Destaques

sábado, abril 14, 2012

Cem anos do Santos, o time que faz sonhar

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Falar dos cem anos do Santos atendo-se às glórias conquistadas pelo clube é um tarefa quase impossível. Não só pela quantidade e pelos números incríveis da equipe profissional que mais marcou gols na face da Terra, mas também pela forma com que muitos títulos foram conquistados. E também por aquelas equipes que não obtiveram títulos e mesmo assim fizeram história, como o time que marcou pela primeira vez cem gols no futebol brasileiro em uma competição. Cem gols em 16 partidas, uma média espetacular de 6,25 gols alcançada em 1927, oito anos antes do seu primeiro campeonato paulista. Na Vila Belmiro, sempre foi assim, a arte precede aos títulos.


Pelé e Clodoaldo: o futebol agradece ao Santos
Mas, além da história do clube, existe aquela relação única que cada torcedor constrói com seu time. A minha começou mesmo antes de eu nascer, quando o meu avô materno, nascido no Sul de Minas, mudou para o litoral paulista. E um dos motivos da mudança era o fato de ele ser torcedor... do Santos. Certamente foi a narração de pelejas épicas e repletas de gols que fez seo Benedito torcer para um time que, àquela altura, nunca havia sido campeão além dos domínios da Baixada. E que, mais tarde, graças ao futebol bem jogado, conquistaria outros tantos torcedores em todo o mundo, parando guerras e dando à seleção brasileira alguns dos jogadores responsáveis pela época de ouro do futebol brasileiro. Desde os protagonistas Zito e Pelé em 1958 até os atores principais do gol mais bonito de todas as Copas em 1970, que começou com os dribles desconcertantes do santista Clodoaldo, passou pela assistência perfeita de Pelé e culminou na finalização indefensável do peixeiro Carlos Alberto Torres.

Sim, porque, diferentemente de times que surgem em capitais de estado e tem somente que superar concorrentes da própria cidade para se sobressair, contando com o inevitável apoio econômico e político (de dentro e fora do mundo da bola), o Peixe – apelido dado pelos rivais justamente para menosprezar sua origem – teve que jogar muita bola para se tornar o que é. Foi preciso subverter a lógica dentro dos gramados, arrebatando pela beleza dos lances desenhados por artistas incomuns, para também subverter a lógica que o destinaria a ser um time pequeno. O Alvinegro tornou-se gigante não pela sua natureza, geográfica ou econômica, e sim por representar em campo a essência do jogo. 

A provação 

Mas nem tudo foram flores nesses cem anos. Até porque, para uma trajetória vitoriosa, a derrota e o sofrimento são elementos que ajudam a formar o caráter, do torcedor e de um time. Desde a primeira vez que pisei na Vila Belmiro – levado pelo meu pai, aos sete anos de idade, em um Santos e Ponte Preta de 1982 –, até hoje, um período em particular foi terrível: a fila de 18 anos sem título. E para alguém que está em fase de crescimento em um período como esse, a crueldade do torcedor rival é muito mais marcante, porque se junta a todas as outras agruras de criança e de adolescente. Na Baixada, onde o Santos é o mais odiado pelos rivais, o peixeiro se tornava alvo de gozação a cada bate-papo de futebol. Quando o time perdia – para qualquer adversário – volta e meia escutavam-se rojões. Fora da região, a tarefa era suportar o desdém de muitos que fingiam que o time não existia ou que era “coisa de historiador”. Para o santista, a fila era mais que uma provação, pois havia o fardo da gloriosa história para carregar, que não se refletia nas quatro linhas.

Um personagem histórico, uma partida inesquecível
Não que não tenha havido chance de o clube sair da fila. Depois de algumas formações ridículas da segunda metade dos anos 80 e da primeira metade dos 90, o Santos se reergueu. E, por destino, foi pelos pés de um camisa dez. Não, de um camisa Dez, com caixa alta. Giovanni comandou uma equipe que tinha desde jogadores “renegados” como Marcos Adriano e Macedo, até jovens e não tão jovens esperanças como Narciso, Jamelli, Edinho, Wagner, Carlinhos, Marcelo Passos, Robert e a arma surpresa Camanducaia. O meia também foi protagonista de uma das maiores partidas da rica história alvinegra e que foi, seguramente, a maior atuação individual de um boleiro que vi ao vivo.

Mas não foi ali que saímos da fila. Deixei o Pacaembu triste naquela segunda partida da final do Brasileiro de 1995, mesmo assim fui saudar os vice-campeões na Praça Independência, em Santos. Alguns jogadores foram até lá prestigiar aquela torcida que considerava aqueles os verdadeiros campeões brasileiros. Fui ali não para lamentar a arbitragem, e sim para agradecer àqueles que tinham devolvido a autoestima ao santista, que fizeram daquelas lembranças gloriosas, que eu não tinha vivido, uma realidade. Uma realidade que não se fez presente pelo título, que ao final não veio, mas pela beleza, pelo futebol bem jogado que honrava a mística da camisa alvinegra que chegou a parecer perdida.

A beleza tinha voltado, mas a zombaria continuava. E não cessou com o título do Rio-São Paulo de 1997. Nem com a Copa Conmebol de 1998. Era preciso um título mais significativo. Um Paulista, que na época tinha mais charme que hoje, ou um Brasileiro... O Estadual quase veio após uma partida enfartante em que o Peixe virou contra o Palmeiras de Felipão nas semifinais, um épico 3 a 2 depois de estar perdendo por 2 a 0 até os 23 minutos do segundo tempo. Mas, na final, o time perdeu o título para o São Paulo.

No ano seguinte, nova decepção. Desta vez, com um gol de Ricardinho no último minuto da semifinal do Paulista. Ali, antes mesmo de o gol acontecer, um pressentimento me assaltava. Na outra partida da semifinal, Ponte Preta e Botafogo jogavam para saber quem seria o outro postulante ao título. Enquanto a Ponte era a finalista, para mim era lógico superar a tradicional equipe campineira e sair da fila contra ela. O Corinthians já tinha feito isso, o São Paulo já tinha a derrotado em outra final e o Palmeiras faria o mesmo sete anos depois. Mas quando o Botafogo garantiu sua ida à final, temi pelo pior. Faltavam cinco minutos para o jogo acabar. Para mim, era certo: o Santos não sairia da fila contra o time do interior. Uma fila de 17 anos não acaba assim. Aquela certeza tétrica me fez esperar pelo pior, que veio ao fim daqueles doídos 90 minutos. Decepção era pouco. Chovia na Baixada e naquele dia até os rivais guardaram os rojões em respeito à dor alheia. 

A redenção 

Em 2002, o ano também não parecia promissor. A desclassificação do time comandado por Celso Roth obrigou o Santos a viver o maior período de inatividade de sua história. Veio Emerson Leão, treinador então desacreditado, e o elenco contava com outros atletas que não haviam emplacado, como Paulo Almeida, Elano, Renato... André Luís, zagueiro-vilão do Paulista de 2001, e dois moleques como Diego, que ainda era só uma promessa, e Robinho, que nem isso era. E o final, finalmente, foi feliz.

