Destaques

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

O dia em que Elvis derrotou Lennon

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Por Vitor Nuzzi

“Que belo time, que belo esquadrão...” é a frase que ecoa ainda na entrada da rua Javari, nome popular do estádio Conde Rodolfo Crespi – menção ao cotonifício de mesmo nome inaugurado no finalzinho do século 19 na Mooca, bairro ítalo-paulistano. A torcida ocupa seus lugares. É sábado, faz calor, mas a chuva parece próxima – de fato, no segundo tempo o Juventus, dono da casa, e o Osvaldo Cruz, do interior paulista, vão jogar sob dilúvio, em partida acompanhada por 923 pagantes, na quinta rodada da terceira divisão. Mais do que no Canindé, pela primeira divisão, no jogo entre Portuguesa e Botafogo de Ribeirão Preto: 905.

Ver uma partida na rua Javari já é um espetáculo à parte. Naquele dia, então, havia um atrativo imaginário. Do lado do Moleque Travesso, as esperanças estavam depositadas em Elvis, atacante que fez sucesso no Santo André, campeão da Copa do Brasil em 2004, sobre o Flamengo, no Maracanã. O Osvaldo Cruz vem mal das pernas, perdeu as quatro primeiras partidas, mas tem na lateral esquerda ninguém menos do que John Lennon.

Nos primeiros passos, ou acordes, os Beatles amavam Elvis, que já fazia sucesso nos Estados Unidos. Se tanto os ingleses de Liverpool como o americano de Memphis ficaram na memória de todas as gerações, no modesto campo da Mooca não teve jeito: o time do Elvis goleou sem piedade. Para piorar, uma das grandes figuras do jogo foi o lateral-direito Tony, do Juventus, que deu canseira no Lennon. Terminou 5 x 0, com direito a um golaço de Elvis (veja aqui: http://bit.ly/yzsQxX).



Futebol na Javari é interativo. Torcida e campo são separados por um pequeno alambrado. Ou seja, o torcedor ouve tudo que se fala e vê tudo que se faz no campo, muito de perto. E o jogador, claro, vai escutar tudo que vier da arquibancada. Especialmente os visitantes. Na hora do escanteio, os mais exaltados se penduram no alambrado e dão a sensação de que podem degolar o cobrador a qualquer momento. Os bandeiras, então, viverão seu inferno particular: há torcedores que fazem questão de correr junto com o auxiliar, com referências bem audíveis à família e a outros assuntos da intimidade do bandeirinha.

O que faz uma pessoa desejar ser bandeira e trabalhar quase sob o risco de morte? Faço a pergunta a meu colega de alambrado, encharcado, mas sem arredar pé, e ele arrisca uma explicação: “Talvez para fazer parte do espetáculo”. Talvez.

Itália na veia: torcedores apostam nas referências ao
passado da Mooca e dos fundadores do clube

São muitos espectadores de cabeças brancas, o que é compatível com um time que fará 90 anos em 2014. Mas a principal torcida do Juventus chama-se Ju-Jovem. Fica ali atrás do gol à esquerda das tribunas, onde também podem se ver faixas como “Saudosa Maloca”, “Origine Operale” e “Dio Come ti Amo”, com o J ocupando todo o espaço interno da primeira letra “o”. Itália na veia: o time da Mooca rende homenagem ao Juventus de Turim, nascido em 1897, apesar de optar pelas cores do Torino, de 1906.

O intervalo é momento de outra tradição: comer canoles levados pelo seu Antônio – Antônio Pereira Garcia, há mais de 40 anos vendendo o doce na Javari. Os cannoli siciliani foram citados até no filme O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. A cena em que Peter Clemenza (Richard Castellano) diz ao comparsa Rocco (Tom Rosqui), que havia matado Paulie (Johnny Martino): “Leave the gun. Take the cannoli” (“Deixe a arma, leve os canoles”).

É claro, na Javari não tem mafioso nem crime. Os canoles são mais uma referência afetiva de quem gosta do futebol sem estrelas nem superproduções, mas bem disputado. Xingar (ou elogiar, quem sabe) o técnico é fácil: é só encostar no alambrado. O placar ainda é manual. No dia da goleada, houve quem duvidasse que existia o número 5, mas ele estava lá.

Depois daquele jogo, o Osvaldo Cruz demitiu o técnico Play Freitas, que já foi contratado pelo Rio Preto. E o Juventus, que estava quase na rabeira, embalou: já havia vencido o XV de Jaú, goleou o Osvaldo Cruz e na rodada seguinte, empatou em Limeira (2 a 2) com o Independente. No sábado de carnaval, encarou o perigoso Grêmio Osasco, terceiro colocado do Paulista A3. Havia menos gente no estádio: 866 pagantes. E o jogo foi bem mais difícil, com direito a torcida rival, liderada pelos Lobos de Osasco, em alguns momentos até mais animados que a torcida anfitriã. Elvis saiu contundido e o nome do jogo foi Tony Maraial, ou simplesmente Tony (anotem o nome desse lateral, que começou na base do alagoano CRB): fez a jogada do primeiro gol, marcado por Douglas, e marcou o segundo, quando o placar estava 1 a 1, aos 36 do segundo tempo: um golaço de fora da área, no ângulo do goleiro Yamada. Vitória suada, comemorado por Tony com a mulher e a filhinha no alambrado.

Com mais essa vitória, o time grená da Mooca entrou no G8, disposto a brigar pela volta à segundona. A galera empurra.

Em tempo

A versão do Mooca All Stars para o hino do clube é impagável.



* Vitor Nuzzi gosta de futebol em qualquer época. Pôs os pés num estádio pela primeira vez aos 10 anos (tem 47) e não pretende tirá-los tão cedo, façam o que fizerem com a pobre bola. A sua seleção do São Paulo, time do coração, que viu jogar seria: Rogério; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Serginho; Chicão, Cafu, Raí e Pedro Rocha; Careca e Serginho Chulapa.

domingo, fevereiro 19, 2012

Hora do xixi OU: Eu só queria saber o resultado do jogo

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A promessa do bar incluía ligar um televisor no jogo entre Palmeiras e Guaratinguetá, mas, na hora de se cumprir o compromisso, não aconteceu. O jogo até acabou em segundo plano, escanteado pelo papo da mesa.

Mas as novas tecnologias estão aí para exacebar as ansiedades de quem quer quase qualquer informação quase na hora. Ao mesmo tempo, parar uma polêmica de botequim, daquelas que prometem vislumbrar saída para metade das agruras da existência (com soluções de botequim, é claro), não conviria interromper o colóquio para me debruçar sobre o celular em uma googlada, por mais curta e certeira que fosse.

Até porque poderia abrir precedente grave para o desenrolar da conversa. Uma consulta ao Wikipedia pode arruinar muita teoria revolucionária, esforços mnemônicos ou só trazer fama de chato ao preciosista que pleiteia precisão nos dados até no fórum adequado (ao devaneio, à dispersão, à distensão e a outras virtudes menos exatas).

Calhou de chegar a hora de completar o ciclo nefrológico do fermentado de cevada.  Posicionado diante do mictório mais à direita, a pesquisa pelo resultado do jogo começou pelo celular. Porque a página do Alviverde na internet permite boa navegação a partir de dispositivo móvel, além de informação com a "imparcialidade" de que este palmeirense precisava, foi ali que averiguei a boa notícia.

Entre detalhes da virada, do gol do Arthur, sua contusão para entrada de João Vítor – responsável, aliás, pelo terceiro tento – e de Barcos, o foco muda de súbito.

À segura distância de dois mictórios, um manguaça não se contém diante da cena, de ver um co-irmão cedendo ao ímpeto natural que acomete a quem ingere líquidos em profusão – especialmente os diuréticos. Com muito mais palavrões do que seria adequado registrar no Futepoca, o meliante reclama:

– Pqp! Tamos lascados mesmo. Agora tem que ser multitarefas até na hora de tirar água do joelho. O cara tem que segurar o instrumento com uma mão e digitar no celular com a outra!

O tom era menos de indignação do que de troça, era possível interagir. Depois, ficaria mais claro que o intuito do ébrio mijão parecia ser mais o de falar sozinho:

– Pois é. O processo é dinâmico.

–O que não pode é confundir – devolveu antes que se ensejassem maiores reações –, senão vai acabar chacoalhando o celular e... E...

Para sorte deste então etilizado torcedor e da nação leitora, o cidadão não encontrou complemento para a tirada.

E eu, que só queria saber o resultado do jogo, não registrei a informação de que o time do Vale do Paraíba diminuiu, tornando 3 a 2 os números finais do placar e muito menos que o tal de Pio foi o destaque pelo time da casa. Nem percebi, na hora, que era a quarta vitória consecutiva, a terceira partida com três gols assinalados pela representação do Palmeiras a cada jogo.

Na próxima situação análoga, deixo a etiqueta de lado e interrompo a conversa da mesa. Não há de ser tão grave.

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Fantasmas paulistanos

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Na saída da Estação da Luz, um homem encharutado em seu cobertor de asfalto se faz de lixo no meu caminho.

Duas meninas, com sorriso malandro de adolescentes que fogem da escola pra fumar um cigarro na esquina, dividem um improvisado cachimbinho de crack. O cachimbinho é feito de um tubo de caneta e um recipientezinho que podia ser uma tapinha de garrafa PET enrolado com fita isolante, mais ou menos isso.

Barraco no Largo General Osório. Uma mulher aos berros abre um inquérito a respeito da masculinidade daquele que deve ser o seu homem. Ele está embaixo de um cobertor (da mesma marca daquele outro), acho que se esconde para não ter sua imagem associada aos insultos.

Isso aconteceu hoje, 16 de fevereiro de 2012, em horário comercial.

