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sábado, setembro 01, 2012

Paradoxo: esperança de Serra em ir ao segundo turno pode estar no crescimento de Haddad

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Não é novidade pra ninguém que a semana foi péssima para o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra. Primeiro, a pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira, mostrava uma queda de cinco pontos de sua candidatura e, dois dias depois, o Ibope já apontava um empate técnico do tucano com Fernando Haddad na segunda colocação. Agora, a campanha serrista tem como objetivo garantir a ida do eterno presidenciável ao segundo turno, ainda que o tom agressivo possa prejudicá-lo – e muito – em uma eventual segunda volta.


Pesquisas não têm deixado Serra feliz
Mas, a essa altura, as opções de estratégia para o PSDB são poucas. Junto com o petista, Serra tem o maior tempo no horário eleitoral e, mesmo assim, minguou nas pesquisas. Analisando os dados do Datafolha, ele perdeu votos em quase todos os estratos da população, exceção feita àqueles que ganham entre 5 e 10 salários mínimos, onde cresceu três pontos. Mesmo assim, nessa faixa Russomano cresceu seis, enquanto Haddad e Chalita oscilaram positivamente dois pontos cada.

Embora o crescimento de Haddad e a queda de Serra possam sugerir que o petista cresceu em cima do provável eleitorado tucano, isso pode ser verdade apenas em parte. Na faixa daqueles que ganham até dois salários mínimos, por exemplo, o Datafolha mostra Haddad crescendo nove pontos, exatamente a soma do que perderam Russomano (2) e Serra (7). Entre aqueles que se declaram simpatizantes do PT (25% dos entrevistados), Haddad cresceu 15 pontos, enquanto Russomano perdeu quatro, e Serra, seis. Já entre tucanos (9% dos pesquisados), Serra perdeu 15 pontos e Russomano ganhou 16, enquanto o petista perdeu 3 pontos. Ou seja, os dados podem indicar que Haddad tem, sim, tirado votos do candidato do PRB, que tem compensado essa perda ao tirar votos do pessedebista, mantendo-se estável.

O Ibope vai no mesmo sentido, mostrando que Serra estaria cada vez mais confinado eleitoralmente em seu reduto, o centro expandido de São Paulo. Antes do horário eleitoral, 59% de seus eleitores estavam nessa região e, agora, são 69%. Ele perde votos e vê sua rejeição aumentar no resto da cidade e, com Haddad crescendo e Russomano com um eleitorado que parece consolidado, sua estratégia para ir ao segundo turno é se firmar como o “anti-PT”, explorando a rejeição do partido em São Paulo e tentando mostrar ao eleitorado conservador ser a melhor opção para derrotar os petistas. Não é à toa que os ataques contra a campanha de Haddad começaram cedo demais nas hostes tucanas, destoando dos programas de rádio e TV dos rivais.

No entanto, as estratégias dos adversários não favorecem o estilo agressivo de Serra. Chalita, por exemplo, bate na tecla da “terceira via”, condenando o suposto Fla/Flu entre PT e PSDB (o que tem favorecido mais Russomano do que o próprio peemedebista, como lembra Rodrigo Vianna). Enquanto isso, Haddad prega o “novo”, mostrando realizações suas como ministro, mas o “novo” permeia também outras candidaturas. Assim, nada parece mais antigo aos olhos do eleitor do que a candidatura tucana, que carrega ainda o ônus de uma administração mal avaliada como a de Kassab. O jeitão da campanha tucana na TV e no rádio também cheira a mofo.

A esperança de Serra pode ser Haddad

Como Maluf, um candidato competitivo de outras épocas, Serra desfila uma série de realizações (“obras”) na televisão. Usando, aliás, um método semelhante, bastante criticado pelos adversários em tempos idos, a tal “apropriação” de feitos alheios: obra que ele iniciou, projetos pegos no meio do caminho ou finalizados em sua gestão, tudo passa a ficar no mesmo bolo e figura como realização exclusivamente sua. Até os CEUs, obra da ex-prefeita Marta Suplicy, viraram “CEUs do Serra”, um jogo duplo que pode significar que os “seus” CEUs são melhores que os originais (difícil dizer, já que ele não finalizou nenhum em seu curto período como prefeito) ou que podem ter sua criação vinculados a sua obra e graça. Vendo a propaganda tucana, tem-se a impressão que Serra governou a cidade por oito anos, participando ao mesmo tempo do governo do estado. Um político “onipresente” mas que, aos olhos do eleitor, parece bastante ausente...

Assim, a grande esperança de Serra ir ao segundo turno pode estar justamente no crescimento de Haddad. Caso o petista continue avançando, vai tirar votos do atual líder das pequisas, principalmente nas franjas da cidade, e as pesquisas mostram que esse espaço de crescimento existe. Se o tucano conseguir estancar a sua queda, é possível que o crescimento do petista desidrate o desempenho de Russomano e mantenha os dois candidatos, do PRB e do PSDB, em patamares mais próximos, dando chances de Serra ir à rodada final. 

E, com um Haddad mais "robusto" nas pesquisas, o discurso antipetista faria mais sentido para parte do eleitorado paulistano que rejeita o partido. Novamente, o medo seria a mola propulsora do tucano. Obviamente, o cenário idílico para Serra seria Haddad não ultrapassá-lo, mas o histórico das eleições paulistanas, já citado aqui, e o andar da carruagem mostram essa possibilidade bem distante. Diante disso, restaria ao tucano se credenciar como o mais indicado para bater o PT.

Mesmo indo desgastado para o segundo turno, o tucano provavelmente apostaria no vale-tudo já usado em outras ocasiões e, ao menos, evitaria repetir o vexame de Geraldo Alckmin em 2008. A propósito, outra aposta do PSDB reside justamente nas aparições de Alckmin. Para quem não lembra, sua presença foi decisiva na vitória de Serra em 2000, quando o tucano disputava a ida para o segundo turno com Marta e Maluf. No entanto, a recíproca não foi verdadeira nas eleições de 2008, ocasião em que os serristas não se esforçaram pelo candidato do seu partido e Kassab deixou o atual governador de São Paulo fora do segundo turno. Ali, Alckmin teve 22,48% dos votosválidos, enquanto Serra tem atualmente 26,5% (descontando indecisos, brancos e nulos, segundo o Datafolha). Será esse o piso eleitoral tucano em São Paulo ou o buraco seria mais embaixo?

terça-feira, agosto 28, 2012

O video de Aécio supostamente bêbado e a pergunta: quem nunca?

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Este blogue, por uma questão evidente de coerência, vem defender a pessoa do senador Aécio Neves, a despeito das diferenças políticas abissais que possamos ter com ele. O vídeo acima, que vem fazendo sucesso nas redes e mostra o tucano aparentemente embriagado, tem servido para uma série de ataques que beiram (ou carregam e atravessam) a hipocrisia. Quem nunca tomou um porrezinho, ficou em um estado semelhante ou conhece alguém que tenha procedido de modo similar? Às vezes nem precisa ser com álcool, pode ser um remedinho a causar tal efeito, que o digam Lúcia Hippolito e Fernando Vanucci.

"Ah, mas se fosse o Lula, a imprensa ia cair em cima." Verdade, mas daí a fazer o papel da dita imprensa e se igualar a ela... Não precisa, né? Antes o principal defeito de Aécio fosse tomar umas a mais vez ou outra. Se ele estivesse dirigindo, agredindo alguém ou causando dano a terceiros, uma reprimenda indignada ou mesmo a aplicação dura da lei seria algo justo, mas não é o caso. Parece até que dá uma generosa gorjeta ao atendente.