Não foi só um título. Não foi só uma quebra de jejum. Foi um futebol que na fase final mostrou a essência da história santista: era o encantamento, a arte, o arrebatamento. O favorito “Real Madrid do Morumbi” foi derrubado; o futebol-força gaúcho do artilheiro da competição sucumbiu; e os algozes do ano anterior caíram diante das pedaladas do menino Robinho, que ainda jogou ao chão outro marcador no segundo gol daquela final e chamou dois jogadores de seleção para dançar no terceiro. E eu, que imaginei aquele momento durante tanto tempo achando que iria me emocionar, chorar, simplesmente não conseguia parar de rir. Porque aquele era um futebol alegre de fato, do tipo que sempre fez o santista e o amante legítimo da bola sorrir. O gigante havia voltado.

A dupla que deu continuidade à lenda
E, desde então, o Santos tem mostrado sua grandeza quase a todo ano. Vice do Brasileiro e da Libertadores em 2003, campeão brasileiro em 2004, campeão paulista em 2006 e 2007 (ano em que foi vice do Brasileiro); vice paulista em 2009, campeão paulista de 2010 e 2011, da Copa do Brasil em 2010 e da Libertadores em 2011. Nos dois últimos anos, deu ao mundo lindos gols e belos lances com a dupla Neymar e Ganso, além dos coadjuvantes talentosos que cativaram não só os torcedores como todos aqueles que gostam do bom futebol. Um Neymar “imparável”, como definiu um locutor mexicano, assombrando não só pela sua habilidade, mas também pela decisão de remar contra a maré e permanecer no Brasil diante de toda sorte de investidas estrangeiras. E, quando a técnica não foi suficiente e as adversidades apareceram, a raça resolveu, como quando Ganso encarnou Almir Pernambuquinho na final do Paulista, contra o Santo André. Eram novos capítulos de uma história que começou a ser escrita naquele 14 de abril de 1912, e que faz parte da minha vida antes de eu existir. Que faz com que o torcedor tenha orgulho do seu clube até mesmo quando ele não vence ou ganha títulos.

E é no centenário, nessa efeméride única, que se lembra daquilo que se viu e do que apenas se ouviu ou leu. E que sempre fez sonhar. É tempo de recordar daqueles que me apresentaram ao futebol, do meu pai que me levou ao campo sagrado da Vila Belmiro pela primeira vez e que ainda hoje me acompanha nas sagradas arquibancadas. Do meu avô que não conheci e que deve estar lá, junto com meu primo Salvador, fanático peixeiro que levou a bandeira do clube para o Além, onde deve estar apreciando o balé boleiro de estrelas como Araken Patusca, Feitiço, Camarão, Antoninho, Jair Rosa Pinto, Mauro Ramos de Oliveira, Ramos Delgado, Pagão, Tite, Vasconcelos, Toninho Guerreiro, Luis Alonso Perez e tantos outros que fizeram não só o Santos, mas o futebol brasileiro, ser o que é.

Como bem disse Mario Sergio Cortella, seu papel de filósofo também se relaciona com o fato de ser torcedor do Santos. Porque filosofar é ir além do óbvio, de buscar o inesperado. E o Santos, durante esses cem anos, foi muito além do óbvio. Que siga assim por mais muitos centenários.

Outros tantos virão para ver...
Também publicado em Filho de Peixe

sexta-feira, abril 13, 2012

Leão do Mar em ritmo de jazz ou Aquecimento para o Centenário

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Uma versão muito boa do Leão do Mar, tido como hino do Santos por muitos. Na verdade, é uma marchinha comemorativa do título paulista de 1955, composta em janeiro de 1956 pelo publicitário paulistano José Maugeri Netto. O hino oficial, composto pelo músico santista Carlos Henrique Paganetto Roma, é de 1957 e pode ser ouvido aqui.

quarta-feira, abril 11, 2012

O show obscurantista de Heloisa Helena

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Durante o julgamento do STF sobre o aborto de anencéfalos, a ex-candidata à presidência da República Heloisa Helena resolveu manifestar sua opinião a respeito. As posições a favor e contra o mérito da questão (que, atenção, era sobre o aborto de anencéfalos e não sobre o direito ao aborto, para o tema, recomendo a leitura aqui) que estava sendo julgada no Supremo tiveram argumentos aos montes nas redes sociais durante todo o dia, mas a ex-senadora resolveu ir além do que já vinha sendo dito.

Primeiro, apelou para o lado emocional, ao citar o caso de uma criança de dois anos que foi levada pelos pais ao STF para sensibilizar os juízes. Mas, lendo a matéria, há um detalhe no segundo parágrafo:

Apesar do diagnóstico de anencefalia, Vitória nasceu com um resquício de cérebro e couro cabeludo (acrania), conforme especialistas ouvidos pelo G1.

Ou seja, a menina que teria anencefalia diagnosticada na gravidez, não é anencéfala. Um especialista explica mais à frente: A anencefalia não tem membrana por cima, não tem calota, não tem couro cabeludo, não tem crânio, não tem encéfalo, tem apenas tronco cerebral que mantém apenas os impulsos para batimento cardíaco e movimentos respiratórios. Não há cognição.

Heloisa Helena referendou e divulgou um exemplo que não exemplificava nada para justificar sua posição. Se tivesse lido essa matéria do Terra, ela saberia definir melhor. Segue esse trecho:

Cinquenta por cento das mortes em casos de anencefalia são provocadas ainda na vida intrauterina. Dos que nascem com vida, 99% morrem logo após o parto e o restante pode sobreviver por dias, ou poucos meses. "Os que sobrevivem, conseguem fazer o movimento involuntário de engolir, respirar e manter os batimentos cardíacos, já que essas funções são controladas pelo tronco cerebral, a região que não é atingida pela anomalia. Alguns não precisam do auxílio de aparelhos e chegam até a serem levados para casa, mas vivem em estado vegetativo, sem a parte da consciência, que é de responsabilidade do cérebro.

Mas Heloisa Helena precisava continuar. Em uma sequência argumentativa que pode ser lida em seu Twitter, solta a pérola: Claro q Mulher tem Direito ao seu Corpo..pode fazer Plástica, pintar Cabelo de Roxo..mas ñ Matar uma Criança!



E, pra completar, diz:

Alguém acha q/é Fácil ser Mãe de Autista, Portador Sofrimento Mental, Problemas Neurológicos Gravíssimos... Cuidado Eugenia! #anencefalia

Eugenia??? O que mais perturba nesse tuíte, na verdade, é a comparação absurda e que leva a interpretações preconceituosas de todo tipo quando se iguala um anencéfalo a um autista ou portador de doença mental. A ex-senadora, que é formada em Enfermagem, deveria saber a diferença e perceber que esse tipo de discurso utilizado para estruturar seu indisfarçável proselitismo religioso é muito ofensivo para quem tem um autista ou portador de doença mental na família.

Embora a definição mesma de autismo, por exemplo, ainda seja controversa, é inegável que um autista tem cognição, além de uma expectativa de vida normal o que, como deveria saber Helena, não ocorre com um anencéfalo. Alimentar tal confusão e sustentar esse obscurantismo é ir além de defender uma posição, é alimentar estigmas e esteriótipos negativos que pessoas lutam durante anos para mudar.

quinta-feira, abril 05, 2012

Último a sair, apague a luz

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Por Luciana Nepomuceno

Lanterna. E naquela situação que só quem gosta é narrador e comentarista da Globo, com ênfase no Galvão: “se ganhar por um gol e tiver empate no outro jogo”, “se a bolsa de Tóquio oscilar e o Ronaldinho marcar de calcanhar”, “se fizer um gol no primeiro tempo e no outro jogo o juiz começar a brincar de amarelinha”. E, claro, alguém faz um gol aos 3 minutos de jogo e as contas todas recomeçam.