Essa é a Cracolândia que não existe mais.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Timão estreia na Libertadores com resultado favorito de Tite

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Tem males que vêm para bem, diz o ditado. E, às vezes, algumas benesses que trazem embutidos uns problemas. Foi minha sensação quando o nobre treinador Tite anunciou que Jorge Henrique ganhara posição no time que estrearia na Libertadores, contra o Deportivo Tachirá, na Venezuela, mandando Alex para o banco. A avaliação geral é de que se tratou de um prêmio pela boa atuação do baixinho na (fácil, convenhamos) vitória contra o São Paulo, domingo passado.
Para mim, desde o início foi um erro. Com Alex e Danilo, o time ganha poder de criação. São meias de bom passe, que invertem o jogo, se movimentam e acham espaços. Jorge Henrique de fato jogou muito bem contra o São Paulo, mas o time do Morumbi não veio tão fechado. Pelo contrário, a opinião geral foi de que o ponto fraco tricolor foi a lateral direita, ocupada improvisadamente pelo zagueiro João Filipe, o expulso, e foi por ali que JH, Danilo e, pasmem, Fábio Santos deitaram e rolaram.
Pois bem. Na noite desta quarta, o Corinthians enfrentou um Táchira bem fechado, congestionando o campo inteiro, e não teve organização para encontrar uma saída. Tentava sair rápido, mas esbarrava numa muralha de defensores. Danilo, solitário em meio aos volantes, era presa fácil da marcação. Liedson ficou perdido em meio aos zagueiros. O jogo acabou se concentrando na direita, com Paulinho, Alessandro e Emerson. Mas pouco de realmente produtivo saiu dali.
É também verdade que o gol de Júlio César pouco foi ameaçado. E que o gol dos caras saiu numa jogada meio tosca na cobrança de um lateral (um lateral!). Numa sucessão de erros (alguém deixou o cara cabecear para trás, o Chicão chegou atrasado pra cortar, o Júlio Cesar não sabia se ficava ou se saia do gol) e a bola bateu (bateu!) no jogador venezuelano e foi pra dentro do gol. Lamentável.
A falta de criatividade no meio era óbvia e a solução simples era tirar Jorge e botar Alex. Mas Tite, mantendo um padrão histórico, não fez a mudança no intervalo. O time voltou igual, e com os mesmo problemas, e assim ficou até uns 20 minutos, quando entrou Alex e saiu... Emerson. JH, que pouco tinha visto a bola, lá ficou para cumprir seu eterno papel de terceiro volante pela esquerda. Saiu também Liédson para a entrada de Elton, gerando uma situação curiosa: quando tinha dois jogadores abertos (e isolados) nas pontas, o centroavante era um baixinho que prima pela movimentação; quando entrou o grandão cabeceador, o time tinha dois meias.
Alex entrou com raiva e deu mais agudeza às jogadas do time pelo meio, mas chutou demais de fora da área e não tão bem como é de seu costume. Parecia querer resolver o jogo e provar algo para o senhor de cabelos brancos em pé à frente do banco de reservas. Não é a mesma coisa, mas foi dele a bela cobrança de falta que, aos 48 minutos, resultou no gol de cabeça de Ralph.



Um grande alívio e um bom resultado, no frigir dos ovos. Empate fora, na estreia, coisa e tal. Ficou, como é de praxe acontecer, a sensação de que esse grupo de jogadores pode mais do que Tite permite que aconteça. Alex e Danilo eram a escolha óbvia até para ele, que tem usado a dupla como titular na maioria dos jogos do Paulista. A mudança foi um equívoco facilmente explicado pela tendência titeana a rezar pelo empate fora. Com ele, desde que assumiu no final do Brasileirão 2010, é assim: empata fora e ganha de pouco em casa. Com essa conta, fomos campeões brasileiros – passando uma raiva considerável. Metade da equação ele conseguiu ontem.

Uma prancheta sem poesia

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Por Luciana Nepomuceno


Eu sou cearense, nascida e criada. Moro no Nordeste. Só conheci o Maracanã em 2010. Quando me interpelam – e fazem isso com frequência, creiam – sobre minha paixão pelo Flamengo, eu sempre respondo que a origem geográfica de Caravaggio, Nina Simone ou Patativa do Assaré nunca foi pré-requisito para a beleza que eles produziram me comover. Aprendi a torcer como consequência da admiração, do enlevo, do encantamento. Aprendi a torcer pela impressão que abeleza das jogadas em vermelho e preto produziam em mim. Ainda hoje, sou desses seres estranhos que se agradam mais com um jogo bem jogado que com uma vitória sem graça. E, ainda mais esquisita, sou daquelas idealistas que acreditam que estas coisas – bom jogo e vitória – não são excludentes por princípio. Não sou, digo logo, contra um time que joga bem na defesa, ainda lembro a elegância dos desarmes de Juan, o posicionamento inteligente de Junior e só uma pessoa com muita má vontade não reconheceria o engenho de um jogador como Gamarra.

Isto posto, já dá pra imaginar que eu não gostei nada, nada, do empate em 1 a 1 de ontem à noite, contra o argentino Lanus. Sim, blá-blá-blá, casa do adversário, blá-blá-blá, não deixaram jogar, mas o que eu vi em campo foi um time irritantemente aferrolhado. Como listar todas as ofensas? Entrar com Airton, Maldonado, Williams. Ver, jogo após jogo, o Renato Abreu se posicionar mal, perder bola na intermediária, facilitar contra-ataques e ser redimido por um gol qualquer de bola parada. Ouvir, minuto após minuto, condenarem o (fraco, é certo) futebol do Ronaldinho, como se um meia perdido entre quatro volantes e o Deivid (sem comentários) pudesse fazer alguma coisa significativa a não ser por sorte ou fortuita manifestação de talento. Adivinhar que o gol obtido nos últimos minutos do primeiro tempo só pioraria a postura da equipe. Ter que reconhecer que Léo Moura é a única esperança de jogada de ataque. Tentar entender que gosto tem uma vitória magra e mal jogada, tendo Bottineli – não exatamente um craque, mas, pelo menos, capaz de passes precisos com mais de meio metro – disponível no banco. E, claro, colocar o Negueba faltando dois minutos pra acabar o jogo só pode ser deboche.

Desligada a TV, fica a certeza de que o mais discutido (e discutível) foi a imagem obtida pela emissora de televisão da prancheta do Joel. E tudo isso não é o que mais me entristece ou assusta. Sabe o que é pior? Não há nada no passado do Papai Joel que indique uma mudança de rumos. Resta-me lembrar que somos, eu e Joel, transeuntes, e esperar que um tiquinho de criatividade, leveza e empolgação surjam, aqui e ali (mais ali, por favor). Porque, ontem, o Flamengo em campo passou longe de justificar minha resposta, arte e beleza passaram longe e nem mandaram lembrança:



PS: E como é irritante jornalista e narrador comentando Ilariê no meio da transmissão.

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

The Strongest 2 X 1 Santos – na altitude, quem bobeia não tem vez

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No imbróglio entre Fox Sports e as maiores operadoras do Brasil, sobrou tentar acompanhar The Strongest e Santos pela intermitente internet, rádio, “siga placar” ou o que valha. No que foi possível ver, ficam algumas impressões da estreia com derrota do campeão da Libertadores frente o campeão do Apertura da Bolívia.

Sim, tem a altitude de La Paz. Ela já vitimou o Santos antes. Em 2005, o Peixe perdeu para o Bolívar por 4 a 3 e, na volta, venceu por 6 a 0. Não que eu acredite que o time vença por placar semelhante os bolivianos aqui, até porque não é o feitio de equipes de Muricy Ramalho, mas vence. No entanto, a questão é: por que não ganhou hoje?

Não tenho as estatísticas, mas provavelmente o The Strongest finalizou um sem número de vezes na partida. Quase todas, de fora da área, até porque é pra isso que serve a altitude: a bola corre mais, ganha velocidade. Mas a equipe da casa marcou de fato em lances de bola aérea, dentro da área peixeira. Nas duas vezes, o lateral-direito Pará marcava algum espírito que vagava no gramado, ao invés de prestar atenção nos jogadores rivais. Tudo bem, meu pai sempre falou que mesmo nas formações mágicas do melhor time de todos os tempos havia um perna-de-pau. Mas Pará é um abuso no direito de errar.

E o Santos teve chances de matar a partida, principalmente na etapa final. Neymar perdeu gol. Borges, idem. Elano, que começou na reserva entrou na segunda etapa, desperdiçou a mais incrível chance, comprovando sua fase grotesca. Se foi Henrique que marcou o gol alvinegro, o torcedor místico já devia prever que algo errado aconteceria... Não podia dar certo. E não deu.

Como no jogo contra o Palmeiras, uma derrota de virada. Mais uma vez, em lances de bola alta. Novamente, caindo com um tento no final da partida. Difícil dar alento ao torcedor com esse tipo de desempenho, mas o começo da Libertadores 2011 não foi promissor também. Tenham fé, santistas... É o que resta por enquanto.

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Mano convoca seleção para amistoso contra a poderosa Bósnia

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O técnico Mano Menezes divulgou hoje nova convocação da Seleção Brasileira que enfrentará a Bósnia Herzegovina, no fim deste mês, na Suíça. As lista não traz grandes novidades, mas tem alguns retornos interessantes.

O primeiro é Paulo Henrique Ganso, que se ainda não apresentou o futebol do primeiro semestre de 2010 (é, Ganso, faz tempo...), já deu mostras no Santos de que continua dono do meio campo. Também no setor, volta Hernanes, o bom volante que pode qualificar bastante o passe e a posse de bola no meio, que tem sido problemas do time. Volta também Júlio Cesar, que não é mais aquele, mas segue um baita goleiro.

