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terça-feira, dezembro 13, 2011

República DO Bahia

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POR Fabricio Lima


Eu ainda me recordo das estórias do meu pai sobre como os opositores do regime militar se reuniam no meio da torcida organizada "Povão". Mas eu particularmente duvido que o assunto que se comentava nas austeras arquibancadas da Fonte Nova fosse qualquer coisa relacionada aos amigos que continuavam detidos no quartel de Amaralina ou mesmo a escalada da restrição aos direitos civís durante o governo Castello Branco.

Em 1965, pelo menos enquanto se estivesse nas dependências do estádio, não se falava em outra coisa que não fosse o fato de que o Bahia, finalista de 3 das 4 edições anteriores da Taça Brasil tinha sequer se qualificado para dispuitar a edição daquele ano e isso depois de uma campanha pífia na Libertadores de 1964. "Será o Benedito?" "Ou Será o Osório?" - finado presidente do clube, a quem meu pai chamava de "lambedor de caudílho".

Se já era difícil dissociar a política do futebol quando o assunto é o Bahia e, essa semana, tornou-se impossível. Até agora os jornais da cidade não sabem em que editoria colocar as notícias relacionadas as conturbadas eleições para presidente do clube que, na ultima terça-feira, chegou até a ter um interventor externo nomeado pela justiça para gerir a instituição enquanto uma ação judicial aberta pela oposição tramita na justiça. Nenhuma novidade em uma eleição no Bahia.

Marcelo Guimarães Filho: democracia?
Os problemas dessas eleições começaram muito antes da ida às urnas na terça. Antes de mais nada é preciso entender o processo eletivo no clube: O presidente é eleito pelos 323 nomes que formam o Conselho Deliberativo do clube, que por sua vez é eleito pelos sócios (Nos mesmos moldes da "democracia" instaurada pelo já citado "presidente" Castello Branco que vigorou no Brasil até o fim do regime militar). E é justamente nesse Conselho Deliberativo que os problemas aparecem.

Além da acusação da existência de "laranjas" na lista de conselheiros, em outubro desse ano a diretoria do Bahia substituiu 58 nomes dessa lista sob a alegação de que constavam nela conselheiros já falecidos ou que teriam pedido afastamento, além daqueles que não preenchiam as exigências do estatuto do clube.
O problema é que, além da explicação não ter sido bem digerida pela oposição, alguns dos novos nomes também não estão áptos a compor o conselho de acordo com o mesmo estatuto.

De acordo com o estatuto, só podem ser eleitos como membros desse Conselho Deliberativo sócios do clube. Não é o caso do vereador Paulo Câmara (PSDB), que tornou-se conselheiro há um ano e meio, sem nunca ser sócio do clube. O próprio admitiu ao jornal 'A Tarde' de Salvador que entrou a convite de amigos. "Nunca fui sócio, entrei diretamente”.

Outra denúncia de violação do estatuto (mais especificamente no texto que diz que "o sócio patrimonial adquire o direito de votar após 12 meses e de ser votado após 36 meses da sua admissão") é o caso do empresário Oldegard Filho, agente do jogador Ávine que, na mesma matéria afirma: “Entrei no Bahia como sócio em 2008 ou 2009, não me lembro exatamente. Em 2009, fui eleito suplente e agora fui efetivado como conselheiro”.

Com isso a oposição (que fique bem claro, assim como em Brasília, não tem nada de santa) entrou com uma liminar na 28ª Vara Cível de Salvador alegando ilegalidade nas alterações de nomes da lista, paralisando as eleições. Chegou-se ao extremo da justiça nomear um interventor (sem qualquer ligação com a situação ou oposição) para assumir presidência do clube enquanto um processo corre na justiça, o advogado mineiro Carlos Rátis, 34 anos, torcedor do Atlético MG.

Mas o atual presidente do clube (e candidato único dessa "eleição") Marcelo Guimarães Filho, apesar da cara, não é nenhum menino.

Na calada da noite, o setor jurídico do clube se mobilizou para derrubar a liminar e por volta da 1h28 da manhã de quarta-feira o desembargador Gesivaldo Brito concedeu parecer favorável ao pedido de "Marcelinho". Ato condenado pelo diretor da Faculdade de Direito da UFBA, Celso Luiz Braga de Castro que qualificou a manobra como "uma burla violenta ao chamado princípio do Juiz Natural".

“Não se pode escolher o Desembargador para julgar o caso, e o Bahia fez isso. Todos nós, inclusive o Bahia, já sabíamos da escala do Tribunal. Eles estavam cientes que o Gesivaldo Brito estaria no plantão desta quarta. Foi uma atitude estratégica do clube.” Declarou Braga à agência 'Bahia Notícias'.
Braga ainda salienta que o plantão foi criado para ser usado em situações de emergência, onde fica caracterizado um dano irreversível ao caso em questão, como por exemplo, o julgamento de um Habeas Corpus, decisões que envolvam saúde (internações e cirurgias), e consequentemente, violação do direito à vida do indivíduo.

A "eleição" prosseguiu pela quarta-feira sem mais percalsos aparentes e no fim do pleito Marcelo Guimarães Filho contabilizou – que surpresa! - 216 dos 216 votos válidos reelegendo-se presidente do Bahia.

Capitania Hereditária

A torcida aguarda dias melhores
Quando o segundo mandato de Marcelo Guimarães Filho chegar ao fim em 2014, ele terá contabilizados 6 anos à frente do Bahia. Muitíssimo amigo do presidente corintiano Andrés Sánchez – a ponto de na 7ª rodada do Brasileirão mesclarem as coletivas de imprensa de ambos os clubes numa sala só – o rapaz de 35 nos (ex-deputado federal pelo DEM), a despeito da sua imagem jovem e arrojada, nada mais é do que a continuidade de poder de um grupo político que rege o Bahia com "mãos de ferro" há quase 30 anos.

Antes dele, a cadeira de presidente do Bahia era do seu pai – Marcelo Guimarães. Somando o período em que seu pai esteve no poder e a gestão Petrônio Barradas (que assumiu o cargo interinamente para completar o mandato que Marcelo Guimarães renunciou) o Bahia contabilizou 2 rebaixamentos para série B, um rebaixamento para a série C e viu seu arqui-rival Vitória conquistar 8 estaduais em 11 anos (quase 1/3 dos títulos do rubro-negro baiano nos 107 anos de história do segundo campeonato de futebol mais antigo do país).

Em 24 de novembro de 2006, cerca de 65 mil torcedores do Bahia (50 mil de acordo com a Polícia Militar na época) tomaram as ruas de Salvador em uma passeata pedindo o fim do a saída dos "homens fortes" do clube , eleições diretas para presidente e o fim da parceria com o banqueiro Daniel Dantas e seu banco Opportunity que, de tábua de salvação tornou-se a âncora que afundou ainda mais as finanças do clube além de envolver o Bahia na teia de relações escusas que chacoalhou o cenário político do país em sua história recente. Não foi o bastante.

Hoje, o 13º clube do 'Clube dos 13' não é nem sombra do time que venceu 2 das 4 finais nacionais que disputou, que disputava o campeonato baiano pela mera formalidade de levantar a taça além de estar ha mais de 22 anos sem disputar uma Libertadores. Em 2012, no retorno à série A depois de 7 anos no ostracismo, se contenta com a segunda maior média de público do Brasileirão e uma vaga na Sulamericana conquistada no apagar das luzes.

Ao torcedor do Bahia, só resta esperar... e torcer.

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Cachaça orgânica e vinho no armazém da agricultura familiar

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Uma loja virtual para negociar no atacado e no varejo com cooperativas de agricultura familiar. É a promessa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) com a Rede Brasil Rural. A plataforma vai ser lançada nesta terça-feira, 13, em Porto Alegre, terra do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (que pouco tem de fazendeiro, mas atende à representação do agronegócio na Esplanada).

A estrutura parece bem pensada, com ferramentas para facilitar o acesso de produtores a editais de licitação para compra de alimentos para merenda escolar. Acontece que Lei da Alimentação Escolar prevê que, no mínimo, 30% dos recursos para a merenda escolar sejam destinados diretamente a agricultores familiares.

 Produtores orgânicos no Paraná são 5 mil

Pode parecer muito, mas agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira, segundo o Censo agropecuário de 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, a atividade ocupa 24,3% da área total dedicada a lavouras e 38% do valor bruto da produção.

Pode parecer, então, pouco, já que em média é dessas propriedades que vem o arroz e feijão nossos de cada xepa. Talvez. O dado objetivo é que muitas prefeituras não conseguem encontrar fornecedores aptos e tem de rebolar para cumprir a legislação.

Mas o ponto alto da história é a possibilidade de comprar insumos e vender alimentos e produtos diretamente ao consumidor final. Com os Correios organizando a logística (toda descentralizada) de retirada e entrega de encomendas e pagamentos seguros pela internet, é possível passear virtualmente pelo Armazém Virtual da Agricultura Familiar.

O primeiro item de interesse comunitário: cachaça orgânica.

Embora o destilado de cana seja, no que tange à maioria dos produtores artesanais, cultivado a partir de plantas sem agrotóxicos nem insumos químicos, são relativamente poucos os rótulos com certificação. E mais difícil ainda é achar a danada feita fora dos principais polos – leia-se as grandes de Minas Gerais e uma ou outra renomada de fora desse circuito.

Outro item que pode ser incluído na cesta de compras do ébrio navegante – mas com consciência social para buscar produtos de qualidade, em uma perspectiva que se aproxima do comércio justo – é o vinho. A explicação para o fenômeno, nesse caso, envolve o fato de que boa parte das 1,6 mil cooperativas pré-inscritas têm sede na região Sul, especialmente no Rio Grande.