Flamengo jogou (jogou?) ontem com o Emelec em Guayaquil, e perdeu para o time equatoriano que, com toda gentileza, pode ser considerado limitado. O Mengo conseguiu o feito de ficar em vantagem duas vezes e terminar o jogo com derrota. O placar final foi bem mais do que um 2X3 dolorido. Foi a certeza de que a impressão de que pode haver uma luz no fim do túnel pode ser trocada pela absoluta convicção que isso não é um túnel, mas um poço.

O Flamengo tem camisa, tem preparo e tem jogadores que podiam ter vencido o jogo. Mas não tem comando, norte, padrão de jogo nem vontade de ganhar. Tem só aquele vergonhoso ímpeto de recuar sempre que obtém uma pequena vantagem. Displicência. É só ver o primeiro gol do Emelec. Sete jogadores do Flamengo dentro da pequena área marcando... absolutamente ninguém. É só ver os lampejos do Ronaldinho que continuam me convencendo que, se houvesse vontade... mas não há. Nem dele nem do comando do time e do clube de colocar alguma ordem no pagode. E os torcedores tolos, que nem eu, que dancem.

Eu não tenho nada contra perder jogos. Acontece. Quem está na chuva é pra se molhar e, por vezes, o time adversário apresenta competência tática ou primor técnico ou mesmo aquele sangue no olho que a gente adivinha: ops, hoje não vai rolar. Mas há derrotas que são amargas não apenas por elas mesmas e sim pelo que representam. A derrota de ontem foi uma delas. O Flamengo está perdido. Não sabe lidar com seu medalhão, não sabe tratar seus jogadores novos. O Joel já saiu em defesa de si mesmo culpando Luxemburgo e os novatos. Como se Muralha, Diego Maurício, Negueba não fossem o que de último suspiro nos restasse. A diretoria está perdida, na janela, vendo a banda passar. Não se trata de pedir a cabeça (oi?) do técnico, mas de reconhecer: não há time. O Flamengo, hoje, não tem perspectiva maior que buscar classificação para a final da Taça Rio e, aí, quem sabe, pensar em disputar o Campeonato Carioca. Eu até gosto dos estaduais, mas é pouco, muito pouco. Uma mentalidade decadente, autorreferente e mesquinha. Só isso explica a covardia de colocar o time todo na retranca jogando contra, sem querer ofender, o fraquíssimo Emelec. E não é arrogância, é só pensar: o Emelec tinha feito apenas um gol em quatro jogos. Eu disse UM. Pois é. As mudanças no Flamengo chamaram o Emelec pra dança. Joel colocou um zagueiro no lugar de um atacante – isso aí, bora recuar – em uma formação que não foi treinada nenhuma vez na semana. Ne-nhu-ma-zi-nha. Nem de brincadeira. O que esperar? O que aconteceu: o Emelec deitou e rolou, sambou na cara dos rubro-negros a quem só resta balançar a cabeça inchada e resmungar: até quando, papai Joel?


Confesso que tristeza em mim é mato

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

Peixe domina, mas Muriel salva Internacional da derrota

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Após o passeio dado sem mãos dadas na Vila Belmiro, era de se esperar que o Internacional viesse pra cima do Santos. Mesmo com desfalques importantes, os gaúchos tiveram desde o início da partida uma postura distinta daquela da primeira peleja entre os dois na Libertadores. E o Colorado não tardou a chegar ao gol, em cobrança de falta – bem feita sim – de Nei, na qual Rafael fez um golpe de vista algo questionável para um arqueiro de nível como ele.

Mas Rafael só apareceria novamente aos 26 da segunda etapa, em uma finalização de Jajá. Não fez qualquer defesa importante antes ou depois disso e deixou para o rival Muriel o cargo de estrela do jogo que marcou o aniversário do Inter, 103 anos. Foi ele que evitou a derrota gaúcha, com importantes intervenções que evitaram com que Neymar, em várias belas jogadas, saísse consagrado no Beira-Rio.

Em um jogo de futebol, ainda mais em um campeonato como a Libertadores, às vezes a confiança diz mais que a técnica. E se um se junta ao outro, vixe... Na primeira etapa, quando foi possível observar dois lances em que defensores do Inter isolaram a bola sem necessidade, só ao perceber a presença de Neymar a alguns metros, mesmo os mais apaixonados torcedores do time da casa já sentiram que o churrasco passava do ponto (com todo respeito ao lugar comum e ao estereótipo). E não era só o Joia da Vila, mas sim a equipe litorânea que impunha seu jogo e mantinha a posse de bola, tocando e tocando a dita cuja com a paciência dos matadores que só esperam o momento certo pra dar cabo da sua missão.

Mas o tal momento só veio na segunda etapa, quando Muricy ousou e colocou Alan Kardec no lugar do hesitante Fucile. Um lateral por um atacante, um ímpeto ofensivo recompensado dois minutos após a troca, quando Neymar serviu Juan, lateral que até então vinha mal, cruzar para o amuleto santista fazer o gol de empate.


O Inter ainda teria um jogador expulso, Rodrigo Moledo, que sofreu com Neymar no primeiro jogo e cometeu duas infrações no moleque que lhe valeram cartões amarelos. Aliás, os donos da casa fizeram 24 faltas, enquanto o Santos fez dez, o mesmo número de infrações sofridas só pelo 11 peixeiro. Significa. Como também significa a posse de bola alvinegra, quase 62% contra 38%, mesmo jogando em domínio alheio.

Ao peixeiro, pareceu uma vitória que escapou, embora a classificação esteja encaminhada. O Alvinegro tem dez pontos, o Inter, oito, e o The Strongest, que enfrenta o Juan Aurich fora de casa, tem sete. Os belos lances, o domínio da bola e a altivez mesmo fora de casa valeram a noite para o torcedor santista. Ah, sim, parabéns a Muriel, já que, em um jogo no qual atuaram três atacantes já convocados pra seleção, ele fez a diferença.

quarta-feira, abril 04, 2012

Virada no Horizonte-CE

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Enfim, uma notícia boa. Passadas duas derrotas seguidas, que quebraram a série invicta de 22 partidas mantida até então, o Palmeiras facilitou a própria vida na Copa do Brasil contra o Horizonte do Ceará. Tudo bem, não é nenhuma notícia ótima, mas o trauma alviverde na competição nacional mais divertida e surpreendente do país torna qualquer vitória por pelo menos dois gols de diferença um acontecimento.

E considere-se que foi 3 a 1 de virada. Quer dizer, o time saiu perdendo, em falha de Leandro Amaro no gol de Mateus. O empate e o segundo gol foram marcados pelo próprio zagueiro. Depois, Maikon Leite resolveu a vida, depois de substituir Wesley, desentrosado e ainda muito aquém das expectativas.

A dependência das bolas levadas à área por Marcos Assunção prossegue (foram dois gols assim). O terceiro foi oportunismo de um bom contra-ataque armado. Oportunismo porque o time é pouco objetivo, erra muito perto da área. A próxima fase terá o Paraná ou o Ceará na frente do Verdão.


DEM, Agripino Maia e Demóstenes Torres: Um ato falho às vezes diz mais que mil palavras

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Agripino Maia, presidente do DEM, ao comentar o caso Demóstenese Torres:

O DEM tem uma história clara de não-convivência com a ética.

Ao se justificar, Agripino disse que na verdade quis dizer a palavra "aética", que, de acordo com o bom senso e com o dicionário, é um adjetivo, o que tornaria a frase incoerente. Ou seja, o nobre político se "confunde" até pra explicar um ato falho?