Os jornais questionaram uma presença e uma ausência: respectivamente, Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Sobre o Gaúcho, Mano justificou que está contemplando as cobranças pela manutenção de uma base e definição de um time. “Não posso ficar trocando a todo momento por causa de um momento ruim. A fase agora exige um período melhor. As coisas serão mais estáveis", afirmou. Sobre Kaká, não deu maiores explicações.

De minha parte, levaria Kaká. Para mim, o moço evangélico ainda tem bastante para contribuir para a seleção – mais do que Gaúcho, na verdade. Entendo a justificativa para a convocação deste último, mas não sei se concordo. Se chamasse, seria só para tentar suprir a falta de meias no futebol brasileiro.

Depois do compromisso contra os bósnios, a seleção volta a se apresentar apenas em maio, contra a Dinamarca na Alemanha. Em seguida, encara turnê pela América do Norte, com amistosos marcados contra Estados Unidos, México e Argentina.


Veja a lista e palpite:


GOLEIROS

Júlio César (Inter de Milão/ITA)

Diego Alves (Valencia/ESP)

Rafael (Santos/BRA)


LATERAIS

Daniel Alves (Barcelona/ESP)

Adriano (Barcelona/ESP)

Danilo (Porto/POR)

Alex Sandro (Porto/POR)

Marcelo (Real Madrid/ESP)


ZAGUEIROS

Dedé (Vasco/BRA)

Thiago Silva (Milan/ITA)

Luisão (Benfica/POR)

Davi Luiz (Chelsea/ING)


VOLANTES

Hernanes (Lazio/ITA)

Fernandinho (Shakhtar/UCR)

Elias (Sporting/POR)

Sandro (Tottenham/ING)


MEIAS

Ronaldinho (Flamengo/BRA)

Ganso (Santos/BRA)

Lucas (São Paulo/BRA)


ATACANTES

Neymar (Santos/BRA)

L. Damião (Inter/BRA)

Hulk (Porto/POR)

Jonas (Valencia/ESP)

domingo, fevereiro 12, 2012

Reservas santistas goleiam Linense

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Mais uma vez no Paulista, o Santos entrou com seu time reserva, à exceção do goleiro Rafael. Desta vez, segundo o treinador Muricy Ramalho, além do resultado, o jogo também valia a definição dos 25 inscritos para a primeira fase da Libertadores, que poderia incluir um jovem jogador “em observação”. Os santistas estreiam quarta-feira no torneio contra o The Strongest, na alta La Paz.

Para o Linense, o comandante Pintado deu a dica do que o jogo valia em declaração antes do começo da peleja: “Nosso adversário direto não é o Santos”. Tanto que deixou de fora os volantes Makelelê e Elias, o meia Éder e o zagueiro Fabão, atletas pendurados ou com contusões. A ideia era preservá-los para as duas partidas do time (que jogou cinco das sete primeiras partidas fora de casa, que tabela, hein?) em Lins, contra Bragantino e Mirassol.

O resultado... o esperado: derrota do Linense diante do Santos, que jogou pela sétima vez em uma cidade diferente nesse Paulista. Desta vez, sua “casa” foi São Bernardo. A porteira se abriu logo após um pênalti perdido por Alan Kardec, falta sofrida por Rentería aos 24 do primeiro tempo. O zagueiro Bruno Rodrigo finalizou depois de cobrança de escanteio, o defensor do Linense tirou já depois da linha e Kardec chutou para o gol. Mas o árbitro de fundo (olha só, não é que teve utilidade?) anotou de forma correta o tento para o zagueiro santista, que só soube que tinha sido o autor no intervalo. “Poxa, mas nem beijei minha aliança...”, lastimou. Mas até o portal Uol, horas depois do jogo (abaixo), continuou acreditando que Kardec era o autor do gol, ainda que a matéria interna o desmentisse.

Reprodução
Foi o primeiro gol de Bruno Rodrigo pelo Santos. Outros três jogadores marcariam seus primeiros tentos pelo time. O Alvinegro seguiu dominando e o zagueiro Vinicius Simon fez o seu, de cabeça, aos 16 da segunda etapa. O Linense descontou aos 22, com Diego Macedo (sobrinho daquele Macedo, ex- São Paulo e Santos) e quase se empolgou. Mas o ânimo foi por água abaixo (e não faltou água na peleja) depois do tento de Anderson Carvalho aos 28. O volante ainda deu uma assistência para o atacante Dimba (primo em segundo grau daquele Dimba, ex-três dezenas de times) marcar o quarto.

De positivo, bom saber que Rafael está voltando à forma, depois de ter feito algumas defesas difíceis e saídas de gol, por baixo, importantes. Anderson Carvalho também vai mostrando mais confianças, assim como Felipe Anderson. Dimba tem bola e pode evoluir, outro garotos idem. Falta o técnico confiar.

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Neymar: o ator que fez um filme ruim valer a pena

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Muitas vezes gostamos de um filme não pela história em si, pelo roteiro ou pela direção, mas apenas por conta da atuação de um ator. Ontem, Santos e Botafogo foi desses filmes, tecnicamente ruins, mal dirigidos, um desenrolar entediante, mas com um protagonista que fez valer o ingresso em uma sequência de pouco menos de 15 minutos de belas cenas.

Neymar, pra variar, apanhou. Esse filme você já viu. Também ensaiou saltos e valorizou alguns lances. Filme repetido também. E o árbitro Flavio Rodrigues Guerra não quis contribuir com o bom andamento do enredo: é daqueles que se costuma atribuir a qualidade de “deixar o jogo fluir”. E, assim, acaba não dando uma série de faltas e esquece cartões, reservando-os para o terço final da partida. Contribui para que haja mais lances “viris” e menos futebol. É a tal lógica torta de deixar “fluir o jogo”.

Ele resolveu em 15 minutos
O Joia peixeiro voltava muito para pegar a bola no meio de campo durante o primeiro tempo, facilitando a marcação dupla do Botafogo em cima dele. Os volantes não chegavam ao ataque com qualidade e as laterais... ah, as laterais. O menino Paulo Henrique estreava pela esquerda, enquanto Pará, pela direita, fazia o seu tradicional “corre-corre de novo-erra passe”. Em 50 segundos do segundo tempo, Fucile, pela direita, fez mais que a dupla Pará-Maranhão pelo setor em 2012.

Mesmo mais animado e bem postado em campo na segunda etapa, o Santos não conseguia reverter a vantagem conseguida pelo time de Ribeirão Preto no segundo tempo, em uma rara finalização. Foi preciso uma falta, quase do mesmo lugar daquela que resultou no centésimo gol do Joia, para que Neymar, de novo de cabeça, empatasse a partida aos 31 minutos. E, um minuto depois, após roubar uma bola e passar por três jogadores do Botafogo, o atacante foi derrubado na área. Bateu e converteu.

Ali, a defesa botafoguense já estava rendida diante do garoto. Ele roubou outra bola e quase marcou novamente. O Botafogo chegou a ensaiar uma pressão, contudo, outro moleque também brilharia. Felipe Anderson, que entrou na segunda etapa, deu uma assistência preciosa para Neymar passar pelo zagueiro e encobrir o arqueiro. Outro belo gol. E o atacante retribuiu o presente em outra arrancada, servindo Felipe Anderson, que fez o quarto tento.

O Santos tem muito a arrumar em seu esquema tático, definir quais serão os titulares – aliás, Felipe Anderson e Ganso juntos no meio seria uma ótima pedida -, mas é muito bom saber que Neymar voltou a fazer uma atuação de gala.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Wando: ele cantou o amor em todas as suas formas

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Se existe alguém que interpretou o dito amor sob as mais diferentes formas, esse alguém foi Wando. Trilha sonora de muitos romances embalados em botecos de todo canto e lugares mais apropriados, deixa um legado que dificilmente será superado nesse quesito. Reconhecendo e recordando seus grandes momentos, e finalmente recuperados do choque nos causou o passamento, só hoje este Futepoca lhe presta uma singela homenagem registrando suas múltiplas formas de cantar o mais nobre dos sentimentos humanos:


Amor metafórico/metonímico/analógico

Você é luz
É raio estrela e luar
Manhã de sol
Meu iaiá, meu ioiô
Você é "sim"
E nunca meu "não"
Quando tão louca
Me beija na boca
Me ama no chão...(2x)


Amor filosófico

Eu sempre acredito nas mentiras
No fundo as mentiras são verdades
Viver é deixar rolar o sentimento
A gente tá perdendo tanto tempo
Preciso resolver meu coração
Viver é pôr o nosso amor em movimento
A gente tá perdendo tanto tempo


Amor contorcionista

Moça, moça eu te prometo eu me viro do avesso
Só pra te abraçar
Moça, eu sei que já não é pura
Teu passado é tão forte, pode até machucar
Moça, dobre as mangas do tempo
Jogue o teu sentimento todo em minhas mãos
Eu quero me enrolar nos teus cabelos





Amor, hã, animal

Vem minha safada
Vem minha bandida
Minha descarada
Quero um beijo gostoso
Dessa boca molhada
Vem matar o desejo
Desse seu animal...(2x)


Amor solitário (conhecido como onanista)

Eu já tirei a tua roupa
Nesses pensamentos meus
Já criei mil fantasias
De desejo e de prazer
Eu já troquei a tua pele
Já senti as tuas mãos
Já beijei a tua boca
Já senti teu coração
Só não tenho teus carinhos
Só não tenho teu querer


E, claro, a homenagem do nosso senador Eduardo Suplicy:

Arrogante e preguiçoso, Corinthians joga dois pontos fora em Mogi

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Tá certo, a primeira fase do Paulista vale pouco. Nas últimas 3 edições, o oitavo colocado teve 27 ou 28 pontos, logo faltam uns 16 em 13 jogos pra conseguir uma vaga no mata-mata. Logo, nada grave, do ponto de vista estritamente aritmético, o empate do Corinthians contra o Migi Mirim na noite desta quarta-feira.

