Destaques

domingo, julho 01, 2012

O gol mais bonito do campeonato

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São apenas sete rodadas e não vi todos os gols do Brasileirão, mas a jogada do garoto Bernard com dois chapéus na linha de fundo e o cruzamento para o gol de voleio do Jô é daquelas jogadas que valem mais que os três pontos. Para mim, até agora, o gol mais bonito do Brasileirão.

Claro que os três pontos, jogando na casa do Grêmio, valeram pela dificuldade. Não vi os números, mas o Grêmio deve ter ficado uns 70% do tempo com a bola, sufocou o tempo todo, mas  teve poucas chances de gol. O Galo ficou fechado atrás e saiu no contra-ataque, em que acabou perdendo pelo menos mais umas três chances. Méritos de Marcelo Grohe, o novo titular do gol gremista com a venda de Victor para o Galo. Goleiro que vai chegar num momento bom da defesa atleticana, a melhor do campeonato. Tomou apenas três gols em sete partidas.

Claro que é muito cedo para comemorar a liderança alcançada, mas para quem nos últimos anos só olhava o final da tabela é um alívio. Nas minhas contas, agora só faltam 29 pontos para escapar do rebaixamento. Mas o que chama a atenção nesse time é a vontade com que todos estão jogando. Parece que mais que qualidade técnica, Ronaldinho Gaúcho trouxe confiança ao time. Garotos que antes eram vaiados agora fazem jogadas como a de Bernard hoje. Que o garoto de 19 anos aprenda a ousadia de quem não joga tanto mais, mas um dia foi o melhor do mundo.



FICHA TÉCNICA
GRÊMIO 0 x 1 ATLÉTICO
Motivo:
 Campeonato Brasileiro – 7ª rodada
Data: 1/7/2012
Hora: 18:30
Estádio: Olímpico
Gol: Jô (26’)
Público pagante: 29.137
Renda: R$ 695.960,00
Cidade: Porto Alegre (RS)
Árbitro: Paulo César Oliveira (Fifa-SP)
Cartões amarelos: Serginho, Jô, Leandro Donizete (Atlético); Vilson, Fernando (Grêmio)
Cartão vermelho: Anderson Pico (Grêmio)
Grêmio
Marcelo Grohe; Edílson (Tony), Vilson, Gilberto Silva, Anderson Pico; Fernando Souza (André Lima), Zé Roberto e Léo Gago (Rondinelly); Kléber e Marcelo Moreno. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Atlético
Giovanni; Serginho (Marcos Rocha), Leonardo Silva, Rafael Marques e Júnior César; Pierre, Leandro Donizete, Bernard (Richarlyson) e Ronaldinho; Danilinho (Escudero) e Jô.  Técnico:Cuca.

quinta-feira, junho 28, 2012

Só para secadores: sete motivos para acreditar e torcer para o Boca

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O primeiro jogo da final da Libertadores da América ocorreu na quarta-feira, 27, com um empate de 1 a 1 para o Corinthians diante do Boca Juniors, em plena La Bombonera. O resultado traz importante vantagem para a equipe alvinegra que se aproxima, como nunca, de uma conquista inédita.

Os corintianos do Futepoca alegam, provavelmente com razão, motivações místicas para não se pronunciar. Todo mundo aqui respeita. Mas também se aproveita.

Em um cenário em que o Itaquerão é erguido para a Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil, a equipe paulistana pode ver cair por terra dois dos principais motivos de gozação por parte dos rivais. Para secadores de plantão, mesmo os mais céticos quanto ao potencial do escrete auriazul de Riquelme e cia, vislumbrar o time sem estádio e sem Libertadores com uma arena e caneco nas mãos em um intervalo de dois anos vai demandar ampla criatividade para tirar sarro.

Então, como a esperança de secador é a única que morre, para manter a coerência de quem já fez isso antes e porque troça boa é troça feita, ainda há uma semana para:

Sete motivos para (ainda) torcer para o Boca Juniors.

Secadores do Brasil estão mobilizados

1) Porque não há plano B
A semana pode ser a última do Corinthians sem Libertadores. A gravidade do momento não permite dúvidas: é preciso secar. E agir com afinco. Vale mandinga, pé de coelho, folha de arruda, vela para o santo... Vale superstição barata, elaborada, requintada, metafísica... Pode até se programar para assistir jogo no bar do Minhoca para ver se o retrospecto rende.

2) Porque o Boca conta com a maioria dos torcedores brasileiros
Por mais que a torcida corintiana se vanglorie de sera segunda maior do país, a maioria da população brasileira torce para outros times. E, por consequência, seca o Corinthians nesta empreitada

3) Porque o Boca quase nem é argentino
Santistas, palmeirenses, são-paulinos, colorados, gremistas, flamenguistas, vascaínos, botafoguenses e apaixonados torcedores de todas as colorações, naturalidades, crenças e raças já estiveram antes ao lado do Boca Juniors. Até os corintianos já quiseram bem ao time argentino, em 2000 e 2001, por exemplo, quando Riquelme desbaratou o Palmeiras ou em 2004, quando o Santos foi a vítima. Então, se tanta gente brasileira está torcendo ou já quis bem à agremiação radicada na pátria de Cristina Kirchner e Diego Armando Maradona, ela nem é tão argentina assim. É quase verde amarela, oras!

4) Porque não daria para trabalhar no dia seguinte
Uma eventual vitória do Corinthians no segundo jogo da final vai tornar todos os ambientes de trabalho, de estudo, de convívio insuportável. Onde houver corintiano, habitará um sorriso e uma felicidade jamais vista na história da República. E tudo isso para uma minoria da população (já que a maioria torce para outros times)! O governo brasileiro tem feito das tripas coração (e da arrecadação de impostos, isenção) para fazer a economia crescer e reagir, no segundo semestre, ao desaquecimento global. Se a maioria não vai conseguir trabalhar, como é que o país poderá produzir riqueza e renda para crescer? É um risco grande demais para o país.

5) Porque a Libertadores perderia o sentido
Muitos corintianos disseram e repetira, nos últimos 20 anos -- desde que o São Paulo faturou a competição -- que o campeonato continental só existia para o Corinthians vencê-lo um dia. O egocentrismo ímpar não tem razão de ser, mas guarda uma pontinha de sentido se considerado que a graça da disputa vai diminuir. Celebrar presença em uma competição tinha um gosto de poder descascar um rival que ainda não tinha a conquista no currículo. Se isso mudar, diminuem as motivações.

6) Porque Tite será alçado ao estatuto de maior técnico da história do Corinthians
Virou jargão da crônica esportiva dizer que se trata "do jogo mais importante da história do Corinthians em seus 102 anos de história. Em tempos de supervalorização de treinadores, o "responsável" pelo feito vai acabar recaindo sobre o "professor". O homem no banco de reservas vai receber todos os louros de uma eventual vitória (toc, toc, toc, batam na madeira, por favor). Uma equipe que já foi comandada por Formiga, Mário Travaglini, Rubens Minelli e tantos outros, terá em Tite o maior expoente na galeria de treinadores. Até um ano atrás, muito corintiano não tolerava ouvir falar no nome do moço. Agora, terá de conviver com ele no hall da fama, como "O" maior. Durmir-se-á com um barulho desses?

7) Porque os maias não podem estar certos
Segundo o calendário maia, em 2012 o sol entra em nova fase. Para muitos, é sinal de que o fim dos tempos está próximo no planeta Terra. Para outros, sinal de que o mundo entra em nova fase. Teve até filme sobre isso. Como ninguém aqui anda muito disposto a pensar em arrebatamento, cataclismos e outros ciclos viciosos de destruição planetária, é melhor torcer para que o maior número de coisas aconteça como em anos anteriores. Isso aplica-se, é claro, ao futebol e à Libertadores da América, né não?

Tranquila, só Yaya

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Esposa do amigo e grande músico Peter Pas, a harpista Soledad Yaya é a única campeã antecipada da América: torce pro Boca e pro Corinthians. Só ela tem paz em casa.

terça-feira, junho 26, 2012

A queda de Leão e a reflexão de Juvenal Juvêncio

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"O Brasil não é muito brilhante em técnicos. É muito penoso contratar técnico"
(Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, ao justificar a demissão de Emerson Leão. Pode-se trocar a palavra "técnico" por "cartola" também?)

segunda-feira, junho 25, 2012

Tudo ajudou, até o juiz.

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A estreia de Ronaldinho Gaúcho em Belo Horizonte, no último sábado, parece ter sido uma vitória fácil, por 5 a 1. Engano. A Galo saiu à frente com menos de 5 minutos de jogo com um gol do questionado Bernard (porque perdeu gol contra o São Paulo), mas poucos minutos depois o Náutico chegou ao empate e deu uma canseira danada em contra-ataques.

O jogo só ficou mais fácil quando o árbitro deu um pênalti inexistente para o Galo, pois não houve falta e se ocorresse seria fora da área. Ronaldinho bateu quase no ângulo e fez seu primeiro gol pelo Atlético. Danilinho marcou na sequência, fez mais um no segundo tempo e a goleada foi fechada com o quinto gol de Escudero.

Além da ajuda do juiz contou muito também a animação dos mais de 16 mil torcedores num jogo às 21h de sábado (alguém consegue me explicar o por quê desse horário?). E a correria do time, que mesmo num momento ruim após o empate não deixou de criar várias jogadas, mesmo correndo o risco do contra-ataque. E o alto acerto nas finalizações, ao contrário dos últimos jogos, em que se criava demais e marcava  pouco.

O  time do Náutico também é melhor do que se imagina, com o lateral Lúcio e o volante Martinez (ex-Palmeiras), Araújo (ex-Goiás) e outros bons jogadores. Domingo que vem tem pedreira contra o Grêmio.

Agora a surpresa, para mim, na rodada foi a derrota do Vasco para o limitado time do Cruzeiro. Com a vice-liderança do Galo, tenho pelo menos dois motivos para secar o Celso Roth.

