Destaques

quinta-feira, abril 26, 2012

Na altitude, uma derrota santista não tão doída

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O histórico recente doSantos contra times bolivianos já avisava. A partida contra o Bolívar não ia ser fácil. Mas os bolivianos não se classificaram com dez pontos (dois a mais que o Internacional), vencendo só na altitude de La Paz. Perderam uma lá em cima e ganharam fora de casa. O time é melhor que o The Strongest, que também bateu o Alvinegro em seus domínios na primeira fase, mas na partida de ida das oitavas mostrou a mesma característica de toda equipe que atua no alto: imprimir um ritmo de jogo forte e finalizando muito de fora da área, aproveitando a velocidade da bola no ar rarefeito.

Contudo, os bolivianos só chegaram ao gol em dois lances de bola parada. Na primeira etapa, a um minuto, em cobrança de falta de Campos, que bateu na trave e nas costas de Rafael. E no segundo tempo, aos 28, de novo com Campos, em nova cobrança, bem feita, e que contou com uma relativa lentidão do arqueiro alvinegro. A primeira falta, aliás, pra lá de desnecessária, com um afoito Adriano que ainda não recuperou a forma de 2011, quando foi “moldado” pelo treinador santista e melhorou seu futebol bem precário.

Jogo de "pega Neymar"
O gol peixeiro, de empate, saiu aos 28 do tempo inicial. Elano cobrou falta sofrida por Neymar e o goleiro argentino Arguello defendeu, a bola tocou a trave e retornou para Maranhão concluir. O lateral, que foi inscrito na Libertadores no lugar de Pará e só jogou porque Fucile e o antes improvisado Henrique estão contundidos, marcou seu segundo tento na segunda peleja seguida.

Gol importante, ainda mais por ter sido feito fora de casa. Ao Peixe, basta a vitória por 1 a 0, mas foi possível perceber a diferença técnica entre os dois. O Bolívar pode até ser perigoso, mas um Santos comprometido não pode temer os bolivianos. O destaque negativo do jogo foi a atuação de Ganso. Irreconhecível, pareceu sentir mais a altitude. Chegou atrasado e com receio em divididas e errou inúmeros passes, dos mais simples àqueles que poderiam ter sido fundamentais para o triunfo da equipe. Neymar apareceu mais, sofreu oito das 17 faltas recebidas pela equipe, com a anuência do árbitro (ah, se fosse na Liga dos Campeões...). Atingido também por objetos arremessados por torcedores, saiu irritado, o que pode não ser bom para os rivais...



Aliás, pro torcedor alvinegro, que já viu seu estádio ser interditado por sandálias Havaianas arremessadas no gramado (alguns pela torcida adversária, diga-se), é duro ver algo que virou rotina em competições do continente e que não geram qualquer punição para os mandantes. Que o santista se inspire no seu ídolo para responder no grito e não com as mãos.

terça-feira, abril 24, 2012

Sobre peladas de praia, Chelsea e Barcelona

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Das peladas que disputei na praia do Itararé, lá pelos meus 20 anos, guardo uma em especial na memória. Éramos seis regulares (em frequência e técnica) boleiros naquele dia, quando outros seis vieram nos desafiar para o famoso “contra”, uma partida de gols caixotes, com “traves” feitas de madeira fincada na areia.

Não foi preciso mais de cinco minutos pra saber que tomaríamos um baile. Conversando ali com um ou outro adversário – oportunidade que surgia quando conseguíamos bicar a bola pra longe e respirar um pouco –, fiquei sabendo que eles jogavam em um dos times do quartel de São Vicente. Tinham mais fôlego, mais técnica e muito mais entrosamento que a gente. A areia batida da beira do mar ainda facilitava o toque de bola dos caras. Não víamos a cor da bola. Mesmo.

Juntamos ali, nós, os que não relavam na redonda, e mesmo não acostumados a jogar juntos tentamos armar a retranca, única forma possível de não passar um vexame grandioso. Seguramos um zero a zero que aos poucos começou a desgastar nossos rivais, que continuavam trocando passes e vindo pra cima, mas já começavam a se irritar uns com os outros. E nós ali, convictos na nossa fortaleza mambembe.

Nem sempre se pode ser Deus. Ou Pelé. Ou Messi
Em dado momento, vendo que o tempo avançava e nada de o gol sair, algum deles propôs: quem fizer, acaba. Acho que ele pensou que a gente se arriscaria e iria pra frente. Não, não saímos. Era questão de honra aguentar até cansar, ou cansá-los. Mas, depois de algum tempo, o homem mais recuado deles resolveu ir mais à frente, descuidando da frente do gol caixote. A bola sobrou na minha frente e acertei um chute da intermediária, que entrou caprichosamente entre as duas traves... Comemoramos muito enquanto os caras não acreditavam naquilo. Depois do jogo, ainda dava para vê-los discutindo ao longe.

Foi a “vitória do futebol arte”? Claro que não, mas ai de quem dissesse ali que não foi “merecido”. A gente ralou, viu nossa condição de inferioridade, armou um esquema e tentou ganhar o jogo mesmo assim. A retranca foi uma "legítima defesa". Não vi com detalhes a partida entre Barcelona e Chelsea, mas um time que joga contra o melhor do mundo, sai perdendo por 2 a 0, fica quase dois terços dos 90 minutos com um a menos, e que não contou com a ajuda da arbitragem, tem méritos de sobra pra bater no peito e se sentir orgulhoso.

Quem diz que foi uma “derrota do futebol”, na boa, não sabe o que é futebol. Uma das graças desse esporte é justamente o fato de, em um dia ruim, o melhor time poder perder para o pior. Claro, não vai ser engraçado se for o seu time o derrotado, mas se o seu time for o Barcelona... Bom, pelas redes sociais, parece que os catalães têm uma das maiores torcidas do Brasil já que, se você não torce para que eles superem qualquer adversário que ousar tentar batê-los, automaticamente você:

  • não gosta de futebol;
  • é invejoso;
  • está com dor de cotovelo;
  • as três anteriores e mais outras tantas

Pura arte o golaço do Ramires, hein?
Pensamento único é um saco mesmo... E se eu, mesmo reconhecendo que o Barcelona é um dos times mais competitivos da história, não for tão fã do futebol deles? Pode ser? E se eu achar que a troca quase infindável de passes às vezes é necessária, em outras pode ser interessante, mas muitas vezes faz o jogo ficar chato pra burro? E se eu gostar mais da imprevisibilidade, do toque de gênio que às vezes decide uma partida truncada, do que de um time todo certinho, bonitinho, que é competitivo até dizer chega (friso o termo “competitivo”, porque ter posse de bola e não deixar o rival jogar é sim uma arte, mas não significa que isso seja um deleite para os olhos)? Aliás, essa imprevisibilidade dá as caras quando um Messi pega na bola, sabe-se que dali pode sair algo espantoso, mas no resto do tempo... Não vou esperar algo surpreendente do Puyol ou do Mascherano.

Torcer para o time mais competitivo perder é mais que humano e é uma modalidade exercida por cada um de quando em quando, desde pequeno. Menos patrulha e mais liberdade para os secadores, por favor!

PS: Sou a favor  –  e admirador  –  do futebol arte, ainda que a retranca às vezes seja necessária, como qualquer um bem sabe.  Mas sou fã de outros artistas...

domingo, abril 22, 2012

Santos treina com o Mogi. Ponte surpreende o Corinthians e Palmeiras cai diante do Guarani.

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Diante de um Mogi Mirim que veio para jogar no contra-ataque (fórmula quase nada usada por equipes do Brasil), o modificado Peixe começou sufocando o adversário com a dita marcação pressão no campo rival. Sem Fucile e Henrique, e com Elano e Borges poupados, Maranhão foi o autor do primeiro tento santista aos 22 minutos, depois de um lançamento de Neymar do jeito que Ganso faria.