Isto posto, vamos falar claramente: foram dois pontos desperdiçados por arrogância, preguiça e outros defeitos de um time que, se tem um pecado, é a falta de ambição dentro de cada partida.

Não foi uma nem duas vezes que a equipe de Tite fez 1 a 0 e tirou o pé do acelerador – e até pisou no freio. Várias e várias emoções desnecessárias passaram os corações alvinegros na temporada passada por esse tipo de comportamento. Mas essa noite foi complicado.

O jogo começou com o Mogi melhor, marcando a saída de bola e complicando a armação alvinegra. O pessoal não chegou a criar grandes chances, mas controlou o jogo até os 12 minutos, quando Paulinho fez uma grande jogada e cruzou para Liedson, que dominou tirando o zagueiro e se enroscou como goleiro. A bola rolava lentamente rumos às redes, mas foi desviada com a mão direita por um atabalhoado Edson Ratinho. Penalti, convertido por Emerson, e expulsão do jogador de Mogi.

Um parênteses: Arnaldo Cesar Coelho concordou com o juiz na hora do lance, mas achou depois um toque de mão de Liedson. Curiosamente, ele afirma que o toque não foi intencional, mas mesmo assim o juiz deveria ter parado o lance, tornando irregular a a marcação do pênalti. Interpretação, digamos, curiosa. Para mim, se teve algo diferente do assinalado pelo árbitro, foi um pênalti em Liedson cometido pelo goleiro , que já caído levanta a perna para impedir a progressão do jogador. Mas vamos em frente.

Quer dizer, com 12 minutos do primeiro tempo, o Corinthians abre 1 a 0 e fica com um jogador a mais. O jogo fica absolutamente sob controle, com toque de bola paciente e boas inversões de Alex e Danilo. Uns cinco minutos após o gol, numa dessas mudanças de lado, Liedson acerta uma cabeçada para defesa espetacular do goleiro Anderson. E parou por aí.

A necessidade de se poupar para o clássico contra o São Paulo e, mais importante, a estréia na Libertadores na quarta explicam a vontade de desacelerar o jogo. Mas com um a mais por tanto tempo – e enfrentando um equipe fraca como se mostrou o Mogi – era só focar um pouquinho para ter resolvido a parada. Não foi feito e, aos 40 minutos, veio o castigo: contra-ataque do Mogi – pelo menos o quarto com chance clara de gol –, Júlio César falha num chute de longe e Hernane, o artilheiro do torneio, mandou pra dentro.

Merecido, se me perguntar. Quem sabe o pessoal não acorda e começa a botar em ponto morto só depois do 3 a 0?

Jogadores

De positivo, Edenilson entrou no lugar de Emerson e foi jogar como meia pela esquerda no 4-2-3-1. Foi muito bem e criou algumas boas situações. É um bom jogador e merece ser observado, até para encontrar sua melhor posição – que eu acho que pode ser meia ou segundo volante, nessa ordem. E o fato de que, quando quis jogar, o time mostrou qualidade, especialmente Danilo, Alex e Paulinho, que controlaram o meio campo. O volante, aliás, vem fazendo jogadas mais agudas – no período em que se importa com o jogo. Parece ter ganho mais confiança, o que pode fazê-lo crescer mais adiante.

Nota negativa para Welder, que foi muito tímido. Fiquei com boa impressão do lateral nas poucas vezes que o vi atuar ano passado e acheiq ue ele aproveitaria a chance para botar pressão em Alessandro. Mas não foi o caso.

Douglas

Um comentário sobre a volta do meia Douglas ao Timão. Fiquei bastante feliz com a contratação. Acho que ele tem certas características – prender a bola, cadenciar o jogo, passar em profundidade – que complementam as melhores virtudes de Alex. Acredito que, com o tempo, Douglas ganha a vaga de Danilo e libera Alex para jogar mais solto, chegando mais para bater pro gol e dar o último passe. Com Liedson e Sheik, acho que pode dar um baita samba.

Além disso, o Corinthians fica com uma das maiores concentrações de meias por metro quadrado, com Vitor Júnior se somando aos três supracitados. Coisa boa num elenco que ano passado tinha grande dificuldade de substituir Danilo.

Adriano

Até aqui, trágica a passagem do Imperador da Manguaça pelo Corinthians. Bom, nem tanto, porque aquele gol contra o Atlético MG valeu muita coisa. Mas a demora do cara para entrar em forma e jogar já deu no saco. Podia até jogar mal, mas pelo menos estaria ali para ser avaliado.

Hoje, depois de tudo, eu que fui defensor do atacante e das chances que lhe foram dadas, já não espero muita coisa. Mesmo assim, e de foram contraditória. inscreveria o cabra na Libertadores. vai que ele se anima...

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Aeroportos, ônibus e contradições

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O tema desta terça-feira foi a privatização dos aeroportos feita pelo governo federal na segunda. Foram vendidas participações nos aeroportos de Guarulhos, o maior do país, Campinas e Brasília, em leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O governo comemorou o alto valor alcançado, R$ 24,5 bilhões no total, com um ágio médio de 347% nas três operações.


De um lado, os tucanos, com o perdão do trocadilho aviário, pavoneiam-se do PT ter caído em si e aceitado o evangelho privatista. Do outro lado do espectro político, o pessoal à esquerda ficou deveras escandalizado com o que consideram uma traição da presidenta. Afinal, o debate sobre as privatizações, com o PT de Lula e Dilma como nacionalistas estatistas e o PSDB de Alckmin, Serra e FHC como vendilhões da pátria, foi um dos pontos altos das duas últimas campanhas eleitorais – a cena mais marcante (ou patética) fica para Geraldo Alckmin usando camisa da Petrobras e colete do Banco do Brasil.


Antes de mais nada, uma questão técnica. O que foi feito não foi bem assim uma privatização. Quer dizer, foi: o governo vendeu parte das ações dos aeroportos, mas a Infraero manteve 49% deles. Ou seja, a União continuará sendo sócia de todos. Os vencedores do leilão ficam com a concessão de operação por prazo determinado. No caso de Guarulhos, por exemplo, foram R$ 16,21 bilhões por 20 anos. O patrimônio continua sendo parcialmente da União, mas será tocado pela iniciativa privada. Como nas estradas. Ou, mais próximo ainda, nas concessões de ônibus urbanos.


O João Villaverde, nesse post sensato, argumenta que politicamente não faz diferença, o que até é verdade. Mas na prática, faz muita. Nesse sentido, se tiver que me escandalizar com alguma concessão, sinto muito mais prejuízo em ter pouco controle sobre os ônibus urbanos, por exemplo. Peguei avião um número de vezes que cabe nas duas mãos – e devo estar acima da média do brasileiro. Ônibus, meu chapa, todo mundo pega – e não vejo essa chiadeira toda a respeito.


Mas sou exceção nas hostes esquerdinhas. De minha parte, não sou necessariamente contra privatizações. Sou contra certas privatizações. Vender a Petrobras, pelamor, é uma ideia ridícula, como foi ridícula a venda da Vale. Primeiro, porque junto com a empresa foram vendidos contratos de exploração de minérios válidos por décadas. Vendeu-se o solo brasileiro, patrimônio natural (e esgotável) de nosso povo. Isso, sou contra.


Pior: na década e 90, governo tucano e mídia fizeram uma campanha intensa para desvalorizar as estatais. É meio você querer vender seu carro e sair por aí dizendo no boteco que ele não presta. Pois é, o preço cai. O aeroporto de Guarulhos é gigante, importante e coisa e tal, mas ninguém tem a ilusão de que ele valha mais do que a Vale do Rio Doce valia quando foi vendida. Pois pagou-se por ele R$ 16,21 bilhões, contra R$ 3,3 bilhões na Vale. Não dá pra comparar o dano causado à nação por essas duas decisões.


O Nassif, nesse post curto, levantou outras questões que diferenciam o modelo de privatizações dos anos 90 e o concretizado ontem:

1. A Infraero mantem 49% do capital.

2. O BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) financiará exclusivamente os investimentos previstos. Nos anos 90 financiava a compra.

3. Os recursos arrecadados serão destinados a aeroportos menores.

Vamos combinar que é beeeem diferente? Todo mundo pode ser contra privatizar aeroporto, empresa, estrada e o diabo – ou querer vender até escola primária. Ninguém precisa concordar com nada do que a Dilma diz – por exemplo, ao dizer que “agora esperamos uma administração eficiente dos aeroportos”, duvido que os funciários da Infraero concordem com a presidenta. Com certeza, se trata de mais uma das tantas e tantas contradições dos governos petistas e cada um vai avaliar com seus botões se é o bastante para se considerar a gestão uma decepção e levar seu voto para outras paragens. Mas é obrigação não ser leviano e nem desonesto no debate.

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Folha de S. Paulo descobriu a pólvora! Neymar não é Pelé

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Na edição do periódico da família Frias, neste domingo, um dos destaques de capa da edição paulistana dizia: Neymar chega aos 20 rico, mas sem jogar Copa e só com um quarto de gols de Pelé.


Interessante, a única notícia de verdade era que o atacante santista fazia aniversário. O resto não diz absolutamente nada: Neymar é rico (sério?), não jogou uma Copa do Mundo (ufa, minha memória ainda está boa) e, pasmem, não fez tantos gols quanto Pelé aos 20 anos… Ah, vá! Se eu fizesse um post sobre o nascimento do peixeiro com um título “Neymar, aquariano como este escriba, faz anos hoje”, teria mais informações do que o dito na chamada de capa da Folha.



