Destaques

domingo, março 04, 2012

Santos supera ex-invicto na volta da Vila (visão santista)

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Vice-artilheiro do Santos no campeonato, Ibson começa a se afirmar
A partida entre o atual campeão da Libertadores e o atual campeão brasileiro marcou a volta do santo gramado da Vila Belmiro ao futebol em 2012. Se não foi um grande espetáculo, a partida marcou a sétima vitória consecutiva do Peixe no ano, quebrou a invencibilidade corintiana e a quinta partida em sequência sem derrota do Alvinegro Praiano contra o coirmão da capital dos negócios. Em outros tempos neste Futepoca, menos que isso já configurou “freguesia”, mas o santista é um torcedor humilde, não tem a arrogância dos adversários...


O adversário veio a campo sem supostos setes titulares (digo “supostos” porque para termos certeza é necessário ver com que time o Corinthians vai entrar em campo na quarta-feira). O Santos entrou com seus titulares, não só por ter um elenco menos numeroso em termos de qualidade (para os esquemas adotados) do que o rival, mas pela simples justificativa apresentada por Muricy Ramalho antes da peleja. “Os torcedores pagaram o ingresso pra ver Neymar e Ganso, é brincadeira o treinador não colocar.” Vejam só, alguém pensou (ou diz que pensou) no dito torcedor.

As propostas das equipes eram claras. O Santos tomava a iniciativa e o Corinthians contra-atacava. Esse é o padrão de Tite que fez do Timão campeão do último Brasileiro, mas o padrão santista em partidas fora de casa também é priorizar a defesa. Entretanto, já é possível observar um tal “efeito Barcelona” na equipe da Vila, ainda que comentaristas que não veem jogos do Santos insistam na tese da “Neymardependência”. E vejam, Neymar nem jogou grandes coisas hoje... Muricy tenta fazer da equipe um Alvinegro menos óbvio, com os jogadores trocando de posição de acordo com a circunstância, o que também evidencia a novo posicionamento dinâmico de Paulo Henrique Ganso, que atribuiu sua recuperação a Muricy Ramalho. 

E mudar o estilo de se jogar não é fácil de se fazer, exige treino e certa perseverança do treinador, dos jogadores e da diretoria. Mas é só ver os gols santistas, melhor ataque do campeonato, e comprovar a tese. As bolas paradas têm sido fundamentais, com diferentes batedores: Neymar, Ganso e Elano (reserva). Ibson, autor do vitorioso gol de hoje, já marcou indo pela direita e pela esquerda do ataque. E também por isso ganhou a vaga do Elano.

Mas Neymar e Ganso jogam mais próximos pela canhota. Juan, que vem em um desempenho bem acima do apresentado no Tricolor Paulista, às vezes aparece na ponta, em outras na meia. O time toca mais a bola, sem perder a vontade de atacar e sem vergonha de tocar a pelota atrás na hora em que é preciso. As estatísticas da peleja mostram isso: o Peixe trocou 363 passes certos e 32 errados, segundo o IG, enquanto o rival trocou 286 passes certos e 44 errados. O Santos também desarmou mais, e continua como a equipe que mais foi eficiente nesse quesito até o momento no Paulista, algo que quase o time não fez contra o Barcelona na final do Mundial.

Ao fim, vitória merecida de quem foi mais à frente e teve mais chances (incluindo dois gols justamente anulados) e que dá esperanças para a partida contra o Internacional quarta-feira, na Libertadores. Um novo Santos parece estar em gestação e o torcedor merece esse novo time.

***** 

Há pouco vi um desses comentaristas esportivos dizer, com toda pompa e circunstância, que Tite é mais "maduro" que Muricy por poupar alguns titulares em vista de uma partida a Libertadores na quarta-feira. O dito douto não deve lembrar que os titulares da Vila, em 2012, voltaram mais tarde que os dos outros times paulistas, e que, por poupar titulares na reta final da temporada de 2011, muitos comentaristas criticaram Muricy depois da derrota para o Barcelona, dizendo que a equipe perdeu ritmo de jogo. Discordar sobre a atitude de um treinador ou da diretoria é uma coisa, já adjetivar alguém só porque não fez algo que está longe de ser uma receita pronta é só uma amostra de arrogância.

Outro ponto foi o mesmo comentarista criticar Neymar por ter feito "gracinhas" quando estava a partida em zero a zero. Oras, o que se critica de boleiros que fazem "gracinhas" é que eles só o fazem quando o placar lhes está favorável. Jorge Henrique, por exemplo, caiu bem menos ou quase nada quando sua equipe perdia a partida, e não prendeu a bola como costuma fazer para irritar rivais. Normal. O fato de Neymar fazer "gracinhas" mesmo quando o placar é adverso siginfica que ele pode achar que, em dado momento, tal lance seja a melhor saída, prova de que a estratégia em si não é para demoralizar ou enfezar o rival. Coerente.

*****

Emerson Sheik, que devia estar preocupado com outras coisas. Não foi desta vez.

sexta-feira, março 02, 2012

A versatilidade do cinema nacional

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(Via Thiago Balbi)

quinta-feira, março 01, 2012

Onde Você Está?

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Por Luciana Nepomuceno


Hoje é aniversário do Rio de Janeiro. Eu, como uma devota de janela, fico aqui imaginando a beleza das pessoas, das ruas, do mar, aquela lagoa linda, tudo em quase festa. Quase eu digo, porque ontem o Flamengo jogou. E perdeu. E é assim...

“Quando o Flamengo vence, há mais amor nos morros, mais doçura nos lares, mais vibração nas ruas, a vida canta, os ânimos se roboram, o homem trabalha mais e melhor, os filhos ganham presentes. Há beijos nas praças e nos jardins, porque a alma está em paz, está feliz. O Flamengo não pode perder, não deve perder. Sua derrota frustra, entristece, humilha e abate. A saúde pública, a higiene nacional exigem que o Flamengo vença, para bem de todos, para felicidade geral, para o bem-estar nacional."

E nem foi um rubro-negro que disse isso aí, viu. Foi um torcedor do América. É claro que nem as contingências nem o Joel estão muito preocupados com a saúde pública a felicidade e o bem-estar nacional. Porque, se estivessem, não se veria o que se viu ontem. O acaso, esse pândego, fez a parte dele: não estavam em campo Leo Moura, Airton e Ronaldinho. Mas, semana após semana estão aí dizendo que o Ronaldinho não faz nada (e, convenhamos, o Bottinelli jogou bem) e o Airton não é, exatamente, um craque. Esforçado, muito. Mas impreciso e limitado. Já a ausência do Léo Moura é mais significativa. O Galhardo tem muito potencial, é rápido, apoia e marca com consistência, mas falta-lhe o élan que tem dominado menino Léo. Dito isso, a parte do leão no resultado, menos que ao acaso, deve ser creditada (um tanto ao Boa Vista, bem arrumado) ao Joel e sua lógica: pra que gol? pra que jogo? Bom é o resultado.

O começo foi até animado pros rubro-negros, Deivid – em evidente tentativa de superação do lance rodrigueano do último jogo – chutou de longe, forte, a bola bate na trave, volta na direção de Vagner Love que se atrapalha todo mas, como a marcação estava surpreendentemente ausente, se recupera e acerta um bom chute. Gol. Daí o time se coloca na postura vamos-jogar-na-metade-do-campo... só que erra a metade e fica no seu, ao invés de ocupar o campo adversário. E erra, generosamente, passes. De curta, média e longa distância, sem distinção. E o acaso resolve participar mais ativamente e em um dos vários lances mais duros do Boa Vista, sai o Williams com o tornozelo em pandarecos. Entra Maldonado, coitado, e já vai mostrando sua lentidão: penâlti. Daí pra frente ladeira abaixo, o Joel trocou muito mal, o Boa Vista fez outro gol, o Diego Maurício entrou bem desconcentrado, o time perdeu as estribeiras e o Renato foi expulso (confesso, comemorei). Ainda teve o lance na área do Flamengo que dá pra todo mundo reclamar, Galhardo faz pênalti não marcado, jogador do Boa Vista toca com a mão na bola. Uma farra, eu diria, se não estivesse tão entristecida. Sabe, o duro não é perder, isso acontece. Mas é ficar aqui imaginando o tanto que o jogo poderia ser outro.

Disse o Nelson, uma vez: “há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará a camisa aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável”. Então, contingências, deuses da bola ou o que quer que seja que espie e cuide dessa bagaça: não é que o Flamengo não precisa dos tais jogadores, técnicos e tal. É que a gente tá sem, mesmo. Não dá pra aliviar e deixar a camisa resolver? Lembra aí que é tempo de festa no Rio de Janeiro e andamos, todos, precisando mesmo de mais beleza e felicidade...


Ah, meu Mengo, onde você está?


Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Pitacos sobre Brasil 2 x 1 Bósnia

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- Acompanho o consenso: Ronaldinho Gaúcho, não dá mais. Os únicos argumentos que vi para manter suas convocações, ainda antes do jogos, foram a experiência e o de segurar um pouco a onda do Ganso. Mas para as duas situações prefiro Kaká, que pelo menos jogou a última Copa.
- Além dele, David Luiz e Sandro foram muito mal. O primeiro possivelmente por um dia infeliz, o segundo por ser o que é: um volante marcador que só tenta passes curtos. Não acho que ele caiba no tipo de jogo que parece ser objetivo dos torcedores e do técnico. Já de Fernandinho eu gostei. Marca, distribui bem o jogo e deu alguns passes em profundidade interessantes.
- Thiago Silva é realmente um Monstro, como definiu já há algum tempo o pessoal do Blablagol. Sério, rápido e praticamente sem erros. E os laterais jogaram demais. Estamos muito bem, obrigado, nesse quesito. O Tostão sugeriu outro dia na Folha que poderia ser uma boa colocar mais um zagueiro para liberar de vez Daniel Alves e Marcelo. Pode ser, mas acho que valeria a pena tentar liberá-los sem o tal zagueiro para ver o que acontece.
- A entrada de Elias e Ganso melhorou bastante o time. A questão para mim é a seguinte: é preciso conseguir desacelerar o jogo para controlá-lo. Se ficarmos sempre correndo com a bola e tentando definir rápido a jogada, perdemos muito rápido o controle das ações (nessas, não gostei muito de Leandro Damião, que chutou de qualquer lugar e não participou coletivamente). Ganso vai melhor que Gaúcho por conseguir dar essa cadência sem perder a visão de jogo. Não teve ainda o passe em profundidade, inesperado, mas o filé vem depois do feijão com arroz.
- Nesse sentido, a dupla de volantes não pode ser tosca. Tem que ser opção ofensiva quando tivermos a posse da bola, saber tocar com ciência, prender a bola, acelerar se necessário. Se não, o meia centralizado (seja ele Ganso, Danilo ou Zidane) fica emparedado entre dois ou três marcadores que não tem mais ninguém com quem se preocupar. Bons volantes-armadores aparecem Espanha (Xabi Alonso e Busquets) e Alemanha (Schweinsteiger e Khedira), atuais referências. No caso brasileiro, como os laterais vão descer muito, os volantes precisam ainda ser muito rápidos para a cobertura. Assim, fora Sandro e Lucas Leiva. Os volantes titulares deveriam ficar entre Hernanes, Elias, Arouca e, pelo jogo de ontem, Fernandinho pode disputar uma vaga.
- Hernanes, aliás, jogou na ponta/meia direita do 4-2-3-1 ontem. O PVC disse que ele já atuou assim na Itália e foi bem. Não foi mal, mas acho que acrescenta mais à Seleção com seu bom passe no meio campo.
- A relação mistura x guarnição citada acima também vale pra Neymar, que jogou bem, se mexeu, trocou bons passes, mas não fez nenhuma das jogadas que, bem, resolvem o jogo, como costuma fazer no Santos. Acho que é só questão do ajuste coletivo, mas cabe a ressalva: será a defesa da Bósnia melhor que a média enfrentada pelo atacante no Brasil?
- O Mauro Beting diz que não se pode cornetar escalação sem dar opção. Então, aí vai uma proposta: Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Arouca, Hernanes e Ganso; Neymar, Damião e Robinho. No banco, de diferente, teria Kaká para o lugar de Ganso. Vai sem goleiro porque não tenho muita convicção de nenhum. Gostei de Jefferson quando jogou, mas não acho um absurdo apostar em Júlio César.
- Acho uma boa resgatar Robinho. Ele sempre foi bem na Seleção e está num momento muito bom no Milan. Além disso, conhece Neymar e Ganso e está adaptado a ajudar na marcação, o que será necessário em qualquer proposta de jogo ofensiva que se apresente. Do Milan, aliás, assim que possível viria Pato, que acho ter mais a ver com o estilo desse ataque que Damião.
Aguardo as cornetas – de preferência, com as respectivas alternativas.

terça-feira, fevereiro 28, 2012

Insustentável

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Por Daniel Soares



João entrou no bar pisando duro, mãos nos bolsos das calças, camisa para fora delas. O colarinho devia estar desajeitado havia horas e o usual arrumadinho João não parecia se importar.

— Uma cachaça!

Vavá se impressionou, João não era homem de cachaça pelo menos até a quarta, quinta cerveja, quando outro João assumia o controle da cabeça.

— Certeza?

O olhar. Vavá se lembraria por meses, dormiria mal. Tanto peso, tanto desgosto num só olhar. Serviu a Velho Barreiro como quem servia sangue. E com Stanheger!!

João bebeu às sorvidinhas longas, bebia pouco por vez, mas inalava muito do vapor medonho da pinga. Todos no bar olhavam para ele, um jogo de sinuca parara no meio, duas discussões, a TV havia sido desligada.

— Um torresmo!

Vavá hesitou, João estava sempre preocupado com o colesterol.

— Mas... e o coração, o fígado?

Dessa vez não era o olhar que o destruía, mas sim uma certa pressão nos lábios. Tanto ressentimento! Nem o divórcio, nem sua mãe cheia de rancor por ter largado a faculdade décadas atrás, não sentira tanto desgosto nunca! Serviu o torresmo num papel grosso, que automaticamente se tornou transparente. João mordeu com mandíbulas que podiam cortar aço. Aquele homem que normalmente estaria elogiando as fotos dos filhos de alguém mais bêbado, que tinha dó de ganhar dos mais ferrados na sinuca apostada. Aquele homem que já dividira o prêmio do bicho com os amigos!

— Muito seco...

Todos esperaram, ninguém ousara se mover.

— Passa no óleo Liza pra mim, Vavá...

Olhos se arregalaram pelo bar. O João! No Lisa! Ninguém acreditava. Vavá já não ousava contrariar, mas se contorcia por dentro, não entendendo o ocorrido. Pegou a lata de óleo, trêmulo, despejou um bocado numa bandejinha vazia da estufa. Sentiu de longe o cheiro da gordura.

Todos observavam, alguns levantaram devagar das mesas e se puseram a olhar com mais atenção. Um no fundo fazia um sinal da cruz, lentamente, para que João não percebesse. João pegou o torresmo, descartara o papel, esfregou por todo o decorrer da bandeja. Enquanto sua mão subia, duas gotas de óleo caíram no balcão, fazendo tremer o chão do bar do Vavá. O torresmo alcançou a altura dos lábios. Paulão quis gritar, mas um outro o impediu por medo. João mordeu e mastigou devagar, beiços brilhando, óleo escorrendo pelo canto da boca. Virou a cachaça de um gole só.

Ele se levantou, todos se encolheram nas cadeiras. Foi até perto da mesa de sinuca, pegou um taco, ajeitou as bolas no veludo verde. O olhar destruidor foi quem convocou um pobre coitado para o jogo. João esfregou o giz leeeentamente, não se sabe se saboreava cada movimento ou se amaldiçoava cada milissegundo do universo. O outro engolia em seco como se fosse jogar na encruzilhada pela própria alma contra o diabo. E nem sabia o que ganharia se vencesse! Num “plá!” vigoroso João estourou as bolas. Encaçapou duas.

Todos olharam ao mesmo tempo, enquanto João continuava debruçado sobre a mesa de sinuca, como um soldado insano que admirasse a fumacinha saindo da ponta do rifle. O adversário sentia as mãos suarem, tremerem.

João era, pasmem, um sujeito baixinho, todo arrumadinho, usava óculos e era um príncipe entre os homens. Mal se reconhecia João naquela pilha de terror que jogava sinuca com hálito de óleo, pinga e desgraça. Uma parte de todo mundo ali pensava “ah! É só o João! Tome tento!”. Mas essa parte ficava quieta quando o homem dava seu olhar de morte para todos de vez em quando. Em minutos, o jogo de sinuca já havia virado massacre. Mané, o adversário, suava nas palmas, na testa e na alma. “João vai me matar!”

Depois de vencida a partida, João deixou o taco de lado e foi para o fundo do bar, onde uma Jukebox mais velha que Oscar Niemeyer se encontrava encostada desde antes da puberdade de Noé. João fuçou atrás dela e encontrou o fio da tomada. Ninguém ousou se mexer enquanto ele ligava a dita cuja. Fuçou por uns instantes, aprendeu a mexer na máquina e colocou Chico Buarque para tocar. Vai trabalhar, vagabundo!

Ele olhou pela sala em busca de alguma reclamação. Nada. Ouviu a música inteira encostado na máquina, olhando para lugar nenhum com seus olhos de morte certa. Quando a canção terminou, puxou o fio da tomada com força, olhou de novo para o pessoal.

— Casada.

Ninguém ouviu direito. Todos se levantaram um pouco e penderam na direção dele para entender melhor.

— Casada!!! É casada!!! Porra!!!

Ninguém tinha coragem de retrucar. João era puro descontentamento, pura raiva na figura de um baixinho vestido de social. Foi o Mané quem levantou a mão devagar para chamar a atenção e falou, ombros encolhidos, taco de sinuca ainda na mão.

— Você também, né, João?

João o encarou com o olhar mais pasmo que se podia imaginar naquela noite. Dez anos de casamento pareceram uma novidade tremenda por um instante. Olhou para o Vavá detrás do balcão com um olhar de ódio que podia bem dar gastrite em alguém.

— Outra cachaça!!!


Daniel Soares é manguaça, nerd gordo e co-autor do blog A Horda, além de prolixo colecionador de histórias insanas de transporte coletivo, bares suspeitos e noites de insônia na internet.

sábado, fevereiro 25, 2012

Fantasmas paulistanos (2)

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A foto acima foi tirada ontem à noite (24/fev/2012) pela destemida pianista Karin Fernandes, na rua do Triunfo, esquina com General Osório. Dois “noias” ficaram encarando, ameaçando a fotógrafa por registrar essa “boca”, ou então simplesmente pela ânsia de assaltá-la  e vender sua câmera no mercado de areia. Havia ali umas 40 ou 50 pessoas, em concentração típica da zona. Quando cai a noite, eles parecem emergir dos bueiros e vão se espalhando pelas ruas e calçadas, indiscriminadamente. A sensação é de entrar no clipe de Thriller, ou um filme qualquer de mortos vivos; a maquiagem é convincente, o cenário também.

Nessa esquina fica o Amarelinho, boteco rotineiro de quem trabalha na Santa Marcelina Cultura. Todo dia passa pelo menos um noia com um celular, um relógio, uma correntinha ou mesmo uma mochila na mão tentando vender sua mercadoria por qualquer preço. Se a abordagem é insistente, um profissional de segurança – contratado por um pool de bares da rua – trata de dispersá-los com um taco de beisebol à guisa de tacape.

Os policiais se concentram em um posto na Praça Julio Prestes, em frente à Sala São Paulo, do outro lado da rua Mauá. As incursões sobre a turba são feitas mais tarde, preferencialmente em ruas onde não há câmeras.

Essa é a Cracolândia, que não existe mais.


quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Corinthians goleia Portuguesa em noite de William

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A grande novidade alvinegra nesse começo de ano é a quantidade de bons jogadores em seu elenco. Não apareceu ainda nenhuma craque e os candidatos a tal estão ainda pegando forma, mas o time até agora manteve um jogo sólido com todas as formações que utilizou – e já foram a campo 28 jogadores na temporada.