Sobre ato falho, Freud explica.

sexta-feira, março 30, 2012

Goleada e nova marca de Neymar

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Sim, foi fácil. O Santos garantiu sua classificação com uma goleada de 5 a 0 contra o Guaratinguetá. Não igualou o resultado feito contra a Ponte Preta, mas valeu pela marca alcançada por Neymar, que fez a trinca – dois de pênalti – na partida. Chegou a 95 gols, superando Robinho e ocupando a quarta posição no rol dos maiores artilheiros pós Era Pelé. À frente dele, Juary, com 101 tentos, e João Paulo e Serginho Chulapa, com 104 cada um (a lista dos 25 maiores do Alvinegro aqui).

Com 4 a 0 antes do intervalo, a segunda etapa foi em ritmo de treino, ainda mais que o time do interior ficou com um a menos no final da primeira metade da partida. Belas trocas de passe, jogadas inspiradas de Neymar, boa atuação (principalmente ofensiva) de Juan e de Ibson, e a torcida com seu apoio quase incondicional a Elano, que entrou no segundo tempo.

Além disso, vários jogadores forçando cartão amarelo, como é praxe, para se pouparem contra a Portuguesa, que já não tem mais nada a fazer na competição. Aliás, poucos clubes têm. Naquele que é um dos campeonatos paulistas mais previsíveis e sem graça dos últimos tempos, os oito classificados já estão praticamente definidos, somente Ponte e Bragantino não asseguraram a vaga, apesar de estarem a nove e sete pontos do nono colocado, de nove pontos que restam ser disputados. Já na zona do rebaixamento, cinco times correm riscos mais evidentes, sendo que o Comercial, a cinco pontos de sair da degola, depende de um milagre.

Abaixo, os lances da partida:

quarta-feira, março 28, 2012

Copa 2014: entre a investigação e os números perdidos

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POR Thais Barreto *


Um pouco de dedicação e uma cuidadosa pesquisa já foram suficientes para concluir: quem quiser saber a fundo o que se passa nos bastidores de realização da Copa 2014 precisa estar sujeito e entrar num labirinto.

O repórter que queira fazer uma matéria levantando simples dados como: total de investimentos ou andamento da obra encontrará dificuldades. Ele perguntará a seus botões: onde está a transparência que o governo prometeu?

Os dirigentes responsáveis pela candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo FIFA 2014 alegaram, entre outras coisas, que a população poderia receber um grande legado de desenvolvimento urbano e social. Além disso, o pretexto para justificar os investimentos veio acompanhado de outra vantagem: o futebol mexe com a emoção e tem o poder de mobilizar boa parte dos brasileiros.

O consultor legislativo do Senado Federal, Alexandre Guimarães, afirmou que só saberemos o valor final do orçamento da Copa em 2015. Até agora, considerando apenas o primeiro ciclo (são três), o valor já chega em R$ 33, 1 bilhões, acompanhado do alerta “os valores não devem ser comparados aos investimentos finais”. Temos 12 cidades-sede, todos com obra para estádios. Segundo o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), estádio é o item que possui maior risco de obras com custo elevado.

Além disso, temos um agravante: a sociedade pouco usufruirá. Recuperando experiências de outros locais, podemos citar Portugal, que sediou em 2004 a Eurocopa. Gestores locais chegaram a discutir opção de demolir o estádio municipal de Aveiro. Isso aconteceu por conta das desvantagens entre a receita e as despesas. Essa é uma realidade que o Brasil não está imune.

O TCU apontou em quatro cidades-sede o risco de estádios se tornarem “elefantes brancos”. É o caso de Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília. Experimente acompanhar essas obras. O Estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal, possui relatórios desatualizados. Nos portais da Controladoria Geral da União e do TCU até a data referente ao início dessa obra está diferente.

Dificilmente será cumprido o prazo estabelecido para entrega dos estádios, o qual, de acordo com o relatório do TCU, elaborado em 2009, as obras estariam finalizadas em 31/12/2012. E agora, o que nos resta? É preciso encarar o desafio, não podemos nos limitar porque os dados nos confundem ou desestimulam o trabalho. O que resta aos repórteres-investigadores é tecer o fio de Ariadne, aquele utilizado no labirinto. Temos muitas perguntas a serem respondidas, vamos definir as pautas e encontrar nossas respostas que devem chegar ao interesse público. Há uma porção de números perdidos por aí.

* Artigo encaminhado à Abraji para conclusão do curso “Investigação em Esporte: Gastos com a Copa 2014 e Olimpíadas 2016”.

segunda-feira, março 26, 2012

Morte de um garoto macula virada corintiana

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Um garoto de 21 anos morreu. Levou um tiro na cabeça.





Era palmeirense, essa foi a razão por que morreu.

Vingança pelo menino corintiano que foi encontrado boiando no Tietê no penúltimo confronto?

Tanto pior.

O Corinthians virou deliciosamente sobre o Palmeiras, mas isso não tem a menor importância. O que importa é que hoje, por causa do futebol, um garoto levou um tiro na cabeça.

O jogo deveria ser anulado. Nenhuma morte deveria ser tolerada.
Em caso de agressão organizada pela torcida, o time deveria ser responsabilizado. O jogo deveria ser anulado e o time da torcida agressora, ceder os três pontos ao adversário.

Num caso como o de hoje em que as torcidas rivais tomam ares de milícias e se confrontam às centenas, o jogo não deveria acontecer e os dois times perderem pontos. Por mais infantil que pareça, só penalizando o time (razão de sua existência) esses imbecis vão parar de se matar.

domingo, março 25, 2012

Com homens-gol presentes, Santos bate Bragantino

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Pela 15ª rodada do Paulistão ou Paulistinha, de acordo com o freguês, o Santos venceu o Bragantino na Vila Belmiro por 2 a 0. O Peixe entrou com um time que não contava com Fucile e Edu Dracena, além de Borges e Ibson que ficaram no banco e entraram no segundo tempo. O Bragantino, que não tinha nada a ver com isso, começou assustando a um minuto, com uma bola que quase entrou. Foi ousado, tentou marcar o Santos no próprio campo, mas se viu acuado aos poucos, quando os donos da casa começaram a se impor.


O tento saiu aos 18, com o homem-gol reserva Alan Kardec, o quinto dele no campeonato. Os interioranos não se intimidaram e chegaram a finalizar duas bolas na trave, uma em escanteio e outra em uma cobrança de falta. Veio o intervalo e, nele, uma declaração interessante de Neymar sobre a peleja:

- Ele me bate e fala: “Deus abençoe”.

O atacante se referia a Junior Lopes, zagueiro do Braga, que se “justificou”: "Uma hora ele se irritou, disse que estavam batendo nele. Só que não é por maldade. Ele é muito rápido, então, as vezes você vai tentar tirar a bola e acaba acertando ele. Uma hora, ele me xingou e eu falei: 'Deus te abençoe'. Mas está tranquilo".

Na segunda etapa, não foi Junior Lopes punido pela violência, mas Jean Pablo, que tomou dois cartões amarelos por faltas em Neymar e foi expulso aos 8. O Santos já havia voltado melhor depois do intervalo e a partir daí só consolidou seu domínio. Para terminar a partida com “posse de bola de Barcelona”, como diriam alguns dos pouco inventivos comentaristas boleiros: 72% com a redonda nos pés.