Mas há que se analisar o porquê da comparação com Pelé. Para dizer que Neymar é menos que ele? Bom, se tomarmos como fundamento os mesmos critérios para falar de dois rivais (sic) do Rei em termos do cetro de melhor de todos os tempos, como ficariam Messi e Maradona em comparação a Pelé?
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Dez breves considerações sobre Santos 1 X 2 Palmeiras

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- Jogo de meio-campo na maior parte dos 90 minutos. O Palmeiras, melhor postado atrás, conseguia ligar mais rapidamente o ataque. O Santos esbarrou a maio parte do tempo no sistema defensivo alviverde

- Os laterais geográficos santistas não fizeram jus às alcunhas, que poderiam remeter à beleza dos estados que representam. Pará é esforçado, mas improvisado na esquerda costuma ser lastimável. Maranhão fez uma peleja medonha, coroada com o gol contra da virada palestrina. O torcedor ora por Fucile...

- Sim, a preparação física faz diferença. O calor também. Os paulistanos estavam mais em forma e a questão física e o sol arrasador de Presidente Prudente podem até ser justificativa para a desatenção no lance do escanteio que resultou no empate da partida.



- Não, mesmo tentando ser razoável, não consegui ver falta de Ibson em Ricardo Bueno. Do lance não só saiu a expulsão do alvinegro como, na sequência da falta, o escanteio que resultou na igualdade do placar. Mas só vi o lance por um ângulo porque a Globo assim decretou que fosse. Posso mudar de ideia, mas por enquanto, não.

- Turma que ainda não se encontrou em dois jogos: Arouca, Elano, Borges e Henrique (Será que este vai se encontrar?)

- Alan Kardec se sente melhor jogando no time reserva do que no titular. Rafael, em dois jogos, mostrou problemas sérios pra sair do gol.

-  Neymar, mesmo quando não vai tão bem, ainda assim é muito bom. Mas não é Pelé.

- Marcos Assunção parece também atuar melhor não tendo que sair pro jogo. Errou faltas frontais, não foi efetivo em cobranças de falta e escanteio  durante quase todo jogo. Mas bateu o último, que assegurou o início da virada palmeirense. Se o clichê de que "craque decide" está correto, pode-se dizer que o volante é, no mínimo, um "craque da bola parada".

- Luiz Flávio Oliveira é tão bom (?) na parte discplinar quanto o irmão.

- Para os santistas, lembrança e consolo: não vencer o Palmeiras nos últimos dois anos não tem sido exatamente um mau agouro... Como nos anos 60.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Santos A estreia e empata com Oeste. PH Ganso vai bem, já Elano...

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Neymar tentou... (Ivan Storti/Santos FC-Divulgação)
No primeiro jogo com os titulares, o Santos não passou de um empate contra o Oeste. Na Arena Barueri, já que o gramado da Vila Belmiro ainda está sendo reformado, a equipe jogou bem em alguns momentos, com boas trocas de passe, toques rápidos e velocidade no ataque. Mas tomou um gol na primeira etapa graças a uma falha dupla de marcação: a (não) cobertura pelo lado direito que deslocou Bruno Rodrigo para fora da área e deixou Vanderson sozinho para marcar.

Como nas outras três pelejas do Paulista, o time saiu perdendo por 1 a 0, mesmo jogando melhor. No segundo tempo chegou ao empate com Ibson, que marcou seu tento inaugural pelo Santos. Uma novidade dupla, já que, pela primeira vez no ano, não foi Alan Kardec o autor do gol alvinegro.

A equipe sentiu fisicamente tanto no fim da primeira etapa quanto no final do jogo. De om para o torcedor do Santos ficou a atuação de Paulo Henrique Ganso, o atormentado e ciclotímico camisa dez peixeiro. Movimentou-se bem, deu passes preciosos, assistências, finalizou e apoiou o ataque como há muito não fazia. Neymar foi bem em dados momentos, foi caçado (pra variar), mas também sentiu a falta de ritmo. Destaque negativo para Borges, o 1 em 3, que teve três chances de marcar e desperdiçou todas. Espera-se que também a culpa seja da falta de ritmo. Rafael fez algumas reposições interessantes com as mãos, mas teve saídas de gol que que espantaram até as borboletas que não foram caçadas.

E Neymar vai tentar seu centésimo gol como jogador profissional no clássico contra o Palmeiras. Que os lampejos de bom futebol se tornem rotina e não só... lampejos.

E o Elano?

Elano pediu a substituição, ainda no primeiro tempo. Não foi atendido pelo treinador Muricy Ramalho, continuo no jogo, bateu uma falta no travessão e cobrou escanteios. Não demostrava nenhum “incômodo” aparente. Antes do intervalo, disse aos jornalistas que não ia falar sobre seu pedido de substituição.

Após o intervalo, entrou Ibson. Muricy, quando perguntado, disse que Elano estava com problemas para fechar a marcação pelo lado direito com Pará. Ou seja, a substituição foi técnica. O inusitado foi Elano ter “reconhecido” a sua dificuldade ao pedir a substituição. Parece que o oito alvinegro continua com refluxos de 2011. Voltou à Vila Belmiro com pompa e circunstância, terminou o Paulista como artilheiro do torneio e experimentou um persistente declínio técnico. Envolveu-se com uma atriz global, ocupou páginas e megabytes de publicações nada esportivas com seu turbulento relacionamento, viveu o episódio de sequestro de seu pai, perdeu pênalti decisivo na seleção brasileira pela Copa América e não mais foi convocado.

Em péssima fase técnica, era candidato ao banco com a chegada de Ibson, mas as suas sofríveis atuações do recém-chegado deram sobrevida ao oito. No embate contra o Flamengo, perdeu uma penalidade ao tentar uma cavadinha não treinada e foi vítima da pilhéria do guarda-metas rival. Foi vaiado pela torcida, ameaçou sair. Jogou mal, se contundiu, jogou mal de novo, virou reserva na final contra o Barcelona após atuação menos que mediana na semifinal. Disse que só cumpria o que o treinador havia lhe pedido.

Elano, má fase passa. Mas as posturas de um ídolo ficam na memória do torcedor. Já passou da hora de aprender isso.

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Marcos-Assunção-dependência e a tese do "um homem a menos"

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A vitória do Palmeiras sobre o Mogi Mirim, a segunda em quatro jogos, foi garantida por dois gols de Marcos Assunção. Os comentários foram inevitáveis. Só se fala que o volante salva o Palmeiras, que é metade, que é 80% do time, até o 100%...

Dos tentos, é 33%. Foram seis marcados no Paulista pela equipe alviesmeraldina, dois do camisa 20 neste último jogo. Marcos Assunção deu passe para outros dois (aLeandro Amaro contra o Bragantino e a Fernandão contra a Catanduvense). Assim, contando a participação nos lances de gol, a fatia sobe para dois terços.

Apenas dois gols não tiveram o que se pinta como toque de Midas do volante (um de Maikon Leite, em jogada de Valdívia na estreia, e outro de Ricardo Bueno, ante a Lusa, em passe de Maikon Leite).

É fato que a proporção é alta e sustenta a tese da dependência absoluta do Palmeiras em relação a Marcos Assunção. Especialmente com poucos reforços e com baixas em relação a 2011.

Também confere que o time jogou pior do que a Portuguesa e mandou mal a valer ante os bruxos de Catanduva. Mas Fernandão e, principalmente, Ricardo Bueno cansaram-se de desperdiçar oportunidades.

Se tivessem trabalhado melhor, a conversa estaria diferente? Pouco importa porque futurologia do pretérito nem conta ponto na tabela nem muda a trajetória da redonda no gramado.

Em um debate acalorado na noite de quarta-feira, 1º, o alviverdíssimo e amigo Paulo Donizetti defendia uma tese peculiar. A de que, taticamente, ter Marcos Assunção em campo significa jogar com dez em campo, exceto na hora de cobrar faltas perto da área ou tiros de canto. É defender com um homem a menos e, com a bola rolando, muito pouca coisa na articulação e armação de jogadas.

Ora, um volante que marca mal e permite buracos na retaguarda – em vez de cobrir esses vazios – significa problemas. Para alguém que joga recuado no meio, não haveria função primordial de criação, mas errar passes é complicado.

A avaliação é de que, em sua ausência, outro jogador bateria escanteios conquistados pelo Luan e as faltas sofridas pelo Valdívia. Assim, os gols com assistências poderiam sair. Restam as faltas.

O discurso poderia até ser interpretado como soberba e falta de reconhecimento em relação ao carequinha que acumula 102 atuações pelo Palmeiras, com 19 gols de falta – um a cada cinco jogos. Batedor oficial de tudo menos lateral e tiro de meta, ele tem sido regular ao participar da formação de lances de perigo para os adversários, o que também conta.

Como quatro jogos e seis balançadas de rede é muito pouco para ser estatisticamente relevante, tese merece alguma reflexão. A falta de efetividade do resto do time continua a preocupar.


Curioso que o site do próprio Palmeiras estampa "Marcos Perfeição" na página inicial.



Foto: Reprodução/Palmeiras


Sigo longe de defender que Luiz Felipe Scolari e seu fiel escudeiro Murtosa saquem Marcos Assunção do time. Preferiria que colocassem na forma os pés da turma que é remunerada para atacar. Ou, quem sabe, o problema seja ótico. Ou ainda cármico ou metafísico. Mas isso já não tem a ver com tática nem com técnica.

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Paixão Corinthiana: crônicas de Vitor Guedes contam a história do Timão

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Crônicas sobre o Corinthians e os corinthianos escritas por um orgulhoso membro do Bando de Loucos. É do que se trata o livro Paixão Corinthiana, do jornalista Vitor Guedes. Com textos leves e bem-humorados, os personagens e as histórias do livro revelam a alma corinthiana (com “th” mesmo, questão de preferência do autor, que coincide com a da maioria da Fiel) como só um dos 30 milhões de seus torcedores poderia fazer

Os textos tratam de diversos aspectos da trajetória do clube, contando a história de lances como o gol de Basílio na final do campeonato paulista de 1977, lembrando ídolos eternos da Fiel e títulos inesquecíveis. Mas o personagem central é o torcedor, que aparece em episódios históricos como a invasão da torcida no Maracanã, nas semifinais do Brasileiro de 1976, e em cenas curiosas como a de uma paquera no metrô ou no elevador. É o corinthiano retratado na melhor prosa, e também em verso.