O ponto negativo não é novidade: o baixo número de gols marcados, característica da equipe desde o ano passado. Pessoal vai falar da falta de pontaria, o Tite justifica por ter adiado os treinos de finalização para evitar lesões e coisa e tal. Mas pra mim, o problema é o excessivo e constante recuo sempre que o time se vê em situação minimamente positiva. Ontem não foi diferente. Nessas condições, o 2 a 0 aplicado sobre a Portuguesa é goleada.

A Lusa começou adiantando a marcação e dificultou um pouco a saída de bola do Corinthians. Mas isso só durou até uns 10 minutos do primeiro tempo, quando Alex e Danilo se acharam e começaram a ditar o ritmo da peleja, e Paulinho adiantou a marcação. A partir daí, as chances foram aparecendo. Numa dessas, Alex deu passe açucarado para Fábio Santos cruzar, Danilo ajeitar, Liedson proteger e William fuzilar para o gol do ex-corintiano Weverton.

O segundo tempo começou no tradicional recuo de Tite, chamando a Lusa pra cima. É uma estratégia perigosa. Acumula jogadores na intermediária defensiva e dificulta muito as opções ofensivas do adversário, que acaba mandando chutes de fora e cruzamentos. Mas, como o recuo é exagerado, o time fica praticamente sem opções de contra-ataque. Até Liedson vai lá correr atrás de adversário. Com isso, cai a chance de ampliar e aumenta a chance de levar um gol numa bola parada, num rebote, num desvio, essas coisas.

Mas o fato é que ontem deu certo: a Lusa não conseguiu ameaçar e ainda achamos um contra-ataque com Ramires, peruano que vem se mostrando um reserva importante para o meio campo. Ele carregou até perto da área, abriu na direita para William, que cruzou para Liedson. O centroavante, louco para marcar o primeiro, tentou um drible e chutou prensado. A sobra veio para os pés de Cachito, que mandou no cantinho.

William jogou muito bem. Além do gol, o segundo em dois jogos, acertou uma no travessão e participou do segundo gol. Pode ganhar a vaga de Emerson ao lado de Liedson no ataque. O centroavante também foi bem, mostrou inteligência, mas falta colocar pra dentro. Enquanto o time estiver achando quem resolva, tudo bem.


Acabou Nosso Carnaval

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Por Luciana Nepomuceno

Crédito: André Ricardo/Uol
Tem duas coisas que torcedores (ou eu, torcedora, e digo que é todo mundo pra não me sentir tão só) adoram e detestam: chamar o treinador de burro e comentar o péssimo desempenho individual de algum jogador. Adoramos porque é uma descarga emocional, uma catarse. Detestamos porque isso geralmente acontece quando o time perde. É bem o meu caso hoje. Eu tinha planejado um post diferente, convidei um amigo vascaíno e ele comentaria as coisas positivas do meu time e eu tentaria louvar o que visse de positivo no Vasco. Mas ele sumiu na comemoração e me deixou aqui ruminando o gol perdido do Deivid e a previsível teimosia do Joel.

Quando vi a escalação, já antecipei o doer: coisa boa não podia vir de um meio de campo com Williams, Renato e Airton. E a insistência no Deivid, tendo o veloz e bem disposto Negueba ali, rasinho, no banco? Sofrimento. O jogo começou e, confirmando uma antiga ideia minha (a maior parte dos melhores lances são sem bola), Ronaldinho faz um lindo movimento de corpo, leva a marcação e o Love faz um gol daqueles que a gente esquece que está preocupado e grita até acordar os vizinhos. Pausa pra um gole de cerveja. Segue a partida e aí tudo é justinho como se espera: além da escalação retranqueira, o Joel dispôs o time todo do meio de campo pra trás. O Vasco deitou e rolou e o Flamengo ficou ali, acuado, dependendo da correria do Vagner Love, de um passe genial do Ronaldinho ou de uma jogada do sobrecarregado Leonardo Moura. Daí o Flamengo levou o gol que o posicionamento estava pedindo, perdeu a bola na boa marcação vascaína, Juninho deu um chute preciso, Felipe bateu roupa e ploft, empatado o jogo. Respira, respira. No segundo tempo, o Vasco fez mais um gol em outro rebote do Felipe.

E, claro, eles ainda tinham o Dedé. O cara da partida quase perfeita. Zagueiro. Nenhuma falta. Dezesseis desarmes diretos. Outras tantas interceptações. Fungando no cangote do Love. Do Ronaldinho. Sombra constante em qualquer um que se atrevesse a chegar perto da linha da grande área.

E nós? Tínhamos o rodrigueano Deivid. Se a cena do gol perdido não sai da minha cabeça, nem sei quantas noites irá assombrá-lo, senão pela (pouca) importância do jogo, pelo que foi em si mesma. Um atacante. O cara que vive de fazer gol. Gol de cabeça, de calcanhar, de voleio, pegando rebote, invadindo a área, chutando firme, gol, gol, gol. Esse cara, de frente para as traves convidativas, livre, sem marcação, sem goleiro, os ouvidos antecipam a celebração da multidão, corre aquele frêmito de se saber herói e, aí, o erro. Não um pequeno equívoco. Não um desacerto qualquer. Um Erro, maiúsculo e inesquecível. Acertar a trave é um luxo que nenhum jogador podia se permitir naquela situação. Nossa torcida muda. Calada pelo grotesco da situação. E a torcida adversária, toda, cantando o nome dele. Nenhuma redenção possível. Anti-herói. Tragédia minha. Nossa.

Perdemos. Acontece. Dá aquele travo na boca e uma coceira danada nos olhos. Mas passa, é do jogo. O que não passa é a angústia de ouvir o treinador dizer que não foi uma má partida, que o time jogou de forma “equilibrada e consciente” (palavras dele na coletiva após o jogo). O que não passa é a angústia de saber que é uma opção, não só a escolha de jogadores de técnica duvidosa (fecha os olhos e pensa no gol que o Deivid perdeu. Ou em um domínio de bola qualquer do Renato. Ou em um lançamento do Williams. I rest my case), mas também a definição da postura acuada em campo.

O que não passa é a certeza de pequenas vitórias e significativas derrotas nos jogos subsequentes e a sensação de que serão muitas as horas falando mal de um ou outro jogador e xingando o técnico de burro. E porque se insiste em torcer? Porque torcer é um amor. Um prazer que nos mata suavemente.


Ah, meu Flamengo, strumming my pain with his fingers

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

O dia em que Elvis derrotou Lennon

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Por Vitor Nuzzi

“Que belo time, que belo esquadrão...” é a frase que ecoa ainda na entrada da rua Javari, nome popular do estádio Conde Rodolfo Crespi – menção ao cotonifício de mesmo nome inaugurado no finalzinho do século 19 na Mooca, bairro ítalo-paulistano. A torcida ocupa seus lugares. É sábado, faz calor, mas a chuva parece próxima – de fato, no segundo tempo o Juventus, dono da casa, e o Osvaldo Cruz, do interior paulista, vão jogar sob dilúvio, em partida acompanhada por 923 pagantes, na quinta rodada da terceira divisão. Mais do que no Canindé, pela primeira divisão, no jogo entre Portuguesa e Botafogo de Ribeirão Preto: 905.

Ver uma partida na rua Javari já é um espetáculo à parte. Naquele dia, então, havia um atrativo imaginário. Do lado do Moleque Travesso, as esperanças estavam depositadas em Elvis, atacante que fez sucesso no Santo André, campeão da Copa do Brasil em 2004, sobre o Flamengo, no Maracanã. O Osvaldo Cruz vem mal das pernas, perdeu as quatro primeiras partidas, mas tem na lateral esquerda ninguém menos do que John Lennon.

Nos primeiros passos, ou acordes, os Beatles amavam Elvis, que já fazia sucesso nos Estados Unidos. Se tanto os ingleses de Liverpool como o americano de Memphis ficaram na memória de todas as gerações, no modesto campo da Mooca não teve jeito: o time do Elvis goleou sem piedade. Para piorar, uma das grandes figuras do jogo foi o lateral-direito Tony, do Juventus, que deu canseira no Lennon. Terminou 5 x 0, com direito a um golaço de Elvis (veja aqui: http://bit.ly/yzsQxX).



Futebol na Javari é interativo. Torcida e campo são separados por um pequeno alambrado. Ou seja, o torcedor ouve tudo que se fala e vê tudo que se faz no campo, muito de perto. E o jogador, claro, vai escutar tudo que vier da arquibancada. Especialmente os visitantes. Na hora do escanteio, os mais exaltados se penduram no alambrado e dão a sensação de que podem degolar o cobrador a qualquer momento. Os bandeiras, então, viverão seu inferno particular: há torcedores que fazem questão de correr junto com o auxiliar, com referências bem audíveis à família e a outros assuntos da intimidade do bandeirinha.

O que faz uma pessoa desejar ser bandeira e trabalhar quase sob o risco de morte? Faço a pergunta a meu colega de alambrado, encharcado, mas sem arredar pé, e ele arrisca uma explicação: “Talvez para fazer parte do espetáculo”. Talvez.

Itália na veia: torcedores apostam nas referências ao
passado da Mooca e dos fundadores do clube

São muitos espectadores de cabeças brancas, o que é compatível com um time que fará 90 anos em 2014. Mas a principal torcida do Juventus chama-se Ju-Jovem. Fica ali atrás do gol à esquerda das tribunas, onde também podem se ver faixas como “Saudosa Maloca”, “Origine Operale” e “Dio Come ti Amo”, com o J ocupando todo o espaço interno da primeira letra “o”. Itália na veia: o time da Mooca rende homenagem ao Juventus de Turim, nascido em 1897, apesar de optar pelas cores do Torino, de 1906.

O intervalo é momento de outra tradição: comer canoles levados pelo seu Antônio – Antônio Pereira Garcia, há mais de 40 anos vendendo o doce na Javari. Os cannoli siciliani foram citados até no filme O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola. A cena em que Peter Clemenza (Richard Castellano) diz ao comparsa Rocco (Tom Rosqui), que havia matado Paulie (Johnny Martino): “Leave the gun. Take the cannoli” (“Deixe a arma, leve os canoles”).