P.S. Não escrevi sobre a derrota para o São Paulo pelo simples fato de estar viajando e não ter visto o jogo..


FICHA TÉCNICA

ATLÉTICO 5 x 1 NÁUTICO
Motivo: Campeonato Brasileiro – 6ª rodada
Data: 23/6/2012
Estádio: Independência
Cidade: Belo Horizonte (MG)
Gols: Bernard (2’), Araújo (13’) Ronaldinho (33’), Danilinho (35’) (52’), Escudero (92’)
Público: 16.367
Renda: R$ 601.905,00
Árbitro: Raphael Claus (SP)
Auxiliares: Alessandro Rocha Matos (Fifa/BA) e Anderson Moraes Coelho (SP)
Cartões amarelos: Serginho, Leandro Donizete, Leonardo Silva (Atlético); Ronaldo Alves, Rhayner (Náutico)

Atlético
Giovanni; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Rafael Marques e Júnior César; Leandro Donizete, Richarlyson (Serginho), Bernard (Escudero) e Ronaldinho; Danilinho e Jô (André). Técnico: Cuca.

Náutico
Felipe, Alessandro (Kim), Márcio Rosário, Ronaldo Alves e Lúcio; Elicarlos, Souza (Ramirez), Martinez e Derley; Rhayner e Araújo. Técnico: Alexandre Gallo.

Paulistano, prepare-se! O jingle-chiclete de Serra ou a praga do "Eu quero tchu, eu quero tcha"

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Pior legado de Neymar à cultura brasileira, a música "Eu quero tchu, eu quero tcha", do duo sertanejo João Lucas e Marcelo, servirá aos propósitos da política paulistana ao se metamorfosear em um jingle para a campanha do candidato do PSDB, José Serra. A versão “Eu quero Serra, eu quero já” foi apresentada ontem na convenção que confirmou o ex-prefeito como postulante tucano.


O expediente de usar músicas de sucesso grudentas para fixar refrões na cabeça do ouvinte incauto não é novo. Aliás, o atual alcaide, Gilberto Kassab, usou a música "Sorria, Sorria", de Evaldo Braga, em sua campanha, em 2008. Se você esqueceu o jingle, ouça aqui. Outra inspiração na campanha kassabista de 2008 é o boneco inflável de José Serra, essa peça de bom gosto que você pode conferir abaixo. Kassab surgiu com o "Kassabinho", figura infantil e simpática, feita para alegrar e politizar (só que não) crianças São Paulo afora. Serra já havia usado o expediente em 2010, sem muito sucesso, nas eleições presidenciais. Mas parece que os paulistanos gostam mais de brincar...


Fofo esse Zé Serra, né?


Ouça aqui, o "Eu quero Serra, eu quero já" (por sua conta e risco).

sexta-feira, junho 22, 2012

Nota oficial

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Temos recebido mensagens de protesto diante do silêncio dos corintianos do Futepoca neste momento importante. Os corintianos informam que por ora não se pronunciarão por razões místicas.

Dois estranhos em duas finais normais

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A semana teve duas definições de finalistas em competições diferentes. Na quarta-feira, 20, o Corinthians, ao empatar em 1 a 1 com o Santos, classificou-se para a última eliminatória da Copa Libertadores da América pela primeira vez nos 102 anos de existência. Quinta-feira, 21, o Palmeiras conseguiu também uma igualdade com o Grêmio em um gol se segue na Copa do Brasil.

Além de paulistas, as semelhanças seguem. Se o Timão está em condição inédita, tanto de conquistar a competição continental, como de simplesmente disputar a final, o Palmeiras está desacostumado. Desde 2008 a equipe não chega à última etapa de um campeonato eliminatório. Desde 2009 não disputa títulos com time competitivo. A última conquista relevante foi a Libertadores da América de 1999. Depois, um estadual.

A coisa melhora ao se analisar os adversários. O Coritiba repete o feito de 2011, quando havia desembarcado na final, contra o Vasco. Terminou derrotado, mas chegar a duas finais de campeonato em duas temporadas consecutivas é um feito de respeito e mostra méritos. Depois de vencer o São Paulo, a equipe da capital paranaense assegurou uma presença de pelo menos um alviverde na Libertadores do ano que vem.

O Boca Juniors, por sua vez, é habitué de disputas decisivas de Libertadores. Depois de bater o Universidad de Chile, os auriazuis acumulam seis canecos do continental. Em quatro dessas ocasiões -- 1977, 2000, 2003 e 2007 -- contra brasileiors -- Cruzeiro, Palmeiras, Santos e Grêmio, respectivamente. Apenas em 1963 um brasileiro bateu a equipe argentina (foi o Santos o responsável pelo feito). Depois, só em 2008 é que o Fluminense, em semifinal, conseguiu livrar-se do tabu.

A comparação entre a condição de Corinthians e Palmeiras termina por aí. Enquanto o time de Tite chega com a esperança difusa entre os 12 jogadores (incluindo a torcida), principalmente Ralf e Paulinho, aliada à compactação do esquema tático, os palmeirenses sonham com um segundo raio no mesmo lugar, com a capacidade de manter um ferrolho contra o Coritiba e achar um gol em algum momento.

Palpites à mesa. De bar.

segunda-feira, junho 18, 2012

O que é que vão dizer lá em casa?

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Lula, Haddad e Maluf. A coerência não coube no enquadramento.(Epitácio Pessoa/AE)

domingo, junho 17, 2012

Sem notícia boa, um empate e um desfalque para o Palmeiras

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Se, há três meses, alguém me dissesse que eu lamentaria a ausência de Luan em um jogo, receberia como resposta alguma manifestação de ceticismo sarcástico. No entanto, a contusão sofrida no empate deste domingo, 17, diante do Vasco, faz com o que o falso ponta, falso meia, falso volante desfalque o Palmeiras na segunda partida da semifinal Copa do Brasil, contra o Grêmio. É notícia ruim para o Alviverde.

Só não é pior do que os ignóbeis dois pontos acumulados em cinco partidas do Brasileirão, incluindo três com mando de jogo. Mesmo sendo diante do time que lidera a competição de modo invicto, a retranca segue como único recurso. E ficam poucas esperanças de uma campanha com prumo mais animador.

Henrique voltou a atuar como volante, Mazinho fez gol novamente depois de ser levado a campo. E, de novo, nada de somar três pontos no Brasileiro. Vai ver andam faltando uns gols de Marcos Assunção...

Depois de o Palmeiras sair na frente na Arena Barueri aos 10 do segundo tempo, cedeu o empate aos 37, em cobrança de falta de Juninho. O toque de mão de Henrique que originou a falta foi questionável, já que não há sinal de intenção no gestual do zagueiro-volante. Mas como faltou futebol para vencer, isso é só um detalhe do jogo.

A zona do rebaixamento incomoda e preocupa. Espero que não dure a ponto de tirar o sono. Até porque estar na semifinal da Copa do Brasil garante nada.

Há 50 anos, o Brasil era bicampeão mundial

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Em um dia 17 de junho como hoje o Brasil defendia seu primeiro título mundial de futebol, conquistado quatro anos antes na Suécia. A base titular daquela seleção era praticamente a mesma de 1958, inicialmente, apenas com duas mudanças: os zagueiros, Mauro e Zózimo, no lugar de Bellini e Orlando. Nílton Santos, mesmo com 37 anos e já atuando como zagueiro pelo Botafogo por conta da idade, foi escalado como titular, barrando Rildo, do Santos, que fazia parte da primeira lista de 41 convocados mas acabou cortado. Já Coutinho, que vinha jogando no time de Aymoré Moreira, foi para a reserva e cedeu lugar para Vavá no Mundial, pois o treinador privilegiou a experiência dos campeões de 58.
Dos 22 atletas que foram ao Chile, sete eram do Santos, cinco do Botafogo, três do Palmeiras, três do Fluminense e dois do São Paulo. Ainda havia Zózimo, do Bangu, e o jovem Jair da Costa, da Portuguesa. O grupo da seleção no torneio contava com México, Tchecoslováquia e Espanha. A estreia foi contra os mexicanos e o Brasil venceu por 2 a 0, mas não jogou um futebol convincente. Pelé fez o cruzamento para Zagallo marcar o primeiro gol da partida, que só surgiu aos 11 do segundo tempo e o próprio Dez marcou o segundo, depois de driblar dois adversários, aos 28.



Mas se a desconfiança pairava sobre a seleção, que muitos viam como uma equipe envelhecida, a situação ficaria ainda pior na segunda partida. O jogo entre Brasil e Tchecoslováquia terminou em zero a zero, mas a notícia ruim foi a contusão de Pelé, que, aos 27 minutos, depois de finalizar de fora da área, sentiu a virilha esquerda. Sem condições de atuar, ficou em campo até o final, já que não eram permitidas substituições. No dia seguinte, o diagnóstico de distensão no músculo adutor da coxa esquerda confirmava os temores do time e da torcida: Pelé estava fora da Copa.
Na partida que fechou a primeira fase, o Brasil precisava somente do empate para ir às quartas de final do Mundial, mas a Espanha era um time forte, que tinha praticamente o ataque do Real Madrid campeão europeu. E contava com um expediente que depois seria proibido: a naturalização de atletas, mesmo daqueles que já tinham disputado jogos por outras seleções. Assim, a Fúria vinha com o húngaro Puskas e o argentino Di Stefano, que chegou ao Chile contundido, além do uruguaio Santamaría e o paraguaio Martínez. Após a Copa, a Fifa proibiu a “naturalização por atacado”, que estava virando moda, como mostrava a seleção da Itália, que também tinha os seus: os brasileiros Sormani e Altafini e os argentinos Sívori e Maschio
O time inteiro jogava mal e a Espanha chegou ao gol aos 35, com Adelardo. Tudo poderia ter sido ainda pior se não fossem dois grandes erros da arbitragem. O primeiro, em um lance que já se tornou lenda, no qual Nílton Santos derrubou Collar na área mas, espertamente, deu um passo à frente, ludibriando o árbitro chileno Sergio Bustamante. Na sequência, após a cobrança de falta de Puskas, Peiró marcou de bicicleta, mas o gol foi anulado por Bustamante ter entendido o lance como “jogada perigosa”, ainda que Peiró estivesse a mais de um metro de Zózimo. O vídeo abaixo mostra dos dois lances. Amarildo e Garrincha marcariam a virada brasileira.