Foram inúmeras chances perdidas na segunda etapa, três delas com Neymar. Mas foi Borges, que vivia um estio de bola na rede, que marcou após uma bola que bateu na trave, chutada por Maranhão. O Bragantino não ameaçou a meta de Rafael.

E o Santos segue na quarta colocação, a quatro pontos dos dois líderes. Com o mesmo número de pontos do Mogi Mirim, que faz uma campanha bravíssima. Ninguém mesmo vai começar a pensar em uma fórmula menos tediosa para o campeonato?

sábado, março 24, 2012

De olho na redonda - Viola no Barcelona, o rei Leão do Morumbi e os portugueses no Amazonas

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A notícia veio pelo Twitter. De acordo com o site oficial do São Paulo, Emerson Leão é o treinador que tem o melhor aproveitamento dentro no Morumbi entre todos que passaram pelo Tricolor. Desde a sua estreia no comando da equipe, em 2004, ele disputou 34 partidas, com 26 vitórias, sete empates e apenas uma derrota, para a Ponte Preta, em 2005. O aproveitamento em casa é de 85,2%. No seu retorno ao clube no fim do ano passado até agora foram nove vitórias e dois empates.

Viola deixará o showbol?
Viola no Barcelona?

Depois do ex-ídolo do Azulão Adhemar, a série C do campeonato carioca pode ganhar outro nome de peso. Viola, de 43 anos, que vem se destacando ultimamente mais nos jogos de showbol, pode ser a novidade do Barcelona-RJ. Segundo o presidente do clube de Jacarepaguá, o acordo já estaria firmado, faltando apenas mais um patrocinador para viabilizar o reforço. Já o empresário do atleta (?) nega a negociação.

Os portugueses “invadem” o Amazonas

Um dado interessante foi destaque do portal lusitano Mais Futebol durante a semana, a “invasão” de treinadores do país no futebol do Amazonas. Dos dez clubes da primeira divisão do estado, três têm técnicos portugueses.

“Quando vim, pensei que poderia abrir portas neste mercado. Felizmente, está a acontecer. Até 2014, é possível termos cá mais treinadores de Portugal, porque este é um mercado atrativo. Em Portugal há muitos treinadores por metro quadrado”, disse Paulo Morgado, treinador do Fast Club, terceiro colocado no Amazonense. “No Brasil, há 26 estados e 27 campeonatos. Há potencial no Amazonas e não só. Já se ganham valores acima de uma 2ª divisão em Portugal e permite ser profissional”, acredita.

Com a crise europeia e a mesmice tática dos treinadores brasileiros, a “importação” de técnicos pode ser uma saída para boa parte dos clubes pequenos e médios do Brasil.    

sexta-feira, março 23, 2012

Em jornada épica (dos torcedores), Santos vence Juan Aurich

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Caiu água no Pacaembu... (Foto Futura Press)
Pelo jogo de ida, parecia que ia ser fácil. Claro que o Juan Aurich viria mais fechado do que jogou em casa, mas a superioridade do Santos ficara evidente na partida de ida. O que não estava no roteiro era o temporal que caiu em São Paulo durante as mais de duas horas da partida (sim, com um intervalo de 45 minutos entre os dois tempos...). O time até que não sofreu tanto para conseguir o resultado: um 2 a 0 em que Rafael não foi ameaçado em nenhum momento. Já o torcedor...

Ser sócio facilita a vida para comprar ingresso, mas o torcedor comum pena. No Pacaembu, geralmente são abertos poucos guichês (às vezes um só), o que vira uma verdadeira festa para os cambistas que conquistam os espectadores que não têm tempo para passar duas, três, quatro horas em uma fila. Mesmo com a limitação de três ingressos por pessoa, tendo que se registrar o CPF de cada um, segue sendo um mistério como os “vendedores de rua” conseguem a sua carga.

Já no estádio, o santista se depara com a chuva que se inicia antes dos dez do primeiro tempo. E chove, como chove. Capas plásticas disputadas quase a tapa, daquelas que custam um real, vendidas por dez em função da velha lei da oferta e da procura (ah, o capitalismo...). No gramado, o time peruano, com três zagueiros e quatro volantes, marca o tempo todo atrás da linha da bola. O Santos tenta encurralar, vai todo à frente, troca passes como tem sido sua característica (o que muitas vezes faz o torcedor gritar o tradicional “chuta” pra qualquer um que aparece perto da grande área). Aciona pouco o lado direito, joga mais pela esquerda com a apoio de Juan e Neymar, que se movimenta pelos lados e no meio. Mas centraliza muito o jogo e erra passes demais por conta disso. E o Juan Aurich bate.

O gol sai em um escanteio cobrado pela esquerda. Edu Dracena, após cabeçada de Ganso que Penny não conseguiu segurar. Na primeira etapa, ficaria nisso. As poças já começavam a aparecer no gramado do Pacaembu e o intervalo foi premiado com um aumento do temporal. Os 15 minutos mais longos que eu já tinha visto em um estádio. Enquanto isso, uma marca de cerveja era responsável por jogar brindes aos torcedores por meio de uma “bazuca” (mas nada de bebida no estádio, ah, os bons hábitos...) que circulava no estádio. E o locutor pedia pra torcida “agitar”, como se todos estivessem num programa de auditório. A chuva sem cessar, e o cara não parava de falar. Até que a torcida se impacientou e iniciou o tradicional e flexível grito: “hei, bazuca, vai tomar...”.

Os times voltam. E, o intervalo que já era longo pra quem tomava chuva, iria se alongar de verdade. Parte dos refletores apaga, os times vão para os bancos de reservas e, de lá, após alguns minutos, vão para o vestiário. O torcedor fica sem saber o que vai acontecer, nada de o sistema de som do estádio informar algo. Alguns já vão embora, já que o dia seguinte é uma sexta-feira de trabalho. A maioria fica sem saber se vai haver ou não partida. E tome chuva.

Quanto o sistema de som anuncia algo, vem a voz de um locutor que começa a contar a “história do Pacaembu”. A vaia, previsível, o faz se calar. Só depois de algum tempo vem o anúncio de que o jogo continuaria. Os times voltam e o jogo se inicia 45 minutos depois do encerramento do primeiro tempo. E a chuva, que piorou no “intervalão”, fez aparecer muito mais poças no gramado.

Se a grama pesada e a água empoçada atrapalham o time que troca passes e trancam mais o jogo, também é verdade que é fatal para times que têm pouca técnica. Os peruanos conseguiam se defender, muito na base da pancada, que não foi punida pelo árbitro argentino Patricio Losteau, cujos cartões devem ter ficado em algum café de Buenos Aires. Com licença do juiz, o Juan Aurich bateu e não foi punido, mas não conseguiu chegar à meta santista.


(Esse Neymar...)

Ibson, pela direita, e Arouca abriram pelos lados, facilitando o ataque santista. Borges, que perdeu um gol incrível, segue a sina de garçom. Foi dele a jogada que resultou no segundo gol do Santos, marcado por Neymar, aos 13 do segundo tempo. E Neymar... Esse, faça chuva ou faça sol, sempre brinda o amante da bola com lances geniais (confira no vídeo, no 0:43 e no 3:11), mesmo caçado (no vídeo, no 1:05. avaliem que punição merece essa falta). Depois do segundo tento, ninguém ali duvidava da vitória àquela altura, mas a goleada não veio, muito em função da chuva e da pancadaria dos peruanos. Agora, o time lidera o grupo 1 da Libertadores, com nove pontos, dois a mais que The Strongest e Internacional.