Deixem o homem tomar uma, pô!

domingo, agosto 26, 2012

Corinthians 1 X 2 São Paulo - Para “elevar o moral”, ainda que só por enquanto

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POR MORITI NETO



Que o time do São Paulo é instável e faz uma temporada apenas mediana, é dispensável comentar, por tão óbvio. Ao torcedor tricolor que, neste ano, viu os principais rivais campeões e já é chamado de “quarta força” no atual contexto do futebol paulista, um post menos sisudo cai bem após a grande vitória contra o Corinthians, ontem, no Pacaembu.
Fabuloso conhece... (Por Rubens Chiri/saopaulofc.net)
Primeiro: ganhar do maior rival é sempre delicioso. Segundo, porque foi de virada. Terceiro: a quebra do “tabu” de seis derrotas seguidas no estádio Paulo Machado de Carvalho. Quarto, a vitória veio num belíssimo jogo em que, aliás, o cenário começou bastante desfavorável aos visitantes, causado pela forte pressão desde os primeiros toques na bola por parte dos donos da casa.

De cara, o Corinthians procurou impor o estilo característico de marcar no campo adversário e tomar a redonda perto do gol. Deu certo. Nos primeiros 15 minutos, o Tricolor não conseguia jogar, nem mesmo articular um contra-ataque. O abafa enervava os são-paulinos, que não sabiam como e com quem sair da defesa. Nesse ritmo, aos cinco minutos, Paulinho, num cochilo de Paulo Assunção, desarmou saída de jogo. Rápido, o volante corintiano invadiu a área. De frente para Rogério Ceni, passou para Emerson Sheik bater de perna direita e fazer 1 x 0.
A ducha gelada provocada pelo gol no início, o palco do Pacaembu, a falha individual e o estado aparentemente grogue do time, remetiam o são-paulino ao histórico recente de contundentes derrotas para o adversário. O momento frágil de um clube e o de conquistas de outro davam a impressão de leveza nas camisas alvinegras e de peso nas tricolores.
              

Contudo, o futebol também existe para ceder espaços a reviravoltas. Principalmente, quando o ídolo joga o que sabe e consegue se equilibrar em momentos decisivos. E, na peleja de ontem, era um jogador que retornava aos gramados – após outra entre tantas contusões – quem inverteria a lógica reinante nas mesas de bar.

Luis Fabiano jogou demais. Aos 24, recebeu de Lucas, que vinha em bela arrancada. No canto direito do ótimo goleiro Cássio, cruzou o disparo rasteiro para empatar. O gol, na verdade, fez muito mais do que igualar o placar, reanimou os são-paulinos e retirou o ímpeto dos corintianos. Graças a ele, o desenho do segundo tempo seria outro.
Na etapa final, a posse de bola inverteu-se. Denílson batia com Paulinho e anulava as subidas do ótimo volante adversário, tantas vezes escoadouro nas ações ofensivas do Corinthians. Ney Franco, que havia invertido os laterais no primeiro tempo, puxando Douglas para a direita e Paulo Miranda à esquerda, perdendo a saída de bola nesse lado, mas fortalecendo a marcação, tinha participação importante no confronto.

O ritmo alvinegro caía. E os méritos eram tricolores. Assim, foram necessários 16 minutos para que a virada ocorresse. Jadson deu ótimo passe. O Fabuloso arrancou, deu meia-lua em Cássio e rolou até as redes. Golaço. Comemoração intensa do atacante, que batia no peito e parecia querer dizer da importância que tem no clube.
São 22 gols em 27 jogos na temporada. Artilheiro, inclusive entre os que lideram a lista de goleadores do Brasileiro. Precisa é manter o equilíbrio, indispensável não só no aspecto disciplinar, mas também para ser decisivo.

Final de jogo, fim de primeiro turno no Campeonato Brasileiro. O São Paulo consegue passar da casa dos 30 pontos (está com 31) e virar ao returno entre os cinco primeiros da tabela. Não é ruim para um time que perdeu três seguidas não faz muito tempo, com direito a vexames, como os 3 x 0 contra o Náutico.
Não dá para fazer planos. O Tricolor é imprevisível ainda. Necessita, antes de tudo, priorizar jogar bem, encontrar um jeito convincente e regular de atuar. Com elenco completo, pode funcionar. Por enquanto, saboreemos o prazer de vencer de virada, com quebra de tabu e meia-lua, o rival. Carência? Pode até ser, mas que é bom para “elevar o moral”, isso é.

sábado, agosto 25, 2012

Santos bate Palmeiras de virada com dois de Neymar

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Antes da partida, quase toda a mídia esportiva lembrava que o Santos, recentemente, tem levado a pior contra o Palmeiras, mesmo em ocasiões nas quais tinha time superior (o que é verdade). E também destacando que Neymar tinha, até a partida, 29% de aproveitamento contra o Alviverde. Esta, a propósito, era uma das três matérias negativas em relação a Neymar no portal Uol, nenhuma delas original. As outras duas diziam respeito a uma reportagem curiosa da Forbes sobre possíveis gastos excessivos do atacante (ah, como ele tem pais em todo o mundo) e outra comentando a respeito de um colunista do Ole que disse que o atacante praticava “futebol foca”, tal qual Cristiano Ronaldo. Realmente, está faltando pauta.

Sempre ele. (Santosfc)
Talvez por conta desse seu histórico contra o Palmeiras, o atacante foi individualista em excesso na primeira etapa, buscando resolver por conta própria quando nem sempre era a melhor opção. Com os donos da casa procurando mais o gol (ainda que sem criar muita coisa, exceção de um lance de Barcos, que tentou uma assistência para Mazinho), o Alvinegro não conseguia levar perigo nos contra-ataques, a exceção foi uma jogada do Onze santista, aos 29 minutos. Uma partida truncada, pegada e, nesse cenário, foi o Palmeiras quem marcou aos 41, uma grande finalização fora da área de Côrrea, que ainda tocou no gramado e ganhou velocidade antes de entrar.

No entanto, ainda no primeiro tempo, Ganso, que pouco fazia àquela altura, sofreu uma falta desnecessária de Valdívia que voltou pra mostrar “vontade”, ao marcar na intermediária. Neymar cobrou a falta que vale o adjetivo dos locutores de rádio de outrora: magistral, sem chances para Bruno.

Na segunda etapa, o Santos voltou tocando mais a bola, marcando melhor no meio de campo e não deixando o Palmeiras fazer a pressão que tentou no tempo inicial. Mais uma vez coube ao Onze peixeiro “achar” uma finalização no canto direito do arqueiro rival. A partir dali, deu pra perceber o quanto a situação palmeirense na tabela pesa. Jogadores errando passes fáceis, nervosismo e poucas chances efetivas de gol. As duas principais foram com Barcos. O avante desperdiçou diante de Rafael e, mais tarde, cabeceou certo mas esbarrou em uma defesa incrível do arqueiro santista.

Essa última finalização de Barcos, aliás, veio depois de uma oportunidade espetacularmente perdida por Ganso que, à frente do goleiro, preferiu dar o passe – errado – para o lado. Mas o meia, ainda santista, merece um capítulo à parte aqui.

O Santos consegue assim sua terceira vitória seguida, sendo duas em clássicos, e termina o primeiro turno em uma posição menos vexatória do que se ensaiava. Dos últimos quinze pontos, foram treze ganhos, e o sonho da Libertadores ainda está vivo, ainda que o caminho seja árduo e Neymar vá desfalcar o time em algumas ocasiões por conta da seleção.



Caso Ganso

Neymar tem muitos “pais”. É gente querendo dar lição de ética, moral, educação cívica, educação financeira, cortesia, relação com a mídia, gerenciamento de carreira, de como influenciar pessoas etc e tal. Mas Paulo Henrique Ganso, um jogador que pintou como grande estrela e, além de estagnar, retrocedeu, não conta com tanta gente na mídia e na imprensa esportiva, especificamente, lhe dando conselhos ou ensinando como proceder. Talvez porque alguns – ou muitos – joguem com a confusão e queiram mesmo que o jogador saia da Vila, ainda mais se for para times bem quistos pelos media, como um que “comprou” o meia no ano passado ou o outro que tenta levá-lo hoje.