A vantagem poderia ser maior na primeira etapa, mas o Peixe desperdiçou a (s) chance (s). O Mogi, que quase nada ameaçou, mudou de postura no segundo tempo. Veio marcando mais no campo alvinegro, e o Peixe também veio algo desligado, dada a facilidade que encontrava até então. Mas tinha Neymar em campo. E o garoto estava sendo provocado por Edson Ratinho, que o marcava durante a maior parte da peleja. O jogador poderia até ter sido expulso ainda no primeiro tempo, mas não foi. Tomou dribles de Neymar, fez faltas, permaneceu no gramado. E irritou o atacante peixeiro que, como mostra seu histórico, não se intimidade com tais atitudes.

E a partida, modorrenta, ganhou vida com as quase brigas e veio o segundo gol santista. Neymar pegou a bola pela direita do ataque, avançou em velocidade, na diagonal, e aqui é necessário fazer uma consideração. Há jogadores que ganham a jogada sendo rápidos e fazem grandes gols ao passar por adversários; outros que aliam velocidade e habilidade e também propiciam grandes momentos ao marcarem golaços. Mas tem aqueles que aliam rapidez com habilidade e uma absoluta imprevisibilidade, e é o caso de Neymar. Quem observar o gol, com cuidado, vai ver que ele consegue reduzir a velocidade no lance duas vezes e, como é ambidestro, o marcador não só não sabe pra que lado ele vai como não prevê com qual perna vai tocar a bola e com qual delas vai chutar.

Assim, surge mais um golaço na coleção do atacante, o 99º dele com a camisa do Santos, a apenas dois de Juary, o terceiro no rol de artilheiros peixeiros pós Era Pelé. Também empata com Hernane, do Mogi Mirim, como artilheiro do campeonato paulista. Para uma peleja com jeito de treino, Neymar deu o tom e salvou a tarde do torcedor e daquele que curte bola bem jogada.


Agora, o Peixe pega o São Paulo pelas semifinais do Paulista, depois de ir até La Paz, a 3.600 metros de altitude, porque a Rede Globo quis adiantar o jogo do Santos, e não do Corinthians, na Libertadores. O que dará, no fim das contas, uma semana e meia de treino/descanso para a equipe da capital e uma maratona de decisões para o Peixe. É a televisão colaborando para o esporte. 

Soberba corintiana 

Não, não vi o jogo do Corinthians, como o relato acima deixa claro. Mas com o intertítulo não me refiro à torcida ou à atitude dos atletas, e sim ao presidente do clube, Mario Gobbi. Antes da rodada, em entrevista à Rádio Bandeirantes, o cartola se descontrolou com uma pergunta que nem era ofensiva, mas mencionava a palavra “Libertadores”. Daí veio um festival de sandices: “"O Corinthians é um dos maiores clubes do mundo. Do mundo. A Libertadores é só um campeonato, mais nada. Quem nasceu para ser Libertadores não chega a ser Corinthians. Não vivemos de Libertadores. Somos muito maiores que a Libertadores. É só um campeonato". E concluiu, de forma imperial: "Nesse 102 anos, o Corinthians nunca se dedicou à Libertadores".

Comparar o tamanho de clubes com o de campeonatos já é um exercício bizarro e com muito pouco sentido. Óbvio que o Timão é grande, independentemente da Libertadores, assim como é o Fluminense, por exemplo. Mas fazer o jogo de menosprezar a competição sul-americana - que o Corinthians tem muitas chances de conquistar em 2012 – beira o ridículo. Qualquer torcedor tem o direito de dizer que não está nem aí pro torneio, faz parte da “defesa argumentativa de boteco”. Mas quando Gobbi fala isso, parece dizer que seu antecessor/padrinho mentiu ou fez um trabalho muito porco à frente do clube, pelo menos no que diz respeito à Libertadores. Quer dizer que Andres Sanchez e todos os torcedores que se dedicaram a ralar e ir aos estádios para incentivar o Corinthians foram logrados por uma diretoria que “nunca se dedicou à Libertadores”? Depois reclamam porque não se leva o futebol a sério...

Mas, falando da peleja em si, é claro que Júlio César pecou. Assim como no Brasileiro de 2010, contra o Goiás; na final do Paulista de 2011, contra o Santos, e em outras ocasiões em que o erro foi menos grave. É sempre bonito dividir o ônus com os companheiros de time, mas dado o histórico e levando em consideração a música de Jorge Benjor aí abaixo... Sendo eu, procuraria outro arqueiro.



Palmeiras, ah, o Palmeiras...

E o Palmeiras? Foi derrotado por 3 a 2 pelo Guarani, no Brinco de Ouro, e conseguiu ser derrotado duas vezes pela equipe de Campinas na competição. Não era totalmenete inesperado, mas quando acontece, não deixa de ser algo surpreendente, ainda mais com gol olímpico, obra de Fernando Fumagalli. Uma semifinal campineira poucos esperavam.

quinta-feira, abril 19, 2012

Alan Kardec acorda o Santos, que vence o The Strongest

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Vila lotada, um time fraco como adversário e uma excelente apresentação na última rodada do Paulista. Tudo indicava que o Peixe fosse ganhar bem do The Strongest, clube que só tinha conseguido ganhar pontos até então na altitude de La Paz. Mas nada foi como se esperava. A agonia peixeira durou até os 40 minutos do segundo tempo, quando Alan Kardec fez o primeiro dos dois gols da vitória sobre os bolivianos hoje.

Grande parte da dificuldade alvinegra se deveu ao meio de campo. Elano, no lugar de Ibson, é uma troca que vale pelas bolas paradas, mas que muda o jeito do Peixe atacar. Ibson, por mais que erre – e erra – já fez gols entrando na área e se apresentando quando o ataque do time é marcado, fazendo as vezes de elemento surpresa que vez ou outra resolve. Já Elano, por mais raça que tente apresentar até para fazer jus ao carinho da torcida, não se movimenta da mesma forma. Pelo esquema de Muricy, o herói de outrora ainda não mostrou porque mereceria a vaga de titular, conquistada há duas partidas.

Já Adriano, com exceção de uma bola incomum que meteu pra Neymar perder um gol incrível, não foi bem. O fato de ter permanecido até o fim da partida só pode ser entendido se a intenção do técnico for fazer com que o atleta recupere o ritmo de jogo após meses parado. Já o craque Ganso não buscou tanto a bola como em outros jogos, chamou também menos a responsabilidade, errou em demasia e mesmo quando ameaçou brilhar, pecou no final.

Restou ao torcedor ver lances isolados de Neymar, que só fez o dele aos 43 do segundo tempo. Ele driblou, deu assistência, perdeu uma grande oportunidade, mas foi redimido pelo belo passe de Borges, que o deixou na cara do goleiro Vaca. Ali, não jogou fora a chance. Continuou assim sua saga aritimética na trajetória do clube que mais fez gols na História. Empatou com Coutinho como terceiro maior artilheiro alvinegro na Libertadores, com 11 gols pela competição, e, com seu 98º gol pela camisa praiana, ultrapassou Gradim (1936-1944) e Rui Gomide (1937-1947) e é de forma isolada o 22º artilheiro da história do Santos, a três gols de Juary.

É bom ressaltar também o papel de Alan Kardec, aquele santinho que Muricy beija e pede o milagre quando a coisa está feia. Se o toque de bola, as jogadas de efeito e os lances sofisticados não dão certo, o técnico chama o atleta que resolve a questão de forma simples. Em geral, de cabeça, como fez hoje, depois de entrar no lugar do lateral direito improvisado Henrique. Mesmo na reserva, já se sabe que pode ser decisivo. Bom para o Santos que pode contar com ele.

domingo, abril 15, 2012

O presente do Santos no Centenário, Lusa rebaixada e as quartas do Paulista

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Dando sequência às comemorações pelo centenário do clube, o Santos goleou o já rebaixado Catanduvense por 5 a 0, na Vila Belmiro. O primeiro gol depois do aniversário peixeiro foi uma pintura de Ganso, após passe de cabeça de Neymar. Nada mais simbólico que um belo gol de um jogador que veste a mítica camisa dez.