A primazia dada aos alcoólicos pelo recorte aplicado neste texto ainda não foi incorporada pelo MDA. Um dia, quando o Manguaça Cidadão for estruturado, isso muda. Considere-se que é Dilma Rousseff quem vai participar do lançamento do programa, e não Luiz Inácio Lula da Silva, cuja posição sobre o universo etílico era sabidamente mais alinhada à do Futepoca.

No Armazém, há ainda queijos finos, sucos, artesanato e cosméticos produzidos a base de matérias-primas brasileiras. Detalhes, detalhes.

Atualização às 13h10 de 15/12/2011:

O Rede Brasil Rural fica em www.redebrasilrural.mda.gov.br

domingo, dezembro 11, 2011

Kashiwa Reysol será o adversário do Santos na semi do Mundial

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Definido o rival do Santos na semifinal do Mundial de Clubes. O adversário será o Kashiwa Reysol. Após 1 a 1 nos 90 minutos e uma prorrogação arrastada, a equipe nipônica, de Nelsinho Baptista, venceu nos pênaltis o mexicano Monterrey.

Após um primeiro tempo fraco, em que se sobressaiu a marcação, o gol do Kashiwa Reysol veio do seu lado direito, por onde atacou quase o tempo todo com o bom Sakai. Mas foi de Tanaka, eleito o jogador revelação da última J-League, o lance que resultou no bonito arremate de Leandro Domingues, agraciado com o prêmio de melhor atleta o campeonato japonês. Eram 7 minutos.

Por alguns poucos minutos, o Monterrey pareceu perdido, mas achou um contra-ataque no flanco direito da equipe japonesa, cuja marcação, que adernava para o meio, deixava uma folgada e larga avenida para o rival. Espaço, aliás, mal aproveitado pelo time mexicano. Mas, aos 12, com um lançamento longo, o atacante chileno Suazo, contundido desde a primeira etapa, conferiu.
Leandro Domingues, autor do gol do Kashiwa Reysol

Após os tentos, o time japonês deu espaço na defesa, com um meio de campo adiantado que deixava buracos significativos, mas o Monterrey, ainda que tenha chegado com algum perigo, não demonstrou força para vencer a partida. Na prorrogação, inverteram-se os papéis. Os japoneses foram superiores fisicamente, tiveram mais posse de bola, mas também não tiveram técnica para derrotar os mexicanos.

Nas penalidades, o Monterrey começou perdendo, com Sugeno, goleiro inseguro com a bola rolando, defendendo cobrança de Lucho Pérez. O mexicano Orozco, outro arqueiro pouco confiável, perdeu sua penalidade acertando a trave, mas defendeu cobrança de Tanaka em seguida. Durou pouco o sonho mexicano, que acabou com a cobrança de Hayashi.

Quem vai enfrentar o Barcelona na semifinal é o time do Qatar, Al Sadd. Comandado pelo uruguaio Jorge Fossati, ex-treinador do Internacional-RS, a equipe derrotou o Espérance, tunisiano, com dois gols anulados de forma equivocada do seu adversário. Não parece ser problema para os catalães.

sábado, dezembro 10, 2011

Serginho Chulapa, o artilheiro indomável, e a Copa de 1982

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Na próxima segunda-feira, no Artilheiros Bar, será lançado o livro Artilheiro indomável - As incríveis histórias de Serginho Chulapa. Escrita por Wladimir Miranda, com prefácio de Flávio Prado e apresentação de Mauro Beting, a obra teve participação de dois frequentadores deste espaço: este que escreve fez a coordenação editorial e o companheiro Moriti fez a edição de texto.

São inúmeras as passagens curiosas da vida de Chulapa, dentro e fora dos gramados. Tem, por exemplo, sua versão sobre o que aconteceu na Copa de 1982.  “A minha Copa era a de 78. Era a Copa de choque. Cotovelada aqui, chegada ali. Mas poderia ter colaborado pra caramba na de 82. Eu também tive culpa. Aceitei ser pivô para os outros que vinham de trás. Fiquei jogando de costas. Todos mostrando futebol e eu tomando porradas." E diz que o time brasileiro não via na seleção italiana uma grande ameaça. "Nós não respeitamos a Itália. Também não respeitei. Pensei: a Itália veio de três empates, vamos arrebentar os caras. O empate era nosso. No final, deu no que deu: não deu."

Chulapa também atribui a um atleta do grupo ser um dos causadores do fracasso da equipe. "O problema era o Edinho. O Edinho era um puta de um pilantra. Era o ‘leva e traz’ do grupo. Falava mal dos jogadores para o Telê”, conta. “Não havia união, tinha até jogador que torcia contra, como o Edinho. Não era e nunca será meu amigo”. O ex-jogador Edinho também dá seu depoimento no livro, obviamente negando o que diz Serginho.

Mesmo com as adversidades, Serginho tinha amigos na seleção de 1982. Um deles era o saudoso Doutor Sócrates: “O Serginho é uma figura especialíssima. Tem um coração enorme. Pena que o que entrou para a história foram as explosões, o temperamento polêmico. Como ser humano, é um belíssimo exemplo para a sociedade brasileira. O problema é quando tiram o Serginho do sério”, disse. Sobre o Mundial, Magrão falou: “Na verdade, o Serginho entrou numa fria. A seleção brasileira formada pelo Telê era muito técnica. O time foi montado para jogar com o Careca ou com o Reinaldo como centroavante. O Careca sofreu uma contusão e o Telê não quis levar o Reinaldo. Aí, o time teve de se moldar ao estilo do Serginho. E o estilo dele não tinha nada a ver com o resto da Seleção. Serginho era um atacante finalizador, de choque. Por isso que digo que, para ele, a seleção de 82 foi uma fria”.

Outro amigo, Zico, conta que Serginho o "vingou" de uma das muitas faltas duras que sofreu em campo.“Meu relacionamento com o Chulapa sempre foi excelente. Tenho amizade com ele até hoje. É um cara extrovertido, de personalidade e que se entrega dentro de campo para fazer o melhor. Tenho certeza de que se tivesse tido um pouquinho mais de tempo jogando com a turma de 82, teria tido melhor sorte naquela Copa. Ele só chegou na última convocação e a Copa foi o batismo dele na Seleção Brasileira. Sempre foi um ótimo companheiro e, quando se torna amigo, te defende de todas as formas", conta o eterno Dez do Flamengo. "Num jogo entre Flamengo e São Paulo, o Zé Teodoro me deu uma entrada violenta e me tirou do jogo. Num jogo seguinte, ele, jogando pelo Santos, deu uma entrada forte no Zé Teodoro e disse: ‘Essa é pelo que você fez com o Zico’. Depois, ainda jogamos juntos numa competição de masters, pela seleção brasileira. Foi só diversão. Tenho o maior carinho e respeito por ele. O Serginho foi um dos grandes artilheiros do nosso país”. Os são-paulinos e santistas que o digam.

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Serviço
Artilheiro indomável – as incríveis histórias de Serginho Chulapa
128 págs.
Editora Publisher Brasil
Lançamento no Artilheiros Bar
Rua Mourato Coelho, 1194
Segunda-feira, 12 de dezembro, 19h.

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Futebol sob suspeita: resultados, propina e crime organizado

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O futebol brasileiro ainda vive os rumores, suspeitas e estranhamentos (dependendo da fonte) pela derrota inapelável do Atlético-MG diante do Cruzeiro no fim de semana por 6 a 1, e duas notícias mostram que o mundo da bola anda mais perto do crime do que o normal.

Marmelada em resultados não é esporte exclusivamente nacional, pelo menos no que diz respeito a levantar acusações. A goleada do Lyon sobre o Dínamo de Zagreb também deu o que falar. O time francês precisava tirar uma vantagem de sete gols de saldo que o Ajax, segundo colocado no grupo, tinha de vantagem. Na terceira posição no grupo, era preciso um milagre para tirar a margem e se classificar para as oitavas de final da Liga dos Campeões. O jogo foi 7 a 1. Do outro lado, o Real Madrid surrou os holandeses por 3 a 0 (quer dizer, os conterrâneos de Tibério Cláudio César Augusto Germânico bem que poderiam ter ganho "só" de 5 a 1, o que seria praticamente insuspeito). Frank De Boer, técnico do Ajax saiu acusando para explicar por que errou tão feio no excesso de autoconfiança.

 Foto: Marca.com/Reprodução
Há quem jure que, antes da piscadela, Vida 
teria dito: "Ó!" para anunciar a hora de bater a foto

Piadinhas à parte, a suspeita pintou mesmo por causa de um sorriso maroto flagrado em foto divulgado pelo Marca espanhol. Vida, jogador do time croata parece dar uma piscadela para o atleta da equipe rival, Gomis. Manifestação de afeto na hora errada?

A culpa, claro, é do técnico. Krunoslav Jurcic terminou demitido na quinta-feira, 8. Enquanto a Uefa, federação europeia, disse não ter achado indicativos de irregularidades e arquivou o caso, o poder público francês disse que vai conferir. Pode dar em nada, mas pelo menos vão fazer as "verificações clássicas e sistemáticas".

Avalanche (sic)

A semaninha curiosa teve renúncia de João Havelanche na terça-feira, 6, do Comitê Olímpico Internacional (COI). O motivo da saída do cartola de 95 anos são indícios de que a empresa de marketing ISL teria se encarregado de distribuir propina nos anos 1990 ao ex-jogador de polo aquático e ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ricardo Teixeira, atual mandatário da entidade nacional do ludopédio também estaria entre os beneficiados pelo esquema. Os detalhes não divulgados foram supostamente fruto de um recuo de Joseph Blatter, que comanda a Federação Internacional de Futebol (Fifa).

Acontece que, ao deixar o COI, a investigação interna no comitê se extingue automaticamente, e o material colhido é arquivado. O presidente da entidade, Jacques Rogge, havia até ameaçado Havelange, mas ficou barato. No pano de fundo está a disputa eleitoral na Fifa em 2015.

