, onde Eder Luiz e Fágner, o autor do gol, fizeram estragos. Virou 2 a 1, mas Juninho Pernambucano, o mais lúcido vascaíno, sentiu contusão e saiu, o que era bom presságio.

O segundo tempo foi mais animado, com chances dos dois lados – mas as melhores para o Corinthians. William acertou o pé e mandou um cruzamento na cabeça de Danilo, que empatou. O camisa 7 ainda criaria outras oportunidades e perderia um gol na cara de Prass.

Tudo somado, os dois lados podem reclamar que mereciam a vitória. Mas, como já disse William Munny, “isso não tem nada a ver com merecer”. E, se alguém quiser considerar os dois confrontos diretos, o Timão fez 4 pontos contra 1 do Vasco. O que não quer dizer grandes coisas: pontos corridos não são resolvidos só nos jogos centrais. O que se deve comemorar é o fato de o time ter jogado bem mesmo desfalcado. Se continuar encontrando opções desse jeito e mantiver a pegada de decisão nos 11 jogos que faltam, o Corinthians pode aproveitar a tabela aparentemente favorável – cheia de candidatos ao rebaixamento e times em crise, pessoal em tese mais fraco, mas que joga com dez vezes mais vontade. Fato é que seguimos na briga até a última rodada. E outro é que dificilmente o certame se resolva antes dela.

sábado, outubro 01, 2011

Fluminense 3 X 2 Santos - Peixe faz a alegria de mais um carioca

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Mais uma vez o Santos protagonizou uma partida emocionante contra um time carioca (a outra, todo mundo lembra). E mais uma vez perdeu. O jogo praticamente decreta o fim das possibilidades do time peixeiro disputar o título, única coisa que lhe interessa, pois tem a vaga para a Libertadores do ano que vem garantida. Aliás, a proximidade do Mundial e o cuidado em se fazer um revezamento no meio de campo a partir de agora – setor crítico da equipe – já denunciavam que a preocupação da comissão técnica e da diretoria é outra.

Neymar, Kardec e Borges. Nem sempre é o Santos quem ri por último
Não vi o primeiro tempo, mas pelo que se percebeu na segunda etapa, Elano e Arouca, que voltaram agora de contusão, vão precisar de mais tempo para readquirir ritmo de jogo. Já Ibson, que entrou no lugar de Elano, continua devendo. As contusões e cartões têm forçado Muricy a adotar um esquema Two and a Half Man na frente (já que ou Neymar ou Alan Kardec voltam para o meio), com três homens no meio de campo. Funcionou em alguns jogos, hoje não foi o caso. Havia um vácuo entre os atacantes e os meias, e Alan Kardec fez uma partida pífia. A responsabilidade de Neymar, que jogou bem, foi muito grande. Também contribuiu para o mau desempenho os laterais reservas, Adriano no lugar de Danilo e Éder Lima ocupando a ala de Léo. Difícil fluir algo ofensivamente com os dois.

O Fluminense teve mais domínio, mas não criou grandes chances no segundo tempo. No entanto, fez dois gols, principalmente porque encarou a partida como uma decisão, coisa que o rival não fez, embora tenha se doado por boa parte da partida. Mas a questão é que, quando os seus superiores priorizam (com alguma razão) outra competição, é difícil para o atleta manter toda a atenção, ainda mais quando enfrenta um adversário tão comprometido como foi a equipe carioca, que assegurou os três pontos em jogada de escanteio aos 51 do segundo tempo.


De positivo para o Santos, a estreia de Renteria, que marcou logo de cara, como fez Borges. Pode ser útil, mas a preocupação de Muricy no momento deve ser com o meio de campo. E, para o torcedor alvinegro (assim como para o técnico), resta a torcida pela volta plena de Ganso, que dá outro ritmo ao meio de campo peixeiro. 