Que pena, Ganso... (Ricardo Saibun / Santosfc.com.br)
Claro que veículos de comunicação são atores desse enredo, não os principais responsáveis pela situação do meia hoje. Estes são o próprio jogador e seu estafe, além da diretoria do Santos. Se a Forbes se preocupasse com a situação financeira de Ganso, e não de Neymar, veria que o meia perdeu alguns milhões ao não aceitar uma das propostas de contrato do clube, lá atrás. Talvez porque, autossuficiente, o jogador confiasse que iria receber uma proposta milionária pelo seu futebol. Todas as três propostas recebidas até agora (Porto, Inter e São Paulo) não são o que se pode esperar para um atleta que fez outrora atuações dignas de gala. Mas que muitos enxergam serem coisa do passado.

Uma rotina de contusões, operações e uma extrema instabilidade fora de campo fazem de Ganso uma incógnita no futuro. E o cenário de leva-e-traz que o envolve irritou Muricy Ramalho, que o protege em entrevistas mas que na coletiva pós-jogo de hoje espetou o colega de profissão e técnico do São Paulo, Ney Franco, ao afirmar que não sabia se poderia escalar o meia hoje, já que o “cara lá até escalou ele”. O fato é que a diretoria do Santos se vê acuada não só pela movimentação da DIS, que detém 55% dos direitos econômicos do atleta, mas também por clubes rivais e pela própria imprensa, que martelou durante toda a semana que a transação envolvendo Ganso estava concretizada e que era possível até mesmo ele atuar no clássico de domingo. Só esqueceram de “combinar com os russos”, no caso, o contratante Santos. 
 
Se Ganso sair pelo valor da multa, será ótimo para o clube, mas é pouco provável que isso aconteça sem seus investidores colocarem a mão no bolso, coisa que aparentemente eles não farão, a despeito de todo apreço que tentam passar ter pelo atleta. E, caso não seja negociado agora, a vida seguirá e o meia vai ter que lutar para recuperar o espaço nobre perdido na seleção, no coração dos santistas e na mente de quem gosta de futebol bem jogado.

quinta-feira, agosto 23, 2012

O centenário de Nelson Rodrigues, sob a ótica de Latuff

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Melhor tradução da obra de Nelson Rodrigues em uma imagem. Obra do Latuff.


A estreia dos candidatos no horário eleitoral de São Paulo

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O que muitos consideram o pontapé inicial de fato na campanha eleitoral foi dado ontem, quando os candidatos a prefeito de São Paulo fizeram sua primeira aparição no horário eleitoral (não) gratuito. Na verdade, em inserções eles já haviam aparecido no dia anterior, mas com mais tempo as estratégias de TV ficaram mais evidentes.

Paulinho da Força, em seu primeiro programa, usou a velha cantilena da “biografia comovente”, realçando a "infância pobre" na qual só comia macarrão e tomava guaraná no Natal, para depois ressaltar seus feitos na luta pelos direitos dos trabalhadores. Uma reprise de Sessão da Tarde. Melhor fez Celso Russomano, cujo programa explorou sua afinidade com as câmeras, além de mostrar seu "contato com o povo", aquele abraça lá e beija aqui de toda eleição. Isso foi quase metade do seu tempo, a outra ficou a cargo do vice D'Urso contando uma parábola, algo pouco usual (pra não dizer bizarro), e que provavelmente faz parte da tentativa do candidato de se aproximar da classe média. Se a ideia foi essa, deveria ter escolhido uma historinha melhor...

Soninha e a bicicleta: reforço da marca
Soninha Francine investiu no seu público preferencial, com uma linguagem audiovisual jovem. Mas também teve o lado “família”, aparecendo com suas duas filhas. Uma delas, Sarah, disse que a mãe é “bem ecológica". “Ou tá a pé, ou de bicicleta, ou de metrô, ou de carro. Quando tá de carro, só abastece com álcool", falou, sobre a mãe. É bom lembrar que há controvérsias sobre se o álcool polui menos que a gasolina, mas deixa pra lá.

"Homem novo para um tempo novo", o slogan de Fernando Haddad permeou todo o seu programa, tecnicamente bem feito, praticamente apresentando o petista ao eleitorado não com narração em off, como os rivais, e sim com o próprio candidato se expondo. Haddad anda por muitos lugares de São Paulo durante o programa, e a música triunfante às vezes dá a impressão de que o petista é uma espécie de herói talhado para resolver os problemas da cidade. Troças à parte, o programa vincula Haddad a Lula e Dilma, frisando o sentimento de mudança que está bem patente nas sondagens eleitorais, e ataca Serra dizendo que São Paulo não quer mais prefeito de “meio mandato ou de meio expediente”, embora o candidato cometa o ato falho de que vai ser um prefeito que irá trabalhar "de manhã e de noite", deixando uma certa dúvida sobre o que fará no período da tarde.

Já o programa de Gabriel Chalita confirmou sua estratégia de campanha: a de ser a dita terceira via. Conseguiu explicar bem no tempo que tinha disponível essa linha, ao usar o exemplo das UPAs, programa do governo federal que não existe em São Paulo, segundo ele, por conta da rixa entre tucanos e petistas. A paternidade é reivindicada para o seu partido, o PMDB e, como ele tem "amizade" com Alckmin e é "amigo de Dilma", seria o mais apto para aparar as arestas que atrapalham o desenvolvimento da capital paulista. Conseguiu fazer a crítica a PT e PSDB sem ser agressivo, na base da “paz e amor”, perfil que conquistou muitos professores da rede estadual, ainda que não tenha feito uma gestão brilhante à frente da Secretaria de Educação. Atentem para esse homem, que pode crescer, principalmente com a troca de farpas alheia.

E o dileto José Serra? Até arriscou uma aproximação com a linguagem jovem, faixa na qual ele tem 50% de rejeição, ao usar um "tudo junto e misturado" em sua fala, contudo, só transpareceu mais ser aquilo que se chama "tiozão". Também fez as vezes do ausente mais presente das eleições paulistanas ao expor obras e supostas obras, lembrando Paulo Maluf. Justifica-se, já que o pepista, apesar de aliado ao PT, teve seu espólio transferido para a dupla Serra/Kassab em 2004 e 2008, agora disputado também pelo ex-malufista Russomano (que espectro esse Maluf, hein?). Embora seja uma canção original (sic) de sucesso, "Eu quero Serra, eu quero já" tem tudo pra saturar o ouvido do eleitor, talvez fazendo um efeito contrário do que o pensado pelos tucanos.

Gianazi, a despeito dos recursos e tempo exíguos, poderia ter feito um programa mais criativo, cuja produção parece improvisada. Gente para fazer melhor que isso o PSOL tem.

Recopa Sul-americana: Santos chega perto da vitória, mas só empata com La U

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Santos e Universidad de Chile fizeram a primeira partida da Recopa, que envolve o campeão da Libertadores e o da Sul-americana de 2011. As duas equipes, semifinalistas da Libertadores de 2012, não passaram do zero a zero, o que faz com que Alvinegro Praiano precise de uma vitória no Pacaembu para assegurar o título.