Vitor Guedes assina diariamente a coluna Caneladas do Vitão, no jornal Agora São Paulo, e também é responsável pelo BandNews Pra Toda Obra, coluna que acompanha a construção do estádio do Corinthians. Também é pai do jovem alvinegro Basílio, o que deixa claro o tamanho de sua devoção pelo clube. A orelha do livro é escrita pelo ex-jogador Basílio, e o prefácio é da jornalista Marília Ruiz.

Para saber mais, acesse aqui o site oficial do livro, publicado pela Publisher Brasil em parceria com este Futepoca. O lançamento oficial acontece na próxima segunda-feira, 30, às 19h, no Artilheiros Bar (Rua Mourato Coelho, 1194 - Vila Madalena - São Paulo).



segunda-feira, janeiro 23, 2012

Corinthians vence Mirassol na estreia do Paulistão

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No último sábado, o Corinthians venceu de virada o Mirassol pela primeira partida do Campeonato Paulista 2012. Sobre o bom resultado tenho pouco a falar, pois não vi o jogo. O que li e ouvi por aí é que o Mirassol começou melhor e dominou o jogo no primeiro tempo, abrindo 1 a 0.

Na segunda etapa, Tite trocou William por Jorge Henrique – o que só é relevante por demonstrar alguma recuperação de espaço pelo baixinho com o treinador – e a coisa melhorou um pouco. Mas só se resolveu quando lá pelos 20 e poucos minutos o jogador Alex Silva foi expulso. Aí, Adenor ousou, trocou Paulo André por Elton e Alessandro por Danilo. No abafa, o centroavante empatou e Alex fez a jogada para a zaga interiorana marcar contra.

Resgato os fatos para discuti-los por meio dos dois amistosos disputados nas duas últimas semanas. Segundo consta, a grande dúvida de Tite era entre usar Danilo e Alex no meio campo – formação que ganhou o primeiro tempo com dois presentes da zaga do Flamengo – ou trocar o primeiro por William, que joga mais aberto – opção utilizada no OxO do primeiro tempo contra a Lusa.

Além dos resultados, a dinâmica apresentada pelo time indicava que a melhor opção era a primeira. Danilo prende mais a bola e completa bem o futebol de Alex, que é melhor no passe e no chute de longa distância. Além disso, circula mais e divide as atenções dos marcadores adversários no meio campo. Já William, seja por característica ou ordens superiores, fica muito aberto na ponta, isolando Liedson e Alex.

Tite, no entanto, optou pelo atacante. Não se pode atribuir apenas a isso o domínio mirassolense. O time do interior começou sua preparação já há dois meses, visando exatamente o estadual, enquanto o Timão só voltou das férias há uns 20 dias. Mas é importante que Tite fique atento para o fato.


Copinha


Enquanto isso, os garotos sub-18 do Corinthians cumprem excelente campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior. No mesmo sábado, sacolaram o Atlético Paranaense por 6 a 0 e garantiram um lugar na final do evento, contra o Fluminense – segundo maior vencedor do torneio na história, com 5 títulos contra 7 do Timão.

Mas mais que o resultado, impressiona a consistência do time e o número de bons jogadores - apesar de nenhum craque saltar aos olhos. Até aqui, são 28 gols marcados e apenas 1 sofrido, sempre tomando a iniciativa, marcando no campo do adversário e controlando o jogo. A zaga de Marquinhos e Antônio Carlos é boa, encara os marcadores e sabe sair jogando com tranquilidade. No meio campo, os dois volantes sabem tratar a bola, sendo Gomes mais marcador e Anderson quase um meia, com belos passes verticais – característicos da equipe.

Matheus (que deixou de lado um diminutivo no meio da competição) é um meia canhoto habilidoso e Giovanni um destro aguerrido e de muita personalidade. No ataque, que talvez seja o setor mais fraco, está o técnico Leonardo na movimentação e o grandalhão Douglas na centroavância.

Esse último, é uma incógnita. Com 18 anos, tem 1,87 m e mais de 90 quilos, o que lhe dá uma vantagem física impressionante. Em alguns jogos, demonstrou inequívoca falta de intimidade com a bola, matando várias de canela e errando passes absurdos. Em outros, como na semifinal, fez bem o papel de pivô e marcou gols de todo jeito – no caso, 3, um em chute colocado, outro forte e de direta (o pé ruim) e o terceiro em oportunismo típico da posição. Na reserva dele, está Leandro centroavante mais técnico e inteligente, mas obviamente menor. Acho que cabe a aposta no grandão – que se conseguir se entender com a pelota, tem vantagens naturais importantes. Isso tudo vale ganhe ou perca do Fluminense, que não vi jogar.

Em outras equipes, interessante o meia palmeirense Bruno Dybal, bem como o também meio campista Pedro Castro e o atacante Neilton, ambos do Santos.

Na equipe peixeira, o mais curioso no entanto é o modo de jogar, com muita movimentação e jogadores habilidosos. Segundo esse texto do Olheiros, foi uma opção consciente da diretoria santista tomada antes mas muito acelerada após a lavada tomada frente ao Barcelona. Decidiram priorizar jogadores leves e habilidosos e montar um time ofensivo – características que vêem como parte do DNA santista. Bonita ideia. Quero ver convencer o Muricy.

sábado, janeiro 21, 2012

Santos B só empata com XV na estreia do Paulista

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O gol de Kardec não bastou

Antes da partida que marcou a abertura oficial do Paulistão 2012 entre XV de Piracicaba e Santos, Corinthians e Mirassol jogavam no Pacaembu. A tônica de comentaristas e jogadores no intervalo da partida, quando a equipe da casa perdia por 1 a 0, era de que havia uma diferença de preparo físico entre os dois times: o do interior, como teve mais tempo para fazer a pré-temporada, estava à frente no quesito. Só quando o Mirassol teve um atleta expulso que o Timão conseguiu a virada.

Vendo a peleja entre XV e Peixe, tal diferença física ficou nítida na segunda etapa. O Santos foi com o time reserva enfrentar o campeão da A-2 em 2011, sendo que os titulares alvinegros do ano passado só se apresentaram ontem. A vantagem conquistada no primeiro tempo, com o gol de Alan Kardec, não bastou para o segundo, quando o Nhô Quim passou a dominar a partida, ainda que sofrendo riscos em contragolpes.

Com Rentería e Kardec, o Santos tinha pouca velocidade e várias vezes o ataque foi quebrado com passes errados. Thiago Alves, ora na direita, ora na esquerda, foi nulo; e os repentes de bom futebol ofensivo vinham de Felipe Anderson, que cansou no segundo tempo. O volante/meia Anderson Carvalho, de 21 anos, foi bem no segundo tempo, quando jogou mais à frente, com Ibson permanecendo na intermediária. É um dos jogadores que pode aproveitar o recesso dos titulares para ganhar confiança e, quem sabe, mais oportunidades no decorrer do ano. Vinicius Simon, que ganhou a vaga de reserva imediato na zaga com a ida de Bruno Aguiar para o Sport, também foi bem.

No entanto, as laterais foram problemáticas para o Santos. Maranhão, na direita, tomou baile do avante Paulinho, e também passou maus bocados com os avanços de Alex Kazumba. A maioria dos ataques do XV foram por ali. Emerson Palmieri, de 17 anos, pela esquerda, foi discreto. Saiu no segundo tempo dando lugar a Crystian, lateral direito improvisado na canhota, que fez o tosco pênalti em André Cunha aos 44, resultando no empate dos donos da casa.

No saldo geral, dá para o torcedor ficar preocupado com os lados do elenco. Danilo, único do time do segundo semestre a ir embora, foi substituído por Fucile, jogador da seleção uruguaia que estava no Porto. Pode dar certo, mas, ainda que o recém-contratado jogue nas duas alas, é preciso ter alguém para substituir o veterano Léo. Em temporada que promete ser puxada, buracos no elenco podem ser fatais...

Paulistão começa. Já era hora

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É lugar comum o papo de que o ano só começa depois do carnaval. Do ponto de vista do futebol, é na Copa São Paulo de Futebol Júnior, para os mais doentes. E nos estaduais para os que mantém controlada a febre futebolística.

O Campeonato Paulista de 2012 começa neste sábado, 21, com uma partida entre os campeões das séries A1 e A2 do ano passado, Santos e XV de Piracicaba, respectivamente. A partida, precedida de um "megaevento" da Federação Paulista de Futebol (FPF), será sediada na terra da pamonha, da multinacional Raizen (que controla operações da Shell e Esso no Brasil), da montadora sul-coreana Hyundai e da Caterpillar.

Foto: Divulgação XV de Piracicaba

Nem parece que já foram 16 os anos durante os
quais o XV ficou fora da primeira


O desenvolvimento a reboque dos automóveis e do etanol da cana-de-açúcar trouxe o time de volta à elite do futebol estadual depois de longos 16 anos. Em todo esse período sem pôr os pés nos gramados da primeira divisão, o time que homenageia o dia da proclamação da República havia ascendido da terceira para a segunda em 2010. No ano em que cedeu Doriva (ex-São Paulo) para três amistosos da seleção Brasileira, em 1995, o time começou o processo de quedas, só revertido recentemente.