O caso é mais ou menos o mesmo que o jornalista escocês Andrew Jennings trata. Em outubro ele esteve no Brasil e descortinou o caso – embora tenha reafirmado o teor de seu livro Jogo Sujo. O cidadão diz que a "máfia é amadora" perto da Fifa. Se isso ajudar a vender livro ou a fazer investigações andarem, a retórica tem todo apoio. Mas a coisa rendeu processo contra o acusador.

Crime

Mas o crime organizado em si teve sua vez no noticiário. E nem é preciso comprar juiz nem cartola. Na quinta-feira, circulou a informação de que o Banco Mundial (Bird) encomendou um relatório à consultora Brigitta Maria Jacoba Slot. O estudo já deixou claro que o futebol em países em desenvolvimento são bons mercados para o crime organizado lavar dinheiro. Brasil, Rússia e China são citados. "Concluímos [no estudo] que o futebol é vulnerável à lavagem de dinheiro e a outros crimes, como tráfico de pessoas e corrupção."

As histórias de que o jogo do bicho financiava o futebol são antigas. Mas a contravenção é bem menos estruturada do que as máfias de que a consultora está tratando. Futebol gira muitos recursos, e onde circula muito dinheiro há espaço para negócios ilícitos também prosperarem.

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Nunca é tardio homenagear o Doutor; nem para um são-paulino

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POR MORITI NETO


É sempre tempo de destacar a importância que Sócrates Brasileiro teve para o Brasil, infinitamente maior do que a bola fina que jogava. Algo ligado, mais do que à personalidade forte, ao caráter, que não permitia abrir concessões quando se tratava dos valores em que acreditava.

São-paulino que sou, ultrapassei a paixão pelo clube de coração e, desde bem jovem, admirei o Doutor. E não somente pela magia da Seleção de 1982. Aquele camisa 8 do Corinthians, carrasco do meu Tricolor nas decisões dos campeonatos paulistas de 1982/83, mais do que craque dos campos, era uma referência fora deles. Serviu-me de modelo e mostrou, num universo mediocrizado pelas bobagens que se diziam no ambiente do futebol ou em geral, ser possível jogar e pensar. Na verdade, ser possível viver e pensar.

Em época da obrigatoriedade de cantar o Hino Nacional na escola, quando Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira (OSPB) substituíam Filosofia e Sociologia nas aulas, num país ainda militarizado e no estado de São Paulo governado com muita Rota nas ruas, me impressionei, entre os 11 e 13 anos de idade, com duas passagens protagonizadas por aquele homem esguio, magro, que não parecia talhado à prática esportiva.

A primeira imagem que me vem à cabeça data de 16 de abril de 1984. Minha mãe, professora, sindicalista, saiu do Tatuapé para participar daquele que seria o grande comício pelas Diretas Já e a maior manifestação pública da História do Brasil. Quis ir junto. Temendo algum tumulto, ela não permitiu. Tive que me contentar com o rádio, até porque a televisão era superficial na cobertura, quando não a ignorava, caso da Globo. Foi assim que escutei Sócrates, artífice da Democracia Corintiana, num Vale do Anhangabaú lotado por mais de 1,5 milhão de pessoas, dizer: “Se a emenda Dante de Oliveira for aprovada, nem todos os dólares do mundo me farão deixar o Brasil. Este vai ser um novo país e eu quero participar dele”. Nove dias depois, em 25 de abril, por diferença de 22 votos, a emenda que restabeleceria eleições presidenciais diretas após 24 anos era vencida no Congresso Nacional. Em pouco tempo, o craque iria para a Fiorentina da Itália. Não importava. Apaixonado por futebol, aquela era a primeira declaração política vinda de um agente externo ao meu círculo de convivência que me impactava.  

Como segunda experiência inspiradora trazida pelo Magrão, recordo entrevista à revista Placar, na edição de 3 de maio de 1986, das que me fez começar a busca pelo entendimento do esquizofrênico mundo jornalístico.  Ele estava no Flamengo e acabara de atender à convocação de Telê Santana para a seleção que disputaria a Copa do México. Dentre as perguntas, várias faziam referência ao possível desgaste da imagem pública do jogador, principalmente perante a imprensa. Dias antes, a Veja, sempre ela, havia criticado ferozmente um encontro entre o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, e o Doutor, durante o Carnaval carioca. A semanal dos Civita, dentre outras pérolas, apontava: “Com isso, o governador caiu numa trapaça do Carnaval, quando os sóbrios espertos acabam se metendo com bêbados que pensam apenas em se divertir”. Nas páginas da Placar, curiosamente também da Abril, Sócrates disparou: “Este é o país onde mais se bebe cachaça no mundo e parece que eu bebo tudo sozinho. Não querem que eu beba, fume ou pense? Pois eu bebo, fumo e penso. Não fico escondendo as coisas”, sentenciou. Mais uma lição. A da autenticidade.

Os anos passaram e fiquei tempos sem saber profundamente dos rumos de Sócrates. Vez ou outra lia a coluna dele na Carta Capital ou notícias pontuais. Até que, recentemente, voltei a acompanhá-lo. Inicialmente, como assíduo espectador do Cartão Verde, da TV Cultura, nas noites de terça. Depois, para um trabalho de conclusão de curso de um orientando que decidiu, no início de 2011, pela Democracia Corinthiana como objeto de estudo e conseguiu, certamente, uma das últimas entrevistas com o craque, em junho.

Envolvido na pesquisa, pude receber outra lição do Magrão. Numa edição do Cartão Verde, de 2009, ele conta que foi convidado, em 2002, quando da primeira eleição de Lula, para assumir o Ministério do Esporte. “O Lula disse que queria o Tostão ou eu. Recusei, pois era um governo que vinha cercado de dúvidas plantadas pelos conservadores. Eu sou um cara de ir pro confronto. Nunca andaria com Ricardo Teixeira (presidente da CBF) ou com o Nuzman (Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro). Para colaborar com a estabilidade do governo, recusei”. Novo exemplo. Dessa feita, do despego ao poder. Assim como fez no Corinthians, quando abdicou de ser só estrela de um grande clube para democratizar o peso das vozes que ali estavam, usando do prestígio e espaço que dispunha e, muitas vezes, por convicção e coerência, enfrentou a fúria do conservadorismo.

Ao pensar num cenário que mistura futebol e política, concentrando Fifa, CBF, Ricardo Teixeira, Andrés Sanchez, Ronaldo, Juvenal Juvêncio e outras figuras em luta renhida pelo poder, a morte de Sócrates é uma grande perda. Ficam as posturas dele, que podem ser evocadas como inspirações.

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Relator da Lei Geral da Copa diz: proibir álcool no estádio é "hipocrisia"

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Vicente Cândido, deputado federal  (PT-SP), está no centro de alguns rolos nacionais, como bem retratou perfil publicado no jornal Valor Econômico. O de maior relevância para a maior parte dos brasileiros – e também para o Futepoca – é a relatoria da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014.

O substitutivo foi apresentado na terça-feira (6) na comissão especial que trata do tema na Câmara Federal. Houve algumas mudanças, as mais comentadas foram duas. Primeiro, reservou-se dois terços dos 3 milhões de ingressos para estrangeiros. Apenas 1 milhão fica para brasileiros. Romário, igualmente deputado federal (PSB-RJ), não gostou e saiu acusando gravemente Joseph Blatter.

Vicente Cândido ataca "hipocrisia"
Há ainda 300 mil bilhetes assegurados a preços inferiores a R$ 50, para estudantes, idosos (maiores de 60), indígenas e beneficiários de programas como o Bolsa Família. Isso quer dizer 10% do total de ingressos e 30% da parte que cabe aos brazucas. Tamanha preferência aos gringos decorre da aposta de que um mudaréu de gente aporte pelas 12 cidades-sede para ver jogos. Quanto mais gente, mais rentável tende a ser a competição do ponto de vista econômico e do setor de turismo.

Outra frente importa muito mais, porque ultrapassa a lei específica da Copa.

Atualmente, há leis estaduais que proíbem a venda de bebidas alcoólicas em estádios. Ao mesmo tempo, o Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003) barra a entrada do goró. Se o torcedor levar um garrafão de caipirinha, latinha de cerveja ou taça de vinho francês tem o material confiscado.

Vicente Cândido manteve, em seu substitutivo, a restrição a levar álcool de fora para dentro das arquibancadas, por questão de segurança. Mas a venda em bares e restaurantes de dentro do estádio está liberada.

"Existe muita hipocrisia", resume o deputado, em conversa com o Futepoca. "Pela cultura brasileira, não tem motivo para proibir a venda de bebidas, até porque, não se pode impedir a venda em volta do estádio", resume. E, antes de correr o risco de se tornar alvo de grita em contrário, ele logo contemporiza: "Mesmo assim, queremos debater a questão à exaustão e procurar um pensamento majoritário".

Ele diz que cresceu a compreensão de que a Copa é um evento específico e que precisa de regras igualmente específicas. Mas, nesse caso da bebida, a mudança seria sobreposta a eventuais regras contrárias em âmbito municipal ou estadual. Uma alteração e tanto – ou, cerveja sem álcool no estádio, nunca mais.

A votação do anteprojeto ocorre na próxima semana, porque os parlamentares pediram vista ao texto. Ainda deve haver uma avalanche de emendas apresentadas e mais algumas doses de polêmicas sobre tema tão volátil. Está levantada a pauta para a próxima sessão (deliberativa ou não) em mesas de bar país afora.

terça-feira, dezembro 06, 2011

Como fica a Série B em 2012

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Com a definição dos dois rebaixados que faltavam na Série A, a Série B de 2012 está completa. Foram dois paulistas que conseguiram o acesso: a campeã Portuguesa, recordista de gols numa edição da Série B, marcando 80 vezes, uma a mais que o Corinthians em 2008; e a Ponte Preta; e dois pernambucanos, o vice Náutico e o Sport. Mesmo assim, os paulistas continuam dominando a Segundona, são cinco representantes do estado, Bragantino, Grêmio Barueri, Guarani, Americana e São Caetano. Já Pernambuco ficou sem representantes, com a queda do Salgueiro para a Série C.