Ah, sim, no fim da partida, a chuva parou.

segunda-feira, março 19, 2012

SanSão: a defesa do Santos de Muricy lembrou Dorival... (Visão santista)

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Quando Muricy Ramalho chegou ao Santos, a demanda da época, apesar do tal “DNA ofensivo”, era fortalecer a defesa. Desde os tempos de Dorival Junior, passando por Martelotte e Adílson Batista, sempre foi o setor mais criticado da equipe. Mesmo com o ataque marcando inúmeros gols como em 2010, às vezes a falta de proteção custava caro, como foi o caso da derrota peixeira para o Palmeiras no Paulista daquele ano, por 4 a 3, ou o triunfo gremista na Copa do Brasil (devolvido com sobra na partida de volta) pelo mesmo placar.

Ontem, o Santos de Muricy lembrou no aspecto defensivo o de Dorival. A fragilidade pôde ser vista não só no contra-ataque que redundou no pênalti convertido por Luís Fabiano (com um a menos, o contragolpe veloz era a proposta de jogo do Tricolor) mas, principalmente, no lance do terceiro tento são-paulino. Lucas, destaque da peleja, pegou a bola tão sozinho, mas tão sozinho, que até olhou para o auxiliar pra saber se sua posição era legal. Não correu tanto, trotou sem marcação até chegar na área, onde hesitou diante de Rafael, deu um passe não tão bom para Cortez, que quase caído mandou a bola na trave para o próprio Lucas (em posição irregular) pegar no rebote. Nem em pelada de fim de ano o meia achou tanto espaço disponível, um erro crasso de marcação que fez lembrar as derrotas (poucas, diga-se) daquele time de Dorival.


Méritos para Leão, não só pelo puxão de orelha dado no camisa sete tricolor, que parece ter funcionado, mas pela marcação que impôs ao meio de campo santista no primeiro tempo. Ganso, o ponto de equilíbrio do novo jeito que o Santos tenta jogar, não conseguiu sair da marcação rival (segundo Muricy, talvez em função do desgaste da viagem de retorno ao Peru, feita na madrugada de quinta pra sexta), e Neymar também apareceu pouco na primeira etapa, embora tenha já conseguido ali cavar a trajetória da expulsão de Rodrigo Caio, que só aconteceria no segundo tempo. Sem Henrique e com Adriano tendendo sempre a ir mais pra trás do que devia, havia o garoto Paulo Henrique na lateral esquerda, sentindo a partida e sem se achar no jogo. O time perdia bolas na meia e o São Paulo tinha caminho quase livre para chegar à área de Rafael. Se saísse do primeiro tempo vencendo por 3 a 0 não seria nada anormal.

No segundo tempo, o Santos se impôs, mais ainda com a expulsão de Rodrigo Caio, aos 8 minutos. Ali, Elano já havia entrado no lugar de Ibson, que já tinha cartão amarelo. O domínio alvinegro se traduziu nos números finais de posse de bola, 62% contra 38% (de acordo com o IG), e outro dado também mostra a diferença tática e de proposta: 20 lançamentos certos (37 no total) do São Paulo e 11 certos (18 no total) do Peixe. Muricy, que substituiu o lateral Paulo Henrique por Alan Kardec e colocou Felipe Anderson no lugar de Adriano, não conseguiu evitar os contragolpes do São Paulo e as chances de gol santista surgiram, mas Dênis foi bem depois de ter falhado no gol de Edu Dracena. E Lucas foi melhor ainda com suas duas assistências.

Fim de jogo, bom para os são-paulinos que começam a ver um esboço de coletividade no time. Para os santista, fica a superstição: o 3 a 2 lembra outro, o de 2002, que teve um final feliz para o Santos.  

Dos Heróis Cotidianos

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Por Luciana Nepomuceno

Morituri te salutant, Kleberson.
Eu gosto das grandes histórias, das narrativas épicas, das gregas premonições. Gosto dos Heróis, aqueles que, impávidos, inscrevem-se no imaginário. Os generais, reis, imperadores, fazem bonito quando descrevemos o passado. Mas, muitas e tantas vezes, esqueço (esquecemos?) que não haveria general sem aquele exército que marcha a pé, cava buracos para seus excrementos, come pão duro e carne salgada. Esqueço (esquecemos) dos que ficam na linha de frente e são os primeiros a serem pisoteados pelos cavalos, a serem espetados com lanças, a serem vilipendiados quando derrotados e esquecidos quando vitoriosos. Esqueço (esquecemos?) dos Klebersons. Dos PaulosVictors. Esses jogadores do passe o sal, do cotidiano, os que vão na infantaria e raramente vemos pouco mais que seus capacetes, seu suor e quando caem, abatidos. Até que. Até que se tornam, numa das mais admiráveis características do futebol, heróis improváveis. Com feitos que parecem não coadunar com sua rotina. Como ficam imensos e cabem mal no seu próprio corpo. Olham de lado, sorriem constrangidos, balançam os ombros, divididos entre gozar a exótica admiração ou isolarem-se na usual invisibilidade.

Conta o Flamengo, a cada jogo, com a superação de um desses. Sem atuações memoráveis, sequer equilibradas, anda a depender de alguém que destroce sua própria armadura e, de peito descoberto, sangue nos olhos, desalinho na alma, faça do campo, sua batalha particular. São Pátroclos travestidos de Aquiles e bem sabemos o que lhes aguarda. Rodrigueanamente, lembro: "Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea”.Em tardes de domingo, em que os invisíveis se alentam nações, só nos resta reconhecer: salve, Kleberson, os que vão morrer te saúdam. Agradecidos pelo alento.

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

quinta-feira, março 15, 2012

Santos supera gramado sintético e Juan Aurich por 3 a 1

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Foi de virada e com uma grande apresentação de Ganso que o Peixe superou o time peruano do Juan Aurich hoje. O tal gramado sintético, que foi palco de final de Libertadores em 2010, atrapalhou o time alvinegro, que demorou a se encontrar na peleja e só o fez após tomar o gol. Fucile empatou depois de cruzamento de Juan e Ganso cobrou uma falta que assegurou o resultado positivo ainda no primeiro tempo. Uma cobrança ousada, mas que contou com a providencial ajuda do goleiro Diego Penny.

Já a segunda etapa foi toda do Santos. Neymar foi caçado mais que o normal. Os peruanos já estavam dominados quando ficaram com um a menos em função da expulsão de Guadalupe aos 13, depois de falta feia em Arouca. E aí o que andava faltando, aconteceu. Borges, que vinha se movimentando muito e dando opções para a chegada do meio de campo alvinegro, marcou o seu primeiro tento na competição. Mesmo em fase escassa de gols, os dados não mentem: o maior artilheiro do Brasileirão de 2011 jogou 42 vezes pelo Peixe e fez 26 gols, quase dois a cada três partidas.

E se os números nem sempre traduzem o que foi um jogo, não é o caso dessa partida. De acordo com o Ig, Santos teve quase 59% de posse de bola, mesmo com o "apagão de adaptação" do início da partida. Trocou mais que o dobro do número de passes do rival, 305 a 149, ficando quase cinco minutos com a bola nos pés no final do jogo, teve dez finalizações certas e nove erradas contra quatro erradas e duas certas. Mas o que deve motivar os jogadores peixeiros na partida de volta é outro dado: foram 32 faltas peruanas contra 11 brasileiras, uma diferença abissal. Neymar, o mais "atingido" não deve esquecer o adversário...