Dois outros times tradicionais subiram para este ano, promovendo derbis importantes para o interior. O Guarani poderá repetir o embate campineiro com a Ponte Preta. O Comercial terá o Botafogo, no Comefogo de Ribeirão Preto. Completa a lista dos debutantes a Catanduvense, do oeste paulista.

Os grandes vem com perspectivas diferentes. Enquanto Corinthians e Santos mantém a maior parte de seus elencos, preparados para a Libertadores, torcedores de São Paulo e Palmeiras convivem entre a esperança e o ceticismo. Se o Tricolor tem em Émerson Leão e Luís Fabiano a possibilidade de um ano diferente do anterior, o alviverde vê pouca cara nova em quem apostar.

A Portuguesa merece menção especial porque subiu da segundona do Brasileirão em 2011. E venceu um segundo título, ainda que com uma boa dose de simbolismo, da Taça Sócrates Brasileiro, disputada entre os vencedores das séries A e B do Nacional, disputada contra os reservas do Corinthians. Seja como for, é a maior sequência de conquistas em tão curto intervalo da história do time da colônia lusitana. De repente a onda veio para ficar.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Com finanças magras, beldade vira reforço

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A crise acontece na Europa, com consequências no mercado da bola, mas muito time brasileiro não usufrui do momento comparativamente mais favorável da economia brasileira. Um sintoma de que as finanças andam mais anoréxicas do que muita top model magrela na passarela, foi a opção de clubes que anunciaram a presença de modelos e celebridades de projeção nacional ou internacional para lançar seus uniformes. Em anos anteriores, a prática vinha sendo verificada. A novidade é que parece que as moças bonitas viraram o principal reforço da temporada, em um momento em que as contas andam feias de doer.


Foto: Reprodução
O América-PE trouxe Larissa Riquelme, a musa da Copa de 2010. Aquela que posicionava o celular dentro do avantajado decote para torcer pela seleção do Paraguai. Foi ela a responsável por angariar apoio de marmanjos dos cinco continentes para o esquadrão guarani naquele mundial sul-africano, ao prometer desfilar nua se o time de camisas listradas vermelho e branco alcançasse a semifinal.

O alviverde da estrada do Arraial, na Casa Amarela, em Recife, disputa a primeira divisão estadual pelo segundo ano seguido – depois de 15 na segundona. A perspectiva fez Larissa Riquelme adaptar sua promessa-padrão à dura realidade, sem abrir mão da fórmula: "Se o América não for rebaixado, ficarei nua". Por ora, mostrou só o umbigo e disse que "gosta do português" (só não explicou se era o dono da padaria ou o Cristiano Ronaldo) e ainda achou belas as paisagens da capital pernambucana.

A paraguaia também está na mira do Bangu-RJ, que tem o mesmo patrocinador do América-PE. Até deu saudades do tempo em que os cartolas negociavam o passe de jogadores por meio da intervenção benemérita de endinheirados. A intenção é levantar apio para ampliar o estádio Proletário Guilherme da Silveira, mais conhecido como de Moça Bonita (o que pode dar a deixa pra levar uma modelo para o evento). Os diretores querem receber jogos na arena localizada na zona oeste da capital fluminense.

Quem também emprestou sorrisos de torcedor apaixonado foi Nana Gouveia, uniformizada qual jogador do Resende-RJ. O evento também comemorou a conquista da Copa de Verão Vale do Paraíba, que também inclui clubes paulistas. O Gigante do Vale tem a beldade como madrinha, o que justifica o esforço de debandar de Nova York, onde ela reside, para a cidade industrial do Rio de Janeiro.

Foto: Prefeitura de Cratéus

Viviane Araújo teve agenda mais disputada. Primeiro, ela vestiu a camisa do Cratéus, do Ceará, ainda em dezembro (foto). O time, fundado em 2001, vai disputar a divisão principal do estado pela primeira vez. A cidade de Cratéus, a 350 quilômetros a sudoeste de Fortaleza, homenageia um cacique Karati em seu distintivo, e adota como mascote a figura do Guerreiro do Poty. O que a rainha da bateria da Salgueiro, escola de samba do Rio de Janeiro, tem a ver com isso, não vem ao caso.

A mesma Viviane Araújo apresentou o uniforme do Paulista, de Jundiaí, a 60 quilômetros e um pedágio de São Paulo. E ainda vai fazer o mesmo pelo Boa Esporte, em Varginha, a 315 quilômetros e três pedágios ao sul de Minas Gerais, pelo qual joga o volante Radamés, namorado da beldade. Neste último caso, o "reforço" beira o nepotismo.

Foto: Divulgação
O Grêmio Catanduvense, recém-promovido à A-1 do Paulista, chamou a modelo Luana Pereira, "a gata escolhida para representar o clube", para desfilar. Não ficou claro se a ideia é fazer os atletas profissionais usarem esse tipo de calção, que faria aquele modelito da década de 1970 parecer um verdadeiro bermudão. Tomara que não.

O time da Bruxa sofre com a perda dos direitos de venda de placas publicitárias no estádio no município a 390 quilômetros e oito pedágios a noroeste da capital. Culpa da da TV Globo, que detém exclusividade de direitos no quesito. Reforço mesmo, além da moça, é patrocinador para espaços nunca dantes explorados na camisa azul e branca.

Outro time que viu o biquini distrair a atenção da torcida (sempre insatisfeita, no caso) foi a Lusa. Depois de ter ascendido à primeira divisão do nacional em 2011 com o título da série B, o clube paulista da colônia portuguesa pretendia apresentar o novo uniforme na partida dos campeões, contra o Corinthians, no dia 18. Mas um vídeo atribuído pela diretoria lusa à Federação Paulista de Futebol trazia uma modelo de nome Amanda, que neste outro vídeo diz querer representar o time do coração na disputa do troféu Gata do Paulistão 2012. Esbanjou amor à camisa (até porque ela quase só vestia a camisa).

Foto: Reprodução

Houve até quem achasse que as camisas pareceram abadás de carnaval. E uma nota dos cartolas do clube diz que se trata de um protótipo feito pela marca de material esportivo.

Que comecem logo os campeonatos!

Jogo de xadrez inebriante

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Via Thiago Balbi.

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Futepoca adere ao MegaNão ao Sopa

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O Futepoca aderiu ao dia de protestos na internet contra o projeto de lei em discussão no Congresso dos Estados Unidos que ameaça a liberdade na internet. A página ficou fora do ar das 13h às 16h desta quarta-feira, 18. A Lei de Combate à Pirataria na Internet (Sopa, na sigla em inglês de Stop Online Piracy Act) e a Lei de Proteção ao endereço de IP (Pipa, na sigla em inglês de Protect IP Act) trazem riscos de restrições e sanções a pessoas que compartilharem arquivos e dados com direitos autorais.

Imagem com a hashtag #SOPA ficou exibida em diversos sites

Apesar de a questão tramitar nos Estados Unidos, o fato de páginas como Wikipedia, Facebook, Twitter, Google, Blogspot e Wordpress serem sediadas em terras de Tio Sam torna o problema global. Essas páginas fizeram seus protestos. No Brasil, o MegaNão foi a fórmula empregada. O método de protesto é consagrado no país desde 2009, com mobilização por meio das redes sociais e blogues, desde a pressão contra a aprovação do substitutivo ao projeto de lei 89/2003 que trazia riscos de restrições à internet brasileira.

Mais sobre o Sopa e o Pipa está explicado aqui:

terça-feira, janeiro 17, 2012

Estupro no BBB: como fica a rede Globo?

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O grotesco caso do provável estupro ocorrido em frente às câmeras do Big Brother Brasil 12 teve alguns desdobramentos após o excelente post da Thalita. A participante Monique (percebeu que nenhum deles tem sobrenome?) foi retirada da casa na manhã desta terça-feira, 17, para prestar depoimento à Polícia Civil – e, espero eu, assistir às cenas da “ficada”, nos termos de Pedro Bial, entre ela e o tal Daniel. O delegado esteve lá por quatro horas e não divulgou informações sobre os depoimentos, o que é o mínimo que se pode esperar.

No mundo virtual, as reações continuam. Luis Nassif, sem passar necessariamente pelo caso, argumenta pela proibição do BBB, que viola o direito à privacidade e intimidade. Segundo ele, não vale dizer que os participantes topam abrir mão desses direitos – da mesma forma que um suicídio assistido é punido, também deveria ser o sacrifício assistido da privacidade. Levanta a questão: o aparato jurídico de que dispomos cobre as possibilidades de um negócio como o BBB?

Paulo Henrique Amorim, como sempre, foi na canela, ao perguntar: estupro ao vivo não cassa concessão? Ele exorta os ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e José Eduardo Cardozo (Justiça) a seguir os passos do delegado da polícia civil e invadir o Projac para peitar a Vênus Platinada – que claramente optou por atrasar o quanto pôde qualquer investigação a respeito do caso, que só está avançando pelas repercussões, especialmente na internet.

No blog Tab na Rede, que conheci via Vi o Mundo, Ana Flávia C. Ramos também discute o papel da rede Globo no caso. Ataca ela: “Monique, confinada em um reality show, sem contato com o mundo exterior, não sabe que o Brasil discute seu suposto estupro. Possivelmente violentada enquanto dormia, ela é também 'violentada' pela produção do programa, quando esta se nega a informá-la exatamente sobre que está ocorrendo.”