O Mundial

Podem dizer que é coisa de torcedor, análise enviesada, ou o que for. Mas, para mim, Mundial é bônus de quem ganha a Libertadores. Disputar uma partida só ou duas, como é hoje em dia, em território neutro (leia-se, no país que pagar mais), em termos técnicos e de “justiça da bola”, nunca me convenceu. O sistema de partidas de ida e volta como as que aconteciam nos anos 60, com cada campeão continental jogando em sua casa, não só davam possibilidades para que um equívoco ou lance de sorte de um jogo não fosse tão determinante, como também permitia que as torcidas locais pudesse ver a decisão. Hoje, ir para a Ásia ver seu clube do coração é impeditivo para a maioria dos torcedores, inclusive para os europeus, que não costumam dar muita bola para o torneio.

Mesmo assim, hoje, no business futebol, o tal do Mundial pode representar muitas pontes e chances de ganho financeiro para os clubes que souberem aproveitar a oportunidade. Isso, considerando que o rival de uma possível final é um time considerado um dos melhores de todos os tempos, no mínimo o melhor do planeta nos últimos 30 anos. O Santos, obviamente, está de olho, e tem mesmo que priorizar a competição, menos pelo valor técnico, mais pelo valor de marketing. Mas que dá dó ver um elenco desses que poderia estar disputando o título patinando... Isso dá.

Pelé contra o Barcelona

A propósito de marketing, o presidente do Santos, Luiz Álvaro de Oliveira, falou que já convenceu Muricy a inscrever Pelé com um dos atletas que podem disputar o Mundial e só falta acertar com o Rei. Uma jogada de marketing em caixa alta, mas é necessário lembrar que se pensava homenagear o Messias Giovanni na final do Campeonato Paulista de 2010 e a disputa se mostrou muito mais acirrada do que seimaginava e o veterano não entrou. Imagine se chegar a uma final contra o Barcelona...

Mesmo assim, sou a favor de toda e qualquer homenagem a Pelé, principalmente por parte do Santos, já que a diretoria anterior não conseguiu se aproximar do eterno dez.

quinta-feira, setembro 29, 2011

A nova posição de Ronaldinho Gaúcho

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Vi apenas o segundo tempo do jogo e, pelos “melhores momentos” do primeiro, parece que cheguei junto com o futebol. Meus colegas, mais competentes que eu, podem analisar o jogo, em post ou nos comentários. Eu mesmo queria só apontar algumas coisas que me impressionaram.

Primeiro a posição do Ronaldinho Gaúcho. Ele agora está se esmerando na arte de dar dribles fantásticos na antemeia-esquerda, ou anteponta, sei lá que nome tem aquela região do campo. Com o Neymar de ponta-esquerda e o Cortez apoiando na ala, o Gaúcho ficou recuado driblando e dando bons passes por ali, antes do meio campo, na sinistra, mais ou menos entre a quina da própria área e a linha central. E até que funcionou, porque justamente não tumultuou a zona de ação do Neymar.

Os dois gols brasileiros mostraram que há esperança no nosso futebol, pois foram gols de equipe, em que a bola foi ficando mais redonda a cada patada que recebia. O primeiro foi impressionante, a começar pelo drible inicial do Cortez, que de algum modo dá a velocidade e a inspiração para que a jogada continue, os toques perfeitos de Borges e Danilo, e no meio disso tudo, desde o início da jogada, cruzava o Lucas, que quando pega a bola numa posição dessas é mortal.


O segundo foi novamente uma limpada de terreno do Cortez, e o passe perfeito do Diego Souza para a, digamos, “trombada-arte” do Neymar, aquela jogada em que todo mundo se atrapalha e ele está ali para dar o toque que precisava.

Foram jogadas em que prevaleceu a qualidade. Chega a inflar o coração, mas aos poucos está parecendo que esta geração não vai deixar alternativa ao técnico da seleção senão investir no jogo bem jogado, pra frente, ágil e preciso. Mesmo que uns não queiram, certas verdades são irrefreáveis, pois se mostram com tamanha evidência que fica impossível reverter.

Será que as defesas brasileiras amadureceram? Será que agora já sabemos o que é defender e poderemos voltar àquela que acreditamos ser a vocação nacional, o futebol bonito, ofensivo, diagonal, oblíquo, imprevisível, elástico?