Peixe não nadou na chuva (Santos FC)
O Santos fez um primeiro tempo melhor que a equipe chilena, marcando no campo adversário e aproveitando a fragilidade da retaguarda rival, que teve o trabalho ainda mais dificultado pelo dilúvio que caiu antes do jogo, transformado em chuva insistente durante o tempo normal. Foram os visitantes que quase chegaram lá em duas oportunidades, uma com Ganso, que isolou uma bola em finalização de dentro da área depois de assistência de Neymar; e outra com o próprio Neymar, que sofreu falta fora da área, marcada erroneamente como pênalti em lance difícil. O garoto também isolou a bola ao escorregar na cobrança, para delírio dos “antis” (só pra usar um termo da moda no mundo boleiro). A mesma área também caçoou do arqueiro Johnny Herrera, que escorregou em reposição de bola. O gramado molhado fez outras vítimas durante a peleja.

Na segunda etapa, o Peixe jogou mais no contra-ataque, enquanto os chilenos buscaram o gol e pressionaram, sem tanta contundência. Já na segunda metade do tempo final os peixeiros começaram a se sentir mais à vontade, aproveitando-se do cansaço aparente dos donos da casa. 

Quase a vitória saiu em um lance da gala de Neymar que, parado em frente a um marcador, finalizou no travessão. As parcas finalizações do jogo (sete do Universidad e três do Santos) mostraram um dos motivos que resultaram na eliminação de ambos na Libertadores: muito toque, muitos passes e, às vezes, falta de anseio de definir. O jogo de volta, sem chuva, tem tudo para ser melhor.

domingo, agosto 19, 2012

Santos 3 X 2 Corinthians - para refrescar a memória do Fenômeno

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Esse aí era o tuíte do ex-atacante do Corinthians entre 2009 e 2011 após o clássico em que o Santos venceu o Corinthians na Vila Belmiro, hoje. Procurei, mas não achei nenhuma reclamação do empresário em duas partidas de 2010 envolvendo as duas equipes, a não ser o queixume em relação a uma peleja do campeonato paulista, quando reclamou que alguns meninos santistas estariam “fazendo gracinha”. Hoje, ele ganha dinheiro com a imagem de um desses meninos e talvez pudesse até ganhar mais alguma coisa, caso a transferência do garoto para o Real Madrid tivesse dado certo.

Mas as duas partidas das quais Ronaldo não reclamou naquele ano foram um Corinthians 4 X 2 Santos, no Pacaembu, e um Santos 2 X 3 Corinthians, na Vila. Na primeira, Marquinhos fez o tento que seria o de empate para o time praiano (aqui e aqui). Já no segundo jogo, um impedido Danilo fez o passe para Paulo André marcar o gol da vitória corintiana (aqui e aqui). Também não lembro de nenhum repórter se portar indignado “exigindo” atitudes do treinador da equipe prejudicada, como vi hoje com um sentimento de vergonha alheia na coletiva dada por Tite.

Erros acontecem, é justo o prejudicado se mostrar indignado. Mas parte da mídia esportiva e do meio futebolístico levam a coisa ao limite tão desnecessário quanto o empurrão de Guilherme em Neymar no final do jogo. Mais “equilibridade”, Tite.

*************

A partida em si foi um jogo movimentado, rápido, que mostrou coisas novas e nem tanto. Em relação ao Corinthians, uma equipe concentrada, que no início dos dois tempos marca no campo adversário e depois joga no erro do rival. Forte nas bolas paradas à frente, já o Santos pena no mesmo tipo de lance atrás, o que não é novidade. Novo é o time da capital tomar gol desse jeito, assim como o Peixe fazer. 

Meninos curtem a casa (Ricardo Saibun/Santosfc.com.br)
Também é nova a movimentação santista no ataque, com Patito Rodriguez no lugar de Henrique e Adriano assumindo uma função praticamente de terceiro zagueiro. Embora na etapa inicial isso tenha criado um buraco no meio de campo no qual o Timão deitou e rolou, no segundo, a equipe foi um pouco mais compacta, dificultando as ações adversárias, com Ganso voltando mais e particpando mais da partida, o que fez pouco na etapa inicial.

Pelo lado peixeiro, bela atuação do goleiro Rafael, que foi bem em duas finalizações de Romarinho, e de Neymar, que fez uma senhora jogada no primeiro gol do Santos, deu assistências e cobrou o escanteio do gol da vitória de Bruno Rodrigo. André já se mostra à vontade na casa que foi sempre sua e Patito cai nas graças da torcida pelo estilo impetuoso de atuar, sem tremer em seu clássico de estreia. Bons augúrios pelos lados da Baixada.

sábado, agosto 18, 2012

Eleições municipais: campanha na TV e rádio começa na terça

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A propaganda eleitoral na televisão tem início na terça-feira (21), com os candidatos a vereador, e na quarta, para os aspirantes a prefeito. Em tempos de domínio do marketing político, trata-se da grande aposta de muitos candidatos que estão atrás nas pesquisas eleitorais, sendo o ungido por Lula na capital paulista, Fernando Haddad, um deles. Aliás, foi justamente o tempo de TV o responsável pelo momento constrangedor que ainda ecoa nas mentes de militantes petistas, o tal aperto de mão com Maluf, que certamente será explorado na TV e no rádio.

Difícil dimensionar qual o peso exato que a televisão terá nas eleições, mas certamente não será pequeno. Menos pelo horário em bloco que faz as pessoas assistirem à novela mais tarde e mais pela pelos chamados spots, que invadem os intervalos comerciais sem avisar (sim, o convencimento político pseudo-pós-moderno se dá em pílulas de 15 e 30 segundos). Nas eleições municipais, estima-se que a importância dos spots seja ainda maior do que nas eleições presidenciais, quando os candidatos dividem a atenção com pleiteantes ao Senado, ao governo do estado, ao legislativo estadual e à Câmara dos Deputados. Isso afeta também a distribuição das inserções, como lembra esta matéria do Valor: nas eleições de 2010, Dilma teve 229 inserções, enquanto Serra teve 158. Em São Paulo, o tucano e Haddad terão 689, quase o triplo do que teve a atual presidenta.

Outro dado da mesma matéria é relevante: em 2008, nas últimas eleições municipais, 77% dos prefeitos eleitos nas capitais tiveram o maior programa no horário eleitoral e 12% tinham o segundo maior. Só em Belém e Manaus candidatos que detinham o quarto tempo foram vencedores.

São Paulo

Nas eleições de 2008, o candidato a prefeito com maior tempo na televisão e no rádio era Gilberto Kassab, então no DEM, com 8m44s73, seguido por Marta Suplicy (PT), com 6m40s75, Geraldo Alckmin (PSDB), com 4m27s42, e Paulo Maluf (PP), com 2m30s46. A última pesquisa do Datafolha de antes do início do horário eleitoral apontava Marta com 36%, Alckmin com 32% e Kassab patinando com 11% das intenções de voto. A propaganda eleitoral começou naquele ano no dia 20 de agosto e, no levantamento feito nos dias 21 e 22, o tucano, que tinha o terceiro maior tempo, já perdia 8 pontos, com Marta indo a 41% e Kassab a 14%. Apenas uma semana depois da campanha televisiva, a diferença entre Alckmin e o então prefeito, que antes era de 21%, se reduzia a 8%.

Essa é, certamente, a esperança de Haddad em 2012, já que o petista tem índice semelhante (9%, conforme o Ibope) ao que o atual alcaide paulistano tinha em 2008. Ainda que não conte com a máquina municipal, tem, entre os dois oponentes que estão bem acima dele, um que conta com alto grau de rejeição (Serra), além de um candidato com bem menos tempo de rádio e TV, Celso Russomano. Mas as semelhanças com aquela eleição param por aí.

Enquanto o quarto postulante de 2008 era praticamente um”nanico com grife” que já não vislumbrava chance de vencer, Paulo Maluf, hoje existe um quarto nome que pode causar estragos nos três que estão acima. O deputado peemedebista Gabriel Chalita, candidato acostumado com as câmeras de TV principalmente em função de suas participações em programas de emissoras católicas, terá 4min22s, abaixo de Serra e Haddad, que terão direito a 7min39s cada um, de acordo com o TRE-SP. O líder nas pesquisas Celso Russomano (PRB) terá metade do tempo de TV de Chalita, 2min11s, próximo ao do pedetista Paulinho da Força, 1min43s. Soninha Francine, do PPS, terá 1min11s, Carlos Giannazi (PSOL), 57s, e Levy Fidélix (PRTB), 54 s.