É claro, na Javari não tem mafioso nem crime. Os canoles são mais uma referência afetiva de quem gosta do futebol sem estrelas nem superproduções, mas bem disputado. Xingar (ou elogiar, quem sabe) o técnico é fácil: é só encostar no alambrado. O placar ainda é manual. No dia da goleada, houve quem duvidasse que existia o número 5, mas ele estava lá.

Depois daquele jogo, o Osvaldo Cruz demitiu o técnico Play Freitas, que já foi contratado pelo Rio Preto. E o Juventus, que estava quase na rabeira, embalou: já havia vencido o XV de Jaú, goleou o Osvaldo Cruz e na rodada seguinte, empatou em Limeira (2 a 2) com o Independente. No sábado de carnaval, encarou o perigoso Grêmio Osasco, terceiro colocado do Paulista A3. Havia menos gente no estádio: 866 pagantes. E o jogo foi bem mais difícil, com direito a torcida rival, liderada pelos Lobos de Osasco, em alguns momentos até mais animados que a torcida anfitriã. Elvis saiu contundido e o nome do jogo foi Tony Maraial, ou simplesmente Tony (anotem o nome desse lateral, que começou na base do alagoano CRB): fez a jogada do primeiro gol, marcado por Douglas, e marcou o segundo, quando o placar estava 1 a 1, aos 36 do segundo tempo: um golaço de fora da área, no ângulo do goleiro Yamada. Vitória suada, comemorado por Tony com a mulher e a filhinha no alambrado.

Com mais essa vitória, o time grená da Mooca entrou no G8, disposto a brigar pela volta à segundona. A galera empurra.

Em tempo

A versão do Mooca All Stars para o hino do clube é impagável.



* Vitor Nuzzi gosta de futebol em qualquer época. Pôs os pés num estádio pela primeira vez aos 10 anos (tem 47) e não pretende tirá-los tão cedo, façam o que fizerem com a pobre bola. A sua seleção do São Paulo, time do coração, que viu jogar seria: Rogério; Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Serginho; Chicão, Cafu, Raí e Pedro Rocha; Careca e Serginho Chulapa.

domingo, fevereiro 19, 2012

Hora do xixi OU: Eu só queria saber o resultado do jogo

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A promessa do bar incluía ligar um televisor no jogo entre Palmeiras e Guaratinguetá, mas, na hora de se cumprir o compromisso, não aconteceu. O jogo até acabou em segundo plano, escanteado pelo papo da mesa.

Mas as novas tecnologias estão aí para exacebar as ansiedades de quem quer quase qualquer informação quase na hora. Ao mesmo tempo, parar uma polêmica de botequim, daquelas que prometem vislumbrar saída para metade das agruras da existência (com soluções de botequim, é claro), não conviria interromper o colóquio para me debruçar sobre o celular em uma googlada, por mais curta e certeira que fosse.

Até porque poderia abrir precedente grave para o desenrolar da conversa. Uma consulta ao Wikipedia pode arruinar muita teoria revolucionária, esforços mnemônicos ou só trazer fama de chato ao preciosista que pleiteia precisão nos dados até no fórum adequado (ao devaneio, à dispersão, à distensão e a outras virtudes menos exatas).

Calhou de chegar a hora de completar o ciclo nefrológico do fermentado de cevada.  Posicionado diante do mictório mais à direita, a pesquisa pelo resultado do jogo começou pelo celular. Porque a página do Alviverde na internet permite boa navegação a partir de dispositivo móvel, além de informação com a "imparcialidade" de que este palmeirense precisava, foi ali que averiguei a boa notícia.

Entre detalhes da virada, do gol do Arthur, sua contusão para entrada de João Vítor – responsável, aliás, pelo terceiro tento – e de Barcos, o foco muda de súbito.

À segura distância de dois mictórios, um manguaça não se contém diante da cena, de ver um co-irmão cedendo ao ímpeto natural que acomete a quem ingere líquidos em profusão – especialmente os diuréticos. Com muito mais palavrões do que seria adequado registrar no Futepoca, o meliante reclama:

– Pqp! Tamos lascados mesmo. Agora tem que ser multitarefas até na hora de tirar água do joelho. O cara tem que segurar o instrumento com uma mão e digitar no celular com a outra!

O tom era menos de indignação do que de troça, era possível interagir. Depois, ficaria mais claro que o intuito do ébrio mijão parecia ser mais o de falar sozinho:

– Pois é. O processo é dinâmico.

–O que não pode é confundir – devolveu antes que se ensejassem maiores reações –, senão vai acabar chacoalhando o celular e... E...

Para sorte deste então etilizado torcedor e da nação leitora, o cidadão não encontrou complemento para a tirada.

E eu, que só queria saber o resultado do jogo, não registrei a informação de que o time do Vale do Paraíba diminuiu, tornando 3 a 2 os números finais do placar e muito menos que o tal de Pio foi o destaque pelo time da casa. Nem percebi, na hora, que era a quarta vitória consecutiva, a terceira partida com três gols assinalados pela representação do Palmeiras a cada jogo.

Na próxima situação análoga, deixo a etiqueta de lado e interrompo a conversa da mesa. Não há de ser tão grave.

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Fantasmas paulistanos

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Na saída da Estação da Luz, um homem encharutado em seu cobertor de asfalto se faz de lixo no meu caminho.

Duas meninas, com sorriso malandro de adolescentes que fogem da escola pra fumar um cigarro na esquina, dividem um improvisado cachimbinho de crack. O cachimbinho é feito de um tubo de caneta e um recipientezinho que podia ser uma tapinha de garrafa PET enrolado com fita isolante, mais ou menos isso.

Barraco no Largo General Osório. Uma mulher aos berros abre um inquérito a respeito da masculinidade daquele que deve ser o seu homem. Ele está embaixo de um cobertor (da mesma marca daquele outro), acho que se esconde para não ter sua imagem associada aos insultos.

Isso aconteceu hoje, 16 de fevereiro de 2012, em horário comercial.

Essa é a Cracolândia que não existe mais.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Timão estreia na Libertadores com resultado favorito de Tite

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Tem males que vêm para bem, diz o ditado. E, às vezes, algumas benesses que trazem embutidos uns problemas. Foi minha sensação quando o nobre treinador Tite anunciou que Jorge Henrique ganhara posição no time que estrearia na Libertadores, contra o Deportivo Tachirá, na Venezuela, mandando Alex para o banco. A avaliação geral é de que se tratou de um prêmio pela boa atuação do baixinho na (fácil, convenhamos) vitória contra o São Paulo, domingo passado.
Para mim, desde o início foi um erro. Com Alex e Danilo, o time ganha poder de criação. São meias de bom passe, que invertem o jogo, se movimentam e acham espaços. Jorge Henrique de fato jogou muito bem contra o São Paulo, mas o time do Morumbi não veio tão fechado. Pelo contrário, a opinião geral foi de que o ponto fraco tricolor foi a lateral direita, ocupada improvisadamente pelo zagueiro João Filipe, o expulso, e foi por ali que JH, Danilo e, pasmem, Fábio Santos deitaram e rolaram.
Pois bem. Na noite desta quarta, o Corinthians enfrentou um Táchira bem fechado, congestionando o campo inteiro, e não teve organização para encontrar uma saída. Tentava sair rápido, mas esbarrava numa muralha de defensores. Danilo, solitário em meio aos volantes, era presa fácil da marcação. Liedson ficou perdido em meio aos zagueiros. O jogo acabou se concentrando na direita, com Paulinho, Alessandro e Emerson. Mas pouco de realmente produtivo saiu dali.
É também verdade que o gol de Júlio César pouco foi ameaçado. E que o gol dos caras saiu numa jogada meio tosca na cobrança de um lateral (um lateral!). Numa sucessão de erros (alguém deixou o cara cabecear para trás, o Chicão chegou atrasado pra cortar, o Júlio Cesar não sabia se ficava ou se saia do gol) e a bola bateu (bateu!) no jogador venezuelano e foi pra dentro do gol. Lamentável.
A falta de criatividade no meio era óbvia e a solução simples era tirar Jorge e botar Alex. Mas Tite, mantendo um padrão histórico, não fez a mudança no intervalo. O time voltou igual, e com os mesmo problemas, e assim ficou até uns 20 minutos, quando entrou Alex e saiu... Emerson. JH, que pouco tinha visto a bola, lá ficou para cumprir seu eterno papel de terceiro volante pela esquerda. Saiu também Liédson para a entrada de Elton, gerando uma situação curiosa: quando tinha dois jogadores abertos (e isolados) nas pontas, o centroavante era um baixinho que prima pela movimentação; quando entrou o grandão cabeceador, o time tinha dois meias.
Alex entrou com raiva e deu mais agudeza às jogadas do time pelo meio, mas chutou demais de fora da área e não tão bem como é de seu costume. Parecia querer resolver o jogo e provar algo para o senhor de cabelos brancos em pé à frente do banco de reservas. Não é a mesma coisa, mas foi dele a bela cobrança de falta que, aos 48 minutos, resultou no gol de cabeça de Ralph.



Um grande alívio e um bom resultado, no frigir dos ovos. Empate fora, na estreia, coisa e tal. Ficou, como é de praxe acontecer, a sensação de que esse grupo de jogadores pode mais do que Tite permite que aconteça. Alex e Danilo eram a escolha óbvia até para ele, que tem usado a dupla como titular na maioria dos jogos do Paulista. A mudança foi um equívoco facilmente explicado pela tendência titeana a rezar pelo empate fora. Com ele, desde que assumiu no final do Brasileirão 2010, é assim: empata fora e ganha de pouco em casa. Com essa conta, fomos campeões brasileiros – passando uma raiva considerável. Metade da equação ele conseguiu ontem.

Uma prancheta sem poesia

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Por Luciana Nepomuceno


Eu sou cearense, nascida e criada. Moro no Nordeste. Só conheci o Maracanã em 2010. Quando me interpelam – e fazem isso com frequência, creiam – sobre minha paixão pelo Flamengo, eu sempre respondo que a origem geográfica de Caravaggio, Nina Simone ou Patativa do Assaré nunca foi pré-requisito para a beleza que eles produziram me comover. Aprendi a torcer como consequência da admiração, do enlevo, do encantamento. Aprendi a torcer pela impressão que abeleza das jogadas em vermelho e preto produziam em mim. Ainda hoje, sou desses seres estranhos que se agradam mais com um jogo bem jogado que com uma vitória sem graça. E, ainda mais esquisita, sou daquelas idealistas que acreditam que estas coisas – bom jogo e vitória – não são excludentes por princípio. Não sou, digo logo, contra um time que joga bem na defesa, ainda lembro a elegância dos desarmes de Juan, o posicionamento inteligente de Junior e só uma pessoa com muita má vontade não reconheceria o engenho de um jogador como Gamarra.