E Garrincha apareceu

Vieram as quartas de final foram contra a Inglaterra e, finalmente, brilhou a estrela de Garrincha. O ponta havia sido muito criticado pelo seu desempenho na primeira fase e, sem Pelé, o Brasil apostava no talento do craque das pernas tortas. Ele marcou o primeiro tento da partida, de cabeça, mas os ingleses empataram oito minutos depois, com Hitchens. A igualdade persistiu até os 8 do segundo tempo, quando Vavá escorou após rebote do goleiro Springett em cobrança de Garrincha. O ponta faria ainda o terceiro, em chute de fora da área. Naquele dia, Garrincha só seria driblado por um cachorro que entrou em campo paralisando a peleja. Outro cão provocou uma segunda paralisação e sumiu debaixo das arquibancadas.


A semifinal seria contra os donos da casa e a seleção tentou se precaver contra qualquer imprevisto. Tanto que a refeições do dia da semifinal foram providenciadas pela própria comissão técnica brasileira, que tinha medo de algum “problema” com a comida servida aos jogadores no hotel. Na partida, o infernal Garrincha assegurou a vantagem logo aos 9, com um chute de fora da área que foi parar no ângulo esquerdo de Escuti. Ele marcaria novamente aos 31, de cabeça, com o Chile descontando em cobrança de falta aos 41 ainda do primeiro tempo.
Logo no início da segunda etapa, Vavá não deixou os anfitriões se animarem, e marcou após escanteio. Leonel Sanchez descontou de pênalti e Vavá fez o quarto, aos 33. Depois do último gol, o jogo sairia do controle do árbitro peruano Arturo Yamazaki. Landa foi expulso após falta dura em Zito e Garrincha, caçado durante todo o tempo, revidou em cima de Rojas, agredindo o chileno. O juiz não viu o lance, mas foi cercado pelos chilenos, que apelaram para o testemunho do auxiliar uruguaio Esteban Marino, que confirmou a agressão. Como não havia suspensão automática, ficava a dúvida: Garrincha poderia jogar a final pelo Brasil?
E daí surge mais um episódio “estranho” a favor dos brasileiros. Em sessão extraordinária do Tribunal da Fifa, o árbitro disse não ter visto a agressão, mas que o uruguaio Marino havia confirmado que ela tinha existido. Convocado para depor, Marino não compareceu, pois já teria deixado o Chile àquela altura. Sem o depoimento, Garrincha foi liberado para atuar contra a Tchecoslováquia. À época, dizia-se que a CBD teria pago a viagem de Marino, que estaria no Brasil. Um mês após a Copa, o uruguaio foi contratado pela Federação Paulista de Futebol.
No dia da final, Garrincha amanheceu com febre e não teve a destacada atuação dos dois jogos anteriores. Os tchecos aproveitaram e abriram o placar aos 15. Mas somente dois minutos depois do gol de Masopust, Amarildo empatou, em um lance no qual o arqueiro Schroif fez um fatídico golpe de vista.
Na etapa final, a seleção veio melhor, mas poderia ter encontrado mais problemas se o árbitro Nikolai Latchev tivesse marcado pênalti quando Djalma Santos tocou a bola com o braço dentro da área, em cruzamento de Jelinek. Como o juizão interpretou “bola na mão”, o jogo seguiu e, aos 24, Amarildo fez grande jogada pela esquerda e cruzou para Zito, que marcou. Algo raro, já que, por ser volante, o santista costumava chegar pouco à área e na sua trajetória com a camisa do Brasil foram apenas três gols. Um deles, este, que pode ser considerado o do título.
Após nova falha, mais grotesca, de Schroif, Vavá fez o terceiro aos 33 e selou a vitória brasileira. O país que tinha complexo de vira-latas no futebol antes do Mundial de 58, vencia pela segunda vez a Copa do Mundo. E como perguntar não ofende, será que algum jogador, desses que costumam imitar João Sorrisão e quetais, na rodada do Brasileirão de hoje vai lembrar de homenagear os grandes de 1962?


Boa parte das informações contidas neste post estão no ótimo livro de Lycio Vellozo Ribas, O mundo das Copas. Mais que recomendável.

quinta-feira, junho 14, 2012

Visitantes em alta em dois jogos de três apagões

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Foi divertido assistir a dois jogos simultaneamente, como pedem datas em que coincidem semifinais de duas competições de relevância distinta. Sorte que manteve-se a regra de a Globo exibir um jogo, da Libertadores da América, enquanto a Band exibia o da Copa do Brasil.

Enquanto o Corinthians tratava de surpreender o Santos na Vila Belmiro com um golaço, achado por Emerson Sheik, o Palmeiras conseguiu, em cinco minutos finais, fazer mais do que nos 270 de atuação anteriores.

Quem fez menos do que esperavam santistas e claque de admiradores foi Neymar. É o primeiro apagão da minha contagem. A queda da iluminação na Vila Belmiro, o segundo, bem menos determinante para o andamento da partida -- embora tenha esfriado ainda mais o ímpeto da equipe da casa.

O terceiro apagão mencionado no título foi do Grêmio. Por conta dessas questões paralelas que a turma costuma chamar de "trabalho", foi a primeira partida do tricolor gaúcho que pude assistir no ano, de modo que fica difícil ter referência para saber se o futebol que a trupe de Vanderlei Luxemburgo já fez mais do que o exibido na noite de quarta-feira, 13, no Olímpico.

O esquema com três zagueiros implantado por Luis Felipe Scolari pode ter desempenhado papel relevante nessa, digamos, "neutralização". Mas é muito cedo para considerar que essa solução retranqueira é a melhor -- atualmente, em se tratando de Palmeiras, se houver "solução", ela estará mais para "única" do que para "melhor".

O fato é que foi bem impressionante o time gremista desaparecer nos minutos finais de partida. Foi quando Mazinho conseguiu fazer o primeiro gol do Palmeiras, em um chute em que o meia mal olhou para o goleiro adversário: só chutou e conseguiu pôr a bola por entre as pernas do arqueiro. Fez as vezes de talismã, depois de introduzido no jogo na vaga de Daniel Carvalho aos 39 do segundo tempo, numa típica manobra de consumir uns minutinhos na reta final da partida e acalmar a cadência dos movimentos.

No finzinho, Barcos marcou o segundo, em cruzamento de Junhinho, a quinta jogada de linha de fundo do lateral; a primeira a terminar com um cruzamento feliz e certeiro. Durante o jogo, as duas bolas atiradas em direção à meta do goleiro Víctor foram as que entraram. As outras chances de algum perigo foram para fora. Por isso o apagão do Grêmio é relevante.

Se haverá repetição ou inversão dessa escuridão toda nas partidas de volta, só será possível saber na quarta-feira, 20. Até lá, o melhor é comemorar enquanto há motivos verdes para isso.

quarta-feira, junho 13, 2012

Bordões, CPIs e supervilões: Qualquer relação de proximidade será negada

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Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal, ainda depõe na CPMI do Cachoeira, em Brasília, nesta quarta-feira, 13. Na véspera, seu colega de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), fez o mesmo. Embora tenham adotado estratégias parecidas, de negar fazer parte do esquema montado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, eles não tiveram como negar algum tipo de relação com o bicheiro, contraventor, empresário de jogos, empresário do ramo farmacêutico, membro da alta sociedade goiana, bon vivant, amigo a quem parabenizar pelo aniversário etc.

O dado é que Perillo inaugurou um bordão diferente para definir os elos entre ele e o pivô do escãndalo. Em CPIs anteriores, a regra era clara - e o bordão, também: "Não tenho qualquer relação com o sr. XXX". No lugar de "XXX", inclua-se o nome do "supervilão" da investigação da vez. Houve crise com vários epicentros, em que as relações a serem negadas eram com várias pessoas - Marcos Valério, Delúbio Soares, Silvinho Pereira, no Mensalão; Durval Barbosa, no Mensalão do DEM; João Alves e os anões do orçamento; PC Farias no esquema que terminou em impeachment de Fernando Collor de Mello etc.

Agora, Perillo foi enfático e reiterativo: "Não tenho qualquer relação de proximidade com o seu Carlos Augusto Ramos" ou "com o sr. Cachoeira". Qual o limite da proximidade cabe a cada qual definir.
Frequentava o prédio onde mora o moço, telefonou para desejar feliz aniversário, nomeou como secretário de Segurança Pública um amigão

Para Agnelo, que admitiu um encontro único, tampouco rolou negar vínculos. Ainda tentou recuperar o bordão com um "Não tenho absolutamente nada com o senhor Cachoeira".

O limite da proximidade ficou no ar.

domingo, junho 10, 2012

Faz 3, vale 1

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Ontem, fora de casa, o Galo ganhou do Palmeiras por 1 a 0. Vale a comemoração pela vitória, a terceira  em quatro jogos no inicio do Brasileirão e a liderança momentânea. O enredo ainda tem a estreia de Ronaldinho, as boas jogadas de Jô, a correria de Bernard, a grande atuação de Réver na zaga, as duas bolas na trave de Marcos Assunção e uma péssima atuação (para não dizer outra coisa) do árbitro Márcio Chagas da Silva.