Serra na campanha. Sorriso vai durar? (Fernando Cavalcanti/Milenar)
Pelo tempo de televisão e rádio, recursos à disposição e dado o histórico do PT na capital paulista, que tem um candidato entre os dois finalistas do segundo turno desde que este começou a valer, em 1992, seria catastrófico para o partido não ter Haddad em um segundo turno. Se a escrita valer e o petista for à segunda volta, quem seria seu adversário? 

A rejeição de Serra é alta (37% de acordo com o Ibope), mais que o dobro do segundo colocado, Levy Fidelix, com 16%. Claro que, no decorrer da campanha, isso pode mudar, mas além de seu patamar atual estar abaixo do que se poderia esperar, sendo o tucano o candidato mais conhecido, a tendência é que Russomano e Chalita disputem parte do seu eleitorado para buscarem o segundo turno. Em outras palavras, Serra e a gestão Kassab vão apanhar muito até o fim do primeiro turno. Russomano ainda teria que bater também em Haddad para conservar sua fatia do eleitorado nas hostes históricas do PT mas, sem muita exposição, terá que escolher seu rival prioritário em dado momento da campanha. Preparem-se para o show.

sexta-feira, agosto 17, 2012

Vascaína flamenguista

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No escritório, o vascaíno nem quis se conter:

– Caraca! A Gabi!

Sem esconder, o navegador aberto no Facebook apresentava uma galeria de fotos de uma moça bem formada, em mínimos trajes cruz-maltinos. Curvas à mostra nas areias de Itacoatiara, em Niteroi.

As reprimendas não tardaram. Em pleno ambiente de trabalho, olhar aquele tipo de conteúdo não pegava bem. Quer dizer: facilitava as piadas. A troça veio junto.

Gabi era conhecida dos tempos de colégio. Cinco anos mais nova, era a bonitona daquela geração. Ainda no ensino fundamental, se misturava com os meninos mais velhos, do ensino médio. Era mal quista pela concorrência e alvo de suspiros da molecada. Nunca se soube de interesse pelo futebol. Anos mais tarde, o Facebook reaproximou a turma. O reencontro não ultrapassou o convite para ser amigo, o "aceitar" de quem não se encontra pessoalmente há muito tempo, e uma ou outra atualização de foto do cachorro, de um retrato posado de família ou coisa assim.

As imagens na praia, de biquíni, em diferentes ângulos, eram parte de um concurso de gata do Brasileirão de algum site esportivo que tenta juntar os carros-chefe de audiência em portais (futebol e moças em trajes menores). Para ser mais preciso, o book improvisado era apoio à plataforma de candidatura da moça: material "extra" para engajar admiradores e torcedores pelas mídias sociais.

Os céticos da firma ampliavam o tom das piadas a cada nova foto aberta.

– Colega de escola nada, o cara conhece a moça é de outros fóruns  –  acusou o corintiano.

– Nada! Daqui a pouco ele muda a versão, diz que é uma prima  – agravou o flamenguista.

O vascaíno, sem se abalar com a jocosidade dos colegas, ainda demonstrava a surpresa de quem revia a Gabi em uma versão bem menos recatada do que aquela que habitava a memória do tempo de adolescente. Ele só conseguiu conter a turma quando revelou:

– O ruim é que fica muito claro que ela não tem a menor intimidade com futebol, sabe?

Ninguém sabia.

– No perfil do site, tem lá a pergunta: "Maior ídolo vascaíno"  –  contextualizou o vascaíno. – A menina vai e responde: "Romário". Romário? Romário?  – inconformava-se. O baixinho, aliás, conseguiu na Justiça o direito de penhora de 5% dos direitos econômicos de quatro atletas vascaínos, por conta de direitos de imagem e salários não pagos à época em que era jogador do clube.

A alegação era simples. Roberto Dinamite é presidente do clube. Juninho Pernambucano ainda joga, Dedé é promissor. Até Edmundo poderia ter mais apelo em seus cálculos de torcedor. Outros ídolos até Ademir Ademir de Menezes, o Queixada, afloraram em uma escalada de indignação até a conclusão:

– Como Romário é ídolo maior? Tu é flamenguista, menina?!

A consternação era a de quem dá uma bronca em quem reencontrava, ainda que via Facebook.

Mais do que o tom indignado, o que convenceu parte da turma foi o fato de o cabra ter lido as respostas da moça. Dos onanistas que tinham visitado a tal enquete para eleger a gostosona do campeonato, nenhum tinha sequer reparado que havia algo além de fotos para se olhar.

O gremista na baia ao lado até comentou que o vascaíno tinha ido ler para saber se a candidata tinha, sei lá, revelado o nome do primeiro namorado ou alguma informação que o abonasse. E as piadas acabaram.

quinta-feira, agosto 16, 2012

Santos vence a primeira fora de casa. Milagre de São Neymar

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Logo depois de disputar o amistoso pela seleção brasileira contra a Suécia (valeu, Mano), o atacante Neymar retornou, de jatinho fretado, para o Brasil. Após 14 horas de viagem, chegou às dez, pela manhã, desta quinta. Querendo jogar. A decisão de entrar em campo hoje foi do craque alvinegro, segundo a diretoria do Santos. O atleta e seus patrocinadores, não o clube, bancaram sua viagem de volta.

Sou contra um jogador atuar com tão pouco tempo de descanso. Mas parece que o menino queria esquecer as Olimpíadas, chegar logo no lugar em que se sente à vontade. Sua “casa móvel”. Ver seus amigos, reencontrar André, o filho pródigo. E quem não gosta de chegar em casa depois de uma situação estressante? E há quem julgue e condene o garoto até por gostar do seu lar.

Perdeu um gol incrível, aos 29 da primeira etapa. Pensei: “tá vendo, não é pra ele estar jogando, nem deu pra se adaptar ao fuso horário”. Logo depois, o volante Túlio, notório carniceiro, deu um carrinho sem bola no Onze. Cartão vermelho que equilibrou o jogo, pois o lateral Juan tinha sido expulso aos 9, depois de uma falha coletiva impressionante do Santos na qual o atleta (desta vez) foi dos que teve menos culpa. De resto, Rafael, na sua reestreia após a contusão da seleção brasileira (valeu, Mano), fez pelo menos duas defesas importantes.

Na etapa final, o gol do Figueirense parecia querer confirmar o medonho retrospecto peixeiro fora de casa, aos 3 minutos. No entanto, Neymar, em jogada rápida e depois de passar por dois marcadores, fez o primeiro tento do Santos no Brasileirão fora de casa. Sua rapidez daria o ar da graça em outras jogadas e a defesa do Figueirense foi sendo minada até ruir em jogada individual de Bruno Peres. A defesa catarinense se preocupou com Ganso e Mirales, enquanto o lateral marcou o gol (requintado) da virada.
Boas recordações para o santista. Farão igual? (Twitter)

E Ganso, apagado na partida, também fez o seu depois de fazer um belo passe para o santo Neymar, que devolveu com sobras o presente para o meia alvinegro. Rafael chegou a evitar um segundo gol dos donos da casa, mas o Peixe, agudo, também foi algumas vezes à frente ameaçando a meta do Figueirense. 

Depois do apito final, o torcedor teve esperanças de, talvez, chegar a uma Libertadores em 2013. Com Neymar jogando livre e não confinado a um quinhão do gramado (viu, Mano?) o Santos é uma outra equipe, mas as novas peças da equipe podem permitir a Muricy fazer uma equipe que jogue um pouco mais bonito do que as formações que vinham atuando ao longo do Brasileiro.

Ney Franco, crise no São Paulo e mensalão

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Da série "Oi? Acuma?":

"[O sentimento] Não é de vergonha, com certeza. A gente não está fazendo nada errado. Não fazemos parte do mensalão, não estamos roubando ninguém. Estamos todos os dias no CT, tentando fazer ajustes no time, e podemos sair na rua de cabeça erguida"
(Ney Franco, técnico do São Paulo, a respeito da má fase e da derrota do Tricolor para o Náutico por 3 a 0. Será que a crise no Morumbi e o gol contra do Rogério Ceni também são culpa do Lula?)

quarta-feira, agosto 15, 2012

Romário solta o verbo contra a Veja: "revista de m..."

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Mostrando que o Futepoca também sabe fazer "jornalismo (sic) de Twitter", abaixo as declarações de Romário sobre a nota da revista Veja (provavelmente esta aqui) na qual o jornalista Lauro Jardim diz que a verba de gabinete do deputado continuou sendo gasta no período em que ele comentou as Olimpíadas pela Record.

Mas o gabinete de Romário deveria parar de funcionar com ele fora? Se for assim, gabinetes darão expediente dois ou três dias por semana em Brasília...

A 666 dias da Copa, arquibancada do Estádio Mané Garrincha está a um dedo de completar anel

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Não é efeméride, porque o número não é redondo. Mas é para lá de cabalístico. Faltando 666 dias, um efeito Orloff aplicado ao Estádio Nacional Mané Garrincha.

Quando pus os pés, embalados em sapato social, de mudança para Brasília, as obras do Estádio Nacional Mané Garricha estavam 50% concluídas. Isso quer dizer que, do anel superior, a parte de concreto das arquibancadas, só tinha pilares a meia altura. Muito vergalhão de aço galvanizado, guindastes, operários trabalhando a todo vapor, otimismo de uns moradores, dúvidas e ceticismo de outros tantos.

Faltavam 845 dias para a Copa.

Fotos: Futepoca

 

Fotos de 18 de fevereiro, era um sábado ainda de verão, muito anterior ao período de estiagem. Saudosa memória de seis meses atrás, uma época saudosa em que ainda havia nuvens no céu de Brasília, a relva estava verdejante e o ar, bem mais respirável. A arena nem vislumbrava arquibancada.

Hoje, ao passar por lá, vi que falta praticamente um "dente" para o anel de concreto estar concluído.

Foto: Futepoca

Visão a partir do Eixo Monumental, à altura da Torre de TV. 
Paisagem urbana, fotógrafo preguiçoso. Precisa forçar a vista
 para enxergar o estádio lá no fundo.

Desde fevereiro, o estádio quase perdeu a homenagem ao craque do Botafogo e herói de 1962, matou um trabalhador e deixou outros cinco feridos (em acidentes diferentes). Não me atrevo a propor um cálculo de saldo.

A capital federal recebe pelo menos um jogo da seleção brasileira na Copa de 2014, o terceiro da primeira fase, a de grupos, marcada para 23 de junho daquele ano. Há uma partida de oitavas e outra de quartas de final. Um ano antes, na Copa das Confederações, a abertura será na arena que leva o nome do gênio das pernas tortas.

O prazo de entrega é dezembro de 2012. Falta um tanto ainda, mas está bem rápido o andamento.

Foto de julho do Ministério do Esporte: o ângulo certo faz diferença

sábado, agosto 11, 2012

Vôlei feminino: obrigado por não entregar, EUA

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Não tem muito o que falar sobre o ouro do vôlei feminino nas Olimpíadas. Como em 2008, que foi um triunfo de renegados e renegados, o roteiro desta vez foi diferente, mas o sofrimento, parecido ou pior. O Brasil esteve por seis vezes perto de ser eliminado contra a Rússia, mas vingou 2004. Depois do primeiro set hoje, contra os Estados Unidos, parecia que a seleção seria atropelada por uma equipe que vem melhor do que nós há algum tempo e que bateu sem sustos o Brasil na primeira fase. Mas a vitória veio, como em 2008.

Porém, o Brasil poderia ter vindo pra casa logo na fase de grupos. Bastava os Estados Unidos fazer corpo mole ou entregar a partida contra as turcas. Pela única vez em Londres, torci por elas (como é difícil ter que torcer para os norte-americanos), que não hesitaram em superar as rivais por 3 a 0. Nada de tirar nossa seleção, que derrotou os EUA em 2008, do caminho.

Pode até ter sido autossuficiência das gringas, mas em uma Olimpíada na qual a Noruega teve uma derrota suspeita para pegar o Brasil no handebol feminino – por achar um confronto mais fácil – e depois da Espanha também entregar o jogo no último quarto contra os brasileiros do basquete masculino, para só enfrentarem o dream team estadunidense na final, diz muito. Tal atitude vexatória de espanhóis e norueguesas, aliás, que o vôlei masculino de Bernardinho também teve no Mundial de 2010, quando facilitou avitória da Bulgária para fugir de um grupo teoricamente mais forte na outra fase.

As estadunidense fizeram valer um tal espírito olímpico que anda em falta emLondres. E, por conta desse espírito, estarei na torcida pelos EUA amanhã, de novo, no basquete masculino contra os espanhois. Não que eles precisem disso.

As cornetas e o aprendiz de feiticeiro Mano Menezes

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Depois da derrota, vem as cornetas. Mas antes da derrota elas já se ouviam. Há que ser feita, no mínimo, algumas reflexões, inclusive sobre algo que foi dito aqui. Mano Menezes tem direito a convocar três jogadores acima de 23 anos. Um dele é o lateral esquerdo Marcelo, pois o treinador não confia no outro lateral esquerdo da equipe, Alex Sandro. Eu também não confiava quando ele jogava no Santos (onde nunca foi titular absoluto). Daí, na semifinal contra a Coreia do Sul, Mano saca Hulk, o outro dos três convocados acima de 23 anos, para colocar... Alex Sandro. Fora da sua função! Não jogou bem, mas o time ganhou, e ele virou titular. 

É com esse que a gente vai em 2014? (Foto: Rafael Ribeiro / CBF)
Titular até os 31 do primeiro tempo da final, quando Mano desfez o que havia feito antes. E Hulk fez o gol brasileiro, além de ter dado a assistência para Oscar quase marcar naquele que seria um empate improvável (e injusto, diga-se). Fazer experiência na fase aguda de uma competição não parece ser das coisas mais sensatas, segundo a literatura ludopédica.

Outra mudança do técnico durante as Olimpíadas, a entrada de Rafael como titular, também se mostrou equivocada. O garoto errou no gol relâmpago do México, boa parte da culpa é dele mesmo, mas não só. Quem viu a partida entre México e Senegal, assistiu a dois erros da equipe africana na prorrogação que resultaram na sua eliminação, porque o México faz esse tipo de marcação no campo rival – a diferença é que os senegaleses entregaram depois dos 90 minutos, não aos trinta segundos. Mas a seleção mostrou que não estava preparada para sair desse tipo de marcação. Com um volante que só toca a bola pra trás, Sandro, e outro que prefere tocar de lado, Rômulo, o Brasil penava pra sair com qualidade da intermediária, dificultando o trabalho na ofensiva.

Na segunda etapa, o Brasil adiantou a marcação, parte por conta do próprio México, que se postou atrás e preferiu atuar no contra-ataque. Novos erros individuais atrás, inclusive de Thiago Silva que, no mano a mano, perdeu para Fabián, que desperdiçou. Desperdiçaria, aliás, outras duas chances. Tomou outro gol em nova falha de marcação, embora seja necessário reconhecer o mérito do lance ensaiado dos mexicanos (a seleção tinha alguma jogada ensaiada?) e da execução do ótimo Peralta. O Brasil poderia ter empatado, mas não merecia.

Uma derrota em Jogos Olímpicos, mesmo descontando-se o frisson desnecessário sobre a tal medalha de ouro no futebol, não seria tão doída se não fosse o retrospecto brasileiro em Londres. Sofreu contra equipes medíocres como Honduras e contou com erros de arbitragem para chegar à final. É uma equipe de garotos e são eles, em sua maioria, que vão representar o país na Copa de 2014. Os meninos podem e devem amadurecer até lá, mas o nosso técnico vai “amadurecer”?

Acho curioso quando falam algo do tipo: “ah, mas vai jogar todo o trabalho feito até agora pelo treinador fora?” Bom, depende da avaliação desse trabalho. Qual o esquema da seleção? Os jogadores jogam mais, a mesma coisa, ou menos, muito menos do que nos seus times? Se o tal trabalho fosse interrompido hoje, que legado deixaria? Aguardemos o que virá depois do amistoso contra a Suécia. Se é que virá alguma coisa.

Agenda Olímpica (11 de agosto) e os sonhos de ouro

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Londres 2012 viu Michael Phelps e Usain Bolt fazerem história como grandes medalhistas olímpicos. Arthur Zanetti, os irmãos Falcão e a delegação brasileira como um todo também, com 16 idas ao pódio já asseguradas -- superando o recorde de 15, de Pequim em 2008 -- também são feitos relevantes.

Na reta final dos Jogos Olímpicos de Londres, chegamos ao penúltimo dia de competição. Aquecimento para a Paralimpíada (aliás, o que foi que fizeram com o "o" depois do prefixo "para"?). Tudo acaba neste domingo, 12, mas ainda tem medalha em disputa.

Se há três pratas garantidas, a esperança brasileira é de ouro. Que seria inédito em dois casos, no futebol e no boxe. De certo modo, um eventual bicampeonato no vôlei feminino também seria feito nunca antes alcançado...

O ludopédio masculino, com a seleção de Mano Menezes, disputa com o México às 11h, no estádio de Wembley. Neymar, Oscar e Leandro Damião têm o desafio de ir além de Romário e Taffarel em Seul, na Olimpíada sul-coreana de 1988, quando os canarinhos foram parados pelos soviéticos pela última vez.

Foto: Ricardo Stuckert/CBF
Última vez porque, a partir de 1992, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) não mais foram vistas em Jogos Olímpicos (em Barcelona, esteve a Comunidade de Estados Independentes).

O vôlei feminino de quadra está na final, contra todos os prognósticos e numa trajetória de crescimento na competição incrível -- cujo ponto decisivo foram as quartas de final, contra as russas, que tiraram o sono até dos ministros do STF no julgamento do Mensalão.

Na semifinal, Esquiva Falcão bateu, em múltiplos sentidos, 
o britânico Anthony Ogogo. Já fez história. Hoje, vai além

Entre os pesos médios (de até 75kg), Esquiva Falcão, irmão de Yamagushi e filho de Touro Moreno, pode escrever mais linhas bonitas na história do boxe olímpico brasileiro.

Natália Falavigna, no taekwondo feminino de 67kg, começou sua participação às 5h30, com derrota. A essa altura, espera que sua rival chegue à final para poder disputar o bronze pelo caminhao da repescagem. Quem sabe vem alguma ajuda para Diogo Silva não voltar "pro buraco"

O dia tem ainda o velocista Usain Bolt, que fez a Jamaica definitivamente ser lembrada "apenas" por Bob Marley, no comando da equipe do país caribenho no revezamento 4x100 masculino, às 17h. Mesmo horário da final do basquete feminino, entre Estados Unidos e França.

Futebol masculino
às 11h, Brasil x México, vale ouro

Vôlei de quadra feminino
às 14h30, Brasil x Estados Unidos, vale ouro e bicampeonato

Boxe masculino
às 17h45, Esquiva Falcão x Ryota Murata (Japão), para a história

Revezamento masculino 4x100
às 17h, só pra ver se os patrícios de Usain Bolt também voam, sem brasileiros

sexta-feira, agosto 10, 2012

Larga o Marcão, Serra!

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Nesta terça-feira, dia 7, parti para o Shopping Eldorado para encontrar meu irmão, Daniel, que ora aniversariava. Na subida até o restaurante, passo por uma moça meio desesperada falando no celular ao lado do namorado. Os dois usando camisas do Palmeiras. Ela reclamava que foi “um absurdo” que “a menina desmaiou” e um cara “passou por cima”, sem dar atenção. “Vixe”, pensei eu.


Segui a caminhada e percebi que as camisas alviverdes se espalhavam por todo o centro de compras. Uma no café, duas no banheiro, umas quatro na frente de uma loja. Foi só quando vi, da última escada rolante, a enorme fila de parmeristas na frente da livraria Saraiva que lembrei do lançamento do livro Nunca Fui Santo, biografia de Marcos, referido pelo palmeirense residente neste fórum como O Goleiro, de autoria do grande Mauro Beting. A festa reuniu quase 6 mil pessoas, número próximo da média de público do Palmeiras na Arena Barueri, segundo esta maldosa matéria.
Isso era com a loja fechada, lá pelas dez e tantas da noite

Do alto de meu corintianismo, dei de ombros, agradeci não ter escolhido a camiseta do Timão hoje de manhã e fui comer. Lá fiquei até umas 22h, shopping quase fechando. Despedi-me do meu irmão, desci as escadas e lá está ela, a fila gigantesca. Parei para tirar uma foto e liga o Daniel: “cara, sai daí logo que vai dar merda, estão todos os seguranças e uns policiais na frente da Saraiva. A livraria fechou e os caras não querem ir embora”. Não me preocupei tanto, mas bati minha foto e fui embora por um caminho que passasse longe da loja.

No dia seguinte, vejo essa matéria no blog da Maria Frô. Não teve porrada, mas uma boa meia dúzia de figurões que furou fila para pegar o autógrafo do campeão mundial em 2002 levou sonoras vaias. Entre eles, o pessoal do insuportável CQC e uma vítima preferencial deste blogue: o candidato tucano a prefeito José Serra, notório palmeirense e reacionário, não necessariamente nessa ordem.

Com Serra lá na loja, o pessoal gritava: “Serra, ladrão, larga o Marcão!” Talvez temendo que o candidato levasse o goleirão para fazer campanha. Não sei do Marcos, mas eu aprecio que o Serra mantenha, no mínimo, distância protocolar.

Agenda Olímpica (10 de agosto) - Dia de orgulho para o Touro Moreno

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A sexta-feira é da família Falcão em Londres. Os irmãos Yamaguchi (24) e Esquiva (22) já colocaram o sobrenome na história do pugilismo olímpico nacional ao garantirem a segunda e terceira medalhas do Brasil depois do pioneiro Servílio de Oliveira, há 44 anos – a primeira, sinal dos tempo, veio com Adriana Araújo na estrei do boxe feminino. 
Touro Moreno, pai orgulhoso (Foto: Fabi


O irmão mais novo, Esquiva, de 22 anos, começa o dia do orgulhoso pai Adegar, ex-pugilista nos anos 1960, conhecido como o “Touro Moreno”. Seu duelo é contra o britânico Anthony Ogogo, certamente contará com a torcida. Yamaguchi, de 24 anos, pega o russo Egor Mekhontcev às 18h, liberando o pai para uma janta tranquila e uma bem merecida cervejinha. Que venham duas finais! Entre os irmãos, Fernanda Oliveira e Ana Barbachan disputam a final da classe 470F da vela. Por conta dos resultados anteriores, a dupla pode no máximo brigar pelo bronze, resultado tímido perto da tradicional vela brasileira – frase verdadeira, mas que ainda me causa grande estranheza.

E às 15h30, Bruninho, Murilo e companhia entram na quadra para uma espetacular semifinal contra a Itália, que chegou meio devagar e eliminou os americanos da parada. No futebol, sabe-se que é nessas campanhas de recuperação que o pessoal da Bota mostra de que vinho que é feito. Eles vêm para tentar um inédito ouro olímpico, medalha que os brasileiros têm desde 2004. Briga de cachorro grande. 

E tem outros horários e modalidades para exercer seu patriotismo: 

5h51 - Canoagem - Velocidade C1 200m - Masculino – Eliminatórias
Ronílson Oliveira (BRA)

9h00 - Vela - 470F - Feminino – Final
Fernanda Oliveira e Ana Barbachan (BRA) disputam o bronze 

11h00 - Boxe - Até 75kg - Masculino – Semifinal
O brasileiro Esquiva Falcão, que já garantiu o bronze e seu nome na história do boxe nacional, enfrenta o britânico Anthony Ogogo por vaga na final.

11h00 - Ciclismo - BMX - Feminino – Semifinal
Squel Stein (BRA)

15h00 - Saltos ornamentais - Plataforma de 10 m - Masculino - Primeira fase
Hugo Parisi (BRA)

15h30 - Vôlei - Itália x Brasil - Masculino – Semifinal
Clássico na semi do vôlei, entre duas das seleções mais vitoriosas da história. Vai, Brasil!

18h00 - Boxe - Até 81kg - Masculino – Semifinal
Também com bronze na sacola, Yamaguchi Falcão, irmão de Esquiva com nome menos afeito ao boxe, pega o russo Egor Mekhontcev para alcançar a prata.

quinta-feira, agosto 09, 2012

Para que Diogo Silva não volte "pro buraco"

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"Sem medalha olímpica, a gente volta pro buraco de novo". Era assim que o lutador de taekwondo Diogo Silva avaliava sua participação, um brilhante quarto lugar, nas Olimpíadas de Londres. Pode parecer choro de perdedor, mas não é. O atleta, que é diferenciado não só em sua modalidade, mas também em termos de consciência política, já viveu exatamente essa situação.

Em 2004, Diogo conseguiu um quarto lugar, feito histórico até então. E não houve reconhecimento. Ao voltar para o Brasil, no aeroporto, ninguém o esperou, ele pegou um ônibus e seguiu para casa.
Não conseguiu patrocínio também, embora alguns contatos tenham sido feitos, mas nada que fosse realmente relevante. “Eram propostas superexploradoras. Para ser explorado, preferia ficar sem nada”, disse, nessa matéria.

Mas não foi só a sua classificação que chamou a atenção em Atenas, em 2004. Na ocasião, ele repetiu o gesto de por Tommie Smith e John Carlos, ouro e bronze nos 200 metros rasos nas Olimpíadas de 1968, no México. O gesto feito no pódio lhe rendeu o banimento da competição pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). De novo remetendo à matéria da Fórum:

Sempre fui ligado a grupos de consciência negra e era bem politizado. Pensei que o que eles fizeram foi demonstrar o que sentiam: desprezo. E era isso que sentia naquele momento. Desprezo.” A ideia era fazer o gesto no pódio, mas, prevendo a derrota, levou a luva já para a semifinal. Conseguiu chamar a atenção. “Logo depois do meu protesto, o ministro do Esporte ligou pra gente conversar”, recorda. No entanto, o momento de holofotes não durou. “Depois ninguém falava mais disso. Se você não foi campeão, não medalhou, ninguém lembra de você.

Oito anos depois, o mesmo medo do esquecimento volta ao lutador. É necessário levar em consideração as ponderações de Diogo Silva que, ao contrário de muitos dos atletas que estão em Londres ou aqui, tem perfeita noção do que representa e de qual é a situação de boa parte dos esportistas brasileiros. Adriana Araújo, medalhista do boxe brasileiro, por exemplo, só tem passagem de volta até São Paulo, onde fica a sede da Confederação Brasileira de Boxe. Até sua casa, em Salvador, quem banca a passagem é ela.

É hora, e o país tem essa chance com as Olimpíadas do Rio em 2016, de pensar no esporte de alto rendimento, mas também de aliar a massificação da prática esportiva à educação. Assim, talvez possamos produzir mais atletas com a consciência de Diogo Silva, que vão fazer valer os seus direitos e o reconhecimento de quem pena para representar o Brasil.

Abaixo, o início da matéria feita com Diogo Silva, após sua medalha de ouro no Pan do Rio, em 2007:

As muitas lutas de Diogo Silva

Eram quase 21 horas quando o primeiro medalhista de ouro no Pan do Rio saiu de uma reunião para atender a Fórum. Com agasalho da delegação, ele sentou em uma cadeira da ante-sala e desabafou: “Estou exausto”.

Não era pra menos. Após a luta que decidiu o primeiro lugar da competição no taekwondo, na categoria até 68 kg, foi uma rotina incessante de entrevistas e compromissos. No dia da sua vitória, Diogo saiu do exame antidoping às 18 horas e até a meia-noite não parou de entrar ao vivo e fazer gravações nos mais diversos programas de televisão e rádio. Pouco tempo de sono depois, seu longo dia começou às seis e sua última entrevista foi às 11 da noite. Nem mesmo a segunda medalha do Brasil, de Thiago Pereira na natação, fez com que o assédio a ele terminasse.

Na verdade, o título pan-americano vinha sendo trabalhado desde 2006, com o lutador pensando justamente na possibilidade de tornar sua imagem mais visível em uma competição que mobilizaria toda a mídia brasileira, atraindo possíveis patrocínios. O fato de ser o ouro inaugural do país – algo que não era previsto – fez com que a projeção fosse maior que a esperada.

Mas o atleta já tinha atraído a atenção da imprensa anteriormente, na Olimpíada de Atenas, em 2004, quando conseguiu o quarto lugar, um feito histórico na competição mais importante do mundo para o esporte amador. A responsabilidade em representar o país era tamanha que fez uma vítima antes do início dos Jogos. Seriam escolhidos dois atletas na modalidade e a direção técnica tinha que decidir entre três. Mas houve uma desistência. “O atleta não suportou a pressão”, relembra. O mesmo tipo de estresse sofrido pelo lutador desistente também afetaria Diogo na sua volta dos Jogos.

No período de preparação para Atenas, ele havia passado três meses morando na Coréia do Sul, a pátria-mãe da modalidade. Foi um grão-mestre do país, Sang-Min-Cho, que introduziu o esporte no Brasil na década de 1970. Mesmo assim, Diogo avalia hoje que a quantidade de treinos foi um erro. “Eles eram excessivos e ainda tinha o choque cultural, comida diferente e a saudade de casa.” Após esse período, voltou ao Brasil e 40 dias depois estava em Atenas.

A sorte não estava do seu lado. Dos quatro favoritos, três caíram em sua chave. “Não tinha um trabalho tático, era chegar lá, lutar e ver o que dava.” Passou pela primeira luta, mas, na segunda, enfrentou o iraniano Hadi Saei Bonehkohal, que seria campeão olímpico. Como o adversário que o derrotou chegou à final, Diogo podia ir para a repescagem para tentar o bronze. Conseguiu chegar até a disputa da medalha, mas seu adversário era o sul-coreano Myeong Seob Song, um dos maiores do mundo. “A Coreia não tinha ganho nenhuma medalha até ali e tem um jogo político muito grande atrás disso. Um atleta sul-americano contra alguém de um país tradicional na modalidade pesa muito, por exemplo, na hora de validar um ponto”, sustenta Diogo. “Quando comecei, já sabia que não iria ganhar. Ele era bem mais técnico do que eu, mais bem condicionado, ali foi mais vontade mesmo.”

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