Governo volta atrás e quer bebida fora dos estádios na Copa. Nova vitória da bancada evangélica?

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Ontem, uma reviravolta no encaminhamento da Lei Geral da Copa. O relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), declarou que vai retirar a liberação da venda de bebidas alcoólicas de seu parecer, decisão tomada depois de uma reunião dos líderes da base do governo com Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais.

Trata-se de um recuo do governo nesse item que, segundo Cândido, teria concordado com a mudança anteriormente. A nova posição, segundo o parlamentar, "expôs não só o relator", mas outros deputados que votaram a favor da liberação na comissão especial da Lei Geral, além de ter surpreendido também o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. "Não tinha óbice. Pelo contrário. A afirmação todo tempo era que tinha compromisso. E eu não assinei, nem a comissão assinou, compromisso com a Fifa. Quem assinou foi o governo", declarou, de acordo com o Valor.

Em dezembro, Vicente Cândido disse ao Futepoca que havia “muita hipocrisia” em torno da questão. "Pela cultura brasileira, não tem motivo para proibir a venda de bebidas, até porque, não se pode impedir a venda em volta do estádio", disse. E, se para muitos a alteração poderia se enquadrar na ação certa feita pelo motivo errado (uma submissão aos ditames da Fifa), sem dúvida se perdeu uma ótima oportunidade para discutir de verdade a Lei Seca nos estádios, já que muitos dos defensores da proibição nunca pisaram em um e não se deram ao trabalho de avaliar com dados se a proibição diminuiu a violência ou não. Continuaremos nos “achismos”. Agora, a bola vai ficar com a Fifa, que deve negociar diretamente com os estados. Será uma tarefa especialmente espinhosa em estados como São Paulo, cuja onda proibicionista inclui até um projeto do deputado estadual Campos Machado para proibir as pessoas de beberem nas ruas e praias do estado

Se quiser beber em estádio, brasileiro deve ir pro exterior
A dúvida é: o que fez o governo voltar atrás (ou dizer que foi mal entendido, não era bem assim, os deputados governistas que entenderam mal)? Em seu blogue, a Frente Parlamentar Evangélica já havia exposto sua opinião a respeito: “O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), informou que o grupo vai votar contra a liberação do consumo de bebidas alcoólicas na Copa. Se todos os integrantes da frente seguirem a orientação de Campos, serão cerca de 70 votos contrários ao texto do governo, alguns deles de integrantes de partidos da base.”

João Campos dizia ainda que "a liberação é um tema suprapartidário e o governo vai enfrentar resistências em todos os partidos". O que é verdade, já que a oposição, da direita à esquerda, também se movia contra esse e outros pontos da Lei Geral da Copa. Mas o fato de este item específico ter mudado, causando constrangimento entre aqueles que defenderam a liberação, sugere que o grupo que fez mais pressão – no caso, a bancada evangélica – foi mais bem sucedido. Mais uma vez, já que o governo já voltou atrás depois de pressão da bancada em questões mais importantes, como a distribuição do kit anti-homofobia, o que valeu à presidenta Dilma o troféu Pau de sebo de maior inimiga dos gays em 2012, concedido pelo Grupo Gay da Bahia.

A impressão que se tem (e como isso conta em política...) é que o governo e o Congresso têm ficado muitas vezes de joelhos diante de pressões conservadoras. E não é pra rezar.


Atualização 16:25


E o governo voltou atrás mais uma vez... Leia aqui

terça-feira, março 13, 2012

De olho na redonda - "vazamento de fezes", Adhemar e o meio milhão do Independente-PA

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Com o perdão dos leitores mais sensíveis desse espaço, mas a expressão “jogo de merda” ganha nova conotação depois da (não) partida Carapebus x Artsul, válida pela Série B do campeonato carioca de juniores. Segundo o blogueiro Bernardo Pombo, do Pombo Sem Asa, o jogo, que não foi realizado por falta de pagamento de taxas, teve uma súmula que relatava condições, no mínimo, peculiares.
Relata a súmula do árbitro Robson Pereira Martins que “nenhum membro da comissão técnica do Carapebus estava no campo de jogo”, sendo que “o campo da partida estava sem marcação. Já o vestiário estava “em péssimas condições de higiene, apresentando vazamento de fezes, lixo espalhado pelo chão, água suja e com forte odor”. Pessoal podia pelo menos caprichar na limpeza, já que o resto faltou tudo...

A volta de Adhemar

Quem não lembra de Adhemar, vice-campeão brasileiro em 2000 pelo São Caetano, clube pelo qual é o maior artilheiro da história? Bom, talvez muitos não se lembrem, mas, depois de sete anos de aposentadoria, ele volta aos gramados pelo Serrano, da 3ª divisão o campeonato carioca.
O atleta mora hoje em Porto Feliz, interior de São Paulo, e vai para o Rio apenas na sexta-feira, para jogar no domingo. Durante a semana, vai treinar às vezes com o time sub-20 do Desportivo Brasil, de sua cidade. "Mas já avisei para eles terem calma, não fazerem muita correria para cima de mim, afinal eu já tenho quase o dobro da idade deles, né?", disse ao G1.
Levemente fora de forma, ele já avisou que vai ter que readaptar seus hábitos alimentares. "De cem jogadores que param de jogar bola, 95 ficam gordos e apenas cinco levam uma vida regrada e saudável. Hoje eu estou entre os 95, mas vou trabalhar para entrar na estatística dos cinco. Já estou me preparando para voltar ao mundo das folhas verdes e do purê de batata. Aliás, acho que dá para rebocar uma parede inteira com purê de batata de tanto que eu já comi isso na vida", disse.
O Futepoca não confirma que purê de batata emagrece (talvez o fato de a pessoa estar enjoada a faça comer menos). Segundo este site, 100 gramas do prato têm 112 calorias. A quem interessar, aqui tem uma receita de purê light pra aliviar a culpa.

Independente-PA fatura com Copa do Brasil

Muitas vezes um time pequeno assegurar que exista partida de volta na Copa do Brasil é algo muito comemorado por jogadores, comissão técnica e diretoria. Mas o motivo não é apenas o fato de ir jogar em uma grande capital ou a questão moral de forçar um segundo jogo. A grana fala alto também.
O Independente de Tucuruí, na peleja em que perdeu de 1 a 0 para o São Paulo, garantiu que a arrecadação de R$ 469.340 ficasse inteira nos seus cofres. Caso tivesse sido derrotado pelo Tricolor, 60% da renda ficaria com a equipe paulista.
Somando-se a renda líquida do jogo (R$ 365.546,82) e a cota de participação no torneio (R$ 120 mil), a equipe paraense ficou com quase meio milhão de reais a mais na conta. O clube reservou R$ 50 mil de premiação para jogadores e comissão técnica, separou R$ 120 mil para despesas como transporte, hospedagem e alimentação, e, ainda sobraram R$ 315 mil que devem ser investidos em no projeto de um Centro de Treinamentos.

domingo, março 11, 2012

Mano Menezes, que tal você ganhar experiência no exterior?

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O título deste post faz referência ao “conselho” dado técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, a Neymar, entrevista ao jornal O Globo. Segundo o treinador: “Em relação a ambiente dele, à coisa aconchegante, a permanência é ótima. Mas, para um desenvolvimento final, para ganhar respeito maior, é importante passar pela Europa. Estando lá, não há a necessidade de se expor tanto. A permanência no Brasil exigiu contratos que tomam bastante o seu tempo. A gente vê que está exposto. Você precisa executar bem as três questões: treinar, se alimentar e repousar para estar bem”.