Simbolicamente, foi o Ronaldinho Gaúcho – que é artista mas sempre foi jogou mais pras câmeras que pro resultado, e de qualquer maneira é de uma geração em que os volantes é que eram “a alma” do time – que recuou e deu lugar deixou a dianteira pra molecada. E é gostoso ver isso acontecer diante da Argentina, mesmo que desfalcada, e mesmo tendo depois que ouvir o Galvão Bueno pela vigésima vez dizer que “ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é muuuuuito melhor”, o que é o óbvio.

Ou será que sou eu que fui tomado de um acesso de otimismo num joguinho pouco mais que medíocre? Olha que eu nem bebi, que eu tô me curando de uma conjuntivite. Deve ser o colírio antibiótico.

quarta-feira, setembro 28, 2011

O machismo nosso de cada dia ou Gisele Amélia Bündchen

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Hoje a comunidade virtual brasileira está fervilhando com o debate sobre a legalização do aborto. O assunto começou por conta da Campanha 28 de Setembro pela Despenalização e Legalização do Aborto na América Latina e no Caribe, que inspirou posts em muitos blogs, feministas ou não.


Sem muito o que acrescentar depois de textos tão completos (exemplos aqui e aqui), vou falar de outro assunto que afeta as mulheres. Pipocaram aqui e ali algumas discussões sobre o comercial estrelado por Gisele Bündchen, de uma marca de lingerie. Na peça, a modelo "ensina" como as mulheres devem comunicar más notícias para seus maridos/namorados. Falar que bateu o carro ou que estourou o limite do cartão de crédito (oi?) vestida não dá certo. A pedida é mostrar o corpão na hora de comunicar ao macho provedor que você, mulher, não se comportou como ele gostaria.

Sério mesmo?

O comercial tem tantos problemas conceituais que é até difícil falar de tudo. Mas vou tentar mesmo assim. Em primeiro lugar, é sabido que há anos existem mulheres trabalhando. Pode parecer incrível para alguns, mas mulheres saem de casa todo dia, vão ao trabalho, ralam bastante e ganham um salário (menor que o dos homens que cumprem as mesmas funções) para pagar as contas. A ideia de que mulheres devem explicar seus gastos para o homem da casa é muito, muito velha.

Vou me contradizer nesse momento e dizer que, apesar de a ideia da frase anterior ser velha, a prática de homens que acham que podem cobrar de suas esposas (ou até filhas) que lhes entregue o salário ainda existe. Sim, homens acham que devem controlar o orçamento doméstico para que a mulher não gaste demais. Não importa que as mulheres sejam mais responsáveis com dinheiro, como mostra a opção dos programas sociais de ter como titular do benefício a mulher e não o homem. Essa realidade faz com que a propaganda seja ainda mais ofensiva.

Outra questão é o uso do corpo como passaporte para se safar de situações difíceis (considerando o que já foi dito antes, que é um absurdo falar que bateu o carro ser uma situação difícil). Não quer criar problema? É só oferecer sexo e tudo bem. Mas veja bem, se você não for linda, alta, magra e loira não adianta, porque, afinal, quem é que quer uma mulher que não seja perfeita fisicamente? (e sim, indo um pouco além, sexo, para as mulheres, serve só para agradar os homens. Mulher tendo prazer? Isso é coisa do demo!)

E, num exercício de imaginação, vamos continuar a cena em que a notícia é dada quando a modelo está vestida. Se o filme sugere que o melhor é fazer isso pelada, é porque algo aconteceria se ela estivesse com roupas (ou fosse baixinha, gordinha e morena). O homem poderia ficar chateado, dar uma bronca e, quem sabe, até gritar com a pobre acidentada. Na vida real, isso acontece, o que já é bizarro, mas acontece mais, e pior. Acontecem agressões. E não me venham dizer que isso não é motivo para que agressões aconteçam, que isso só na minha cabeça de feminista que não tem mais o que fazer além de ter inveja da Gisele, já que sou feia, peluda, lésbica e mal comida (sim, são esses os argumentos de algumas pessoas). Qualquer motivo pode ser estopim de violência doméstica, basta ser desagradável ao macho provedor.