Uma consequência prática o absurdo caso já teve: uma elevação de 80% na combalida audiência do reality show. Amargando média de 20 pontos no Ibope, a menor de todas as edições, o programa atingiu 36 pontos na segunda-feira. Ironia só possível na vida real.

segunda-feira, janeiro 16, 2012

O estupro no BBB

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Ontem, domingão, estive totalmente alheia à internet e só acordei para a polêmica do fim de semana hoje pela manhã. Em poucas palavras: tudo indica que houve abuso sexual no Big Brother Brasil 12. Parece (não vi todos os vídeos, porque, né? Ninguém merece) que esse participante Daniel tentou ficar com todas as mulheres em uma festa do programa, sem sucesso. Investiu várias vezes em Monique, que disse sempre não, apesar de ter cedido um selinho, ao que parece dentro de uma brincadeira. Quando Monique capotou na cama, bêbada, Daniel entrou em seu quarto e trocou carícias com ela, que estaria desacordada. Se houve relação sexual completa é impossível dizer, mas, óbvio, pouco importa.
A garota estava completamente bêbada e foi abusada. Isso é estupro, por definição. Mesmo que não tenha havido penetração, continua sendo estupro. Aí sabe o que o palhaço Pedro Bial (depois dessa eu não tenho porque não ofendê-lo) ainda teve a pachorra de perguntar para a garota se “foi só uma ficada”. E ainda comentou: “o amor é lindo!”. Mas Monique não lembra do que aconteceu, e como poderia?
O que não surpreende, mas entristece e revolta, é o fato de ter muita gente, inclusive mulheres, dizendo que Monique é a culpada pelo que aconteceu. Tem gente que diz que, se ela estava bêbada, estava mesmo pedindo. A saia curta, então, era um convite ao abuso. Não quer ser estuprada, não use roupas inadequadas, é o que diz o senso comum.


Infelizmente, a impressão que tenho é que Monique tampouco se sente à vontade para elaborar o que aconteceu naquela noite. O boçal Daniel garante a ela que não houve sexo, “só uns amassos e beijos”. Mas quem define o que é sexo e, por consequência, estupro? O texto do Papo de Homem resume bem essa discussão: o poder é de quem define o que é estupro. Se esse direito é dado a quem comete a violência, o estupro deixaria de existir, não? Por isso, na dúvida, não estupre.
Mas continuando com Monique, ela parece estar num estado em que não tem condições emocionais nem argumentos para saber que sim, sofreu um estupro, por vários motivos:
1 – Pedro Bial falou em amor. Oras, se o todo poderoso apresentador falou em amor, é porque nada sério pode ter acontecido
2 – A produção do programa não tomou qualquer providência a respeito. Afinal, se há um ato de violência na casa, eles devem intervir. A segurança física dos participantes é responsabilidade da Globo, certo? Se eles não fizeram nada é porque não havia problemas
3 – A edição da cena, que teria uns três minutos na íntegra, durou 6 segundos no VT a que a participante pôde assistir no programa ao vivo. Olha. De três minutos pra 6 segundos a diferença é tão grande que até eu imaginaria que o moço estava lá só pra dizer boa noite (NOT!)
4 – A vida toda ela ouviu, como toda mulher, que deveria se dar ao respeito. Se não quiser que homens encham o saco, passem a mão na sua bunda ou a estuprem, que não dê chances para isso. Não importa quantas Marchas das Vadias aconteçam nesse mundo, esse pensamento não muda. Claro, ninguém lembra que para haver abuso deve haver um abusador, e que é ele que deve ser controlado, não a quantidade de bebida na corrente sanguínea ou de tecido na roupa da mulher. Monique, embora vítima, acredita nesse discurso. Está envergonhada de sua conduta. Como poderia protestar?
Em suma, esse escândalo TEM que dar em alguma coisa. Alguém TEM que ser punido. Quer dizer, não só o abusador, mas também a Rede Globo, que permitiu que isso acontecesse enquanto mantinha pessoas sob sua responsabilidade. Porque, convenhamos, se Monique tivesse ido para sua própria casa, bêbada, não poderia ter sido atacada por um estranho, certo? Além disso, é a própria Globo que estimula o consumo de álcool em doses cavalares, porque só assim a “pegação” acontece. Arque com as consequências de sua escolha.
Mas, por algum motivo, eu não acredito que isso vá acontecer. Por que será?

Mais links para a discussão sobre o estupro:
ps: o homofóbico e agora misógino Rica Perrone se manifestou sobre o assunto em seu Twitter. Não vou colocar o link aqui para não aumentar a audiência desse ser, mas vocês podem imaginar o teor de seus comentários, não?

quarta-feira, janeiro 11, 2012

"Dei muita entrevista boa para vocês e ruim para mim"

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Por Vitor Nuzzi


Poucas vezes um atleta profissional foi tão preciso ao resumir sua carreira. "Fiz muita defesa boa, tomei um monte de frango, dei muita entrevista boa para vocês e ruim para mim", disse o agora ex-goleiro Marcos, 530 jogos, 33 pênaltis defendidos, em entrevista coletiva para falar sobre a decisão de aposentar-se, após 20 anos. "Eu não consigo mais entrar em forma", afirmou, sincero. "É muito sacrifício, tomando muito remédio, fazendo punção para tirar líquido do joelho", explicou. "Era a hora certa para mim. O meu tempo deu. Tem goleiros em melhores condições do que eu."

Foi uma entrevista atípica. Vários jornalistas não se importaram de agradecer publicamente ao atleta, seja por sua postura com a imprensa, seja pelo que ele fez ao "time do coração", como um deles admitiu. Pela franqueza de suas declarações, Marcos disse que algumas de suas entrevistas causaram problemas a ele. "Mas sempre dormi tranquilo", completou. "Posso ter falado besteira, mas sempre fui o Marcos."

Sobre o fato de ser chamado de São Marcos e ganhar até uma procissão, que sairá do Palestra Itália no próximo sábado, ele deu risada. "Os caras são loucos, estão de brincadeira. Pergunta para minha mulher se eu devo ser canonizado." Perto dele, Sônia observava.

Permanecer no Palmeiras, jogando na segunda divisão, em vez de ir para o Arsenal, foi, "sem querer", uma de suas melhores decisões. "Estar perto dos amigos, das pessoas de quem gosto, sempre foi minha prioridade. Queria criar raízes para ser lembrado. Nunca vou me arrepender disso. Seria bom se outros jogadores pensassem assim", afirmou, dando uma canelada suave a colegas de profissão, que sempre priorizam o dinheiro.

Talvez por modéstia, Marcos disse que não iria ir para a Copa. "O Rogério e o Dida estavam voando, e os caras ficaram me cornetando." E conta que Felipão, o treinador da seleção vitoriosa de 2002, mostrava aos jogadores, para motivá-los, "imagens do povo brasileiro, alagamentos, pessoas passando fome".

Ainda sem planos definidos, o ex-jogador pretende passar mais tempo com a família (tem dois filhos, Lucca, que fará 13 anos ainda este mês, e Ana Júlia, de 8). Os jogos e concentrações sempre afastam o atleta desse convívio. "A gente nunca está no álbum de família de ninguém", lembra. Por outro lado, está "bancando as melhores condições para que os filhos possam ser felizes no futuro". Concentrado para um jogo contra o Santos, não viu morrer seu pai, Ladislau, quase quatro anos atrás.

A mãe, dona Antônia, ficou triste e perguntou se ele não podia jogar mais um pouquinho. Quando Marcos respondeu que não dava, que sentia muita dor, ela disse que tudo bem, mas esperava mais visitas a Oriente, cidade do interior paulista, a quase 500 quilômetros da capital, de onde o goleiro saiu. Foi na hora de falar dos pais que não adiantou ficar "treinando o psicológico" durante uma semana para não chorar. "Meu pai era uma pessoa muito simples. O que ele mais me ensinou era preservar o nome. Acho que fiz bem...", disse Marcos, interrompendo a resposta e ganhando aplausos.

Além do jogo em despedida, ainda em aberto, ele não deu muitas dicas do que poderá fazer daqui em diante. Talvez ser "embaixador" do novo estádio do Palmeiras. A certeza é de que não será técnico: "Estou fora. Treinar o time a semana toda, ver o time não fazer nada do que você mandou e ser chamado de burro deve ser a pior coisa do mundo".

E para quem ganhou o respeito até dos adversários – Corinthians e São Paulo divulgaram notas homenageando o goleiro do time rival –, nada mais normal do que citar como referências atletas de outros times. Casos de Zetti (São Paulo), Ronaldo (goleiro do Corinthians) e Taffarel (ex-Internacional e seleção brasileira). Mas a principal era Veloso, a quem Marcos sucedeu. Ele também agradeceu a cartolas e torcedores do Palmeiras e até ao Marquinhos ("um faz-tudo, maqueiro, cuida do gramado").

A maior alegria, segundo Marcos, aconteceu numa bola que foi para fora: na cobrança de Zapata, do Deportivo Cali, na decisão da Libertadores de 1999. E a maior tristeza, como era de se esperar, foi a derrota no Mundial de Clubes para o Manchester, no mesmo ano. Sobre a famosa defesa do pênalti cobrado por Marcelinho Carioca, no jogo contra o Corinthians pela Libertadores em 2000, ele contou que às vezes ficou incomodado com a insistência no assunto, porque dava a impressão de ter sido sua única defesa importante. Depois foi descobrindo o significado daquele jogo para os torcedores. "Teve muita gente importante naquele dia", disse, citando Galeano, que fez o gol que garantiu a disputa por pênaltis.

Dos 530 jogos, 15, talvez, sejam para apagar da vida. Os outros 515 foram "muitos bons". Mas, para o bem e para o mal, jogador tem "pouco tempo para comemorar e pouco tempo para ficar triste".

* Vitor Nuzzi gosta de futebol em qualquer época. Pôs os pés num estádio pela primeira vez aos 10 anos (tem 47) e não pretende tirá-los tão cedo, façam o que fizerem com a pobre bola. A sua seleção do São Paulo, time do coração, que viu jogar seria: Rogério; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Serginho; Chicão, Cafu, Raí e Pedro Rocha; Careca e Serginho Chulapa.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Um senhor gol de goleiro

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Feito realizado ontem por Tim Howard no jogo entre Everton e Bolton. Sem mais comentários.