O meia ainda faria outro gol, sendo o artilheiro do Peixe na partida junto com Borges. Neymar, que foi o garçom da peleja, também fez o dele. O atacante chegou ao seu 97º gol na carreira com a camisa do Santos, empatando com Gradim (1936-1944) e Rui Gomide (1937-1947) na 22ª posição dos maiores artilheiros da história da Vila. E está a quatro de alcançar Juary, terceiro maior goleador pós Era Pelé.
Os lances e gols, que valem a pena ser vistos, estão abaixo. Além desse drible de Neymar que rendeu uma expulsão do rival já no fim da peleja.



Portuguesa rebaixada

E depois da vitoriosa campanha que a levou ao título da Série B no ano passado, a Portuguesa, caiu para a Série A-2 do Campeonato Paulista. Mesmo com a derrota para o Mirassol, a Lusa ainda permanecia na primeira divisão até quase o final do jogo, já que o Botafogo empatava com o Guarani em casa e ia caindo. Mas aos 42 do segundo tempo o time de Ribeirão Preto conseguiu se livrar da degola.

O técnico Jorginho se desculpou com a torcida. “A responsabilidade é minha. Não tem jeito. Ano passado foi de muita alegria, mas este ano foi isso. Peço desculpas.” Dado que o clube perdeu jogadores importantes como Edno e Marco Antônio, além de outros por contusão, como Marcelo Cordeiro, sem a reposição à altura, é o caso de refletir para o Brasileirão. Outros fatores certamente influenciaram na queda lusa, e se a diretoria e a torcida resolverem culpar só o treinador, o caminho do rebaixamento também no Brasileiro já estará bem encaminhado... 

Quartas de final 

Os reservas do Corinthians bateram a Ponte, que também tinha praticamente meio time reserva, e o São Paulo, surpreendentemente, perdeu para o Linense por 2 a 1, deixando a liderança para o rival na última rodada. Já o Palmeiras seguiu na sua fase de baixa, empatando com o rebaixado Comercial, no Pacaembu, poe 2 a 2, mesmo tendo atuado boa parte do segundo tempo com dois jogadores a mais. As quartas, que serão disputadas em jogo único, ficaram assim: 

Corinthians X Ponte Preta 

A Ponte, que perdeu para os reservas do Timão e tomou uma goleada do Santos por 6 a 1 deve ter muitas dificuldades... Pra se generoso. 

São Paulo X Bragantino 

O Tricolor empatou com o Bragantino em 3 a 3 na fase de classificação (valeu pela correção, Moriti e Renato K.). O time do interior concorre com a Ponte pela alcunha de azarão dessa fase. 

Santos X Mogi Mirim 

O time do interior bateu os reservas peixeiros por 3 a 1 na primeira fase do Paulista. Mesmo com os titulares, o Peixe vai enfrentar uma equipe bem postada, que toca bem a bola na frente e chega rápido ao ataque. Não vai ser fácil 

Guarani X Palmeiras 

Na penúltima rodada da fase inicial, o Guarani superou o Palmeiras em uma partida eletrizante. Não se pode esperar nem o Bugre, nem o Verdão, jogando aberto como naquela partida. Mas essa é talvez a partida mais importante dos campineiros na elite do Paulista no século XXI. No Brasileiro de 1978, os bugrinos levaram a melhor, podem repetir o feito?

sábado, abril 14, 2012

Cem anos do Santos, o time que faz sonhar

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Falar dos cem anos do Santos atendo-se às glórias conquistadas pelo clube é um tarefa quase impossível. Não só pela quantidade e pelos números incríveis da equipe profissional que mais marcou gols na face da Terra, mas também pela forma com que muitos títulos foram conquistados. E também por aquelas equipes que não obtiveram títulos e mesmo assim fizeram história, como o time que marcou pela primeira vez cem gols no futebol brasileiro em uma competição. Cem gols em 16 partidas, uma média espetacular de 6,25 gols alcançada em 1927, oito anos antes do seu primeiro campeonato paulista. Na Vila Belmiro, sempre foi assim, a arte precede aos títulos.


Pelé e Clodoaldo: o futebol agradece ao Santos
Mas, além da história do clube, existe aquela relação única que cada torcedor constrói com seu time. A minha começou mesmo antes de eu nascer, quando o meu avô materno, nascido no Sul de Minas, mudou para o litoral paulista. E um dos motivos da mudança era o fato de ele ser torcedor... do Santos. Certamente foi a narração de pelejas épicas e repletas de gols que fez seo Benedito torcer para um time que, àquela altura, nunca havia sido campeão além dos domínios da Baixada. E que, mais tarde, graças ao futebol bem jogado, conquistaria outros tantos torcedores em todo o mundo, parando guerras e dando à seleção brasileira alguns dos jogadores responsáveis pela época de ouro do futebol brasileiro. Desde os protagonistas Zito e Pelé em 1958 até os atores principais do gol mais bonito de todas as Copas em 1970, que começou com os dribles desconcertantes do santista Clodoaldo, passou pela assistência perfeita de Pelé e culminou na finalização indefensável do peixeiro Carlos Alberto Torres.

Sim, porque, diferentemente de times que surgem em capitais de estado e tem somente que superar concorrentes da própria cidade para se sobressair, contando com o inevitável apoio econômico e político (de dentro e fora do mundo da bola), o Peixe – apelido dado pelos rivais justamente para menosprezar sua origem – teve que jogar muita bola para se tornar o que é. Foi preciso subverter a lógica dentro dos gramados, arrebatando pela beleza dos lances desenhados por artistas incomuns, para também subverter a lógica que o destinaria a ser um time pequeno. O Alvinegro tornou-se gigante não pela sua natureza, geográfica ou econômica, e sim por representar em campo a essência do jogo. 

A provação 

Mas nem tudo foram flores nesses cem anos. Até porque, para uma trajetória vitoriosa, a derrota e o sofrimento são elementos que ajudam a formar o caráter, do torcedor e de um time. Desde a primeira vez que pisei na Vila Belmiro – levado pelo meu pai, aos sete anos de idade, em um Santos e Ponte Preta de 1982 –, até hoje, um período em particular foi terrível: a fila de 18 anos sem título. E para alguém que está em fase de crescimento em um período como esse, a crueldade do torcedor rival é muito mais marcante, porque se junta a todas as outras agruras de criança e de adolescente. Na Baixada, onde o Santos é o mais odiado pelos rivais, o peixeiro se tornava alvo de gozação a cada bate-papo de futebol. Quando o time perdia – para qualquer adversário – volta e meia escutavam-se rojões. Fora da região, a tarefa era suportar o desdém de muitos que fingiam que o time não existia ou que era “coisa de historiador”. Para o santista, a fila era mais que uma provação, pois havia o fardo da gloriosa história para carregar, que não se refletia nas quatro linhas.

Um personagem histórico, uma partida inesquecível
Não que não tenha havido chance de o clube sair da fila. Depois de algumas formações ridículas da segunda metade dos anos 80 e da primeira metade dos 90, o Santos se reergueu. E, por destino, foi pelos pés de um camisa dez. Não, de um camisa Dez, com caixa alta. Giovanni comandou uma equipe que tinha desde jogadores “renegados” como Marcos Adriano e Macedo, até jovens e não tão jovens esperanças como Narciso, Jamelli, Edinho, Wagner, Carlinhos, Marcelo Passos, Robert e a arma surpresa Camanducaia. O meia também foi protagonista de uma das maiores partidas da rica história alvinegra e que foi, seguramente, a maior atuação individual de um boleiro que vi ao vivo.