E quando você acha que não pode piorar, lê um texto, escrito por uma mulher, defendendo a propaganda com unhas e dentes.

Defender a propaganda, vá lá. Mas duas coisas me irritaram. A primeira foi o tom de desprezo pela opinião contrária. A segunda, a crítica à ação da Secretaria de Políticas para as Mulheres, que, depois de receber reclamações, resolveu pedir a suspensão da propaganda. Afinal, uma Secretaria paga com o "nosso dinheiro" deveria se meter em assuntos mais importantes.

Calma lá, cara pálida. Quem é você para decidir, sozinha, o que é importante para as mulheres? Então é assim: se você, que tem um blog no Estadão, acha que está tudo bem com a peça, então a Secretaria não deve se manifestar? Afinal, você trabalha no Estadão, tem voz, e por isso deve ser muito melhor que o resto das mulheres, certo? As mulheres que reclamaram para o órgão têm mais é que assistir a esse machismo caladas. Ah, faça-me o favor.

Dizer que é desperdício de dinheiro público também é uma piada. Quantos reais será que foram gastos com o pedido de suspensão e com a nota de repúdio? Uns R$ 10? Se o pessoal acha muito, eu reembolso a Secretaria, sem problemas.

Acho também muito curioso que uma pessoa que escreva sobre propaganda ignore a força de propagação de mensagens que esse tipo de mídia tem. Bom, na verdade é óbvio que a autora do texto acredita na força da publicidade, não fosse assim não escreveria sobre o tema nem seria paga para ter um blog sobre ele. Mas quando convém, a propaganda passa a ser apenas uma atividade inocente.

Eu tenho muito orgulho da atitude da Secretaria de ter passado por cima do óbvio e criticado a propaganda. O fato de não ser a primeira peça publicitária sexista não tira o mérito da ação. Espero que tenha êxito e faça com que nossos publicitários pensem um pouco mais na hora de fazer piadas com estereótipos.

Bom, é isso que eu gostaria que acontecesse, mas não tenho muita esperança, já que nossos criativos criadores sempre acham um jeito de burlar certas proibições. É só ver as propagandas de cerveja, que podem até não ter mais mulheres peladas, mas continuam machistas em sua maioria. Parece que, para algumas pessoas, é difícil entender que o que importa é a essência de uma regra, não as letras miúdas.

Os argumentos reaças vão ficando piores nos comentários depois do texto. É triste, mas sempre acho esse tipo de leitura um aprendizado. Porque costuma ser assim: quando você acha que não dá para piorar...

PS: Não vou colocar a propaganda aqui, me recuso. Todo mundo já viu mesmo...
PS2: desculpem pela banalização do PS, mas a gente fica criticando aqui sem dar nome aos bois, parece protesto contra corrupção que não fala de corruptor. A agência que criou as peças é a Giovanni+DraftFCB. Eles merecem ser expostos também.

José Dirceu, a cachaça e Merval Pereira

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Durante a festa de aniversário de dez anos da revista Fórum, o ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu, esteve presente e o Futepoca conversou rapidamente com ele. Dirceu mostrou conhecimento na área de cachaça, tema caro a este blogue, e também comentou o caso Veja e a regulação da mídia, sobrando para o o mais novo membro da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira. "Agora, vamos esperar o livro que ele vai publicar", ironizou. Confira a entrevista abaixo:


Futepoca - Esse é um blogue de política, futebol e cachaça, mas vamos começar por um assunto sobre o qual o senhor fala menos: gosta de cachaça? 
José Dirceu - Estou acostumado e acabo sempre tomando as mesmas, como a Germana, Boazinha, Indaiazinha etc. Mas existem muitas cachaças boas no Brasil, menos conhecidas, como Serra Limpa, Rainha, da Paraíba. Vale lembrar a Maria da Cruz, do ex-vice-presidente José Alencar. Hoje, também, as empresas não querem mais dar relógios de brinde e fabricam  cachaças exclusivas para presentear, como a que faz a Odebrecht, é uma cachaça de qualidade, como muitos empresários produzem. Lógico que ela fica um pouco mais cara, o ideal é que toda a população tivesse acesso, porque a cachaça comum tem metais pesados.

Futepoca - Você falou que muitos empresários dão cachaça de presente, qual cachaça Veja daria?
José Dirceu - Com alto teor alcoolico e alto índice de contaminação por metais pesados.


Futepoca - Neste último episódio, o repórter queria tomar cachaça no seu apartamento?
José Dirceu - É um episódio grave porque ele tentou invadir meu apartamento, depois se passar por um assessor da prefeitura de Varginha para me entregar um documento... O que ele queria fazer no meu apartamento? Fotografar, ver o apartamento ou colocar uma prova contra mim? É grave o que aconteceu e mais grave são as imagens ilegais, que são invasão de privacidade, de intimidade, foram subtraídas ou entregues ilegalmente à Veja, tanto que eles não dão crédito para as imagens. A construção de toda a matéria é uma tentativa de me linchar de novo, me prejulgar e de influenciar o Supremo Tribunal Federal. O que a Veja busca, e a matéria desta semana mostra isso, é influenciar ou tentar forjar uma prova para que se abra um novo processo contra mim, ou criar um clima de constrangimento, mobilizando a opinião pública para pedir minha condenação, já que, na avaliação deles, eu vou ser absolvido, até porque sou inocente.

Antonio Cruz/ABr
Futepoca - Mas a ação do repórter, que é um jovem formado há dois anos, de onde veio isso?
José Dirceu - É o editor, tem os responsáveis... Ele responde a quem em Brasília? Ao Mário Sabino, que responde ao Victor Civita. A Veja é responsável, até porque o advogado que defendeu o jornalista é da Veja e ele é réu confesso. É a quarta matéria que fazem, fizeram uma sobre reforma política agora e dizem que sou eu que estou conduzindo.

Futepoca - O seu caso é um caso extremo, mas há vários outros abusos cometidos pela imprensa cotidianamente. Você registrou ocorrência...
José Dirceu – Quem registrou ocorrência foi o hotel. A camareira que comunicou à segurança, a segurança comunicou à gerência e o hotel achou por bem fazer o boletim de ocorrência. A Veja vaza que as imagens da câmera do hotel foram fornecidas pra ela garantindo o sigilo da fonte, gratuitamente, não houve compra, não houve contratação de araponga. Agora, começam a vazar que foi um serviço paralelo da Abin. Pra mim não interessa quem foi, sei que a Veja cometeu um crime.

Futepoca - Mas pra você interessa o esclarecimento do caso. Você acha que falta um pouco dessa mesma disposição da parte de outras pessoas, dentro e fora do meio político, que são alvo de leviandades e crimes da imprensa? Até a discussão sobre regulação da mídia fica interditada.
José Dirceu - O [Luís] Nassif relatou aqui o calvário que é você processar um veículo de comunicação por crimes contra a honra e a imagem. Tudo porque, ao se revogar a Lei de Imprensa, se revogou o direito de resposta que estava regulamentado. Dependemos de uma nova lei de comunicação e a mídia faz campanha pra não ter regulamentação nenhuma. Não é pra não ter regulação não, mas pra não ter nem direito de resposta, porque em tese ele já estaria contemplado no Código Penal... E não tem nada, em todos os países do mundo existe o direito de resposta, que e é rigorosíssimo. No Brasil, começa a se ter a consciência de que tem que ter. Além disso, precisa regular a mídia, e regular não tem nada a ver com censura, todos os países do mundo têm.

Futepoca - O Merval Pereira assumiu uma cadeira na Academia Brasileira de Letras ontem (23 de setembro) e fez um discurso contra a regulação da mídia, dizendo que era censura...
José Dirceu - Ele está falando dos EUA, de Portugal, da Austrália, do Canadá, da Espanha, da França, da Grã Bretanha – que é rigorosíssima em relação à comunicação. Ele está dizendo que esses países são ditaduras e que têm censura. Ele sabe o que está fazendo, sabe que não é verdade, está defendendo o poder político, partidário. 
Já falei que a piada do ano é o Merval Pereira ser eleito para a Academia Brasileira de Letras. Ele ficou indignado comigo, mas é ele que toda hora me chama de chefe de quadrilha, corrupto. Até fiz um elogio pra ele... Realmente, a Academia Brasileira de Letras fez um grande ato ao escolhê-lo.  Agora, vamos esperar o livro que ele vai publicar.