Isto posto, já dá pra imaginar que eu não gostei nada, nada, do empate em 1 a 1 de ontem à noite, contra o argentino Lanus. Sim, blá-blá-blá, casa do adversário, blá-blá-blá, não deixaram jogar, mas o que eu vi em campo foi um time irritantemente aferrolhado. Como listar todas as ofensas? Entrar com Airton, Maldonado, Williams. Ver, jogo após jogo, o Renato Abreu se posicionar mal, perder bola na intermediária, facilitar contra-ataques e ser redimido por um gol qualquer de bola parada. Ouvir, minuto após minuto, condenarem o (fraco, é certo) futebol do Ronaldinho, como se um meia perdido entre quatro volantes e o Deivid (sem comentários) pudesse fazer alguma coisa significativa a não ser por sorte ou fortuita manifestação de talento. Adivinhar que o gol obtido nos últimos minutos do primeiro tempo só pioraria a postura da equipe. Ter que reconhecer que Léo Moura é a única esperança de jogada de ataque. Tentar entender que gosto tem uma vitória magra e mal jogada, tendo Bottineli – não exatamente um craque, mas, pelo menos, capaz de passes precisos com mais de meio metro – disponível no banco. E, claro, colocar o Negueba faltando dois minutos pra acabar o jogo só pode ser deboche.

Desligada a TV, fica a certeza de que o mais discutido (e discutível) foi a imagem obtida pela emissora de televisão da prancheta do Joel. E tudo isso não é o que mais me entristece ou assusta. Sabe o que é pior? Não há nada no passado do Papai Joel que indique uma mudança de rumos. Resta-me lembrar que somos, eu e Joel, transeuntes, e esperar que um tiquinho de criatividade, leveza e empolgação surjam, aqui e ali (mais ali, por favor). Porque, ontem, o Flamengo em campo passou longe de justificar minha resposta, arte e beleza passaram longe e nem mandaram lembrança:



PS: E como é irritante jornalista e narrador comentando Ilariê no meio da transmissão.

Luciana Nepomuceno, flamenguista, é dessas. Dessas que reescrevem tudo, que gostam de ficar na rua vendo a lua virar sol, que riem alto, que borram o batom e que se exaltam. Tem o hábito de ser feliz. Se espalha em alguns blogs, quase sempre no Borboletas nos Olhos

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

The Strongest 2 X 1 Santos – na altitude, quem bobeia não tem vez

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No imbróglio entre Fox Sports e as maiores operadoras do Brasil, sobrou tentar acompanhar The Strongest e Santos pela intermitente internet, rádio, “siga placar” ou o que valha. No que foi possível ver, ficam algumas impressões da estreia com derrota do campeão da Libertadores frente o campeão do Apertura da Bolívia.

Sim, tem a altitude de La Paz. Ela já vitimou o Santos antes. Em 2005, o Peixe perdeu para o Bolívar por 4 a 3 e, na volta, venceu por 6 a 0. Não que eu acredite que o time vença por placar semelhante os bolivianos aqui, até porque não é o feitio de equipes de Muricy Ramalho, mas vence. No entanto, a questão é: por que não ganhou hoje?

Não tenho as estatísticas, mas provavelmente o The Strongest finalizou um sem número de vezes na partida. Quase todas, de fora da área, até porque é pra isso que serve a altitude: a bola corre mais, ganha velocidade. Mas a equipe da casa marcou de fato em lances de bola aérea, dentro da área peixeira. Nas duas vezes, o lateral-direito Pará marcava algum espírito que vagava no gramado, ao invés de prestar atenção nos jogadores rivais. Tudo bem, meu pai sempre falou que mesmo nas formações mágicas do melhor time de todos os tempos havia um perna-de-pau. Mas Pará é um abuso no direito de errar.

E o Santos teve chances de matar a partida, principalmente na etapa final. Neymar perdeu gol. Borges, idem. Elano, que começou na reserva entrou na segunda etapa, desperdiçou a mais incrível chance, comprovando sua fase grotesca. Se foi Henrique que marcou o gol alvinegro, o torcedor místico já devia prever que algo errado aconteceria... Não podia dar certo. E não deu.

Como no jogo contra o Palmeiras, uma derrota de virada. Mais uma vez, em lances de bola alta. Novamente, caindo com um tento no final da partida. Difícil dar alento ao torcedor com esse tipo de desempenho, mas o começo da Libertadores 2011 não foi promissor também. Tenham fé, santistas... É o que resta por enquanto.

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Mano convoca seleção para amistoso contra a poderosa Bósnia

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O técnico Mano Menezes divulgou hoje nova convocação da Seleção Brasileira que enfrentará a Bósnia Herzegovina, no fim deste mês, na Suíça. As lista não traz grandes novidades, mas tem alguns retornos interessantes.

O primeiro é Paulo Henrique Ganso, que se ainda não apresentou o futebol do primeiro semestre de 2010 (é, Ganso, faz tempo...), já deu mostras no Santos de que continua dono do meio campo. Também no setor, volta Hernanes, o bom volante que pode qualificar bastante o passe e a posse de bola no meio, que tem sido problemas do time. Volta também Júlio Cesar, que não é mais aquele, mas segue um baita goleiro.

Os jornais questionaram uma presença e uma ausência: respectivamente, Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Sobre o Gaúcho, Mano justificou que está contemplando as cobranças pela manutenção de uma base e definição de um time. “Não posso ficar trocando a todo momento por causa de um momento ruim. A fase agora exige um período melhor. As coisas serão mais estáveis", afirmou. Sobre Kaká, não deu maiores explicações.

De minha parte, levaria Kaká. Para mim, o moço evangélico ainda tem bastante para contribuir para a seleção – mais do que Gaúcho, na verdade. Entendo a justificativa para a convocação deste último, mas não sei se concordo. Se chamasse, seria só para tentar suprir a falta de meias no futebol brasileiro.

Depois do compromisso contra os bósnios, a seleção volta a se apresentar apenas em maio, contra a Dinamarca na Alemanha. Em seguida, encara turnê pela América do Norte, com amistosos marcados contra Estados Unidos, México e Argentina.


Veja a lista e palpite:


GOLEIROS

Júlio César (Inter de Milão/ITA)

Diego Alves (Valencia/ESP)

Rafael (Santos/BRA)


LATERAIS

Daniel Alves (Barcelona/ESP)

Adriano (Barcelona/ESP)

Danilo (Porto/POR)

Alex Sandro (Porto/POR)

Marcelo (Real Madrid/ESP)


ZAGUEIROS

Dedé (Vasco/BRA)

Thiago Silva (Milan/ITA)

Luisão (Benfica/POR)

Davi Luiz (Chelsea/ING)


VOLANTES

Hernanes (Lazio/ITA)

Fernandinho (Shakhtar/UCR)

Elias (Sporting/POR)

Sandro (Tottenham/ING)


MEIAS

Ronaldinho (Flamengo/BRA)

Ganso (Santos/BRA)

Lucas (São Paulo/BRA)


ATACANTES

Neymar (Santos/BRA)

L. Damião (Inter/BRA)

Hulk (Porto/POR)

Jonas (Valencia/ESP)

domingo, fevereiro 12, 2012

Reservas santistas goleiam Linense

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Mais uma vez no Paulista, o Santos entrou com seu time reserva, à exceção do goleiro Rafael. Desta vez, segundo o treinador Muricy Ramalho, além do resultado, o jogo também valia a definição dos 25 inscritos para a primeira fase da Libertadores, que poderia incluir um jovem jogador “em observação”. Os santistas estreiam quarta-feira no torneio contra o The Strongest, na alta La Paz.

Para o Linense, o comandante Pintado deu a dica do que o jogo valia em declaração antes do começo da peleja: “Nosso adversário direto não é o Santos”. Tanto que deixou de fora os volantes Makelelê e Elias, o meia Éder e o zagueiro Fabão, atletas pendurados ou com contusões. A ideia era preservá-los para as duas partidas do time (que jogou cinco das sete primeiras partidas fora de casa, que tabela, hein?) em Lins, contra Bragantino e Mirassol.

O resultado... o esperado: derrota do Linense diante do Santos, que jogou pela sétima vez em uma cidade diferente nesse Paulista. Desta vez, sua “casa” foi São Bernardo. A porteira se abriu logo após um pênalti perdido por Alan Kardec, falta sofrida por Rentería aos 24 do primeiro tempo. O zagueiro Bruno Rodrigo finalizou depois de cobrança de escanteio, o defensor do Linense tirou já depois da linha e Kardec chutou para o gol. Mas o árbitro de fundo (olha só, não é que teve utilidade?) anotou de forma correta o tento para o zagueiro santista, que só soube que tinha sido o autor no intervalo. “Poxa, mas nem beijei minha aliança...”, lastimou. Mas até o portal Uol, horas depois do jogo (abaixo), continuou acreditando que Kardec era o autor do gol, ainda que a matéria interna o desmentisse.

Reprodução
Foi o primeiro gol de Bruno Rodrigo pelo Santos. Outros três jogadores marcariam seus primeiros tentos pelo time. O Alvinegro seguiu dominando e o zagueiro Vinicius Simon fez o seu, de cabeça, aos 16 da segunda etapa. O Linense descontou aos 22, com Diego Macedo (sobrinho daquele Macedo, ex- São Paulo e Santos) e quase se empolgou. Mas o ânimo foi por água abaixo (e não faltou água na peleja) depois do tento de Anderson Carvalho aos 28. O volante ainda deu uma assistência para o atacante Dimba (primo em segundo grau daquele Dimba, ex-três dezenas de times) marcar o quarto.