Mas não foi ali que saímos da fila. Deixei o Pacaembu triste naquela segunda partida da final do Brasileiro de 1995, mesmo assim fui saudar os vice-campeões na Praça Independência, em Santos. Alguns jogadores foram até lá prestigiar aquela torcida que considerava aqueles os verdadeiros campeões brasileiros. Fui ali não para lamentar a arbitragem, e sim para agradecer àqueles que tinham devolvido a autoestima ao santista, que fizeram daquelas lembranças gloriosas, que eu não tinha vivido, uma realidade. Uma realidade que não se fez presente pelo título, que ao final não veio, mas pela beleza, pelo futebol bem jogado que honrava a mística da camisa alvinegra que chegou a parecer perdida.

A beleza tinha voltado, mas a zombaria continuava. E não cessou com o título do Rio-São Paulo de 1997. Nem com a Copa Conmebol de 1998. Era preciso um título mais significativo. Um Paulista, que na época tinha mais charme que hoje, ou um Brasileiro... O Estadual quase veio após uma partida enfartante em que o Peixe virou contra o Palmeiras de Felipão nas semifinais, um épico 3 a 2 depois de estar perdendo por 2 a 0 até os 23 minutos do segundo tempo. Mas, na final, o time perdeu o título para o São Paulo.

No ano seguinte, nova decepção. Desta vez, com um gol de Ricardinho no último minuto da semifinal do Paulista. Ali, antes mesmo de o gol acontecer, um pressentimento me assaltava. Na outra partida da semifinal, Ponte Preta e Botafogo jogavam para saber quem seria o outro postulante ao título. Enquanto a Ponte era a finalista, para mim era lógico superar a tradicional equipe campineira e sair da fila contra ela. O Corinthians já tinha feito isso, o São Paulo já tinha a derrotado em outra final e o Palmeiras faria o mesmo sete anos depois. Mas quando o Botafogo garantiu sua ida à final, temi pelo pior. Faltavam cinco minutos para o jogo acabar. Para mim, era certo: o Santos não sairia da fila contra o time do interior. Uma fila de 17 anos não acaba assim. Aquela certeza tétrica me fez esperar pelo pior, que veio ao fim daqueles doídos 90 minutos. Decepção era pouco. Chovia na Baixada e naquele dia até os rivais guardaram os rojões em respeito à dor alheia. 

A redenção 

Em 2002, o ano também não parecia promissor. A desclassificação do time comandado por Celso Roth obrigou o Santos a viver o maior período de inatividade de sua história. Veio Emerson Leão, treinador então desacreditado, e o elenco contava com outros atletas que não haviam emplacado, como Paulo Almeida, Elano, Renato... André Luís, zagueiro-vilão do Paulista de 2001, e dois moleques como Diego, que ainda era só uma promessa, e Robinho, que nem isso era. E o final, finalmente, foi feliz.

Não foi só um título. Não foi só uma quebra de jejum. Foi um futebol que na fase final mostrou a essência da história santista: era o encantamento, a arte, o arrebatamento. O favorito “Real Madrid do Morumbi” foi derrubado; o futebol-força gaúcho do artilheiro da competição sucumbiu; e os algozes do ano anterior caíram diante das pedaladas do menino Robinho, que ainda jogou ao chão outro marcador no segundo gol daquela final e chamou dois jogadores de seleção para dançar no terceiro. E eu, que imaginei aquele momento durante tanto tempo achando que iria me emocionar, chorar, simplesmente não conseguia parar de rir. Porque aquele era um futebol alegre de fato, do tipo que sempre fez o santista e o amante legítimo da bola sorrir. O gigante havia voltado.

A dupla que deu continuidade à lenda
E, desde então, o Santos tem mostrado sua grandeza quase a todo ano. Vice do Brasileiro e da Libertadores em 2003, campeão brasileiro em 2004, campeão paulista em 2006 e 2007 (ano em que foi vice do Brasileiro); vice paulista em 2009, campeão paulista de 2010 e 2011, da Copa do Brasil em 2010 e da Libertadores em 2011. Nos dois últimos anos, deu ao mundo lindos gols e belos lances com a dupla Neymar e Ganso, além dos coadjuvantes talentosos que cativaram não só os torcedores como todos aqueles que gostam do bom futebol. Um Neymar “imparável”, como definiu um locutor mexicano, assombrando não só pela sua habilidade, mas também pela decisão de remar contra a maré e permanecer no Brasil diante de toda sorte de investidas estrangeiras. E, quando a técnica não foi suficiente e as adversidades apareceram, a raça resolveu, como quando Ganso encarnou Almir Pernambuquinho na final do Paulista, contra o Santo André. Eram novos capítulos de uma história que começou a ser escrita naquele 14 de abril de 1912, e que faz parte da minha vida antes de eu existir. Que faz com que o torcedor tenha orgulho do seu clube até mesmo quando ele não vence ou ganha títulos.

E é no centenário, nessa efeméride única, que se lembra daquilo que se viu e do que apenas se ouviu ou leu. E que sempre fez sonhar. É tempo de recordar daqueles que me apresentaram ao futebol, do meu pai que me levou ao campo sagrado da Vila Belmiro pela primeira vez e que ainda hoje me acompanha nas sagradas arquibancadas. Do meu avô que não conheci e que deve estar lá, junto com meu primo Salvador, fanático peixeiro que levou a bandeira do clube para o Além, onde deve estar apreciando o balé boleiro de estrelas como Araken Patusca, Feitiço, Camarão, Antoninho, Jair Rosa Pinto, Mauro Ramos de Oliveira, Ramos Delgado, Pagão, Tite, Vasconcelos, Toninho Guerreiro, Luis Alonso Perez e tantos outros que fizeram não só o Santos, mas o futebol brasileiro, ser o que é.

Como bem disse Mario Sergio Cortella, seu papel de filósofo também se relaciona com o fato de ser torcedor do Santos. Porque filosofar é ir além do óbvio, de buscar o inesperado. E o Santos, durante esses cem anos, foi muito além do óbvio. Que siga assim por mais muitos centenários.

Outros tantos virão para ver...
Também publicado em Filho de Peixe

sexta-feira, abril 13, 2012

Leão do Mar em ritmo de jazz ou Aquecimento para o Centenário

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Uma versão muito boa do Leão do Mar, tido como hino do Santos por muitos. Na verdade, é uma marchinha comemorativa do título paulista de 1955, composta em janeiro de 1956 pelo publicitário paulistano José Maugeri Netto. O hino oficial, composto pelo músico santista Carlos Henrique Paganetto Roma, é de 1957 e pode ser ouvido aqui.

quarta-feira, abril 11, 2012

O show obscurantista de Heloisa Helena

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Durante o julgamento do STF sobre o aborto de anencéfalos, a ex-candidata à presidência da República Heloisa Helena resolveu manifestar sua opinião a respeito. As posições a favor e contra o mérito da questão (que, atenção, era sobre o aborto de anencéfalos e não sobre o direito ao aborto, para o tema, recomendo a leitura aqui) que estava sendo julgada no Supremo tiveram argumentos aos montes nas redes sociais durante todo o dia, mas a ex-senadora resolveu ir além do que já vinha sendo dito.

Primeiro, apelou para o lado emocional, ao citar o caso de uma criança de dois anos que foi levada pelos pais ao STF para sensibilizar os juízes. Mas, lendo a matéria, há um detalhe no segundo parágrafo:

Apesar do diagnóstico de anencefalia, Vitória nasceu com um resquício de cérebro e couro cabeludo (acrania), conforme especialistas ouvidos pelo G1.