(Por Frédi Vasconcelos, Moriti Neto e Glauco Faria)

Nota da redação: Futepoca também faz um apelo: leitor, ajude a encontrar alguém que já leu um livro de Merval Pereira.  

terça-feira, setembro 27, 2011

Lula deve desculpas à elite ou A casa grande tem raiva

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O Eduardo Guimarães e o Rodrigo Vianna já falaram a respeito, mas é difícil ignorar esse assunto. É possível conhecer muitas pessoas, ainda mais no estrato social dos autores do Futepoca, que não gostam do Lula. Os motivos são variados: há quem faça críticas à esquerda; outros, à direita; alguns citam tolerância à corrupção; outros destacam contradições de seus dois governos. Tudo isso faz parte do debate democrático, e que bom que é assim.

Mas muitos dos “críticos” que conhecemos não enveredam por esse lado. Gostam de lembrar da origem social do ex-presidente, falam do seu jeito de se expressar, do seu português, da sua não-formação universitária. A desqualificação é baseada no preconceito, em uma suposta superioridade que o tal canudo da universidade confere a seu possuidor. Os antecessores de Lula provam que isso não é bem verdade.

Abaixo, a tradução do artigo Esclavistas contra Lula, de Martín Granovsky, feita pela Thalita Pires. O jornalista mostra perplexidade diante dos jornalistas brasileiros que elaboram perguntas que tentam emparedar Richard Descoings, diretor de Sciences Po, que concedeu o título Honoris Causa ao ex-torneiro. Vale ler e perceber como um argentino pode entender tão bem as motivações da elite do país vizinho. E do servilismo de parte da sua mídia em relação a essa mesma elite.


Os escravocratas contra Lula

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Eles podem pronunciar sians po. É mais ou menos assim que se diz sciences politiques. Dizer Sciences Po é o suficiente para se referir ao encaixe perfeito de duas estruturas, a Fundação Nacional de Ciências Políticas na França e o Instituto de Estudos Políticos de Paris.

Não é difícil de pronunciar Sians Po. O difícil é entender, nesta altura do século XXI, como as ideias escravocratas permeiam as mentes das elites sul-americanas.

Esta tarde, o diretor da Sciences Po, Richard Descoings, entregará pela primeira vez o título de Doutor Honoris Causa a um latino-americano: o ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio "Lula" da Silva. Descoings discursará, e Lula também, claro.

Para explicar corretamente sua iniciativa, o diretor convocou uma reunião em seu escritório na Rue Saint Guillaume, perto da igreja de Saint Germain des Pres, de onde se podiam ver castanheiros com folhas amareladas. Entrar na cozinha é sempre interessante. Se alguém vai para Paris para participar como palestrante em dois eventos, um sobre a situação política na Argentina e outra no das relações entre Argentina e Brasil, não é mau entrar na cozinha em Sciences Po.

Pensa o mesmo a historiadora Diana Quattrocchi Woisson, que dirige o Observatório de Paris sobre a Argentina contemporânea, é diretora da Instituto das Américas e foi quem teve a idéia de organizar atividades acadêmicas na Argentina e no Brasil, do qual também participou o economista e historiador Mario Rapoport, um dos fundadores do Plano de Phoenix há 10 anos.

Claro que, para ouvir Descoings, haviam sido convidados vários colegas brasileiros. O professor Descoings quis ser agradável e didático. A Sciences Po tem uma cátedra sobre o Mercosul, os estudantes brasileiros vão cada vez mais para a França, Lula não saiu da elite tradicional brasileira, mas atingiu o maior nível de responsabilidade no país e aplicou planos de alta eficácia social.

Um dos meus colegas perguntou não havia problema premiar quem se gaba de nunca ter lido um livro. O professor manteve a calma e olhou espantado. Talvez ele saiba que essa jactância de Lula não consta em atas, embora seja verdade que ele não tenha título universitário. Tanto é verdade que quando ele assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2003, levantou o diploma dado aos presidentes do Brasil e disse: "Pena que minha mãe morreu. Ela sempre quis que eu tivesse um diploma e nunca imaginei que o primeiro seria o de presidente da república. " E chorou.

"Por que premiar um presidente que tolerou a corrupção?" foi a pergunta seguinte.

O professor sorriu e disse: "Olhe, a Sciences Po não é a Igreja Católica. Não entra em análises morais nem tira conclusões precipitadas. Deixamos esse e outros assuntos importantes, como a chegada da eletricidade em favelas em todo o Brasil e as políticas sociais, para o julgamento histórico." Ele acrescentou: "Hoje, que país pode medir outro moralmente? Se você quer levar a questão mais longe no tempo, lembre-se que um alto funcionário de outro país teve que renunciar por ter plagiado uma tese de doutorado de um estudante." Ele falou de Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro da Defesa alemão até que se soube do plágio. Além disso: "Não desculpamos, não julgamos. Simplesmente não damos lições de moral a outros países."

Outro colega perguntou não havia problema em premiar quem uma vez chamou Muammar Khadafi de irmão. Com desculpas devidas, que foram expressas para o professor e colegas, a impaciência argentina levou a perguntar onde Khadafi tinha comprado suas armas e que país refinava petróleo, bem como o comprava. O professor deve ter ficado grato que a questão não citou, por nome e sobrenome, a França e Itália.

Descoings aproveitou para destacar em Lula "o homem de ação que mudou o curso das coisas" e disse que a concepção de Sciences Po não é o ser humano como "um ou outro", mas como "um e outro", destacando o et, que significa "e" em francês.

Diana Quattrocchi, como uma latino-americana que estudou e se doutorou em Paris após sair de uma prisão na ditadura na Argentina graças à pressão da Anistia Internacional, disse que estava orgulhosa de que a Science Po tenha dado o Honoris Causa a um presidente da região e perguntou quais eram os motivos geopolíticos para isso.

O mundo todo se pergunta", disse Descoings. "E nós temos que ouvir todos. O mundo ainda nem sabe se a Europa vai existir no ano que vem."

Na Science Po, Descoings introduziu incentivos para que alunos presumivelmente em desvantagem pudessem passar no exame. O que é chamado de discriminação positiva ou ação afirmativa, e parece, por exemplo, com a cota exigida na Argentina para que um terço das candidaturas ao legislativo sejam de mulheres.

Outro colega brasileiro perguntou, com ironia, se o Honoris Causa a Lula era um exemplo de ação afirmativa da Science Po.
Parte da elite daqui parece ter saudades de tempos idos
Descoings observou-o cuidadosamente antes de responder. "As elites não são apenas educacionais ou sociais", disse ele. "Aqueles que avaliam os que são melhores são os outros, não aqueles que são iguais. Se não, estaríamos diante de um caso de elitismo social. Lula é um torneiro que se tornou presidente, mas até onde entendo, foi eleito por milhões de brasileiros em eleições democráticas."

Como Cristina Fernández de Kirchner e Dilma Rousseff na Assembléia Geral da ONU, Lula enfatizou que a reforma do FMI e Banco Mundial estão atrasadas. Ele diz que essas agências, como funcionam hoje, "não servem para nada". Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) ofereceram ajuda para a Europa. A China sozinha tem o maior nível de reservas no mundo. Em um artigo publicado no El Pais os ex-primeiros-ministros Felipe Gonzalez e Gordon Brown pediram maior autonomia para o FMI. Eles querem que o organismo seja o auditor do G-20. Em outras palavras, eles querem o oposto do que pensam os Brics.

No meio dessa discussão, Lula chegará à França. É conveniente avisá-lo que, antes de receber um Honoris Causa na Sciences Po, ele deveria pedir desculpas para a elite do seu país. Um metalúrgico não pode ser presidente. Se por algum acaso chegou ao Planalto, agora deveria se esconder. No Brasil, a casa-grande das propriedades eram reservadas aos proprietários de terras e escravos. Então, Lula, agora silêncio, por favor.

A casa-grande tem raiva.

O original está aqui.

segunda-feira, setembro 26, 2011

A inquietação como um bom sinal no Tricolor

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Por Moriti Neto

Botafogo 2 x 2 São Paulo foi daqueles jogos de causar inquietação. Tanto melhor para o torcedor são-paulino, que vinha faz tempo aguardando uma partida menos previsível do time de coração.

Neste domingo, no Engenhão, cada etapa foi de uma equipe. O Glorioso esteve melhor nos primeiros 45 minutos. Mais objetivo, criou boas chances, com direito a bola na trave de um Ceni já batido, e ataques muito velozes com Maicosuel pela esquerda do ataque. E exatamente por ali, aos 24, a bola chegou a Loco Abreu, livre, para abertura do placar: 1 x 0.

O marcador era merecido. O São Paulo tinha mais posse de bola, mas eram os botafoguenses que levavam perigo maior. Não demoraria muito para que o melhor mandante do campeonato ampliasse. Aos 38, Wellington faz pênalti em Renato. Na batida, Loco Abreu vence novamente Ceni e anota 2 x 0.

Inversão

O segundo tempo mostra um cenário inverso ao da primeira etapa. Não é mais o anfitrião deselegante que manda na partida. O visitante mais incômodo do certame é quem controla as ações.

Com Rivaldo em lugar de Juan – claramente atingido emocionalmente pela pressão da torcida adversária – Carlinhos Paraíba ocupa a lateral-esquerda. O Tricolor mantém a posse de bola, mas, dessa vez, ganha, de fato, o campo do adversário. Wellington e Denílson passam a marcar  adiantados e bloqueiam as saídas rápidas do Botafogo. O esférico passa a girar com mais qualidade e o volume de jogo aparece.

Aos 15, no único contragolpe efetivo que os cariocas conseguem, Loco Abreu perde, embaixo da meta são-paulina, incrível chance de selar os destinos da peleja.

Henrique entra no lugar de Marlos. Funciona. Os paulistas, agora, além de mais inteligência na organização, têm uma referência no ataque.



Algumas oportunidades já haviam ocorrido, quando Cícero, aos 20, chuta de fora da área, o goleiro Renan rebate, e Henrique, como um centroavante deve fazer, mesmo caindo, diminui.
Daí para frente, o São Paulo pressiona, sempre com Rivaldo ditando o ritmo. O Botafogo se segura na marcação. Aos 46, uma falta perto da área carioca faz Ceni se deslocar até o campo de ataque. Ele bate. A bola viaja com muito efeito. O goleiro faz a assistência perfeita para o camisa 10, de cabeça, empatar.

No minuto seguinte, Lucas faz jogada em velocidade e a bola sobra para Rivaldo pela esquerda do ataque. Ele toca, tenta fazer um golaço por cobertura, e a redonda vai fora. Poderia até bater firme, cruzado, é verdade, mas, naquela altura, como criticar um jogador, que aos 39 de idade, num jogo duro, adverso, conferiu toda a lucidez que faltava ao Tricolor?

Bom resultado e mais clareza

Depois de um primeiro tempo que pintava a partida como um passeio botafoguense, o empate soou como vitória, até porque algumas coisas vão ficando mais claras no São Paulo: há esperança de jogar bom futebol – como mostrado em toda a segunda etapa – o talento de Rivaldo ainda pode ser decisivo em jogos difíceis (restando saber se é melhor colocá-lo de cara numa partida e esperar que manifeste o cansaço ou se ele entra para “salvar” em situações ruins) e o time que, desde março, é preparado para jogar com Luis Fabiano no ataque (vide a insistência de Carpegiani com Fernandinho, visando mais jogadas de linha de fundo) deveria ter apostado, há tempos, em alguém com características de área. Talvez Henrique. Talvez mesmo Rivaldo. Precisava era ter referência.

Vem aí o Flamengo, no Morumbi, e até o problema do comando de ataque tem boas perspectivas de solução. Luis Fabiano vai estrear e a casa estará cheia. Hora de inquietar os adversários.