O "maestro" do Sport, Marcelinho Paraíba
Os dois estados seguintes com mais representantes, depois de São Paulo, são Minas Gerais, com o rebaixado América-MG, Boa e o promovido Ipatinga; e Santa Catarina. O Criciúma permaneceu na Segundona, o Joinville foi campeão da Terceira e o Avaí foi rebaixado no Brasileirão.

A Série B também ganhou mais três clássicos regionais no ano que vem. ABC-RN e América-RN (promovido na Série C); Paraná e o rebaixado Atlético-PR, além de CRB-AL, vice-campeão da Série C, e ASA-AL.Ceará, Goiás e Vitória completam o grupo da Segundona. Sem o rebaixado Duque de Caxias, que fez a pior campanha da história da Série B de pontos corridos, o Rio de Janeiro ficou sem representantes na competição.

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Hoje posso ser insuportável

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Santos rumo ao Japão

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Aqui, a despedida o elenco da Vila Belmiro. E, abaixo, na noite de hoje, uma incrível saudação, pra lá de calorosa (e numerosa) da torcida peixeira no Aeroporto de Guarulhos. Vai pra cima deles, Santos!

Corinthians Pentacampeão Brasileiro: mais um título do Magrão

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Às 17h deste domingo, 4 de dezembro de 2011, o Corinthians entrava em campo no Pacaembu para disputar o título de Campeão Brasileiro. A uns 300 quilômetros dali, em Ribeirão Preto, o Doutor Sócrates recebia as últimas homenagens de uma vida intensa, mas interrompida prematuramente. No minuto de silêncio, em São Paulo, uma das várias cenas que ficarão marcadas de mais esta “final” (foram tantas...): os jogadores do Timão, perfilados em torno do círculo central, levantaram o braço direito relembrando a comemoração clássica do Magrão.

A Fiel Torcida, maior patrimônio futebolístico do Brasil, acompanhou o gesto. Ali, estava selado o destino do campeonato. Os jogadores não se permitiriam deixar Sócrates partir sem essa homenagem. A torcida não os deixaria parar. Nada podia ser feito por Palmeiras ou Vasco.

Mas bem que eles tentaram. Nervoso, o Corinthians recuou demais, sofreu pressão e deu várias chances à principal arma do adversário. Se você vai jogar contra o Santos, coloca alguém pra marcar o Neymar. Se é contra o Flamengo, tenta anular Ronaldinho Gaúcho. Contra o Palmeiras, busca desesperadamente não dar faltas próximas da área para a batida mortífera de Marcos Assunção. Foram dez no primeiro tempo, quatro no segundo. Sem inspiração, rendeu apenas uma bola na trave em cabeçada de Fernandão, afastada pelo espírito do Doutor – e pelo fato, não menos místico, de que o grosso centroavante já havia feito no primeiro turno seu gol contra o Corinthians. Fosse um tosco estreante, ela teria entrado.

A primeira etapa foi toda alviverde. Na segunda, o Timão adiantou um pouco suas linhas e conseguiu umas chances. Jorge Henrique cavou a expulsão de Valdívia, compensada pouco depois pelo árbitro ao mandar Wallace para o chuveiro, confirmando o equívoco de Tite ao lançar o zagueiro no lugar do suspenso Ralph. Mas o treinador confiou em seu taco: sacou William para a entrada de Chicão, também de volante.

A partir de uns 30 minutos, o Corinthians, e eu também, só queria que o jogo acabasse. Nesse espírito, novamente Jorge Henrique recebeu uma bola na ponta esquerda e, entre outras fintas, mandou o famigerado “chute no vácuo” de Valdívia. Recebeu uma falta dura e começou uma confusão que acabou efetivamente com o clássico, causando a expulsão de João Vitor e Leandro Castán, que foi tonto de se meter na bagunça. Ficou barato para Luan, que na cara do bandeira deu um acintoso chute na bunda de Jorge – como já havia saído de graça para o zagueiro palestrino Henrique um pé na cara de Liedson com um minuto de jogo. Impossível não lembrar de Edílson na final do Paulistão de 1999.

Faltando dois minutos para o fim, a notícia fez a Fiel explodir. Vasco e Flamengo empataram no Rio, acabando com as chances vascaínas. O Corinthians sagrava-se Campeão Brasileiro de 2011, o quinto título do Time do Povo. A cidade de São Paulo, o estado, o país entravam em festa. E o Doutor Sócrates mereceu justa homenagem.

domingo, dezembro 04, 2011

Se Alexandre Kalil acha que seu Atlético entregou o jogo...

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Exemplar do grupo que está na "elite" dos dirigentes do futebol
Dos jogos que valiam alguma coisa na última rodada do Brasileirão, um chamava a atenção. O Atlético-MG, que se safou de qualquer ameaça de rebaixamento quando derrotou o Botafogo na penúltima rodada da competição, tinha a oportunidade de ouro de rebaixar o seu maior rival, o Cruzeiro, uma das cinco equipes da Série A que não conhecem a segunda divisão.

Mas o sonho atleticano ruiu da pior forma possível. Não só o Cruzeiro se salvou, como o fez com uma goleada inapelável: 6 a 1. Até aí, é ruim mesmo perder para o rival por esse placar, atuando com os titulares, ainda mais criando-se tanta expectativa em cima de uma partida que não era tão fundamental para o clube. Mas o presidente do Atlético mostrou que nada que é péssimo não pode ser piorado.

Alexandre Kalil, rei das contratações furadas de medalhões no futebol brasileiro, resolveu mais uma vez abrir a boca. E foi bastante assertivo: “A torcida do Atlético não merece esta vergonha, cansei de prometer, de fazer para jogadores, tinha um bicho que eu tinha prometido, se saísse do rebaixamento, de R$ 1 milhão, este bicho está sendo cancelado, não tem palavra, dei o bicho e acabo de tomar. Fomos desmoralizados”, disse em entrevista à Rádio Itatiaia.

Mas não ficou nisso. “Teve festa no meio da semana, saímos do rebaixamento e abandonamos o campeonato diante do Botafogo. É uma vergonha, até eu estou achando que houve um acerto para entregar o jogo para o Cruzeiro tamanha desmotivação e falta de compromisso.”

Opa, aí a coisa fica complicada. Se o presidente de um clube insinua, mesmo que tomado pela raiva, ainda que sendo sarcástico, que o seu próprio time entregou o jogo para maior rival, cabe não só aos procuradores da Justiça Desportiva como à própria torcida cobrar do dirigente que ele apresente provas do que fala. Senão, ele só estaria justificando seu planejamento equivocado, que fez com que sua equipe só disputasse a competição para não ser rebaixada. Aliás, quem oferece prêmio para elenco não cair para a segunda divisão está assumindo a própria fraqueza. Se os atletas cumprem o combinado e escapam da degola, do que reclama o presidente?

Com declarações desse nível, Kalil justifica que jogadores de outros clubes, como Cléber Santana, falem coisas como: “Não existe um clássico como esse. Pelo momento do Cruzeiro, o Atlético-MG tem um time melhor, e tomar 6 x 1 em um clássico... Deve ser coisa da federação, certeza, trabalharam para isso. Mas nós ficamos dependendo dos outros.”

Já passou da hora dos cartolas serem minimamente responsáveis. E a torcida (de todos os times) deveria cobrar deles, ao invés de ficar tomando conta da vida particular dos jogadores e reclamando da arbitragem.

E a irônica torcida cruzeirense "homenageou" Cuca, o técnico do Galo, que treinou o rival mineiro nas primeiras cinco rodadas do Brasileirão. Veja aqui.

Latuff, Sócrates e Corinthians campeão

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Claro que sequei!  Mas dá pra ficar feliz por alguns grandes amigos que tenho e que torcem pelo Corinthians. E feliz pelo Doutor.

E o Tite, esculachado diversas vezes nesse Futepoca, calou a boca de muita gente...

Charge do Latuff, original aqui.

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quarta-feira, novembro 30, 2011

Quatro anos depois, "Cansei" tem dois pré-candidatos em São Paulo

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POR Anselmo Massad


Foi no longínquo ano de 2007 que um grupo de empresários, ricaços, celebridades e insatisfeitos de plantão tentaram promover um movimento de massas mal sucedido, o "Cansei". A mobilização era mais ou menos contra tudo, uma representação na sociedade, com dois anos de atraso, da "CPI do Fim do Mundo", que deveria ter investigado os bingos em 2005 e 2006 no Congresso Nacional.

Passados quatro anos, a organização nem se tornou partido político, nem articulou organização social efetiva. Mas tem pelo menos dois pré-candidatos à prefeitura da maior cidade da América Latina. Eles concorrem por partidos diferentes, embora estejam provavelmente bem mais próximos do que muita gente dentro de cada uma das agremiações políticas – mas isso já são outras especulações.

O primero a ingressar na "pré-corrida" eleitoral foi o presidente (vitalício?) da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Luiz Flávio Borges D'Urso. Filiado ao PTB, ele foi o segundo nome a se autoungir na disputa pela sucessão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), ainda em em julho desse ano (o primeiro foi Netinho de Paula, vereador do PCdoB).

O segundo nome do "Cansei" lançado é alguém bem mais umbilicalmente conectado ao proto (pseudo?) movimento de massas de 2007. João Dória Júnior é empresário e apresentador de televisão. Há quem veja nele "a cara de São Paulo". Outros, preferem ver como a "cara de Campos do Jordão", instância turística das montanhas, a "Suíça brasileira" para onde migra parte da elite endinheirada paulista nas férias de inverno.