Ou seja, a menina que teria anencefalia diagnosticada na gravidez, não é anencéfala. Um especialista explica mais à frente: A anencefalia não tem membrana por cima, não tem calota, não tem couro cabeludo, não tem crânio, não tem encéfalo, tem apenas tronco cerebral que mantém apenas os impulsos para batimento cardíaco e movimentos respiratórios. Não há cognição.

Heloisa Helena referendou e divulgou um exemplo que não exemplificava nada para justificar sua posição. Se tivesse lido essa matéria do Terra, ela saberia definir melhor. Segue esse trecho:

Cinquenta por cento das mortes em casos de anencefalia são provocadas ainda na vida intrauterina. Dos que nascem com vida, 99% morrem logo após o parto e o restante pode sobreviver por dias, ou poucos meses. "Os que sobrevivem, conseguem fazer o movimento involuntário de engolir, respirar e manter os batimentos cardíacos, já que essas funções são controladas pelo tronco cerebral, a região que não é atingida pela anomalia. Alguns não precisam do auxílio de aparelhos e chegam até a serem levados para casa, mas vivem em estado vegetativo, sem a parte da consciência, que é de responsabilidade do cérebro.

Mas Heloisa Helena precisava continuar. Em uma sequência argumentativa que pode ser lida em seu Twitter, solta a pérola: Claro q Mulher tem Direito ao seu Corpo..pode fazer Plástica, pintar Cabelo de Roxo..mas ñ Matar uma Criança!



E, pra completar, diz:

Alguém acha q/é Fácil ser Mãe de Autista, Portador Sofrimento Mental, Problemas Neurológicos Gravíssimos... Cuidado Eugenia! #anencefalia

Eugenia??? O que mais perturba nesse tuíte, na verdade, é a comparação absurda e que leva a interpretações preconceituosas de todo tipo quando se iguala um anencéfalo a um autista ou portador de doença mental. A ex-senadora, que é formada em Enfermagem, deveria saber a diferença e perceber que esse tipo de discurso utilizado para estruturar seu indisfarçável proselitismo religioso é muito ofensivo para quem tem um autista ou portador de doença mental na família.

Embora a definição mesma de autismo, por exemplo, ainda seja controversa, é inegável que um autista tem cognição, além de uma expectativa de vida normal o que, como deveria saber Helena, não ocorre com um anencéfalo. Alimentar tal confusão e sustentar esse obscurantismo é ir além de defender uma posição, é alimentar estigmas e esteriótipos negativos que pessoas lutam durante anos para mudar.

quinta-feira, abril 05, 2012

Último a sair, apague a luz

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Por Luciana Nepomuceno

Lanterna. E naquela situação que só quem gosta é narrador e comentarista da Globo, com ênfase no Galvão: “se ganhar por um gol e tiver empate no outro jogo”, “se a bolsa de Tóquio oscilar e o Ronaldinho marcar de calcanhar”, “se fizer um gol no primeiro tempo e no outro jogo o juiz começar a brincar de amarelinha”. E, claro, alguém faz um gol aos 3 minutos de jogo e as contas todas recomeçam.

Flamengo jogou (jogou?) ontem com o Emelec em Guayaquil, e perdeu para o time equatoriano que, com toda gentileza, pode ser considerado limitado. O Mengo conseguiu o feito de ficar em vantagem duas vezes e terminar o jogo com derrota. O placar final foi bem mais do que um 2X3 dolorido. Foi a certeza de que a impressão de que pode haver uma luz no fim do túnel pode ser trocada pela absoluta convicção que isso não é um túnel, mas um poço.

O Flamengo tem camisa, tem preparo e tem jogadores que podiam ter vencido o jogo. Mas não tem comando, norte, padrão de jogo nem vontade de ganhar. Tem só aquele vergonhoso ímpeto de recuar sempre que obtém uma pequena vantagem. Displicência. É só ver o primeiro gol do Emelec. Sete jogadores do Flamengo dentro da pequena área marcando... absolutamente ninguém. É só ver os lampejos do Ronaldinho que continuam me convencendo que, se houvesse vontade... mas não há. Nem dele nem do comando do time e do clube de colocar alguma ordem no pagode. E os torcedores tolos, que nem eu, que dancem.

Eu não tenho nada contra perder jogos. Acontece. Quem está na chuva é pra se molhar e, por vezes, o time adversário apresenta competência tática ou primor técnico ou mesmo aquele sangue no olho que a gente adivinha: ops, hoje não vai rolar. Mas há derrotas que são amargas não apenas por elas mesmas e sim pelo que representam. A derrota de ontem foi uma delas. O Flamengo está perdido. Não sabe lidar com seu medalhão, não sabe tratar seus jogadores novos. O Joel já saiu em defesa de si mesmo culpando Luxemburgo e os novatos. Como se Muralha, Diego Maurício, Negueba não fossem o que de último suspiro nos restasse. A diretoria está perdida, na janela, vendo a banda passar. Não se trata de pedir a cabeça (oi?) do técnico, mas de reconhecer: não há time. O Flamengo, hoje, não tem perspectiva maior que buscar classificação para a final da Taça Rio e, aí, quem sabe, pensar em disputar o Campeonato Carioca. Eu até gosto dos estaduais, mas é pouco, muito pouco. Uma mentalidade decadente, autorreferente e mesquinha. Só isso explica a covardia de colocar o time todo na retranca jogando contra, sem querer ofender, o fraquíssimo Emelec. E não é arrogância, é só pensar: o Emelec tinha feito apenas um gol em quatro jogos. Eu disse UM. Pois é. As mudanças no Flamengo chamaram o Emelec pra dança. Joel colocou um zagueiro no lugar de um atacante – isso aí, bora recuar – em uma formação que não foi treinada nenhuma vez na semana. Ne-nhu-ma-zi-nha. Nem de brincadeira. O que esperar? O que aconteceu: o Emelec deitou e rolou, sambou na cara dos rubro-negros a quem só resta balançar a cabeça inchada e resmungar: até quando, papai Joel?


Confesso que tristeza em mim é mato

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

Peixe domina, mas Muriel salva Internacional da derrota

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Após o passeio dado sem mãos dadas na Vila Belmiro, era de se esperar que o Internacional viesse pra cima do Santos. Mesmo com desfalques importantes, os gaúchos tiveram desde o início da partida uma postura distinta daquela da primeira peleja entre os dois na Libertadores. E o Colorado não tardou a chegar ao gol, em cobrança de falta – bem feita sim – de Nei, na qual Rafael fez um golpe de vista algo questionável para um arqueiro de nível como ele.

Mas Rafael só apareceria novamente aos 26 da segunda etapa, em uma finalização de Jajá. Não fez qualquer defesa importante antes ou depois disso e deixou para o rival Muriel o cargo de estrela do jogo que marcou o aniversário do Inter, 103 anos. Foi ele que evitou a derrota gaúcha, com importantes intervenções que evitaram com que Neymar, em várias belas jogadas, saísse consagrado no Beira-Rio.

Em um jogo de futebol, ainda mais em um campeonato como a Libertadores, às vezes a confiança diz mais que a técnica. E se um se junta ao outro, vixe... Na primeira etapa, quando foi possível observar dois lances em que defensores do Inter isolaram a bola sem necessidade, só ao perceber a presença de Neymar a alguns metros, mesmo os mais apaixonados torcedores do time da casa já sentiram que o churrasco passava do ponto (com todo respeito ao lugar comum e ao estereótipo). E não era só o Joia da Vila, mas sim a equipe litorânea que impunha seu jogo e mantinha a posse de bola, tocando e tocando a dita cuja com a paciência dos matadores que só esperam o momento certo pra dar cabo da sua missão.

Mas o tal momento só veio na segunda etapa, quando Muricy ousou e colocou Alan Kardec no lugar do hesitante Fucile. Um lateral por um atacante, um ímpeto ofensivo recompensado dois minutos após a troca, quando Neymar serviu Juan, lateral que até então vinha mal, cruzar para o amuleto santista fazer o gol de empate.


O Inter ainda teria um jogador expulso, Rodrigo Moledo, que sofreu com Neymar no primeiro jogo e cometeu duas infrações no moleque que lhe valeram cartões amarelos. Aliás, os donos da casa fizeram 24 faltas, enquanto o Santos fez dez, o mesmo número de infrações sofridas só pelo 11 peixeiro. Significa. Como também significa a posse de bola alvinegra, quase 62% contra 38%, mesmo jogando em domínio alheio.

Ao peixeiro, pareceu uma vitória que escapou, embora a classificação esteja encaminhada. O Alvinegro tem dez pontos, o Inter, oito, e o The Strongest, que enfrenta o Juan Aurich fora de casa, tem sete. Os belos lances, o domínio da bola e a altivez mesmo fora de casa valeram a noite para o torcedor santista. Ah, sim, parabéns a Muriel, já que, em um jogo no qual atuaram três atacantes já convocados pra seleção, ele fez a diferença.

quarta-feira, abril 04, 2012

Virada no Horizonte-CE

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Enfim, uma notícia boa. Passadas duas derrotas seguidas, que quebraram a série invicta de 22 partidas mantida até então, o Palmeiras facilitou a própria vida na Copa do Brasil contra o Horizonte do Ceará. Tudo bem, não é nenhuma notícia ótima, mas o trauma alviverde na competição nacional mais divertida e surpreendente do país torna qualquer vitória por pelo menos dois gols de diferença um acontecimento.

E considere-se que foi 3 a 1 de virada. Quer dizer, o time saiu perdendo, em falha de Leandro Amaro no gol de Mateus. O empate e o segundo gol foram marcados pelo próprio zagueiro. Depois, Maikon Leite resolveu a vida, depois de substituir Wesley, desentrosado e ainda muito aquém das expectativas.

A dependência das bolas levadas à área por Marcos Assunção prossegue (foram dois gols assim). O terceiro foi oportunismo de um bom contra-ataque armado. Oportunismo porque o time é pouco objetivo, erra muito perto da área. A próxima fase terá o Paraná ou o Ceará na frente do Verdão.


DEM, Agripino Maia e Demóstenes Torres: Um ato falho às vezes diz mais que mil palavras

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Agripino Maia, presidente do DEM, ao comentar o caso Demóstenese Torres:

O DEM tem uma história clara de não-convivência com a ética.

Ao se justificar, Agripino disse que na verdade quis dizer a palavra "aética", que, de acordo com o bom senso e com o dicionário, é um adjetivo, o que tornaria a frase incoerente. Ou seja, o nobre político se "confunde" até pra explicar um ato falho?



Sobre ato falho, Freud explica.

sexta-feira, março 30, 2012

Goleada e nova marca de Neymar

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Sim, foi fácil. O Santos garantiu sua classificação com uma goleada de 5 a 0 contra o Guaratinguetá. Não igualou o resultado feito contra a Ponte Preta, mas valeu pela marca alcançada por Neymar, que fez a trinca – dois de pênalti – na partida. Chegou a 95 gols, superando Robinho e ocupando a quarta posição no rol dos maiores artilheiros pós Era Pelé. À frente dele, Juary, com 101 tentos, e João Paulo e Serginho Chulapa, com 104 cada um (a lista dos 25 maiores do Alvinegro aqui).

Com 4 a 0 antes do intervalo, a segunda etapa foi em ritmo de treino, ainda mais que o time do interior ficou com um a menos no final da primeira metade da partida. Belas trocas de passe, jogadas inspiradas de Neymar, boa atuação (principalmente ofensiva) de Juan e de Ibson, e a torcida com seu apoio quase incondicional a Elano, que entrou no segundo tempo.

Além disso, vários jogadores forçando cartão amarelo, como é praxe, para se pouparem contra a Portuguesa, que já não tem mais nada a fazer na competição. Aliás, poucos clubes têm. Naquele que é um dos campeonatos paulistas mais previsíveis e sem graça dos últimos tempos, os oito classificados já estão praticamente definidos, somente Ponte e Bragantino não asseguraram a vaga, apesar de estarem a nove e sete pontos do nono colocado, de nove pontos que restam ser disputados. Já na zona do rebaixamento, cinco times correm riscos mais evidentes, sendo que o Comercial, a cinco pontos de sair da degola, depende de um milagre.

Abaixo, os lances da partida:

quarta-feira, março 28, 2012

Copa 2014: entre a investigação e os números perdidos

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POR Thais Barreto *


Um pouco de dedicação e uma cuidadosa pesquisa já foram suficientes para concluir: quem quiser saber a fundo o que se passa nos bastidores de realização da Copa 2014 precisa estar sujeito e entrar num labirinto.

O repórter que queira fazer uma matéria levantando simples dados como: total de investimentos ou andamento da obra encontrará dificuldades. Ele perguntará a seus botões: onde está a transparência que o governo prometeu?

Os dirigentes responsáveis pela candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo FIFA 2014 alegaram, entre outras coisas, que a população poderia receber um grande legado de desenvolvimento urbano e social. Além disso, o pretexto para justificar os investimentos veio acompanhado de outra vantagem: o futebol mexe com a emoção e tem o poder de mobilizar boa parte dos brasileiros.

O consultor legislativo do Senado Federal, Alexandre Guimarães, afirmou que só saberemos o valor final do orçamento da Copa em 2015. Até agora, considerando apenas o primeiro ciclo (são três), o valor já chega em R$ 33, 1 bilhões, acompanhado do alerta “os valores não devem ser comparados aos investimentos finais”. Temos 12 cidades-sede, todos com obra para estádios. Segundo o relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), estádio é o item que possui maior risco de obras com custo elevado.

Além disso, temos um agravante: a sociedade pouco usufruirá. Recuperando experiências de outros locais, podemos citar Portugal, que sediou em 2004 a Eurocopa. Gestores locais chegaram a discutir opção de demolir o estádio municipal de Aveiro. Isso aconteceu por conta das desvantagens entre a receita e as despesas. Essa é uma realidade que o Brasil não está imune.

O TCU apontou em quatro cidades-sede o risco de estádios se tornarem “elefantes brancos”. É o caso de Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília. Experimente acompanhar essas obras. O Estádio Mané Garrincha, no Distrito Federal, possui relatórios desatualizados. Nos portais da Controladoria Geral da União e do TCU até a data referente ao início dessa obra está diferente.

Dificilmente será cumprido o prazo estabelecido para entrega dos estádios, o qual, de acordo com o relatório do TCU, elaborado em 2009, as obras estariam finalizadas em 31/12/2012. E agora, o que nos resta? É preciso encarar o desafio, não podemos nos limitar porque os dados nos confundem ou desestimulam o trabalho. O que resta aos repórteres-investigadores é tecer o fio de Ariadne, aquele utilizado no labirinto. Temos muitas perguntas a serem respondidas, vamos definir as pautas e encontrar nossas respostas que devem chegar ao interesse público. Há uma porção de números perdidos por aí.

* Artigo encaminhado à Abraji para conclusão do curso “Investigação em Esporte: Gastos com a Copa 2014 e Olimpíadas 2016”.

segunda-feira, março 26, 2012

Morte de um garoto macula virada corintiana

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Um garoto de 21 anos morreu. Levou um tiro na cabeça.





Era palmeirense, essa foi a razão por que morreu.

Vingança pelo menino corintiano que foi encontrado boiando no Tietê no penúltimo confronto?

Tanto pior.

O Corinthians virou deliciosamente sobre o Palmeiras, mas isso não tem a menor importância. O que importa é que hoje, por causa do futebol, um garoto levou um tiro na cabeça.