Foi necessário balançar a rede três vezes para que valesse um gol. E um jogo que deveria ter se tornado fácil no segundo tempo pela vantagem adquirida, tornou-se teste para cardíaco até o último minuto. Porque além de anular gols legítimos, o juizinho ainda inventa de marcar um monte de faltas perto da área do Atlético. Dando chances de o alviverde disparar sua principal arma, as cobranças de Assunção.

Mas acabado o chororô, vale destacar a correria dos dois times em toda a partida. Se não foi nenhum espetáculo técnico, ninguém pode reclamar da vontade dos jogadores e da aplicação na marcação. Não vou falar tanto do Palmeiras porque venho acompanhando pouco, mas a principal característica do Galo neste ano é tomar poucos gols. Neste Brasileirão, em quatro partidas sofreu apenas um. Na temporada, são 23 jogos, 17 vitórias, cinco empates uma derrota. Marcou 46 gols e sofreu 14. Tudo ainda pode dar errado, o time não é nenhuma máquina de jogar bola, há times melhores, mas, para os torcedores como eu, esperança sempre há.

Para encerrar, o personagem Ronaldinho. Pode dar tudo errado, ele voltar a aprontar, brigar com todo mundo, ir para as bebedeiras e as mulheres (nenhum pecado aqui no Futepoca), não jogar nada, mas inegável que nessa primeira partida deu novo fôlego ao time e trouxe experiência a uma equipe com muitos garotos. E eles estão felizes de correrem por ele. Mais um destaque do plantel de renegados do futebol brasileiro foi o Jô. Outro que apronta muito, mas que ontem jogou demais e deu um trabalho danado à defesa palmeirense. Apostar nos dois é que nem o cara que se casa pela décima vez, é a vitória da esperança sobre a experiência. Vamos esperar até o capítulo final para ver como termina a novela.

FICHA TÉCNICA

PALMEIRAS 0 x 1 ATLÉTICO
Motivo: Campeonato Brasileiro – 4ª rodada
Data: 9/6/2012
Estádio: Pacaembu
Cidade: São Paulo (SP)
Gol: Jô (48′)
Árbitro: Márcio Chagas da Silva (Asp. Fifa/RS)
Auxiliares: José Javel Silveira (RS) e Carlos Henrique Selbach (RS)
Cartões amarelos: Pierre, Marcos Rocha, Jô, Danilinho (Atlético); Márcio Araújo, Henrique, Luan (Palmeiras)

Palmeiras
Bruno; Cicinho (João Vitor), Henrique, Thiago Heleno e Juninho; Marcio Araújo, Marcos Assunção, Felipe (Maikon Leite) e Daniel Carvalho; Luan (Mazinho) e Barcos. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Atlético
Giovanni; Marcos Rocha (Serginho), Rafael Marques, Réver e Junior César; Pierre, Richarlyson, Bernard (Leandro Donizete) e Ronaldinho; Danilinho (Leonardo Silva) e Jô. Técnico: Cuca.

sexta-feira, junho 08, 2012

Corinthians cria pouco, perde gols e só empata com o Figueirense

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O empate do Corinthians por 1 a 1 com o Figueirense, no Pacaembu, nesta quinta-feira (7), deu mais uma amostra do principal defeito da equipe treinada por Tite: a falta de pontaria. O time quase sempre corre, domina a partida, mas não consegue transformar essa vantagem territorial em gols – mesmo jogando quase meia hora com um jogador a mais.

O jogo começou com pressão total do Timão, que marcava a saída de bola e não deixava os catarinenses jogarem. Algumas boas chances foram criadas, ainda que não tantas quanto poderia sugerir a posse de bola. Nessa toada, Danilo abriu o placar de cabeça aos 37 minutos do primeiro tempo, após bela tabela entre Jorge Henrique e Alessandro, que jogou bem.

Na segunda etapa, o Figueirense conseguiu recuperar território e equilibrar o jogo – ainda que por pouco tempo. Aos 18 minutos, o zagueiro Anderson Conceição cometeu falta dura em Emérson e levou o segundo amarelo.

Ficou fácil, pensaram os corintianos. E assim levaram o jogo, como se fosse moleza, criando algumas chances, novamente nada de assustar ninguém. As melhores foram desperdiçadas por Emerson, em noite pouco inspirada.

Até que, aos 33 minutos, veio o castigo: em vacilo da defesa, Caio empatou para o Figueirense, completando cruzamento de Guilherme. Percebam que a punição aqui citada não é para os defensores, que até falharam, mas para a produção ofensiva do time. Tivesse feito um placar mais decente, esse gol pouco valeria.

Foi a senha para o tudo ou nada de Tite, que sacou Chicão e Ramon para colocar Douglas e Elton. Em vão.

O empate foi o primeiro ponto do Timão em três partidas até aqui no longo Brasileirão. Há tempo mais que suficiente para sair da atual 18ª posição e brigar pelo título, mas preocupa o futebol do time. A próxima partida é contra o Grêmio, em Porto Alegre, e Tite já avisou que vai de reservas, para poupar os titulares para a decisão contra o Santos. Baixas expectativas saio recomendadas.

quarta-feira, junho 06, 2012

Santos e Fluminense fazem 1 a 1 com cara de 0 a 0

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Com um time de desfalques de cada lado, 11 do Santos e 11 do Fluminense, não se podia esperar muita coisa da partida disputada na Vila Belmiro. E o primeiro tempo da peleja cumpriu tal expectativa – ou a falta dela. O Peixe saiu na frente em uma incrível falha do visitante, aproveitada pelo improvável Rentería. Ainda que ele tenha roubado a bola e avançado livre para o gol, seu histórico me obrigava a preparar o xingamento pelo tento perdido. Mas ele deu uma cavadinha, quase defendida por Diego Cavalieri, e marcou.

Adriano e uma atuação pra esquecer (Ag. Photocamera)
Depois do gol, um show de horrores de parte a parte, até o volante santista Adriano emplacar uma sequência mais que tenebrosa. Tentou driblar, algo que não é de seu feitio, perdeu a bola no meio de campo e, pra completar, cometeu falta estúpida (bem) fora da área que o árbitro Jailson Macedo Freitas conseguiu enxergar pênalti. Carlinhos, o mais efetivo do Fluminense à frente, empatou.

Após o empate, o jogo ganhou mais movimentação. Do lado alvinegro, a “movimentação possível”, com os lentos Alan Kardec e Rentería atuando em slow motion e Léo e Elano não conseguindo criar na meia. O Flu também não fazia grande papel, tanto que, até os 10 minutos do segundo tempo, o jogão registrava três finalizações de cada lado.

A bem da verdade,o Tricolor teve mais domínio na segunda etapa, chegou a ensaiar uma pressão por volta da metade do tempo final, mas não mostrou poder de definição. A não ser em um lance que resultou em gol após o auxiliar ter invalidado, de forma (muito) incorreta, a jogada. Muricy colocou Felipe Anderson no lugar de Juan, e o lateral esquerdo Geuvânio substituindo Elano. Mexeu taticamente, e pouco adiantou. O sofrimento do espectador continuou.

Victor Andrade, 16 anos, entrou aos 42 e fez sua estreia. Mas também não mudou nada. Em um jogo fraco tecnicamente, que teve até lateral cobrado pra fora, com uma arbitragem igualmente melancólica, o 1 a 1 foi lucro. O mais correto seria um zero a zero.  

domingo, junho 03, 2012

Seleção perde para o México. E?

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A Globo estava empolgada e muitos torcedores também. Depois das vitórias contra a Dinamarca e contra os Estados Unidos, a seleção parecia inspirar algo melhor do que fez no primeiro tempo do jogo com o México. O Brasil não jogou nada, o meio de campo não conseguiu articular nenhuma jogada e o esquema com três atacantes, jogando cada um quase isolado do outro, não propiciou sequer uma chance decente de gol.

Não que os mexicanos tenham jogado grande coisa. Defenderam com esmero, e só. Contaram com um gol sem querer de Giovani dos Santos, e um pênalti infantil cometido por Juan. Seus desarmes fizeram a diferença. Com a zaga antecipando os lances feitos pelos meias brasileiros – na maioria, previsíveis – de nada adiantou os atacantes marcarem pressão porque a bola pouco ficava na defesa mexicana. A partida era disputada no meio, e foi ali que os rivais cozinharam os canarinhos.

A marcação-pressão do Brasil aumentou na segunda etapa, com Lucas no lugar do inoperante Sandro, e Pato substituindo Damião. Não adiantou. Por mais que o abafa tenha aumentado, nenhum dos dois fez a diferença e, ainda que muitos não tenham visto, só Neymar chamou a responsabilidade (mesmo não jogando bem contra a feroz marcação mexicana), coisa que os demais não fizeram. E ninguém, ninguém, aproveitou o espaço que surgia em função da marcação tripla, às vezes quádrupla, em Neymar. Oscar, incensado no último amistoso, sumiu durante boa parte do tempo, mas não é o caso de incorporar o discurso de ressentidos tricolores que querem jogar o meia fora. Tem potencial, mas o time ainda não é time (talvez não venha a ser). Isso, para um meia de armação, significa muito.

Sobre Neymar

Não são só os zagueiros que querem pegar Neymar
Diante dos festejos e rojões soltados nos últimos dois amistosos pela transmissão da Globo, ficava esquisito a emissora criticar Mano Menezes. Daí, surge uma pergunta “pescada” entre os internautas: por que Neymar não brilha tanto como no Santos na seleção? Bom, levando a questão a um outro nível, lembraríamos por que Ronaldinho Gaúcho, mesmo no auge, não rendia na seleção como no Barcelona. Por que Messi, que disputou duas Copas do Mundo, nunca fez um gol no torneio ou reproduziu o desempenho do Barcelona na seleção? O mesmo vale para Cristiano Ronaldo, que no Real Madrid é soberano, enquanto na seleção portuguesa é mediano.