Não foi por outro motivo que o "Cansei" chegou a ser carinhosamente apelidado pelo então ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo (ex-DEM, hoje no PSD) como "Movimento de Campos do Jordão", das "dondocas enfadadas em suas vidas enfadonhas".

Dória Júnior filiou-se ao PSDB, informa nesta quarta-feira, 30, o Valor Econômico. A decisão foi tomada antes do fim de outubro, para dar tempo de o empresário concorrer no pleito de 2012, a convite de outro que tem expressa na face a marca de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Passados dois meses, foi de Alckmin a ideia de incluir Dória Júnior entre os prefeituráveis tucanos em uma pesquisa interna. Ladeado a outros quatro nomes da sigla previamente colocados – os secretários estaduais de Meio Ambiente, Bruno Covas; de Energia, José Anibal; e de Cultura, Andrea Mattarazzo, além do deputado federal Ricardo Trípoli – ele só topa disputar se tiver "densidade eleitoral".

Se não tem a OAB-SP como suporte, o herdeiro de Roberto Justus como apresentador do "Aprendiz", na Rede Record, comanda o Grupo Doria, além de apresentar o programa de entrevistas "Show Business", na Band. Com figurões do PSDB, trabalhou como secretário de Turismo de Mário Covas, na prefeitura de São Paulo em 1983, oito anos antes da fundação da atual legenda dos tucanos. Democrata (mas não do Democratas, que fique bem claro), ele diz ter se envolvido no movimento pelas Diretas Já a pedido do ex-governador Franco Montoro.

(Ressalva: O fato de Covas ter morrido em 2001 e de Montoro ter partido desta para uma melhor em 1999 não representa, segundo supersticiosos consultados pelo Futepoca, qualquer maldição ou praga associada a quem quer que seja. Mesmo que o fosse, disseram as fontes, demoraria de 15 a 20 anos para surtir efeito.)

A coincidência dos nomes ex-Cansei na disputa mostra uma insatisfação da elite paulistana com os rumos adotados pela cidade. Resta saber se os 99% da população, para empregar um termo caro às turmas que andam ocupando partes do planeta com críticas ao capitalismo e ao mercado financeiro concentradores de renda, vai concordar que a mudança de que São Paulo precisa é nessa direção.

João Doria Junior: candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSDB?

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A quantidade de piadas, pilhérias e galhofas que se pode fazer com a possibilidade do empresário-apresentador e promotor de passeios de cachorros ser o candidato tucano nas eleições de 2012 são inúmeras. Mas, dada a falta de tempo, só resta uma consideração: as más línguas dizem que ele é a cara de São Paulo... Segue a notícia abaixo:


João Doria entra na disputa paulistana
Por Raphael Di Cunto | De São Paulo
Valor Econômico - 30/11/2011

Com quatro candidatos postos para a Prefeitura de São Paulo e um cotado, mas que não assume oficialmente, o PSDB poderá ganhar outro nome para a disputa: o empresário e apresentador de televisão João Doria Júnior. O tucano teve o nome inserido em uma pesquisa de intenção de voto contratada pelo partido e afirma que tem interesse em concorrer caso perceba ter "densidade eleitoral".

Segundo Doria, tanto o convite para se filiar quanto o para ter o nome colocado na pesquisa partiram do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que ligou para ele para saber se haveria problema em acrescentá-lo na consulta. "Se o governador acha que tenho condições e se a pesquisa indicar uma boa popularidade, é uma alternativa que pode ser considerada", disse ao Valor.

Proprietário do Grupo Doria, jornalista e apresentador do "Aprendiz", na Rede Record, e do "Show Business", na Band, o empresário tem relação antiga com o PSDB. Foi secretário de Turismo de Mário Covas na Prefeitura de São Paulo em 1983 e se envolveu nas Diretas Já a pedido do ex-governador Franco Montoro, dois importantes líderes tucanos, mortos em 2001 e 1999, respectivamente.

Para Doria, ter densidade eleitoral significa obter um bom posicionamento na pesquisa entre os quatro pré-candidatos do PSDB que concorrem às prévias: os secretários estaduais José Aníbal (Energia), Andrea Matarazzo (Cultura) e Bruno Covas (Meio Ambiente) e o deputado federal Ricardo Tripoli.

O empresário afirma que não teria problema em disputar as prévias, que devem ocorrer em março - a inscrição pode ser feita até um mês antes da votação. "Se houver disposição do governador e da base do PSDB [para que eu saia candidato], me disponho a disputar pelos meios democráticos", disse.

A pesquisa também inclui o ex-governador José Serra, que diz que só quer concorrer à Presidência, em 2014. Serra é tido como o mais capaz de viabilizar uma aliança entre o PSDB e o prefeito Gilberto Kassab (PSD).

segunda-feira, novembro 28, 2011

Sem responsabilidade, Palmeiras atrapalhou o São Paulo

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Foi por 1 a 0, goleada, que o Palmeiras venceu o São Paulo. Sem responsabilidade, foi mais fácil jogar futebol. Mas foi sem grande futebol, também. O time está muito melhor do que na média dos jogos do segundo turno. O suficiente para merecer a vitória mínima sobre o Tricolor, no Pacaembu.

Ao contrário do que acreditava este secador, o Corinthians não se sagrou campeão com uma rodada de antecedência. O centro da rodada foi o gol no último minuto pelo Vasco. A indústria de fogos de artifício agradece a Diego Cavallieri, porque tanto alvinegros paulistas quanto cariocas – e seus simpatizantes espalhados pelo território nacional – gastaram seu arsenal bélico entre o fim de uma partida e o gol aos 45 minutos da outra.

Foi mais legal do que o jogo entre Palmeiras e São Paulo em que pouco se conquistava, muito se atrapalhava...

A dependência alviverde em relação a Marcos Assunção relembrou o final de 2010. Manter o jogador significa uma notícia boa: manter uma arma ofensiva. Mas também uma ruim: o "risco" de chegar a 2012 sem outras opções. Claro que é uma ironia.

segunda-feira, novembro 21, 2011

Timão 2 x 1 Galo: Liedson e o Imperador

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E ganhamos do Galo! Mais uma vez, sofrido e suado demais. E com mais coelhos sacados da cartola de Tite, que novamente ajeitou o time no segundo tempo.


O Corinthians fez um primeiro tempo mais ou menos. Controlou a posse de bola, mas pouco chegou de fato ao gol do Atlético, que também teve poucas chances em contra-ataques. Os paulistanos insistiram em cruzamentos pouco efetivos.

A segunda etapa começou com o Galo se impondo mais no ataque, o que resultou no gol de Leonardo Silva, de cabeça, numa jogada com cara de ensaiada do ataque mineiro. Aos 10 minutos. Desalentador.

Tite então trocou o exausto Danilo por Alex, que voltou de contusão e entrou muito bem. Pouco mais tarde, uma mudança mais interessante, que eu na hora classifiquei como desespero do treinador: tirou William para a entrada de Adriano, que eu, descrente, disse ser no momento um “gordo manco”.

Como explicou o professor depois do jogo, ele mudou a postura da equipe do 4-2-3-1 para um 4-4-2 mais clássico, com Alex e Emerson fazendo o papel de meias. Com isso, tentou desarticular a marcação atleticana, postada para os dois jogadores abertos pelos lados, e dar mais presença de área com dois atacantes mais centralizados.

O empate veio em cabeçada de Liedson (alguém consegue lembrar quantos gols salvadores ele já fez esse ano?), após cruzamento perfeito de Alessandro pela direita. Insistiram na jogada até acertar. E a virada aos 44 minutos foi num contra-ataque, puxado por Emerson. O gordo manco Adriano pediu insistentemente abola. Sheik segurou até o momento exato e passou.

Primeiro, achei que havia sido impedimento. Depois, que o gordo ia perder. Depois, gritei que nem doido por uns cinco minutos. Adriano foi Imperial e salvou a pátria corintiana. Sua comemoração foi raivosa, explosiva, de quem tem algo pra provar. Que continue nessa pegada.



Se o Timão ganhar do Figueirense no próximo fim de semana em Santa Catarina, fica com uma mão na taça. Se assim for, qualquer resultado que não seja vitória do Vasco sobre o Fluminense encerra a questão antecipadamente. Mas, pra ser bem sincero, não acredito que isso aconteça. A coisa provavelmente fica para a última rodada, num Dérbi que será histórico. Vai, Corinthians!

domingo, novembro 20, 2011

Sobre o Bahia, 2 a 0 livram Palmeiras da degola em ano para esquecer

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A segunda vitória do Palmeiras no segundo turno aconteceu na antepenúltima rodada. Foi contra o Bahia, em Salvador, por 2 a 0. Ter como trunfo – alívio? – estar matematicamente livre de riscos de rebaixamento é quase inacreditável para um time que terminou a primeira metade de partidas no Brasileirão 2011 em sexto. Agora, 12º.

Foram nove partidas do alviverde sem vencer. O feito anterior havia sido alcançado contra o Ceará. Aconteceram oito empates e sete derrotas no segundo turno. Antes, registravam-se apenas quatro revéses e outras oito igualdades.

O Palmeiras é o time que mais terminou partidas com o mesmo número de gols que o adversário: 16 ocorrências. Depois, entre aqueles que tiveram de se contentar com a triste máxima de que "o empate é um bom resultado" está o também decadente Flamengo, com 15. (tudo bem, o despencar palestrino é sem igual, quase sem precedentes, de modo que não dá pra comparar com o que sofrem os rubro-negros.)

É verdade que a retaguarda é a terceira melhor, atrás apenas do líder Corinthians e do vice, Vasco. Mas os 42 gols marcados são melhores apenas do que Atlético-PR (38), Bahia (40) e Cruzeiro (40). O terceiro pior. Até os lanternas Avaí (44) e América-MG (48) estão melhor na frente.

Com uma queda tão abrupta e pronunciada, o Palmeiras não conseguiu vencer nenhum time por duas vezes no campeonato. Nas duas rodadas que faltam, só poderia alcançar o feito contra o Corinthians, já que empatou com o São Paulo no Morumbi. Mas as chances de bater de novo o líder que tem uma mão e meia no caneco são parcas pelo que os times vêm apresentando em campo. Carimbar a faixa de campeão dos adversários pode ser consolo? Nenhum.

O Murtosa até avisou que não seria fácil. Mas essa mediocridade toda reflete a capacidade ímpar que o clube e o time tiveram de manter-se em crise permanente. Dentro do elenco ou contaminado por trapalhadas e disputas internas da diretoria, uma após outra, as instabilidades fazem de 2011 um ano para esquecer. Ou para lembrar na hora de não repetir a fórmula. Só não foi pior do que 2003, é claro.

Mesmo assim: ufa!



Ah, os gols deste domingo, 20, foram de Ricardo Bueno – o do empresário atrapalhado – e de Marcos Assunção. Valdívia até jogou bem, mas não salvou seu ano improdutivo.

quinta-feira, novembro 17, 2011

Sono coletivo e soberba: a deposição do “soberano”

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Por Moriti Neto


É de perder a paciência a mania dos são-paulinos de pensar na Libertadores em tempo integral. O que mais escutei ontem, antes do jogo contra o Atlético Paranaense, que venceu por 1 x 0, na Arena da Baixada, foi a cantilena de que, ganhando, o São Paulo daria passo largo rumo à competição continental de 2012. Tenha dó. O torcedor, hoje, tem muito mais preocupações essenciais do que se classificar ao “sonho de consumo”.

Quando vi o time escalado com Rogério, Jean, Xandão, Rodolpho e Cícero; Denílson, Wellington, Carlinhos Paraíba e Lucas; William José e Fernandinho, bateu desânimo até para acompanhar a partida.

Era uma equipe, de novo, sem laterais, com o agravante de Cícero não marcar nada e ter um veloz Guerrón, autor do gol da vitória atleticana, pela frente (ô, Leão, não entendi). Zaga perdida, Xandão é limitadíssimo, e Rodolpho, como o próprio admitiu, está “balançado” por uma oferta da Juventus da Itália que não se concretizou (continue jogando assim, meu filho, que nem o Juventus da Mooca vai te querer). Armação zero (novidade...), com Lucas sem ter com quem jogar. Ataque inoperante, com William José, que não finaliza nem prepara, e Fernandinho, na eterna tentativa de jogada – e só tentativa mesmo – para virar e escapar dos defensores pela esquerda.



Com essa formação, veio o esperado, o repetitivo. O sono coletivo que caracteriza o Tricolor nesta temporada. Um elenco razoável, enaltecido por alguns como ótimo e exageradamente diminuído por outros, que não deu liga. Rogério salvando o time de goleada, Casemiro desperdiçando mais uma oportunidade, conseguindo ser mais sonolento que os demais, Dagoberto, no banco, fora de mais um jogo no campo do clube que o revelou (agora com mais motivos do que nunca), e a prova de que o problema são-paulino não é o treinador; Leão parece tão perdido quanto Carpegiani e Adilson Batista. 

Panela velha é que faz comida boa?
O resultado a favor do Atlético é só mais um que caracteriza a política de gestão que transforma o “soberano” num clube apenas cheio de soberba, deitado nos louros de vitórias anteriores. Contratações e mais contratações equivocadas, de jogadores a técnicos, como se qualquer profissional que vestisse a camisa do Tricolor ficasse dotado de superpoderes.

No final, derrota antevista. Outro insucesso do time que jamais empolgou em 2011, que não fez um só jogo irrepreensível no ano, que como a escrita de não ganhar na Arena da Baixada, manteve a regra de não jogar nada no returno do Brasileiro.

Esqueçamos Libertadores. É hora de reaprender a montar verdadeiras equipes e respeitar a Copa do Brasil.

Ganhamos do Ceará!

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O Corinthians sofreu, levou pressão, passou raiva, deu raiva em seus torcedores, mas venceu o Ceará em Fortaleza de goleada: 0 a 1. Meio gol a mais do que o necessário para dar um passo importante na briga com o Vasco pelo Campeonato Brasileiro. O autor do gol foi Cachito Ramires, que veio para o banco de reservas após longa estada no departamento médico e entrou no segundo tempo pra resolver a parada. Mas boa parte dos créditos da vitória precisam ir para a conta do goleiro Júlio Cesar, o contestado.
Tite tem umas coisas, como diria o pessoal do jornalismo Vando, que são, assim, muito dele, sabe? Por exemplo, ele acredita muito naquela história de ganhar dentro de casa e empatar fora. Mas muito mesmo, tanto que procura não quebrar a mística e arriscar, quem sabe, uma vitória fora de São Paulo. Bota todo mundo pra trás e 0 a 0 é um baita de um lucro. Assim, levamos um baita, mas um baita sufoco do Ceará no primeiro tempo, período em que não chutamos uma bola decente sequer para o gol do Vovô.
Para deixar claro que parte do parágrafo acima é perseguição minha com o treinador, é preciso dizer que boa parte do elenco corintiano está num bagaço danado, principalmente Liedson e Danilo (artilheiro e assistente principais no torneio). Junte a isso a suspensão de Paulinho e as jornadas horrorosas de Leandro Castán e Fábio Santos e temos a receita para o desastre. Se ele não veio, além da bela participação do goleirão, deve ter algum mérito para Tite. Tanto que na segunda etapa, o time melhorou, com a entrada de Morais (Morais!) e o supra-citado Ramires.

O empate do Vasco em 1 a 1 com o Palmeiras deixou o Timão abrir 2 preciosos pontos de vantagem na briga. Agora, dos 3 jogos que faltam, se ganhar 2 e empatar 1 levanta o caneco. Sábado tem Atlético Mineiro no Pacaembu, a parada em tese mais fácil. Depois, o inspirado Figueirense em Santa Catarina e o clássico com o Palmeiras. Vai, Corinthians!

quarta-feira, novembro 16, 2011

É frescura. Mas se fosse cachaça...

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O segurança está na porta de um shopping center no centro de São Paulo e dialoga aos brados com um colega, à paisana, recém-saído do serviço e aprontado para as 36 horas de folga que se seguem às 12 em ritmo de plantão. A experiência do tempo livre mais recente do que assumiu o posto foi nova, inédita e reveladora. Com a patroa, o segurança foi a outro centro de compras, para adquirir sabe-se lá o quê.

A mulher e ele, empregados, e a vida dá até para agrados. Novo também era o programa pós-consumo.

– A mulher quis tomar café nuns lanches chiques do shopping. Não pense que era barato, porque não era – avisou.

O interlocutor só dava corda, não interrompia.

– Você já tomou café em um lugar desses?

O colega de trabalho disse que já tinha, mas não demonstrou lá muita confiança. É que, enquanto o fardado segurança descrevia o ritual de servir café expresso, o outro hesitava. Era o grão moído na hora, uma bolacha ou docinho qualquer ao pires, um pouco de água com gás para limpar o paladar e todo o barulho que o maquinário produz sob o comando do barista de plantão.

Para alguém acostumado ao café de coador, provavelmente adoçado, aquilo tudo era experimentar coisa muito diferente.

– Eu achei estranho. O café até que era bom, com a espuminha e tudo. Mas aí a moça pega e me põe um copinho. Eu digo: "Que é isso? É pinga". Frescura do cão! Um copinho desse assim de água (gesticula com o indicador e o polegar). Nem tira a sede e ainda dá vontade de tomar uma cana... Frescurada, eu digo.

Mas se fosse cachaça...

Lula, sem barba e careca

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Ficou melhor que o Chávez, vai...


Original aqui.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Ceará 2 X 3 Santos - Os reservas resolvem

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Primeiro, disseram que o Santos ia "entregar" para o Botafogo, para prejudicar um rival. Não aconteceu. Depois, iria facilitar pra o Vasco, para prejudicar o mesmo rival. Não que perder para o clube carioca fosse algo anormal, mas gostam de falar... E o Santos ganhou. Com a decisão de Muricy Ramalho de enviar a Fortaleza seus reservas e dar uma justa folga aos jogadores titulares do time que mais viajou na temporada (em especial o Joia Neymar, que jogou mais que quase todas as equipes da Série A no ano), mais chiadeira. Mesmo com suplentes, o Santos ganhou. Como bem disse o Garambone:

O destaque do jogo foi o zagueiro-goleador Bruno Aguiar, que fez um gol após cobrança de escanteio e outro em uma bela falta, talvez uma das mais bem cobradas do Brasileirão. E também "fez" um pênalti que, pra mim, não existiu. Aliás, esse deve ser o campeonato com mais penalidades mandrake da história recente. Mal colocados, geralmente, os árbitros marcam qualquer encostão, alguns inclusive desafiam as leis da Física, como aqueles emq ue o jogador é "puxado" pela camisa e cai pra frente, ou os que ele é empuraddo e cai pra trás. Coisa fina.

O goleiro Aranha também foi decisivo ao defender um pênalti cobrado por Marcelo Nicácio. Àquela altura, a partida estava empatada em dois a dois e, na sequência da jogada perdida, Diogo fez um bonito gol. Aliás, ele participou de lances importantes, deu assistências e, quem sabe, esse tento lhe dê mais confiança para recuperar um pouco do futebol que mostrou há muito tempo, quando jogava na Portuguesa. Por enquanto, periga nem ir disputar o Mundial do Japão, mas aproveitou finalmente uma oportunidade dada.



E o Brasileirão segue. O Cruzeiro agradece e o Ceará, com a moral baixa e agora no Z-4, pega o Corinthians no meio de semana. Até o fim do Brasileirão, provavelmente mais chororô sobre "entregas" de outros times, "falta de comprometimento" e numseiquelá, numseiquelá, numseiquelá (aliás, como foi no ano passado, lembra?). O pessoal, definitivamente, precisa arranjar assunto, pelo menos quando falar do Santos...

Quase vitória, mas empate

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O que falta para o Palmeiras reencontrar-se com a vitória? Se livrar de atacantes que não querem mais atuar diante de desmandos e trombadas de cartolas? Apostar no conjunto de talentos menores em vez de habilidosos que rendem pouco na temporada? Sair na frente no marcador? Abrir dois gols de vantagem?

Nenhum dos itens acima permitiu ao alviverde outrora imponente alcançar três pontos em uma partida só. O jejum de vitórias se prolongou contra o Grêmio, em Porto Alegre, no domingo, 13. Vencendo por 2 a 0 até metade do segundo tempo, o time de Luiz Felipe Scolari cedeu a igualdade. Jogou como quem venceria, mas tomou um gol de apagão da defesa e outro que exigiu alguma dose de azar – ou sorte do atacante tricolor.

O detalhe é que o Grêmio jogou mal, muito mal. O Palmeiras sem Henrique por opção, sem Valdívia na seleção (do Chile), sem Kléber nem Lincoln por exclusão (do elenco) não foi brilhante. Foi só melhor do que um adversário em tarde sem qualquer capacidade inspiradora. Mas empatou.

São nove jogos sem vitória. É a pior campanha do segundo turno. A ameaça de descenso permanece e o Vasco, que luta por título, é o adversário. São esparsas as chances de evitar que chegue a 10 o número de rodadas sem conseguir somar pelo menos um gol a mais do que os sofridos.

Ai, ai. Vem o desespero machucando o coração? Não vou mentir...

quarta-feira, novembro 09, 2011

Meme dos Filmes 08 – Filme cebola (o mais triste de todos)

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O Futepoca está entrando, com algum atraso, no Meme dos Filmes proposto pelo Borboletas nos Olhos. A ideia é fazer 31 posts sobre filmes, cada um com um tema específico. Já perdemos uma meia dúzia (e é bem capaz que deixemos outros pelo caminho também), mas garantimos presença no tema 8, o Filme Cebola (O mais triste de todos), e logo com três filmes. Aguardamos ansiosos os comentários – e os filmes tristes de cada leitor.

(Atualização: Confira também o Filme Cebola do Borboleta, o próprio cinema italiano, do Lágrimas de Crocodilo, do Will You Do The Fandango, do Hugo Avelar - Menina de Ouro bem cotado - e do Pergunte ao Pixel.)


Sobre Meninos e Lobos (Por Nicolau)

É interessante que um dos diretores com os pés mais fincados na realidade em nossos dias tenha nascido em 1930, uns quase 50 anos antes da internet. Não que Clint Eastwood fale de tecnologia em seus filmes. É que ele fala de pessoas, de relações, de mentiras, de pequenas tragédias cotidianas. Daí a maior parte de sua obra recente ser, além de tão boa, tão triste. Dois filmes mostram esses elementos se misturando com mais acidez e foram por isso os escolhidos deste fórum de manguaças como os mais tristes.


Um deles é Sobre Meninos e Lobos (Mystic River), que conta várias histórias. A mais imediata é a das investigações sobre o assassinato de uma jovem na cidade de Mystic River. Ela é filha de Jimmy Markum, interpretado por um magistral Sean Penn, um delinquente aposentado. A investigação oficial é conduzida por Sean Devine (Kevin Bacon). E as suspeitas recém sobre Dave Boyle (Tim Robbins, também impressionante). Os três, porém, compartilham uma história anterior. É a história de três garotos, um dos quais foi sequestrado e abusado. Os outros dois presenciaram, mas não impediram o fato. As duas trajetórias se chocam e nada de bom se tira daí.

A condução do filme por Eastwood é simples e direta. Sua câmera não tenta chocar ninguém, apenas apresenta os fatos e os personagens e deixa espaço para as interpretações viscerais dos excelentes atores. A sensação no final do filme é de que não havia como escapar daquilo. Não havia opção para aquelas pessoas desde o momento em que tudo começou, quando eram crianças. Tudo estava determinado não por uma força superior, mas pela simples natureza das pessoas.

É também de pessoas que fala o segundo colocado da lista, também de Eastwood. A segunda metade de Menina de Ouro deve ser de fato a coisa mais objetivamente triste que eu já vi. A história traz Frankie Dunn (o próprio Clint), treinador de boxe veterano e turrão, que faz o maior esforço possível para se afastar de todo mundo ao seu redor. O único próximo é o amigo de longa data Eddie “Scrap-Iron” Dupris (Morgan Freeman, excelente), ex-lutador que cuida do ginásio de Frankie. Surge então a boxeadora Maggie Fitzgerald (Hillary Swank, perfeita) que insiste até se tornar discípula de Dunn e sensação do circuito de boxe feminino.

Essa é a primeira metade do filme. Eastwood faz você se envolver na relação entre os dois personagens, a lutadora obstinada que resgata o velho de seu ostracismo auto-imposto após se afastar da única filha. O veterano que dá a uma mulher pobre e sem grandes perspectivas a chance que ela precisava para mostrar seu talento. Uma jornada de perdedores, tão ao gosto de Hollywood e de todos nós. Ele faz você gostar desses personagens, desejar o melhor para eles.

Então, ele os quebra.

Literalmente, no caso de Maggie, que fica tetraplégica da forma mais imbecil e desgraçada possível. O filme passa então a ser a luta da moça para conseguir o direito de morrer – e do velho para aceitar o destino da filha adotiva e seu papel nele. Destaque para a escrota família de Maggie e para as discussões teológicas de Frankie com o padre de sua paróquia – traço comum nos filmes do diretor, o olhar ácido sobre a instituição familiar e religiosa. Porque, no final, nada na história tem um sentido maior. “Não tem nada a ver com merecer”, citando Will Munny, também personagem de Eastwood. É tudo apenas muito, muito triste.

O Homem Elefante (Por Glauco)

Em 1982, pela primeira vez chorei pro causa de futebol, em uma derrota que muitos devem ter derramado suas primeiras lágrimas em função de um time. Mas não foi só a seleção que me emocionou naquele ano. Aos 7 anos, também não resisti ao drama de E.T e seu amigo terrestre, Elliot, e chorei no extinto Alhambra, cinema de Santos. Lembro do meu pai dizendo que era pra eu não ter vergonha pois muito marmanjo da idade dele também chorava por ali.

Claro que a intenção de Spielberg era emocionar em alguns momentos da história mas, convenhamos, E.T não é propriamente um filme triste. Assim como há outros filmes que não são tristes mas tem momentos que fazem a gente verter algumas lágrimas. Lembro de ter sucumbido em mais de uma cena de O Filho da Noiva, por exemplo, que equilibra a comédia e o drama de uma forma que parece ser toda própria do cinema argentino (ou do argentino em geral, quem sabe). Mas nem toda película triste causa o tal “efeito cebola”.

Pra mim, o filme mais triste que me lembro ter assistido não me fez derramar uma lágrima. Não durante a exibição, ao menos. O Homem Elefante, de David Lynch, tem alguns dos elementos que fazem uma história ser triste. Mesmo. O protagonista é alguém que tem uma doença grave. Não um mal qualquer, mas uma enfermidade que o faz ter deformações em 90% do corpo, sendo o rosto especialmente afetado. Além disso, a película é baseada numa história real, John Merrick de fato existiu, foi figurante em um circo e morreu aos 27 anos de idade.


Já seria uma história suficientemente triste por si só, mas o diretor é David Lynch. Durante boa parte do filme (todo em preto e branco) não se vê o rosto do homem-elefante, coberto por um saco roto ou ocultado na penumbra quando ele apanha do seu “dono”. O foco são os personagens que interagem com ele nessa parte da narrativa. Desnecessário dizer que ele sofre horrores não apenas nas mãos do seu “agente”, como descrito no parágrafo anterior, mas com a repulsa estampada no rosto e nos atos de outros personagens. O médico que tenta ajudá-lo, vivido pelo brilhante Anthony Hopkins, é uma das exceções, e uma das cenas inesquecíveis do filme são seus olhos marejados quando ele contempla a figura de John Merrick (grande atuação de John Hurt).

Quando o rosto do protagonista se mostra ao espectador, quem vê o filme já nem chega a estranhar tanto as deformidades, cativado que está pela figura dócil e pelas agruras pelas quais passa o personagem. A partir daí, a dor que se sente pelo destino (previsível e aparentemente inexorável) do personagem é constante.

“Os outros é que são os monstros, não ele”, sintetizou uma pessoa que viu o filme comigo uma vez. É um dos modos de ver, mas não o único. A forma como o espectador é inserido no filme faz com que ele conheça primeiro o digamos, “espírito” de Merrick e depois seu fenótipo. Mas, no dia a dia, não é o que acontece. E se reconhecer um pouco naqueles personagens que rejeitam o homem elefante ou admitir nos preconceitos e rejeições preconcebidas que acalentamos às vezes sem saber ou querer, é perturbador. Nós também somos um pouco (ou muito) “monstros” e, como disse o Nicolau acima citando Os Imperdoáveis, “não tem nada a ver com merecer”. Os gritos de Merrick em uma das cenas altas do filme ecoam muito tempo depois dele terminado: "Eu sou um ser humano! Sou um homem!". E a fé na humanidade se esvai mais um pouquinho...

terça-feira, novembro 08, 2011

Elogio do boteco

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Impossível deixar de republicar esse texto de Leonardo Boff, que capta bem o espírito do que é um boteco e do que ele representa nas teias sociais da nossa vida. Com a palavra, o teólogo (ah, sim o texto é dele mesmo).

Em razão do meu “ciganismo intelectual” falando em muitos lugares e ambientes sobre um sem número de temas que vão da espiritualidade, à responsabilidade socioambiental e até sobre a possibilidade do fim de nossa espécie, os organizadores, por deferência, costumam me convidar para um bom restaurante da cidade. Lógico, guardo a boa tradição franciscana e celebro os pratos com comentários laudatórios. Mas me sobra sempre pequeno amargor na boca, impedindo que o comer seja uma celebração. Lembro que a maioria das pessoas amigas não podem desfrutar destas comidas e  especialmente os milhões e milhões de famintos do mundo. Parece-me que lhes estou roubando a comida da boca. Como celebrar a generosidade dos amigos e da Mãe Terra,  se, nas palavras de  Gandhi,”a fome é um insulto e a forma de violência mais assassina que existe?”

É neste contexto que me vem à mente como consolo os botecos. Gosto de freqüentá-los, pois aí posso comer sem má consciência. Eles se encontram em todo mundo, também nas comunidades pobres nas quais, por anos, trabalhei. Ai se vive uma real democracia: o boteco ou o pé sujo (o boteco de pessoas com menos poder aquisitivo) acolhe todo mundo. Pode-se encontrar lá tomando seu chope um professor universitário ao lado de um peão da construção civil, um ator de teatro na mesa com um malandro, até com um bêbado tomando seu traguinho. É só chegar, ir sentando e logo  gritar: “me traga um chope estupidamente gelado”.

O boteco é mais que seu visual, com  azulejos de cores fortes, com  o santo protetor na parede, geralmente um Santo Antônio com o Menino Jesus, o símbolo do time de estimação e as propagandas coloridas de bebidas. O boteco é um estado de espírito, o lugar do encontro com os amigos e os vizinhos, da conversa fiada, da discussão sobre o último jogo de futebol, dos comentários da novela preferida, da crítica aos políticos e dos palavrões bem merecidos contra os corruptos. Todos logo se enturmam num espírito comunitário em estado nascente. Aqui ninguém é rico ou pobre. É simplesmente gente que se expressa como gente, usando a gíria popular. Há muito humor, piadas e bravatas. Às vezes, como em Minas, se improvisa até uma cantoria que alguém acompanha ao violão.

Ninguém repara nas condições gerais do balcão ou das mesinhas. O importante é que o copo esteja bem lavado e sem gordura senão estraga o colarinho cremoso do chope que deve ter uns três dedos. Ninguém se incomoda com o chão e o estado do banheiro.

Os nomes dos botecos são os mais diversos, dependendo da região do pais. Pode ser a Adega da Velha, o Bar do Sacha, o boteco do Seo Gomes, o Bar do Giba, o Botequim do Jóia, o Pavão Azul, a Confraria do Bode Cheiroso, a Casa Cheia e outros. Belo Horizonte é a cidade que  mais botecos possui, realizando até, cada ano, um concurso da melhor comida de boteco.

Os pratos também são variados, geralmente, elaborados a partir de receitas caseiras e regionais: a carne de sol do Nordeste, a carne de porco e o tutu de Minas. Os nomes são ingeniosos:” mexidoido chapado”, “porconóbis de sabugosa”, “costela de Adão” (costelinha de porco com mandioca), “torresminho de barriga”. Há um prato que aprecio sobremaneira, oferecido no Mercado Central de Belo Horizonte e que foi premiado num dos concursos:”bife de fígado acebolado com jiló”. Se depender de mim, este prato deverá constar no menu do banquete do Reino dos céus que o Pai celeste vai oferecer aos benaventurados.

Se bem repararmos, o boteco desempenha uma função cidadã: dá aos frequentadores, especialmente aos mais assíduos, o sentimento de pertença à cidade ou ao bairro. Não havendo outros lugares de entretenimento  e de lazer, permite que as pessoas se encontrem, esqueçam seu status social e vivam uma igualdade, geralmente, negada no cotidiano.

Para mim o boteco é uma metáfora da comensalidade sonhada por Jesus, lugar onde todos podem sentar à mesa e celebrar o convívio fraterno e fazer do comer, uma comunhão. E para mim, é o lugar onde posso comer sem má consciência.

Dedico este texto ao cartunista e amigo Jaguar que aprecia botecos.

segunda-feira, novembro 07, 2011

Resumo da péssima fase e os 15 pontos que salvam

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Por Moriti Neto

Difícil falar do São Paulo sem apelar às mesmices sobre mau momento, jogos fracos e apatia (que resulta em tremedeira) no Campeonato Brasileiro. Também é quase impossível dar algum ineditismo à análise dos erros da diretoria são-paulina capitaneada por Juvenal Juvêncio (arrogante e, ao menos hoje, desarticulado politicamente, sendo o segundo item consequência do primeiro).

O vexame da derrota contra o Bahia não se caracteriza pelo resultado em si. No futebol, tem dessas coisas, principalmente num campeonato tão oscilante e vacilante do ponto de vista técnico. O líder Corinthians – na reta decisiva e com 40 mil torcedores a favor – perder do América, inevitavelmente rebaixado e pior time da competição, com apenas quatro vitórias em 32 jogos, é sintoma disso. O que não pode é o São Paulo cometer tantos erros crassos numa partida.

Duas vezes na frente do placar, os são-paulinos tomaram gol de Souza quando os baianos fizeram 1 x 1, depois de Wellington, num golaço, marcar o primeiro do Tricolor Paulista. Souza, aquele de Goiás, Flamengo e Corinthians (foi até artilheiro de Brasileirão, em 2006) deu um baile em João Felipe. Não só no lance do tento anotado, em que tomou um corte seco, de cair sentado. Enquanto esteve em campo, o zagueiro permitiu que o limitadíssimo centroavante fizesse o que bem entendesse.

Alguns detalhes, no entanto, davam certa esperança ao torcedor. Lucas, que não jogava nada fazia tempo, deu o ar da graça. Fez boa etapa inicial e, na segunda, instantes após o empate do Bahia, acertou um belo chute, no ângulo de Marcelo Lomba. Outro golaço. 2 x 1.

Não demorou que uma jogada começada em cobrança de falta chegasse aos pés de Cicero, improvisado na ala-esquerda, e terminasse em novo bom chute. A bola bate nas duas traves baianas antes de entrar. O jogo parece resolvido, indicando que a torcida comemoraria três pontos depois de oito rodadas, quem sabe até com condições reais de brigar por “objetivos maiores”.

Só que se os treinos de repetição de Emerson Leão deram alguma confiança para os atletas chutarem, o “tratamento de choque” proposto pelo técnico (com perdão do trocadilho) resultou num curto-circuito em Salvador.

Assim que tomou o terceiro, Joel Santana colocou os meias Lulinha e Nikão – algo que deveria deixar os são-paulinos mais tranquilos. Contudo, logo de cara, o primeiro fez o gol número dois do mandante, justamente depois de jogada do segundo.

O São Paulo sumiu de campo. Apagou. E viria a desmoronar com novo empate do Tricolor de Aço, com gol de cabeça do baixinho volante Fahel, que ninguém no sistema defensivo paulista marcou.

Sem reação, tremendo como um time principiante, a virada era questão de tempo contra o time do Morumbi. E ela veio com jogada de Nikão (de novo!) que um assustado Luiz Eduardo tratou de empurrar para o próprio gol.

Daí em diante, foi de doer ver a postura medrosa dos jogadores são-paulinos, que perderam quase todas as divididas. Ainda que o adversário estivesse com “um a menos”, já que o contundido volante Fabinho se arrastava em campo, os visitantes fugiram do jogo.


Cansaço, contusão e erro de Leão

Quando tomou o segundo gol, Leão preparava o banco, pensava substituições. Antecipado por Dagoberto e João Felipe, continuando a perder todas para Souza, que alegaram cansaço e pediram para sair, o técnico pôs Marlos e Rodrigo Caio. Errou nas duas mexidas.

Colocar Marlos era arriscado demais, pois o jogador erra quase tudo que tenta, ainda que em jogos tranquilos. Numa partida de forte pressão, a perspectiva de falha aumenta severamente.

Na entrada do volante Rodrigo Caio como zagueiro, Leão errou também. Não porque o garoto fosse incapaz de executar a função, mas tinha Denílson à disposição e, em momento tão claudicante da equipe emocionalmente, apostar na experiência seria prudente.

Além disso, para coroar a péssima jornada: azar e mais incompetência. Em poucos minutos, Rodrigo Caio torceu o joelho. Foi examinado pela equipe médica que atestou que o menino poderia voltar ao gramado, algo desmentido pelos instantes seguintes que forçaram Leão a trocá-lo por Denílson.

A atuação bizarra resume a fase são-paulina que deixa o time perto de recorde negativo e evidencia uma campanha digna dos piores do returno. O Tricolor está nove rodadas sem saber o que é vitória na competição. Na história dos brasileiros, só foi pior em 1996, quando passou dez jogos sem ganhar. Nos últimos nove confrontos da atual edição, obteve 21% de aproveitamento. No total do segundo turno, a coisa fica em 36%. Como observei em post anterior, índice de candidato ao rebaixamento.

Numa análise fria, depois de três temporadas de tantos erros, culminando nesta, com quatro técnicos diferentes no comando do São Paulo, não são os 15 pontos que restam a disputar no Brasileiro a alegria são-paulina. São os 15 conquistados no começo do campeonato, ainda com Carpegiani, que nos salvarão da briga para não cair. Dureza.

Nordeste legal

Independentemente do resultado e dá fase ruim do clube de coração, é legal demais ver a torcida do Bahia e o clima contagiante do nordeste num estádio cheio. No sábado, a torcida baiana deu espetáculo e, de fato, impulsionou o time. É cedo ainda, mas a vitória sobre o São Paulo é combustível moral para o Tricolor de Aço permanecer na Série A. Assim como o Ceará, que venceu o Avaí fora de casa e deu um passo fora da zona de descenso, e quem sabe o Náutico, bem na Série B, os baianos são garantia do futebol visto como festa.