O jogo deveria ser anulado. Nenhuma morte deveria ser tolerada.
Em caso de agressão organizada pela torcida, o time deveria ser responsabilizado. O jogo deveria ser anulado e o time da torcida agressora, ceder os três pontos ao adversário.

Num caso como o de hoje em que as torcidas rivais tomam ares de milícias e se confrontam às centenas, o jogo não deveria acontecer e os dois times perderem pontos. Por mais infantil que pareça, só penalizando o time (razão de sua existência) esses imbecis vão parar de se matar.

domingo, março 25, 2012

Com homens-gol presentes, Santos bate Bragantino

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Pela 15ª rodada do Paulistão ou Paulistinha, de acordo com o freguês, o Santos venceu o Bragantino na Vila Belmiro por 2 a 0. O Peixe entrou com um time que não contava com Fucile e Edu Dracena, além de Borges e Ibson que ficaram no banco e entraram no segundo tempo. O Bragantino, que não tinha nada a ver com isso, começou assustando a um minuto, com uma bola que quase entrou. Foi ousado, tentou marcar o Santos no próprio campo, mas se viu acuado aos poucos, quando os donos da casa começaram a se impor.


O tento saiu aos 18, com o homem-gol reserva Alan Kardec, o quinto dele no campeonato. Os interioranos não se intimidaram e chegaram a finalizar duas bolas na trave, uma em escanteio e outra em uma cobrança de falta. Veio o intervalo e, nele, uma declaração interessante de Neymar sobre a peleja:

- Ele me bate e fala: “Deus abençoe”.

O atacante se referia a Junior Lopes, zagueiro do Braga, que se “justificou”: "Uma hora ele se irritou, disse que estavam batendo nele. Só que não é por maldade. Ele é muito rápido, então, as vezes você vai tentar tirar a bola e acaba acertando ele. Uma hora, ele me xingou e eu falei: 'Deus te abençoe'. Mas está tranquilo".

Na segunda etapa, não foi Junior Lopes punido pela violência, mas Jean Pablo, que tomou dois cartões amarelos por faltas em Neymar e foi expulso aos 8. O Santos já havia voltado melhor depois do intervalo e a partir daí só consolidou seu domínio. Para terminar a partida com “posse de bola de Barcelona”, como diriam alguns dos pouco inventivos comentaristas boleiros: 72% com a redonda nos pés.



Foram inúmeras chances perdidas na segunda etapa, três delas com Neymar. Mas foi Borges, que vivia um estio de bola na rede, que marcou após uma bola que bateu na trave, chutada por Maranhão. O Bragantino não ameaçou a meta de Rafael.

E o Santos segue na quarta colocação, a quatro pontos dos dois líderes. Com o mesmo número de pontos do Mogi Mirim, que faz uma campanha bravíssima. Ninguém mesmo vai começar a pensar em uma fórmula menos tediosa para o campeonato?

sábado, março 24, 2012

De olho na redonda - Viola no Barcelona, o rei Leão do Morumbi e os portugueses no Amazonas

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A notícia veio pelo Twitter. De acordo com o site oficial do São Paulo, Emerson Leão é o treinador que tem o melhor aproveitamento dentro no Morumbi entre todos que passaram pelo Tricolor. Desde a sua estreia no comando da equipe, em 2004, ele disputou 34 partidas, com 26 vitórias, sete empates e apenas uma derrota, para a Ponte Preta, em 2005. O aproveitamento em casa é de 85,2%. No seu retorno ao clube no fim do ano passado até agora foram nove vitórias e dois empates.

Viola deixará o showbol?
Viola no Barcelona?

Depois do ex-ídolo do Azulão Adhemar, a série C do campeonato carioca pode ganhar outro nome de peso. Viola, de 43 anos, que vem se destacando ultimamente mais nos jogos de showbol, pode ser a novidade do Barcelona-RJ. Segundo o presidente do clube de Jacarepaguá, o acordo já estaria firmado, faltando apenas mais um patrocinador para viabilizar o reforço. Já o empresário do atleta (?) nega a negociação.

Os portugueses “invadem” o Amazonas

Um dado interessante foi destaque do portal lusitano Mais Futebol durante a semana, a “invasão” de treinadores do país no futebol do Amazonas. Dos dez clubes da primeira divisão do estado, três têm técnicos portugueses.

“Quando vim, pensei que poderia abrir portas neste mercado. Felizmente, está a acontecer. Até 2014, é possível termos cá mais treinadores de Portugal, porque este é um mercado atrativo. Em Portugal há muitos treinadores por metro quadrado”, disse Paulo Morgado, treinador do Fast Club, terceiro colocado no Amazonense. “No Brasil, há 26 estados e 27 campeonatos. Há potencial no Amazonas e não só. Já se ganham valores acima de uma 2ª divisão em Portugal e permite ser profissional”, acredita.

Com a crise europeia e a mesmice tática dos treinadores brasileiros, a “importação” de técnicos pode ser uma saída para boa parte dos clubes pequenos e médios do Brasil.    

sexta-feira, março 23, 2012

Em jornada épica (dos torcedores), Santos vence Juan Aurich

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Caiu água no Pacaembu... (Foto Futura Press)
Pelo jogo de ida, parecia que ia ser fácil. Claro que o Juan Aurich viria mais fechado do que jogou em casa, mas a superioridade do Santos ficara evidente na partida de ida. O que não estava no roteiro era o temporal que caiu em São Paulo durante as mais de duas horas da partida (sim, com um intervalo de 45 minutos entre os dois tempos...). O time até que não sofreu tanto para conseguir o resultado: um 2 a 0 em que Rafael não foi ameaçado em nenhum momento. Já o torcedor...

Ser sócio facilita a vida para comprar ingresso, mas o torcedor comum pena. No Pacaembu, geralmente são abertos poucos guichês (às vezes um só), o que vira uma verdadeira festa para os cambistas que conquistam os espectadores que não têm tempo para passar duas, três, quatro horas em uma fila. Mesmo com a limitação de três ingressos por pessoa, tendo que se registrar o CPF de cada um, segue sendo um mistério como os “vendedores de rua” conseguem a sua carga.

Já no estádio, o santista se depara com a chuva que se inicia antes dos dez do primeiro tempo. E chove, como chove. Capas plásticas disputadas quase a tapa, daquelas que custam um real, vendidas por dez em função da velha lei da oferta e da procura (ah, o capitalismo...). No gramado, o time peruano, com três zagueiros e quatro volantes, marca o tempo todo atrás da linha da bola. O Santos tenta encurralar, vai todo à frente, troca passes como tem sido sua característica (o que muitas vezes faz o torcedor gritar o tradicional “chuta” pra qualquer um que aparece perto da grande área). Aciona pouco o lado direito, joga mais pela esquerda com a apoio de Juan e Neymar, que se movimenta pelos lados e no meio. Mas centraliza muito o jogo e erra passes demais por conta disso. E o Juan Aurich bate.

O gol sai em um escanteio cobrado pela esquerda. Edu Dracena, após cabeçada de Ganso que Penny não conseguiu segurar. Na primeira etapa, ficaria nisso. As poças já começavam a aparecer no gramado do Pacaembu e o intervalo foi premiado com um aumento do temporal. Os 15 minutos mais longos que eu já tinha visto em um estádio. Enquanto isso, uma marca de cerveja era responsável por jogar brindes aos torcedores por meio de uma “bazuca” (mas nada de bebida no estádio, ah, os bons hábitos...) que circulava no estádio. E o locutor pedia pra torcida “agitar”, como se todos estivessem num programa de auditório. A chuva sem cessar, e o cara não parava de falar. Até que a torcida se impacientou e iniciou o tradicional e flexível grito: “hei, bazuca, vai tomar...”.