Precisa ir pra fora? (Ivan Storti/SantosFC)
Interessante a posição de Mano Menezes. Como um dos funcionários mais importantes da CBF, deveria zelar e agir para que houvesse um futebol brasileiro mais forte, com um campeonato nacional valorizado que tivesse grandes jogadores, que fosse mais organizado. E, acima de tudo, deveria manter alguma neutralidade em função do cargo que ocupa, não se imiscuindo em assuntos dos clubes. Sua declaração é um desrespeito ao esforço que o Santos teve que fazer para manter Neymar perto dos torcedores do Brasil, os mesmos que mal podem acompanhar a seleção que joga mais no exterior do que no país. Mano quer que eles vejam Neymar só pela TV.

Pra quem tem memória curta, é bom lembrar que outro sábio da bola tupiniquim deu conselho semelhante a um então jogador santista. Carlos Alberto Parreira declarou que o meia Diego deveria sair da Vila para adquirir experiência na Europa, quando o time da Vila recebia propostas de fora e tentava segurar o jogador. O jovem foi para o campeão europeu, Porto, mas, ao invés de evoluir, involuiu. Tanto que seu “conselheiro” Parreira deixou de convocá-lo para a seleção e Diego não foi à Copa de 2006. Treinador, quando dá tais “conselhos”, só pensa no próprio cargo, se o jogador cair em desgraça, azar o dele. Talvez por ter um comportamento diferente que Dunga tivesse moral entre seus comandados, o que não parece ser o caso de Mano Menezes, que tem um trabalho até agora muito inferior que seu contestado antecessor.

E, justamente por causa do pífio desempenho apresentado até o momento à frente da seleção, talvez seja o caso de Mano ir treinar uma equipe do exterior para “ganhar experiência”. Sim, porque é algo comum entre treinadores da seleção. Muitos fizeram isso, como Carlos Alberto Parreira, Sebastião Lazaroni, Zagallo, Carlos Alberto Silva, Emerson Leão, Telê Santana – que treinou o Al-Ahly –, e mesmo o grande fantasma que assombra o técnico da seleção, Muricy Ramalho. Dunga não treinou nenhum time antes de assumir o esquadrão verde-amarelo, mas possuía um largo histórico na seleção e já tinha jogado fora do país. Será que o treinador admitiria que tal falha no currículo lhe faria menos capacitado que seus antecessores?

Tendo treinado só duas grandes equipes na vida, Mano tem como título mais importante no currículo uma Copa do Brasil, além de dois estaduais gaúchos, um Paulista e dois campeonatos da Série B. Neymar, que tem uma carreira muito mais curta que o comandante, tem uma Libertadores, uma Copa do Brasil, dois Paulistas, um Sul-Americano pela seleção sub-20 de Ney Franco, e várias premiações de melhor jogador. Não sei se o treinador assiste a jogos no Brasil (talvez o campeonato russo lhe seja mais atraente, dadas as convocações de seu time), mas Neymar evolui a cada dia. Jogando aqui. Quem precisa de mais experiência mesmo, Mano?

*****

O comandante da seleção repete Ronaldo, que também declarou que o atacante alvinegro deveria jogar no exterior. O que a mídia não dizia, apesar de ter conhecimento, é que o hoje ex-atleta era parte interessada na ida de Neymar para a Europa, já que era intermediário do Real Madrid para tentar levar o peixeiro. Opinião nada neutra pois, a não ser que ele estivesse fazendo isso só por paixão ao clube espanhol. Aliás, o futebol brasileiro é feito só de gente “apaixonada” e desinteressada...

***** 

Não é a primeira vez que Mano Menezes palpita sobre Neymar. Pouco antes da Copa América, o técnico disse que Neymar não cobrava bem pênaltis. A eliminação do Brasil na competição mostrou que outra das virtudes do treinador é avaliar quem bate bem penalidades...

sexta-feira, março 09, 2012

Meninos, Eu Vi!

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...só que ao contrário.
Pois recuso a vida que não pode ser sonhada.

Por Luciana Nepomuceno



Flamengo 1 X 0 Emelec. Mas não se deixe enganar pelo placar, esse foi um daqueles jogos épicos em que até a rodrigueana moça com narinas de cadáver suspende a expressão e se deixa envolver pela magia. Sigamos a jornada, bem do princípio. O Engenhão estava tendo seu dia, ou ainda, sua noite, de Maracanã. A torcida rubro-negra, empolgada, chegava em grande número. Cantando, mesmo antes dos times entrarem em campo, já apresentava o cenário. Faltavam protagonistas e enredo, eles logo chegaram, com seu sentimento-homenagem feito camisa.

Desde o apito, o time do Flamengo tomou as rédeas do jogo, uma defesa bem posicionada, avançada na marcação, um meio de campo criativo e colaborativo e, claro, a inspiração e precisão de Ronaldinho e Vagner Love. A bola demonstrava claramente suas preferências, deixava-se enrodilhar, mansa, nos pés brasileiros, ignorando os desesperados convites da equipe adversária. A bola e o pé, desenhando, no verde espaço, figuras de geometria incerta, reinventando as belezas da ocidental civilização. Um time misto, onde centauros e poetas se alternavam na construção da impossibilidade para o adversário. Épico, o jogo, disse eu, e confirmo: mesmo com o completo domínio rubro-negro, o destino tinha seus caprichos. Bolas na trave em randômica sucessão. Escanteios. Defesas milagrosas. O gol não se deixava fazer. E, aos 28 minutos, o engenho cede à biologia. Léo Moura, que vinha desfilando na avenida direita do campo, sente um estiramento da coxa. Lágrimas, dele, nossas. Entra o arisco Negueba, improvisado. E isso é só mais uma forma de jogar por música, logo todos percebemos o jazz sendo feito. Ritmo, baby. Irritados, os jogadores do Emelec promovem a caça às pernas dançantes e, assim, De Jesus, após um lance de forte pegada, é expulso. São 47 minutos do primeiro tempo, espetáculo feito, respirações suspensas, olhos cativos, mas nada de gol. Respira-se. E, logo que o jogo recomeça, a pintura. Ronaldinho, artífice, em lento planejamento e em explosiva execução, oferece a bola como se fosse um presente, um mimo, com um passe que só a quem a bola concede o dom pode pleitear. E a perna de Vagner Love, aparentemente autônoma em relação ao corpo, habitada por um portento, realiza o chute. O amor fica no ar, por uns instantes, acompanhando a decisão da bola em se fazer resultado. Gol. Goollll. Gooooolllllllllllll. O canto, místico, aprofunda-se em religioso transe.

Daí pra frente, intervenção dos deuses, pois claro. Ainda a beleza, o élan que ilumina cada jogador vermelho e preto, o suor feito louros, mas os deuses temem que a soberba se espalhe e mantém o ilusório 1 X 0. Que importa? A bola sabe a quem serve. Ao fim do jogo, os jogadores do Emelec traziam a vazia expressão de quem não entende direito o que lhes aconteceu. Não se sabe o que ainda vai acontecer na Libertadores, mas, ontem a noite, via-se a moça grã-fina, de narinas de cadáver, recusando-se a deixar a arquibancada, de pé, aplaudindo o que nem se sabia ser possível ver: a felicidade.


Fronha devidamente babada...

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos