Destaques

domingo, fevereiro 12, 2012

Reservas santistas goleiam Linense

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Mais uma vez no Paulista, o Santos entrou com seu time reserva, à exceção do goleiro Rafael. Desta vez, segundo o treinador Muricy Ramalho, além do resultado, o jogo também valia a definição dos 25 inscritos para a primeira fase da Libertadores, que poderia incluir um jovem jogador “em observação”. Os santistas estreiam quarta-feira no torneio contra o The Strongest, na alta La Paz.

Para o Linense, o comandante Pintado deu a dica do que o jogo valia em declaração antes do começo da peleja: “Nosso adversário direto não é o Santos”. Tanto que deixou de fora os volantes Makelelê e Elias, o meia Éder e o zagueiro Fabão, atletas pendurados ou com contusões. A ideia era preservá-los para as duas partidas do time (que jogou cinco das sete primeiras partidas fora de casa, que tabela, hein?) em Lins, contra Bragantino e Mirassol.

O resultado... o esperado: derrota do Linense diante do Santos, que jogou pela sétima vez em uma cidade diferente nesse Paulista. Desta vez, sua “casa” foi São Bernardo. A porteira se abriu logo após um pênalti perdido por Alan Kardec, falta sofrida por Rentería aos 24 do primeiro tempo. O zagueiro Bruno Rodrigo finalizou depois de cobrança de escanteio, o defensor do Linense tirou já depois da linha e Kardec chutou para o gol. Mas o árbitro de fundo (olha só, não é que teve utilidade?) anotou de forma correta o tento para o zagueiro santista, que só soube que tinha sido o autor no intervalo. “Poxa, mas nem beijei minha aliança...”, lastimou. Mas até o portal Uol, horas depois do jogo (abaixo), continuou acreditando que Kardec era o autor do gol, ainda que a matéria interna o desmentisse.

Reprodução
Foi o primeiro gol de Bruno Rodrigo pelo Santos. Outros três jogadores marcariam seus primeiros tentos pelo time. O Alvinegro seguiu dominando e o zagueiro Vinicius Simon fez o seu, de cabeça, aos 16 da segunda etapa. O Linense descontou aos 22, com Diego Macedo (sobrinho daquele Macedo, ex- São Paulo e Santos) e quase se empolgou. Mas o ânimo foi por água abaixo (e não faltou água na peleja) depois do tento de Anderson Carvalho aos 28. O volante ainda deu uma assistência para o atacante Dimba (primo em segundo grau daquele Dimba, ex-três dezenas de times) marcar o quarto.

De positivo, bom saber que Rafael está voltando à forma, depois de ter feito algumas defesas difíceis e saídas de gol, por baixo, importantes. Anderson Carvalho também vai mostrando mais confianças, assim como Felipe Anderson. Dimba tem bola e pode evoluir, outro garotos idem. Falta o técnico confiar.

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Neymar: o ator que fez um filme ruim valer a pena

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Muitas vezes gostamos de um filme não pela história em si, pelo roteiro ou pela direção, mas apenas por conta da atuação de um ator. Ontem, Santos e Botafogo foi desses filmes, tecnicamente ruins, mal dirigidos, um desenrolar entediante, mas com um protagonista que fez valer o ingresso em uma sequência de pouco menos de 15 minutos de belas cenas.

Neymar, pra variar, apanhou. Esse filme você já viu. Também ensaiou saltos e valorizou alguns lances. Filme repetido também. E o árbitro Flavio Rodrigues Guerra não quis contribuir com o bom andamento do enredo: é daqueles que se costuma atribuir a qualidade de “deixar o jogo fluir”. E, assim, acaba não dando uma série de faltas e esquece cartões, reservando-os para o terço final da partida. Contribui para que haja mais lances “viris” e menos futebol. É a tal lógica torta de deixar “fluir o jogo”.

Ele resolveu em 15 minutos
O Joia peixeiro voltava muito para pegar a bola no meio de campo durante o primeiro tempo, facilitando a marcação dupla do Botafogo em cima dele. Os volantes não chegavam ao ataque com qualidade e as laterais... ah, as laterais. O menino Paulo Henrique estreava pela esquerda, enquanto Pará, pela direita, fazia o seu tradicional “corre-corre de novo-erra passe”. Em 50 segundos do segundo tempo, Fucile, pela direita, fez mais que a dupla Pará-Maranhão pelo setor em 2012.

Mesmo mais animado e bem postado em campo na segunda etapa, o Santos não conseguia reverter a vantagem conseguida pelo time de Ribeirão Preto no segundo tempo, em uma rara finalização. Foi preciso uma falta, quase do mesmo lugar daquela que resultou no centésimo gol do Joia, para que Neymar, de novo de cabeça, empatasse a partida aos 31 minutos. E, um minuto depois, após roubar uma bola e passar por três jogadores do Botafogo, o atacante foi derrubado na área. Bateu e converteu.

Ali, a defesa botafoguense já estava rendida diante do garoto. Ele roubou outra bola e quase marcou novamente. O Botafogo chegou a ensaiar uma pressão, contudo, outro moleque também brilharia. Felipe Anderson, que entrou na segunda etapa, deu uma assistência preciosa para Neymar passar pelo zagueiro e encobrir o arqueiro. Outro belo gol. E o atacante retribuiu o presente em outra arrancada, servindo Felipe Anderson, que fez o quarto tento.

O Santos tem muito a arrumar em seu esquema tático, definir quais serão os titulares – aliás, Felipe Anderson e Ganso juntos no meio seria uma ótima pedida -, mas é muito bom saber que Neymar voltou a fazer uma atuação de gala.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Wando: ele cantou o amor em todas as suas formas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Se existe alguém que interpretou o dito amor sob as mais diferentes formas, esse alguém foi Wando. Trilha sonora de muitos romances embalados em botecos de todo canto e lugares mais apropriados, deixa um legado que dificilmente será superado nesse quesito. Reconhecendo e recordando seus grandes momentos, e finalmente recuperados do choque nos causou o passamento, só hoje este Futepoca lhe presta uma singela homenagem registrando suas múltiplas formas de cantar o mais nobre dos sentimentos humanos:


Amor metafórico/metonímico/analógico

Você é luz
É raio estrela e luar
Manhã de sol
Meu iaiá, meu ioiô
Você é "sim"
E nunca meu "não"
Quando tão louca
Me beija na boca
Me ama no chão...(2x)


Amor filosófico

Eu sempre acredito nas mentiras
No fundo as mentiras são verdades
Viver é deixar rolar o sentimento
A gente tá perdendo tanto tempo
Preciso resolver meu coração
Viver é pôr o nosso amor em movimento
A gente tá perdendo tanto tempo


Amor contorcionista

Moça, moça eu te prometo eu me viro do avesso
Só pra te abraçar
Moça, eu sei que já não é pura
Teu passado é tão forte, pode até machucar
Moça, dobre as mangas do tempo
Jogue o teu sentimento todo em minhas mãos
Eu quero me enrolar nos teus cabelos





Amor, hã, animal

Vem minha safada
Vem minha bandida
Minha descarada
Quero um beijo gostoso
Dessa boca molhada
Vem matar o desejo
Desse seu animal...(2x)


Amor solitário (conhecido como onanista)

Eu já tirei a tua roupa
Nesses pensamentos meus
Já criei mil fantasias
De desejo e de prazer
Eu já troquei a tua pele
Já senti as tuas mãos
Já beijei a tua boca
Já senti teu coração
Só não tenho teus carinhos
Só não tenho teu querer


E, claro, a homenagem do nosso senador Eduardo Suplicy:

Arrogante e preguiçoso, Corinthians joga dois pontos fora em Mogi

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Tá certo, a primeira fase do Paulista vale pouco. Nas últimas 3 edições, o oitavo colocado teve 27 ou 28 pontos, logo faltam uns 16 em 13 jogos pra conseguir uma vaga no mata-mata. Logo, nada grave, do ponto de vista estritamente aritmético, o empate do Corinthians contra o Migi Mirim na noite desta quarta-feira.

Isto posto, vamos falar claramente: foram dois pontos desperdiçados por arrogância, preguiça e outros defeitos de um time que, se tem um pecado, é a falta de ambição dentro de cada partida.

Não foi uma nem duas vezes que a equipe de Tite fez 1 a 0 e tirou o pé do acelerador – e até pisou no freio. Várias e várias emoções desnecessárias passaram os corações alvinegros na temporada passada por esse tipo de comportamento. Mas essa noite foi complicado.

O jogo começou com o Mogi melhor, marcando a saída de bola e complicando a armação alvinegra. O pessoal não chegou a criar grandes chances, mas controlou o jogo até os 12 minutos, quando Paulinho fez uma grande jogada e cruzou para Liedson, que dominou tirando o zagueiro e se enroscou como goleiro. A bola rolava lentamente rumos às redes, mas foi desviada com a mão direita por um atabalhoado Edson Ratinho. Penalti, convertido por Emerson, e expulsão do jogador de Mogi.

Um parênteses: Arnaldo Cesar Coelho concordou com o juiz na hora do lance, mas achou depois um toque de mão de Liedson. Curiosamente, ele afirma que o toque não foi intencional, mas mesmo assim o juiz deveria ter parado o lance, tornando irregular a a marcação do pênalti. Interpretação, digamos, curiosa. Para mim, se teve algo diferente do assinalado pelo árbitro, foi um pênalti em Liedson cometido pelo goleiro , que já caído levanta a perna para impedir a progressão do jogador. Mas vamos em frente.

Quer dizer, com 12 minutos do primeiro tempo, o Corinthians abre 1 a 0 e fica com um jogador a mais. O jogo fica absolutamente sob controle, com toque de bola paciente e boas inversões de Alex e Danilo. Uns cinco minutos após o gol, numa dessas mudanças de lado, Liedson acerta uma cabeçada para defesa espetacular do goleiro Anderson. E parou por aí.

A necessidade de se poupar para o clássico contra o São Paulo e, mais importante, a estréia na Libertadores na quarta explicam a vontade de desacelerar o jogo. Mas com um a mais por tanto tempo – e enfrentando um equipe fraca como se mostrou o Mogi – era só focar um pouquinho para ter resolvido a parada. Não foi feito e, aos 40 minutos, veio o castigo: contra-ataque do Mogi – pelo menos o quarto com chance clara de gol –, Júlio César falha num chute de longe e Hernane, o artilheiro do torneio, mandou pra dentro.

Merecido, se me perguntar. Quem sabe o pessoal não acorda e começa a botar em ponto morto só depois do 3 a 0?

Jogadores

De positivo, Edenilson entrou no lugar de Emerson e foi jogar como meia pela esquerda no 4-2-3-1. Foi muito bem e criou algumas boas situações. É um bom jogador e merece ser observado, até para encontrar sua melhor posição – que eu acho que pode ser meia ou segundo volante, nessa ordem. E o fato de que, quando quis jogar, o time mostrou qualidade, especialmente Danilo, Alex e Paulinho, que controlaram o meio campo. O volante, aliás, vem fazendo jogadas mais agudas – no período em que se importa com o jogo. Parece ter ganho mais confiança, o que pode fazê-lo crescer mais adiante.

Nota negativa para Welder, que foi muito tímido. Fiquei com boa impressão do lateral nas poucas vezes que o vi atuar ano passado e acheiq ue ele aproveitaria a chance para botar pressão em Alessandro. Mas não foi o caso.

Douglas

Um comentário sobre a volta do meia Douglas ao Timão. Fiquei bastante feliz com a contratação. Acho que ele tem certas características – prender a bola, cadenciar o jogo, passar em profundidade – que complementam as melhores virtudes de Alex. Acredito que, com o tempo, Douglas ganha a vaga de Danilo e libera Alex para jogar mais solto, chegando mais para bater pro gol e dar o último passe. Com Liedson e Sheik, acho que pode dar um baita samba.

Além disso, o Corinthians fica com uma das maiores concentrações de meias por metro quadrado, com Vitor Júnior se somando aos três supracitados. Coisa boa num elenco que ano passado tinha grande dificuldade de substituir Danilo.

Adriano

Até aqui, trágica a passagem do Imperador da Manguaça pelo Corinthians. Bom, nem tanto, porque aquele gol contra o Atlético MG valeu muita coisa. Mas a demora do cara para entrar em forma e jogar já deu no saco. Podia até jogar mal, mas pelo menos estaria ali para ser avaliado.

Hoje, depois de tudo, eu que fui defensor do atacante e das chances que lhe foram dadas, já não espero muita coisa. Mesmo assim, e de foram contraditória. inscreveria o cabra na Libertadores. vai que ele se anima...

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Aeroportos, ônibus e contradições

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O tema desta terça-feira foi a privatização dos aeroportos feita pelo governo federal na segunda. Foram vendidas participações nos aeroportos de Guarulhos, o maior do país, Campinas e Brasília, em leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O governo comemorou o alto valor alcançado, R$ 24,5 bilhões no total, com um ágio médio de 347% nas três operações.


De um lado, os tucanos, com o perdão do trocadilho aviário, pavoneiam-se do PT ter caído em si e aceitado o evangelho privatista. Do outro lado do espectro político, o pessoal à esquerda ficou deveras escandalizado com o que consideram uma traição da presidenta. Afinal, o debate sobre as privatizações, com o PT de Lula e Dilma como nacionalistas estatistas e o PSDB de Alckmin, Serra e FHC como vendilhões da pátria, foi um dos pontos altos das duas últimas campanhas eleitorais – a cena mais marcante (ou patética) fica para Geraldo Alckmin usando camisa da Petrobras e colete do Banco do Brasil.


Antes de mais nada, uma questão técnica. O que foi feito não foi bem assim uma privatização. Quer dizer, foi: o governo vendeu parte das ações dos aeroportos, mas a Infraero manteve 49% deles. Ou seja, a União continuará sendo sócia de todos. Os vencedores do leilão ficam com a concessão de operação por prazo determinado. No caso de Guarulhos, por exemplo, foram R$ 16,21 bilhões por 20 anos. O patrimônio continua sendo parcialmente da União, mas será tocado pela iniciativa privada. Como nas estradas. Ou, mais próximo ainda, nas concessões de ônibus urbanos.


O João Villaverde, nesse post sensato, argumenta que politicamente não faz diferença, o que até é verdade. Mas na prática, faz muita. Nesse sentido, se tiver que me escandalizar com alguma concessão, sinto muito mais prejuízo em ter pouco controle sobre os ônibus urbanos, por exemplo. Peguei avião um número de vezes que cabe nas duas mãos – e devo estar acima da média do brasileiro. Ônibus, meu chapa, todo mundo pega – e não vejo essa chiadeira toda a respeito.


Mas sou exceção nas hostes esquerdinhas. De minha parte, não sou necessariamente contra privatizações. Sou contra certas privatizações. Vender a Petrobras, pelamor, é uma ideia ridícula, como foi ridícula a venda da Vale. Primeiro, porque junto com a empresa foram vendidos contratos de exploração de minérios válidos por décadas. Vendeu-se o solo brasileiro, patrimônio natural (e esgotável) de nosso povo. Isso, sou contra.


Pior: na década e 90, governo tucano e mídia fizeram uma campanha intensa para desvalorizar as estatais. É meio você querer vender seu carro e sair por aí dizendo no boteco que ele não presta. Pois é, o preço cai. O aeroporto de Guarulhos é gigante, importante e coisa e tal, mas ninguém tem a ilusão de que ele valha mais do que a Vale do Rio Doce valia quando foi vendida. Pois pagou-se por ele R$ 16,21 bilhões, contra R$ 3,3 bilhões na Vale. Não dá pra comparar o dano causado à nação por essas duas decisões.


O Nassif, nesse post curto, levantou outras questões que diferenciam o modelo de privatizações dos anos 90 e o concretizado ontem:

1. A Infraero mantem 49% do capital.

2. O BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) financiará exclusivamente os investimentos previstos. Nos anos 90 financiava a compra.

3. Os recursos arrecadados serão destinados a aeroportos menores.

Vamos combinar que é beeeem diferente? Todo mundo pode ser contra privatizar aeroporto, empresa, estrada e o diabo – ou querer vender até escola primária. Ninguém precisa concordar com nada do que a Dilma diz – por exemplo, ao dizer que “agora esperamos uma administração eficiente dos aeroportos”, duvido que os funciários da Infraero concordem com a presidenta. Com certeza, se trata de mais uma das tantas e tantas contradições dos governos petistas e cada um vai avaliar com seus botões se é o bastante para se considerar a gestão uma decepção e levar seu voto para outras paragens. Mas é obrigação não ser leviano e nem desonesto no debate.

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Folha de S. Paulo descobriu a pólvora! Neymar não é Pelé

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Na edição do periódico da família Frias, neste domingo, um dos destaques de capa da edição paulistana dizia: Neymar chega aos 20 rico, mas sem jogar Copa e só com um quarto de gols de Pelé.


Interessante, a única notícia de verdade era que o atacante santista fazia aniversário. O resto não diz absolutamente nada: Neymar é rico (sério?), não jogou uma Copa do Mundo (ufa, minha memória ainda está boa) e, pasmem, não fez tantos gols quanto Pelé aos 20 anos… Ah, vá! Se eu fizesse um post sobre o nascimento do peixeiro com um título “Neymar, aquariano como este escriba, faz anos hoje”, teria mais informações do que o dito na chamada de capa da Folha.



Mas há que se analisar o porquê da comparação com Pelé. Para dizer que Neymar é menos que ele? Bom, se tomarmos como fundamento os mesmos critérios para falar de dois rivais (sic) do Rei em termos do cetro de melhor de todos os tempos, como ficariam Messi e Maradona em comparação a Pelé?
Continue lendo aqui

Dez breves considerações sobre Santos 1 X 2 Palmeiras

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

- Jogo de meio-campo na maior parte dos 90 minutos. O Palmeiras, melhor postado atrás, conseguia ligar mais rapidamente o ataque. O Santos esbarrou a maio parte do tempo no sistema defensivo alviverde

- Os laterais geográficos santistas não fizeram jus às alcunhas, que poderiam remeter à beleza dos estados que representam. Pará é esforçado, mas improvisado na esquerda costuma ser lastimável. Maranhão fez uma peleja medonha, coroada com o gol contra da virada palestrina. O torcedor ora por Fucile...

- Sim, a preparação física faz diferença. O calor também. Os paulistanos estavam mais em forma e a questão física e o sol arrasador de Presidente Prudente podem até ser justificativa para a desatenção no lance do escanteio que resultou no empate da partida.



- Não, mesmo tentando ser razoável, não consegui ver falta de Ibson em Ricardo Bueno. Do lance não só saiu a expulsão do alvinegro como, na sequência da falta, o escanteio que resultou na igualdade do placar. Mas só vi o lance por um ângulo porque a Globo assim decretou que fosse. Posso mudar de ideia, mas por enquanto, não.

- Turma que ainda não se encontrou em dois jogos: Arouca, Elano, Borges e Henrique (Será que este vai se encontrar?)

- Alan Kardec se sente melhor jogando no time reserva do que no titular. Rafael, em dois jogos, mostrou problemas sérios pra sair do gol.

-  Neymar, mesmo quando não vai tão bem, ainda assim é muito bom. Mas não é Pelé.

- Marcos Assunção parece também atuar melhor não tendo que sair pro jogo. Errou faltas frontais, não foi efetivo em cobranças de falta e escanteio  durante quase todo jogo. Mas bateu o último, que assegurou o início da virada palmeirense. Se o clichê de que "craque decide" está correto, pode-se dizer que o volante é, no mínimo, um "craque da bola parada".

- Luiz Flávio Oliveira é tão bom (?) na parte discplinar quanto o irmão.

- Para os santistas, lembrança e consolo: não vencer o Palmeiras nos últimos dois anos não tem sido exatamente um mau agouro... Como nos anos 60.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Santos A estreia e empata com Oeste. PH Ganso vai bem, já Elano...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Neymar tentou... (Ivan Storti/Santos FC-Divulgação)
No primeiro jogo com os titulares, o Santos não passou de um empate contra o Oeste. Na Arena Barueri, já que o gramado da Vila Belmiro ainda está sendo reformado, a equipe jogou bem em alguns momentos, com boas trocas de passe, toques rápidos e velocidade no ataque. Mas tomou um gol na primeira etapa graças a uma falha dupla de marcação: a (não) cobertura pelo lado direito que deslocou Bruno Rodrigo para fora da área e deixou Vanderson sozinho para marcar.

Como nas outras três pelejas do Paulista, o time saiu perdendo por 1 a 0, mesmo jogando melhor. No segundo tempo chegou ao empate com Ibson, que marcou seu tento inaugural pelo Santos. Uma novidade dupla, já que, pela primeira vez no ano, não foi Alan Kardec o autor do gol alvinegro.

A equipe sentiu fisicamente tanto no fim da primeira etapa quanto no final do jogo. De om para o torcedor do Santos ficou a atuação de Paulo Henrique Ganso, o atormentado e ciclotímico camisa dez peixeiro. Movimentou-se bem, deu passes preciosos, assistências, finalizou e apoiou o ataque como há muito não fazia. Neymar foi bem em dados momentos, foi caçado (pra variar), mas também sentiu a falta de ritmo. Destaque negativo para Borges, o 1 em 3, que teve três chances de marcar e desperdiçou todas. Espera-se que também a culpa seja da falta de ritmo. Rafael fez algumas reposições interessantes com as mãos, mas teve saídas de gol que que espantaram até as borboletas que não foram caçadas.

E Neymar vai tentar seu centésimo gol como jogador profissional no clássico contra o Palmeiras. Que os lampejos de bom futebol se tornem rotina e não só... lampejos.

E o Elano?

Elano pediu a substituição, ainda no primeiro tempo. Não foi atendido pelo treinador Muricy Ramalho, continuo no jogo, bateu uma falta no travessão e cobrou escanteios. Não demostrava nenhum “incômodo” aparente. Antes do intervalo, disse aos jornalistas que não ia falar sobre seu pedido de substituição.

Após o intervalo, entrou Ibson. Muricy, quando perguntado, disse que Elano estava com problemas para fechar a marcação pelo lado direito com Pará. Ou seja, a substituição foi técnica. O inusitado foi Elano ter “reconhecido” a sua dificuldade ao pedir a substituição. Parece que o oito alvinegro continua com refluxos de 2011. Voltou à Vila Belmiro com pompa e circunstância, terminou o Paulista como artilheiro do torneio e experimentou um persistente declínio técnico. Envolveu-se com uma atriz global, ocupou páginas e megabytes de publicações nada esportivas com seu turbulento relacionamento, viveu o episódio de sequestro de seu pai, perdeu pênalti decisivo na seleção brasileira pela Copa América e não mais foi convocado.

Em péssima fase técnica, era candidato ao banco com a chegada de Ibson, mas as suas sofríveis atuações do recém-chegado deram sobrevida ao oito. No embate contra o Flamengo, perdeu uma penalidade ao tentar uma cavadinha não treinada e foi vítima da pilhéria do guarda-metas rival. Foi vaiado pela torcida, ameaçou sair. Jogou mal, se contundiu, jogou mal de novo, virou reserva na final contra o Barcelona após atuação menos que mediana na semifinal. Disse que só cumpria o que o treinador havia lhe pedido.

Elano, má fase passa. Mas as posturas de um ídolo ficam na memória do torcedor. Já passou da hora de aprender isso.

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Marcos-Assunção-dependência e a tese do "um homem a menos"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A vitória do Palmeiras sobre o Mogi Mirim, a segunda em quatro jogos, foi garantida por dois gols de Marcos Assunção. Os comentários foram inevitáveis. Só se fala que o volante salva o Palmeiras, que é metade, que é 80% do time, até o 100%...

Dos tentos, é 33%. Foram seis marcados no Paulista pela equipe alviesmeraldina, dois do camisa 20 neste último jogo. Marcos Assunção deu passe para outros dois (aLeandro Amaro contra o Bragantino e a Fernandão contra a Catanduvense). Assim, contando a participação nos lances de gol, a fatia sobe para dois terços.

Apenas dois gols não tiveram o que se pinta como toque de Midas do volante (um de Maikon Leite, em jogada de Valdívia na estreia, e outro de Ricardo Bueno, ante a Lusa, em passe de Maikon Leite).

É fato que a proporção é alta e sustenta a tese da dependência absoluta do Palmeiras em relação a Marcos Assunção. Especialmente com poucos reforços e com baixas em relação a 2011.

Também confere que o time jogou pior do que a Portuguesa e mandou mal a valer ante os bruxos de Catanduva. Mas Fernandão e, principalmente, Ricardo Bueno cansaram-se de desperdiçar oportunidades.

Se tivessem trabalhado melhor, a conversa estaria diferente? Pouco importa porque futurologia do pretérito nem conta ponto na tabela nem muda a trajetória da redonda no gramado.

Em um debate acalorado na noite de quarta-feira, 1º, o alviverdíssimo e amigo Paulo Donizetti defendia uma tese peculiar. A de que, taticamente, ter Marcos Assunção em campo significa jogar com dez em campo, exceto na hora de cobrar faltas perto da área ou tiros de canto. É defender com um homem a menos e, com a bola rolando, muito pouca coisa na articulação e armação de jogadas.

Ora, um volante que marca mal e permite buracos na retaguarda – em vez de cobrir esses vazios – significa problemas. Para alguém que joga recuado no meio, não haveria função primordial de criação, mas errar passes é complicado.

A avaliação é de que, em sua ausência, outro jogador bateria escanteios conquistados pelo Luan e as faltas sofridas pelo Valdívia. Assim, os gols com assistências poderiam sair. Restam as faltas.

O discurso poderia até ser interpretado como soberba e falta de reconhecimento em relação ao carequinha que acumula 102 atuações pelo Palmeiras, com 19 gols de falta – um a cada cinco jogos. Batedor oficial de tudo menos lateral e tiro de meta, ele tem sido regular ao participar da formação de lances de perigo para os adversários, o que também conta.

Como quatro jogos e seis balançadas de rede é muito pouco para ser estatisticamente relevante, tese merece alguma reflexão. A falta de efetividade do resto do time continua a preocupar.


Curioso que o site do próprio Palmeiras estampa "Marcos Perfeição" na página inicial.



Foto: Reprodução/Palmeiras


Sigo longe de defender que Luiz Felipe Scolari e seu fiel escudeiro Murtosa saquem Marcos Assunção do time. Preferiria que colocassem na forma os pés da turma que é remunerada para atacar. Ou, quem sabe, o problema seja ótico. Ou ainda cármico ou metafísico. Mas isso já não tem a ver com tática nem com técnica.

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Paixão Corinthiana: crônicas de Vitor Guedes contam a história do Timão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Crônicas sobre o Corinthians e os corinthianos escritas por um orgulhoso membro do Bando de Loucos. É do que se trata o livro Paixão Corinthiana, do jornalista Vitor Guedes. Com textos leves e bem-humorados, os personagens e as histórias do livro revelam a alma corinthiana (com “th” mesmo, questão de preferência do autor, que coincide com a da maioria da Fiel) como só um dos 30 milhões de seus torcedores poderia fazer

Os textos tratam de diversos aspectos da trajetória do clube, contando a história de lances como o gol de Basílio na final do campeonato paulista de 1977, lembrando ídolos eternos da Fiel e títulos inesquecíveis. Mas o personagem central é o torcedor, que aparece em episódios históricos como a invasão da torcida no Maracanã, nas semifinais do Brasileiro de 1976, e em cenas curiosas como a de uma paquera no metrô ou no elevador. É o corinthiano retratado na melhor prosa, e também em verso.

Vitor Guedes assina diariamente a coluna Caneladas do Vitão, no jornal Agora São Paulo, e também é responsável pelo BandNews Pra Toda Obra, coluna que acompanha a construção do estádio do Corinthians. Também é pai do jovem alvinegro Basílio, o que deixa claro o tamanho de sua devoção pelo clube. A orelha do livro é escrita pelo ex-jogador Basílio, e o prefácio é da jornalista Marília Ruiz.

Para saber mais, acesse aqui o site oficial do livro, publicado pela Publisher Brasil em parceria com este Futepoca. O lançamento oficial acontece na próxima segunda-feira, 30, às 19h, no Artilheiros Bar (Rua Mourato Coelho, 1194 - Vila Madalena - São Paulo).



segunda-feira, janeiro 23, 2012

Corinthians vence Mirassol na estreia do Paulistão

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No último sábado, o Corinthians venceu de virada o Mirassol pela primeira partida do Campeonato Paulista 2012. Sobre o bom resultado tenho pouco a falar, pois não vi o jogo. O que li e ouvi por aí é que o Mirassol começou melhor e dominou o jogo no primeiro tempo, abrindo 1 a 0.

Na segunda etapa, Tite trocou William por Jorge Henrique – o que só é relevante por demonstrar alguma recuperação de espaço pelo baixinho com o treinador – e a coisa melhorou um pouco. Mas só se resolveu quando lá pelos 20 e poucos minutos o jogador Alex Silva foi expulso. Aí, Adenor ousou, trocou Paulo André por Elton e Alessandro por Danilo. No abafa, o centroavante empatou e Alex fez a jogada para a zaga interiorana marcar contra.

Resgato os fatos para discuti-los por meio dos dois amistosos disputados nas duas últimas semanas. Segundo consta, a grande dúvida de Tite era entre usar Danilo e Alex no meio campo – formação que ganhou o primeiro tempo com dois presentes da zaga do Flamengo – ou trocar o primeiro por William, que joga mais aberto – opção utilizada no OxO do primeiro tempo contra a Lusa.

Além dos resultados, a dinâmica apresentada pelo time indicava que a melhor opção era a primeira. Danilo prende mais a bola e completa bem o futebol de Alex, que é melhor no passe e no chute de longa distância. Além disso, circula mais e divide as atenções dos marcadores adversários no meio campo. Já William, seja por característica ou ordens superiores, fica muito aberto na ponta, isolando Liedson e Alex.

Tite, no entanto, optou pelo atacante. Não se pode atribuir apenas a isso o domínio mirassolense. O time do interior começou sua preparação já há dois meses, visando exatamente o estadual, enquanto o Timão só voltou das férias há uns 20 dias. Mas é importante que Tite fique atento para o fato.


Copinha


Enquanto isso, os garotos sub-18 do Corinthians cumprem excelente campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior. No mesmo sábado, sacolaram o Atlético Paranaense por 6 a 0 e garantiram um lugar na final do evento, contra o Fluminense – segundo maior vencedor do torneio na história, com 5 títulos contra 7 do Timão.

Mas mais que o resultado, impressiona a consistência do time e o número de bons jogadores - apesar de nenhum craque saltar aos olhos. Até aqui, são 28 gols marcados e apenas 1 sofrido, sempre tomando a iniciativa, marcando no campo do adversário e controlando o jogo. A zaga de Marquinhos e Antônio Carlos é boa, encara os marcadores e sabe sair jogando com tranquilidade. No meio campo, os dois volantes sabem tratar a bola, sendo Gomes mais marcador e Anderson quase um meia, com belos passes verticais – característicos da equipe.

Matheus (que deixou de lado um diminutivo no meio da competição) é um meia canhoto habilidoso e Giovanni um destro aguerrido e de muita personalidade. No ataque, que talvez seja o setor mais fraco, está o técnico Leonardo na movimentação e o grandalhão Douglas na centroavância.

Esse último, é uma incógnita. Com 18 anos, tem 1,87 m e mais de 90 quilos, o que lhe dá uma vantagem física impressionante. Em alguns jogos, demonstrou inequívoca falta de intimidade com a bola, matando várias de canela e errando passes absurdos. Em outros, como na semifinal, fez bem o papel de pivô e marcou gols de todo jeito – no caso, 3, um em chute colocado, outro forte e de direta (o pé ruim) e o terceiro em oportunismo típico da posição. Na reserva dele, está Leandro centroavante mais técnico e inteligente, mas obviamente menor. Acho que cabe a aposta no grandão – que se conseguir se entender com a pelota, tem vantagens naturais importantes. Isso tudo vale ganhe ou perca do Fluminense, que não vi jogar.

Em outras equipes, interessante o meia palmeirense Bruno Dybal, bem como o também meio campista Pedro Castro e o atacante Neilton, ambos do Santos.

Na equipe peixeira, o mais curioso no entanto é o modo de jogar, com muita movimentação e jogadores habilidosos. Segundo esse texto do Olheiros, foi uma opção consciente da diretoria santista tomada antes mas muito acelerada após a lavada tomada frente ao Barcelona. Decidiram priorizar jogadores leves e habilidosos e montar um time ofensivo – características que vêem como parte do DNA santista. Bonita ideia. Quero ver convencer o Muricy.

sábado, janeiro 21, 2012

Santos B só empata com XV na estreia do Paulista

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O gol de Kardec não bastou

Antes da partida que marcou a abertura oficial do Paulistão 2012 entre XV de Piracicaba e Santos, Corinthians e Mirassol jogavam no Pacaembu. A tônica de comentaristas e jogadores no intervalo da partida, quando a equipe da casa perdia por 1 a 0, era de que havia uma diferença de preparo físico entre os dois times: o do interior, como teve mais tempo para fazer a pré-temporada, estava à frente no quesito. Só quando o Mirassol teve um atleta expulso que o Timão conseguiu a virada.

Vendo a peleja entre XV e Peixe, tal diferença física ficou nítida na segunda etapa. O Santos foi com o time reserva enfrentar o campeão da A-2 em 2011, sendo que os titulares alvinegros do ano passado só se apresentaram ontem. A vantagem conquistada no primeiro tempo, com o gol de Alan Kardec, não bastou para o segundo, quando o Nhô Quim passou a dominar a partida, ainda que sofrendo riscos em contragolpes.

Com Rentería e Kardec, o Santos tinha pouca velocidade e várias vezes o ataque foi quebrado com passes errados. Thiago Alves, ora na direita, ora na esquerda, foi nulo; e os repentes de bom futebol ofensivo vinham de Felipe Anderson, que cansou no segundo tempo. O volante/meia Anderson Carvalho, de 21 anos, foi bem no segundo tempo, quando jogou mais à frente, com Ibson permanecendo na intermediária. É um dos jogadores que pode aproveitar o recesso dos titulares para ganhar confiança e, quem sabe, mais oportunidades no decorrer do ano. Vinicius Simon, que ganhou a vaga de reserva imediato na zaga com a ida de Bruno Aguiar para o Sport, também foi bem.

No entanto, as laterais foram problemáticas para o Santos. Maranhão, na direita, tomou baile do avante Paulinho, e também passou maus bocados com os avanços de Alex Kazumba. A maioria dos ataques do XV foram por ali. Emerson Palmieri, de 17 anos, pela esquerda, foi discreto. Saiu no segundo tempo dando lugar a Crystian, lateral direito improvisado na canhota, que fez o tosco pênalti em André Cunha aos 44, resultando no empate dos donos da casa.

No saldo geral, dá para o torcedor ficar preocupado com os lados do elenco. Danilo, único do time do segundo semestre a ir embora, foi substituído por Fucile, jogador da seleção uruguaia que estava no Porto. Pode dar certo, mas, ainda que o recém-contratado jogue nas duas alas, é preciso ter alguém para substituir o veterano Léo. Em temporada que promete ser puxada, buracos no elenco podem ser fatais...

Paulistão começa. Já era hora

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

É lugar comum o papo de que o ano só começa depois do carnaval. Do ponto de vista do futebol, é na Copa São Paulo de Futebol Júnior, para os mais doentes. E nos estaduais para os que mantém controlada a febre futebolística.

O Campeonato Paulista de 2012 começa neste sábado, 21, com uma partida entre os campeões das séries A1 e A2 do ano passado, Santos e XV de Piracicaba, respectivamente. A partida, precedida de um "megaevento" da Federação Paulista de Futebol (FPF), será sediada na terra da pamonha, da multinacional Raizen (que controla operações da Shell e Esso no Brasil), da montadora sul-coreana Hyundai e da Caterpillar.

Foto: Divulgação XV de Piracicaba

Nem parece que já foram 16 os anos durante os
quais o XV ficou fora da primeira


O desenvolvimento a reboque dos automóveis e do etanol da cana-de-açúcar trouxe o time de volta à elite do futebol estadual depois de longos 16 anos. Em todo esse período sem pôr os pés nos gramados da primeira divisão, o time que homenageia o dia da proclamação da República havia ascendido da terceira para a segunda em 2010. No ano em que cedeu Doriva (ex-São Paulo) para três amistosos da seleção Brasileira, em 1995, o time começou o processo de quedas, só revertido recentemente.

Dois outros times tradicionais subiram para este ano, promovendo derbis importantes para o interior. O Guarani poderá repetir o embate campineiro com a Ponte Preta. O Comercial terá o Botafogo, no Comefogo de Ribeirão Preto. Completa a lista dos debutantes a Catanduvense, do oeste paulista.

Os grandes vem com perspectivas diferentes. Enquanto Corinthians e Santos mantém a maior parte de seus elencos, preparados para a Libertadores, torcedores de São Paulo e Palmeiras convivem entre a esperança e o ceticismo. Se o Tricolor tem em Émerson Leão e Luís Fabiano a possibilidade de um ano diferente do anterior, o alviverde vê pouca cara nova em quem apostar.

A Portuguesa merece menção especial porque subiu da segundona do Brasileirão em 2011. E venceu um segundo título, ainda que com uma boa dose de simbolismo, da Taça Sócrates Brasileiro, disputada entre os vencedores das séries A e B do Nacional, disputada contra os reservas do Corinthians. Seja como for, é a maior sequência de conquistas em tão curto intervalo da história do time da colônia lusitana. De repente a onda veio para ficar.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Com finanças magras, beldade vira reforço

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A crise acontece na Europa, com consequências no mercado da bola, mas muito time brasileiro não usufrui do momento comparativamente mais favorável da economia brasileira. Um sintoma de que as finanças andam mais anoréxicas do que muita top model magrela na passarela, foi a opção de clubes que anunciaram a presença de modelos e celebridades de projeção nacional ou internacional para lançar seus uniformes. Em anos anteriores, a prática vinha sendo verificada. A novidade é que parece que as moças bonitas viraram o principal reforço da temporada, em um momento em que as contas andam feias de doer.


Foto: Reprodução
O América-PE trouxe Larissa Riquelme, a musa da Copa de 2010. Aquela que posicionava o celular dentro do avantajado decote para torcer pela seleção do Paraguai. Foi ela a responsável por angariar apoio de marmanjos dos cinco continentes para o esquadrão guarani naquele mundial sul-africano, ao prometer desfilar nua se o time de camisas listradas vermelho e branco alcançasse a semifinal.

O alviverde da estrada do Arraial, na Casa Amarela, em Recife, disputa a primeira divisão estadual pelo segundo ano seguido – depois de 15 na segundona. A perspectiva fez Larissa Riquelme adaptar sua promessa-padrão à dura realidade, sem abrir mão da fórmula: "Se o América não for rebaixado, ficarei nua". Por ora, mostrou só o umbigo e disse que "gosta do português" (só não explicou se era o dono da padaria ou o Cristiano Ronaldo) e ainda achou belas as paisagens da capital pernambucana.

A paraguaia também está na mira do Bangu-RJ, que tem o mesmo patrocinador do América-PE. Até deu saudades do tempo em que os cartolas negociavam o passe de jogadores por meio da intervenção benemérita de endinheirados. A intenção é levantar apio para ampliar o estádio Proletário Guilherme da Silveira, mais conhecido como de Moça Bonita (o que pode dar a deixa pra levar uma modelo para o evento). Os diretores querem receber jogos na arena localizada na zona oeste da capital fluminense.

Quem também emprestou sorrisos de torcedor apaixonado foi Nana Gouveia, uniformizada qual jogador do Resende-RJ. O evento também comemorou a conquista da Copa de Verão Vale do Paraíba, que também inclui clubes paulistas. O Gigante do Vale tem a beldade como madrinha, o que justifica o esforço de debandar de Nova York, onde ela reside, para a cidade industrial do Rio de Janeiro.

Foto: Prefeitura de Cratéus

Viviane Araújo teve agenda mais disputada. Primeiro, ela vestiu a camisa do Cratéus, do Ceará, ainda em dezembro (foto). O time, fundado em 2001, vai disputar a divisão principal do estado pela primeira vez. A cidade de Cratéus, a 350 quilômetros a sudoeste de Fortaleza, homenageia um cacique Karati em seu distintivo, e adota como mascote a figura do Guerreiro do Poty. O que a rainha da bateria da Salgueiro, escola de samba do Rio de Janeiro, tem a ver com isso, não vem ao caso.

A mesma Viviane Araújo apresentou o uniforme do Paulista, de Jundiaí, a 60 quilômetros e um pedágio de São Paulo. E ainda vai fazer o mesmo pelo Boa Esporte, em Varginha, a 315 quilômetros e três pedágios ao sul de Minas Gerais, pelo qual joga o volante Radamés, namorado da beldade. Neste último caso, o "reforço" beira o nepotismo.

Foto: Divulgação
O Grêmio Catanduvense, recém-promovido à A-1 do Paulista, chamou a modelo Luana Pereira, "a gata escolhida para representar o clube", para desfilar. Não ficou claro se a ideia é fazer os atletas profissionais usarem esse tipo de calção, que faria aquele modelito da década de 1970 parecer um verdadeiro bermudão. Tomara que não.

O time da Bruxa sofre com a perda dos direitos de venda de placas publicitárias no estádio no município a 390 quilômetros e oito pedágios a noroeste da capital. Culpa da da TV Globo, que detém exclusividade de direitos no quesito. Reforço mesmo, além da moça, é patrocinador para espaços nunca dantes explorados na camisa azul e branca.

Outro time que viu o biquini distrair a atenção da torcida (sempre insatisfeita, no caso) foi a Lusa. Depois de ter ascendido à primeira divisão do nacional em 2011 com o título da série B, o clube paulista da colônia portuguesa pretendia apresentar o novo uniforme na partida dos campeões, contra o Corinthians, no dia 18. Mas um vídeo atribuído pela diretoria lusa à Federação Paulista de Futebol trazia uma modelo de nome Amanda, que neste outro vídeo diz querer representar o time do coração na disputa do troféu Gata do Paulistão 2012. Esbanjou amor à camisa (até porque ela quase só vestia a camisa).

Foto: Reprodução

Houve até quem achasse que as camisas pareceram abadás de carnaval. E uma nota dos cartolas do clube diz que se trata de um protótipo feito pela marca de material esportivo.

Que comecem logo os campeonatos!

Jogo de xadrez inebriante

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Via Thiago Balbi.

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Futepoca adere ao MegaNão ao Sopa

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Futepoca aderiu ao dia de protestos na internet contra o projeto de lei em discussão no Congresso dos Estados Unidos que ameaça a liberdade na internet. A página ficou fora do ar das 13h às 16h desta quarta-feira, 18. A Lei de Combate à Pirataria na Internet (Sopa, na sigla em inglês de Stop Online Piracy Act) e a Lei de Proteção ao endereço de IP (Pipa, na sigla em inglês de Protect IP Act) trazem riscos de restrições e sanções a pessoas que compartilharem arquivos e dados com direitos autorais.

Imagem com a hashtag #SOPA ficou exibida em diversos sites

Apesar de a questão tramitar nos Estados Unidos, o fato de páginas como Wikipedia, Facebook, Twitter, Google, Blogspot e Wordpress serem sediadas em terras de Tio Sam torna o problema global. Essas páginas fizeram seus protestos. No Brasil, o MegaNão foi a fórmula empregada. O método de protesto é consagrado no país desde 2009, com mobilização por meio das redes sociais e blogues, desde a pressão contra a aprovação do substitutivo ao projeto de lei 89/2003 que trazia riscos de restrições à internet brasileira.

Mais sobre o Sopa e o Pipa está explicado aqui:

terça-feira, janeiro 17, 2012

Estupro no BBB: como fica a rede Globo?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O grotesco caso do provável estupro ocorrido em frente às câmeras do Big Brother Brasil 12 teve alguns desdobramentos após o excelente post da Thalita. A participante Monique (percebeu que nenhum deles tem sobrenome?) foi retirada da casa na manhã desta terça-feira, 17, para prestar depoimento à Polícia Civil – e, espero eu, assistir às cenas da “ficada”, nos termos de Pedro Bial, entre ela e o tal Daniel. O delegado esteve lá por quatro horas e não divulgou informações sobre os depoimentos, o que é o mínimo que se pode esperar.

No mundo virtual, as reações continuam. Luis Nassif, sem passar necessariamente pelo caso, argumenta pela proibição do BBB, que viola o direito à privacidade e intimidade. Segundo ele, não vale dizer que os participantes topam abrir mão desses direitos – da mesma forma que um suicídio assistido é punido, também deveria ser o sacrifício assistido da privacidade. Levanta a questão: o aparato jurídico de que dispomos cobre as possibilidades de um negócio como o BBB?

Paulo Henrique Amorim, como sempre, foi na canela, ao perguntar: estupro ao vivo não cassa concessão? Ele exorta os ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e José Eduardo Cardozo (Justiça) a seguir os passos do delegado da polícia civil e invadir o Projac para peitar a Vênus Platinada – que claramente optou por atrasar o quanto pôde qualquer investigação a respeito do caso, que só está avançando pelas repercussões, especialmente na internet.

No blog Tab na Rede, que conheci via Vi o Mundo, Ana Flávia C. Ramos também discute o papel da rede Globo no caso. Ataca ela: “Monique, confinada em um reality show, sem contato com o mundo exterior, não sabe que o Brasil discute seu suposto estupro. Possivelmente violentada enquanto dormia, ela é também 'violentada' pela produção do programa, quando esta se nega a informá-la exatamente sobre que está ocorrendo.”

Uma consequência prática o absurdo caso já teve: uma elevação de 80% na combalida audiência do reality show. Amargando média de 20 pontos no Ibope, a menor de todas as edições, o programa atingiu 36 pontos na segunda-feira. Ironia só possível na vida real.

segunda-feira, janeiro 16, 2012

O estupro no BBB

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



Ontem, domingão, estive totalmente alheia à internet e só acordei para a polêmica do fim de semana hoje pela manhã. Em poucas palavras: tudo indica que houve abuso sexual no Big Brother Brasil 12. Parece (não vi todos os vídeos, porque, né? Ninguém merece) que esse participante Daniel tentou ficar com todas as mulheres em uma festa do programa, sem sucesso. Investiu várias vezes em Monique, que disse sempre não, apesar de ter cedido um selinho, ao que parece dentro de uma brincadeira. Quando Monique capotou na cama, bêbada, Daniel entrou em seu quarto e trocou carícias com ela, que estaria desacordada. Se houve relação sexual completa é impossível dizer, mas, óbvio, pouco importa.
A garota estava completamente bêbada e foi abusada. Isso é estupro, por definição. Mesmo que não tenha havido penetração, continua sendo estupro. Aí sabe o que o palhaço Pedro Bial (depois dessa eu não tenho porque não ofendê-lo) ainda teve a pachorra de perguntar para a garota se “foi só uma ficada”. E ainda comentou: “o amor é lindo!”. Mas Monique não lembra do que aconteceu, e como poderia?
O que não surpreende, mas entristece e revolta, é o fato de ter muita gente, inclusive mulheres, dizendo que Monique é a culpada pelo que aconteceu. Tem gente que diz que, se ela estava bêbada, estava mesmo pedindo. A saia curta, então, era um convite ao abuso. Não quer ser estuprada, não use roupas inadequadas, é o que diz o senso comum.


Infelizmente, a impressão que tenho é que Monique tampouco se sente à vontade para elaborar o que aconteceu naquela noite. O boçal Daniel garante a ela que não houve sexo, “só uns amassos e beijos”. Mas quem define o que é sexo e, por consequência, estupro? O texto do Papo de Homem resume bem essa discussão: o poder é de quem define o que é estupro. Se esse direito é dado a quem comete a violência, o estupro deixaria de existir, não? Por isso, na dúvida, não estupre.
Mas continuando com Monique, ela parece estar num estado em que não tem condições emocionais nem argumentos para saber que sim, sofreu um estupro, por vários motivos:
1 – Pedro Bial falou em amor. Oras, se o todo poderoso apresentador falou em amor, é porque nada sério pode ter acontecido
2 – A produção do programa não tomou qualquer providência a respeito. Afinal, se há um ato de violência na casa, eles devem intervir. A segurança física dos participantes é responsabilidade da Globo, certo? Se eles não fizeram nada é porque não havia problemas
3 – A edição da cena, que teria uns três minutos na íntegra, durou 6 segundos no VT a que a participante pôde assistir no programa ao vivo. Olha. De três minutos pra 6 segundos a diferença é tão grande que até eu imaginaria que o moço estava lá só pra dizer boa noite (NOT!)
4 – A vida toda ela ouviu, como toda mulher, que deveria se dar ao respeito. Se não quiser que homens encham o saco, passem a mão na sua bunda ou a estuprem, que não dê chances para isso. Não importa quantas Marchas das Vadias aconteçam nesse mundo, esse pensamento não muda. Claro, ninguém lembra que para haver abuso deve haver um abusador, e que é ele que deve ser controlado, não a quantidade de bebida na corrente sanguínea ou de tecido na roupa da mulher. Monique, embora vítima, acredita nesse discurso. Está envergonhada de sua conduta. Como poderia protestar?
Em suma, esse escândalo TEM que dar em alguma coisa. Alguém TEM que ser punido. Quer dizer, não só o abusador, mas também a Rede Globo, que permitiu que isso acontecesse enquanto mantinha pessoas sob sua responsabilidade. Porque, convenhamos, se Monique tivesse ido para sua própria casa, bêbada, não poderia ter sido atacada por um estranho, certo? Além disso, é a própria Globo que estimula o consumo de álcool em doses cavalares, porque só assim a “pegação” acontece. Arque com as consequências de sua escolha.
Mas, por algum motivo, eu não acredito que isso vá acontecer. Por que será?

Mais links para a discussão sobre o estupro:
ps: o homofóbico e agora misógino Rica Perrone se manifestou sobre o assunto em seu Twitter. Não vou colocar o link aqui para não aumentar a audiência desse ser, mas vocês podem imaginar o teor de seus comentários, não?

quarta-feira, janeiro 11, 2012

"Dei muita entrevista boa para vocês e ruim para mim"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Por Vitor Nuzzi


Poucas vezes um atleta profissional foi tão preciso ao resumir sua carreira. "Fiz muita defesa boa, tomei um monte de frango, dei muita entrevista boa para vocês e ruim para mim", disse o agora ex-goleiro Marcos, 530 jogos, 33 pênaltis defendidos, em entrevista coletiva para falar sobre a decisão de aposentar-se, após 20 anos. "Eu não consigo mais entrar em forma", afirmou, sincero. "É muito sacrifício, tomando muito remédio, fazendo punção para tirar líquido do joelho", explicou. "Era a hora certa para mim. O meu tempo deu. Tem goleiros em melhores condições do que eu."

Foi uma entrevista atípica. Vários jornalistas não se importaram de agradecer publicamente ao atleta, seja por sua postura com a imprensa, seja pelo que ele fez ao "time do coração", como um deles admitiu. Pela franqueza de suas declarações, Marcos disse que algumas de suas entrevistas causaram problemas a ele. "Mas sempre dormi tranquilo", completou. "Posso ter falado besteira, mas sempre fui o Marcos."

Sobre o fato de ser chamado de São Marcos e ganhar até uma procissão, que sairá do Palestra Itália no próximo sábado, ele deu risada. "Os caras são loucos, estão de brincadeira. Pergunta para minha mulher se eu devo ser canonizado." Perto dele, Sônia observava.

Permanecer no Palmeiras, jogando na segunda divisão, em vez de ir para o Arsenal, foi, "sem querer", uma de suas melhores decisões. "Estar perto dos amigos, das pessoas de quem gosto, sempre foi minha prioridade. Queria criar raízes para ser lembrado. Nunca vou me arrepender disso. Seria bom se outros jogadores pensassem assim", afirmou, dando uma canelada suave a colegas de profissão, que sempre priorizam o dinheiro.

Talvez por modéstia, Marcos disse que não iria ir para a Copa. "O Rogério e o Dida estavam voando, e os caras ficaram me cornetando." E conta que Felipão, o treinador da seleção vitoriosa de 2002, mostrava aos jogadores, para motivá-los, "imagens do povo brasileiro, alagamentos, pessoas passando fome".

Ainda sem planos definidos, o ex-jogador pretende passar mais tempo com a família (tem dois filhos, Lucca, que fará 13 anos ainda este mês, e Ana Júlia, de 8). Os jogos e concentrações sempre afastam o atleta desse convívio. "A gente nunca está no álbum de família de ninguém", lembra. Por outro lado, está "bancando as melhores condições para que os filhos possam ser felizes no futuro". Concentrado para um jogo contra o Santos, não viu morrer seu pai, Ladislau, quase quatro anos atrás.

A mãe, dona Antônia, ficou triste e perguntou se ele não podia jogar mais um pouquinho. Quando Marcos respondeu que não dava, que sentia muita dor, ela disse que tudo bem, mas esperava mais visitas a Oriente, cidade do interior paulista, a quase 500 quilômetros da capital, de onde o goleiro saiu. Foi na hora de falar dos pais que não adiantou ficar "treinando o psicológico" durante uma semana para não chorar. "Meu pai era uma pessoa muito simples. O que ele mais me ensinou era preservar o nome. Acho que fiz bem...", disse Marcos, interrompendo a resposta e ganhando aplausos.

Além do jogo em despedida, ainda em aberto, ele não deu muitas dicas do que poderá fazer daqui em diante. Talvez ser "embaixador" do novo estádio do Palmeiras. A certeza é de que não será técnico: "Estou fora. Treinar o time a semana toda, ver o time não fazer nada do que você mandou e ser chamado de burro deve ser a pior coisa do mundo".

E para quem ganhou o respeito até dos adversários – Corinthians e São Paulo divulgaram notas homenageando o goleiro do time rival –, nada mais normal do que citar como referências atletas de outros times. Casos de Zetti (São Paulo), Ronaldo (goleiro do Corinthians) e Taffarel (ex-Internacional e seleção brasileira). Mas a principal era Veloso, a quem Marcos sucedeu. Ele também agradeceu a cartolas e torcedores do Palmeiras e até ao Marquinhos ("um faz-tudo, maqueiro, cuida do gramado").

A maior alegria, segundo Marcos, aconteceu numa bola que foi para fora: na cobrança de Zapata, do Deportivo Cali, na decisão da Libertadores de 1999. E a maior tristeza, como era de se esperar, foi a derrota no Mundial de Clubes para o Manchester, no mesmo ano. Sobre a famosa defesa do pênalti cobrado por Marcelinho Carioca, no jogo contra o Corinthians pela Libertadores em 2000, ele contou que às vezes ficou incomodado com a insistência no assunto, porque dava a impressão de ter sido sua única defesa importante. Depois foi descobrindo o significado daquele jogo para os torcedores. "Teve muita gente importante naquele dia", disse, citando Galeano, que fez o gol que garantiu a disputa por pênaltis.

Dos 530 jogos, 15, talvez, sejam para apagar da vida. Os outros 515 foram "muitos bons". Mas, para o bem e para o mal, jogador tem "pouco tempo para comemorar e pouco tempo para ficar triste".

* Vitor Nuzzi gosta de futebol em qualquer época. Pôs os pés num estádio pela primeira vez aos 10 anos (tem 47) e não pretende tirá-los tão cedo, façam o que fizerem com a pobre bola. A sua seleção do São Paulo, time do coração, que viu jogar seria: Rogério; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Serginho; Chicão, Cafu, Raí e Pedro Rocha; Careca e Serginho Chulapa.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Um senhor gol de goleiro

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Feito realizado ontem por Tim Howard no jogo entre Everton e Bolton. Sem mais comentários.

terça-feira, dezembro 27, 2011

Coração sem lastro no câmbio incerto da vida

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Dezembro está marcado por dois estudos de institutos britânicos que sugerem que o Brasil já seja a sexta maior potência econômica do mundo. A ultrapassagem do Reino Unido aconteceu em 2011, devido à crise econômica do país do Velho Mundo e pela pujança da nação emergente sul-americana.

Na segunda-feira, 26, o Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios britânico (CEBR, na sigla em inglês) conseguiu projeção por ter sido destaque em dois diários da terra da rainha – The Guardian e Daily Mail. A julgar pela edição de imagens, a economia canarinho é movida pela vista da Baía da Guanabara, pelo Cristo Redentor e pela ginga das mulatas sambando. Mas 13 dias antes, o lusitano Exame Expresso orgulhou-se de ver que a antiga colônia estava mesmo a cumprir seu ideal de tornar-se um imenso Portugal.

Mas não foi para fazer alusão ao Fato Tropical, de Chico Buarque e Ruy Guerra, que comecei este post.

Foi por me ver diante de um dilema e tanto envolvendo um gigante do samba, admirado por estas bandas tanto pela produção musical quanto, a despeito do fim trágico e prematuro, pelo desempenho em mesa de bar. Noel Rosa escreveu, com Orestes Barbosa, a divertidíssima Positivismo, em que começa logo ensinando que "verdade, meu amor, mora num poço". Nessa toada é que diz, mais adiante:

Vai, orgulhosa, querida
Mas aceita esta lição:
No câmbio incerto da vida
A libra sempre é o coração


Para alguém que viveu até 1937 e escreveu sete anos antes dos acordos e do sistema Bretton-Woods e muitos antes de sua supressão unilateral em 1971 pelos Estados Unidos, a libra até poderia ser a referência, o porto-seguro, a liquidez para onde correm os capitais no momento de incertezas. Se não o fosse, poderia cumprir a função no imaginário da população.

Mas as notícias de dezembro colocam a libra, enquanto representante da economia onde circula, como superada até pelo real. Mas será ufanista aquele que tentar colocar a moeda brasileira na poesia de Noel Rosa. Até porque, estabilidade mesmo não há com câmbio flutuante, como já leciona o sábio.

Então, se a petulante missão fosse atualizar a bela metáfora do poeta da Vila, o dólar poderia ser candidato. É para lá – mais precisamente para os títulos da dívida dos Estados Unidos – que corre boa parte do capital na hora da incerteza, apostando na liquidez. Mas mesmo esse bastião anda soluçando, com teto de endividamento estourando e um turbilhão de dúvidas desde a crise financeira de 2008. O euro, prometido como alternativa à moeda estadunidense a partir de 2000, também atravessa solavancos.

Diante da crise, estaria a metáfora comprometida? Ou seria o caso de apostar em um país que controla fluxos de capital e cotações da moeda, ainda que a patamares artificiais, como a China? Prefiro não imaginar intérprete algum cantarolando: "No câmbio incerto da vida, o yuan sempre é o coração".

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Sorvete, fila dupla e os "petistas da USP"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

É uma anti-história de fim de ano.

No Itaim, bairro nobre na zona sudoeste da capital paulista, o palco é uma sorveteria. Por esse dado, fica claro que ninguém do Futepoca presenciou os fatos, mas as fontes são fiáveis.

Em um dia acalorado de dezembro, o público consome com afinco as massas geladas de leite, gordura e espessante. Um carrão daquelas SUVs aproxima-se vagarosamente, em busca de vagas. Não vê nem pista de um lugar para estacionar conforme recomenda o Código de Trânsito Brasileiro. Aciona, então, o pisca-alerta e para o veículo em fila dupla.

Estava calor. Ela queria tomar sorvete. Desceu do carro e para a sorveteria dirigiu-se.

Tudo bem que o período de férias escolares faz a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP) reduzir as campanhas para não se estacionar dessa forma. Durante a época de retomada de aulas, no longínquo mês de fevereiro, pulularão faixas com esse tipo de orientação, com vistas a evitar trânsito. Agora, no recesso estudantil, também tem menos tráfego de automóveis, o que torna o problema menos grave.

Mas não teve nada a ver com quem passava o que se viu a seguir. Duas clientes terminaram suas bolas de sorvete, pagaram e acreditavam que poderiam ir embora. Mas estavam com o automóvel travado pelo carrão com o pisca ligado.

Assistiu-se a uma espera de 15 minutos. Nem era o fim do mundo para alguém que está de férias e, de fato, a paciência demonstrada pelas donas do veículo impedido de se mover foi digna da condição.

A madame da SUV voltou, refrescada, por certo. Olhou a situação e, sem esconder a satisfação de ter poupado seu próprio tempo, ensaiou aproximação:

– Ah, meu carro atrapalha?
– É, a gente quer sair e não pode... – respondeu a outra, com uma tranquilidade rara na estressante pauliceia.
– E você quer que eu tire o carro? – tentou de novo, agora com sarcasmo.
– Seria bom. E seria bom que, na próxima, que a senhora não parasse em fila dupla, bloqueando quem para corretamente na vaga...

Agora o sarcasmo deu lugar à irritação. De cara fechada, ela apelou:

– Aé? Aposto que vocês são daquelas petistas da USP!

Entrou no carro, e saiu cantando pneu. Quem viu não entendeu bem a livre associação. Houve quem achasse que era uma tentativa de estigmatizar a interlocutora. Outros, acharam que foi só uma forma de mostrar falta de informação, já que o pessoal na ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo, em novembro, era bem mais à esquerda do que o PT – e bem resistente à partidarização pura e simples, como acontece com outros "Ocupes" por aí. Pessoalmente, acho que tem a ver com algum medo ancestral – lá de 1989, quando a elite paulistana acusava eleitores de Lula de querer tomar-lhes as casas para uma reforma urbana à lá socialista.

O mais provável é que tenha sido só o calor.

Um dado concreto é que, se fosse um bar em vez de sorveteria, pelo menos não haveria (ou não deveria haver) motoristas na história.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

O analfabeto político

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

É sempre bom reler


O Analfabeto Político
Berthold Brecht


O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

terça-feira, dezembro 20, 2011

A cumplicidade da mídia matará o PSDB

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


"O tempo lança à frente
todas as coisas e pode
transformar o bem
em mal e o mal em bem"

Maquiavel in O Príncipe


Das poucas coisas que aprendi da política, e do contato com políticos, uma delas é que, ao contrário do que pensa o senso comum, a política não é intrinsencamente ruim. É necessária à sociedade como modo de mediação das relações sociais e o que pode um dia transformá-la. O que a torna podre, muitas vezes, é quando se submete a interesses menores, a pessoas que gravitam em torno do poder para adquirir vantagens. E a arte da política é muitas vezes confundida com a chegada ao poder. E este, sim, o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente.

Uma das formas que a sociedade moderna encontrou de controlar em parte essa face discricionária foi a alternância de grupos no poder e a liberdade de expressão. No lugar-comum, o sol é o melhor desinfetante, a luz do dia revela.

Pois bem, e o que aconteceu no Brasil em bom período e em São Paulo até hoje? Um pacto entre um grupo político e os maiores meios de comunicação por interesses comuns. Pode-se falar em ideologia, negócios, defesa do livre-mercado, o que for... O que fica claro e foi demonstrado mais uma vez pelo livro "Privataria Tucana" é que os grandes meios de comunicação nunca foram equânimes.

Chegaram, esses meios de comunicação, a transformar em escândalo acordo da ministra Gleisi Hoffmann para ser mandada embora da Telebras e receber o FGTS, coisa que qualquer trabalhador faz. Ao mesmo tempo em que fazem de conta que não viram as investigações na Suíça e na Alemanha sobre propinas a tucanos pela empresa Alstom no fornecimento de equipamentos para o Metrô paulistano, quando deixaram de investigar as causas do soterramento de pessoas em acidentes na estação Pinheiros do mesmo Metrô (alguém já sabe de quem é a culpa?), ou, agora, quando deixam de noticiar a lavanderia documentada de dinheiro no exterior que coincide com as privatizações e que tornou pessoas próximas a José Serra milionárias. E que permitiu inclusive comprar a casa em que ele mesmo mora.

Ora, está provado que, para a grande mídia, o pau que dá no PT não dá no PSDB. Ok, os petistas podem reclamar com justa indignação. Mas, no longo prazo, creio que essa atuação será muito mais danosa para os tucanos.

Sem cobrança, sem fiscalização, achando que serão sempre encobertos façam o que fizerem, a tendência de se queimarem em escândalos cada vez maiores é muito grande. E quando o PSDB não puder mais ser instrumentalizado pela burguesia e pela grande mídia em defesa de seus interesses, será mais um partido jogado no lixo da história. Como já foram outros como o natimorto PFL, seu sucedâneo, o DEM, e outros mais antigos, como o PSD original. Claro que surgirá outro grupo disposto a defender os interesses da burguesia, e muitos personagens do atual PSDB estarão nesse novo veículo, que também se esgarçará com o tempo.

Disso tudo sobrará para a maioria das pessoas mais uma vez a descrença na política, enquanto os interesses de quem sempre mandou e manipulou continuarão intocados. Com a conivência de muitos.

domingo, dezembro 18, 2011

Barcelona, hoje eu sonhei contigo e caí da cama

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Muito falei aqui sobre o “sonho” de vencer o Mundial em cima do time catalão, tido por muitos como um dos melhores da História. Mas hoje de manhã, meu perturbado inconsciente que me fazia acordar de tempos em tempos durante a madrugada, desenhou um 3 a 0 para os azuis-grenás. Tentei dormir de novo naquele momento, trapaceando a mente para alterar o resultado. Não consegui.

Falar o que?
Se foi assim pra mim, imaginem para os jogadores peixeiros... No último clássico contra o Real Madrid, os alvos da capital espanhola saíram com 1 a 0 a menos de um minuto, dentro de casa. Mas, ao tomar o empate, veio todo o peso da superioridade rival e o Barça venceu por 3 a 1. No caso do Alvinegro, o peso já vinha antes da partida. Jogadores sentiram o fardo de tentar parar o melhor time do mundo e se impor.

Muricy falou durante a semana que era preciso “encurtar” o campo do rival. Ou seja, compactar o time e não cair na armadilha de correr atrás da roda de bobinho catalã, o que é um teste para a paciência e para os nervos de qualquer um. O natural seria ele fazer isso com o time atuando atrás, saindo para o contra-ataque, ou adiantando a marcação e fazendo a linha do impedimento. A segunda opção, o time fez na segunda etapa, mas, na primeira, enquanto os atacantes marcavam na intermediária espanhola, o meio de campo ficava muito atrás, dando espaço para que se articulassem as jogadas na meia cancha. Deu no que deu, o que era uma prevista superioridade, virou massacre.

Ontem, na rádio Bandeirantes, Claudio Zaidan, quando perguntado sobre o que mudaria no Santos em relação à equipe que venceu o Kashiwa Reysol, opinou: tiraria Durval e colocaria Léo. Algo que não vi (e vi muito palpite) ninguém mais cogitar. Dada a surpresa do interlocutor, ele falou da fase técnica do zagueiro, que foi muito mal enfrentando os japoneses e já vinha numa toada ruim há algum tempo.

E ele tinha razão. Muito se falou que seria preciso que o Santos não errasse e aproveitasse as chances que surgissem. Borges não aproveitou, Neymar também não; Ganso, idem. E Durval, ah, Durval, errou, duas vezes, nos dois primeiros gols, e errou em inúmeras outras oportunidades durante a partida. Era, de longe, o mais perdido. Foi herói na Libertadores, merece a gratidão da torcida, mas não é possível esconder que hoje deu uma ajudazinha ao adversário. Que nem precisava de auxílio.

Mas a verdade, doída para o santista como uma queda da cama, é que venceu o melhor e, como diria o poeta, “foi um sonho medonho/Desses que, às vezes, a gente sonha/E baba na fronha e se urina toda e quer sufocar”. O Santos está de parabéns pelo que fez na Libertadores, e o Barcelona tem que ser mais que parabenizado pelo que fez no Mundial. E pelo que ainda fará.

E o Brasil com isso?

Sempre que alguém falava da chance do Santos derrotar o Barcelona, invariavelmente vinha a argumentação de que “é uma partida só”, não ida e volta. Pois era isso: contar com uma jornada infeliz do adversário, com um Neymar que resolvesse e um Rafael que segurasse tudo lá atrás.

Claro que essa análise não se dava apenas pelo fato do Barcelona ser superior ao Santos e a todos os outros esquadrões do mundo. Mas se baseava o próprio histórico recente dos Mundiais. Desde 2005, foram cinco títulos europeus contra dois sul-americanos. E, mesmo nas duas conquistas do continente, brasileiras, não houve domínio de jogo do lado de cá. São sempre os europeus em cima, e nós nos defendendo e apostando nos contragolpes.

O Barcelona de DNA holandês é ponto fora da curva em relação aos campeões europeus anteriores (e até a ele mesmo, de 2009), mas ele escancara uma realidade para nós e para os sul-americanos: nós já tivemos toque de bola, dribles, tabelas, encantamos a todos com ginga e gols, muitos gols. Mas hoje, predominam por aqui os sistemas defensivos, baseados no contra-ataque. O Santos de Muricy é em boa parte do tempo assim, a arte fica por conta do talento individual dos jogadores. O esquema às vezes os auxilia, às vezes os atrapalha. O Corinthians, em maior medida, e o Vasco, melhores equipes do país no segundo semestre, também se estruturam a partir da defesa. Marcação, roubada de bola e estocadas eventuais. Nossos vizinhos não fazem nada muito diferente, a exceção honrosa é a Universidad Católica. Pegamos o gosto pela defesa que antes atribuíamos aos europeus? 

Neymar X Messi

Claro que, dado o resultado da final, vão chover opiniões do tipo “tá vendo como o Messi é muito melhor que o Neymar?”. É melhor sim, mas devagar com o andor. Dizer coisas como escutei na transmissão, depois do atacante alvinegro ter desperdiçado diante de Valdés, que ele deveria “ter feito que nem o Messi e tocado por cima” é ignorar o contexto da partida. Diante das dificuldades, Neymar tinha que ser 100%, o jogador do Barça, não. Tanto que ainda chegou a desperdiçar chances de gol diante de Rafael e contou com falhas de zagueiros que Neymar não teve a felicidade de ter. Aliás, se Neymar jogasse no Barcelona e Messi no Santos, o resultado teria sido diferente?

Provavelmente não, mas o nome da partida certamente seria outro...


PS
E o Mazembe, Internacional?