De positivo, bom saber que Rafael está voltando à forma, depois de ter feito algumas defesas difíceis e saídas de gol, por baixo, importantes. Anderson Carvalho também vai mostrando mais confianças, assim como Felipe Anderson. Dimba tem bola e pode evoluir, outro garotos idem. Falta o técnico confiar.

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Neymar: o ator que fez um filme ruim valer a pena

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Muitas vezes gostamos de um filme não pela história em si, pelo roteiro ou pela direção, mas apenas por conta da atuação de um ator. Ontem, Santos e Botafogo foi desses filmes, tecnicamente ruins, mal dirigidos, um desenrolar entediante, mas com um protagonista que fez valer o ingresso em uma sequência de pouco menos de 15 minutos de belas cenas.

Neymar, pra variar, apanhou. Esse filme você já viu. Também ensaiou saltos e valorizou alguns lances. Filme repetido também. E o árbitro Flavio Rodrigues Guerra não quis contribuir com o bom andamento do enredo: é daqueles que se costuma atribuir a qualidade de “deixar o jogo fluir”. E, assim, acaba não dando uma série de faltas e esquece cartões, reservando-os para o terço final da partida. Contribui para que haja mais lances “viris” e menos futebol. É a tal lógica torta de deixar “fluir o jogo”.

Ele resolveu em 15 minutos
O Joia peixeiro voltava muito para pegar a bola no meio de campo durante o primeiro tempo, facilitando a marcação dupla do Botafogo em cima dele. Os volantes não chegavam ao ataque com qualidade e as laterais... ah, as laterais. O menino Paulo Henrique estreava pela esquerda, enquanto Pará, pela direita, fazia o seu tradicional “corre-corre de novo-erra passe”. Em 50 segundos do segundo tempo, Fucile, pela direita, fez mais que a dupla Pará-Maranhão pelo setor em 2012.

Mesmo mais animado e bem postado em campo na segunda etapa, o Santos não conseguia reverter a vantagem conseguida pelo time de Ribeirão Preto no segundo tempo, em uma rara finalização. Foi preciso uma falta, quase do mesmo lugar daquela que resultou no centésimo gol do Joia, para que Neymar, de novo de cabeça, empatasse a partida aos 31 minutos. E, um minuto depois, após roubar uma bola e passar por três jogadores do Botafogo, o atacante foi derrubado na área. Bateu e converteu.

Ali, a defesa botafoguense já estava rendida diante do garoto. Ele roubou outra bola e quase marcou novamente. O Botafogo chegou a ensaiar uma pressão, contudo, outro moleque também brilharia. Felipe Anderson, que entrou na segunda etapa, deu uma assistência preciosa para Neymar passar pelo zagueiro e encobrir o arqueiro. Outro belo gol. E o atacante retribuiu o presente em outra arrancada, servindo Felipe Anderson, que fez o quarto tento.

O Santos tem muito a arrumar em seu esquema tático, definir quais serão os titulares – aliás, Felipe Anderson e Ganso juntos no meio seria uma ótima pedida -, mas é muito bom saber que Neymar voltou a fazer uma atuação de gala.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Wando: ele cantou o amor em todas as suas formas

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Se existe alguém que interpretou o dito amor sob as mais diferentes formas, esse alguém foi Wando. Trilha sonora de muitos romances embalados em botecos de todo canto e lugares mais apropriados, deixa um legado que dificilmente será superado nesse quesito. Reconhecendo e recordando seus grandes momentos, e finalmente recuperados do choque nos causou o passamento, só hoje este Futepoca lhe presta uma singela homenagem registrando suas múltiplas formas de cantar o mais nobre dos sentimentos humanos:


Amor metafórico/metonímico/analógico

Você é luz
É raio estrela e luar
Manhã de sol
Meu iaiá, meu ioiô
Você é "sim"
E nunca meu "não"
Quando tão louca
Me beija na boca
Me ama no chão...(2x)


Amor filosófico

Eu sempre acredito nas mentiras
No fundo as mentiras são verdades
Viver é deixar rolar o sentimento
A gente tá perdendo tanto tempo
Preciso resolver meu coração
Viver é pôr o nosso amor em movimento
A gente tá perdendo tanto tempo


Amor contorcionista

Moça, moça eu te prometo eu me viro do avesso
Só pra te abraçar
Moça, eu sei que já não é pura
Teu passado é tão forte, pode até machucar
Moça, dobre as mangas do tempo
Jogue o teu sentimento todo em minhas mãos
Eu quero me enrolar nos teus cabelos





Amor, hã, animal

Vem minha safada
Vem minha bandida
Minha descarada
Quero um beijo gostoso
Dessa boca molhada
Vem matar o desejo
Desse seu animal...(2x)


Amor solitário (conhecido como onanista)

Eu já tirei a tua roupa
Nesses pensamentos meus
Já criei mil fantasias
De desejo e de prazer
Eu já troquei a tua pele
Já senti as tuas mãos
Já beijei a tua boca
Já senti teu coração
Só não tenho teus carinhos
Só não tenho teu querer


E, claro, a homenagem do nosso senador Eduardo Suplicy:

Arrogante e preguiçoso, Corinthians joga dois pontos fora em Mogi

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Tá certo, a primeira fase do Paulista vale pouco. Nas últimas 3 edições, o oitavo colocado teve 27 ou 28 pontos, logo faltam uns 16 em 13 jogos pra conseguir uma vaga no mata-mata. Logo, nada grave, do ponto de vista estritamente aritmético, o empate do Corinthians contra o Migi Mirim na noite desta quarta-feira.

Isto posto, vamos falar claramente: foram dois pontos desperdiçados por arrogância, preguiça e outros defeitos de um time que, se tem um pecado, é a falta de ambição dentro de cada partida.

Não foi uma nem duas vezes que a equipe de Tite fez 1 a 0 e tirou o pé do acelerador – e até pisou no freio. Várias e várias emoções desnecessárias passaram os corações alvinegros na temporada passada por esse tipo de comportamento. Mas essa noite foi complicado.

O jogo começou com o Mogi melhor, marcando a saída de bola e complicando a armação alvinegra. O pessoal não chegou a criar grandes chances, mas controlou o jogo até os 12 minutos, quando Paulinho fez uma grande jogada e cruzou para Liedson, que dominou tirando o zagueiro e se enroscou como goleiro. A bola rolava lentamente rumos às redes, mas foi desviada com a mão direita por um atabalhoado Edson Ratinho. Penalti, convertido por Emerson, e expulsão do jogador de Mogi.

Um parênteses: Arnaldo Cesar Coelho concordou com o juiz na hora do lance, mas achou depois um toque de mão de Liedson. Curiosamente, ele afirma que o toque não foi intencional, mas mesmo assim o juiz deveria ter parado o lance, tornando irregular a a marcação do pênalti. Interpretação, digamos, curiosa. Para mim, se teve algo diferente do assinalado pelo árbitro, foi um pênalti em Liedson cometido pelo goleiro , que já caído levanta a perna para impedir a progressão do jogador. Mas vamos em frente.

Quer dizer, com 12 minutos do primeiro tempo, o Corinthians abre 1 a 0 e fica com um jogador a mais. O jogo fica absolutamente sob controle, com toque de bola paciente e boas inversões de Alex e Danilo. Uns cinco minutos após o gol, numa dessas mudanças de lado, Liedson acerta uma cabeçada para defesa espetacular do goleiro Anderson. E parou por aí.

A necessidade de se poupar para o clássico contra o São Paulo e, mais importante, a estréia na Libertadores na quarta explicam a vontade de desacelerar o jogo. Mas com um a mais por tanto tempo – e enfrentando um equipe fraca como se mostrou o Mogi – era só focar um pouquinho para ter resolvido a parada. Não foi feito e, aos 40 minutos, veio o castigo: contra-ataque do Mogi – pelo menos o quarto com chance clara de gol –, Júlio César falha num chute de longe e Hernane, o artilheiro do torneio, mandou pra dentro.

Merecido, se me perguntar. Quem sabe o pessoal não acorda e começa a botar em ponto morto só depois do 3 a 0?

Jogadores

De positivo, Edenilson entrou no lugar de Emerson e foi jogar como meia pela esquerda no 4-2-3-1. Foi muito bem e criou algumas boas situações. É um bom jogador e merece ser observado, até para encontrar sua melhor posição – que eu acho que pode ser meia ou segundo volante, nessa ordem. E o fato de que, quando quis jogar, o time mostrou qualidade, especialmente Danilo, Alex e Paulinho, que controlaram o meio campo. O volante, aliás, vem fazendo jogadas mais agudas – no período em que se importa com o jogo. Parece ter ganho mais confiança, o que pode fazê-lo crescer mais adiante.

Nota negativa para Welder, que foi muito tímido. Fiquei com boa impressão do lateral nas poucas vezes que o vi atuar ano passado e acheiq ue ele aproveitaria a chance para botar pressão em Alessandro. Mas não foi o caso.

Douglas

Um comentário sobre a volta do meia Douglas ao Timão. Fiquei bastante feliz com a contratação. Acho que ele tem certas características – prender a bola, cadenciar o jogo, passar em profundidade – que complementam as melhores virtudes de Alex. Acredito que, com o tempo, Douglas ganha a vaga de Danilo e libera Alex para jogar mais solto, chegando mais para bater pro gol e dar o último passe. Com Liedson e Sheik, acho que pode dar um baita samba.

Além disso, o Corinthians fica com uma das maiores concentrações de meias por metro quadrado, com Vitor Júnior se somando aos três supracitados. Coisa boa num elenco que ano passado tinha grande dificuldade de substituir Danilo.

Adriano

Até aqui, trágica a passagem do Imperador da Manguaça pelo Corinthians. Bom, nem tanto, porque aquele gol contra o Atlético MG valeu muita coisa. Mas a demora do cara para entrar em forma e jogar já deu no saco. Podia até jogar mal, mas pelo menos estaria ali para ser avaliado.

Hoje, depois de tudo, eu que fui defensor do atacante e das chances que lhe foram dadas, já não espero muita coisa. Mesmo assim, e de foram contraditória. inscreveria o cabra na Libertadores. vai que ele se anima...

terça-feira, fevereiro 07, 2012

Aeroportos, ônibus e contradições

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O tema desta terça-feira foi a privatização dos aeroportos feita pelo governo federal na segunda. Foram vendidas participações nos aeroportos de Guarulhos, o maior do país, Campinas e Brasília, em leilão realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O governo comemorou o alto valor alcançado, R$ 24,5 bilhões no total, com um ágio médio de 347% nas três operações.


De um lado, os tucanos, com o perdão do trocadilho aviário, pavoneiam-se do PT ter caído em si e aceitado o evangelho privatista. Do outro lado do espectro político, o pessoal à esquerda ficou deveras escandalizado com o que consideram uma traição da presidenta. Afinal, o debate sobre as privatizações, com o PT de Lula e Dilma como nacionalistas estatistas e o PSDB de Alckmin, Serra e FHC como vendilhões da pátria, foi um dos pontos altos das duas últimas campanhas eleitorais – a cena mais marcante (ou patética) fica para Geraldo Alckmin usando camisa da Petrobras e colete do Banco do Brasil.


Antes de mais nada, uma questão técnica. O que foi feito não foi bem assim uma privatização. Quer dizer, foi: o governo vendeu parte das ações dos aeroportos, mas a Infraero manteve 49% deles. Ou seja, a União continuará sendo sócia de todos. Os vencedores do leilão ficam com a concessão de operação por prazo determinado. No caso de Guarulhos, por exemplo, foram R$ 16,21 bilhões por 20 anos. O patrimônio continua sendo parcialmente da União, mas será tocado pela iniciativa privada. Como nas estradas. Ou, mais próximo ainda, nas concessões de ônibus urbanos.


O João Villaverde, nesse post sensato, argumenta que politicamente não faz diferença, o que até é verdade. Mas na prática, faz muita. Nesse sentido, se tiver que me escandalizar com alguma concessão, sinto muito mais prejuízo em ter pouco controle sobre os ônibus urbanos, por exemplo. Peguei avião um número de vezes que cabe nas duas mãos – e devo estar acima da média do brasileiro. Ônibus, meu chapa, todo mundo pega – e não vejo essa chiadeira toda a respeito.


Mas sou exceção nas hostes esquerdinhas. De minha parte, não sou necessariamente contra privatizações. Sou contra certas privatizações. Vender a Petrobras, pelamor, é uma ideia ridícula, como foi ridícula a venda da Vale. Primeiro, porque junto com a empresa foram vendidos contratos de exploração de minérios válidos por décadas. Vendeu-se o solo brasileiro, patrimônio natural (e esgotável) de nosso povo. Isso, sou contra.


Pior: na década e 90, governo tucano e mídia fizeram uma campanha intensa para desvalorizar as estatais. É meio você querer vender seu carro e sair por aí dizendo no boteco que ele não presta. Pois é, o preço cai. O aeroporto de Guarulhos é gigante, importante e coisa e tal, mas ninguém tem a ilusão de que ele valha mais do que a Vale do Rio Doce valia quando foi vendida. Pois pagou-se por ele R$ 16,21 bilhões, contra R$ 3,3 bilhões na Vale. Não dá pra comparar o dano causado à nação por essas duas decisões.


O Nassif, nesse post curto, levantou outras questões que diferenciam o modelo de privatizações dos anos 90 e o concretizado ontem:

1. A Infraero mantem 49% do capital.

2. O BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) financiará exclusivamente os investimentos previstos. Nos anos 90 financiava a compra.

3. Os recursos arrecadados serão destinados a aeroportos menores.

Vamos combinar que é beeeem diferente? Todo mundo pode ser contra privatizar aeroporto, empresa, estrada e o diabo – ou querer vender até escola primária. Ninguém precisa concordar com nada do que a Dilma diz – por exemplo, ao dizer que “agora esperamos uma administração eficiente dos aeroportos”, duvido que os funciários da Infraero concordem com a presidenta. Com certeza, se trata de mais uma das tantas e tantas contradições dos governos petistas e cada um vai avaliar com seus botões se é o bastante para se considerar a gestão uma decepção e levar seu voto para outras paragens. Mas é obrigação não ser leviano e nem desonesto no debate.

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Folha de S. Paulo descobriu a pólvora! Neymar não é Pelé

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Na edição do periódico da família Frias, neste domingo, um dos destaques de capa da edição paulistana dizia: Neymar chega aos 20 rico, mas sem jogar Copa e só com um quarto de gols de Pelé.


Interessante, a única notícia de verdade era que o atacante santista fazia aniversário. O resto não diz absolutamente nada: Neymar é rico (sério?), não jogou uma Copa do Mundo (ufa, minha memória ainda está boa) e, pasmem, não fez tantos gols quanto Pelé aos 20 anos… Ah, vá! Se eu fizesse um post sobre o nascimento do peixeiro com um título “Neymar, aquariano como este escriba, faz anos hoje”, teria mais informações do que o dito na chamada de capa da Folha.



Mas há que se analisar o porquê da comparação com Pelé. Para dizer que Neymar é menos que ele? Bom, se tomarmos como fundamento os mesmos critérios para falar de dois rivais (sic) do Rei em termos do cetro de melhor de todos os tempos, como ficariam Messi e Maradona em comparação a Pelé?
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Dez breves considerações sobre Santos 1 X 2 Palmeiras

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- Jogo de meio-campo na maior parte dos 90 minutos. O Palmeiras, melhor postado atrás, conseguia ligar mais rapidamente o ataque. O Santos esbarrou a maio parte do tempo no sistema defensivo alviverde

- Os laterais geográficos santistas não fizeram jus às alcunhas, que poderiam remeter à beleza dos estados que representam. Pará é esforçado, mas improvisado na esquerda costuma ser lastimável. Maranhão fez uma peleja medonha, coroada com o gol contra da virada palestrina. O torcedor ora por Fucile...

- Sim, a preparação física faz diferença. O calor também. Os paulistanos estavam mais em forma e a questão física e o sol arrasador de Presidente Prudente podem até ser justificativa para a desatenção no lance do escanteio que resultou no empate da partida.



- Não, mesmo tentando ser razoável, não consegui ver falta de Ibson em Ricardo Bueno. Do lance não só saiu a expulsão do alvinegro como, na sequência da falta, o escanteio que resultou na igualdade do placar. Mas só vi o lance por um ângulo porque a Globo assim decretou que fosse. Posso mudar de ideia, mas por enquanto, não.

- Turma que ainda não se encontrou em dois jogos: Arouca, Elano, Borges e Henrique (Será que este vai se encontrar?)

- Alan Kardec se sente melhor jogando no time reserva do que no titular. Rafael, em dois jogos, mostrou problemas sérios pra sair do gol.

-  Neymar, mesmo quando não vai tão bem, ainda assim é muito bom. Mas não é Pelé.

- Marcos Assunção parece também atuar melhor não tendo que sair pro jogo. Errou faltas frontais, não foi efetivo em cobranças de falta e escanteio  durante quase todo jogo. Mas bateu o último, que assegurou o início da virada palmeirense. Se o clichê de que "craque decide" está correto, pode-se dizer que o volante é, no mínimo, um "craque da bola parada".

- Luiz Flávio Oliveira é tão bom (?) na parte discplinar quanto o irmão.

- Para os santistas, lembrança e consolo: não vencer o Palmeiras nos últimos dois anos não tem sido exatamente um mau agouro... Como nos anos 60.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Santos A estreia e empata com Oeste. PH Ganso vai bem, já Elano...

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Neymar tentou... (Ivan Storti/Santos FC-Divulgação)
No primeiro jogo com os titulares, o Santos não passou de um empate contra o Oeste. Na Arena Barueri, já que o gramado da Vila Belmiro ainda está sendo reformado, a equipe jogou bem em alguns momentos, com boas trocas de passe, toques rápidos e velocidade no ataque. Mas tomou um gol na primeira etapa graças a uma falha dupla de marcação: a (não) cobertura pelo lado direito que deslocou Bruno Rodrigo para fora da área e deixou Vanderson sozinho para marcar.

Como nas outras três pelejas do Paulista, o time saiu perdendo por 1 a 0, mesmo jogando melhor. No segundo tempo chegou ao empate com Ibson, que marcou seu tento inaugural pelo Santos. Uma novidade dupla, já que, pela primeira vez no ano, não foi Alan Kardec o autor do gol alvinegro.

A equipe sentiu fisicamente tanto no fim da primeira etapa quanto no final do jogo. De om para o torcedor do Santos ficou a atuação de Paulo Henrique Ganso, o atormentado e ciclotímico camisa dez peixeiro. Movimentou-se bem, deu passes preciosos, assistências, finalizou e apoiou o ataque como há muito não fazia. Neymar foi bem em dados momentos, foi caçado (pra variar), mas também sentiu a falta de ritmo. Destaque negativo para Borges, o 1 em 3, que teve três chances de marcar e desperdiçou todas. Espera-se que também a culpa seja da falta de ritmo. Rafael fez algumas reposições interessantes com as mãos, mas teve saídas de gol que que espantaram até as borboletas que não foram caçadas.

E Neymar vai tentar seu centésimo gol como jogador profissional no clássico contra o Palmeiras. Que os lampejos de bom futebol se tornem rotina e não só... lampejos.

E o Elano?

Elano pediu a substituição, ainda no primeiro tempo. Não foi atendido pelo treinador Muricy Ramalho, continuo no jogo, bateu uma falta no travessão e cobrou escanteios. Não demostrava nenhum “incômodo” aparente. Antes do intervalo, disse aos jornalistas que não ia falar sobre seu pedido de substituição.

Após o intervalo, entrou Ibson. Muricy, quando perguntado, disse que Elano estava com problemas para fechar a marcação pelo lado direito com Pará. Ou seja, a substituição foi técnica. O inusitado foi Elano ter “reconhecido” a sua dificuldade ao pedir a substituição. Parece que o oito alvinegro continua com refluxos de 2011. Voltou à Vila Belmiro com pompa e circunstância, terminou o Paulista como artilheiro do torneio e experimentou um persistente declínio técnico. Envolveu-se com uma atriz global, ocupou páginas e megabytes de publicações nada esportivas com seu turbulento relacionamento, viveu o episódio de sequestro de seu pai, perdeu pênalti decisivo na seleção brasileira pela Copa América e não mais foi convocado.

Em péssima fase técnica, era candidato ao banco com a chegada de Ibson, mas as suas sofríveis atuações do recém-chegado deram sobrevida ao oito. No embate contra o Flamengo, perdeu uma penalidade ao tentar uma cavadinha não treinada e foi vítima da pilhéria do guarda-metas rival. Foi vaiado pela torcida, ameaçou sair. Jogou mal, se contundiu, jogou mal de novo, virou reserva na final contra o Barcelona após atuação menos que mediana na semifinal. Disse que só cumpria o que o treinador havia lhe pedido.

Elano, má fase passa. Mas as posturas de um ídolo ficam na memória do torcedor. Já passou da hora de aprender isso.

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

Marcos-Assunção-dependência e a tese do "um homem a menos"

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A vitória do Palmeiras sobre o Mogi Mirim, a segunda em quatro jogos, foi garantida por dois gols de Marcos Assunção. Os comentários foram inevitáveis. Só se fala que o volante salva o Palmeiras, que é metade, que é 80% do time, até o 100%...

Dos tentos, é 33%. Foram seis marcados no Paulista pela equipe alviesmeraldina, dois do camisa 20 neste último jogo. Marcos Assunção deu passe para outros dois (aLeandro Amaro contra o Bragantino e a Fernandão contra a Catanduvense). Assim, contando a participação nos lances de gol, a fatia sobe para dois terços.

Apenas dois gols não tiveram o que se pinta como toque de Midas do volante (um de Maikon Leite, em jogada de Valdívia na estreia, e outro de Ricardo Bueno, ante a Lusa, em passe de Maikon Leite).

É fato que a proporção é alta e sustenta a tese da dependência absoluta do Palmeiras em relação a Marcos Assunção. Especialmente com poucos reforços e com baixas em relação a 2011.

Também confere que o time jogou pior do que a Portuguesa e mandou mal a valer ante os bruxos de Catanduva. Mas Fernandão e, principalmente, Ricardo Bueno cansaram-se de desperdiçar oportunidades.

Se tivessem trabalhado melhor, a conversa estaria diferente? Pouco importa porque futurologia do pretérito nem conta ponto na tabela nem muda a trajetória da redonda no gramado.

Em um debate acalorado na noite de quarta-feira, 1º, o alviverdíssimo e amigo Paulo Donizetti defendia uma tese peculiar. A de que, taticamente, ter Marcos Assunção em campo significa jogar com dez em campo, exceto na hora de cobrar faltas perto da área ou tiros de canto. É defender com um homem a menos e, com a bola rolando, muito pouca coisa na articulação e armação de jogadas.

Ora, um volante que marca mal e permite buracos na retaguarda – em vez de cobrir esses vazios – significa problemas. Para alguém que joga recuado no meio, não haveria função primordial de criação, mas errar passes é complicado.

A avaliação é de que, em sua ausência, outro jogador bateria escanteios conquistados pelo Luan e as faltas sofridas pelo Valdívia. Assim, os gols com assistências poderiam sair. Restam as faltas.

O discurso poderia até ser interpretado como soberba e falta de reconhecimento em relação ao carequinha que acumula 102 atuações pelo Palmeiras, com 19 gols de falta – um a cada cinco jogos. Batedor oficial de tudo menos lateral e tiro de meta, ele tem sido regular ao participar da formação de lances de perigo para os adversários, o que também conta.

Como quatro jogos e seis balançadas de rede é muito pouco para ser estatisticamente relevante, tese merece alguma reflexão. A falta de efetividade do resto do time continua a preocupar.


Curioso que o site do próprio Palmeiras estampa "Marcos Perfeição" na página inicial.



Foto: Reprodução/Palmeiras


Sigo longe de defender que Luiz Felipe Scolari e seu fiel escudeiro Murtosa saquem Marcos Assunção do time. Preferiria que colocassem na forma os pés da turma que é remunerada para atacar. Ou, quem sabe, o problema seja ótico. Ou ainda cármico ou metafísico. Mas isso já não tem a ver com tática nem com técnica.

sexta-feira, janeiro 27, 2012

Paixão Corinthiana: crônicas de Vitor Guedes contam a história do Timão

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Crônicas sobre o Corinthians e os corinthianos escritas por um orgulhoso membro do Bando de Loucos. É do que se trata o livro Paixão Corinthiana, do jornalista Vitor Guedes. Com textos leves e bem-humorados, os personagens e as histórias do livro revelam a alma corinthiana (com “th” mesmo, questão de preferência do autor, que coincide com a da maioria da Fiel) como só um dos 30 milhões de seus torcedores poderia fazer

Os textos tratam de diversos aspectos da trajetória do clube, contando a história de lances como o gol de Basílio na final do campeonato paulista de 1977, lembrando ídolos eternos da Fiel e títulos inesquecíveis. Mas o personagem central é o torcedor, que aparece em episódios históricos como a invasão da torcida no Maracanã, nas semifinais do Brasileiro de 1976, e em cenas curiosas como a de uma paquera no metrô ou no elevador. É o corinthiano retratado na melhor prosa, e também em verso.

Vitor Guedes assina diariamente a coluna Caneladas do Vitão, no jornal Agora São Paulo, e também é responsável pelo BandNews Pra Toda Obra, coluna que acompanha a construção do estádio do Corinthians. Também é pai do jovem alvinegro Basílio, o que deixa claro o tamanho de sua devoção pelo clube. A orelha do livro é escrita pelo ex-jogador Basílio, e o prefácio é da jornalista Marília Ruiz.

Para saber mais, acesse aqui o site oficial do livro, publicado pela Publisher Brasil em parceria com este Futepoca. O lançamento oficial acontece na próxima segunda-feira, 30, às 19h, no Artilheiros Bar (Rua Mourato Coelho, 1194 - Vila Madalena - São Paulo).



segunda-feira, janeiro 23, 2012

Corinthians vence Mirassol na estreia do Paulistão

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No último sábado, o Corinthians venceu de virada o Mirassol pela primeira partida do Campeonato Paulista 2012. Sobre o bom resultado tenho pouco a falar, pois não vi o jogo. O que li e ouvi por aí é que o Mirassol começou melhor e dominou o jogo no primeiro tempo, abrindo 1 a 0.

Na segunda etapa, Tite trocou William por Jorge Henrique – o que só é relevante por demonstrar alguma recuperação de espaço pelo baixinho com o treinador – e a coisa melhorou um pouco. Mas só se resolveu quando lá pelos 20 e poucos minutos o jogador Alex Silva foi expulso. Aí, Adenor ousou, trocou Paulo André por Elton e Alessandro por Danilo. No abafa, o centroavante empatou e Alex fez a jogada para a zaga interiorana marcar contra.

Resgato os fatos para discuti-los por meio dos dois amistosos disputados nas duas últimas semanas. Segundo consta, a grande dúvida de Tite era entre usar Danilo e Alex no meio campo – formação que ganhou o primeiro tempo com dois presentes da zaga do Flamengo – ou trocar o primeiro por William, que joga mais aberto – opção utilizada no OxO do primeiro tempo contra a Lusa.

Além dos resultados, a dinâmica apresentada pelo time indicava que a melhor opção era a primeira. Danilo prende mais a bola e completa bem o futebol de Alex, que é melhor no passe e no chute de longa distância. Além disso, circula mais e divide as atenções dos marcadores adversários no meio campo. Já William, seja por característica ou ordens superiores, fica muito aberto na ponta, isolando Liedson e Alex.

Tite, no entanto, optou pelo atacante. Não se pode atribuir apenas a isso o domínio mirassolense. O time do interior começou sua preparação já há dois meses, visando exatamente o estadual, enquanto o Timão só voltou das férias há uns 20 dias. Mas é importante que Tite fique atento para o fato.


Copinha


Enquanto isso, os garotos sub-18 do Corinthians cumprem excelente campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior. No mesmo sábado, sacolaram o Atlético Paranaense por 6 a 0 e garantiram um lugar na final do evento, contra o Fluminense – segundo maior vencedor do torneio na história, com 5 títulos contra 7 do Timão.

Mas mais que o resultado, impressiona a consistência do time e o número de bons jogadores - apesar de nenhum craque saltar aos olhos. Até aqui, são 28 gols marcados e apenas 1 sofrido, sempre tomando a iniciativa, marcando no campo do adversário e controlando o jogo. A zaga de Marquinhos e Antônio Carlos é boa, encara os marcadores e sabe sair jogando com tranquilidade. No meio campo, os dois volantes sabem tratar a bola, sendo Gomes mais marcador e Anderson quase um meia, com belos passes verticais – característicos da equipe.

Matheus (que deixou de lado um diminutivo no meio da competição) é um meia canhoto habilidoso e Giovanni um destro aguerrido e de muita personalidade. No ataque, que talvez seja o setor mais fraco, está o técnico Leonardo na movimentação e o grandalhão Douglas na centroavância.

Esse último, é uma incógnita. Com 18 anos, tem 1,87 m e mais de 90 quilos, o que lhe dá uma vantagem física impressionante. Em alguns jogos, demonstrou inequívoca falta de intimidade com a bola, matando várias de canela e errando passes absurdos. Em outros, como na semifinal, fez bem o papel de pivô e marcou gols de todo jeito – no caso, 3, um em chute colocado, outro forte e de direta (o pé ruim) e o terceiro em oportunismo típico da posição. Na reserva dele, está Leandro centroavante mais técnico e inteligente, mas obviamente menor. Acho que cabe a aposta no grandão – que se conseguir se entender com a pelota, tem vantagens naturais importantes. Isso tudo vale ganhe ou perca do Fluminense, que não vi jogar.

Em outras equipes, interessante o meia palmeirense Bruno Dybal, bem como o também meio campista Pedro Castro e o atacante Neilton, ambos do Santos.

Na equipe peixeira, o mais curioso no entanto é o modo de jogar, com muita movimentação e jogadores habilidosos. Segundo esse texto do Olheiros, foi uma opção consciente da diretoria santista tomada antes mas muito acelerada após a lavada tomada frente ao Barcelona. Decidiram priorizar jogadores leves e habilidosos e montar um time ofensivo – características que vêem como parte do DNA santista. Bonita ideia. Quero ver convencer o Muricy.