Daí surge o luminar Galvão Bueno “vendendo” Neymar para o exterior, corroborando a tese de Mano Menezes, que não foi criticado durante a transmissão, de que o atacante santista deveria ir para o exterior para ganhar experiência contra esse tipo de marcação. Era o caso de perguntar por que Cristiano Ronaldo ou Messi, mesmo jogando em dois dos maiores clubes do planeta, não rendem o mesmo em suas seleções. Será que eles devem "ganhar experiência" (em que pese não serem mais garotos) em outro lugar, tipo a China? Ou será que é muito mais fácil para qualquer jogador atuar com companheiros de time, com os quais já está acostumado, com esquemas de jogo definidos, do que em uma seleção? Qual atleta se sente “à vontade” na seleção brasileira?  

Natural se cobrar o Neymar, maior jogador brasileiro e artilheiro da Era Mano Menezes. Com Messi foi (ainda é, mas menos) assim e com outros tantos também é. Mas atuar sozinho é complicado. E não contar com o auxílio do treinador é pior ainda.

quinta-feira, maio 31, 2012

Brasil bate os EUA. E é o que tem pra hoje

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Sem Libertadores, Brasileirão ou Copa do Brasil, o jeito foi o torcedor se conformar com o amistoso entre a seleção e os Estados Unidos. Uma vitória por 4 a 1 que diz algumas coisas, mas que não traduz bem o que foi a partida. Ainda mais se levarmos em conta que o pênalti dado ao Brasil e que conferiu a vantagem aos visitantes logo aos 11 minutos foi pra lá de duvidoso.


Com três atacantes, Hulk, Damião e Neymar, o Brasil adiantou a marcação e pressionou os EUA em seu campo durante quase toda a primeira etapa. Deu certo. Neymar converteu a penalidade que deu mais tranquilidade à equipe. Justo ele que, segundo Mano Menezes há pouco menos de um ano, não sabia cobrar pênaltis. Parece que o treinador mudou de ideia. Em cobrança de escanteio conquistado após jogada de Hulk, Neymar colocou na cabeça de Thiago Silva, que marcou o segundo. Os norte-americanos ainda descontaram no final, dando impressão que poderiam dificultar na segunda etapa.

E dificultaram, mas não foi o suficiente. O Brasil se encolheu, passando a marcar dentro de seu próprio campo e um defeito defensivo se tornou evidente: quase todas as bolas aéreas na retaguarda brasileira terminavam em uma finalização ou lance de perigo dos EUA. Mesmo assim, em assistência de Neymar, Marcelo fez o terceiro. Rafael ainda apareceria com uma sequência de duas defesas e uma terceira, após uma cabeçada ianque. E ainda viria o quarto gol, em lance de Marcelo, com uma bela conclusão de Pato.

Vamos pro basquete, vai...
Ao fim do jogo, foi interessante ver a reação nas redes sociais. Gente dizendo, por exemplo, que falta a Neymar uma atuação de gala, daquelas esplendorosas e que, hoje, por exemplo, Oscar tinha sido melhor do que ele. Bom, primeiro que não vejo por que Neymar tem que ser o melhor em todas as partidas da seleção. Só se a seleção for muito ruim e depender só dele, o que é um risco. Não lembro de Ronaldo ser o melhor sempre, ou Romário, por exemplo. E, ainda que Oscar tenha de fato jogado bem (principalmente no primeiro tempo), quem participou dos três lances decisivos do Brasil enquanto estava em campo foi o atacante santista.

Além de Neymar e Oscar, é importante destacar Marcelo, que pelo jeito é nome certo entre os três que estão acima dos 23 anos. E, com esse esquema de três jogadores à frente que marcam a saída de bola do adversário (e que um ou dois voltam para a meia), a participação de Hulk é fundamental, já que ele se movimenta muito, consegue prender a bola quando necessário e marca bem. Não é um primor técnico, mas é de uma inteligência tática diferenciada.

terça-feira, maio 29, 2012

Brizola tinha razão

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Às vezes é bom recordar que a manipulação e a defesa dos interesses escusos da grande imprensa não são uma invenção de hoje e nem da Veja.

O bravo Brizola sabia que o bom combate nunca é perdido e se insurgiu contra o gigante várias vezes. Em poucas, ganhou, mas fez história.

segunda-feira, maio 28, 2012

O Corinthians prova do veneno 1 a 0

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As correrias da vida e o final do ano passado do Galo não incentivavam muito a escrever sobre futebol, mas o jogo de ontem entre Atlético e Corinthians teve alguns aspectos interessantes.

O primeiro foi que o Corinthians está provando de seu próprio veneno. Duas derrotas por 1 a 0 no início do campeonato, com gols de cabeça. Não assisti à derrota para o Flu, mas ontem enfrentou um time que, se faltava técnica, entregou-se desde o começo à vontade e à marcação.

O Corinthians teve duas chances de gol claras em toda a partida, mas falhou pela falta de pontaria de Élton e a nulidade do atual futebol de Liedson.

O Galo teve umas três ou quatro chances, o gol de cabeça de Danilinho (com 1,67 m.), gol anulado de André e mais uma chance clara com Escudero e outra com Marcos Rocha.

Poucas chances para uma partida, mas provavelmente a tônica do que se verá nesse campeonato. Muita marcação, vontade e correria, com alguma técnica. O estilo Tite de ser.

Sobre o Atlético vale lembrar que o time perdeu apenas uma partida este ano, a que causou a eliminação contra o Goiás no Serra Dourada. Ganhou o campeonato mineiro invicto num time com poucas mexidas em relação ao ano passado.

Esses resultados e as duas vitórias no começo do Brasileiro podem não significar nada, nada mesmo. Mas o torcedor aqui espera que represente pelo menos o fim do sufoco de lutar contra rebaixamentos, prática dos últimos dois anos. Vale lembrar que é o mesmo período em que o time ficou sem estádio na capital. Isso não explica nada, mas jogar no Independência este ano será um reforço.

Apenas mais uma informação. Para quem diz que o Corinthians jogou sem Paulinho, Jorge Henrique e Emerson, é bom lembrar que o Galo está com sete jogadores no departamento médico, entre eles Guilherme e Leandro Donizetti (titulares).


FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO 1 x 0 CORINTHIANS
Motivo: Campeonato Brasileiro – 2ª rodada
Data: 27/5/2012
Estádio: Independência
Cidade: Belo Horizonte (MG)
Gol: Danilinho (64′)
Público pagante: 14.740
Renda: R$520.680,00
Árbitro: Hilton Sampaio (GO)
Auxiliares: Fabrício Silva (GO) e Cristhiano Sorensi (GO)
Cartões amarelos: Marcos Rocha, Richarlyson, Mancini (Atlético); Willian, Willian Arão, Leandro Castán(Corinthians)
Cartões vermelhos: André (Atlético); Fábio Santos (Corinthians)
Atlético
Giovanni; Marcos Rocha, Réver, Rafael Marques e Richarlyson (Leonardo Silva); Pierre, Dudu Cearense (Escudero), Mancini (Júnior César) e Bernard; Danilinho e André. Técnico: Cuca.
Corinthians
Cássio; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Willian Arão (Douglas), Danilo e Alex; Willian (Liedson) e Elton (Gilsinho). Técnico: Tite.

domingo, maio 27, 2012

Em jogo difícil de assistir, Santos não sai do zero com o Sport

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O Santos não fez como em sua primeira partida, quando contou somente com reservas em campo. Mas a lista de ausências peixeiras na peleja contra o Sport era notável, a começar por Neymar e Rafael, ambos na seleção brasileira, e Ganso, em recuperação de uma artroscopia. Além deles, Elano foi poupado, Léo, herói do meio de semana, também ganhou folga para visitar o filho; Borges de Dimba continuam contundidos, assim como o lateral Fucile. O resultado de um confronto entre um time sem criatividade no meio de campo e ataque contra um visitante que jogou na defesa o tempo inteiro só podia ser 0 a 0.


Foi a terceira partida do ano em que o Peixe não fez gol. Mas o jogo deve ter servido para Muricy fazer algumas observações. Galhardo saiu sentindo dores, ainda no primeiro tempo, mostrando que os dois atletas que vieram do Flamengo estão em condições físicas precárias, pra ser bondoso (David Braz, em sua estreia, saiu lesionado e deve ficar fora entre 30 e 45 dias). Maranhão entrou em seu lugar e deixou evidente a razão do treinador improvisar Henrique na lateral direita. Além de perder de forma bisonha uma oportunidade de gol no primeiro tempo, não conseguiu fazer um cruzamento razoável para a área.



Outro que decepcionou foi Felipe Anderson. Tem habilidade, o que já foi dito aqui, mas foi precipitado e, mesmo jogando com mais liberdade, em boa parte do tempo no setor em que Neymar gosta de fazer a festa, não foi bem. Aqui, é preciso recorrer ao mestre Tostão, que diferencia técnica e habilidade: a técnica é o conjunto dos fundamentos como passe, drible, finalização, domínio etc, e a habilidade é o uso da técnica frente a um obstáculo. Se o jogador aprimorar a técnica (o que também pode incluir a noção de posicionamento tático), sua habilidade vale mais. Fica a dica para Felipe Anderson, que é um dos postulantes à vaga aberta por Ganso no meio de campo peixeiro. Não dá pra se fiar apenas em lampejos.

Gérson Magrão, outro que disputa um lugar na meia, ainda não está com o o ritmo de jogo ideal. O elenco segue carecendo também de uma opção veloz no ataque, algo que Richely não foi no ano passado, nem o garoto Tiago Alves, emprestado para o Boa Esporte há poucos dias. E, para um clube que se reforçou visando suprir os desfalques que sabia que teria no Campeonato Brasileiro, começar com dois empates contra equipes que dificilmente brigarão pelo topo da competição é algo a se preocupar.  

sexta-feira, maio 25, 2012

Libertadores 2012: semifinal, teu nome é Léo

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A partida valia pelas oitavas de final da Libertadores de 2003. O Santos havia saído na frente na Vila Belmiro, contra o Nacional de Montevidéu, mas sofrera o empate aos 38 do primeiro tempo. Três minutos depois, uma falta pelo lado direito do ataque uruguaio, daquelas que pedem um chuveirinho na área. Mas O'Neill chuta direto e Fábio Costa falha. Silêncio na torcida. O arqueiro peixeiro, minutos depois do lance, ainda sente e permanece estático, semi-ajoelhado no gramado. Quando a bola pára, o lateral esquerdo Léo vê a cena, atravessa o campo, estende as mãos para o goleiro (que, diga-se, não costumava ter atitude similar com companheiros de time) e o ergue, incentivando o atleta a voltar à partida. A torcida vai junto com Léo, carrega o goleiro no colo e, na decisão por penalidades, Fábio Costa, que nunca foi pegador de pênaltis, defende três e o Peixe se classifica para as quartas.

A História vai dizer que Léo foi coadjuvante nessa peleja, mas a cena dele apoiando seu companheiro nunca me saiu da cabeça. Não é só o atleta, é o tal do caráter, aquela coisa de você olhar a atitude do cara e pensar que poderia ter alguém assim do lado quando pisou na bola naquela vez... E justamente ele, que penou pra chegar lá, foi dispensado por Felipão no Palmeiras em 1999. O técnico não aprovaria um atleta de 1,66 m de altura e Léo, por destino, fez carreira no Alvinegro a partir do ano 2000.

Tornou-se campeão brasileiro pelo Santos em 2002, fez o gol de empate do time contra o São Paulo, na segunda partida das quartas de final, e marcou o tento da vitória contra o Corinthians, na peleja derradeira da finalíssima. E de pé direito. Foi para a seleção brasileira, venceu a Copa das Confederações de 2005 e partiu para o Benfica. Voltou em 2009. Guerreiro, para a torcida. Deus, para o amigo Olavo. Quem diria que seria o personagem decisivo da vitória peixeira contra o Vélez Sarsfield, na partida desta quinta, siando da reserva.

Os três e os do fundo eram um só (Foto Santosfc)

Quando Muricy substituiu Juan por Léo, já havia colocado em campo o semi-atacante Rentería, o único disponível na suplência, já que a outra opção, Borges, se contundiu antes do jogo. Precisando furar a retranca dos argentinos, que se protegiam com as famosas duas linhas de quatro (ainda mais postadas no fundo depois da expulsão de seu goleiro no fim do primeiro tempo), o treinador resolver investir nos lados do campo. A retranca era das mais eficientes, mas o ataque portenho pouco produzia. Rafael só viu a bola ser finalizada ao seu gol nas cobranças de pênaltis.

Ganso fazia um pouco mais do que fez no jogo de ida, mas ainda assim era muito pouco. Neymar se mexia de lá pra cá, buscava a bola, chamava a responsabilidade. Conseguiu expulsar o arqueiro rival no fim da primeira etapa. Na segunda, em um lance, atravessou o campo de lado a lado e conseguiu criar uma oportunidade para o time. Mas o gol não saía. E voltamos à entrada de Léo, que, como mostraram as imagens, logo em sua entrada motivou os companheiros a buscar o resultado.

O lateral entrou para fazer a diagonal, para se aproximar da área, algo que Juan não estava conseguindo fazer. E foi em um desses lances que ele tocou para Ganso, que devolveu – um dos únicos passes certos do meia que não foram de lado ou pra trás. E Léo, mesmo caindo, conseguiu assistir Alan Kardec, que finalizou de primeira para o gol. Indefensável. O atacante, que quase entrou pra súmula da partida como o Diego Souza da vez ao perder um gol quase feito minutos antes, se redimiu. Segundo ele, o “profeta” Neymar o avisou que marcaria o gol, depois que perdeu a outra oportunidade. Acertou.

Com 1 a 0, decisão por pênaltis. O Santos já havia passado por outras duas em Libertadores. Aquela, contra o Nacional, em 2003; e contra a LDU, em 2004. Venceu as duas, sem desperdiçar nenhum pênalti. E ontem, não foi diferente.

Coube a Léo, como por destino, fazer o gol da classificação alvinegra, após Canteros – que entrou só para as penalidades – finalizar pra fora, e Rafael defender outro pênalti. Classificação sofrida, mas que a ela pode-se atribuir um nome. Às vezes, o futebol faz justiça.

Adendo

E para o tonto do assessor do Vélez que quis fazer galhofa com a morte do mestre Chico Formiga:



quinta-feira, maio 24, 2012

Quando alguns segundos valem mais que o jogo inteiro

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A expressão “jogo de xadrez” costuma ser muita usada para definir uma partida disputada, pegada, na qual fica difícil fazer algum prognóstico com a bola rolando. Mas poucas partidas de xadrez de alto nível são decididas em um lapso, em um lance impetuoso ou com voluntarismo e pitadas de sorte. Ontem, nas duas partidas da Libertadores, com cenários totalmente distintos, foram necessários poucos segundos para que fossem definidos os dois primeiros semifinalistas do torneio.



Na que abriu a noite, entre Fluminense e Boca Juniors, os argentinos foram subjugados na maior parte dos 90 minutos da peleja. A marcação do Fluminense, em especial de Edinho, sobre Riquelme, fez com que o craque portenho sumisse durante quase todo o jogo. Quase. Uma folguinha dada ao craque adversário, daquelas que acontecem no fim do jogo, como a que permitiu que Maradona fizesse seu único lance contra a seleção brasileira, na Copa de 1990, foi suficiente. Riquelme respirou e pôde tocar para Rivero, que finalizou, resultando no gol de Santiago Silva, o grosso artilheiro que faz as vezes que Palermo já fez um dia.

O Boca precisou jogar um pouco mais que o Fluminense por alguns minutos, na parte derradeira da partida, para eliminar os cariocas. Se jogando mal eles ganham, imagine jogando bem?, refletem os argentinos. E os brasileiros deitam no divã.

Na peleja seguinte, Diego Souza, que leva consigo a fama de desaparecer em decisões, apareceu. Sozinho como nunca havia acontecido com o Corinthians de Tite, do meio de campo até a área. Mas tremeu diante de Cássio, arqueiro que parecia pedir pra tomar gol, performance coroada com o passeio para a caça de borboletas no último lance vascaíno da partida. Goleiro tem que ter sorte também, diria o filósofo. E não se perdoa quem perde um gol desses. A bola pune, como diria outro pensador.



Puniu justamente naquele tipo de lance de fim de jogo, quando os marcadores já não aguentam mais marcar. Porque foram quase 180 minutos em que a marcação foi a tônica, de lado a lado. O cerco vacilou, Paulinho fez. Diego Souza, não. E essa foi quase toda a diferença.

terça-feira, maio 22, 2012

Rússia proíbe álcool para atletas nas Olimpíadas de Londres

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Nas Olimpíadas de Inverno, realizadas em Vancouver, em 2010, os russos pretendiam ganhar entre 30 e 50 medalhas, mas levaram pra casa apenas 15. Para não repetir o feito nos Jogos de Londres, o Comitê Olímpico russo já elegeu seu bode expiatório: a bebida alcoólica. De acordo com o jornal Kommersant, de ontem, a delegação do país está proibida de chegar perto de qualquer canjibrina na Inglaterra. Mesmo os brindes comemorativos após as vitórias estão proibidos.

O porta-voz do vice-primeiro-ministro do país, Dmitri Kozal, declarou a outro jornal local, o Olia Djous, que "os valores olímpicos não são compatíveis com o álcool". O Kommersant lembra que, na competição disputada no Canadá, alguns atletas teriam passado um pouco do tolerável em relação ao álcool. "Os resultados foram péssimos, mas as festas foram as mais barulhentas", relata o periódico, citando uma noitada na qual foram usadas duas imitações de bombas de gasolina que não forneciam o combustível fóssil. Uma servia vodca e, a outra, uísque.

Precedentes históricos

Pela sua íntima relação com o álcool, em especial com a vodca, os russos têm mesmo motivo para se preocupar. Como consta nesse texto de Felipe Van Deursen, o destilado também foi considerado culpado pela derrota do país na Guerra Russo-Japonesa, em 1905, sendo que generais japoneses, em lapso de modéstia, atribuíram algumas das suas vitórias ao excesso etílico dos soldados rivais.

Carregamento etílico na Rússia czarista
Já na Primeira Guerra Mundial, em 1914, o czar Nicolau II decretou a primeira lei seca da história, e os militares russos conseguiram se aprontar para o combate na metade do tempo esperado. Mas, como a vodca era um dos principais pilares econômicos do país, o governo passou a arrecadar um terço a menos em impostos, veio a hiperinflação, o contrabando de bebida ilegal que era mais prejudicial à saúde, além de as pessoas terem ficado desprotegidas diante do frio que assola boa parte da Rússia no inverno. O czarismo caiu, não só por causa da vodca, obviamente, mas ela parece ter ajudado...

O alcoolismo preocupa as autoridades do país, que tem como meta diminuir o consumo médio anual de álcool por pessoa – hoje em 15 litros – em 72% até o ano 2020. Mesmo sendo uma preocupação do poder público, a relação dúbia do governo em relação à bebida continua, tanto que o Kremlin lançou há pouco mais de dois meses sua própria marca de vodca, para ser servida em eventos oficiais. Haja garganta.

segunda-feira, maio 21, 2012

O jogo que resume a temporada são-paulina

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POR MORITI NETO

Tempos injustificáveis sem escrever. Sem saber como voltar, o domingo e a derrota doída me deram a deixa. “Não podemos continuar jogando desse jeito. É melhor fazer só um gol e não tomar nenhum”, a frase é de Luis Fabiano após o jogo de ontem entre São Paulo e Botafogo e ilustra bem o momento, ou melhor, o ano do Tricolor Paulista. Não que o atacante tenha descoberto a América, mas o Tricolor precisa arrumar a casa rápido se quiser algo de bom em 2012.

Ataque desordenado, defesa confusa (Rubens Chiri /saopaulofc.net)
No Engenhão, a partida foi dessas que sintetizam o desempenho de uma equipe ao longo da temporada. A derrota por 4 x 2, de virada, não poderia ser considerada tão normal – ainda que o futebol seja o esporte que permita a Bayern e Chelsea chegarem até uma decisão de Liga dos Campões da Europa com os atuais Barcelona e Real Madrid na parada.

Contudo, não é surpreendente a derrota são-paulina e nem mesmo a forma como ela se deu. O Tricolor é uma equipe (?) desestruturada em todos os setores, o que se reflete nas vitórias somente contra times fracos e muitas dificuldades à frente de agremiações de mais peso, ainda que seja um Botafogo cabisbaixo, eliminado da Copa do Brasil pelo Vitória da Bahia e derrotado inapelavelmente pelo Fluminense nas finais do Campeonato Carioca.

Tudo muito mal

A defesa são-paulina é inconsistente. Com um solitário Rodolpho e os fraquíssimos Paulo Miranda e Edson Silva como opções de dupla. Denis é um goleiro inseguro, rebate muito e espalma a qualquer lado.

O meio não tem pegada e o motivo nem é não dispor de um volante daqueles que dá o bote. A questão é que o time joga distante, não há aproximação. Com isso, os laterais Douglas e Cortez, bons para atacar, quando passam rumo à linha de fundo, não encontram com quem fazer o jogo.

Na frente, existe qualidade técnica, mas a ausência de clareza do que fazer em campo é evidente. Lucas, Luis Fabiano e Jadson são peças que não se encaixam, embora as características apontem para um bom casamento. Um carrega demais a bola, o outro sai da área mais do que devia e o terceiro, de quem se espera mais controle do ritmo, recebe pouco a redonda, já que ela passa por cima do meio campo diversas vezes, no chutão.

O esquema – e não dá para isentar Leão – é o de “todos ao ataque”, mas sem organização. O time é um bando quando tem a bola, correndo em direção ao campo do adversário como se apenas lampejos individuais resolvessem as disputas. Quando o esférico está com o adversário, o São Paulo não sabe jogar. Aí, é a festa dos rivais pelos lados, pelo meio, e tome bola na área em cima da zaga fragilizada e do goleiro assustado.

Além disso, a estrutura descompensada também está fora de campo. Juvenal Juvêncio e asseclas seguem aprontando. O culminante da temporada foi afastar o fraco Paulo Miranda depois da semifinal do Paulista. Agora, o moço, sob a batuta de Leão, volta como titular, fraquejando. Nessa situação bizarra, se o zagueiro é bom ou ruim não é o problema. A pergunta, basicamente, é: quem avalizou a contratação?

Luis Fabiano já disse. O São Paulo precisa mudar. Porém, a questão está longe de se resumir ao projeto de jogo. É bem mais do que isso. É urgente trabalhar por uma nova proposta de clube.

domingo, maio 20, 2012

Borges vacila, e Santos B não sai do zero com o Bahia

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O Santos entrou em campo (debaixo de muita chuva) com o time reserva, sendo que cinco jogadores fizeram sua estreia com a camisa alvinegra. No caso, com o terceiro uniforme, a camisa azul. Gerson Magrão e Bernardo já estão na Vila há tempos, mas só agora puderam jogar. Galhardo e David Braz, que vieram do Flamengo na negociação com Ibson, e Ewerton Páscoa, que no fim de semana passado enfrentava o Peixe jogando pelo Guarani, foram os outros debutantes.
Mesmo com a esperada falta de entrosamento, o Santos fez rodar a bola e trocou muitos passes, mantendo a redonda sob seu domínio a maior parte do tempo. Felipe Anderson exerceu uma nova função, revezando na ala direita com Galhardo, um expediente que Muricy Ramalho usou bastante no São Paulo em outros tempos. Tanto um quanto o outro levaram perigo no apoio na primeira etapa, mas também sofreram com as investidas de Lulinha por aquele setor.
Bernardo levou perigo nas cobranças de escanteio. Em duas delas, quase saiu o tento santista. Borges chamou a atenção pela disposição. Correu, marcou, desarmou, deu opção ao ataque saindo pelos lados... Mas quando a bola esteve na zona onde tem o atacante tem conforto, na área, ele não conseguiu conferir por duas vezes na etapa inicial.
Já na segunda etapa, o Bahia voltou com mais disposição, pegando mais no meio de campo e explorando também o lado esquerdo da intermediária peixeira. E começaram as baixas do visitante. David Braz já havia saído no primeiro tempo com lesão, e Galhardo também pediu para sair antes da metade do segundo tempo. Os donos da casa fizeram uma blitz durante quase dez minutos, logo depois dos 22, mas não furaram a defesa alvinegra. Na frente, Borges, e principalmente Renteria, não seguravam a bola na frente e eram presa fácil dos zagueiros da Boa Terra.
As oportunidades peixeiras, enfim, surgiram quando a partida também começou a pesar para os tricolores. E aí apareceu Borges. Por duas vezes ele teve a chance de dar a vitória ao time B, ambas na cara do goleiro, mas desperdiçou as duas. Em que pese todo seu esforço na peleja, mostrou o porquê de estar na reserva.

Léo, mesmo cansado, aguentou o ritmo da jogo até o fim (Santos FC)
É preciso destacar também a atuação de Gerson Magrão, que jogou na meia e foi bem na cobertura pelo lado esquerdo, além de mostrar lucidez e aparecendo bem dando apoio ao ataque. Levando-se em consideração que não jogava desde agosto, por problemas contratuais com seu ex-clube, o Dinamo de Kiev, mostrou que pode ser útil no restante da temporada. Bernardo se esforçou, mas não conseguiu ser efetivo, a não ser em uma outra bola parada.
Ao fim, o zero a zero marcou um rodada de estreia em que os paulistas não venceram. Dadas as circunstâncias, para os visitantes o resultado não foi tão ruim. Mas se Borges tivesse caprichado um pouco mais...


Pra não dizer que não falei de Vélez e Santos


Com algum atraso, um breve comentário sobre a peleja em que a equipe argentina bateu o Santos em Buenos Aires, por 1 a 0. O Alvinegro jogou mal, foi dominado pela marcação portenha e não teve criatividade para criar no ataque. Embora a imprensa hermana tenha exaltado a partida feita por Peruzzi, ele foi só um dos marcadores de Neymar. Como explicou Ricardo Gareca, o garoto recebeu marcação dupla, com rodízio de atletas, e, ainda que não tenha brilhado como de costume, conseguiu cavar algumas faltas, tentou resolver sozinho mas não teve companhia de ninguém ao seu lado, exceção feita a Juan que vez ou outra o apoiava, e de Ganso, em um lance isolado e desperdiçado.
Aliás, o camisa dez peixeiro fez uma das suas piores atuações com o manto. Vez ou outra um craque não estar inspirado faz parte, mas o meia falhou na disposição tática também, e isso compromete o resto do time. Se Neymar é bem marcado, algum espaço sobra para um meia que chega, mas ele não chegou. Para os alvinegros superaram a marcação feita em seu próprio campo, o dez também teria que buscar mais a bola para aliviar a defesa, mas não o fez. Quando Ganso participa da marcação, aliás, também possibilita o avanço com bola de Arouca, que pouco pôde fazer à frente.
O distanciamento da defesa e do meio de campo santista foram fatais, mas o prejuízo não foi maior pela ineficiência ofensiva do Vélez, que marca bem, mas não é um time dos mais imaginativos na frente. O Santos deve penar na Vila Belmiro para superar os argentinos, mas, descansados, os peixeiros devem fazer um papel bem melhor do que o desempenhado na Argentina. Vai ser preciso mais aproximação e marcação mais forte o meio de campo – evitando principalmente as chegadas do volante Cerro – com velocidade de saída para o ataque. Neymar, obviamente, pode decidir, mas Ganso vai ser fundamental.

domingo, maio 13, 2012

Santos tricampeão - quando a História vem ao nosso encontro

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Por que um título como o de hoje, um Estadual que muitos dizem desprezar (embora seja fato que, se seus times ganhassem, a história seria outra), consegue me emocionar? Não foram dois jogos parelhos na final, o Santos mostrou sua superioridade técnica diante de um Guarani valente, brioso, mas inferior. Mas não são só as duas partidas que contam o que foi esse título. Trata-se de história, história... O Santos se tornou hoje tricampeão (três vezes campeão de forma consecutiva) do campeonato estadual mais disputado do país. Um feito que, da última vez que foi conseguido, os donos da bola eram Pelé, Edu, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Lima, Rildo, Toninho Guerreiro, Ramos Delgado... De lá pra cá, nenhum rival conseguiu tal feito.

Quando o tri vem, e remete àquele esquadrão sessentista, lembro de Eduardo Galeano, que disse, em uma entrevista concedida a mim e ao amigo Nicolau: “Mas a história é uma senhora que caminha devagar. É preciso ter paciência. O resultado dessa articulação de vozes não aparece em um ou nem mesmo em dez anos.” Essa tal de História, que caminha às vezes em passos muito mais curtos do que desejamos, pesava e chegava a assombrar quando eu era adolescente e vivia um jejum de títulos. Mas ela andou, lentamente, deu as caras com aquele Giovanni mágico de 1995, saiu um pouco mais da penumbra quando saímos da fila com Diego e Robinho em 2002, e chegou a seu apogeu com esse espetacular Neymar, que comanda um elenco valoroso que tem em Ganso outra estrela que brilha de forma irregular, mas que faz sonhar quando traz luz aos gramados.



Esse elenco que não tem medo de cara feia e nem de nenhum tabu. Não houve para o Santos a tal “maldição do centenário”, que se fez presente nos clubes que completaram a marca nos últimos vinte anos. O título está aí, e com Neymar como goleador máximo do campeonato paulista, com 20 gols, em um total de 108 com o manto santista, o que lhe garante a 16ª colocação entre os maiores artilheiros da história alvinegra. Também garantiu ao Peixe a marca de ter o maior número de artilheiros no Estadual. Em 23 vezes o Santos teve o goleador do Paulista.

Foram 58 gols em 23 partidas no campeonato paulista de 2012, média de 2,52 por peleja, fazendo jus à equipe profissional que mais fez gols no mundo. Mas dados e números dizem pouco quando se vê futebol bem jogado como aquele desenhado no primeiro gol peixeiro, em que Neymar serviu Elano que, de primeira, tocou para Allan Kardec fazer. Ou o retratado no tento de Neymar, que veio da direita do ataque para servir Juan, que deu um lindo drible da vaca no rival e serviu, em meio a seis defensores bugrinos, quem lhe deu o passe.

A bela história do Santos de ontem veio ao encontro do Santos de hoje. Que bom que eu pude esperar. Que bom que posso testemunhar.

Os testes de Tite

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Ele tem o controle do time, mas...
O Corinthians não teve qualquer dificuldade em vencer o Emelec no Pacaembu, assim como não tinha tido para empatar sem gols no jogo de ida. Desarmada a jogada aérea e a conclusão de Figueroa, o time equatoriano mostra-se bem menos capaz de ameaçar o gol adversário do que se poderia supor. 3 x 0 é um placar confortável, e o Corinthians ainda chegou muito mais, meteu bola na trave e poderia ter ampliado.

A briga fica realmente feia a partir de agora. Não dá pra brincar com o Vasco de Juninho Pernambucano, e se passarmos deles provavelmente cruzaremos com o Santos do iluminado Neymar, que já engatou uma terceira e acelera na pista da genialidade. Todos times entrosados e sedentos do título. E passando isso tudo virá uma final, talvez até com o Flu, o que significaria uma Libertadores doméstica a partir de agora. 

Time em campo, o que mais marcou, acho eu, foi a segunda metade do primeiro tempo: com um perigoso 1 a 0, o Corinthians recuou e deixou o Emelec jogar, sem contudo deixá-lo construir qualquer ameaça mais contundente. Ao contrário, Tite recuou até Willian, que supostamente faria a vez de centro-avante, e chegou até mesmo a abrir mão do contra-ataque! Era como se em três minutos mais acabaria o campeonato e tínhamos que segurar o resultado a qualquer custo, sem nem mesmo pensar em fazer mais um gol.

Fica parecendo que Tite quer exercitar a disciplina dos seus soldados, propondo uma ordem absurda como maneira de assegurar que lhe obedecerão em qualquer situação: estamos dominando o jogo mas a ordem é não atacar, ninguém mais ataca. O técnico tem o time na mão e, verdade seja dita, não é fácil fazer gol no Corinthians. Mas bem que ele podia querer mais gols... seria melhor pra todos. Sempre pode aparecer outra macaca no caminho, com um contra-ataque surpreendente e muita sorte, e num lapso de tempo que não permita reação colocar tudo a perder. 

Vamos meu Timão, não para de lutar!

(Abstenho-me de explicar o atraso em publicar este post, pois senão teria de mencionar todos os posts não escritos, tudo o que diz respeito ao Corinthians e que vem passando em branco no Futepoca. É a vida. O único jeito de voltar escrever é não me sentir em dívida!)

quinta-feira, maio 10, 2012

Teve volta! Santos 8 X 0 Bolívar

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“Vai ter volta”. Era assim, com raiva, que Neymar falava aos repórteres depois da derrota do Santos para o Bolívar em que ele recebeu banana, mexerica, pedra e demais objetos, além de ter sido caçado em campo. O que os bolivianos não previam é que o regresso pudesse ser tão, mas tão amargo.

Começou aos 4 minutos, com uma finalização com efeito de Elano, que pegou o arqueiro Arguello, que tem pinta de cantor de tango, no contrapé. O Bolívar tinha vindo à Vila Belmiro com esperanças. Afinal, era o primeiro clube boliviano a chegar na fase de mata-mata da Libertadores, tendo vencido uma peleja na fase de classificação fora de La Paz. E chegava com a vantagem conquistada na partida de ida. Seu treinador, Ángel Guillermo Royos, comandou o Barcelona B e se diz “descobridor” de Messi. Mas o Bolívar sentiu o golpe. Aos 8 e aos 9, teve dois amarelos contra si e o descontrole já era evidente.

Como numa luta de boxe, em que um mina a confiança do rival com golpes, mas também psicologicamente, o Peixe já havia deixado o Bolívar mais qeu abatido. E os adversários ficaram ainda mais com o pênalti cometido pelo argentino Arguello, que empurrou Edu Dracena na área. Aos 22, Neymar não perdoou e se tornou o maior artilheiro da Era pós-Pelé, de forma isolada, com um gol a mais que Serginho Chulapa e João Paulo.

O golpe fatal viria aos 27. Neymar dá um passe de trivela, simplesmente genial, e Ganso se ajeita na área para marcar de letra. Antológico. Ali, se fosse de fato uma luta de boxe, o árbitro teria dado nocaute técnico e parado a luta. Mas no futebol isso não é possível. Virou um massacre.

Majestade
Elano, Ganso e Neymar marcariam mais uma vez cada um; Alan Kardec faria o seu e Borges, que entrou em seu lugar, também anotou. Um 8 a 0 que é a maior goleada da Libertadores de 2012. Sem lances duvidosos a favor do Alvinegro, com ambos os times com onze jogadores até o final. Inconteste. Ficou barato, diante das circunstâncias, para os visitantes.

E Ángel Arroyo, que disse, brincando, não conhecer Neymar, hoje o 16º maior artilheiro da história alvinegra, talvez tenha visto que a provocação (em todos os níveis) do jogo de ida não tenha sido uma ideia brilhante. Em um só jogo, tomou a mesma quantidade de gols que sofreu nas outras sete partidas da Libertadores.

E a história segue sendo escrita.

segunda-feira, maio 07, 2012

Paulista 2012: Santos perto do tri

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Pregam os doutos da bola que, em um confronto entre um time grande e outro médio ou pequeno, o primeiro tem que se afirmar logo de cara na peleja. E foi o que Peixe tentou fazer logo a dois minutos na primeira partida da final do Paulista, com Neymar. Ele passou por seis rivais e foi derrubado perto da área. Elano cobrou a falta no travessão.

O lance mostrou o que todos já sabem, a habilidade e a técnica do camisa 11 alvinegro, mas também dava mostras das dificuldades que o Santos enfrentaria principalmente no primeiro tempo. A jogada só surgiu porque Neymar foi buscar uma bola na meia, quando seus companheiros de equipe encontravam dificuldade na saída de bola em função da marcação bugrina no campo santista. Após o susto inicial, o Guarani manteve a postura e conseguiu segurar por boa parte do tempo o ímpeto alvinegro, algo não tão surpreendente já que se trata de um time bem montado e armado por Vadão.

Mas, quando uma equipe é superior tecnicamente à outra, muitos esperam sempre um atropelo. Talvez tenha sido o caso dos comentaristas da Globo, que disseram que o Guarani “dominou territorialmente” o adversário na etapa incial. O repórter da emissora, no intervalo, perguntou a um atleta campineiro se ele estava frustrado com o resultado de 1 a 0 para o Santos por conta da “posse de bola” bugrina. Bom, achava que tinha visto outra partida ou que a emoção de torcedor havia turvado minha visão. Então, recorri a eles, os números.

Vi que não era minha emoção. O Santos, segundo dados do IG, trocou 174 passes certos, enquanto os rivais chegaram a 67. Bela diferença, que também se refletiu na posse de bola, quesito barcelonístico: 63,36% contra 36,64% do Bugre. Mas, muitas vezes, a posse não reflete a peleja, já que chances de gol podem surgir para quem retém menos a redonda. Não foi o caso. O Guarani, na primeira etapa, não finalizou corretamente uma vez sequer ao gol de Aranha. As três tentativas foram para fora. Ou seja, o Santos, se não atropelou, chegou mais à meta adversária e teve mais a bola. Por isso, e pelo talento de seus atletas, chegou à vantagem de 1 a 0, gol de Ganso – que havia aparecido pouco até então –, após lance de Neymar na ponta e Arouca na área.


 
Na segunda etapa, qualquer esperança alviverde se esvaiu. O Guarani finalizou uma bola na trave logo no começo, mas, mesmo atacando pelo lado direito da defesa santista, onde estava o improvisado Henrique, continuou com dificuldades para concluir em gol. Já o Santos voltou mais atento e objetivo nas trocas de passes do meio de campo, com Ganso participando mais, tanto na transição para o ataque quanto na proximidade da área. Foi em um lance de Juan para ele, parcialmente interrompido pelo arqueiro bugrino Emerson, que Neymar aproveitou para fazer o gol que o isolava mais na artilharia do torneio. E que também lhe garantia o lugar de 20º maior artilheiro da história do Peixe, com 103 gols, empatado com Ary Patusca.

A partir daí, o time da Vila controlou o jogo, impondo seu ritmo e poupando seus atletas para o duelo com o Bolívar na quinta, na Libertadores. Mas Neymar ainda faria seu 104º tento, empatando com João Paulo e Serginho Chulapa como maior artilheiro da equipe pós Era Pelé. Ficou a impressão de que o Santos poderia até ter ido além na vantagem adquirida, deixando patente a supremacia sobre o adversário. Mas não deixa de ser uma grande vantagem, ainda mais dada a diferença técnica entre as duas equipes.

Difícil imaginar outro resultado que não o Peixe tricampeão no próximo domingo, mas futebol é futebol, então, melhor aguardar...Mas o feito conseguido pelo time de Pelé em 1969 ao obter o tricampeonato, e que nenhum outro clube conseguiu desde então, está bem próximo de ser igualado.