Os times voltam. E, o intervalo que já era longo pra quem tomava chuva, iria se alongar de verdade. Parte dos refletores apaga, os times vão para os bancos de reservas e, de lá, após alguns minutos, vão para o vestiário. O torcedor fica sem saber o que vai acontecer, nada de o sistema de som do estádio informar algo. Alguns já vão embora, já que o dia seguinte é uma sexta-feira de trabalho. A maioria fica sem saber se vai haver ou não partida. E tome chuva.

Quanto o sistema de som anuncia algo, vem a voz de um locutor que começa a contar a “história do Pacaembu”. A vaia, previsível, o faz se calar. Só depois de algum tempo vem o anúncio de que o jogo continuaria. Os times voltam e o jogo se inicia 45 minutos depois do encerramento do primeiro tempo. E a chuva, que piorou no “intervalão”, fez aparecer muito mais poças no gramado.

Se a grama pesada e a água empoçada atrapalham o time que troca passes e trancam mais o jogo, também é verdade que é fatal para times que têm pouca técnica. Os peruanos conseguiam se defender, muito na base da pancada, que não foi punida pelo árbitro argentino Patricio Losteau, cujos cartões devem ter ficado em algum café de Buenos Aires. Com licença do juiz, o Juan Aurich bateu e não foi punido, mas não conseguiu chegar à meta santista.


(Esse Neymar...)

Ibson, pela direita, e Arouca abriram pelos lados, facilitando o ataque santista. Borges, que perdeu um gol incrível, segue a sina de garçom. Foi dele a jogada que resultou no segundo gol do Santos, marcado por Neymar, aos 13 do segundo tempo. E Neymar... Esse, faça chuva ou faça sol, sempre brinda o amante da bola com lances geniais (confira no vídeo, no 0:43 e no 3:11), mesmo caçado (no vídeo, no 1:05. avaliem que punição merece essa falta). Depois do segundo tento, ninguém ali duvidava da vitória àquela altura, mas a goleada não veio, muito em função da chuva e da pancadaria dos peruanos. Agora, o time lidera o grupo 1 da Libertadores, com nove pontos, dois a mais que The Strongest e Internacional.

Ah, sim, no fim da partida, a chuva parou.

segunda-feira, março 19, 2012

SanSão: a defesa do Santos de Muricy lembrou Dorival... (Visão santista)

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Quando Muricy Ramalho chegou ao Santos, a demanda da época, apesar do tal “DNA ofensivo”, era fortalecer a defesa. Desde os tempos de Dorival Junior, passando por Martelotte e Adílson Batista, sempre foi o setor mais criticado da equipe. Mesmo com o ataque marcando inúmeros gols como em 2010, às vezes a falta de proteção custava caro, como foi o caso da derrota peixeira para o Palmeiras no Paulista daquele ano, por 4 a 3, ou o triunfo gremista na Copa do Brasil (devolvido com sobra na partida de volta) pelo mesmo placar.

Ontem, o Santos de Muricy lembrou no aspecto defensivo o de Dorival. A fragilidade pôde ser vista não só no contra-ataque que redundou no pênalti convertido por Luís Fabiano (com um a menos, o contragolpe veloz era a proposta de jogo do Tricolor) mas, principalmente, no lance do terceiro tento são-paulino. Lucas, destaque da peleja, pegou a bola tão sozinho, mas tão sozinho, que até olhou para o auxiliar pra saber se sua posição era legal. Não correu tanto, trotou sem marcação até chegar na área, onde hesitou diante de Rafael, deu um passe não tão bom para Cortez, que quase caído mandou a bola na trave para o próprio Lucas (em posição irregular) pegar no rebote. Nem em pelada de fim de ano o meia achou tanto espaço disponível, um erro crasso de marcação que fez lembrar as derrotas (poucas, diga-se) daquele time de Dorival.


Méritos para Leão, não só pelo puxão de orelha dado no camisa sete tricolor, que parece ter funcionado, mas pela marcação que impôs ao meio de campo santista no primeiro tempo. Ganso, o ponto de equilíbrio do novo jeito que o Santos tenta jogar, não conseguiu sair da marcação rival (segundo Muricy, talvez em função do desgaste da viagem de retorno ao Peru, feita na madrugada de quinta pra sexta), e Neymar também apareceu pouco na primeira etapa, embora tenha já conseguido ali cavar a trajetória da expulsão de Rodrigo Caio, que só aconteceria no segundo tempo. Sem Henrique e com Adriano tendendo sempre a ir mais pra trás do que devia, havia o garoto Paulo Henrique na lateral esquerda, sentindo a partida e sem se achar no jogo. O time perdia bolas na meia e o São Paulo tinha caminho quase livre para chegar à área de Rafael. Se saísse do primeiro tempo vencendo por 3 a 0 não seria nada anormal.

No segundo tempo, o Santos se impôs, mais ainda com a expulsão de Rodrigo Caio, aos 8 minutos. Ali, Elano já havia entrado no lugar de Ibson, que já tinha cartão amarelo. O domínio alvinegro se traduziu nos números finais de posse de bola, 62% contra 38% (de acordo com o IG), e outro dado também mostra a diferença tática e de proposta: 20 lançamentos certos (37 no total) do São Paulo e 11 certos (18 no total) do Peixe. Muricy, que substituiu o lateral Paulo Henrique por Alan Kardec e colocou Felipe Anderson no lugar de Adriano, não conseguiu evitar os contragolpes do São Paulo e as chances de gol santista surgiram, mas Dênis foi bem depois de ter falhado no gol de Edu Dracena. E Lucas foi melhor ainda com suas duas assistências.

Fim de jogo, bom para os são-paulinos que começam a ver um esboço de coletividade no time. Para os santista, fica a superstição: o 3 a 2 lembra outro, o de 2002, que teve um final feliz para o Santos.  

Dos Heróis Cotidianos

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Por Luciana Nepomuceno

Morituri te salutant, Kleberson.
Eu gosto das grandes histórias, das narrativas épicas, das gregas premonições. Gosto dos Heróis, aqueles que, impávidos, inscrevem-se no imaginário. Os generais, reis, imperadores, fazem bonito quando descrevemos o passado. Mas, muitas e tantas vezes, esqueço (esquecemos?) que não haveria general sem aquele exército que marcha a pé, cava buracos para seus excrementos, come pão duro e carne salgada. Esqueço (esquecemos) dos que ficam na linha de frente e são os primeiros a serem pisoteados pelos cavalos, a serem espetados com lanças, a serem vilipendiados quando derrotados e esquecidos quando vitoriosos. Esqueço (esquecemos?) dos Klebersons. Dos PaulosVictors. Esses jogadores do passe o sal, do cotidiano, os que vão na infantaria e raramente vemos pouco mais que seus capacetes, seu suor e quando caem, abatidos. Até que. Até que se tornam, numa das mais admiráveis características do futebol, heróis improváveis. Com feitos que parecem não coadunar com sua rotina. Como ficam imensos e cabem mal no seu próprio corpo. Olham de lado, sorriem constrangidos, balançam os ombros, divididos entre gozar a exótica admiração ou isolarem-se na usual invisibilidade.

Conta o Flamengo, a cada jogo, com a superação de um desses. Sem atuações memoráveis, sequer equilibradas, anda a depender de alguém que destroce sua própria armadura e, de peito descoberto, sangue nos olhos, desalinho na alma, faça do campo, sua batalha particular. São Pátroclos travestidos de Aquiles e bem sabemos o que lhes aguarda. Rodrigueanamente, lembro: "Qualquer indivíduo é mais importante do que a Via Láctea”.Em tardes de domingo, em que os invisíveis se alentam nações, só nos resta reconhecer: salve, Kleberson, os que vão morrer te saúdam. Agradecidos pelo alento.

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos